George Müller nasceu em 1805, de pais que não conheciam a Deus. Com a idade de dez anos, foi enviado a uma universidade, a fim de preparar-se para pregar o evangelho, não, porém, com o alvo de servir a Deus, mas para ter uma vida cômoda.
Aos vinte anos de idade, contudo, houve uma completa transformação na vida desse moço. Assistiu a um culto onde os cristãos, de joelhos, pediam que Deus fizesse cair a Sua bênção sobre a reunião. Ficou profundamente comovido com o ambiente espiritual a ponto de buscar também a presença de Deus.
Foi nesses dias, depois de sentir-se chamado para ser missionário, que passou dois meses hospedado no orfanato do famoso A. H. Frank. Mais ou menos no mesmo tempo em que George Müller hospedou-se no orfanato, um certo dentista, o senhor Graves, abandonou as suas atividades que davam um salário de 7.500 dólares por ano, a fim de ser missionário na Pérsia, confiando só nas promessas de Deus para suprir todo o seu sustento.
Logo depois chegou a reconhecer o erro, mais ou menos universal, de ler muito acerca da Bíblia e quase nada da Bíblia. Esse livro tornou-se a fonte de toda a sua inspiração e o segredo do seu maravilhoso crescimento espiritual. “O Senhor me ajudou a abandonar os comentários e a usar a simples leitura da Palavra de Deus como meditação. O resultado foi que, quando, a primeira noite, fechei a porta do meu quarto para orar e meditar sobre as Escrituras, aprendi mais em poucas horas do que antes durante alguns meses”. E acrescentou: “A maior diferença, porém, foi que recebi, assim, força verdadeira para a minha alma”.
George Müller achava quase impossível ajuntar e guardar dinheiro para qualquer imprevisto, e não ir direto a Deus. “Sem me aperceber, tenho sido levado a confiar no braço da carne, mas o melhor é ir diretamente ao Senhor”.
Certo dia, quando só restavam oito xelins, Müller pediu ao Senhor que lhe desse dinheiro. Esperou muitas horas sem qualquer resposta. Então chegou uma senhora e perguntou: – “O irmão precisa de dinheiro?” Foi uma grande prova de sua fé, porém, o pastor respondeu: – “Minha irmã, eu disse aos irmãos, quando abandonei meu salário, que só informaria o Senhor a respeito de minhas necessidades”. – “Mas”, respondeu a senhora, “Ele me disse que lhe desse isto”, e colocou 42 xelins na mão do pregador.
Nessa ocasião, George Müller fez para si a seguinte regra, da qual nunca mais se desviou: “Não nos endividaremos, porque achamos que tal coisa não é bíblica (Rm. 13:8). Assim sempre saberemos quanto realmente possuímos e quanto temos o direito de gastar”.
Um outro segredo que o levou a alcançar tão grande bênção de confiar em Deus, foi a sua resolução de usar o dinheiro que recebia somente para o fim a que era destinado.
“Sentindo grande necessidade ontem de manhã, fui dirigido a pedir com insistência a Deus e, em resposta, à tarde, um irmão me deu dez libras”. Muitos anos antes de sua morte, afirmou que, até aquela data, tinha recebido da mesma forma 5.000 vezes a resposta, sempre no mesmo dia em que fazia o pedido.
Era seu costume, e recomendava também aos fiéis, guardar um livro. Numa página assentava seu pedido com a data e no lado oposto a data em que recebera a resposta. Desse modo, foi levado a desejar respostas concretas aos seus pedidos e não havia dúvida acerca dessas respostas.
“Ao orar, estava lembrado de que pedia a Deus o que parecia impossível receber dos fiéis, mas que não era demasiado para o Senhor conceder”. Ele orava com noventa pessoas sentadas às mesas: “Senhor, olha para as necessidades de teu servo”. Essa foi uma oração que Deus abundantemente respondeu. Antes de morrer, testificou que, pela fé, alimentava 2.000 órfãos, e nenhuma refeição se fez com atraso de mais de 30 minutos.
Muitas pessoas perguntavam a George Müller como conseguia ele saber a vontade de Deus, pois nada fazia sem antes ter a certeza da vontade do Senhor. Ele respondia:
1) “Procuro manter o coração em tal estado que ele não tenha qualquer vontade própria no caso. De dez problemas, já temos a solução de nove, quando conseguimos ter um coração entregue para fazer a vontade do Senhor, seja essa qual for. Qaundo chegamos verdadeiramente a tal ponto, estamos, quase sempre, perto de saber qual é a Sua vontade.
2) “Tenho o coração entregue para fazer a vontade do Senhor, não deixo o resultado ao mero sentimento ou a uma simples impressão. Se o faço, fico sujeito a grandes enganos”.
3) “Procuro a vontade do Espírito de Deus por meio de Sua Palavra. É essencial que o Espírito e a Palavra acompanhem um ao outro. Se eu olhar para o Espírito, sem a Palavra, fico sujeito, também, a grandes ilusões”.
4) “Depois considero as circunstâncias providenciais. Essas, ao lado da Palavra de Deus e do Seu Espírito, indicam claramente a Sua vontade”.
5) “Peço a Deus em oração para que me revele a Sua própria vontade”.
6) “Assim, depois de orar a Deus, estudar a Palavra e refletir, chego à melhor resolução deliberada que posso com a minha capacidade e conhecimento; se eu continuar a sentir paz, no caso, depois de duas ou três petições mais, sigo conforme essa direção. Nos casos mínimos e nas transações de maior responsabilidade, sempre acho esse método eficiente”.
George Müller, três anos antes de sua morte, escreveu: “Não me lembro, em toda a minha vida de cristão, num período de 69 anos, de que eu jamais buscasse, SINCERAMENTE E COM PACIÊNCIA, saber a vontade de Deus pelo ENSINAMENTO DO ESPÍRITO SANTO POR INTERMÉDIO DA PALAVRA DE DEUS, e que não fosse guiado certo. Se me faltava, porém, SINCERIDADE DE CORAÇÃO E PUREZA PERANTE DEUS, ou se eu não olhava para Deus, com PACIÊNCIA, ou se eu preferia o CONSELHO DO PRÓXIMO AO DA PALAVRA DO DEUS VIVO, então errava gravemente”.
Em resposta a muitos que queriam saber como o cristão pode adquirir tão grande fé, deu as seguintes regras:
1) “Lendo a Bíblia e meditando sobre o texto lido, chega-se a conhecer a Deus, por meio da oração”.
2) “Procurar manter um coração íntegro e uma boa consciência”.
3) Se desejamos que nossa fé cresça, não devemos evitar aquilo que a prove e por meio do que ela seja fortalecida”.
“Ainda mais um ponto: para que a nossa fé se fortaleça, é necessário que deixemos Deus agir por nós ao chegar a hora da provação, e não procurar a nossa própria libertação”.
(Extraído da Revista Plenitude, Ano 5, nº 31, de agosto de 1986).