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Você está crescendo em graça?

Almeje crescer na graça divina!

Crescimento é um dos mais claros sinais de uma vida saudável. Se é assim no reino vegetal ou animal, é da mesma forma no reino da graça. Portanto, esperamos ver crescimento em todo cristão. Na natureza, em certo ponto, o crescimento pára e o decaimento se estabelece, mas, no cristão, ele deve continuar todos os dias de sua vida terrena.

Nenhuma pessoa com sensibilidade espera que aquele que se converteu ontem seja alguma coisa além de um bebê. Mas esperamos que o convertido não permaneça um bebê. Com um apetite devorador por comida espiritual saudável, uma boa digestão, cheia do ar fresco do Céu e exercícios, ele será compelido a crescer. E a Escritura: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pd 3.18) se aplica a cada um de nós.

O que é crescimento?

Crescimento não tem conexão direta com idade. Um homem pode ter cabelos brancos com os anos e ter passado por muitos marcos históricos desde a conversão, e ainda assim espiritualmente ser uma criança atrofiada. Alguns dos crentes hebreus eram assim. Eles andavam tropeçando sobre o ABC cristão quando deveriam ser mestres, e precisavam de leite quando já deviam estar prontos para alimento sólido (Hb 5.12-14).

Crescimento não está necessariamente conectado com o que fazemos. Pode haver muito fervor e atividade, e, ainda assim, nenhum crescimento. Os cristãos efésios exemplificaram isso tristemente anos após crerem. Quando o apóstolo Paulo escreveu uma epístola para os efésios, eles eram como uma árvore plantada ao lado de rios de águas: verdes e vigorosos. Mas, quando o Senhor Jesus se dirigiu a eles por meio de Seu servo João, apesar de reconhecer-lhes as obras, o trabalho e a paciência, Ele lhes disse: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste…”. A copa florescente da árvore jovem e promissora havia sido queimada pela frieza, e o crescimento parou (Ap 2.1-7).

Crescimento nem mesmo depende do que sabemos. Nosso desenvolvimento mental pode ultrapassar muito nosso desenvolvimento espiritual. Um “prodígio infantil”, em círculos musicais ou educacionais, é um objeto lamentável na esfera cristã, e terá um final ruim. O neófito, se capaz de mensurar abstrações, pode rapidamente compreender muitas verdades na mente, mas não assumir que se tornou um gigante e apto a instruir o avô.

Alguns dos cristãos de Corinto caíram sob esse engano. Eles estavam enriquecidos em “todo o conhecimento” (1Co 1.5), assumiram ser sábios (3.18), todos tentaram ser mestres (14.26); eles até mesmo começaram a deixar a mente se afastar da verdade cardeal da ressurreição (15.12,35). Mas, na verdade, eles eram ignorantes (6.2,3,9,15,19; 8.2; 10.1; 12.1; 14.38; 15.36), carnais e infantis (3.1-3). Eles usaram o “conhecimento” para prejudicar alguns irmãos (8.11). Esse conhecimento apenas encheu-os de orgulho. O amor edifica (v. 1).

Crescimento, portanto, está completamente ligado ao que somos. A própria Epístola que nos exorta a “crescer em graça” se inicia com uma clara declaração do que realmente isso realmente significa. Ei-la: “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai a vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência [conhecimento], e à ciência, a temperança [domínio próprio], e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, o amor” (2Pd 1.5-7).

Todos nós começamos com a fé. Mas, a ela, virtude (ou coragem) deve ser acrescentada, para que ela seja levada em conta. A coragem precisa ser controlada pelo conhecimento. Conhecimento precisa ser temperado com domínio próprio. O domínio próprio desenvolve paciência (ou perseverança). A perseverança gera piedade. A piedade produz e desenvolve amor fraternal. O amor, o divino amor, coroa completamente e solda todos juntos no coração do que crê.

Essas coisas, perceba, estão em nós e devem abundar (v. 8). Elas não devem ser colocadas como um homem veste um casaco, mas devem ser produzidas interiormente no poder do Espírito Santo, a fim de que se tornem parte e parcela de nós mesmos.

O apóstolo Pedro estava, de fato, desejando que as características da bela vida de Cristo fosse reproduzida naqueles crentes.

Crescimento, então, está relacionado a caráter. Enquanto crescemos, somos moldados mais e mais em conformidade a Cristo.

Você está crescendo?

Pergunte a si mesmo, então: “Isso está acontecendo comigo? Existe, em minha atividade cristã e no aumento de conhecimentos bíblicos, um forte desenvolvimento do caráter cristão?” Após se perguntar, responda com sinceridade e muito cuidado.

Ao fazer isso, contudo, um perigo espreita. Embora nada seja mais útil que um honesto auto-julgamento perante Deus, nada é mais nocivo do que deixar essa necessária inspeção degenerar em auto-ocupação.

Cuidado com seus pensamentos morbidamente centrados em si mesmo.

Vamos imaginar três crianças que têm pequenos jardins, claramente demarcados nos campos do pai. Quão diferentes eles são! Em um deles, as ervas daninhas crescem e, ao redor, as flores são poucas e fracas. Não há sinal de enxada, ancinho e regador! No segundo tudo está arrumado: as ervas daninhas são cortadas, e as flores, mesmo que não sejam as melhores, estão saudáveis. O terceiro, por sua vez, mostra marcas de muito trabalho. De fato, está quase penosamente em ordem, mas cada flor está ou murchando ou já morta. Quão fácil é, a partir do estado dos jardins, adivinhar o caráter das crianças! E se o estilo descuidado, vai-assim-mesmo, do primeiro deve ser lastimado, a febril ansiedade que levou o terceiro a continuamente puxar uma e outra das plantas para ver como as raízes estavam indo é quase tão desastrosa do ponto de vista prático.

Evite ambos os extremos. Que o bom Senhor livre você do descuido e do tipo de religião fácil que nunca permite que honestamente você se faça a pergunta: “Estou realmente crescendo em graça?” por medo de ser perturbado; e também da mórbida auto-ocupação que leva você a estar sempre se fazendo essa questão, e eternamente puxando tudo em seu pobre coração pelas raízes no esforço de responder a ela.

Encontrar a felicidade significa enfrentar a pergunta com o coração sob a grande luz do amor de Jesus, e, se chegar à conclusão de que seu crescimento é pequeno, deixar que ela o incentive alegremente a conhecer mais de Cristo.

Em que nós crescemos?

É importante lembrar que, como crentes, nós permanecemos na graça (ou favor) de Deus (ver Rm 5.2), e que nos foi pregado pelo apóstolo Pedro que crescêssemos em graça.

Graça, então, é o solo no qual os crentes são plantados, não o mundo – embora, se alguém julgasse pelos caminhos de alguns cristãos, poderia quase pensar que sim. Apesar de todos os crentes permanecerem na graça, muitos cercam a si mesmos com atmosfera mundana de tal modo que todo o processo é parado.

É muito fácil para nós abjurarmos o mundo de modo abstrato, enquanto fortemente nos entregamos a seus prazeres nos detalhes.

Para ilustrar isso. Algum tempo atrás, uma reunião de oração estava acontecendo. Considerável fervor era manifestado na reunião. Um homem começou a invocar a Deus. Em tom fervoroso ele clamou:

– Senhor, salva-nos do mundo!

– Amém! Amém – ecoou em alto coro de todas as partes do local.

Um momento de pausa. Então:

– Senhor, salva-nos do tabaco!

Silêncio mortal e ameaçador! Parecia ter matado a reunião.

Você pode desaprovar que se ore dessa maneira, mas isso mostra como é fácil orar para ser preservado do mundo de modo abstrato e apreciá-lo nos detalhes.

Lembre-se de que as vinhas de Salomão eram roubadas e estragadas pelas “raposinhas” (Ct 2.15). Havia muitas delas e, por serem pequenas, entravam nas vinhas sem atrair muita atenção.

Do mesmo modo, muitos cristãos sofrem por viver em uma atmosfera da lei. Eles vivem e andam, lêem e oram, servem e adoram mediante regras. Nenhum deles pode esperar crescer se ficar enclausurado em ferro rígido!

Quão doce é a liberdade que a graça dá! Refiro-me à liberdade, não à licenciosidade. Pois a graça que traz salvação também nos ensina “que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa e piamente” (Tt 2.12).

Vamos fincar nossas raízes profundamente na graça. Vamos nos expor a sua luz. Oh! O efeito de uma alma humilhada e subjugada por tal conhecimento, a despeito de tudo o que encontramos em nós mesmos, o doce e perfeito favor de Deus repousa sobre nós por causa de Cristo, e nada pode nos separar “do amor de Deus, que está em” – não em nós mesmos, mas em – “Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.39).

Como crescemos?

Ultimamente, muito tem sido dito em público sobre o aspecto físico decaído de milhares de crianças que frequentam a escola. A questão prática é: “O que deve ser feito?” O caso será resolvido dando a elas muito o que fazer em exercícios e atividades? Não, elas não tem energia ou vigor para tanto. Deve-se incluir alguma instrução sobre saúde nos estudos escolares, e ensiná-las como o corpo humano cresce, acrescentando célula a célula e tecido a tecido, o valor de diferentes alimentos e as leis que governam o processo de digestão?

Seis anos de estudos desse tipo não vão acrescentar muitos centímetros à estatura delas quanto seis meses de uma boa alimentação: refeições substanciais de comida adequada, quatro vezes por dia e sete dias por semana!

Se você quer crescer, então, selecione boa comida espiritual. Boa comida, lembre-se. Não novelas, literatura leviana ou outro lixo mundano. E digira isso. Invista tempo para meditar e pensar a respeito. Quando o boi rumina, geralmente se deita. Do mesmo modo, a digestão espiritual é grandemente favorecida por um pouco de quietude, com os joelhos dobrados em oração.

A comida do Cristão é, em uma palavra, Cristo: “crescendo no [ou pelo] conhecimento de Deus” (Cl 1.10) – e, como é em Cristo que Deus é conhecido por nós, Pedro afirma: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pd 3.18).

É bom conhecer sobre Ele, e tudo que nos ajuda nesse sentido é proveitoso, mas o ponto de suprema importância é conhecer o próprio Senhor Jesus Cristo, desfrutar aquela santa intimidade que é fruto do viver e do andar diários em Sua presença. Mesmo aqui na terra, estar

“Perto de Sua confiável companhia
em divina comunhão”.

Então, pouco a pouco, devemos descobrir Sua multifacetada glória, e apreciar as várias características nas quais Ele permanece relacionado a nós. Nas linhas seguintes, vamos tentar sugerir um pouco delas.

O começo de nosso conhecimento de Jesus é como

Salvador, para libertar.

Para o pecador ansioso, sobrecarregado com culpa, lamentando sob o pecado e tremendo diante da morte e do julgamento, Jesus se destaca como Salvador. Ele lutou com o pecado; Ele morreu e ressuscitou. Quão perfeito e atraente Ele é! Não admira que o recém-perdoado pecador não se preocupe com mais ninguém e com nada mais.

Você pode olhar para trás, para o momento em que experimentou a alegria da salvação, como os israelitas fizeram, quando estavam na outra margem da inundação de julgamento do Mar Vermelho: eles cantaram, dizendo: “Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou […] O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele me foi por salvação” (Êx 15.1,2)? Ou como ocorreu com Israel séculos depois, quando Davi encontrou Golias, de Gate, e, em nome de Jeová, forjou a libertação? Então, a terrível tensão e o horrível suspense terminaram. Uma emoção poderosa percorreu os que assistiam, e “os homens de Israel e Judá se levantaram e jubilaram” (1Sm 17.52).

Foi assim conosco. Nós fomos libertados. Nossos dias de murmuração e suspense acabaram. A vitória foi conquistada, e Jesus vive! E, apesar de talvez anos terem se passado desde quando O conhecemos, a emoção daquele momento está em nosso coração ainda hoje.

Nós não vamos muito longe sem antes ver o mesmo Jesus em outra característica. Ele é

Senhor, para comandar.

O evangelho, claro, no-Lo apresenta como Senhor (2Co 4.5). Nós não apenas cremos com o coração para a justiça, mas também com a boca O confessamos como Senhor para a salvação (Rm 10.9,10). Mas algum pouco tempo se passa antes que nós percebamos o que isso significa.

Jesus está no lugar de autoridade. É Dele o comando, e nossa, a prazerosa obediência, e isso significa render nossa vontade a Ele.

A conversão do apóstolo Paulo foi a ideal. Ele muito rapidamente alcançou o ponto de se render (ver At 9.5,6). Ele estava na poeira da estrada para Damasco quando reconheceu Jesus como seu Senhor, e sua vida toda foi transformada. Muitos de nós ficam muito atrás dele. Ainda assim, todos temos de chegar a esse ponto.

Estávamos conversando com um jovem cristão outro dia, e, durante a conversa, ele se referia muitas vezes aos “dias de outrora”, quando ele era um crente mundano, negligente, tendo apenas um apático interesse pelas coisas de Deus. Ele disse: “Eu realmente cri no Senhor Jesus Cristo para o perdão de meus pecados, e, se eu tivesse morrido, tenho certeza de que iria para o céu.”

Entretanto, aqueles foram os “dias de outrora”, pois um novo dia amanheceu com a descoberta de que Jesus era seu Senhor, um Mestre pelo qual viver e a quem servir. Ao colocar-se sob essa nova postura, uma grande alteração tomou lugar. Ele era um homem diferente.

Esse novo dia já amanheceu em sua história? Se não, que venha rapidamente! Ele está bem no comecinho da vida cristã.

Um dos primeiros resultados de um genuíno reconhecimento do senhorio de Cristo é que o convertido mergulha em um bocado de problemas e de exercício da alma, uma vez que seus muitos esforços para fazer a vontade de seu novo Mestre, recentemente encontrado, o levam a estar em conflito com a própria vontade.

Três coisas, pelo menos, devem ser aprendidas.

Primeira: a verdadeira natureza da carne (i. e., a velha natureza má ainda dentro de nós), irremediavelmente má. “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18). Se não há “bem algum”, então, nem mesmo um bom desejo será encontrado lá. No entanto, quanto tempo leva ainda para a maioria de nós abandonar qualquer expectativa de bem, ou mesmo de melhora, iniciado do interior.

Segunda: o terrível poder da carne. Esse poder – embora, de fato, tenhamos nascido de novo e, assim, possuindo uma nova natureza – não nos capacita a vencê-la. Vemos um homem dizendo: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (v. 19). Ele desejava o bem, provando a existência da nova natureza dentro dele, mas tal era o poder da velha natureza que superava a nova, levando-o ao cativeiro (v. 23) e fazendo dele um homem completamente miserável (v. 24).

Você supostamente começou a viver uma valorosa vida cristã para o Senhor, apenas para se encontrar derrotado, não por inimigos gigantes exteriores, mas pela traidora “carne” que está dentro de você?

Essa é, então, a lição que você está aprendendo.

Terceira: o que Deus fez em relação à carne na cruz de nosso Senhor, Jesus Cristo. “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (8.3). Que alívio é conhecer isso! Deus agora trata a carne como uma coisa condenada, e fez isso com ela. Só nos resta alinhar-nos com Deus e, de nosso lado, tratá-la como coisa condenada e acabada. Isso nós podemos fazer, pois, por termos crido em Jesus, recebemos o Espírito Santo, o novo poder, e Ele é mais do que um mero adversário para o poder da carne.

Liderados pelo Espírito Santo, levantamos os olhos para o céu, e Jesus agora se torna para nós

Um objetivo, para controlar.

E este é o verdadeiro segredo do crente ser libertado, de modo prático, do poder do mundo, da carne e do diabo.

Satanás, o astuto adversário e acusador final, ocupa seu tempo em atacar a fé dos santos (ver 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.9) e, conseqüentemente, para enfrentá-lo o escudo da fé é necessário (Ef 6.16).

A carne nos supre com todos os desejos mais baixos, os quais cada um de nós conhece muito bem, assim como com qualquer outro desejo que não está de acordo com a vontade de Deus.

O mundo – o gigantesco sistema ao nosso redor, no qual Satanás e o homem têm trabalhado entre si na vã esperança de torná-lo o mais feliz e contente sem Deus –, como na grande “Feira das vaidades” de Bunyan, contém atrações adequadas para cada gosto e temperamento, e todas apelando para os desejos da carne dentro de nós.

Embora livros possam ser bem escritos sobre como o crente se liberta desse triplo inimigo, e o caminho para isso, essa liberdade mesma é simples e docemente desfrutada por aqueles que, tendo aprendido o suficiente sobre o mundo e sobre si mesmos para estarem enojados de ambos, voltam para Jesus e encontram Nele

“O Objetivo brilhante e adequado
para preencher e satisfazer o coração.”

(Jim Elliot, em seu diário)

Jesus é isto para sua alma: um Objetivo para amar e pelo qual viver? Paulo disse: “Porque a lei [ou controle] do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei [ou controle] do pecado e da morte” (Rm 8.2).

Uma impressionante ilustração do poder de um objetivo para controlar ocorreu quando o primeiro avião militar fez um vôo de teste ao redor de Londres. Durante a breve hora que pairava sobre a metrópole, ele se tornou o objetivo de milhões de pares de olhos. Tudo o mais foi esquecido. A última moda perdeu sua atração, lojas ficaram desertas, jantares esfriaram. Alinhados homens de negócios largaram a caneta e estudantes largaram seus livros. Todo mundo parou e olhou fixamente para esse novo objetivo no céu e, naquele instante, foram claramente libertados de sua vida ordinária.

De qualquer modo, foi a novidade da coisa que atraiu. Não é assim com Jesus. Quem O tem amado há mais tempo e O conhece melhor sente Suas benditas e permanentes atrações. Em síntese: está tudo centralizado em Seu poderoso e eterno amor. Assim como um poderoso ímã extrairá uma agulha de um monte de serragem, o amor magnético de Jesus irá libertar uma alma de qualquer montanha de lixo mundano e carnal. Que Deus atraia tanto os leitores quanto o escritor para esse poder cada vez mais.

Se tudo isso for mantido, devemos conhecer e apreciar o Senhor Jesus em outra característica, que é

Sumo sacerdote, para sustentar.

Há muitos bons cristãos que querem ser mais devotados, ou viver “a vida mais elevada”. Mas, apesar dos desejos serem bons, suas circunstâncias são um desafio e os resultados são pobres. Você é um deles?

Possivelmente você está familiarizado com a Epístola de Hebreus e, assim sendo, sabe que Jesus é seu grande Sumo Sacerdote no céu (4.14), mas a questão é: Você, de modo real e prático, O conhece como seu grande Sumo Sacerdote, que sustenta sua alma dia a dia, no meio de tantas provas e dificuldades da vida?

Somente aqueles cujo rosto está voltado na direção certa podem esperar a ajuda do Sacerdote. Ajudar um homem no caminho errado não é, de fato, ajudar. Consequentemente, o crente descuidado e de mente mundana não receberá a ajuda do Sacerdote; ele precisa dos serviços de Jesus como Advogado para tocar-lhe a consciência e endireitá-lo. O crente de mente sincera, que, de coração, reconhece Jesus como Senhor e O ama como Objetivo, tanto precisará disso quanto o obterá, tendo por resultado não apenas ser levado em segurança para o céu mais tarde, mas também levado ao Santo dos Santos (i. e., a conscientemente percebida presença de Deus) agora (10.19-22)

Nada que possa ser dito sobre o assunto, entretanto, nos dará uma percepção da graça e do poder de Jesus como nosso Sumo Sacerdote maior do que a dada por uma pequena experiência prática, ganha em nos voltarmos para Ele em momentos de dificuldade e necessidade. Portanto, guardemos bem a exortação. “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (4.16).

Tudo isso nos ensinará a olhar alegremente para o Senhor Jesus como

A Cabeça, para direcionar.

Cristo é a cabeça da Igreja, assim como o marido é a cabeça da esposa (Ef 5.23). Dele, também, como Cabeça, vem todo o alimento e suprimento para Seu corpo (4.15,16).

Sabedoria, direção e nutrição são necessidades diárias, e o suprimento delas não está em nós, mas Nele. Como cabeça, Ele é a fonte superabundante de tudo. Estar “ligado à cabeça” (Cl 2.19) é apreciá-Lo e apegar-se a Ele como tal, e, desse modo, realmente encontrar Nele aquilo que nos faz gratamente independentes da sabedoria dos homens no caminho do racionalismo (v. 8) e de sua religião no caminho do ritualismo (vv. 20-23).

Cristo é tudo e, assim, Ele se torna tudo no coração do crente. Fora Dele, nada há.

Uma palavra de alerta. Não pense que cada um desses passos no conhecimento de Cristo existe separadamente. Eles estão intimamente ligados, e, com freqüência, se fundem um em outro na história do cristão. O grande final é que podemos estar completamente firmados, não sendo mais crianças, mas homens totalmente crescidos, com Cristo sendo tudo para nós.

 

(Fonte das imagens)

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A vida cristã: três linhas paralelas

Como viver a vida cristã?

Como conseguir a vitória sobre o pecado?

Em nossa vida espiritual, existem três “linhas”:

  1. A linha dos fatos consumados. São os fatos que Deus já cumpriu. Por meio da cruz de Cristo, Deus considera algumas coisas como fatos consumados, ou seja, terminados, concluídos.
  2. A linha da experiência. Cada cristão tem experiências boas, más ou neutras. Freqüentemente, são coisas que os demais irmãos na fé não podem ver, mas são muito reais para aqueles que as provou.
  3. A linha do comportamento. Essa tem um caráter mais ou menos público, pois é visível para todos.

O ideal na vida cristã é que essas três linhas sejam paralelas. Em cada um de nós, a terceira linha é, em maior ou menor grau, paralela à segunda, ou seja, na maioria das vezes nosso comportamento está condicionado por nossas experiências. Na vida pública, manifestamos as histórias escondidas de nossas experiências interiores, pessoais.

Você, leitor, talvez reconheça que sua vida e seu testemunho para Cristo não são o que deveriam ser. Você gostaria que eles correspondessem mais aos atos consumados de Deus (a cruz e seus resultados); desejaria ser mais guiado pelo Espírito Santo, assemelhar-se mais a Cristo. Como mudar isso?

Ponha os olhos na primeira linha

Você nunca alcançará isso que deseja ocupando-se de si mesmo, apesar de muitos cristãos pensarem assim e se esforçarem durante meses e anos tentando alcançar um estado [espiritual] satisfatório. Se alguém se concentra totalmente na linha que quer traçar, a do comportamento, nunca conseguirá que ela se alinhe à primeira, a linha dos feitos de Deus. Fixe seus olhos na primeira linha, pela qual deve andar, e coloque a segunda linha paralela àquela; assim você terá o que deseja: [a terceira linha]. Para progredir, devemos ajustar-nos à ordem de Deus: nosso comportamento se rege por nossas experiências, e nossas experiências deveriam se caracterizar pelo conhecimento que temos dos fatos consumados de Deus.

Pôr os olhos na linha de Deus significa ser libertado do poder do pecado

Os capítulos 6 a 8 de Romanos falam especialmente da experiência e do comportamento, mas a linha dos fatos consumados de Deus aparece como o fio condutor dos três capítulos.

Permita-me perguntar-lhe acerca de seu estado espiritual. Como você avança? Na vida cristã, você continua tendo a alegria que tinha quando se converteu? Talvez aconteça com você o que acontece com muitos cristãos: experimentam fracasso em lugar de vitória, tristeza em vez de alegria. Talvez o testemunho do capítulo 7 pode lhe servir de consolo, pois praticamente não se pode cair mais baixo. O que a pessoa ali mencionada experimentou era apenas miséria, e se resume assim: “Eu sou carnal, vendido sob o pecado” (v. 14). E, como era de esperar, seu comportamento não era melhor: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (v. 19).

Então, o que ajudou essa pessoa em sua miséria? Precisamente o mesmo que vai ajudar você: o conhecimento dos fatos consumados de Deus. Eles aparecem em cada um desses capítulos, e você notará que eles não dependem de nós. Independentemente de quais sejam nossas experiências, a realidade desses fatos se mantém imutável. São eles:

  1. “Nosso homem velho foi com ele [Cristo] crucificado” (6.6).
  2. “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo” (7.4).
  3. “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (8.3).

Esses versículos se referem a algo que Deus realizou para Si mesmo na cruz de Cristo, pois ali nosso velho homem foi crucificado, morremos para o pecado e o pecado foi julgado na carne.

Pare de olhar para si mesmo e olhe para o Senhor

Aproprie-se dessa nova realidade. Se nosso velho homem (tudo o que éramos como filhos de Adão) foi crucificado com Cristo, isso significa que Deus já acabou com ele, o velho homem, e não há razão para você continuar se queixando de seu estado depravado. Se estamos mortos para a lei, então, cada vez que você fracassa, não deve castigar-se com a dureza da lei; é melhor que se julgue à luz da graça de Deus. Se o pecado foi julgado na carne, então, é claro que na cruz Deus confrontou a raiz do problema e julgou o pecado, que é a origem do mal. Por que você não emprega melhor seu tempo meditando no grande amor de Cristo, o qual expressou-se em Sua morte, em vez de estar pensando no pecado, que foi a origem da morte do Senhor?

Jamais creia que o simples conhecimento dos três fatos mencionados acima, por mais valiosos que seja, produzirá algo por si mesmo. Esse conhecimento não lhe servirá de nada se não leva você a abandonar qualquer esperança de ter experiências satisfatórias ou um comportamento melhor mediante seu próprio esforço, se não move você, por meio do poder do Espírito Santo, a fixar os olhos no Senhor Jesus. Somente quando você permitir ao Espírito Santo encher seu coração da perfeição e da glória de Cristo, sua situação mudará e suas experiências e seu comportamento adquirirão outra dimensão.

Mantenha contato com o que é celestial

Um trem elétrico pode ilustrar isso muito bem, pois anda com a ajuda dos cabos conectados à corrente elétrica. Todo o funcionamento depende de seu contato permanente com o grande pantógrafo que está sobre a locomotiva. Se observar um trem à noite, você verá quão rápido ele vai e quantas luzes tem! Mas, de repente, não avança mais. O que aconteceu? O contato foi interrompido, e o motor ficou sem energia. Somente quando o Espírito Santo nos mantém em contato com a linha dos atos consumados de Deus seremos capazes de correr nossa carreira cristã e brilhar para Cristo.

Para concluir, observemos que em Romanos 6–8 cada uma dessas linhas pode ser vista. Se, por meio da graça de Deus, permanecemos conectados com Seus atos consumados, teremos uma experiência muito boa, que pode ser descrita assim: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (8.2).

Teremos a liberdade de viver com Cristo, Nele em quem nos alegramos, e, com respeito a nosso comportamento, seguiremos a exortação: “Apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça” (6.13).

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