1) Aprendam a amar os outros, a pensar no bem deles, a ter cuidado por eles, a negar-se a si próprios por causa deles e a dar a eles tudo o que têm. Se alguém não consegue negar-se a si próprio em beneficio dos outros, ser-lhe-á impossível conduzir alguém no caminho espiritual. Aprendam a dar aos outros o que você tem, ainda que se sinta como se nada tivesse. Então o Senhor começará a derramar-lhe a Sua bênção.
2) A força interior de um líder deveria equivaler à sua força exterior. Esforços em demasia, avanços desnecessários, inquietações, apertos, tensões, falta no transbordar, planos humanos e avanços na frente do Senhor, são todas as coisas que não devem ocorrer. Se alguém está cheio de abundância em seu interior, tudo o que emana dele é como o fluir de correntes de águas, e não existem esforços demasiados de sua parte. É preciso ser de fato um homem espiritual, e não simplesmente se comportar como um.
3) Ao fazer a obra de Deus aprenda a ouvir os outros. O ensinamento de Atos 15 consiste em ouvir, isto é, ouvir o ponto de vista de outros irmãos porque o Espírito Santo poderá falar por meio deles. Seja cuidadoso,, pois ao recusar ouvir a voz dos irmãos, você poderá estar deixando de ouvir a voz do Espírito Santo. Todos aqueles envolvidos em liderança devem assentar-se para ouvi-los. Dê a eles oportunidades ilimitadas de falar. Seja gentil, seja alguém quebrantado e esteja pronto para ouvir.
4) 0 problema de muito líderes é não estarem quebrantados. Pode ser que tenham ouvido muito, a respeito de serem “quebrantados” porem não possuem revelação dessa verdade. Se alguém está quebrantado, não tentará chegar as suas próprias decisões no que toca a questões importantes ou aos ensinamentos, não dirá que é capaz de compreender as pessoas ou de fazer coisas, não ousará tomar para si a autoridade ou impor a sua própria autoridade sobre os outros, nem aventurar-se-á a criticar os irmãos ou tratá-los com presunção. Um irmão quebrantado não tentará auto defender-se nem remoer-se por algo que ficou para traz.
5) Não deve existir nas reuniões nenhuma tensão, tampouco na Igreja. Com respeito às coisas da Igreja aprenda a não fazer tudo você mesmo. Distribua as tarefas entre os outros e os leve a aprender a usar suas próprias capacidades de executar. Em primeiro lugar, você deve expor-lhes resumidamente os princípios fundamentais a seguir e depois se certificar de que agiram de acordo. É um erro fazer você fazer muita coisa. Evite também aparecer demais na reunião, caso contrário os irmãos poderão ter a sensação de que você está fazendo tudo sozinho. Aprenda a ter confiança nos irmãos e a distribuí-la entre eles.
6) O Espírito de Deus não pode ser coagido na Igreja. Você precisa ser submisso a Ele pois, caso contrário, quando Ele cessar de ungi-lo a Igreja se sentirá cansada ou até mesmo enfadada. Se o meu espírito estiver forte em Deus, ele alcançará e tomará a audiência em dez minutos; se estiver fraco não adiantará gritar palavras estrondosas ou gastar um tempo mais longo, o que inclusive com certeza será prejudicial.
7) Ao pregar uma mensagem, não a faça demasiadamente longa ou trabalhada, caso contrário o espírito dos santos sentir-se-á enfadado. Não inclua pensamentos superficiais ou afirmações rasteiras no conteúdo da mensagem; evite exemplos infantis, bem como raciocínios passíveis de serem considerados pelas pessoas como infantis. Aprenda concluir o ponto alto da mensagem dentro de um período de meia hora. Não imagine que, o fato de estar gostando de sua própria mensagem, significa que as suas palavras são necessariamente de Deus.
8 ) Uma tentação com que freqüentemente nos deparamos numa reunião de oração é querer liberar uma mensagem ou falar por tempo demasiado. Uma reunião de oração deve ser consagrada a oração, muito falatório levará à sensação, de sentir-se pesado, com o que a reunião se tornará um fracasso.
9) Os obreiros precisam aprender muito, antes de assumirem uma posição onde tenham de lidar com problemas ou com pessoas. Com um aprendizado inadequado, um conhecimento insuficiente, um quebrantamento incompleto e um juízo não digno de confiança, serão incompetentes para lidar com os outros. Não tire conclusões precipitadas; mesmo quando se está prestes a fazer algo deve-se fazê-lo com temor e tremor. Nunca trate com leviandade as coisas espirituais. Pondere-as no coração.
10) Aprenda a não confiar unicamente em seus próprios juízos. Aquilo que consideras correto pode ser errado e aquilo que consideras errado pode ser correto. Se alguém está determinado a aprender com humildade, levará, com certeza, alguns poucos anos para terminar de fazê-lo. Portanto, por enquanto, você não deve confiar demasiadamente em si mesmo ou estar muito seguro a respeito, do seu modo de pensar.
11) É perigoso para as pessoas da Igreja seguirem as suas decisões antes de você ter atingido o estado de maturidade. O Senhor operará em você para tratar seus pensamentos e para quebrantá-lo antes que você possa compreender a vontade de Deus e ser definitivamente ‘autoridade de Deus’. A autoridade se baseia no conhecimento da vontade de Deus. Onde não estiver sendo manifestado a vontade e o propósito de Deus, ali não há autoridade de Deus.
12) A capacidade de um servo de Deus com certeza será expandida porem pelo mesmo Deus que o capacitou. Descanse em Deus, ame-o de todo o coração. Jesus disse “sem mim nada podereis fazer”. A autoridade necessária para o desempenho do ministério é fruto de nosso relacionamento. Nunca olhe para dentro de você mesmo, pois isso poderia desanimá-lo. Porém jamais abra mão de:
– Intimidade com Deus, e
– O conselho dos sábios que Deus colocou na Igreja.
“Não fostes vós que me escolhestes, porem eu vos escolhi a vós e vos designei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça afim de que tudo o pedirdes ao Pai em meu nome Ele vos conceda” (Jo 15:16).
Extraído do livro “O Testemunho de Watchman Nee” e são partes de uma carta escrita em 10/03/1950 durante o período de vinte anos em que permaneceu preso pelo Regime Comunista Chinês.
Ele se derramou por nós, e ser conformados à Sua morte significa, portanto, que nós derramamos nossa vida pelos outros.
Campbell Morgan
Deus é amor, e aquele que aprendeu a viver no Espírito de amor aprendeu a viver e a habitar em Deus.
Andrew Murray
A vontade de Deus e a minha felicidade são sinônimos.
Evan Hopkins
Até a morte, terei empregado tudo o que existe em mim para amar o Senhor.
Irmão Lawrence
A cruz de Cristo é o coração de Deus quebrado pelo pecado. Ela nos fala que Deus, que tem de julgar e punir o pecado, salvará e perdoará o pecador.
Ruth Paxson
A marca de um santo não é a perfeição, mas a consagração. Um santo não é um homem sem faltas, mas um homem que se deu sem reservas a Deus.
Bispo Westcott
Somente na eternidade, purificados e livres das restrições do corpo de barro, é que os redimidos dentre os homens serão capazes de entender o pleno significado da Sua cruz de vergonha e cantar com a mais profunda adoração: “Digno és (…) porque foste morto” (Ap 5.9).
Jessie Penn-Lewis
Um cristianismo roubado da cruz é um cristinismo roubado da sua glória.
The Overcomer
Tudo em que Paulo se gloriava estava centralizado na cruz: não na Encarnação, mas na cruz; não no Exemplo Divino, mas na cruz; não na Segunda Vinda, mas na cruz; não em seus próprios trabalhos, sofrimentos e lágrimas, mas na cruz. O coração de toda revelação incide sempre sobre os estendidos braços da cruz.
The Overcomer
O amor do Senhor Jesus abrange toda a raça e, no entanto, ele me escolhe e se concentra em mim.
D. M. Panton
Minha vida é concentrada e controlada pela consciência de que alguém me ama com amor onipotente — todos os portões do céu não podem prevalecer contra ele; um amor onipresente — nunca há uma condição de vida na qual ele não se revela; um amor onisciente — alcançando as desconhecidas necessidades da alma.
S. H. Tyng
“Para mim o viver é Cristo.” Portanto, para mim agora nada é impossível, nenhuma tentação é inconquistável, nenhuma obra outorgada por Deus é impraticável, nenhuma coroa é inconquistável.
D. M. Panton
Que o Senhor nos leve não somente a ter mais da Sua vida, mas também menos de nós mesmos.
Watchman Nee
O Evangelho tem de ser antagonista a tudo o que é contrário a Deus.
C. A. Fox
A necessidade humana é a chave que destranca os celeiros da provisão de Deus para os filhos dos homens.
J. R. Miller
Nós precisamos de ventos e tempestades para exercitar nossa fé, para arrancar o ramo podre da auto-dependência e nos enraizar mais firmemente em Cristo.
C. H. Spurgeon
A incredulidade coloca as circunstâncias entre você e Cristo, de modo que você não O vê, como os discípulos que não O conheceram através da cerração e gritaram de medo. A fé põe Cristo entre você e as circunstâncias, de modo a não vê-las por causa da glória daquela luz.
F. B. Meyer
O Calvário é o machado de Deus lançado à raiz da árvore da primeira família. Adão é cortado. Um novo Homem sobe ao trono.
Autor desconhecido
O tomar a cruz é o fim das cruzes e o início do discipulado.
C. G. Trumbull
A cruz de Cristo me condena a me tornar um santo.
Um cristão bechuana
Esteja mais desejoso de ajuda interior e livramento do que da remoção da mão de Deus, quando Ele lançar aflição sobre você.
Robert Chapman
Por todo o caminho meu Salvador me conduz; que tenho eu para pedir além disso?
Fanny Crosby
Somente Deus pode satisfazer o coração humano.
Andrew Murray
Na criação de Deus, nosso coração foi feito para satisfazer a Deus, para ser preenchido com Deus. Se nosso coração está cheio com menos do que o próprio Deus, então, ele não será satisfeito.
Sabendo que Deus nos chama para entrarmos na boa terra de obediência total, permanece a pergunta: Como entrar nela? Quero oferecer cinco palavras como expressões da disposição de um coração confiante para entrar naquela boa terra: eu a vejo, eu a desejo, eu a espero, eu a aceito e eu confio em Cristo.
A Fé Vê
Necessitamos, em primeiro lugar, estabelecer a questão de maneira calma e definitiva.
Existe realmente uma tal terra da promessa onde constante obediência é certa e divinamente possível? Enquanto houver alguma dúvida sobre este ponto, é fora de questão subir e possuir a terra.
Pense, por um instante, na fé de Abraão. Era uma confiança que repousava em Deus, na sua onipotência e na sua fidelidade. Ouça esta promessa: “Dar-vos-ei coração novo… porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36.26,27).
Aqui está o compromisso de aliança de Deus. Ele completa: “Eu, o Senhor, o disse, e o farei” (v.36). Ele assume a responsabilidade de levar-nos a obedecer e de nos capacitar para isso. Em Cristo e no Espírito Santo, ele fez a provisão mais maravilhosa que se possa imaginar para o cumprimento da sua promessa.
Simplesmente faça o que Abraão fez – fixe o seu coração em Deus. “Mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Rm 4.20,21). A onipotência de Deus era o esteio de Abraão. Faça com que seja o seu também. Olhe para todas as promessas que temos na Palavra de Deus de recebermos um coração puro, um coração firmado e irrepreensível em santidade, uma vida de justiça e santidade, um caminhar inculpável e agradável a Deus em todos os seus mandamentos, de Deus trabalhar em nós para efetuar tanto o querer como o realizar, e de operar em nós aquilo que é agradável à sua vista – e veja tudo isso com fé simples: Deus o disse; seu poder irá realizá-lo.
Esta vida de plena obediência é possível, está ao nosso alcance. Essa certeza precisa tomar conta de sua vida. A fé pode ver o invisível e o impossível. Maravilhe-se com a visão até que o seu coração diga:
“Tem de ser verdade. É verdade. Há uma vida prometida que ainda não conheci.”
A Fé Deseja
Quando leio o evangelho e vejo quão prontos estavam os doentes, os cegos e os necessitados para crerem na palavra de Cristo, freqüentemente eu me pergunto: O que eles tinham que os tornavam tanto mais preparados para isso do que nós? A resposta que eu encontro na Palavra é esta: a grande diferença estava na honestidade e na intensidade do desejo. Eles verdadeiramente desejavam libertação com todo o seu coração. Não havia necessidade de insistência para fazê-los desejar a bênção de Jesus.
Pena que é tão diferente conosco! Todos nós desejamos, de certa maneira, ser melhores do que somos. Mas quão poucos realmente “têm fome e sede de justiça”; quão poucos desejam intensamente e imploram por uma vida de total obediência e pela constante consciência de estarem agradando a Deus!
Não pode haver fé forte sem desejo forte. Desejo é o grande motivador do universo. Foi o desejo de Deus de nos salvar que o moveu a enviar o seu Filho. É o desejo que move os homens a estudarem, trabalharem e sofrerem. Só o desejo de salvação pode trazer um pecador a Cristo. É o desejo por Deus, pela mais íntima amizade com ele, e por ser exatamente o que ele quer que sejamos, que fará com que a terra prometida nos seja atraente. É isto que vai fazer com que abandonemos as demais coisas para conseguir tudo o que nos foi prometido e tornar a obediência de Cristo nossa de fato.
E como é que o desejo pode ser despertado? Olhando, à luz do Espírito de Deus, contemplando essa vida e vendo-a como possível, como certa, como divinamente assegurada e abençoada, até que a nossa fé comece a arder com desejo e digamos:
“Eu realmente desejo obtê-la. Com todo o meu coração vou buscá-la.”
A Fé Espera
É grande a diferença entre desejo e expectativa. Alguém pode ter um forte desejo pela salvação e, ao mesmo tempo, ter pouca esperança de realmente obtê-la. É um grande passo à frente quando o desejo passa a ser expectativa, e a pessoa começa a falar:
“Tenho certeza de que é para mim e, embora eu não o veja agora, tenho uma confiante expectativa de obtê-lo.”
A vida de obediência não é mais um ideal inatingível que Deus coloca diante de nós apenas para fazer com que nos esforcemos um pouquinho mais para alcançá-lo. Não! É uma realidade planejada por ele para que fosse experimentada em carne e sangue aqui na terra. Espere-a, como algo preparado com toda certeza para você. Cultive a expectativa de que Deus a torne experiência em sua vida.
Muitas coisas, na verdade, tendem a neutralizar essa expectativa: suas falhas no passado; seu temperamento ou circunstâncias desfavoráveis; a fragilidade da sua fé; sua dificuldade ao pensar no que essa entrega, essa disposição de ser obediente até a morte, pode exigir de você; sua consciência da falta de poder para isso – tudo faz com que você diga:
“Talvez seja para os outros, mas receio que não seja para mim.”
Eu lhe imploro que não fale dessa maneira. Falando assim, você deixa Deus fora da equação. Tenha expectativa de receber sua herança. Olhe para cima, para o poder e para o amor de Deus, e comece a dizer:
“Isto é para mim, sim!”
Tome coragem ao conhecer os santos de Deus do passado. Veja aqui um exemplo.
Desde a sua mocidade, Gerhard Tersteegen (um pregador pietista alemão, 1697-1769) buscava e servia ao Senhor. Tal era o desejo gerado pelo Espírito no seu interior, que abandonou carreira e negócios para poder buscar a Deus com mais empenho. Depois de algum tempo, a sensação da graça de Deus lhe foi retirada e, por cinco longos anos, viveu como um náufrago perdido no meio do mar, onde não aparecem nem sol nem estrelas. “Mas a minha esperança estava em Jesus.” De repente, brilhou nele uma luz que nunca mais se apagou.
A vida de crucificação com Cristo não se podia aprender, de acordo com sua nova luz, através de estudo ou instrução humana. Só podia ser ensinada pelo Espírito Santo. “É algo muito pequeno para Deus nos levar a encontrar em nossas almas, em um instante, sem esforço, aquilo que talvez tenhamos buscado exteriormente, por muitos anos e com muito empenho.”
O que ele encontrou? Uma nova visão do Salvador, como aquele que é todo-suficiente. “Jesus somente é suficiente”, ele aprendeu, “no entanto, é insuficiente quando não for abraçado como solução total e única.”
Ele escreveu com sangue das suas próprias veias uma carta para o Senhor Jesus, na qual disse:
Meu Jesus, reconheço que pertenço somente a ti, meu único Salvador e Noivo. Desta noite em diante, renuncio do meu coração todo direito e autoridade que Satanás injustamente me concedeu sobre mim mesmo. Esta noite tu rompeste as portas do inferno e abriste para mim o coração amoroso do Pai! Desta noite em diante, ofereço todo meu coração e todo meu amor a ti em eterna gratidão. A partir desta noite, e por toda eternidade, tua vontade, não minha, seja feita! Comanda, reina e governe sobre mim. Eu me entrego totalmente, sem reservas, e prometo, com a tua ajuda e poder, dar a minha última gota de sangue antes de consciente e voluntariamente, em meu coração ou vida, ser falso e desobediente a ti. Tu tens o amor do meu coração para ti mesmo e para mais ninguém. Teu Espírito seja meu guarda; tua morte, a rocha da minha segurança. Que teu Espírito sele o que foi escrito na simplicidade do meu coração.
Tua possessão indigna, Gerhard Tersteegen, 1724
Esta foi a sua obediência até a morte.
O mesmo Deus ainda vive. Você também pode experimentar a vida de obediência que vem por Cristo. Ponha a sua esperança nele. Ele o fará.
A Fé Aceita
Aceitar é mais do que esperar. Muitos caminham e esperam e nunca possuem porque não aceitam.
Se você ainda não aceitou, nem se sente pronto para aceitar, o que você precisa fazer é: ter expectativa! Porém, se houver uma expectativa de coração, e se for realmente uma expectativa focada no próprio Deus, certamente esta o guiará até a aceitação.
Agora se você já tem a expectativa, a palavra urgente para você é: Aceite! A fé tem o maravilhoso poder dado por Deus de dizer: “Eu aceito, eu tomo, é meu”.
É pela falta desta fé definida que se apropria da bênção espiritual desejada que muitas orações parecem ser infrutíferas. Para esse ato de fé, nem todos estão prontos.
Onde não existe verdadeira convicção do pecado da desobediência e, pior ainda, onde não há genuína tristeza por causa disso; onde não existe forte anseio ou propósito de realmente obedecer a Deus em tudo; onde não há interesse profundo na mensagem da Sagrada Escritura de que Deus quer nos “aperfeiçoar em todo bem” para cumprirmos a sua vontade, por ele mesmo operando em nós “o que é agradável diante dele” (Hb 13.21), também não haverá a capacidade espiritual para aceitar a bênção.
O cristão se contenta em ser um bebê. Ele quer somente sugar o leite da consolação. Não está pronto para comer o alimento forte que Jesus comeu, “fazendo a vontade do seu Pai.”
Mesmo assim, quero suplicar a todos: Aceite a graça para viver essa maravilhosa nova vida de obediência. Aceite-a agora. Sem isso, seu ato de consagração significará muito pouco. Sem isso, seu propósito de tentar ser mais obediente falhará. Deus já não lhe mostrou que há uma posição inteiramente nova para você aceitar – uma posição atingível de ter a simples obediência de criança, dia a dia, a cada ordem recebida pela voz do Espírito; uma posição atingível de ter a simples dependência de criança em sua graça todo-suficiente para executar essas ordens?
Oro para que, mesmo agora, você assuma essa posição, faça a sua entrega e aproprie-se da graça divina. Aceite a verdadeira vida de fé e entre na incessante obediência da fé. Que sua fé se torne tão ilimitada e segura quanto o são as promessas e o poder de Deus. Que sua simples obediência de criança seja tão ilimitada quanto a sua fé. Peça a Deus para ajudá-lo e aceite tudo o que ele já lhe ofereceu.
A Fé Confia em Cristo Para Tudo
“Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio” (2 Co 1.20). É possível que, enquanto leu sobre a vida de obediência, tenham surgido perguntas e dificuldades para as quais você não tem uma resposta imediata. Pode parecer difícil para receber tudo isso ou para conciliar as verdades com seus velhos hábitos de pensamentos, palavras e ações. Você teme que não seja capaz de logo sujeitar tudo a esse princípio supremo que deve governar toda sua vida.
Para todas essas questões, há uma resposta, uma libertação de todos os temores: Jesus Cristo, o Salvador vivo, conhece tudo, e pede que você confie nele e se entregue totalmente à sua sabedoria e poder, a fim de poder sempre andar no caminho da obediência da fé
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Extraído de The School of Obedience (A Escola da Obediência), de Andrew Murray (1828-1917), ministro, missionário e autor na África do Sul.
Fala-se e canta-se muito que devemos estar aos pés da cruz, não obstante as Escrituras não falarem absolutamente nada sobre isso. Ao contrário, as Escrituras afirmam que estamos crucificados com Cristo, ou, em outras palavras, que não ficamos lá embaixo, aos pés dela, mas, sim, em cima, de braços abertos. Mas nunca se ouve ninguém falando assim.
Embaixo, aos pés da cruz, pode ficar toda sorte de pessoas. Mas só se deixam dependurar nela aqueles que odeiam a sua própria vida até a morte e amam a Deus de todo o seu coração. São estes que, por meio da fé, tornam-se participantes da morte e da vida de Cristo, e querem caminhar em suas pisadas, não importa a que preço.
O perdão de seus pecados as pessoas podem obter também “aos pés da cruz”, embaixo, mas não a vitória sobre o pecado. Esta só se alcança lá em cima, dependurado. Os que ficam aos pés da cruz podem pecar, mas os que estão lá em cima, não.
Que os olhos de muitos sejam abertos nestes dias, para que vislumbrem o glorioso mistério da fé!
(Elias Aslaksen, in Estou Crucificado com Cristo, La Vida, 1988, traduzido do alemão)
Não nos entreguemos ao desânimo, por mais oprimidos ou molestados que estejamos. A pessoa desanimada nada pode fazer. Nesse estado, ela não consegue resistir aos ardis do inimigo nem prevalecer em oração pelos outros. (…) No momento em que nosso coração rejeita a desconfiança ou o desânimo, o Espírito Santo desperta em nós a fé e sopra em nossa alma o vigor divino. (…) Se o crente mais fraquinho submeter-se ao Senhor e recorrer a Ele no nome de Jesus e com a fé singela de uma criança, todo o pode de Deus estará ao seu lado. (…) Temos de conservar os olhos em Cristo.
Salmo 3 de Davi quando fugiu do seu filho Absalão:
Senhor, muitos são os meus adversários!
Muitos se rebelam contra mim!
São muitos os que dizem a meu respeito: “Deus nunca o salvará!”
Mas tu Senhor, és o escudo que me protege; és a minha glória e me fazes andar de cabeça erguida.
Ao Senhor clamo em alta voz, e do seu santo monte ele me responde.
Eu me deito e durmo, e torno a acordar, porque é o Senhor que me sustem.
Não me assustam os milhares que me cercam.
Levanta-te, Senhor!
Salva-me, Deus meu!
Quebra o queixo de todos os meus inimigos; arrebenta os dentes dos ímpios.
Do Senhor vem o livramento.
A tua benção está sobre o teu povo.
Confiar no Senhor ou nos meios – Saul e Davi
Em que depositava Saul mais confiança, no Senhor ou na armadura? Na armadura, sem dúvida; e é assim com todos aqueles que não andam verdadeiramente por fé; apoiam-se nos meios, e não em Deus.
O homem dos meios e o homem da fé estão realmente diante de nós, e nós percebemos imediatamente como o último está longe de agir segundo os meios. Ora Davi sentiu que os vestidos de Saul e a sua couraça não representavam esses meios, e portanto recusou-os. Se ele tivesse partido com eles, a vitória não teria sido tão claramente do Senhor. Mas Davi havia confessado a sua fé na libertação do Senhor, e não na armadura de Saul.
Tem-se dito, e muito bem, que o perigo para Davi não foi quando se encontrou com o gigante, mas quando se viu tentado a usar a armadura de Saul. Se o inimigo tivesse sido bem sucedido em o induzir a ir com ela, tudo estava perdido; mas, mediante a graça, ele rejeitou-a, e assim entregou-se inteiramente nas mãos do Senhor, e nós sabemos qual a segurança que encontrou nelas. É isto que a fé sempre faz; deixa tudo, inteiramente, ao cuidado de Deus. Não se trata de confiar no Senhor e na armadura de Saul, mas somente no Senhor.
E não podemos nós aplicar este princípio ao caso de um pobre pecador desamparado, a respeito do perdão dos seus pecados? Creio que sim. Satanás procura tentar o pecador a acrescentar alguma coisa à obra consumada de Cristo – alguma coisa que diminua a glória do Filho de Deus como o único Salvador de pecadores. Ora àqueles que assim fazem eu gostaria de dizer que seja o que for que se acrescente à obra de Cristo só consegue inutilizá-la.
Em resumo: devemos ter, portanto, somente Cristo; e não Cristo e as nossas obras, mas simplesmente Cristo, porque Ele é suficiente; não precisamos de nada mais, e não podemos passar com menos. Desonramos a suficiência do Seu sacrifício expiatório sempre que procuramos ligar alguma coisa nossa com ele, precisamente como Davi teria desonrado o Senhor indo ao encontro do gigante filisteu com a armadura de Saul.
Eu vi, com os olhos da minha alma,
Jesus Cristo à direita de Deus;
ali, afirmo, estava minha justiça.
Portanto, não importa o que eu fui,
o que estivesse fazendo,
Deus não podia dizer de mim:
“Falta-lhe a Minha justiça”,
Pois isto estava bem diante Dele…
Agora as minhas cadeias realmente
caíram de minhas pernas.
Fui liberto de minhas aflições e algemas.
Não por qualquer virtude, bondade, capacidade, pureza, santidade, justiça sua é que você é aceito por Deus, que suas orações são ouvidas por Ele, que Ele o livrou da condenação eterna — tudo isso lhe vem porque a justiça de Deus foi atendida pela morte de Cristo em seu lugar!
Portanto, alegre-se e, ousadamente, vá a Deus!
Pentecostais e carismáticos freqüentemente ensinam que há dois tipos de línguas descritos no Novo Testamento: as “línguas públicas” de Pentecoste e as línguas da “oração particular” de 1Coríntios 14:4 (“O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.”) Alguns fazem essa distinção entre “ministério de línguas” e “línguas devocionais”.
Os primeiros líderes pentecostais entendiam que as línguas na Bíblia eram idiomas reais falados na Terra. Eles freqüentemente ensinavam poder ir para os campos missionários estrangeiros e testemunhar por meio de línguas miraculosas sem ter de aprender os idiomas. Aqueles que tentaram isso, no entanto, voltaram amargamente desapontados!
“Alfred G. Garr e sua esposa foram para o Oriente com a convicção de que poderiam pregar o evangelho nos idiomas hindu e chinês. Lucy Farrow foi para a África e voltou após sete meses, durante os quais ela alegou ter pregado aos nativos em seu próprio idioma Kru. O pastor e analista alemão Oskar Pfister registrou o caso de um pentecostal de nome ‘Simon’, que tinha planejado ir para a China e usar línguas para pregar. Numerosos outros missionários pentecostais embarcaram crendo que tinham a miraculosa habilidade de falar no idioma daqueles a quem foram enviados. Essas alegações pentecostais foram bem conhecidas em sua época. S.C. Todd, da Bible Missionary Society, investigou 18 pentecostais que foram para o Japão, a China e a Índia ‘esperando pregar aos nativos desses países na própria língua deles’ e descobriu que, por declaração deles mesmos, ‘em nenhum instante sequer eles foram capazes de fazer isso’. Por esses e outros missionários terem retornado em desapontamento e falha, os pentecostais foram compelidos a repensar seu ponto de vista original acerca do falar em línguas”.
(Robert Mapes Anderson, Vision of the Disinherited: The Making of American Pentecostalism)
A conclusão a que logo chegaram é que as “línguas” que falavam não eram terrenas, mas “celestiais” ou uma língua especial para oração; e esses são os termos que ouvimos freqüentemente em conferências carismáticas, tais como aquelas em New Orleans em 1987, Indianapolis em 1990 e St. Louis em 2000. As línguas que eu ouvi nessas conferências não eram idiomas de modo algum, mas meramente murmurações repetitivas que qualquer um poderia imitar. Larry Lea supostamente falou em línguas em Indianapolis em 1990, e esse é um exemplo-chave do que está sendo ensinado como línguas no movimento carismático. Aquilo se parecia com “Bubblyida bubblyida hallelujah bubblyida hallabubbly shallabubblyida kolabubblyida glooooory hallelujah bubblyida.” Eu escrevi isso conforme ele ia dizendo e, posteriormente, verifiquei com a gravação. Nancy Kellar, uma freira católica romana que estava no comitê executivo do encontro de St. Louis meeting em 2000, falou em “línguas” na noite de quarta-feira da conferência. Suas “línguas” eram algo como “Shananaa leea, shananaa higha, shananaa nanaa, shananaa leea”, repetido vez após vez após vez.
Se você acha que estou fazendo troça dessas pessoas, está enganado. Isso foi tirado diretamente das fitas cassete das mensagens. Se são idiomas, certamente teriam um vocabulário simples! Meus filhos tinham uma linguagem mais complexa do que isso quando tinham por volta de três anos.
Michael Harper diz:
“Na curta história da renovação carismática, falar em línguas em público tem se tornado raro, mas continuar a ser uma expressão vital de oração privativa”.
(These Wonderful Gifts, 1989, p. 97).
Ele diz que esse tipo de “línguas” é “uma linguagem de oração: um modo de comunicar-se mais efetivamente com Deus” (p. 92). Ele diz que essa experiência “edifica” mesmo sem haver entendimento:
“O homem ocidental moderno tem dificuldade de crer que falar palavras desconhecidas a Deus pode ser edificante. (…) Tudo o que alguém pode dizer é ‘tente e veja’. Ainda me lembro dos momentos em que, pela primeira vez, eu usei esse dom e a imediata percepção que tive de que estava sendo edificado. Essa é uma das mais importantes razões pelas quais o dom precisa ser usado regularmente na oração privada”.
(p. 93)
Harper diz que é misticamente consciente de estar sendo edificado mesmo quando não sabe o que está dizendo. Ele também diz que esse “dom precisa ser usado regularmente” e que, portanto, isso é importante para a vida cristã.
Para provar seu ponto de vista, ele simplesmente convida o observador cético a “tentar e ver”, relembrando-nos que a experiência é a maior autoridade para os carismáticos. (A idéia do “vem e vê” cria um novo problema, uma vez que a Bíblia nunca diz para “tentarmos as línguas” ou para buscá-las e nunca descreve como alguém pode aprender a falar em línguas. Na Bíblia, falar em língua é sempre uma atividade sobrenatural que é soberanamente dada por Deus.)
Mesmo alguns que não dizem ser pentecostais ou carismáticos têm essa experiência. Jerry Rankin, diretor da International Mission Board (Southern Baptist), diz que fala numa “linguagem de oração privada” e contrasta isso com a prática da “glossolália.”
“Eu tenho uma linguagem de oração privada há mais de 30 anos. Eu não considero que tenho o dom de línguas. Eu nunca fui levado a praticar a glossolália, você sabe, em público, e eu penso que, naquela passagem didática das Escrituras, claramente é falado dos dons para uso público, para edificação e os dons na igreja. (…) Eu nunca vi pessoalmente minha intimidade com o Senhor e o modo como Seu Espírito me guia em meu tempo de oração como sendo o mesmo que glossolália e sujeito àquele critério. (…) Eu quero apenas que Deus tenha liberdade para fazer tudo o que quiser em minha vida, e eu estou sendo obediente a isso.”
(“IMB president speaks plainly with state editors about private prayer language”, Baptist Press, Feb. 17, 2006).
É maravilhoso desejar fazer a vontade de Deus, não importando o que Ele conduza a fazer, mas Sua vontade nunca se opõe a Sua própria palavra nas Escrituras. Pelas seguintes razões, estamos convencidos de que a Bíblia não dá apoio à doutrina da “linguagem de oração privada”.
1) Se o falar em línguas de 1Coríntios 14 é diferente daquele de Atos 2, a Bíblia nunca explica a diferença
Nós deixamos as “línguas” no livro de Atos (a última menção está em Atos 19.6) e não as vemos até 1Coríntios 12–14. Se as “línguas” nessa epístola são de um tipo diferentes daquilo que são “línguas” em Atos, por que a Bíblia não o diz e não explica claramente o assunto para não haver confusão?
2) Paulo disse que o que fala em línguas edifica a si mesmo (1Co 14.4)
Isso não é possível a menos que as palavras possam ser entendidas, pois, em 1Coríntios 14, Paulo diz que entender é absolutamente necessário para edificação. No verso 3, ele diz que profetizar edifica porque conforta e exorta homens, obviamente referindo-se a coisas que são entendidas por quem ouve. No verso 4, ele diz que falar em línguas não edifica a menos que sejam interpretadas. Nos versos 16 e 17, ele diz que se alguém não entender alguma coisa não é edificado. As palavras não poderiam ser mais claras. Se não há edificação da igreja sem entendimento, como é possível que o crente individual seja edificado sem entendimento? Isso é confusão. A palavra “edificar” significa “construir na fé”. O dicionário Webster de 1828 define-a como “instruir e desenvolver a mente no conhecimento de modo geral e, particularmente, no conhecimento moral e religioso, na fé e na santidade.” As palavras “edificar”, “edificação”, “edificado” e “edificando” são usadas em 18 versículos no Novo Testamento, e sempre se referem a edificar, construir na fé por meio de instrução e viver piedoso. Por exemplo, em Efésios 4 o Corpo de Cristo é edificado por meio do ministério dos pregadores dados por Deus (vv. 11,12). Assim, o fato de Paulo dizer que quem fala em línguas edifica a si mesmo (1Co 14.4) é prova de que essa pessoa entende o que está dizendo.
3) Paulo diz que as línguas são um idioma terreno (1Co 14.20-22)
Se o falar em línguas em 1Coríntios 14 fosse algum tipo de “linguagem de oração privada”, por que Paulo daria essa explicação profética sobre isso e afirmaria dogmaticamente que elas são um idioma terreno? Ele não diz que somente alguns “tipos de línguas” são idiomas.
4) Em 1Coríntios 14.28, Paulo diz que quem fala em línguas fala para si mesmo e para Deus
“Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus.” Isso significa que essa pessoa pode entender o que está falando. De outro modo, como poderia falar para si mesmo? Ninguém fala para si mesmo com “algaravias desconhecidas”.
5) Não há exemplos em 1Coríntios 14 de um crente falando em línguas privadamente e não há encorajamento para que isso seja feito
O que dizer do verso 28? “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus” (vv. 27,28). Isso nada diz sobre orar em línguas privadamente. Refere-se ao exercícios dos dons em uma reunião pública. Paulo diz que se não houver interpretação, o que fala em línguas deve manter silêncio e orar a Deus, mas ele nada diz sobre retirar-se e orar privativamente em línguas. Precisamos ler todos os versículos.
6) Se há uma “linguagem de oração privada” que edifique a vida dos cristãos e seja muito importante, a Bíblia a explicaria claramente e circunscreveria seu uso, como o faz com o uso das línguas na igreja.
7) Uma “linguagem de oração privada” que ajude o cristão a se fortalecer em sua caminhada com Cristo seria, sem dúvida, mencionada em outros lugares no Novo Testamento no contexto da santificação e do viver cristão
Porém, isso nunca é mencionado em qualquer outro contexto. Os apóstolos e profetas trataram de muitas situações nas epístolas do Novo Testamento e deram todas as coisas necessárias para o viver cristão santo, mas nunca ensinaram que o crente precisa falar numa “linguagem de oração privada” a fim de ter vitória espiritual ou para encontrar a direção de Deus ou para ser curado ou para conseguir dormir ou qualquer outra coisa. Se houvesse algo como uma “linguagem de oração privada” que edificasse a vida cristã e fizesse o cristão mais forte espiritualmente, Paulo teria, sem dúvida, instruído a igreja em Corinto a gastar mais tempo falando em línguas devocionais, mas ele não dá tal conselho.
8) Não é possível que falar em línguas seja uma parte necessária da vida cristã, porque Paulo claramente diz que nem todos falam em línguas (1Co 14:29,30)
Alguns irão perguntar: “Por que, então, Paulo diz: ‘Eu quero que todos vós faleis em línguas’ (v. 5)?” A resposta é que Paulo não está dizendo que todos deveriam falar em línguas ou que todos poderiam falar em línguas; ele está meramente expressando um desejo de que o exercício de dons espirituais fosse feito, e feito de maneira correta. Em 7.7, Paulo usa exatamente a mesma expressão no contexto do celibato: “Gostaria que todos os homens fossem como eu”. Não sabemos de qualquer pentecostal ou carismático que use essa declaração literalmente para ensinar que a vontade de Deus para todo crente é que permaneça solteiro, mas usam a mesma expressão em 14.5 como uma lei. Há uma estranha inconsistência aqui.
9) Todas as instruções neotestamentárias sobre oração indicam que ela é um ato consciente, espontâneo e inteligível por parte do crente e que ele fala a Deus em termos inteligíveis
Vemos isso nas instruções de Jesus sobre oração: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos ceús, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder e a glória para sempre. Amém” (Mt 6.5-13). Essa é uma oração consciente e compreensível. Vemos a mesma coisa nas instruções de Paulo sobre oração (e.g., Rm 15:30-32; Ef 6:18-20; Cl 4:2,3; Hb 13:18,19). Não há um exemplo registrado na Escritura de oração que seja algo diferente de uma conversa individual com Deus em termos conscientes e inteligíveis. Na verdade, Cristo proibiu o tipo de “orações” repetitivas que são comumente ouvidas entre os que praticam uma “linguagem de oração privada”: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt 6.7). No entanto, freqüentemente ouço “orações em línguas” que soam como “Shalalama, balalama, shalalama, balalama, bubalama, shalalama, bugalala, shalalama”. O que quer que isso seja, não são as “línguas” do Novo Testamento e não é oração neotestamentária.
10) Se nós temos de concordar que 1Coríntios 14 se refere a uma “linguagem de oração privada”, isso não pode ser algo a ser aprendido ou ensinado
O que quer que seja descrito em 1Coríntios 14 é um milagre divino, mas isso é contrário à prática pentecostal-carismática, em que as pessoas são ensinadas a falar em “linguagem de oração”.
11) Usar o dom de línguas como uma “linguagem de oração privada” pode seu principal propósito, que é ser um sinal para o Israel incrédulo
O ex-pentecostal Fernand Legrand sabiamente observa:
“Por usar esse sinal em privado, alguns pensam que podem beneficiar-se de UM de seus aspectos, enquanto ignoram os outros, mas você não pode desmanchar um dom e reter somente um de seus componentes. Um carro é um objeto mecânico complexo que ou é dirigido como uma entidade ou não é dirigido de modo algum. Você não pode sair com as rodas e deixar o chassis e o motor na garagem. Quando um carro está andando, é o carro todo que se move. Do mesmo modo, LÍNGUAS NÃO DEVEM SER FATIADAS COMO UMA SALSICHA. Elas devem edificar quem fala E os outros E ser um sinal para os judeus incrédulos E serem inteligíveis ou serem traduzidas por interpretação. Elas têm de ser tudo isso ao mesmo tempo. O dom é inseparável desse único e imutável propósito: ser um sinal para os judeus que não crêem na oferta universal de salvação (At 2.17; 1Co 14:20,22)”.
(All about Speaking in Tongues, p. 67).
12) Apesar de eu ter ouvido muitos exemplos de “línguas devocionais” nos últimos 33 anos, eu nunca ouvi nada além de algaravias
O que eu tenho ouvido não são línguas de nenhum tipo, mas meramente murmúrios repetitivos que qualquer um pode imitar. As “línguas” de Larry Lea em Indianapolis, em 1990, eram alguma coisa assim: “Bubblyida bubblyida hallelujah bubblyida hallabubbly shallabubblyida kolabubblyida glooooory hallelujah bubblyida.” Eu escrevi o que entendi que ele estava dizendo e, mais tarde, verifiquei com a gravação. Nancy Kellar, uma freira católica romana que estava no comitê executivo do encontro de St. Louis em 2000, falou em “línguas” na noite de quarta-feira da conferência. Suas “línguas” eram uma repetição de “Shananaa leea, shananaa higha, shananaa nanaa, shananaa leea”. Isso foi tirado diretamente das fitas de áudio das mensagens. Se isso são línguas, elas certamente têm um vocabulário muito pobre!
13) A prática de aprender a como falar em línguas, que é popular entre pentecostais e carismáticos, é antibíblica e perigosa
Se tivermos de concordar que existe algo como uma “língua de oração privada” e que ela pode nos ajudar a viver uma vida cristã melhor e se temos de aceitar o desafio carismático de “tentar e ver”, a próxima questão é: “Como eu começo a falar nessa “linguagem de oração”? Um capítulo do livro These Wonderful Gifts (de Michael Harper) é intitulado “Letting Go and Letting God”, no qual o crente é instruído a parar de analisar as experiências tão cuidadosa e estritamente, a parar de “instalar alarmes” and “esconder-se nervosamente atrás de paredes de proteção”. Ele diz que o crente deve dar um passo de detrás de suas “paredes e sistemas infalíveis” e apenas abrir-se para Deus. Esse é um passo necessário, mas não bíblico e excessivamente perigoso, para receber as experiências carismáticas. Tendo parado de analisar tudo com as Escrituras, o método-padrão de experimentar o “dom de línguas” ou uma “linguagem de oração privativa” é que a pessoa abra a boca e comece a falar palavras, mas não aqueles que se podem entender, e alegadamente “Deus irá tomar o controle”.
Dennis Bennett diz:
“Abra a boca e mostre que você crê que o Senhor o batizou no Espírito por começar a falar. Não fale português ou qualquer outra língua que você conhece, pois Deus não pode conduzi-lo a falar em línguas se você falar num idioma que você conheça. (…) Exatamente como uma criança aprendendo a falar pela primeira vez, abra a boca e fale as primeiras sílabas e expressões que vierem aos seus lábios. (…) Você pode começar a falar, mas diga somente uns poucos sons gaguejantes. Isso é maravilhoso! Você está quebrando a ‘barreira do som’. Mantenha aqueles sons. Ofereça-os a Deus. Diga a Jesus que você O ama com aqueles ‘jubilosos barulhos’! Num sentido muito verdadeiro, qualquer som que você fizer, oferecendo sua língua a Deus com fé simples, pode ser o começo do falar em línguas.”
(The Holy Spirit and You, pp. 76, 77, 79).
Isso é tão grosseiramente carente de base bíblica e sem sentido que não parece necessário refutar. Não há absolutamente nada parecido com isso no Novo Testamento. Ignorar a Bíblia e buscar algo que ela nunca diz que devemos buscar de uma maneira que ela não apóia e abrir-se acriticamente para experiências religiosas como essa é colocar-se em perigo de receber “outro espírito” (2Co 11:4).
14) O fato é que as línguas na Bíblia eram idiomas terrenos, e isso é uma verdade fundamental
Uma doutrina acerca das línguas que reduz essa prática a meras algaravias de qualquer tipo que não seja uma língua real não tem base bíblica.
Pergunta: Se as línguas podem ser entendidas pelo que fala, por que Paulo diz: “Porque, seu eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto” (1Co 14:14)?
Resposta: Os movimentos carismático-pentecostais encontram justificativa neste versículo para sua doutrina sobre ser o falar em língua algum tipo de comunicação que evite o intelecto e o entendimento. O pastor Bill Williams, de San Jose, Califórnia, diz que a consciência que alguém tem por meio da línguas está “além das emoções, além do intelecto. Isso transcende o entendimento humano” (“Speaking in Tongues–Believers Relish the Experience”, Los Angeles Times, 19.09.1987, B2). Charles Hunter diz: “A razão pela qual alguns de vocês não falarem [em línguas] fluentemente é que vocês tentam pensar nos sons. (…) Você não deve nem mesmo ter de pensar a fim de orar no Espírito” (Hunter, “Receiving the Baptism with the Holy Spirit”, Charisma, julho de 1989, p. 54).
Mas se 1Coríntios 14:14 significa que o que fala em línguas está falando “além de seu intelecto” ou algo assim, deve ser o único lugar na Escritura em que essa doutrina é encontrada. Em nenhum outro lugar a Escritura diz que o espírito do homem pode operar adequadamente sem o entendimento ou que Deus opera no espírito do homem de uma maneira que este não entenda a comunicação ou que exista certo tipo de nível espiritual de comunicação que passe por cima do entendimento. Nessa mesma epístola, Paulo disse: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem senão o espírito do homem, que nele está?” (2:11). Assim, o espírito do homem é aquela parte dele que conhece e entende. Efésios 4:23 diz que o crente deve ser “renovado no espírito de sua mente”. Obviamente isso envolve entendimento, pois Romanos 12:2 diz que somos “transformados pela renovação de vossa mente, a fim de que podeis provar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”.
Então, do que Paulo está falando em 1Coríntios 14:14? Muitos comentários dizem que ele está se referindo ao entendimento do que fala em línguas em relação ao entendimento de outros mais do que ao seu próprio.
Barnes: “Nada produz que seja útil para os outros. É como uma árvore estéril, uma árvore que nada traz que seja benéfico para os outros. Eles não podem entender o que eu digo, e, sem dúvida, eles não podem ser ajudados pelo que eu profiro.”
Adam Clarke: “… meu entendimento é infrutuoso para todos os outros, porque ele não entendem minhas oração e eu não as interpreto ou não posso fazê-lo.”
The Family Bible Notes: “…de acordo com o ponto de vista do outro, isso não traz frutos para os outros, uma vez que nada lhes comunica de modo inteligível”.
Jamieson, Fausset, Brown: “’entendimento’, o instrumento ativo de pensamento e raciocínio, o qual, neste caso, mostra-se ‘infrutuoso’ em edificar outros, uma vez que o veículo de expressão é ininteligível para eles”.
John Wesley: “’Meu espírito ora’: pelo poder do Espírito eu entendo as palavras por mim mesmo. ‘Mas meu entendimento é infrutuoso’: o conhecimento que tenho não traz benefícios para os outros.”
Matthew Henry: “Mas seu entendimento pode ser infrutuoso (1Co 14:14), ou seja, o sentido e o significado de suas palavras podem ser infrutuosos, ele pode não entender nem, portanto, outros podem unir-se a ele em suas devoções.”
Treasury of Scripture Knowledge: “Isto é, ‘não produz qualquer benefício para os outros.’”
O contexto de 1Coríntios 14:14 dá apoio a essa interpretação:
“Por isso, o que fala desconhecida ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado” (vv. 13-17).
Paul diz que quem fala em línguas precisa orar tanto com o espírito como com o entendimento, e é óbvio que ele está falando sobre o entendimento daqueles que estão ouvindo, pois ele diz: “De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes?”. Nos versículos 13 a 17, Paulo está dizendo que quem fala em línguas deve dar uma interpretação de suas línguas para que ele não seja o único que entende o que está sendo dito, porque se ele ora numa língua que não é interpretada, aqueles que ouvem não podem entendê-la e não podem, portanto, ser edificado.
(Atualizado e ampliado em 16 de agosto de 2006; publicado pela primeira vez em 6 de março de 2006. David Cloud, Fundamental Baptist Information Service, P.O. Box 610368, Port Huron, MI 48061, 866-295-4143, fbns@wayoflife.org. Distribuído por Way of Life Literature’s Fundamental Baptist Information Service. Para assinar o boletim: www.wayoflife.org/fbis/subscribe.html. O catálogo de livros pode ser encontrado em www.wayoflife.org/catalog/catalog.htm. Traduzido por Francisco Nunes.)
Este dia não precisa ser vazio, corriqueiro, comum, triste. Ele pode ser especial, mas não por acontecer alguma coisa extraordinária, inédita. Apenas por uma experiência nova, renovada, viva, singular com o Senhor. Tente dizer-Lhe algo novo, real, do coração, e apure os ouvidos de seu espírito para ouvir-Lhe sussurrar a resposta.
Seu dia, com certeza, será ímpar!
“Aquele que espera no Senhor, anime-se, pois espera por Alguém que não o pode desapontar, e que não se atrasará cinco minutos do momento determinado. Mais um pouco, e a sua tristeza será transformada em regozijo” (Autor desconhecido, citado em Mananciais no Deserto)
Como diz o salmista, esperamos confiantemente no Senhor. Ele virá. Ele nunca tarda, nunca desiste. Ele cumprirá o que prometeu. Sendo assim, podemos manter o coração tranqüilo e seguro Nele. Nosso Deus não é homem para que minta.
Há duas formas em que os cristãos podem esperar o cumprimento dos intuitos de Deus para eles: com paciência até que se cumpra o tempo de Deus; ou com um ânimo inquieto, procurando sempre a ocasião de ‘ajudar’ a Deus. Estas duas atitudes estão muito bem representadas em dois personagens do Antigo Testamento: Davi e Jacó.
Davi tinha sido ungido bem novo como rei de Israel, mas não tomou o trono pela força. Davi tinha tudo a seu favor para apressar o tempo do cumprimento desse intuito: A unção repousava sobre ele, o povo o aclamava como o seu salvador, os sacerdotes o reconheciam, e o próprio filho do rei descartado o ajudava. Esperar o quê? Às vezes até as circunstâncias pareciam estar preparadas por Deus para que tomasse o reino por sua mão. No entanto, Davi não se deixava seduzir pelas circunstâncias aparentemente favoráveis, pois ele conhecia a Deus, e sabia quais eram os princípios pelos quais ele atua. Sabia que Deus não utiliza meios carnais para obter fins espirituais. Sabia que não há rebelião válida no reino de Deus. Sabia que Deus é poderoso para levar adiante o que se propôs. Por isso, Davi esperou pacientemente em Deus.
Jacó, por sua vez, também sabia da eleição de Deus. Rebeca, sua mãe, sabia ainda melhor, inclusive desde antes do seu nascimento. No entanto, isso não lhes bastou, porque ambos tramaram enganar a Isaque, o pai e o marido, para conseguir astutamente o que Deus já tinha decidido lhe dar por graça. As conseqüências de uma e outra atitude são muito claras e
exemplificadoras.
Jacó teve que permanecer 20 anos longe da sua casa, vivendo como um proscrito, servindo esforçadamente sob a dura mão de Labão, um parente ardiloso, com a consciência afligida pelos temores de um irmão burlado e vingativo. As suas tarefas pastorais resultaram-lhe em uma carga terrível, como o próprio Jacó diria mais tarde a Labão: “Estes vinte anos estive
contigo; as suas ovelhas e as suas cabras nunca abortaram, nem eu comi carneiro das suas ovelhas. Nunca te trouxe o arrebatado pelas feras; eu pagava o dano; o furtado assim de dia como de noite, me era cobrado. De dia me consumia o calor, e de noite a geada, e o sono fugia dos meus olhos. Assim estive vinte anos em sua casa ? e trocaste o meu salário dez
vezes”. Que carga! Que peso! Este é o caminho que se segue quando se utiliza os recursos da carne. A burla é burlada até que o coração deprime.
Davi, ao contrário, desprezou toda intervenção do homem e esperou só em Deus. O seu caminho não esteve isento de quebrantamentos; mas esses quebrantamentos serviram para temperar o aço e purificar o ouro. Quanto do formoso caráter de Davi se forjou naqueles dias. Quanto do caráter de Cristo pôde encarnar Davi, para expressá-lo em seguida através dos seus Salmos. Enquanto Jacó pagava o preço do seu arrebato, Davi construía proféticamente o caráter do Messias.
O homem carnal é impaciente, e sempre procura ajudar a Deus. O seu tempo “sempre está pronto” (Jo. 7:6). O homem espiritual, ao contrário, é paciente, e, mesmo que as circunstâncias lhe sorriem ou lhe rujam, ele espera em Deus, porque a seu tempo Deus se lembrará dele.