Samuel Rutherford (1600–1661) nasceu perto de Nisbet, Escócia, e pouco se conhece sobre o início de sua vida. Em 1627, ele recebeu o grau de Mestre da Universidade de Edimburgo, onde foi professor de Humanidades. Ele se tornou pastor da igreja em Anwoth em 1627, uma paróquia rural, cujos membros estavam espalhados pelas fazendas nas colinas. Ele possuía um verdadeiro coração de pastor e era incansável no trabalho pelo rebanho. Conta-se que os homens diziam a respeito de Rutherford:
Entretanto, seus primeiros anos em Anwoth foram marcados por tristeza. Sua esposa esteve doente por treze meses antes de falecer na nova casa deles. Dois filhos também morreram nesse período. Não obstante, Deus usou esse tempo de sofrimento a fim de preparar Rutherford para ser um consolador de Deus para pessoas em sofrimento.
Em 1636, Rutherford publicou um livro defendendo as doutrinas da graça (calvinismo) contra o arminianismo. Isso o colocou em conflito com as autoridades da Igreja, que era dominada pelo episcopado inglês. Ele foi chamado perante a Suprema Corte, foi retirado de seu cargo ministerial e foi exilado em Aberdeen. Esse exílio foi uma dolorosa provação para o querido pastor. Ele sentia ser insuportável estar separado de sua congregação. Contudo, por causa desse exílio, nós hoje temos muitas das cartas que ele escreveu a suas ovelhas ― portanto, o mal de seu banimento tornou-se uma grande bênção para a igreja ao redor do mundo.
Em 1638, as disputas entre o Parlamento e o rei na Inglaterra, e entre o presbiterianismo e o episcopalianismo na Escócia, culminaram em eventos importantes para Rutherford. Na confusão daquela época, ele escapou de Aberdeen e retornou a sua querida Anwoth. Mas não foi por muito tempo. A Kirk (Igreja da Escócia) reuniu-se em Assembleia Geral naquele ano e restaurou o presbiterianismo integral no país. Além disso, indicaram Rutherford como professor de Teologia de St. Andrews, embora ele tivesse negociado para lhe ser permitido pregar pelo menos uma vez por semana.
A Assembléia de Westminster iniciou suas famosas reuniões em 1643, e Rutherford foi um dos cinco comissionados escoceses convidados a participar dos processos. Embora não lhes fosse permitido votar, os escoceses tinham uma influência que de longe ultrapassava seu número. Rutherford, conforme é crido, teve grande influência sobre o Catecismo Breve. Durante esse período na Inglaterra, ele escreveu sua obra mais conhecido, Lex Rex [A lei, o rei]. Esse livro defendia o governo limitado e limitações na ideia corrente do Divino Direito dos Reis.
Cronologia
1600 |
Data aproximada do nascimento na paróquia de Nisbet, Roxburgshire. |
1617 |
Admitido na Universidade de Edimburgo, fez Mestrado em Artes em 1621. |
1623–1626 |
Regente em Humanidades na Universidade de Edimburgo. |
1626 |
Época em que se tornou seriamente religioso. |
1627 |
Indicado para a Paróquia de Anwoth (Galloway), Escócia. |
1630 |
Envolveu-se em questão legal perante a Corte da Alta Comissão, porque recusou-se a obedecer aos Artigos de Perth. Morte da esposa (fuga de Eupham Hamilton). |
1636 |
Publicou Treatise against Arminianism [Tratado contra o arminianismo]. |
1636 |
O bispo de Galloway conseguiu com que a Corte de Alta Comissão o proibisse de exercer o ministério. “Exilado” à prisão em Aberdeen em agosto de 1636. (Inaugura-se o período de sua vida em que escreve cartas.) |
1638 |
A nação escocesa, em revolta contra os erros da Igreja da Inglaterra sob William Laud, assinou o Pacto Nacional. Rutherford retorna para Anwoth. |
1638 |
A Assembléia de Glasgow o indicou como Professor de Divindade na Universidade St. Mary, em St. Andrews. Ele aceitou relutantemente. Compareceu a diversas Assembléias da Convenção. Casou-se com Jean M’Math. |
1642 |
(Eclosão da Guerra Civil na Inglaterra contra o rei Charles I e as forças do Parlamento sob o comando de Oliver Cromwell.) |
1643–1647 |
Membro ativo da Assembléia de Westminster de Teólogos (novembro de 1643 a novembro de 1647). Reside em Londres. |
1644 |
Publicou Lex Rex [A lei, o rei], um tratado político, e Due Right of Presbyteries [Direitos devidos aos presbitérios]. |
1645–1647 |
Publicou Trial and Triumph of Faith [Provação e triunfo da fé], Divine Right of Church Government [Direito divino do governo da igreja], e Christ Dying and Drawing Sinners to Himself [Cristo morrendo e trazendo pecadores para si]. |
1648 |
Reassumiu os deveres em St. Andrews. Tornou-se diretor da Universidade de St. Mary. Publicou diversos trabalhos menores. |
1649 |
(O Parlamento saiu-se vitorioso na Inglaterra e cessou por algum tempo a perseguição aos dissidentes e não-conformistas por parte da Igreja da Inglaterra.) |
1651 |
Indicado como reitor da Universidade de St. Andrews. Publicou De Divina Providentia [Da providência divina]. |
1650–1661 |
Ativo em assuntos nacionais escoceses. |
1655 |
Publicou The Covenant of Life Opened [Aberta a aliança da vida]. |
1659 |
Publicou Influences of the Life of Grace [Influências da vida de graça]. |
1660 |
(Após a restauração de Charles II). Foi privado de todos os cargos e citado a comparecer ante o Parlamento acusado de traição. Doente demais para fazer a viagem. |
1661 |
Faleceu em março. |
1664 |
Publicada a primeira edição de Letters [Cartas]. |
1668 |
(Sua obra Examen Arminianismi [Exame do arminianismo] publicada na Holanda.) (Sua viúva e sua filha Agnes faleceram depois dele; todos os filhos do primeiro casamento e seis do segundo faleceram antes dele.) |
(Para ler todos os artigos dessa série, clique aqui.)
4 respostas em “A vida de Rutherford”
Olá irmãos, ceifeiros dos campos de Boaz!
Bom dia!
Não seria possivel publicar os artigos sobre Samuel Rutrerford em PDF como e-book? Mesmo que seja após a publicação fracionada no blog. Fica a sugestão.
Obrigado.
Luciano Duarte Silva, Campinas / SP
Paz, Luciano!
Como indicamos no primeiro artigo da série, https://camposdeboaz.com.br/do-palacio-de-cristo-em-aberdeen-as-cartas-samuel-rutherford, depois de publicadas todas as cartas, vamos lançar o livro digital gratuito.
Que o Senhor o abençoe!
Glórias à Deus!
Esperando ansiosa o livro digital.
À paz seja CONVOSCO.
Assim que publicarmos a última carta, lançaremos o livro.
Ore por nós, pois essa tradução é bastante desafiadora.