O estabelecimento de um sacerdócio humano como uma classe distinta dos outros cristãos é uma negação da verdade da fé cristã. De acordo com o Novo Testamento, todos os cristãos são sacerdotes: eles oferecem oração e louvor a Deus.

No Novo Testamento temos:

  1. Sacerdotes judeus
  2. O sacerdote pagão de Júpiter
  3. Melquisedeque (contemporâneo de Abraão)
  4. O próprio Cristo como o Sumo Sacerdote

Não existe absolutamente nenhuma referência a alguns cristãos tendo a distinção de serem sacerdotes. Em lugar disso, todos os cristãos são sacerdotes. Uma classe diferenciada de sacerdotes dentre os cristãos na terra é totalmente estranha ao Novo Testamento. Todos os cristãos pertencem a um sacerdócio real e santo – tudo o mais é falso e contrário às Escrituras.

Veja os seguintes versículos:

“Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Cristo Jesus” (1Pd 2.5).

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas Daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pd 2.9).

“Àquele que nos ama, e pelo Seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, Seu Pai” (Ap 1.5,6).

“Por Ele [Jesus], pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13.15). (A palavra sacerdote não é usada aqui, mas apenas sacerdotes oferecem sacrifícios.)

Cristo é o grande Sumo Sacerdote; todos os cristãos são sacerdotes. No antigo sistema, os sacerdotes ofereciam dons e sacrifícios pelos pecados em benefício do povo que não podia se aproximar do altar para o fazer. Era, sem dúvida, antes do próprio sacrifício de Cristo na cruz. A fé cristã é fundamentada no perfeito sacrifício de Cristo, no valor e na eficácia do que é eterno. A Epístola aos Hebreus enfatiza que, como a obra de Cristo fora de uma vez por todas, não pode haver qualquer outro sacrifício pelos pecados (ver 10.26).

No tabernáculo judeu havia dois véus. As pessoas comuns não podiam passar por nenhum deles. Os sacerdotes podiam passar pelo primeiro a fim de oferecer incenso, porém, pelo véu que dava para o Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote podia passar sozinho, uma vez por ano, com o sangue da propiciação aspergido sobre o propiciatório. Assim, Deus se escondia dentro do véu. O adorador comum não podia se aproximar de Deus diretamente para oferecer dons e sacrifícios. O sacerdote os recebia e os oferecia. Deus habitava em densa escuridão.

A fé cristã é o completo oposto de tudo isso. O véu foi rasgado de alto a baixo (ver Mc 15.38); Deus revelou a Si mesmo. Em lugar de não podermos nos aproximar de Deus, Deus se aproximou de nós. Isso se aplica até ao maior dos pecadores (Paulo). Agora:

“A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11).

“As trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1Jo 2.8).

“Pois que Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2Co 5.19).

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1.14).

“Nele [em Cristo] estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4).

“Deus nos deu vida eterna, e essa vida está em Seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida” (1Jo 5.12).

Por meio disso deduzimos que, quando um cristão assume a autoridade exclusiva de conduzir uma reunião ou um grupo, ele está agindo segundo a antiga ordem judaica. Está, de fato, dizendo que a pessoa comum não pode se aproximar pessoalmente, mas que deve ter um ministro ordenado da igreja para se aproximar por ele. Isso é uma negação de toda a eficácia da fé cristã e do lugar no qual todos os cristãos foram colocados.

Mas a luz de Deus brilhou mais, “e devemos andar na luz assim como Ele [Deus] na luz está” (1Jo 1.7). Aproximo-me pelo sangue de Cristo, a luz me mostra que estou perfeitamente limpo. Se requeiro que outro entre na presença de Deus em meu benefício, não devo considerar a mim mesmo como puro. Mas estou limpo, por causa da obra de Cristo. Sou, portanto, um sacerdote, e devo oferecer louvor, gratidão e adoração ao próprio Deus. E posso fazer isso a qualquer hora.

Traduzido por Tathyane Faoth de Artigo “Who is a Priest and What is a Priest?” [Quem é sacerdote e o que é um sacerdote?], publicado em Collected Writings, Volume 10 (Doctrinal 3), página 209 e resumido por Sosthenes. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo. Ao compartilhar nossos artigos e/ou imagens, por favor, não os altere.
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