Morgan se apresentou a mim depois que eu falei em sua igreja. Ela descreveu com entusiasmo o ministério que ela e seus amigos tinham começado para lutar contra o flagelo do tráfico de seres humanos. Eles estavam buscando oferecer a esperança do evangelho a meninas vulneráveis a essa indústria e às que foram resgatadas dela. No momento em que a conheci, ela e seus amigos tinham arrecadado quase US$ 4000 para enviar para o exterior para resgatar as jovens mulheres. Hoje em, quase dois anos depois desse encontro, eles já arrecadaram mais de US$ 40.000 para construir uma casa segura em Calul, Moldávia, um país cujo produto mais exportado são mulheres do tráfico.

Eu mencionei que Morgan tinha apenas 14 anos quando a conheci? Morgan e seus amigos Brianna, Maleah, McCall, Claire, Kristie e Elise lançaram um movimento impulsionado pelo evangelho. Um grupo de meninas do ensino médio decidiu não desperdiçar seus anos de ensino médio, para que pudessem causar um notável impacto notável em nome de Cristo.

Open Your Eyes

Morgan dá o crédito pelo ministério que fundou à família e a sua igreja, uma congregação muito séria sobre levar o evangelho às nações. Aos 13 anos, ela e a mãe saíram em uma viagem da igreja para a Índia. Morgan foi a primeira a admitir que seu ministério nunca teria decolado sem seus pais, o pastor dos estudantes e a congregação incentivando e apoiando os jovens. O ministério que essas meninas deram à luz (Save Our Sisters Today) é apenas um dos exemplos de crentes que vivem a missão enquanto ainda são jovens. Praticamente todas as igrejas têm jovens como Morgan. Mas será que as igrejas estão fazendo o que podem para encontrar esses jovens, direcionar suas paixões e comprometer-se a incentivá-los?

Os pais que amam a Jesus anseiam que seus filhos amem a Jesus também. Ministérios estudantes procuram envolver os alunos com o evangelho e ajudá-los a viver o evangelho. Mas há um problema. Muitas igrejas assumem uma postura em relação aos jovens que mais reflete a MTV do que a Bíblia. Muitas vezes, e com pouca reflexão, enxergamos adolescentes como estando apenas em uma lacuna entre a infância e a idade adulta. “Eles são apenas crianças”, dizemos. “Quando era menino fazia coisas de menino mesmo”. Ministérios jovens são muitas vezes pressionados a oferecer eventos mais do que engajamento, amenidades mais do que a verdade. Mas, se os alunos podem aprender trigonometria na escola, eles certamente podem aprender teologia na igreja.

A epidêmia da infância prolongada

Nossa cultura de hoje está repleta de jovens imaturos: o homem médio de 21 anos nos Estados Unidos joga 10.000 horas de videogame! Quando você considera, como demonstrado por Malcolm Gladwell, que levam 10.000 horas de prática espontânea para se tornar um especialista em alguma coisa, não é de se admirar que muitos caras de 20 e poucos anos estejam apanhando no mundo adulto. Além disso, o Estudo Nacional de Juventude e Religião descobriu que os jovens nas igrejas têm frequentemente recebido um ensino sobre a Bíblia a partir da perspectiva que o sociólogo Christian Smith chamou de “deísmo moralista terapêutico”. O resultado cumulativo é uma geração de jovens igrejeiros marcados mais pela atividade e moralismo do que pela missão do Deus vivo.

Mas e se pararmos essa tendência? E se desafiarmos os jovens em nossas igrejas para viver missionalmente?

Muitas vezes na Bíblia lemos sobre notáveis jovens. Vendido como escravo aos 17 anos, José viveu para Deus, independentemente das circunstâncias em que esteve. Samuel ouviu a voz de Deus ainda menino, quando a palavra de Deus era rara. Davi matou Golias quando era adolescente, o mais novo e mais esfarrapado de muitos filhos. Josias liderou um avivamento e Deus chamou a Jeremias, cada um deles, enquanto eram jovens. É possível que Daniel e seus amigos fossem tão jovens quanto os do ensino médio de hoje, quando foram deportados para a Babilônia, no entanto, permaneceram por sua fé. E no Novo Testamento, encontramos os discípulos de Jesus, eles mesmos jovens homens, bem como a exortação específica de Paulo a Timóteo de que não deixasse ninguém desprezá-lo por causa de sua juventude. Este conjunto de provas não deve ser ignorado.

Jonathan Edwards disse que o Grande Avivamento foi essencialmente um movimento da juventude. Menos de um século depois, em 1806, estudantes universitários sentados em um palheiro provocaram um movimento de missões em todo o mundo. Perto do final do século 19, um movimento voluntário estudante viu milhares de jovens a levar o evangelho às nações.

Assim, dadas as vastas mudanças dos últimos 200 anos, como devemos ver a juventude de hoje? Não como crianças terminando a infância, mas como jovens que entram na idade adulta, capazes de compreender e viver o evangelho como missionários em uma cultura cada vez mais não-cristã. Nós que somos pais e pastores de jovens devemos nos ver como estrategistas missionários equipando os alunos para viver em missão, bem agora, não mais tarde.

Cinco Sugestões

Como seria essa transformação?

1. Edifique seus pastores de jovens e pais no evangelho. Mostre-lhes, como Tim Keller observa, que o evangelho não é apenas o ABC de salvação, mas o A a Z do cristianismo. A visão missionária que não surge de resposta ao evangelho leva ao ativismo legalista, ministério não-biblicamente impulsionado.

2. Envolvê-los na missão localmente. Nós tentamos ajudar nossos próprios filhos, agora crescidos e casados, a ver a missão por meio de coisas simples, tais como maneiras como tratamos nossos vizinhos, a forma como tratamos os funcionários dos restaurantes.

3. Não deixá-los sem conhecimento sobre a missão global. Um dos meus mantras é: “Leve as crianças pra fora do país antes de terminarem o ensino médio.” Quando nossa filha Hannah tinha 18 anos, já tinhafeito viagens missionárias por quatro continentes. Nosso filho Josh viajou para três continentes e feito trabalho missionário em várias das principais cidades dos Estados Unidos. Essas viagens ajudam os adolescentes a ver que o evangelho não é apenas superstição caseira dos seus pais, ele é verdadeiro e digno de proclamação a todos, em toda parte.

4. Demonstrar vidas missionárias. Deixe-os ver você vivendo missionalmente enquanto você ensiná-los a viverem assim também. Discipulado é geralmente mais aprendido do que ensinado.

5. Acredite neles. A juventude precisa de três coisas:

1.      De uma visão para a vida tão grande quanto o evangelho;

2.      De incentivo para viver radicalmente para Jesus Cristo agora;

3.      Da permissão para fazê-lo.

Certa vez, o missionário estadista Stanley Jones foi questionado sobre como ele ajudou muitos jovens a se tornarem missionários eficazes em todo o mundo. “Eu levo uma pessoa jovem”, respondeu ele, “coloco uma grande coroa sobre sua cabeça. Então, eu a ajudo a crescer dentro dela.”

Se estamos centrados no evangelho e comprometidos a viver missionalmente, podemos fazer o mesmo com a juventude de hoje também.

 

Alvin Reid serve como professor de evangelismo e de ministério para estudantes na Seminário Telógico Batista do Sudeste. Com MDiv e PhD em evangelismo do Seminário do Sudeste e décadas de experiência no ministério de jovens, Reid tem escrito extensivamente sobre evangelismo, cristianismo missionário, avivamento espiritual e ministério estudantil, sendo autor de mais de uma dúzia de livros. Seu mais recente livro é As You Go: Creating a Missional Culture of Gospel-Centered Students (NavPress, 2013).

(Traduzido por Kairós Ramos Nunes de Challenge Your Youth)

Campos de Boaz: colheita do que Cristo, o Boaz celestial, espalhou em Seus campos é um projeto cristão voluntário sob responsabilidade de Francisco Nunes.
Licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.