A meu amado Senhor, que não se poupou em Seu amor a um verme como eu.
Não creio no falso evangelho,
aquele que não me serve de espelho:
que não dá nome a meus pecados,
pelo qual os tolos são enganados;
que promete vida fácil, sem dores,
que promete felicidade sem cruz,
que vende tantos favores,
que entrega trevas, e não luz;
que promete bênçãos de Deus em troca de oferta,
oferecidas aos incautos por gente esperta;
que promete para esta vida o que só terei na eternidade,
que faz o homem maior do que Deus. Falsidade!
Eu rejeito o falso evangelho e seu falso Deus!
Eu creio no evangelho da velha Bíblia,
que não esconde que há sofrimento para os que são Seus,
para aqueles que são da divina família.
Creio no que a antiga Bíblia ensina,
e isso é mais do que uma bela doutrina:
que sou um vil pecador;
que nada merecia senão a morte;
que Deus me amou – e que amor! –
e, por amor, mudou minha sorte!
Que Cristo morreu por mim,
pagando a dívida que era minha,
pois eu não podia pagar pelos pecados que eu tinha!
E que Ele estará comigo até o fim!
Ela ensina que a salvação foi dada a mim
por graça, por abundante graça, por graça e nada mais.
E até o final da vida estarei em Cristo assim,
por graça, por abundante graça, por graça e nada mais.
Ela também mui claramente me diz
que ainda não serei totalmente feliz,
mas que até o fim de minha jornada,
carregarei minha cruz, que pode ser bem pesada:
não serei poupado de sofrimento,
enfrentarei dias de muitas lágrimas e tormento;
por vezes andarei sem saber para onde ir,
quase pensando em desistir;
serei atacado por dúvida inclemente,
passarei pelo fogo ardente,
me sentirei sozinho, mesmo cercado pelos meus,
pensarei ter sido esquecido até por Deus!
Serei severamente tentado
e, infelizmente, muitas vezes derrotado.
Mas poderei me erguer e continuar,
se o pecado reconhecer e o abandonar.
Poderei cair muitas vezes,
mas tenho Aquele que por mim sangrou;
Ele é o Deus dos deuses,
Ele é o que desde sempre me amou!
Mas sei – oh, indescritível alegria!
– que naquele assombroso dia,
na glória com meu Senhor,
Ele enxugará de meus olhos toda lágrima,
e esquecerei toda a dor.
Então, olharei para o eterno Cordeiro de Deus
que morreu em meu lugar,
no sublime trono nos céus,
de onde me chama para com Ele estar,
olharei para Suas mãos feridas,
mãos para mim tão queridas,
feridas cruelmente por amor a mim,
e serei eternamente por elas lembrado
– não poderei esquecer jamais:
só estou ali, bem-aventurado,
por graça, por abundante graça, por graça e nada mais.
(scs, 19316)