Leia a primeira parte do artigo.
O testemunho dos lençóis do sepulcro
Parece que Maria Madalena e o pequeno grupo de mulheres vieram cedo ao sepulcro, naquela terceira manhã, com a intenção de completar a unção do corpo de Senhor, que havia sido feita apressadamente na tarde do dia da Crucificação. Para isso elas levavam consigo as especiarias necessárias (Mc 16.1; Lc 24.1). Entretanto, ao se aproximarem do sepulcro elas viram que a grande pedra havia sido removida, e logo pensaram que o corpo de Jesus havia sido removido por alguma pessoa ou pessoas desconhecidas. Talvez as outras mulheres tenham demorado por ali para investigar, mas Maria Madalena partiu apressadamente para avisar Pedro e João dizendo: “Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram” (Jo 20.2). Como seria de esperar, aqueles dois discípulos foram imediatamente ao jardim, e João, o mais novo, ultrapassou Pedro, e chegou primeiro. Ele inclinou-se, olhou para dentro e viu os lençóis de linho no chão. A palavra traduzida “no chão” é muito importante. Por que não dizer simplesmente “ele viu os lençóis?” Haveria algo importante sobre a posição dos lençóis que chamou a atenção do discípulo? Tendo notado este fato João não entrou. Foi então que Pedro chegou e, típico deste discípulo impulsivo, ele entrou imediatamente no túmulo e viu, ele também, os lençóis “no chão”, e viu também o “lenço” que envolvera a cabeça do Salvador, como um turbante, não “no chão” com os lençóis, mas num lugar à parte. João então entrou no sepulcro e viu, e creu. Tudo ali evidenciava um milagre!
Devemos notar aqui diversos fatos importantes. Primeiro, se de fato o corpo tivesse sido roubado, por que os ladrões simplesmente não o levaram como estava enrolado nos lençóis? Por que perderam tempo removendo os lençóis e deixando-os no túmulo? Seria estranho, para começar. Mas, em segundo lugar, os lençóis estavam no “chão”, e a palavra no original significa que estavam estendidos exatamente da mesma forma como quando envolviam o corpo do Salvador, exceto pelo fato que o peso das especiarias dentro deles causou um achatamento, embora ainda retivessem o formato de rolo, camada sobre camada. Como Henry Lathan escreveu, em seu ótimo livro The Risen Master [O Mestre ressurreto]: “Se uma pessoa grega quisesse expressar a idéia de ‘estendido no chão’ ou ‘deitado estendido’, esta seria a palavra que ele usaria”. Os lençóis não foram deixados num monte embolado no chão. Eles “jaziam” estendidos de forma ordeira, mas o corpo desaparecera.
Uma terceira coisa a ser notada, e que é frequentemente ressaltada, é o fato que nos versículos que registram esses acontecimentos (vv. 5-8) são usadas três palavras diferentes para “ver”. Quando João chegou primeiro ao sepulcro ele parou do lado de fora, abaixou-se, olhou para dentro e “viu” (blepo, 991) os lençóis no chão. É a palavra comum para visão, e ver. João simplesmente viu os lençóis no chão do sepulcro. Mas Pedro, tendo entrado, “viu” (theoro, 2234) a posição dos lençóis. Esta palavra indica que Pedro estava examinando, considerando o que via, teorizando, tentando chegar a uma explicação pelo que via. Para citar Henry Lathan novamente: “João apenas viu o que não podia deixar de ver através da porta, mas Pedro olhou atentamente, com um propósito em mente; ele queria entender como o corpo poderia ter sido removido”. Em seguida, João entrou também e “viu” (eido, 1492) e creu. João agora viu com entendimento. Era, poderíamos dizer, um: “Agora vejo!” Ele vira, de fato, a evidência de um milagre. A mortalha jazia estendida, camada sobre camada, como já notamos, exatamente como estivera quando envolvia o corpo de Jesus, mas achatada sob o peso da mirra e aloés (19.39), mas o corpo do Salvador não estava mais nele. Mas como? Mesmo sem qualquer consideração das Escrituras naquele momento (20.9), João estava convencido da veracidade da ressurreição de Cristo.
Havia ainda o lenço que estivera envolvendo a cabeça do Senhor. Este não estava “com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte” (v. 7). Devemos lembrar que no túmulo haveria um recesso no qual o corpo estaria, e no seu final uma saliência, um tipo de degrau, de duas ou três polegadas de altura, que servia de travesseiro. A maneira oriental de preparar um corpo para o sepultamento era envolvê-lo todo, colocando especiarias entre as camadas, exceto a cabeça e o pescoço. A cabeça era tratada separadamente, envolta com um turbante que deixava o rosto à vista. Assim preparado, era o costume depositar o corpo com a cabeça repousando sobre a saliência. O que os discípulos agora viram foi que o lenço, o pano ou toalha, que envolvera a cabeça do Senhor não estava “no chão” com os lençóis de linho. Não estava achatado como eles, pois não teria peso suficiente de especiarias para fazê-lo ceder. Também, não havia sido caprichosamente dobrado e colocado em algum outro lugar. Nem fora colocado com os lençóis de linho. Estava num lugar sozinho, separado dos lençóis, sobre aquele travesseiro de pedra, e ainda enrolado como estivera ao envolver a cabeça do Salvador. Como diz uma tradução: “Não junto com os lençóis, mas enrolado em seu próprio lugar” (Moffatt).
Os lençóis e o lenço juntos serviram de testemunho para Pedro e João de que um milagre acontecera. A mortalha fora esvaziada e deixada intacta como um testemunho à ressurreição. Não nos surpreende ver que os discípulos saíram “admirando consigo” (Lc 24.12) sobre o que tinha acontecido. Isso não significa que eles deixaram o sepulcro duvidando. Eles saíram do jardim com admiração, maravilhando-se com o que tinham visto, pois este é o sentido da palavra “admirando” (thaumazo, 2296).
O testemunho de Maria Madalena
Alguém pode perguntar por que os discípulos foram para casa e deixaram uma mulher chorando, sozinha no jardim. Pode ser que eles nem perceberam que ela estava ali. Pode ser que ela tenha se isolado entre as folhagens do jardim, preferindo estar sozinha na sua tristeza. Mas, quando eles partiram, Maria permaneceu. Ela demorara junto à Sua cruz, e agora permaneceu junto ao Seu sepulcro. Conforme registrado em João 20, chorando, ela se abaixou como João fizera, pois a entrada do sepulcro tinha somente pouco mais de um metro de altura, e olhando para o seu interior por entre lágrimas ela viu dois anjos vestidos de branco assentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde o corpo de Jesus jazera. Maria não estava muito interessada em anjos. Ela bem poderia ter usado as palavras de outra mulher, que disse: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” (Ct 3.3). Mas os anjos falaram bondosamente a ela: “Mulher, por que choras?” (Jo 20.13). Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram”; e tendo dito isto, ela virou-se. Parecia haver certa indelicadeza no seu gesto. Será que ela observou os anjos olhando para além dela, como se estivessem vendo alguém às suas costas? Ou teria ela ouvido passos discretos? Seja como for, ela voltou-se e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Ele lhe fez a mesma pergunta que os anjos haviam feito, mas com a terna adição: “Mulher, por que choras? A quem buscas?” (v. 15). Com certeza Ele sabia o significado daquelas lágrimas, e sabia também a quem ela buscava. Pobre Maria, ela supôs que falava com o hortelão, mas se ele soubesse onde o corpo do seu Senhor estava, então que tão somente o dissesse, e ela o levaria. Como poderia ela ter feito isso? Entretanto, o amor não se detém para calcular minúcias. Maria queria aquele a quem ela amava, e de alguma maneira haveria de levar aquele corpo sagrado. Note que agora ela dera as costas ao suposto hortelão, mas ao ouvir aquela única palavra: “Maria”, ela se volta imediatamente para Ele. Seria a forma do nome que Ele usou: “Míriam”? Ou foi o tom familiar da Sua voz? Ou foi um momento de revelação àquela alma devota? Sua resposta foi uma única palavra, assim como a Sua saudação havia sido: “Raboni”, “Meu Mestre”, ela disse, e se apegou a Ele. Mas Ele disse: “Não me detenhas” ou, em outra tradução, “Não me segure”. Ele ainda não havia subido para o Pai, e haveria outras oportunidades de vê-Lo novamente. Por agora, ela deveria ir aos discípulos e divulgar a nova a todos eles. Quem poderia ter convencido Maria Madalena de que seu Senhor não havia ressuscitado de entre os mortos? Ela nunca esqueceria aquela cena no jardim. Maria O viu, O tocou e conversou com Ele. Aquele que estivera morto esta novamente vivo. Havia de fato ressuscitado.
O testemunho das mulheres
Devemos lembrar que outras mulheres também foram ao sepulcro naquela manhã com Maria, e pode ser que houve outras que, além destas, também visitaram o sepulcro. Em algum momento estas mulheres, assim como Maria, viram ali um anjo que disse: “Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos” (Mt 28.1-10). Elas partiram apressadamente, com sentimentos confusos de espanto e grande gozo, para levar as notícias, mas no caminho Jesus saiu-lhes ao encontro e falou uma palavra: “Salve”, que significa “Saudações, regozijai” (chairo, 5463). Elas abraçaram os pés Dele num ato de homenagem e reverência, e O adoraram. Ele então as mandou ir e dizer a Seus irmãos que logo os veria. Elas tiveram a garantia através do mensageiro angelical de que o Salvador estava vivo, mas agora, melhor ainda, elas O tinham visto e ouvido e O tocado. Não restava agora dúvida alguma quanto à Sua ressurreição. Ninguém poderia persuadir estas mulheres de que o seu Senhor não havia ressuscitado dentre os mortos.
O testemunho da dupla de Emaús
Foi depois disso, no mesmo dia, que dois discípulos caminhavam juntos pela estrada de Jerusalém a Emaús, cerca de onze quilômetros (veja Lc 24.13-35). É fácil crer, como muitos, que eles eram marido e mulher, embora isso não possa ser provado, mas realmente não importa. Ao caminharem juntos conversavam entre si e falavam sobre os acontecimentos dos dias anteriores. Estavam tristes, e isso era visível nos seus rostos. Foi então que o Forasteiro se juntou a eles. Ele falava com eles sobre os acontecimentos recentes como se fosse, de fato, um viajante solitário que não estivesse a par de tudo que acontecera. Jesus de Nazaré, que eles criam ser o Redentor prometido, fora entregue pelos seus líderes e crucificado, eles Lhe disseram. Eles falaram e em seguida Ele lhes falou, e abriu-lhes as Escrituras que profetizavam sobre os mesmos sofrimentos e morte do Messias que eles haviam testemunhado. Portanto, não deveria o Cristo ter padecido o que fora profetizado e então entrar na Sua glória? Eles devem ter crido em tudo que os profetas falaram, e assim essa conversa continuou até que chegaram à sua casa em Emaús. Com grande cortesia, Jesus, ainda desconhecido deles, fez como quem ia para mais adiante, mas eles O constrangeram a ficar com eles, e Ele se sentou à mesa com eles. Quase imperceptivelmente, Ele parece ter trocado de lugar com eles. Ele se tornou o anfitrião. Agora eles eram os convidados, quando Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e o deu a eles. Naquele momento os seus olhos foram abertos e eles O reconheceram, mas Ele desapareceu da vista deles. Mas era o bastante! O Salvador estava vivo! Eles O viram; ouviram-No; conversaram com Ele; e Ele se assentara à mesa com eles. Apressadamente, então, eles voltaram a Jerusalém naquela mesma hora, com corações que ardiam, para relatar a história aos onze que estavam reunidos. Que eloqüente orador infiel poderia persuadir este casal de que Jesus não estava vivo, ressuscitado dentre os mortos?
O testemunho de Pedro
Quando a dupla da aldeia chegou ao grupo de discípulos, a grande nova já os havia precedido. Os onze disseram: “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão” (v. 34). Muito pouco se sabe sobre esta aparição do Salvador ressurrecto, mas tal é a sua importância que Paulo a cita como prova da ressurreição de Cristo (1Co 15.5). Em algum lugar, em algum momento, por alguma razão, acerca da qual podemos somente fazer suposições, houve uma aparição especial do Senhor ressurrecto a Pedro, também chamado Cefas. Quem ousaria confrontar um homem como Pedro e tentar dizer-lhe que Jesus realmente não havia ressuscitado dentre os mortos? Ele diria simplesmente: “Mas eu O vi!”
O testemunho dos dez discípulos
Esta reunião dos “onze” em Lucas 24 é sem dúvida a mesma de João 20.19, da qual Tomé, por alguma razão desconhecida, estava ausente. Judas tinha partido, e assim o pequeno grupo de apóstolos, inicialmente conhecido como “os doze”, agora é chamado de “os onze”, embora um deles estivesse temporariamente ausente. Este termo tinha-se tornado como o termo “os doze”, usado para descrever aquele grupo apostólico, para diferenciá-los do grupo maior de discípulos. Eles estavam reunidos como que secretamente, atrás de portas fechadas por medo dos judeus. De repente, o Salvador pôs-se no meio deles, dizendo-lhes que não temessem, e mostrando-lhes as mãos e os pés como prova de que Ele era de fato Aquele que eles conheciam. Ele os convidou então a apalpá-Lo para mostrar-lhes que não estavam vendo um fantasma. Ele era de fato seu Senhor, ressuscitado dentro os mortos. Aqueles homens mais tarde pregaram ousadamente da ressurreição de Cristo. Eles O tinham visto!
O testemunho de Tomé
Como já foi mencionado, Tomé, por alguma razão desconhecida, estava ausente naquela ocasião. Quanto os discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor” (Jo 20.25), Tomé ficou cético. Afinal, ele vira o Salvador cravado na cruz, e sabia que uma lança havia traspassado o Seu lado. Se fosse para Tomé acreditar que se tratava realmente do Senhor, primeiramente ele precisaria ver e tocar o sinal dos cravos, e pôr a sua mão naquele lado traspassado. Do contrário, dizia ele, “de maneira nenhuma crerei”. Oito dias mais tarde o pequeno grupo estava reunido novamente e Tomé com eles. O Senhor apareceu no seu meio como fizera antes, e sabendo exatamente o que Tomé dissera Ele, em graça, o convidou a pôr o seu dedo nas marca dos cravos, e a sua mão no lado que fora traspassado. Tomé prostrou-se em adoração exclamando: “Senhor meu, e Deus meu!” Em certo sentido, a ausência de Tomé naquela primeira reunião provou ser uma bênção! Um cético foi convertido! O homem que dissera: “de maneira nenhuma o crerei”, é agora um crente convencido. Portanto, não fica insustentável, agora, a posição de incredulidade de outros? “Bem-aventurados os que não viram e creram” (v. 29).
O testemunho de sete discípulos junto ao lago
Esta história é contada em João 21. Pedro e Tomé, Natanael, Tiago e João e outros dois discípulos anônimos estavam reunidos junto ao Mar da Galiléia. Eles decidiram ir pescar por sugestão de Pedro, mas foi uma expedição infrutífera. Labutaram a noite toda e nada apanharam. Ao amanhecer, eles se aproximaram da praia e viram o Desconhecido na praia do lago. Assim como Maria no jardim, “eles não conheceram que era Jesus”. Ele lhes disse que lançassem a rede do lado direito do barco, e ao fazê-lo apanharam uma multidão de peixes. Foi João quem disse: “É o Senhor”. Logo depois estavam com Ele na praia. Ele acendera um fogo e assara um peixe e pão para eles, e depois de terem comido, Ele conversou ternamente com eles. Estes sete discípulos viram o Senhor ressurrecto. Mais tarde eles iriam, na sua pregação Pentecostal, testemunhar da Sua ressurreição.
O testemunho dos quinhentos
Não sabemos nada acerca dessa aparição do Salvador ressurrecto, além do fato que aconteceu, e isso é o suficiente! Muito provavelmente se deu na Galiléia, num lugar por Ele designado (Mt 28.16). Paulo, escrevendo talvez uns vinte e cinco anos mais tarde, podia dizer aos coríntios: “Depois apareceu, uma vez, a mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também” (1Co 15.6). Quinhentos de uma vez! Alguns já haviam morrido, mas a maioria ainda vivia quando Paulo escreveu, e podiam confirmar que viram de fato o Salvador ressurreto. Quem poderia duvidar deles?
O testemunho de Tiago
Tiago também teve um encontro pessoal particular com o Senhor, como Pedro tivera, em algum lugar, em alguma hora, por alguma razão, embora os detalhes não nos sejam revelados. Mas aconteceu (v. 7)! A observação do comentarista Albert Barnes é interessante. Comentando que este era Tiago, o irmão do Senhor, ele escreve: “Este Tiago, o autor da epístola que leva o seu nome, estava em Jerusalém. Quando Paulo foi para Jerusalém, depois da sua volta da Arábia, ele teve um encontro com Tiago (Gl 1.19): ‘E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor’, e é muito provável que Paulo lhe teria falado da visão que tivera do Senhor, no caminho para Damasco, e que Tiago também lhe contara que O tinha visto depois da ressurreição. Esta pode ser a razão por que Paulo menciona o fato; porque o havia ouvido dos lábios do próprio Tiago”. Fica cada vez mais difícil saber por que, ou como, os homens ainda podiam negar que Cristo ressuscitara, quando tantas testemunhas podiam se levantar e dizer: “Nós O vimos”.
O testemunho de Estêvão
A tocante história de Estêvão, o mártir, é contada em sua inteireza em Atos 6.8―7.58. Certos homens de uma das sinagogas de Jerusalém haviam disputado com Estêvão, mas foram incapazes de resistir à sabedoria com que lhes falava. Isso os levou a fazer com ele o mesmo que fizeram com seu Senhor antes dele: “Subornaram uns homens, para que dissessem: ‘Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus’. E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; porque nós o ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir esse lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu”. A blasfêmia com certeza era deles, e, quando os do conselho fitaram Estêvão, viram que seu rosto resplandecia como o rosto de um anjo! Em seguida temos o que é chamado de “a defesa de Estêvão”, e por algum tempo eles lhe deram atenção enquanto lhes falava. Mas, quando ele ousadamente os acusou de não aceitarem a mensagem dos profetas com relação ao Justo, e da sua rejeição daquele Justo, de quem eles eram traidores e assassinos, eles, irados, rangeram os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para os Céus, e viu a glória de Deus e Jesus em pé à destra de Deus. Seu testemunho para eles foi: “Eis que eu vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus”. Eles o lançaram fora da cidade e o apedrejaram até a morte, mas o grande legado de Estêvão, para nós, é sua visão do Cristo ressurrecto, um Homem na glória à destra de Deus.
O testemunho de Paulo
A história de Paulo é bem conhecida. Ele fora Saulo de Tarso, blasfemo e perseguidor dos cristãos. Ele estivera presente, concordando com o apedrejamento de Estêvão (7.58). Mas ao viajar para Damasco com o propósito de trazer cristãos presos para Jerusalém, ele se encontrou com o Cristo ressurrecto (9.3-6). Ele conta a sua própria história em Atos 22: “Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu. E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que Me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a Quem tu persegues.” Foi uma conversão imediata de um homem que pessoalmente confessa ter sido “um blasfemo e perseguidor, e um homem insolente e arrogante” (1Tm 1.13, JND), mas que mais tarde escreve: “Para mim o viver é Cristo” (Fp 1.21). O que mudara tão radicalmente um homem como Saulo de Tarso? Foi a visão do Cristo ressuscitado, o mesmo Homem na glória que Estêvão viu. Quem poderia persuadir Paulo de que não houve ressurreição?
O testemunho de João
Embora sejam muito extensas para esse breve artigo, as visões que João teve de Cristo, no livro de Apocalipse, precisam ser acrescentadas à lista de testemunhos ao Senhor ressurrecto. Vez após vez, ao longo do último livro do Novo Testamento e de toda a Escritura Sagrada, João escreve sobre Aquele que ele viu. Estava lá, na glória, o Homem que estivera no Calvário. Ele estava exaltado nos céus, onde multidões O adoravam e Lhe prestavam culto e onde cantavam Daquele que as amou, e as lavou dos pecados com Seu sangue. As memórias de Sua cruz e de Sua morte cruel nunca se apagarão, mas Ele diz de Si mesmo: “Eu sou […] o que vivo, e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém” (Ap 1.18). Ele vive no poder de uma vida eterna e na vitória de Sua ressurreição.
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