Recentemente, num domingo à tarde, rodeado de muitos amados irmãos, enquanto eu lavava louça me vieram dois pensamentos.
1) Nosso ajuntamento cristão não tem aquilo que o mundo tem.
Quando cristãos – e aqui me refiro a cristãos sérios, bíblicos, que levam a santidade a sério, que têm temor do Senhor, que honram Seu nome por meio do viver prático que têm – estão juntos, em ambiente informal (num almoço ou numa convivência, por exemplo), não há aquilo que caracteriza eventos mundanos semelhantes: bebedeira, palavrões, insinuações maldosas, piadas de baixo calão, fofocas, adultérios, crianças largadas a si mesmas, etc. Cristãos que honram a Deus em todos os aspectos da vida, começando com a linguagem, reúnem-se e conversam amenidades, trocam idéias sobre as questões mundiais, dicas sobre educação de filhos, riem de si mesmos, buscam orientação profissional, trocam receitas, dicas de tratamento médico, corujices sobre os filhos… É aquilo que chamam de ambiente saudável.
Isso é, sem dúvida, para quem teme a Deus, mil vezes melhor do que um ambiente mundano. (Infelizmente, sei de muitos cristãos que se sentem completamente à vontade em ambientes mundanos, que os preferem àqueles “crentes”, que estão plenamente conformados a este mundo, pensando, falando, rindo e vivendo como se a ele pertencessem.) Há ali segurança, respeito mútuo, alegria saudável, domínio próprio, ambiente propício para as crianças e tantas outras vantagens. É muito bom, é muito vantajoso estar em um lugar assim. E eu estava alegre com essa percepção e grato a Deus por estar ali.
Mas algo mais me veio ao coração:
2) Mas será que nosso ajuntamento cristão tem aquilo que o mundo não tem?
Isso me foi um choque instantâneo. O que há de distintivo, único, exclusivo dos cristãos? O que há nos cristãos que não há, de modo algum, naqueles que não obedecem à fé? A presença do Senhor Jesus, por meio do Espírito; a vida de Cristo Jesus habitando naqueles que Lhe pertencem. E é isto que faz a verdadeira e prática comunhão cristã: Cristo ser “servido” pelos cristãos uns aos outros. Quando Cristo é nosso centro e a esfera de nossa comunhão, podemos dizer que, de fato, estamos em comunhão. Do contrário, teremos, talvez, apenas um bom ajuntamento cristão (que, repito, é muito melhor do qualquer ambiente mundano).
Mas, tenho de reconhecer, é tão difícil termos genuína comunhão! É tão difícil sairmos da esfera natural, das coisas desta vida, e partilharmos das celestiais, daquilo que é nossa rica herança em Cristo, das riquezas insondáveis Daquele que nos salvou! Parece pouco espontâneo (perdoem-me se generalizo; falo, em primeiro lugar, de mim mesmo) voltar-se de um assunto desta vida para a Bíblia, como se fosse possível mantê-los separados, como se fossem antagônicos.
Como cristãos, temos algo único: um relacionamento vivo e real com Deus por meio de Seu Filho, Jesus Cristo! Isso nenhum ajuntamento secular tem. No entanto, é possível que um ajuntamento de cristãos também não o tenha, caso não falemos entre nós “com salmos, e hinos e cânticos espirituais”, que é modo de nos enchermos do Espírito (Ef 5.19); se não tivermos um falar que denuncie que estivemos com Jesus (At 4.13). Os primeiros discípulos não podiam deixar de falar do que tinham visto e ouvido (4.20). E nós, cristãos do século 21, por que deixamos tão facilmente? É possível que seja resultado de vermos e ouvirmos pouco nosso Senhor, de termos pouca comunhão com Ele, por Sua Palavra não habitar em nós ricamente (Cl 3.16), e como a boca fala do que está cheio o coração…
Os primeiros cristãos caíram na graça de todo o povo (At 2.47), pois seu viver diário e prático não tinha aquilo que o mundo tinha, era distinto, atraente. No entanto, “dos outros [os não-cristãos], porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles” (5.13), certamente porque naquele ajuntamento havia algo que no mundo não havia: Deus mesmo, real, manifestado palpavelmente por meio de Seus filhos – um Deus tão santo que não tolerava mentira entre eles (vv. 1-11). As pessoas de fora viam, naquele novo grupo, características que as atraíam, mas viam que havia também uma realidade interior, um padrão dela derivado, que impedia que qualquer um se achegasse e por ali ficasse se não fosse um “deles”, um discípulo, um nascido do alto, um filho de Deus.
No que depender de mim e de você, que tipo de ajuntamento cristão o mundo verá?
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6 comments
Osnir says:
maio 5, 2018
Eu e minha parentela somos cristãos. Mas como eu leio muito a bíblia, acaba que meu assunto é sobre a bíblia, sobre Cristo. Minha mãe disse que eu deveria ler menos ou mesmo parar de ler, já me disseram (não ela) que eu vou ficar louco. Grande bobagem. Mas sinto que o pessoal, principalmente meus irmãos ficam incomodados, daí eu paro de falar e fico quieto. Mas me sinto deslocado, mesmo todos sendo cristãos e evangélicos.
Gostaria de saber se existe alguma tradução confiável da Bíblia King James.
Osnir says:
abr 11, 2018
Eu e minha parentela somos cristãos. Mas como eu leio muito a bíblia, acaba que meu assunto é sobre a bíblia, sobre Cristo. Minha mãe disse que eu deveria ler menos ou mesmo parar de ler, já me disseram (não ela) que eu vou ficar louco. Grande bobagem. Mas sinto que o pessoal, principalmente meus irmãos ficam incomodados, daí eu paro de falar e fico quieto. Mas me sinto deslocado, mesmo todos sendo cristãos e evangélicos.
Gostaria de saber se existe alguma tradução confiável da Bíblia King James.
Francisco Nunes says:
maio 5, 2018
Osnir, compreendo o que você sente. Não diminua sua busca ou sua sede pelo Senhor a fim de se amoldar aos demais, mas busque sabedoria e graça do alto para saber como se portar na presença deles. Seu relacionamento adequado com o Senhor poderá despertar neles o desejo de também O conhecerem mais.
Caso você tenha lido meus artigos sobre a King James, concluirá que não existe em português tradução confiável dela. A versão Almeida Corrigida e Fiel (ACF), da Sociedade Bíblica Trinitariana, é a única edição atual da Bíblia que usa o Textus Receptus e se pauta pela fé na inerrância, na plena inspiração e plena preservação da Palavra de Deus.
Que o Senhor abençoe você abundantemente.
Abraço.
Osnir says:
fev 18, 2015
Eu e minha parentela somos cristãos. Mas como eu leio muito a bíblia, acaba que meu assunto é sobre a bíblia, sobre Cristo. Minha mãe disse que eu deveria ler menos ou mesmo parar de ler, já me disseram (não ela) que eu vou ficar louco. Grande bobagem. Mas sinto que o pessoal, principalmente meus irmãos ficam incomodados, daí eu paro de falar e fico quieto. Mas me sinto deslocado, mesmo todos sendo cristãos e evangélicos.
Gostaria de saber se existe alguma tradução confiável da Bíblia King James.
Francisco Nunes says:
abr 11, 2018
Osnir, compreendo o que você sente. Não diminua sua busca ou sua sede pelo Senhor a fim de se amoldar aos demais, mas busque sabedoria e graça do alto para saber como se portar na presença deles. Seu relacionamento adequado com o Senhor poderá despertar neles o desejo de também O conhecerem mais.
Caso você tenha lido meus artigos sobre a King James, concluirá que não existe em português tradução confiável dela. A versão Almeida Corrigida e Fiel (ACF), da Sociedade Bíblica Trinitariana, é a única edição atual da Bíblia que usa o Textus Receptus e se pauta pela fé na inerrância, na plena inspiração e plena preservação da Palavra de Deus.
Que o Senhor abençoe você abundantemente.
Abraço.
Francisco Nunes says:
fev 18, 2015
Osnir, compreendo o que você sente. Não diminua sua busca ou sua sede pelo Senhor a fim de se amoldar aos demais, mas busque sabedoria e graça do alto para saber como se portar na presença deles. Seu relacionamento adequado com o Senhor poderá despertar neles o desejo de também O conhecerem mais.
Caso você tenha lido meus artigos sobre a King James, concluirá que não existe em português tradução confiável dela. A versão Almeida Corrigida e Fiel (ACF), da Sociedade Bíblica Trinitariana, é a única edição atual da Bíblia que usa o Textus Receptus e se pauta pela fé na inerrância, na plena inspiração e plena preservação da Palavra de Deus.
Que o Senhor abençoe você abundantemente.
Abraço.