Salmo 3. Salmo de Davi, quando fugiu diante da face de Absalão, seu filho
Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários!
São muitos os que se levantam contra mim.
Muitos dizem da minha alma: ‘Não há salvação para ele em Deus!’ (Selá.)
Porém Tu, Senhor, és um escudo para mim; a minha glória e o que exalta a minha cabeça.
Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o Seu santo monte.
Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou.
Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam.
Levanta-Te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos no queixo; quebraste os dentes aos ímpios.
A salvação vem do Senhor; sobre o Teu povo seja a Tua bênção. (Selá.)
Confiar no Senhor ou nos meios – Saul e Davi
Em que depositava Saul mais confiança: no Senhor ou na armadura? Na armadura, sem dúvida; e é assim com todos aqueles que não andam verdadeiramente por fé: apoiam-se nos meios, e não em Deus.
O homem dos meios e o homem da fé estão realmente diante de nós, e nós percebemos imediatamente como o último está longe de agir segundo os meios. Ora, Davi sentiu que as vestes e a couraça de Saul representavam esses meios, e portanto recusou-os. Se Davi tivesse partido com eles, a vitória não teria sido tão claramente do Senhor. Mas Davi havia confessado sua fé na libertação do Senhor, e não na armadura de Saul.
Tem-se dito, e muito bem, que o perigo para Davi não foi quando se encontrou com o gigante, mas quando se viu tentado a usar a armadura de Saul. Se o inimigo tivesse sido bem-sucedido em induzi-lo a ir com ela, tudo estava perdido; mas, mediante a graça, ele a rejeitou, e assim entregou-se inteiramente nas mãos do Senhor, e nós sabemos qual a segurança que encontrou nelas. É isto que a fé sempre faz: deixa tudo, inteiramente, ao cuidado de Deus. Não se trata de confiar no Senhor e na armadura de Saul, mas somente no Senhor.
E não podemos aplicar esse princípio ao caso de um pobre pecador desamparado a respeito do perdão dos seus pecados? Creio que sim. Satanás procura tentar o pecador a acrescentar alguma coisa à obra consumada de Cristo – alguma coisa que diminua a glória do Filho de Deus como o único Salvador de pecadores. Ora, àqueles que assim fazem eu gostaria de dizer que seja o que for que acrescentem à obra de Cristo só conseguem inutilizá-la.
Em resumo: devemos ter, portanto, somente Cristo; e não Cristo e as nossas obras, mas simplesmente Cristo, porque Ele é suficiente; não precisamos de nada mais, e não podemos passar com menos. Desonramos a suficiência do Seu sacrifício expiatório sempre que procuramos ligar alguma coisa nossa com ele, precisamente como Davi teria desonrado o Senhor indo ao encontro do gigante filisteu com a armadura de Saul.
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(Publicado originalmente em 19.10.17. Revisado e republicado em 16.10.23.)