Creio que não há um assunto com tanto potencial para nos abençoar quanto nos arruinar tal qual o sexo. Deus criou algo tremendamente precioso e sagrado para que pudéssemos nos aproximar dEle. O homem em sua condição caída, porém, faz dele algo que serve unicamente ao seu prazer.

Por quê falar de sexo? Bem, em primeiro lugar, porque todo mundo pensa em sexo. Por mais clichê e desrespeitosa que seja a máxima de que “para chamar a atenção de jovens, tem que falar de sexo”, há nela algo de muito verdadeiro. É fundamental que todo e qualquer cristão tenha um entendimento bíblico a respeito do sexo. Mas o assunto hoje em dia tem sido abordado das seguintes maneiras:

Primeiro, há quem tome a máxima citada acima e abuse dela. Fala-se então do sexo de maneira explícita, descarada e quase beirando o deboche. Afinal, devemos “rasgar o verbo” e “falar a língua dos jovens”. Se a gente não falar assim, supostamente, o jovem não vai gostar. Vai ser careta. Por mais que seja verdadeira a noção de que devemos falar aberta e claramente a respeito do assunto, creio que essa abordagem trata de sexo de uma maneira caricata, muito aquém do quão sagrado é o tema.

Segundo, há aqueles que evitam o assunto a qualquer custo. Para esses, é melhor não trazer o tema à tona para evitar de incitar os jovens a pensar nisso. Melhor deixar quieto para não “atiçar” a garotada. Novamente, creio que isso seja igualmente errado. Por mais que se evite o assunto em casa e na igreja, a realidade é que isso está estampado em outdoors, na televisão, internet e afins. E se você não está disposto a falar sobre isso, há candidatos de sobra para educar nossos jovens quanto ao sexo.

Uma terceira abordagem é mais silenciosa e bem menos atraente. Ao abordarmos o tema pela perspectiva bíblica, inevitavelmente haverá quem diga que estamos sendo ingênuos. Da mesma maneira, há quem condenará um suposto exagero de interpretação, como se estivéssemos forçando a Palavra a dizer coisas que não diz. A verdade é que a Bíblia fala muito claramente sobre o sexo. E é isso que quero mostrar para que possamos entender o peso que isso tem na nossa caminhada com Cristo.

Começo hoje uma série de posts sobre o sexo e qual deve ser a nossa postura quanto a ele, a partir da perspectiva bíblica. Não tratarei de tudo em apenas um texto, pois ficaria gigante e pesado (tanto para escrever quanto para ler). A cada post abordarei um tópico diferente no intuito de cercar o assunto com o máximo de embasamento bíblico e entendimento possível. Se você tiver alguma pergunta, por favor deixe um comentário abaixo que tentarei respondê-la num post futuro. Eu quero responder as perguntas que surgirem pois meu objetivo é munir o leitor com o máximo de informação possível para que ele não seja levado por uma onda de pensamento mundana. Os comentários do blog são moderados por mim, então, sinta-se a vontade para deixar uma pergunta sem medo de que seja vista por todos. Prometo a vocês o devido anonimato. Só publicarei comentários que forem explicitamente autorizados por você. Se não quiser que sua pergunta seja publicada, por favor me avise que assim o farei. Desde já, agradeço pela sua confiança.

Vamos lá, então, arregaçar as mangas e entrar no assunto que tanto ocupa a nossa vida.

O homem à imagem de Deus

Em Gênesis 1.26 temos o relato da criação do homem “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Diferente de todo o resto da criação, o homem foi feito para refletir Deus na terra. Somos então como “retratos vivos” de Deus, uma representação terrena de uma realidade divina. Mas antes de sermos criados vem a seguinte pergunta: por quê Deus criou o homem? Tim Keller responde sucinta e brilhantemente:

Por quê Deus criaria a humanidade se Ele tinha um amor e uma comunhão perfeita na Trindade? A única resposta: para compartilhar o seu amor com outros.

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Ou seja, nós fomos criados por amor. Pura e simplesmente. Deus nos criou porque o seu amor transbordou e Ele escolheu compartilhar isso conosco. Ele ainda nos fez à sua imagem, sempre em amor a si mesmo. O aspecto que devemos ressaltar aqui é a origem, o ponto de partida. De onde viemos? Para quê viemos? Viemos de e para Deus, porque dEle e por Ele são todas as coisas. (Rm 11.36) Logo, toda a criação fala dEle. (Sl 19.1) Tudo que somos deve apontar de volta para Ele. Mas por quê? Simplesmente porque Deus não divide a sua glória com ninguém. Imagine que Deus fosse modesto e ao ser louvado dissesse: “Imagina, quem, eu? Soberano? Perfeito? Ah, vai… não chega a tanto.” Se isso acontecesse, Ele estaria mentindo. Mas Deus é perfeito e não pode fazer isso. Logo, se Ele não for o alvo maior da sua própria criação e devoção, então está sendo incoerente consigo mesmo!

Da mesma maneira, devemos viver a partir desse paradigma, desse padrão: Deus nos criou para Ele, para a glória única e exclusiva dEle. E disso não abre mão. Foi Deus que nos deu vida, que nos dá um propósito e que deve reger tudo que fazemos. Somos um ‘tipo’ de Deus. O que quero dizer com isso? Trabalharemos com o termo grego tupos, cujo significado remete a algo como uma marca ou impressão física deixada por um martelo, por exemplo. Ou seja, ao dizer que somos um ‘tipo’ de Deus, entendemos que remetemos àquele que nos criou, que temos quase que uma “impressão digital” de Deus em nós.

A noção de ‘tipos’ é muito comum na Bíblia. Paulo afirma que Jesus era o segundo Adão, por exemplo. Da mesma maneira que o pecado entrou no mundo por meio de uma só homem, a salvação aconteceu da mesma maneira. (Rm 5.18) A Páscoa do AT remete à Páscoa do NT. O sangue de um cordeiro “salvava” o povo do Egito da morte ao marcar a porta daqueles que eram do Senhor. Da mesma maneira, é o sangue do Cordeiro que nos marca e nos salva da morte eterna.

Após entendermos a noção de ‘tipo’ e tudo que já mencionamos acima, temos que trazer isso de volta para o assunto principal.

O que a imagem de Deus e o fato de sermos um ‘tipo’ dEle tem a ver com o sexo?

Tem TUDO a ver. Quando entendemos que a nossa vida deve servir para apontar de volta para Ele, temos que carregar esse propósito para todos os aspectos da nossa vida. Inclusive a maneira que lidamos com a nossa sexualidade.

O que temos de guardar a partir disso é a noção de que nós devemos viver a nossa vida integralmente de acordo com um padrão instituído por Deus, cujo alvo final é a glória dEle. Ao trazer isso para o sexo, devemos nos apegar com toda a nossa força ao que Paulo diz:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. – Romanos 12.1,2

Ao tratarmos de sexo, o mundo deixa muito claro qual é o padrão que devemos seguir. A Bíblia, porém, nos diz o contrario. Devemos viver toda a nossa vida como um culto a Deus a fim de gozarmos da boa, agradável e perfeita vontade do Pai.

O mundo já deixa bem claro que devemos buscar, acima de tudo, o prazer próprio. Mas o que temos que lembrar é que o sexo segundo o padrão bíblico não é algo penoso, como se não houvesse prazer nele. Muito pelo contrário! O sexo, quando praticado segundo o padrão de Deus, foi feito para que possamos experimentar o prazer de Deus para nós, algo muito maior do que qualquer outro! Um Deus bom não pode criar coisas ruins. O primeiro capítulo de Gênesis deixa bem claro que após criar tudo, Deus contemplou aquilo tudo e viu que era MUITO bom! Da mesma maneira, o sexo criado por Deus é muito bom! Aliás, é algo tão bom que mesmo quando praticado fora dos padrões bíblicos, pessoas conseguem ter prazer nele. Acontece que enquanto o prazer proposto por Deus para o sexo foi feito para nos aproximar dEle e termos vida abundante, o sexo fora desse padrão traz afastamento e morte.

Qual é o sexo, então, segundo o padrão de Deus? Qual é o prazer que temos ao nos submetermos à vontade do Pai? Se somos um ‘tipo’ de Deus e fomos criados conforme a imagem e semelhança dEle, qual é o propósito do sexo e para quê que ele foi criado?

Essas e outras perguntas serão abordadas nos textos a seguir…
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