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Apologética Cruz James M. Flaningan

A vitória da Sua ressurreição (1)

Morreu e ressuscitou!

Introdução

Como aqueles que andam por fé e não por vista, os crentes no Senhor Jesus não se interessam muito em provar questões relativas a sua fé. No entanto, há uma grande verdade que é atestada por muitas provas: a ressurreição de Cristo dentre os mortos (At 1.3). Tal é a força da palavra “provas” (do grego tekmerion [5039 na concordância de Strong]), que os tradutores procuraram indicar e enfatizar essa força pelo uso da palavra “infalíveis”. O comentarista Adam Clarke escreve: “Por muitas provas de tal natureza, e ligadas com tais circunstâncias, de modo a torná-las indubitáveis, pois esse é o peso da palavra grega”. Algumas dessas provas são práticas e físicas; algumas, pessoais e algumas, experimentais, sendo o testemunho e o depoimento de vários indivíduos e grupos de pessoas que realmente viram o Salvador durante aqueles quarenta dias depois de Sua morte e de Seu sepultamento, quando Ele se mostrou novamente vivo, ressuscitado do sepulcro (At 1.3).

Os fatos de Sua morte

Não pode haver a menor dúvida sobre a realidade da morte de Cristo. A idéia proposta por certos críticos de que Ele realmente nunca morreu, mas apenas desmaiou, é ridícula ao extremo, e será considerada mais tarde. Depois de seis horas de dor e sofrimento, cravado na cruz, o Senhor Jesus clamou: “Está consumado”, entregou Seu espírito a Seu Pai, inclinou a cabeça e morreu (Jo 19.30; Lc 23.46). A lança cravado em Seu lado deu provas de que Ele havia de fato morrido, e o testemunho do centurião encarregado confirmou isto ao governador romano, que se maravilhou de que Cristo já estivesse morto (Jo 19.34; Mc 15.44). As Escrituras, redigidas mais tarde, não deixam lugar para dúvidas acerca da realidade da morte de Cristo. “Cristo morreu por nossos pecados […] Cristo morreu pelos ímpios […] Cristo morreu por nós” (1Co 15.3; Rm 5.6,8). Há uma abundância de declarações de Sua morte tanto no Antigo como no Novo Testamento, e nenhuma mente honesta pode questionar o fato de que Jesus morreu ou dele duvidar.

A maneira de Seu sepultamento

Já tarde no dia de Sua crucificação, dois influentes conselheiros judeus, José de Arimatéia e Nicodemos, rogaram a Pôncio Pilatos, o governador, pelo corpo de Jesus Cristo. O governador o concedeu, e, tendo tirado o corpo da cruz, os conselheiros o enrolaram numa mortalha com especiarias e o puseram numa tumba que nunca fora usada antes. Era um sepulcro puro, novo, nas vizinhanças do Gólgota, o lugar da crucificação (Jo 19.41). Era um túmulo localizado num jardim, esculpido numa rocha.

Se a lança que perfurou o lado de Jesus provou que Ele morrera, agora a pedra que foi rolada até a entrada da sepultura encerrou a história da vida maravilhosa que terminara na cruz naquela triste tarde. Jesus de Nazaré estava morto e sepultado. Sozinho, Ele jazia naquele sepulcro novo, e a grande pedra fechava a entrada.

A guarda e o selo

Ninguém duvidava agora que Jesus estivesse morto, e havia também testemunhas de Seu sepultamento naquele túmulo do jardim, mas os cínicos sacerdotes e fariseus ainda não estavam satisfeitos. Eles se lembravam de que em vida Jesus dissera: “Depois de três dias ressuscitarei” (Mt 27.63). Eles agora temiam que, de alguma forma, os discípulos de Jesus pudessem vir sorrateiramente durante a noite, roubar o corpo e proclamar ao povo: “Ressuscitou dentre os mortos” (v. 64). Esses líderes levaram, então, seus temores a Pilatos, exigindo que o sepulcro fosse guardado. Pilatos, talvez agora já impaciente com eles, disse: “Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes”. Essa foi a permissão de que eles precisavam para usar um destacamento dos guardas romanos, aquartelados na Fortaleza Antônia, junto do Monte do Templo, que às vezes faziam o serviço de guarda no Templo. Os guardas pontualmente tomaram suas posições junto ao sepulcro.

A grande pedra fechava a entrada. É bem provável que havia uma corda esticada na frente da pedra e presa nas paredes de pedra a cada lado da entrada com um selo de cera (Mt 27.66). A cera estaria carimbada com o sinete do governador, símbolo da autoridade do imperador. E havia também os guardas romanos. Com tantas precauções quem iria, ou quem se atreveria a roubar o corpo Daquele que ali jazia? Havia, assim, uma segurança tripla no túmulo do Salvador: a pedra, o selo e os soldados.

O sepulcro vazio

Por três dias houve silêncio. Foram dias tristes e solitários para aqueles que acompanharam o Salvador durante os anos de Seu ministério. Eles haviam caminhado com Ele, conversado com Ele, comido com Ele. Tinham ouvido Seu ministério, testemunhado Seus milagres e feito muitas perguntas; e Ele fora o seu fiel confidente, companheiro e amigo. Agora, Ele se fora. Dois deles que caminhavam juntos para Emaús disseram tristemente: “Nós esperávamos [confiávamos]…” (Lc 24.21). Eles usaram o tempo passado. Suas esperanças haviam sido despedaçadas. Durante três dias, tudo fora trevas para eles. Haviam porventura cessado de confiar, agora? Mas algo já havia acontecido naquele primeiro dia da semana, algo do qual eles ainda nada sabiam.

Aqueles que, ainda de madrugada, se dirigiram ao sepulcro foram surpreendidos ao encontrar a pesada pedra removida. O anjo do Senhor havia descido dos céus, removido a pedra da entrada e se assentado sobre ela, como que desafiando a morte e a sepultura. Os guardas, estremecidos de terror e desmaiados de pavor, estavam como mortos. E o túmulo estava vazio! Havia uma mensagem angelical para as mulheres, que elas deveriam transmitir aos discípulos: “Não tenhais medo, pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos” (Mt 28.5-7).

Em vão vigiam Seu leito,
Jesus, meu Salvador;
Em vão selam o túmulo,
Jesus, meu Senhor.

(Robert Lowry)

Portanto, esses são os fatos. O Salvador morreu e foi sepultado num túmulo novo. Apesar da guarda romana e do selo oficial, a pedra foi removida e a sepultura estava vazia no terceiro dia após o sepultamento. Como se explica o túmulo vazio? Ninguém jamais negou ou duvidou que o túmulo estivesse de fato vazio naquela manhã, mas os infiéis e céticos em vão se uniram para tentar negar a ressurreição de Cristo dentre os mortos. Várias teorias foram e são apresentadas para explicar o túmulo vazio. Essas devem ser consideradas somente para mostrar quão ridículas são e para fortalecer o cristão, mais uma vez, na grandeza da verdade de que Jesus está vivo. Um Homem ressurreto está agora exaltado em glória e entronizado nos céus à destra de Deus na vitória de Sua ressurreição.

O sepulcro vazio — as teorias

A primeira teoria foi, assim como todas as que a seguiram, uma grande mentira. Foi apresentada pelos guardas amedrontados, por instigação dos principais sacerdotes e anciãos dos judeus, senadores do grande Sinédrio. Esses homens conheciam o poder do suborno! Eles já haviam subornado Judas Iscariotes para que traísse Jesus, e agora subornaram os guardas para que espalhassem a mentira de que os discípulos haviam roubado o corpo enquanto eles, os guardas, dormiam. Tendo dado “muito dinheiro” aos guardas, eles lhes disseram: “Dizei: ‘Vieram de noite os Seus discípulos e, dormindo nós, O furtaram’” (v. 13).

Os principais dos sacerdotes e anciãos estavam numa posição extremamente embaraçosa, e vale a pena citar Albert Barnes, na íntegra, sobre esse assunto. Ele escreve:

Apesar de toda a precaução, era evidente que o corpo de Jesus desaparecera. Era evidente, também, que os discípulos afirmariam que Ele havia ressuscitado. Eles [os líderes religiosos] haviam se esforçado tanto para conseguir Sua morte. Haviam convencido Pilatos de que Ele estava morto. Haviam colocado uma guarda com o propósito explícito de evitar que Ele fosse tirado. Seria em vão, depois disso, fingir que Ele não morrera, que Ele havia desmaiado, que Ele somente morrera aparentemente. Eles haviam se privado disso, que teria sido a alegação mais plausível; e, qualquer que fosse o curso que agora adotassem, era necessário continuar a reconhecer que Ele realmente estivera morto e que todas as medidas apropriadas haviam sido tomadas para prevenir que fosse roubado. Eles concluíram, depois de confabularem entre si, que só restava um meio: subornar os soldados para induzi-los a contar uma falsidade, e tentar convencer o mundo de que, contra todas as probabilidades e apesar de seus esforços, o corpo de Jesus havia sido roubado.

Com o suborno veio também a promessa de que, caso isso chegasse aos ouvidos de Pilatos, eles lhes dariam cobertura e persuadiriam o governador quanto ao que havia acontecido. Pilatos costumava voltar para sua casa em Cesaréia depois da festa da Páscoa. Portanto, era possível que ele não viesse a ouvir os detalhes do que acontecera, pelo menos por um bom tempo. Mas, se ouvisse, os soldados não precisavam se preocupar, pois os judeus o “persuadiriam”, muito possivelmente com um suborno. Eles haviam subornado Judas, estavam subornando os soldados e podiam subornar Pilatos. Compare com aquele outro governador, Félix: “Esperando ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro, para que o soltasse; pelo que também muitas vezes o mandava chamar, e falava com ele” (At 24.26).

Essa foi, então, a primeira, a mais antiga das teorias de homens infiéis negando a ressurreição do Salvador. “Seu corpo foi roubado do sepulcro enquanto dormíamos”, disseram eles. Mas a teoria precisa ser examinada e seu engano, exposto.

O corpo realmente foi roubado?

Essa teoria é crivada de absurdos. É quase inacreditável que alguém pudesse acreditar numa mentira tão esfarrapada. Tantas perguntas podem ser feitas a partir dela:

  • Será provável que tantos homens dormiriam ao mesmo tempo ao ar livre?
  • Como poderia um guarda romano ter sucumbido ao sono quando, de acordo com as leis militares romanas, ser achado adormecido em serviço significava morte instantânea?
  • Poderiam eles estar tão profundamente adormecidos a ponto de não acordar com o barulho que deve ter sido feito para remover a grande pedra e tirar o corpo?
  • Como poderiam os discípulos, abatidos e desacorçoados como estavam, ter tentado eludir a guarda, remover aquela pedra pesada e levar o corpo embora?
  • Poderiam eles ter tido tempo suficiente para fazer tudo isso sem serem vistos por ninguém?
  • Que motivo teriam os discípulos para roubar o corpo? E teriam tantos deles arriscado e dado a vida, mais tarde, pregando uma ressurreição que eles sabiam não ter acontecido?
  • O absurdo mais claro e óbvio é: se aqueles soldados estavam dormindo, como poderiam saber que foram os discípulos que roubaram o corpo, ou que qualquer outra pessoa o tivesse feito? Mas a história deles foi repetida entre os judeus, durante muitos anos (Mt 28.15).

Quase nem vale a pena considerar a teoria de que os inimigos de Jesus roubaram o corpo, embora aparentemente haja quem acredite nisso. A pergunta que precisa ser feita e respondida é: “Se de fato os inimigos roubaram o corpo, por que, quando os discípulos de Jesus começaram a pregar que Ele ressuscitara dentre os mortos e estava vivo, aqueles que supostamente roubaram o corpo não o apresentaram?” Tem sido dito que, se tivesse sido verdade que roubaram o corpo, e se os inimigos o tivessem apresentado, a cristandade teria se desfeito numa explosão de gargalhadas. Teria sido a morte da pregação apostólica. Naturalmente, Seus inimigos não tinham razão alguma para roubar o corpo de Jesus. Eles estavam mais interessados em mantê-Lo no túmulo.

Jesus realmente morreu?

A teoria de que o Salvador não morreu, apenas desmaiou, é crida e ensinada por muitos até o dia de hoje. Ela é tão absurda quanto a primeira teoria e, novamente, é propagada por aqueles que escolhem negar a verdade da ressurreição corporal de Cristo. O túmulo vazio tem sido chamado de um “fato teimoso”. É aceito por todos, e não é possível negá-lo. Tanto as autoridades romanas como as judaicas sabiam que, inegavelmente, o túmulo em que o corpo de Jesus fora posto estava agora vazio. Mas como? Ou por quê? Precisava ser explicado de alguma forma.

Os propagadores dessa teoria “do desmaio” querem que os homens acreditem que seis horas de sofrimento, cravado pelas mãos e pés na cruz, e por três daquelas horas suspenso sob o sol escaldante de Jerusalém, haviam causado uma profunda condição de entorpecimento em Jesus que parecia ilusoriamente morto. Argumentam que, nessa condição, o Senhor foi carregado para o túmulo, envolto na mortalha de linho por José e Nicodemos, e posto no sepulcro ainda conservando a aparência de morte. Eles dizem que, após três dias de repouso no frescor do sepulcro escavado na pedra, Jesus despertou. Foi, segundo eles ensinam, uma ressuscitação, e não uma ressurreição.

Em seguida, vem a coisa realmente difícil de acreditar! Não se explica como o Salvador removeu a mortalha que o envolvia, deixando os lençóis dobrados de forma ordeira no chão do túmulo, nem como removeu a pedra, escapou da guarda e, de alguma forma, se escondeu até decidir se mostrar a Maria, de manhãzinha naquele jardim, e, depois, caminhou por onze quilômetros até Emaús sobre pés feridos! A que ponto os homens vão para negar a ressurreição de Cristo entre os mortos!

Estariam as mulheres no túmulo errado?

Há ainda outra teoria apresentada por mentes incrédulas. Dizem que aquelas primeiras visitas ao sepulcro, sendo mulheres aflitas, foram ao túmulo errado, e não àquele no qual o Salvador fora sepultado. Enfatizam que elas foram de manhã muito cedo, “sendo ainda escuro” (Jo 20.1). Não teriam elas ido ao túmulo errado? Mas Maria Madalena e suas companheiras conheciam bem o lugar. Haviam observado enquanto os dois homens cuidaram do sepultamento do Salvador (Mt 27.61). Além disso, o túmulo era do próprio José. Não teriam ele e Nicodemos corrigido imediatamente qualquer erro que as mulheres tivessem cometido? E não teriam também as autoridades corrigido a história, quando os discípulos começaram a pregar sobre a ressurreição de Jesus? Proponentes dessa teoria absurda precisam também explicar se Pedro e João estavam igualmente equivocados acerca do túmulo quando foram e o encontraram vazio.

Teorias infiéis ou provas infalíveis?

Com certeza, concordamos que todas essas teorias infiéis nada mais são do que falácias e invenções. São o produto de mentes incrédulas que rejeitam a autoridade das Sagradas Escrituras e preferem seu próprio raciocínio carnal. É mais difícil crer nelas do que na simples e gloriosíssima verdade de que, na terceira manhã depois de Sua morte, o Salvador estava vivo, triunfantemente ressuscitado dentre os mortos. Nos quarenta dias subseqüentes, e, antes de Sua ascensão aos céus, Ele “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas” (At 1.3), e é um prazer examinar agora essas provas e ouvir os muitos depoimentos que dão testemunho de Sua ressurreição. Como já notamos, há muitos indivíduos e grupos de homens e mulheres que realmente viram o Salvador ressurrecto. Andaram com Ele e falaram com Ele e, pelo menos em uma ocasião, comeram com Ele. Com alegria e boa vontade eles darão seu testemunho ao fato de que Seu túmulo está vazio pelo simples fato Dele estar vivo.

(A conclusão do artigo estará em A vitória de Sua ressurreição (2).)

(Fonte da imagem)

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