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Vida cristã

O caldo mortífero do legalismo

Malcolm Smith

Quando o profeta Eliseu foi visitar alguns estudantes das Escrituras em Gilgal, havia fome na terra de Israel.

Chegou a hora do jantar e, enquanto a panela fervia, um dos estudantes saiu à procura de alguns vegetais a fim de preparar um caldo. Visto não haver por ali fazendas onde pudesse comprar provisões, o estudante pesquisou os pastos silvestres ao redor da comunidade.
Ele encontrou o que acreditava serem pepinos. Na verdade, deveria ser o que se denomina “colocíntidas”, que parecem pepinos comestíveis, porém são venenosos.
O estudante regressou e, satisfeito por haver encontrado tão depressa bastante alimento para todos, começou imediatamente a preparar o caldo. Todos viram à mesa a sopeira cheia de rodelas do que lhes pareceu ser pepino.
Enquanto Eliseu ensinava, a sopa borbulhava; nenhum aroma indicava que o caldo fosse venenoso. É claro que ninguém estava procurando indício de que algo estava errado. Por que haveriam de ficar procurando? Um dos companheiros colhera os vegetais e havia preparado a refeção; ele mesmo, o cozinheiro-mor, estava disposto a saboreá-la!
Só quando a comida já estava na boca deles é que alguém descobriu o gosto de veneno, o sabor da morte. E esse pessoa gritou:
– Há morte na panela!
A reação de Eliseu foi tomar um pouco de farinha e atirá-la no caldo. Miraculosamente, a sopa tornou-se comestível, deixou de ser venenosa.

Estamos vivendo em dias de fome espiritual; e o alimento não se encontra prontamente disponível onde esperaríamos que estivesse. Os famintos espirituais têm de sair e providenciar provisões, quaisquer mantimentos, onde quer que os encontrem.
Na maioria dos casos, tais pessoas saem sem ter qualquer conhecimento das Escrituras, mas apenas com o desejo ardente de conhecer a Deus. Espantam-se quando vêem quanta coisa está crescendo nos terrenos baldios, a saber, nas livrarias evangélicas, e que uma montanha quase infinita de “pepinos” viceja nas encontas montanhosas dos programas de rádio e televisão.
A verdadeira colheita parece estar nas fitas gravadas – plantas que parecem crescer por toda a parte! E sempre há um pregador especial no culto carismático de uma igreja local.
Nessa procura, há pouca ou nenhuma análise das coisas que são ditas ou da maneira como as Escrituras estão sendo interpretadas. Se o pregador ou o escritor menciona o nome de Jesus ou usa a Bíblia como base daquilo que está dizendo, sua mensagem é aceita.
E ninguém observa que muitas vezes um pregador contradiz o outro! Como acontece nas épocas de fome, come-se qualquer coisa que parece alimento para o espírito. Se o pastor é nascido de novo, e cheio do Espírito, qualquer coisa que ele disser do púlpito deve necessariamente ser verdadeiro. Se o livro está à venda numa livraria evangélica, só pode ser de Deus!
Muitos pastores acham muito difícil estudar a Bíblia. Em conseqüência, enfrentam dificuldade imensa no preparo de um sermão dominical que contenha alimento espiritual. Estão constantemente procurando, apanhando qualquer coisa com que alimentar suas ovelhas. Chega o domingo – lá vêm eles com seus sermões. Será que não estão carregando nos braços montes e montes de colocíntidas?
Porém, os circunstantes não notarão que aquilo que está sendo dito vai envenenar os ouvintes. Por que deveriam notar? Confiam em seu pastor e muito corretamente presumem que ele vai aplicar a si mesmo aquilo que está ensinando.

Certa ocasião, eu pregava numa cidade de Connecticut, e perguntei ao atendente do posto de gasolina qual seria o melhor restaurante da cidade. Estávamos famintos, e desejávamos comer alguma coisa antes do culto. Foi-nos recomendado o “Joe’s Kitchen”.
Em condições normais, eu não comeria ali de modo nenhum. Mas estávamos famintos e dispúnhamos de pouco tempo. Durante toda a noite, fiquei rolando na cama em agonia, com dores estomacais. De manhã, estava fraco demais para sair da cama.
Voltei àquela cidade muitas vezes, mas preferiria ficar com fome do que cruzar de novo as portas do ” Joe’s Kitchen”! Entendi que a comida que me foi servida era responsável pela minha doença e fraqueza total.
Quando as pessoas estão exaustas e espiritualmente doentes, é preciso que primeiramente lhes pesquisemos a dieta espiritual. Em geral, a morte principia no prato em que comem, no alimento que usualmente é preparado por um pastor ou evangelista sincero que come, ele próprio, dessa comida envenenada. No fim, estarão todos esgotados espiritualmente, juntos.
Os problemas da igreja hoje não são primordialmente falta de oração, de estudo bíblico, de fé ou de dedicação. O problema é mais profundo do que estas coisas. Alguma coisa nos tornou tão fracos que não queremos orar nem ler a Bíblia… eliminou-se de nós todo o entusiasmo pelas coisas de Deus.
Que é que está fazendo com que o exercício da fé se transforme numa verdadeira batalha, quando sabemos que, na verdade, ali está o portal do descanso eterno em Deus? Por que é que nosso culto entusiástico veio a tornar-se tão frio a tal ponto que ficamos cansados de cultuar? Por que é que tantos crentes acabaram cansando-se de estudar a Bíblia? Por que é que nossas grandes palavras de vitória falham quando mais precisamos delas?
Os crentes estão queimando-se e caindo de exaustão porque o alimento espiritual que estão ingerindo é venenoso. Há morte na panela!
Um fato incontestável é que as Boas-Novas de Jesus Cristo não exaurem nem podem exaurir a pessa que Nele crê. O evangelho é chamado de “todas as palavras desta vida” (At 5.20), “palavras da vida eterna” (Jo 6.68), que nos asseguram “que passamos da morte para a vida” (1Jo 3.14).
O evangelho nos traz “a paz de Deus, que excede todo o entendimento [humano]” (Fp 4.7), “gozo inefável e glorioso” (1Pe 1.8) e nos dá “o amor de Deus (…) derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5.5). Estas certamente não são expressões que descrevem o estado da pessoa que se queimou espiritualmente, que se tornou cínica, prostrada e exausta.
O crente é tentado, e às vezes cai. Experimenta épocas de escuridão que só podem ser comparadas ao vale da sombra da morte. Há ocasiões em que se vê perto do desespero e pode, realmente, sentir que está desistindo de lutar. Mas não desiste!
É assim que Paulo descreve sua vida de crente: “Como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres” (2Co 6.9,10). Ele não se sente “morto” por causa da revelação de Deus que recebeu em Cristo, contida no evangelho.
Enquanto a pessoa estiver vivendo segundo as verdades que nos foram trazidas por Cristo, não pode queimar-se espiritualmente! Aquele que cai exausto só cai porque acreditou numa distorção das Boas-Novas (que não é, portanto, evangelho!), ou porque se esqueceu do cerne do evangelho em que creu, numa ocasião, e se deixou extraviar.
Se é esse o caso, podemos afirmar que a melhor coisa que tal pessoa pode fazer é tombar exausta à beira da estrada da vida. Se aquilo em que ela está crendo não é o evangelho da verdade, quanto mais cedo determinar que suas crenças são incapazes de fornecer-lhe vida espiritual e saúde, melhor será.
Quando estudamos o ministério de Jesus, é significativo ver que ele não apenas ensinou a verdade, mas também atacou o erro… e fê-lo em todas as oportunidades.
Ele veio para livrar o povo das falsidades em que criam, porque estas estavam matando as pessoas.
Jesus anunciou bem cedo com que propósito tinha vindo:

O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os
quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, a pôr em
liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do SENHOR.
(Lc 4.18,19)

Os ensinamentos, os milagres e a morte, ressurreição e ascensão de Cristo quebraram o poder de tudo que mantinha a humanidade em cativeiro.
Costuma-se esquecer que, ao fazer aquelas declarações, Jesus estava dispondo-se a livrar o povo de certo sistema de crença. Seria corretor afirmar que, durante todo o seu ministério terreno, ele esteve engajado numa guerra sem tréguas contra o sistema de crenças mantido pela seita religiosa chamada farisaísmo.
É importante ressaltar que Jesus nunca investiu contra as prostitutas, contra os ladrões, os bêbados e os cobradores de impostos (a forma mais aproximada que Israel conheceu de crime organizado). Na verdade, Ele transformou aquelas pessoas em Seus amigos. Todavia, Seu ministério integral foi uma cruzada contra os ensinos dos fariseus.
Que tipo de sistema doutrinário era esse que atraía sobre si as palavras mais fortes e severas de Jesus? O fato é que os fariseus orientavam as pessoas a buscarem a aceitação da parte de Deus por meio de seus méritos pessoais, mencionando diante Dele as boas obras que cada um tivesse praticado; era a mensagem da busca da benevolência divina mediante o desempenho pessoal. Ora, coincidentemente, esta é a mensagem que se encontra no cerne de todas as religiões, e é também o que deixa as pessoas exaustas, em seus esforços no sentido de desempenhar seu papel de modo aceitável perante Deus.
Webster define a palavra religião da seguinte forma: “Piedade, consciência aguda, escrúpulos; vem de religare, emendar; re e igare, unir de novo; estado mental ou maneira de vida em que se expressa amor a Deus e confiança Nele, e a vontade da pessoa e seus esforços no sentido de agir de acordo com a vontade de Deus”1.
A religião leva a pessoa a unir-se fortemente a um voto de guardar as regras que governam a conduta, os ritos e fórmulas pelos quais pode aproximar-se de Deus. Isso exige o constante exercício de sua vontade, e a completa obediência aos preceitos. A finalidade principal de tudo isto é Deus ser agradado e a pessoa ser aceita por Ele.
A religião começou no jardim do Éden, quando o homem caiu. A primeira reação do homem em sua condição decaída foi fugir da presença de Deus e esconder-se atrás de algumas árvores. Desde esse dia, o homem sem Cristo sente medo de Deus. E expressa esse medo mediante o ateísmo, que é a esperança de que Deus não está mais lá, ou nunca esteve; e o materialismo, por meio do qual o homem se esconde nas coisas materiais desta vida, na esperança de que Deus vá embora ou jamais se interesse por ele!
Religião é a expressão última daquele mesmo medo. Ela apresenta Deus como estando zangado com a humanidade e procura meios de apaziguá-lo e ganhar sua atenção. Todas as religiões do mundo são o resultado das especulações do homem decaído, cuja mente pecaminosa procura o significado da vida, suas origens e objetivos, o caráter da divindade e que é que se deve fazer para tornar-se aceitável perante Deus.
Todas as religiões do mundo, em suas bases, são iguais: enxergam um Deus distante, nem um pouco amigo, e severo distribuidor de leis pelas quais se pode aproximar dele. Tais leis são confiadas à elite dos religiosos, usualmente sob a forma de livro, e essa elite interpreta as leis para os adoradores. Todas as religiões, onde quer que as encontremos, resumem-se no homem estirando o braço, erguendo-o para encontrar um meio de agradar a Deus, de Quem sente tanto medo.
Os gregos definiam o amor humano com a palavra eros que, em português, expressa a idéia: “desejo para mim mesmo o mais elevado, o melhor e o mais belo.”
Eros é o útero onde se concebem todas as tentativas do homem para alcançar Deus. Todas as regras e rituais que, conforme acredita o homem, agradam a Deus, iniciam-se em eros. Nele está também o alicerce da crença humana concernente à natureza de Deus.
Eros é a emoção mais elevada e mais bela do homem, que almeja apenas o melhor, que o conduz sempre para cima e para longe dos padrões mais baixos, na direção dos mais sublimes. É muito natural, pois, que a mente do homem caído defina Deus afirmando que “Ele é eros em última instância”.
Basta, pois, apenas um passo mais para afirmar-se que Deus quer que as pessoas mais belas, o melhor da humanidade, as pessoas que alcançaram e conseguiram o mais elevado plano possível de vida a quem um ser humano possa atingir.
Religião é escada que garante a aceitação da parte de Deus, da pessoa que galgou o degrau máximo. A religião reivindica ser a revelação do caminho montanha acima, até as estonteantes alturas da perfeição e da familiaridade com a divindade perfeita.
Embutido nas entranhas desse sistema teológico está o orgulho. Quem se dispõe a galgar a escada acredita que tem o único sistema de regras que finalmetne agrada a Deus e, por isso, considera os outros como tendo menos valor do que o dele próprio. Acha, além disso, que é seu dever destruir todos quantos não acatam tais leis e não desejam recebê-las de suas mãos.
Eros constitui a base de todas as guerras religiosas, quer se tenham travado em campos de batalha, quer nos anfiteatros da teologia. Eros sempre traça círculos ao seu redor, excluindo todos quantos não se obrigaram a guardar e observar as leis reveladas.
A conduta religiosa dos fariseus era a pior de todas, devido a sua sutileza. Em suas origens, o movimento farisaico edificava-se sobre a Palavra de Deus, de modo que, considerando-se seus objetivos, torna-se difícil incriminar o sistema farisaico.
Fariseu era a pessoa que se havia dedicado a observar minuciosamente a lei de Moisés, chamada Torá (os primeiros cinco livros da Bíblia) na língua hebraica. O juramento dedicatório era denominado “tomar o jugo da Torá”. A partir desse dia, consideravam-se separados para Deus, Sua lei e para uns com os outros. Formavam círculo bem fechado, dentro do qual só eram bem-vindos os devotos, círculo que os separava do mundo de pecadores lá fora.
Na realidade, as exigências da lei eram simples: amor a Deus e ao próximo. Mas a religião sente-se perturbada pela simplicidade. Em vez de perguntar como é que a lei de Deus deveria ser observada, eles perguntavam: “Como é que vamos deixar de quebrá-la?” A partir desta pergunta, todas as formas de debates e questionamentos foram surgindo, finalizando nas determinações legalísticas dos fariseus que objetivavam evitar que a pessoa sequer se aproximasse do ponto em que poderia quebrar a lei de Deus.
Estas leis feitas pelo homem eram denominadas “leis da cerca”, a saber, leis que circundavam a lei de Deus, tentando evitar que o devoto corresse o risco de quebrá-la. Nunca perceberam que se se apegassem ao amor, teriam guardado toda a lei e mais ainda. Em vez disso, enterraram-se num pantanal de preceitos sem fim e sem sentido.
As “leis da cerca” procuravam circundar todas as áreas da vida. Havia leis sobre como a pessoa devia vestir-se, sobre o que podia comer ou beber, os lugares onde podia ir ou não, o que podia fazer, as pessoas com quem se podia relacionar e, mais importante do que tudo, o que não podia fazer no sábado, e outras centenas de pequenos rituais que precisvam ser observados quando a pessoa ia comer, orar ou jejuar.
Até mesmo o israelita secular era constantemente lembrado pelos fariseus quanto aos preceitos da lei, e sentia freqüentes beliscões de consciência culpada por não estar vivendo à altura dos padrões de santidade que os intérpretes legais haviam declarado ser a verdade final.
O mal do sistema não estava naquilo que a lei proibia ou ordenava (embora a maior parte do sistema fosse exercício tolo de futilidade), mas na raiz de eros. A guarda das regras pelos fariseus seria aceitável por Deus; o nível de sua obediência à lei seria indicação de onde ficavam na escada que galgavam com tanto esforço, na direção de Deus. Entretanto, não obstante a retidão dos objetivos, Deus não pode ser alcançado mediante a observância de mandamentos e pelo desempenho de rituais.
Foi contra esta forma de religião que Jesus proferiu Suas palavras mais duras. Quando viu o que esse sistema doutrinário estava fazendo às pessoas, Ele se moveu de compaixão:

E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas
que não têm pastor.
(Mt 9.36)

A essas ovelhas, cansadas e exaustas devido aos constantes jugos pesados colocados sobre elas pela religião, disse Jesus:

Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e
aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.
(Mt 11.28-30)

A palavra “cansado” significa: “exausto, ter trabalhado até que não resta força alguma”. Hoje, no contexto em que Jesus estava falando, poderíamos traduzir o texto assim: “Queimados espiritualmente, esgotados de toda força espiritual, exaustos na tentativa de agradar a Deus”. Aquelas pessoas estavam sobrecarregadas, esmagadas pelo peso de todas as leis e preceitos que a religião jogara em cima delas. Jesus convidou as pessoas a virem a Ele e, ao agir assim, atirou a luva desafiadora no rosto da religião.
Ele usou esta expressão: “Tomai sobre vós o Meu jugo” (v. 29), frase que descrevia o juramento de fidelidade à religião com todos os seus preceitos.
Jesus estava afirmando que Ele próprio é a nova Torá, a nova Lei, não uma lista de mandamentos, mas uma Pessoa viva; e diz mais: que a aceitação do jugo de Cristo propicia descanso. A versão chamada Bíblia Ampliada diz o seguinte: “E encontrareis descanso – alívio, consolo, refrigério, recreação e abençoado sossego – para as vossas almas”.
A religião trouxe a queima espiritual. Jesus prometeu que vir a Ele resultaria em recreação, com um período de férias… vida em que a pessoa estaria gozando de contínuo refrigério e renovação em seu relacionamento com Ele.
Queimar-se espiritualmente é alternativa que só pode ocorrer quando há má compreensão fundamental do cerne do evangelho, ou quando a pessoa falha em aplicá-lo em sua vida e ministério. Um crente espiritualmente exausto está exibindo sintomas de um problema muito mais grave.

1 Noah Webster, Webster’s New 20th Century Dictionary of the English Language (Dicionário do Século 20 da Língua Inglesa, de Webster), segunda edição rev. (Nova York: Simon and Schuster, 1983).

 

(Extraído, com autorização da Editora Vida, de Esgotamento Espiritual, de Malcolm Smith, capítulo 2. © 1991, Editora Vida.)

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