O chamado para o ministério do Evangelho, ou para cuidar das ovelhas de Deus, vem do próprio Senhor, coisa tão certa hoje como quando Ele chamou os apóstolos ou levantou outros para ministrar Sua Palavra na Igreja primitiva (Ef 4:11, Rm 12:6-8 e 1 Pd 4:10). Mesmo os verdadeiros profetas do Senhor no Antigo Testamento foram chamados por Ele mesmo para a realização de suas tarefas. De outros profetas, aqueles que profetizaram mentiras em Seu nome, disse Ele: “nunca os enviei, nem lhes dei ordem” (Jr 14:14). Essas palavras são certamente aplicáveis a muitos falsos mestres e pregadores hoje em dia.
Porém todo verdadeiro servo de Cristo terá plena consciência em sua própria alma do chamado divino para o serviço. O Espírito Santo opera nos corações daqueles que o Senhor quer usar como Seus ministros. O seu chamado se realiza na alma de Seus ministros e o coração é exercitado e levado a desejar responder à chamada celestial. Muitos exemplos deste chamado divino se encontram no Antigo Testamento, os quais o leitor interessado poderá considerar proveitosamente (vide Is 6, Jr 1, Mc 1:16-20, 3:13-14, Atos 9 e 22 como alguns exemplos).

Sem tal exercício de coração, produzido pelo Espírito Santo, e sem ter consciência do chamado divino e alguma medida de dom para isto, nenhum cristão deveria aventurar-se no ministério público de Cristo. Porque não nos é dado o direito de escolher o nosso lugar e o tipo de serviço no Corpo de Cristo. Essa prerrogativa pertence ao Senhor somente. Nosso lugar é o de aprender a Sua vontade para cada um individualmente e ocupar o lugar a nós designado. Se alguém sai a pregar ou a ensinar sem ser chamado por Deus para realizar esta obra santa, não será sustentado por Deus e sucumbirá cedo ou tarde, ou falhará ao executar a obra do Senhor. Aqueles que o Senhor chama, Ele mesmo os capacita e qualifica para o serviço, e sem esta capacitação o ministério não pode ser realizado corretamente.

A natureza e o alcance do chamado para o ministério público varia muito. O Senhor da seara o fará claro a cada servo exercitado que tem sido chamado, exatamente onde, como e até que ponto deve servir. Um pode ser chamado para trabalhar localmente, outro para viajar através de sua terra natal e outro para ir a um distante país pagão. Um pode ser chamado, depois de devida preparação e treinamento na escola de Deus, a dar todo o seu tempo à obra do Senhor, enquanto outro pode ser chamado para continuar em sua profissão diária e, por sua vez, pregar e ensinar em suas horas livres.

É uma idéia equivocada de que alguém não pode levar avante sua profissão terrena para sua subsistência e ainda ser um ministro, ou que somente aqueles que dedicam todo seu tempo para o serviço do Senhor é que são seus ministros. Nas Escrituras não há tal coisa como divisão de cristãos em duas classes: “o clero oficial” e “os laicos”, como comumente é conhecido hoje em dia ou o pensamento de que o ministério é uma profissão honrada a ser tomada para subsistência, como é o caso das outras profissões. Antes, o ministério é um santo chamado e um serviço celestial a ser exercitado como um trabalho de amor a Cristo, em dependência d’Ele para seu sustento nesse lugar. Embora seja verdade que o “trabalhador é digno do seu salário” (1 Tm 5:18), e que “aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9:18), ainda temos também o exemplo de Paulo, o grande apóstolo, que trabalhou dia e noite fazendo tendas e pregando o Evangelho sem remuneração (Atos 18:3-4, 1 Ts 2:9).

Nesta associação devemos citar as pesadas palavras de C.H.Mackintosh: “Estamos convencidos de que, por regra geral, é melhor que todo homem trabalhe com as mãos ou com seu cérebro em alguma atividade como profissão, e que pregue e ensine também, se dotado para fazer isso. Há exceções, sem dúvidas, à regra. Existem alguns que são tão manifestamente chamados, capacitados, usados e sustentados por Deus, que não pode haver possível engano quanto a sua linha de conduta. Suas mãos estão tão cheias de trabalho, o tempo deles tão absorvido com o ministério de falar, escrever, ensinar publicamente e visitar de casa em casa, o que lhes seria impossível para aceitarem o que é denominado trabalho secular – embora não gostemos da frase. Todos quantos têm que seguir adiante com Deus, dependendo d’Ele, Ele os manterá sem falta até o fim.

Extraído do livro A Igreja do Deus Vivo, do irmão R. K. Campbell, do Depósito de Literatura Cristã
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