Ficamos abismados de que, mesmo à luz de registros bíblicos muito claros, ainda há quem tenha a audácia de sugerir que é errado para aqueles que sofrem no corpo ou na alma expressar suas orações por libertação em termos de: “Se for da Tua vontade”. Dizem que, quando a aflição chega, Deus sempre deseja a cura. Que Ele não tem nada a ver com sofrimento, e que tudo o que devemos fazer é reivindicar, pela fé, a resposta que buscamos. Somos exortados a exigir o “Sim” de Deus antes que Ele o pronuncie.
Fora com tais distorções da fé bíblica! Elas são concebidas na mente do Tentador, que deseja nos induzir a transformar fé em mágica. Nem todo o amontoado de discurso piedoso pode transformar essa falsidade em doutrina verdadeira.
Às vezes, Deus diz não. Às vezes, Ele nos chama para sofrer e morrer, mesmo quando desejaríamos exigir o contrário.
Nunca outro homem orou mais veementemente que Cristo no Getsêmani. Quem acusará Cristo de não ter orado com fé? Ele colocou Seu pedido diante do Pai suando sangue: “Passa de Mim este cálice” (Lc 22.42).
A oração de Jesus foi direta e sem ambigüidades. Ele gritou por alívio. Ele pediu que o cálice terrivelmente amargo fosse removido. Cada centímetro de Sua humanidade se encolhia diante do cálice. Ele implorou ao Pai que O libertasse de Seu dever. Mas Deus disse “não”. O caminho do sofrimento era o plano de Deus. Era a vontade de Deus. Era Sua vontade pura e inalterada. A cruz não era uma idéia de Satanás. A paixão de Cristo não foi resultado de contingências humanas. Não foi uma maquinação acidental de Caifás, Herodes ou Pilatos. O cálice foi preparado, entregue e administrado pelo Deus Onipotente.
Jesus colocou uma condicional em Sua oração: “Pai, se queres…”. Jesus não “apresentou e reivindicou”. Ele conhecia Seu Pai muito bem para saber que essa poderia não ser a vontade Dele. A história não termina com as palavras: “E o Pai se arrependeu do mal que havia planejado, afastou o cálice, e Jesus viveu feliz para sempre”.
Essas palavras se aproximam da blasfêmia. O evangelho não é um conto de fadas. O Pai não entraria em acordos sobre o cálice. Jesus foi chamado para tomá-lo até a última gota. E Ele o aceitou. “Todavia, não se faça a Minha vontade, mas a Tua”.
Esse “todavia” é a suprema oração da fé. A oração da fé não é uma ordem que colocamos diante de Deus. Não é a presunção de um pedido atendido. A autêntica oração da fé é aquela que se assemelha à oração de Jesus. É sempre apresentada num espírito de submissão. Em todas as nossas orações devemos permitir que Deus seja Deus. Ninguém diz ao Pai o que Ele deve fazer, ninguém, nem mesmo o Filho. Orações devem sempre ser pedidos feitos com humildade e submissão à vontade do Pai.
A oração da fé é a oração da confiança. A própria essência da fé é confiança. Confiamos que Deus sabe o que é melhor. O espírito de confiança inclui o espírito de disposição para fazer o que o Pai deseja que façamos. Este tipo de confiança foi personificado em Jesus no Getsêmani.
Embora o texto não seja explícito, é claro que Jesus deixou o jardim com a resposta de Deus para Seu pedido. Não há nenhuma blasfêmia ou amargura; Sua comida e Sua bebida eram fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Uma vez que o Pai disse “não”, o assunto estava resolvido. Jesus se preparou para a cruz. Não fugiu de Jerusalém, mas entrou na cidade com o semblante determinado.
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3 comments
Mônica Polimeno Bellotti says:
fev 17, 2018
Perfeito ! E Deus continua sendo Deus … Louvado seja Seu Nome !
Francisco Nunes says:
fev 17, 2018
Amém! E toda a glória a Ele!
Abraço!
Joyce says:
ago 29, 2018
Somos apenas vasos para o Senhor fazer a sua vontade!