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Mais graça Deus dá quando as cargas aumentam (Annie Johnson Flint)

Mais graça Deus dá quando as cargas aumentam,
Mais força concede ao crescer o labor,
Em grandes angústias envia consolo,
Em todas as provas dá paz e valor.

Amor sem limites, poder sem barreiras,
Que graça infinita, inefável tem Deus!
E desses tesouros, guardados em Cristo,
Em grande medida dará sempre aos Seus.

E, quando os recursos em nós se esgotarem
E em meio ao caminho a força faltar,
Veremos a fonte da graça divina
Em nós Seu poder começar a jorrar.

(Hino 300 no Cancioneiro Salvacionista – traduzido do CS da Argentina)

Letra em inglês:

He giveth more grace as our burdens grow greater,
He sendeth more strength as our labors increase;
To added afflictions He addeth His mercy,
To multiplied trials He multiplies peace.

His love has no limits, His grace has no measure,
His power no boundary known unto men;
For out of His infinite riches in Jesus
He giveth, and giveth, and giveth again.

When we have exhausted our store of endurance,
When our strength has failed ere the day is half done,
When we reach the end of our hoarded resources
Our Father’s full giving is only begun.


Annie Johnson Flint (1866-1932) escreveu alguns dos mais inspiradores hinos a ver com fé e triunfo em meio a provas e sofrimento, baseados na sua própria experiência.

Nascida em Vineland, New Jersey, Annie perdeu ambos os pais quando tinha somente seis anos de idade. Um casal sem filhos de nome Flint adotou-a.

Quando adolescente Annie contraiu artrite, que a impossibilitou de caminhar. Ela aspirava ser compositora e pianista, mas por causa da doença ficou impossibilitada de realizar o seu sonho, assim começou a escrever poesias, muitas das quais transformadas em canções.

Mais tarde na vida, impossibilitada de abrir suas mãos, escreveu muitos de seus poemas usando seus dedos dobrados em uma máquina de escrever.

Nessas circunstâncias, que poderiam tornar pessoas incapazes também emocionalmente, pelo sofrimento, Annie escreveu hinos que têm trazido forças espirituais a um número sem conta de pessoas enfrentando problemas.

Há graça e força vindas de Deus que não nos são dadas na rotina da vida. Mas Deus nô-las dá em nossas horas aflitivas quando colocamos nEle nossa fé. Quando problemas e provas surgem no nosso caminho, que possamos experimentar Sua graça adicionada, Sua força aumentada e Sua paz multiplicada.


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Charles Spurgeon Sofrimento

Permita que as provações abençoem você (C. H. Spurgeon)

Deus cuida dos Seus de modo especial!

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. (Rm 5.3-4)

Essa é uma promessa em essência senão em forma. Nós precisamos de paciência, e aqui vemos o meio de obtê-la. Somente suportando é que aprendemos a suportar, assim como os homens aprendem a nadar nadando. Você não poderia aprender essa arte em terra seca nem aprender paciência sem problemas. Não vale a pena sofrer tribulação a fim de ganhar essa bela serenidade de mente, a qual, de modo calmo, consente em todo o desejo de Deus?

Contudo, nosso texto apresenta um fato singular, o qual não está de acordo com a natureza, mas é sobrenatural. Tribulação em si e de si mesma produz petulância, incredulidade e revolta. Somente pela sagrada alquimia da graça é que ela pode produzir em nós paciência. Nós não debulhamos o trigo para assentar o pó, mas o trilho da tribulação faz isso na eira de Deus. Nós não agitamos um homem a fim de dar-lhe descanso, mas dessa forma procede o Senhor com Seus filhos. Sem dúvida, essa não é a maneira do homem, mas redunda grandemente em glória para nosso todo-sábio Deus.

Oh, pela graça permito que minhas provações me abençoem! Por que eu desejaria impedir a graciosa operação delas?

“Senhor, eu Te peço para remover minha aflição, mas Te suplico dez vezes mais que remova minha impaciência. Precioso Senhor Jesus, com Tua cruz esculpe a imagem de Tua paciência em meu coração.”

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (10)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Deixado a si mesmo, o homem é metade animal, metade demônio.

(George Whitefield)

Determinemos, pela graça de Deus, que, por mais simples e frágeis que sejam nossas orações, continuaremos a orar.

(J. C. Ryle)

Os filhos de Deus, sempre que forem chamuscados por aflições como por quentes raios de sol, podem recorrer a Ele, que é como a sombra de uma grande rocha, e serão eficazmente protegidos e docemente refrescados.

(Jonathan Edwards)

Não sou nenhum Enoque, não sou nenhum Elias, não sou ninguém que tenha visões, não sou profeta que possa ensinar e profetizar algo além do que esteja escrito na Palavra de Deus e seja compreendido no Espírito. Mais uma vez, não tenho visões nem inspirações angelicais. Nem as desejo, para não ser enganado. A Palavra de Cristo, por si só, é suficiente para mim.

(Menno Simons)

Cristo é a própria essência de todos os deleites e prazeres, as verdadeiras alma e substância deles. Como todos os rios estão reunidos no oceano, que é o ponto de encontro de todas as águas do mundo, assim, Cristo é aquele oceano no qual todos os verdadeiros deleites e prazeres se encontram.

(John Flavel)

Contentamento cristão é aquele doce, interior, quieto e gracioso estado de espírito que se submete livremente ao sábio e paternal arranjo de Deus em cada situação e se deleita nele.

(Jeremiah Burroughs)

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Cruz Vida cristã Watchman Nee

A cruz: a base do ministério de vida

A segunda Carta aos Coríntios é, acima de tudo, um livro de sofrimento. Ali vemos o servo de Deus, Seu vaso escolhido, passando por terríveis provas de fogo e sofrendo como, talvez, nenhum outro apóstolo ou servo do Senhor jamais tenha experimentado. O sofrimento está gravado no livro todo: sofrimento físico, mental e espiritual; alguns foram passageiros e outros, permanentes. Mas ele mostra o motivo para esses sofrimentos ao dizer: “Levando sempre no corpo o morre de Jesus, para que também Sua vida se manifeste em nosso corpo” (4.10). Essa é a base de todo ministério em vida. É preciso haver sofrimento e dor; é preciso haver a cruz, se a vida de Cristo tiver de ser manifestada. “De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida”.

Sempre que houver um afastamento da cruz, uma fuga do Calvário, uma recusa do caminho da dor e do sofrimento, uma indisposição para pagar o preço e sofrer dor e perda, então, haverá pobreza, morte, superficialidade e vazio que nada nos dará para ministrarmos aos filhos de Deus. “Que a morte nunca cesse de operar em mim, para que a vida também nunca cesse de fluir para os outros.”[1]

Qual é a explicação para a superficialidade e pobreza tão marcantes no ministério nestes dias? É porque os ministros mesmos experimentaram muito pouco. Eles deram um jeito de escapar da cruz sempre que Deus a ofereceu ou designou a eles. Sempre existe um meio de escape, outro caminho cujo preço não seja tão alto, um caminho inferior e não o caminho da cruz. Quão raros e poucos são os realmente ricos espiritualmente. E por quê? Porque seus sofrimentos não foram abundantes.

Os arranjos de Deus são perfeitos. Ele sabe que tipo de sofrimento cada um precisa: se é físico, material, mental ou espiritual. Quando Deus em Sua sabedoria os faz chegar a nós, porque vê que precisamos deles, regozijemo-nos e procuremos ver o Senhor neles. Vamos aceitá-los com alegria, reconhecendo que somos totalmente fracos e incapacitados para eles, mas que Ele é graciosamente capaz. Ele realmente é, e, na circunstância, nós O encontramos em Sua plenitude e suficiência. Conhecemos a Deus de forma real porque O encontramos fazendo em nós e por nós o que não podemos fazer. Assim somos capacitados a ministrá-Lo em vida aos outros, a edificar o Corpo, a espalhar vida – Sua vida – onde quer que formos. Sempre que a morte estiver realmente operando em nós, então, e só então, é que a vida pode verdadeiramente fluir para os outros.

O Quebrantamento Produz o Ministério

Isaque representa aquele que tinha tudo por meio dos dons. Observe que tudo o que recebeu veio do seu pai. Era algo objetivo para ele, algo fora dele. Até mesmo quando Isaque abençoou os filhos, ele ficou bastante confuso, pois estava quase cego e confundiu os rapazes. Não foi assim com Jacó, pois este havia sido quebrado e realmente foi espatifado pelo Senhor; e o Espírito de Deus trabalhou interiormente a própria vida de Deus nele, até que ele disse: “A Tua salvação espero, ó Senhor!” (Gn 49.18). Quando abençoou seus filhos, ou melhor, os filhos de José, Jacó sabia exatamente o que estava fazendo. Ele o fez com inteligência. Ele disse: “Eu sei meu filho, eu o sei” (Gn 48.19). Jacó tinha luz, Jacó tinha revelação, porque havia sido quebrado.

Muitos perguntam: “Por que muitos servos bastante usados por Deus falham ou terminam sendo colocados de lado, isto é, não são mais usados por Ele? Quem pode dizer que Deus já os havia usado? e se Ele usou, foi apenas concedendo dons. Deus, em Seu direito soberano, escolheu alguém para lhe conceder um dom temporário, para ser usado por Ele durante algum tempo, porque o homem não era interiormente digno de qualquer outro ministério.

“Temos porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Co 4.7). O Senhor nos conduz através de provas de fogo, as quais não poderíamos suportar nem por elas passar, situações em que não seríamos vitoriosos e nas quais seríamos terminados; todavia, é exatamente aí que descobrimos que aquilo que é precioso em nosso interior funciona. Por causa daquilo que é precioso dentro do vaso, por causa da vida de Cristo no interior de nós seguimos até o fim. Somos vitoriosos onde não poderíamos ser. Levamos no corpo o morrer de Jesus e, consequentemente, a vida de Jesus se torna manifesta.

Você só pode ajudar as pessoas na proporção em que você mesmo tenha sofrido. Quando maior o preço pago, mais você pode ajudar os outros; quanto menor o preço, menos você pode ajudar os outros. À medida em que você passa por provas de fogo, teste, aflições, perseguições e conflitos, e à medida em que você permite ao Espírito Santo operar o morrer de Jesus em você, a vida, a vida de Cristo, fluirá para os outros.


[1] Palavras de despedida do irmão Nee, quando seu navio partiu de Xangai para a Inglaterra em 1938 (N.E. em inglês)

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Encorajamento Vida cristã

O inexplicável sofrimento dos justos (Norbert Lieth)


O sofrimento de um justo não pode ser explicado, mas muitas e muitas vezes sua razão de ser foi interpretada de maneira incorreta. Muitos cristãos que estão sofrendo se preocupam demais em achar a “causa” de sua angústia e se esgotam de tanto questionar. Minha doença é castigo pelo meu pecado? Ou será que Deus quer me disciplinar, educar, purificar, transformar através do sofrimento, me preparar para Seu Reino e Sua glória? – É claro que existem castigos mandados por Deus, mas nem de longe todo o sofrimento físico ou emocional, toda derrota, fome ou tormento podem ser explicados dessa maneira. Quem recebeu a Jesus Cristo em sua vida por meio da fé não sofre por causa da ira de Deus ou por castigo, mas o sofrimento é uma provação e é igualmente um meio pedagógico que o Senhor usa na vida dos crentes (Hb 12.1-11; Rm 8.31-39). Mas não são raras as vezes em que o agir de Deus e a Sua direção em nossas vidas continuará sendo um mistério para nós, principalmente quando Ele manda sofrimento e tristeza.

Não queremos deixar passar despercebido o fato de que nem todo o sofrimento tem a amável correção do Senhor como alvo final. Existem sofrimentos que nascem do ódio satânico, e se os mesmos nos alcançam foi porque o Senhor o permitiu. Os sofrimentos de Jó, por exemplo, não vieram de Deus. Também não havia motivo para correção na vida desse homem, pois Jó vivia completamente dentro do que agradava ao Senhor e era irrepreensível, o que foi confirmado pelo próprio Senhor. Seus sofrimentos eram provocados pelo maligno (comp. Jó 1.1,6-19).

Os Salmos e Provérbios também falam do sofrimento do justo: “Muitas são as aflições do justo!” (Sl 34.19a; comp. também Pv 11.31). A Bíblia nos exorta a não considerarmos todo e qualquer sofrimento dos justos como conseqüência automática de culpa e pecado em suas vidas, pois com isso estaríamos condenando a maneira justa de viver dos retos de coração. Asafe orou: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido, e cada manhã castigado. Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos” (Sl 73.13-15). Também no Salmo 44 encontramos uma das muitas indicações da Palavra de Deus de que sofrimento nem sempre tem sua origem em pecado ou culpa diante de Deus e nem sempre é castigo por erros cometidos: “Tudo isso nos sobreveio, entretanto não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança. Não tornou atrás o nosso coração, nem se desviaram os nossos passos dos teus caminhos… Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou tivéssemos estendido as mãos a deus estranho, porventura não o teria atinado Deus, ele que conhece os segredos dos corações? Mas, por amor a ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro” (vv. 17-18, 20-22). Mas todo esse sofrimento estava sob a permissão de Deus: “…para nos esmagares onde vivem os chacais, e nos envolveres com as sombras da morte… Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o nosso corpo como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos, e resgata-nos por amor da tua benignidade (vv. 19,25-26).”

Antes que eu mencione o testemunho do irmão Lee, da Coréia do Sul, perguntemo-nos: todos esses sofrimentos foram resultado de pecado na vida desse irmão? Ele conta:

Eu tinha 18 anos de idade quando os norte-coreanos invadiram a Coréia do Sul. Presenciei quando 7.000 cristãos foram mortos, inclusive meu pai e minha irmã. Durante três dias minha irmã ficou pendurada de cabeça para baixo em uma corda. No terceiro dia, ela estava quase desacordada. Todos os dias os comunistas nos levavam para fora para que pudéssemos ver como eram tratados os cristãos presos. Todos tínhamos sido presos e interrogados: “Você é cristão?” Naquela época minha irmã tinha 22 anos de idade. E naquele dia em que fui obrigado a ficar na sua frente, ela me reconheceu. Sangue já escorria de sua cabeça. Me senti impotente diante dela, pois estava amarrado. Mas ela cantava num sussurro: “Em Jesus amigo temos…” e “Mais perto quero estar, meu Deus de Ti…” E foi dessa maneira que ela morreu, mas sua morte vitoriosa deixou uma profunda impressão em minha vida. – Uma semana depois meu velho pai de 72 anos foi executado. Ele foi queimado vivo, depois de ter passado fome por um mês. Jogaram-no em uma cova, cobriram-no com querosene e tocaram fogo. Antes de perder os sentidos, gritou com suas últimas forças: “Você tem de acabar o que eu não consegui levar até o fim!” Então levantou suas mãos e orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem!”

Esses dois acontecimentos deixaram marcas em toda a minha vida futura, marcas que nunca mais puderam ser apagadas. Não posso descrever os sofrimentos que tive que passar. Durante um mês inteiro meus carrascos me espancaram, queimaram e quebraram meus ossos. Quando eles finalmente acharam que eu estava morto, jogaram-me em um pântano. Fiquei oito dias inconsciente no meio de cadáveres. Os ratos passavam por cima de nós e o sofrimento era infernal. Mas nessa hora eu entreguei minha vida ao Senhor Jesus. Reconheci o que significa na vida de uma pessoa um relacionamento pessoal com Jesus: no mais profundo sofrimento pode nascer a alegria da fé!

Os terríveis sofrimentos e a angústia de sua irmã e de seu pai e seus próprios sofrimentos contribuíram para que o Dr. Lee chegasse a crer no Senhor Jesus Cristo – que maravilhoso fruto de sofrimento por amor ao Senhor!

Será que você anda encurvado sob o fardo de sofrimentos e pressões do dia-a-dia que pesa sobre os seus ombros? Você se angustia com problemas e infortúnio? Você sofre por fracassos, decepções, esperanças frustradas? Ou você sofre por amor a Cristo? Existe uma cruz pesada sobre sua vida, cruz que você tem de carregar?

Qual é a causa do sofrimento, se não é o pecado?

Sofrimento por amor a Jesus. Foi dito ao apóstolo Paulo que ele iria sofrer muito por amor a Jesus (At 9.16). O Senhor o usou de modo extraordinário como instrumento muito útil, mas os sofrimentos de Paulo foram igualmente extraordinários. Os profundos sofrimentos por amor a Jesus faziam parte de sua elevada vocação.

Sofrimentos por amor a Jesus não são motivo de tristeza, mas de alegria: “… alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando” (1 Pe 4.13). E sofrer pelo Evangelho é um tipo de sofrimento por amor a Jesus (2 Tm 1.8), assim como sofrimentos por praticar o bem (1 Pe 2.20), sofrimentos por causa da justiça (Mt 5.10) e os sofrimentos como servos de Deus (2 Co 6.4 ss.).

Sofrimentos por amor aos outros (à Igreja). É isso o que nos relata Colossenses 1.24: “Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja.” Sofrimentos suportados com paciência por um cristão servem de exemplo e testemunho para toda a Igreja, pois é nisso que o caráter de Jesus mais se reflete. E é por isso que as pessoas mais santificadas têm de sofrer mais, por estarem muito próximas do Senhor e por terem condições de suportar o sofrimento. Epafrodito, cooperador de Paulo, ficou gravemente enfermo por causa da obra do Senhor e por servir ao apóstolo por parte dos filipenses (comp. Fl 2.25-30).

Sofrimentos por testemunhar da fé para a glória do Senhor. Para provar isso quero citar novamente 1 Pedro 4.13: “…alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando.” O salmista Asafe testemunha em meio ao seu sofrimento: “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho, e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre… Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos”(Sl 73.23-26, 28).

Será que conseguimos imaginar o testemunho glorioso e elogiado que um servo de Deus que sofre por amor ao Senhor tem diante do mundo invisível dos anjos, quando se firma no Senhor e espera nEle em meio aos sofrimentos, e quando consegue dizer “Senhor, apesar de tudo eu quero ficar perto de Ti”? Como é grandioso e maravilhoso o reflexo desses sofrimentos na eternidade! Isso é mostrado em Romanos 8.18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós.”

O que devemos fazer no sofrimento?

Como é que a nossa alma consegue ficar consolada e quieta em tempos de angústia? Em tempos de sofrimento ninguém mais consegue ajudar aquele que sofre a não ser o Senhor. Isso o salmista também sabia, pois orava: “Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa… Pois tu és o Deus da minha fortaleza” (Sl 43.1a,2a). Jesus Cristo sofreu fora da porta – e, nesse sentido, cada um que sofre está sozinho com seus sofrimentos, sofre “fora da porta” como Jesus. O salmista também tinha reconhecido isso, e encomendou sua alma juntamente com toda a sua angústia ao fiel cuidado de Deus. Ele sabia que a ajuda real, a ajuda que traz resultados não pode vir de pessoas, mas única e exclusivamente do Deus vivo. E era a Deus que ele queria entregar seu sofrimento. Ele não foi obrigado a se deixar enlouquecer e inquietar pelos outros e por seus bons conselhos, mas foi capaz de se entregar plenamente à vontade divina, e de se sentir abrigado e seguro no Senhor.

Ficamos consolados e tranqüilos quando entregamos nossa angústia ao Senhor, quando nos aquietamos e esperamos nEle.

Dificilmente o sofrimento pode ser explicado humanamente, ele só pode ser compreendido de dentro do santuário. Por isso o salmista orou: “Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos. Então irei ao altar de Deus, de Deus que é a minha grande alegria; ao som da harpa eu te louvarei, ó Deus, Deus meu. Por que estás abatida, ó minha alma? por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 43.2b-5). O coração do salmista estava repleto de porquês. Ele não conseguia entender o porquê de seus sofrimentos; mas parece que, de repente, ele passou a entender, passou a não mais precisar de uma resposta para suas muitas perguntas – mas precisava somente de uma profunda comunhão com seu Deus no santuário (vv. 3b-4a). Essa foi a solução. Foi dessa maneira que sua alma conseguiu ficar quieta e consolada e cheia de gratidão para com o Senhor apesar do sofrimento pelo qual estava passando (vv. 4b-5). Nem sempre existe uma resposta, mas sempre existe consolo e luz na escuridão de nossa alma quando nos achegamos ao Senhor, quando entramos no santuário. E é por isso que filhos de Deus santificados conseguem dizer: “O Senhor está tão perto de mim!” Para o salmista passou a ser secundário conhecer ou não a causa de seus sofrimentos. Para ele passou a ser prioridade saber que era Deus que conduzia sua vida, passou a ser prioridade andar na luz do Senhor, andar na verdade do Senhor e ser dirigido pelo Senhor para alcançar seu alvo de vida.

Asafe estava cheio de dúvidas e questionamentos. Parecia-lhe que o sofrimento ela algo sem lógica, algo incompreensível e absurdo. Ele não era capaz de entendê-lo nem explicá-lo: “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus…” (Sl 73.16-17). No santuário nem sempre recebemos a explicação para o porquê de nossos sofrimentos, mas em compensação recebemos consolo, recebemos fortalecimento e uma profunda paz. Até um homem como Elias chegou ao ponto de se sentir desesperado e questionava o motivo de tanto sofrimento. Ele não recebeu uma resposta para suas perguntas, mas recebeu comida e bebida para sua longa jornada em busca de um novo encontro com o Senhor. João Batista foi tomado de dúvidas quando estava no cárcere. E ele também não recebeu resposta ao porquê de seus sofrimentos, dúvida que certamente ocupava sua mente. Mas ele recebeu a palavra do Senhor: “…bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço” (Mt 11.6).

Agora me dirijo a você, especialmente a você que tem sofrimento e dor em sua vida, que passa por angústias e enfermidades – você não quer simplesmente entrar no santuário para receber ali o consolo que vem de Deus? Em pouco tempo se cumprirá em sua vida o que o Senhor glorificado diz no último livro da Bíblia: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as cousas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras… O vencedor herdará estas cousas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho” (Ap 21.4-5,7).

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