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Perseverança T. Austin-Sparks

Capítulo 5: Jordão, uma mudança de posição

Leitura: Josué 3; 4.1-9.

Essas passagens que lemos a respeito da travessia do Jordão são uma perfeita apresentação do que o Senhor está nos falando nessa série de estudos. À medida que lemos, deve ficar bem claro para nós que esse ponto representou um momento muito crítico na história daquele povo: a travessia do Jordão representou a conclusão de um longo processo de preparação e o início de uma nova e maravilhosa fase em sua vida. Além disso, tomando como base o suporte abundante provido pelo Novo Testamento, vemos que esse momento foi uma representação da vida dos que são ou viriam a ser filhos de Deus em nosso tempo. O Novo Testamento retoma esse incidente na vida de Israel e declara que foi um tipo ou uma figura, tendo seu sentido espiritual verdadeiro e permanente atrelado ao cristão ou ao futuro cristão.

De modo que nós, que vivemos no tempo e na situação atuais, nos posicionamos exatamente nesta parte do livro de Josué. Ela se aplica a nós. Não estamos apenas lendo algo que ocorreu tantos séculos atrás, meramente como uma idéia a respeito de algo que aconteceu na vida dos filhos de Israel, quando eles saíram do deserto e entraram na terra de Canaã. Estamos lendo a partir dali até os dias de hoje. Estamos recapitulando aquele evento e afirmando: “Isso não aconteceu outrora, acontece agora; hoje as coisas são assim, ou pelo menos deveriam ser”. O maravilhoso é que aquele fato pode acontecer agora, neste exato momento, em nossa experiência. A ordem de Josué: “Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós” [Js 3.5], nos é possível agora, pode ser atualizada para nossos dias. Portanto, vamos meditar nisso, pois estamos atentos a tudo que consideramos nos capítulos anteriores: o pioneirismo do caminho celestial.

O objetivo em vista nessa transição

Em primeiro lugar, lembremos do objetivo, o objeto em vista nesta transição, na travessia do Jordão. Já recebemos a interpretação espiritual desse incidente. Ele indica uma ilustração da vida em ressurreição e em união celestial com Cristo. Esse é o objetivo para o qual Deus chamou Seu povo. É precisamente para isto que o Senhor nos chamou, por Sua graça: para uma união em ressurreição com Cristo, união com Cristo baseada na vida de ressurreição. E não apenas isso, mas também uma união com Cristo em Sua vida celestial, por meio do Espírito Santo: unidade com Ele como no céu, e tudo o que ele representa.

Esse é o objetivo, o mínimo irredutível da vontade de Deus para Seu povo. Se não entramos em uma união com o Senhor Jesus em ressurreição, não chegaremos à união alguma. Isso quer dizer que nada sabemos realmente do sentido e do valor prático de sermos “unidos ao Senhor”. Muitos sabem algo do que é estar em união com um Cristo vivo, mas talvez saibam muito pouco e não o suficiente a respeito da união celestial com Ele e todas as implicações disso. Até que cheguemos a essa experiência, não atingimos o objetivo da salvação, nem chegaremos a satisfazer Deus por ter-nos salvo. Devemos ver o que isso significa.

Transição

(a) Para a autoridade de Cristo

Tornando nosso objeto bem claro diante de nós, examinaremos mais de perto essa transição, que teve dois aspectos. Em primeiro lugar, ela representou uma transição da autoridade das trevas para a autoridade de Cristo. Até aquele ponto, essas pessoas ainda estavam debaixo a autoridade das trevas, apesar de terem deixado o Egito há muitos anos. O fato é que, embora tivesse decorrido um tempo considerável desde que saíram do Egito, o Egito acabava de sair delas. É possível que sejamos salvos do mundo de maneira exterior e ainda assim não termos sido salvos dele de maneira interior. O Egito preservou uma força dentro do povo durante os anos de deserto. Aquela geração constantemente se voltava para o Egito. “Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito” (Êx 16.3). “Oh, que tivéssemos ficado no Egito!” Vemos que o Egito ainda estava no interior deles exercendo um domínio; eles ainda sonhavam e imaginavam que encontrariam satisfação ali. Eles não haviam chegado completa e totalmente àquela emancipação que conduz a um estabelecimento claro, de uma vez por todas, de que não existe absolutamente nada mais naquele mundo; o apenas pensar que poderia haver é repugnante e odioso, representa desolação. Vemos que eles não tinham chegado a esse ponto. Isso acontece mesmo com os cristãos, quando, às vezes, debaixo de tensão e pressão, pensam que estariam melhor, que teriam um tempo mais fácil se voltassem para o mundo. Mas o Jordão resolveu isso. O que quer que tenha permanecido os espreitando por todos os anos do deserto acabou no Jordão. Essa autoridade, esse controle interior, foi finalmente quebrado no Jordão. Aquela foi uma transição total da autoridade das trevas para a autoridade de Cristo, tipologicamente falando.

Vou repetir mais uma vez algo que já disse muitas vezes:

É possível que tenhamos e conheçamos a Cristo como nosso Salvador sem conhecê-Lo como nosso Senhor.

Ou seja, podemos conhecê-Lo apenas como nossa fonte de salvação: como Salvador da condenação, do juízo vindouro, do inferno, e podemos até receber algumas bênçãos positivas desse Salvador resultantes dessa posição. Oh, mas existe ainda tanto conhecimento possível e real diante de nós! Temos um intervalo muito longo entre o êxodo e o eisodos [1], entre a saída e a entrada; existe um grande intervalo entre essas duas coisas. São tantos os cristãos que participam de uma convenção e aceitam Jesus Cristo como Senhor apesar de serem salvos há tanto tempo, para então descobrir que isso podia ter ocorrido há muito tempo, que o intervalo que se passou entre essas duas coisas foi longo demais. O Jordão nos fala de encontrar Cristo como Senhor, não só como nosso Salvador do julgamento e da morte – o Jordão representa tudo que envolve Seu senhorio. Enquanto Ele não for o Senhor, não começaremos a descobrir as riquezas insondáveis que Nele estão, como vemos nas riquezas da terra de Canaã.

(b) Para uma vida frutífera no Espírito

O Jordão também representou a transição da desolação e da esterilidade da natureza para a fecundidade da vida no Espírito. Aquelas pessoas viveram muito tempo em si mesmas; a vida do ego, a vida natural, havia se estabelecido. Vemos como seus interesses pessoais, considerações sobre vantagens ou desvantagens ocuparam muito espaço em sua perspectiva de vida. Se as coisas alinhadas ao propósito de Deus não fossem fáceis, mas contrariassem a natureza, então começavam as murmurações. Quando tudo corria bem, era natural o transbordar de alegria. Tudo isso se baseava na vida natural. Era natural se alegrar quando as coisas eram fáceis. Da mesma forma, era esperado resmungar porque as coisas estavam difíceis. Essa era a vida natural, e como o deserto foi árido para eles, um deserto exterior e interior. O Jordão daria fim a essa vida, representando uma transição daquela vida estéril e desolada na carne, na natureza, para uma vida no Espírito.

Aquele Homem que confrontou Josué como representante de Deus, era, acredito eu, ninguém menos que o Espírito Santo, o Espírito de Deus, o Capitão do exército do Senhor. Ele é aquele “Príncipe do exército do Senhor” (Js 5.14), como a Si mesmo se denominou. Quando o profeta usou estas palavras que tanto citamos ― “Não por força nem por violência, mas sim pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6) ―, o sentido literal seria: “Não por um exército […] mas pelo Meu Espírito”. Aqui está o Capitão do exército do Senhor, o Espírito, e a partir desse ponto Ele assumirá o comando, e como a situação será diferente! Será uma vida no Espírito. Sim, agora teremos fecundidade; não será uma vida sem escorregões e erros ― eles acontecem ―, mas será uma vida ajustada ao Espírito. Essa será uma vida de progresso, de expansão, de constante enriquecimento, uma vida de entrada na herança. “Todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3). Da esterilidade da natureza para a fecundidade da vida no Espírito: esse foi o significado da transição do Jordão.

O grande Pioneiro vai à frente

Chegamos, então, ao ponto central de tudo: o grande Pioneiro ― aqui registrado com letra maiúscula ―, o grande Pioneiro representado pela arca do Senhor de toda a terra. Mais uma vez reforço que essa não é uma interpretação imaginativa. O Novo Testamento garante, por meio de afirmação definida, que aquela arca era um tipo do Senhor Jesus. Não vamos parar nesse momento para provar isso nas Escrituras, mas é um fato. A arca tipifica Cristo. A grande transição estava prestes a ocorrer. Como isso aconteceria? “A arca da aliança do Senhor de toda a terra passa o Jordão diante de vós” (Js 3.11). “Haja, contudo, entre vós e ela, uma distância de dois mil côvados” (v. 4). Não podemos estimar exatamente essa medida porque temos três diferentes côvados registrados na Bíblia, e não sabemos qual deles foi usado em Josué (e, ainda que soubéssemos, não saberíamos sua medida exata); mas tomando por base a menor medida do côvado para estimar a distância entre a arca e o povo sabemos que era maior, muito superior a trezentos metros.

Por que essa distância? “Mantenha essa distância; não se aproxime; preserve aquele espaço poderoso entre você e a arca”; ou poderíamos dizer: “Entre você e Ele”? Por que esse grande espaço?

(a) A grandeza de Cristo em Sua morte

Isso não nos fala, em primeiro lugar, da grandeza de Cristo em Sua morte? Pois está escrito, como explicação entre parênteses: “Porque o Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da ceifa” (v. 15), e aquele foi o momento da travessia. “O Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras” em uma grande inundação que se espalhava em todas as direções além de seu canal, e sabemos muito bem que isso fala das águas da morte e do julgamento. Fala da Cruz do Senhor Jesus. O Senhor permanece bem ali, no dilúvio, na inundação avassaladora do poder da morte. Ele permanece ali, bem no centro dela, em toda a sua profundidade, comprimento e largura; tragando tudo.

Quão grande é Cristo na morte! A morte não é pouca coisa: é uma inundação poderosa e avassaladora. O Senhor sondou e mediu suas profundezas e, ao morrer, destruiu a morte. Ali Ele está. Ele permanece na própria morte. A morte perdeu seu poder, a morte foi afastada, a morte foi proibida de prosseguir. Essa descrição é maravilhosa. Enquanto de um lado vemos a poderosa parede de água erguida, do outro lado, descendo para o Mar Morto, tudo o que falava de morte havia secado. Quão grande é Cristo na morte! Incomparável! Ele permanece sozinho ali. Ninguém mais poderia fazer isso.

(b) A exclusividade de Cristo em Sua morte

Vemos ali também a exclusividade de Cristo. Não apenas a grandeza, mas também a exclusividade de Cristo na morte. “Não havia ninguém mais que fosse bom o suficiente”. Oh, que blasfêmia comparar a morte, por mais heróica que seja, de um soldado que dá a vida pela pátria, com a morte de Jesus! Não. Qualquer heroísmo que possa existir ― e pode haver muito a ser honrado, valorizado e apreciado ―, por maior que seja o heroísmo e o sacrifício dos homens, “não chega nem perto” de dois mil côvados do sacrifício do Senhor. Existe um espaço ali. Deus estabeleceu essa distância e disse:

“Isso é inviolável: Ele está à parte, nada pode se aproximar desta poderosa obra de Jesus Cristo. Ninguém mais o fez e ninguém poderá fazê-lo; isso deve ser feito só por Ele.”

(c) A solidão de Cristo em Sua morte

Sozinho. Veja a solidão daquela figura ― esquecendo por um momento dos levitas que carregavam a arca nos ombros, pois a descrição tem como foco destacar a arca, não eles ―; vamos contemplá-la de longe, como aconteceu ali. O espaço era grande. Naquela distância considerável de trezentos metros seria como contemplar um pequeno objeto sozinho, um pequeno objeto solitário ali. Quão sozinho o Senhor esteve em Sua morte! “Todos os discípulos, deixando-O, fugiram” (Mt 26.56). Ele disse: “Vós […] me deixareis só” (Jo 16.32), e eles de fato o fizeram. E, então, a dor mais profunda de todas: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mt 27.46). Sua solidão na morte é retratada por aquela arca. Contemple-O: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Por que essa solidão? Bem, “não havia ninguém mais que fosse bom o suficiente para pagar o preço do pecado”. Não havia ninguém comparável em excelência e grandeza, que fosse capaz de suportar o pecado do mundo. Ele foi o único apto a fazer isso, e isso O estabeleceu nessa extrema solidão. Quem suportaria saber, em plena consciência, o que é ser totalmente abandonado por Deus? Graças a Deus, nunca precisaremos saber disso. Não nos é necessário ter a consciência de que Deus nos abandonou, nem por um momento. Na verdade, não seríamos capazes de sobreviver a isso. Mas o Senhor o experimentou. Foi necessário que Ele, o Filho de Deus, passasse por isso. Esse foi o preço que Ele pagou como o Pioneiro ― o Pioneiro da nossa salvação, o Pioneiro da nossa herança, o Pioneiro da nossa possessão de tudo aquilo para o que Deus nos chamou pela união com Ele. O Pioneiro precisou pagar o preço dessa solidão definitiva e absoluta. Isso não reflete algo do suspiro, do brado, de Isaías 53? Sim, Ele foi o único naquela posição, ferido por nossas transgressões, ferido de Deus e oprimido, entregando a alma feita por Deus como oferta pelo pecado; mas Ele “verá Sua posteridade, prolongará Seus dias” [v. 10], e dessa solidão surgirão, em uma multidão poderosa, os filhos de Sua orfandade (49.20).

Identificação com Cristo pela fé e pelo testemunho

A próxima coisa, e a palavra final para o momento, é a identificação com Ele pela fé e pelo testemunho. Não, não podemos entrar nisso verdadeira e literalmente. Graças a Deus, isso não é necessário. Quero dizer que não somos chamados a passar por tudo o que Ele passou, mas somos chamados a assumir uma posição de fé, atestando isso de uma forma muito prática. Não seria apenas entrar e tomar tudo como nosso, mas reconhecer que só é nosso por causa Dele, só é nosso Nele. Existe uma identificação de vida com Ele.

Essa identificação pela fé e pelo testemunho é vista no mandamento de Deus quanto ao que devia ser feito. Pedras deveriam ser tiradas do leito do Jordão, daquele lugar onde tudo havia sido conquistado pelo grande Pioneiro da redenção e ― observe ― por doze homens, “de cada tribo um homem” (Js 4.2). Com efeito, cada homem de cada tribo está representado ali, tornando isso uma questão pessoal para cada um. “Cada um levante uma pedra” [v. 5]. Tudo deveria ser pessoal: um testemunho pessoal, uma apropriação pessoal de tudo aquilo, algo a ser tomando sobre os ombros, posicionando-nos debaixo de tudo o que isso significa: nosso compromisso com o Senhor Jesus, com Sua morte, com o fato de que Nele morremos; nosso compromisso com Seu sepultamento. “Fomos sepultados com Ele” (Rm 6.4). Então, temos nosso compromisso com Sua ressurreição. As pedras do Jordão significam nossa união com Ele na morte e no sepultamento; as pedras tiradas do Jordão e tomadas como memorial do outro lado representam nossa união com Ele na ressurreição.

Mas deve haver uma transação prática, pessoal e individual. “Cada um levante uma pedra.” Você tomou a pedra nos ombros, de forma pessoal? Você já fez isso de modo definitivo? Sabemos como o apóstolo Paulo diz que o testemunho é prestado (isso nos é muito familiar). “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.4). Temos essa história de forma clara e simples. Sim, pelo batismo declaramos que tomamos a pedra sobre os ombros, assumimos essa responsabilidade, estamos definitivamente comprometidos com tudo isso.

Deixe-me repetir: não fomos salvos apenas do julgamento, da morte e do inferno, não fomos salvos apenas de, mas para tudo aquilo que está no coração de Deus. As coisas não se relacionam mais com aquilo que vamos obter, como isso vai nos afetar; essa é a velha tirania; nossas circunstâncias não são mais pessoais. Agora o que importa é o que o Senhor deseja, o que O satisfaz e glorifica. Essa é a paixão de um coração verdadeiramente comprometido; e, quando Ele nos ajudar nesse sentido, nos transportando acima da cerca do interesse próprio, dos interesses mundanos, do governo carnal, para uma terra onde tudo está relacionado ao Senhor e ao que Ele deseja, teremos encontrado a terra que mana leite e mel, nós teremos encontrado as riquezas de Cristo, nós estaremos debaixo de um céu aberto. Grande parte de nossa vida e obra cristã é egoísta. Enquanto não formos tirados da esfera do ego e tenhamos sido movidos para o Senhor, de forma plena e completa, nada saberemos a respeito da vida celestial e sua plenitude espiritual. É isso que está representado aqui.

Que o Senhor nos encontre a todos fazendo esta grande transição, esta declaração: “Cada um levante uma pedra”. Que o Jordão, com tudo o que ele representa, repouse sobre nossos ombros.


[1] A palavra grega eisodos representa uma entrada, ao contrário de êxodos, que significa “saída”. A palavra é usada em Hb 10.19; 2Pd 1.11; 1Ts 1.9; 2.1.

Para ler o capítulo 1, clique aqui; capítulo 2, aqui; capítulo 3, aqui; capítulo 4, aqui.

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Samuel Rutherford Sofrimento Testemunho

Cartas de Samuel Rutherford (8)

Para William Livingstone [1]

Aberdeen, 13 de março de 1637

Conselho a um jovem

Eu me regozijo ao ouvir que Cristo afugentou tuas paixões da mocidade, e que estás, desde cedo pela manhã, alinhado com tal Senhor; pois um jovem é freqüentemente uma casa pronta para a morada do diabo. Sê humilde e grato pela graça, e julga, não tanto pelo peso, como pela verdade. Cristo não jogará água em tua brasa fumegante; Ele nunca apagará uma vela que foi acesa pelo Sol da Justiça.

Eu te recomendo oração e vigília com respeito aos pecados da juventude, pois sei que cartas escritas detêm-se entre o diabo e o sangue jovem. Satanás tem um amigo que corteja o coração do jovem; e ali o orgulho, a luxúria, o desejo carnal, a vingança e o esquecer-se de Deus estão empregados como seus agentes. Feliz será a tua alma se Cristo guarnecer a casa, e Ele próprio ficar com as chaves, e tudo comandar (totalmente, como Ele desejar governar tudo onde quer que Ele esteja). Guarda e recebe bem a Cristo; sopra tua brasa e deixa-O tutelar-te.

Agora, quanto a mim, sabe que estou em total acordo com meu Senhor. Cristo pôs o Pai e a mim nos braços um do outro. Muitos doces tratos Ele já fez, e tem feito a este como outro entre os demais. Eu reino, como rei, sobre minhas cruzes; eu não vou encorajar uma tentação nem dar ao diabo uma boa palavra; eu desafio os portões de ferro do inferno. Deus não levou em conta minhas brigas com Ele quando cheguei aqui, e agora Ele ceia e festeja comigo. Louva, louva comigo, e vamos juntos exaltar o Seu nome.


[1] William Livingstone, provavelmente um paroquiano de Anwoth.

 

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (304)

[Paulo nos ensina] que devemos obedecer a Deus mais do que às pessoas e que, quando tivermos certeza de qual é a vontade Dele, não podemos demorar ou desistir de forma alguma. Aquele que segue essas regras fica livre de muita ansiedade e preocupacão.

(Rudolph Gwalther)

Lembremo-nos sempre do Senhor Jesus Cristo morrendo por nós na cruz do Calvário!

(Francisco Nunes)

Ser temente significa viver sempre com a consciência da presença de Deus; andar com Ele […] de modo que pensamentos e atos sejam pensados e realizados diante Dele, e ordenados de modo a estar em sintonia com Seu caráter.

(Stopford Augustus Brooke)

De acordo com as Escrituras, o problema do homem por natureza não é que ele seja incompleto, mas que está morto.

(Martyn Lloyd-Jones)

Deus não tem presente mais precioso para uma igreja ou época do que um homem que vive como uma personificação de Sua vontade, e inspira aqueles ao redor com fé naquilo que a graça pode fazer.

Andrew Murray

Ora para que o Espírito Santo faça de ti não somente um jovem crente e santo, mas para que te dê também sabedoria em teus estudos. Às vezes, um raio da luz divina que penetra a alma pode dar suficiente luz para aclarar maravilhosamente um problema de matemática. O sorriso de Deus acalma o espírito e a destra de Jesus levanta a cabeça do descaído, enquanto Seu Santo Espírito aviva os efeitos, de modo que mesmo os estudos naturais vão um milhão de vezes melhor e mais facilmente.

(Robert Murray McCheyne)

O melhor conselho que eu posso te dar: olha para Jesus, observando Sua beleza na Palavra escrita.

(John Newton)

Não vos espanteis,
nem os temais.
O Senhor, vosso Deus,
que vai adiante de vós,
Ele pelejará por vós. […]
O Senhor, vosso Deus, […]
vos levou,
como um homem leva
seu filho.

(Dt 1.29-31)

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Doze pérolas

Doze pérolas (4)


Sete “bem-aventurados” em Apocalipse

Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.

(1.3)

E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem.

(14.13)

Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas.

(16.15)

E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.

(19.9)

Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele mil anos.

(20.6)

Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.

(22.7)

Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.

(22.14)


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Amor a Deus David Wilkerson

Consumido por Cristo

“Se alguém vier a Mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo” (Lc 14.26).

A palavra grega traduzida para “aborrecer” significa “amar menos em comparação a”. Jesus está nos chamando para ter um amor por Ele que é tão totalmente inclusivo, fervoroso e absoluto que todas as nossas afeições terrenas não podem chegar perto disso. Se nós tivéssemos esse inflamado, todo-consumidor, intenso e jubiloso amor por Cristo, não precisaríamos de esboços, diagramas e instruções nos dizendo como orar; nós oraríamos porque nosso coração estaria queimando de amor por Ele. Nós não ficaríamos entediados tentando preencher uma hora orando ambiguamente por necessidades de todo o mundo; Cristo seria o objeto de nossas orações, e nosso tempo de oração seria precioso. Nós gastaríamos horas atrás de portas fechadas, expressando a transbordante admiração e o doce amor que flui de nosso coração por Ele. Ler Sua Palavra jamais seria um fardo; nós não precisaríamos de fórmulas de como terminar a Bíblia em um ano.

Sabemos o que é buscá-Lo apenas porque somos gratos por Ele nos amar tão completamente?

Se nós amássemos a Jesus apaixonadamente, seríamos magneticamente atraídos a Sua Palavra a fim de aprender mais sobre Ele. E nós não nos atolaríamos com genealogias intermináveis e especulações sobre o fim dos tempos. Nós quereríamos somente conhecê-Lo melhor, ver mais de Sua beleza e glória para que pudéssemos nos tornar mais parecidos com Ele. Pense sobre isto: nós sabemos o que é semelhante a estar em Sua doce presença e não pedir nada? Buscá-Lo apenas porque somos gratos por Ele nos amar tão completamente? Nós temos nos tornado egoístas e egocêntricos em nossas orações: “Dá-nos, encontra-nos, ajuda-nos, abençoa-nos, usa-nos, protege-nos”. Tudo isso pode ser bíblico, mas o foco permanece em nós. Nós vamos até Sua Palavra buscando respostas para os nossos problemas, buscando orientação e conforto, e isso também é correto e recomendável.

Mas onde está a alma motivada pelo amor de quem busca as Escrituras diligentemente, de quem quer apenas descobrir mais e mais sobre seu amado Senhor?

(Publicado originalmente em 5.1.17; revisado e republicado em 11.4.21)

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Perseverança T. Austin-Sparks

Capítulo 4: Moisés

Leitura: Hebreus 11.24-27, 13, 16.

Deus tem um grande desejo: ter aquilo que poderia ser chamado de “um povo desfrutando do Seu melhor”. Enquanto Ele não tiver esse povo, nunca estará plenamente satisfeito. Pode haver aqueles que aceitarão Seu “segundo melhor” – pois Ele certamente permite um segundo melhor –, mas apenas um povo voltado para o Seu melhor vai verdadeiramente satisfazer Seu coração. Mas, como o processo para obter o Seu melhor é repleto de conflito, custo e disciplina, e tudo isso é absolutamente contrário ao curso da natureza, nem todos – na verdade, apenas uns poucos – continuarão com Ele na busca de Seu melhor. Esse princípio é visto ao longo das Escrituras, e existem algumas ilustrações notáveis dele. Elas são encontradas em todas as dispensações.

Não devemos dizer que a geração que pereceu no deserto, e que fora tirada do Egito pela virtude do precioso sangue e pela fé inicial – pois “pela fé passaram o Mar Vermelho” (Hb 11.29) – representa a perda absoluta e final da salvação. No entanto, fica muito claro que aquela geração perdeu aquilo que Deus intencionava para ela, e foi uma perda grande e dolorosa, sempre apresentada nas Escrituras como um exemplo de tragédia, fracasso e decepção. Não devemos dizer que a maior parte daqueles que foram para o exílio na Babilônia, na Caldéia, e nunca mais retornaram, perderam eternamente a salvação de Deus. Mas sabemos que a minoria voltou e, ao fazer isso, cumpriu o verdadeiro propósito de Deus. Esses são apresentados como aqueles de quem particularmente Deus não se envergonha. Em certo sentido Deus se envergonha dos demais, tanto no deserto como na Babilônia. Isso acontece em todas as dispensações. O chamado continua soando, inclusive aqui, para que o povo de Deus não se satisfaça com uma segunda opção que não seja o melhor de Deus.

Mas, como já dissemos, isso não é apenas um chamado para uma realização. Esse é um chamado para o pioneirismo em favor de outros, pois muitos do povo do Senhor não conhecem o caminho celestial. Eles estranhamente não conhecem o caminho celestial, apesar de serem nascidos do alto. Essa é uma verdade, ainda que não apresentaremos todas as provas dela. Talvez muitos de nós tenham tido essa atitude por um período da vida cristã. Tudo era essencialmente terreno. Nossas atividades eram relacionadas à terra, de uma maneira cristã. Então, chegou um momento de crise, quando entendemos o sentido de um céu aberto e fomos elevados a um nível inteiramente novo de vida espiritual; a partir daí começamos a aprender as coisas celestiais de uma nova maneira. Tudo isso são fatos, e o movimento de todos aqueles que são chamados por Deus para trilhar esse caminho celestial não envolve apenas sua própria medida espiritual, mas essas pessoas são chamadas a abrir caminho para aqueles que não o conhecem, até mesmo entre o povo do Senhor. Isso não significa que devem pregar sobre um caminho celestial ou possuir uma interpretação especial das Escrituras, alguma doutrina ou fraseologia. Significa que eles são chamados a viver pelo benefício desse chamado, viver de acordo com ele, e, por meio daquilo que eles sabem e experimentam, são capazes de ajudar os outros a se elevarem dos níveis mais baixos da vida espiritual.

Portanto, vamos examinar novamente a questão do pioneirismo no caminho celestial, centrando nossos pensamentos em outro grande pioneiro: Moisés. Existem, é claro, muitos outros aspectos de sua vida além do pioneirismo, mas acredito que este aspecto realmente é o que torna Moisés significativo: o fato de que ele foi o pioneiro de um caminho celestial.

Se olharmos para a vida de Moisés a partir de um ponto de vista terreno, vemos muito desapontamento, fracasso e tragédia, pois, apesar de ter palmilhado o caminho celestial e aprendido muito dele por oitenta anos – que foram oitenta longos, difíceis e escrutinadores anos de disciplina e sofrimento –, nem ele nem o povo que ele tirou do Egito entraram na terra. Isso nos soa como decepção, na verdade, como tragédia. Jamais poderei ler aquele registro de Moisés implorando a Deus para deixá-lo entrar em Canaã, e a recusa absoluta, final e conclusiva de Deus, sem ser profundamente tocado. É algo comovente.

Dessas pessoas que foram constituídas numa nação pelas mãos de Moisés, e que instrumentalmente deviam a ele sua existência como nação, vemos que além do fato daquela primeira geração não ter entrado na terra e na herança, toda a história da nação desde então se tornou uma tragédia. Houve momentos e períodos brilhantes nessa história; houve tempos de glória, mas, olhando o todo até nossos dias, lembrando o quanto falam sobre Moisés, o que atribuem a Moisés e o quanto sempre apelam para Moisés, essa tem sido uma história muito decepcionante. Reitero que, sob certos pontos de vista, a vida de Moisés indica muito do que podemos considerar fracasso, decepção e tragédia. Mas, por outro lado, quando observamos o próprio fato da vida de Moisés e a natureza de sua conclusão, o fato da geração que pereceu no deserto, o fato dessa nação ter fracassado e desapontado ao longo das eras, vemos que esse é o argumento mais conclusivo para outro aspecto, qual seja: a verdade Divina do que é celestial. É claramente enfatizado que, se tudo se resumir nas coisas daqui de baixo, então é muito pobre. Deve haver algum outro caminho, alguma outra sequência para isso, aquilo não pode ser tudo. Não; existe outro ponto de vista: o ponto de vista celestial, onde o tudo é interpretado e governado pelo céu.

Bem, vamos olhar para Moisés: em primeiro lugar para ele e seu treinamento e, em segundo lugar, para Israel debaixo de sua liderança.

1. O treinamento de Moisés

(a) Captura soberana

Começaremos com a pessoa e o treinamento de Moisés, não com seu nascimento. Vamos iniciar a partir de onde lemos sobre ele na Epístola aos Hebreus: quando estava no Egito. Nesse ponto, encontramo-nos novamente diante de algo que já mencionamos nessas meditações: aquele senso inato de destino. Não poderemos fugir disso. Quando tratamos do pleno propósito de Deus e tudo que envolve a obra, o serviço, o ministério e o pioneirismo relacionados a ela, este sempre será o ponto inicial, isto sempre estará ali: esse sentimento profundo da soberana captura Divina para algo.

Aqui está este homem no Egito, cercado por tudo o que o Egito oferece. Os estudantes de história sabem que a glória e o encanto do Egito não eram pouca coisa nos dias de Moisés. Ele estava cercado por tudo isso. O escritor de Hebreus aqui fala dos “tesouros do Egito”. Seus prazeres, suas amenidades, sua erudição, sua educação: todos os seus privilégios, inclusive a casa do rei – tudo estava ao comando e à disposição de Moisés. Ele era “instruído em toda a ciência dos egípcios” (At 7.22) e tinha todos os “tesouros” do Egito nas mãos. Isso não era pouca coisa. Você diria que isso era algum sem qualquer valor para ser desprezado? Isso era o poderoso “tudo” deste mundo – mas aquele senso de destino o transformou em nada. Embora Moisés pudesse desfrutar de tudo, tanto quanto podia, havia uma sombra constante sobre esse prazer, algo dentro dele o impedia de ficar plenamente satisfeito com aquilo. Havia uma inquieta sensação de descontentamento e insatisfação em Moisés, o que de fato era uma ação da relutância de Deus de se satisfazer com qualquer coisa aquém de Seu pleno propósito. Moisés talvez não conseguisse explicar ou definir esse estranho anseio, mas aquilo o fez saber que o “tudo” do Egito não era de forma alguma o tudo de Deus, e que o Egito nunca poderia responder a esse chamado e o levar para cima e além.

Isso não é exagero, não são apenas palavras. Isso está nas Escrituras, e isso é bastante comprovável. Pois aqueles que são chamados para o caminho do pleno propósito de Deus, Seu mais elevado e Seu melhor, serão assim também. Não importa se temos popularidade, posição no mundo, sucesso, meios e recursos – tudo ao nosso alcance: se formos verdadeiramente chamados de acordo com Seu propósito, estaremos desassossegados em meio a isso tudo, insatisfeitos, e teremos a sensação: “Afinal, tudo isso vale a pena? Existe algo mais além disso.” Provem seu coração com isso. Isso não é ficção, é um fato.

Pode ser que esse fato esteja oculto hoje enquanto você lê essas palavras. Você poderia obter muita coisa neste mundo se desejasse se empenhar para alcançá-las. Você poderia ter um caminho no mundo, em seus prazeres e outras coisas, se realmente quisesse. Sim, e talvez você pudesse obter aceitação e posição até mesmo no mundo religioso, mas isso se tornou secundário para você. Há algo em você – que talvez não possa definir, nem mesmo descrever o que é –, mas você sabe que existe algo, e, a menos que descubra o que é e consiga obtê-lo, sua vida será uma decepção, tudo não passará de escárnio. Se isso for verdade em seu caso, é uma grande esperança, algo maravilhoso: o sentido do céu desceu e capturou você. É claro que, se você não tiver essa percepção, ficará satisfeito com todo tipo de coisas inferiores a isso, e estará correndo atrás delas. Mas, observe, se você conseguir viver assim, essa é uma acusação terrível, pois significa que de alguma forma, no que diz respeito a você, aquela poderosa captura celestial fracassou.

(b) Uma crise

Assim, algo começou a tocar interiormente Moisés, e essa coisa interior levou-o a uma crise definitiva, a crise entre o terreno e o celestial. O Senhor tem maneiras maravilhosas de produzir essa crise. Ela nem sempre é produzida e precipitada por algum êxtase – se é isso que você busca –, pela glória de uma grande luz e visão, pelo arrebatamento da alma, por alguma experiência celestial tremendamente maravilhosa. Nem sempre essa crise acontece assim. Não foi dessa forma que aconteceu com Moisés, nem com outros. Como ela ocorreu, então? Um dia, ele saiu e viu um egípcio maltratando um hebreu; então, esse senso de destino se apoderou dele e o governou, e, como se deduz, ele era fisicamente forte, ali mesmo atacou o egípcio e o matou. Essa foi a crise que precipitou tudo. Às vezes, apenas acordamos para o celestial ou somos colocados face a face com essa esfera devido a uma contravenção ou uma falha terrível; pois, quase imediatamente depois disso, a permanência de Moisés no reino do Egito se tornou insustentável, e ele precisou partir.

Mas o que havia dentro dessa crise, qual era seu sentido, por que Deus permitiu que ela acontecesse? Moisés poderia ter dito: “Por que o Senhor me permitiu fazer isso? Por que o Senhor, que me conhecia de antemão e, em Sua própria presciência, me chamou para Seu grande serviço me deixou fazer essa bagunça? Por que Ele permitiu que eu me envolvesse em algo como um assassinato, para ter minhas mãos manchadas por um crime? Eu, que fui chamado para ser o emancipador do povo de Deus! Por que o Senhor permitiu isso?” A resposta teria sido: “Não é assim que o céu faz as coisas, Moisés. Essa é a maneira do mundo, é o modo da carne fazer as coisas. Não é a maneira como o céu faz as coisas. Você, Moisés, nunca pode trazer um povo celestial a um lugar celestial por meio de métodos e meios terrenos. Aprenda isso de uma vez por todas. Essa pode parecer uma maneira terrível de lidar com a situação, mas ela aí está, de forma clara e simples. Esse povo, que você foi escolhido para liderar pela presciência, por um ato soberano de Deus e por meio desse senso de destino em você, esse povo foi escolhido para ser um povo celestial. Como você pode conduzi-lo para um nível de vida celestial se esse não for seu nível de vida?” Voltaremos a isso em um minuto. O céu irrompe e afirma enfaticamente: “Não, Moisés. Armas carnais para fins carnais, mas não armas carnais para fins espirituais; meios terrenais para fins terrenais, mas não meios terrenais para fins celestiais. O céu governa aqui, e que isso fique registrado assim.” Que lição de vida! Que fundamento!

Bem, você pode nunca ter cometido um assassino, mas não tenho dúvidas de que pelo menos alguns dos que lêem essas linhas aprenderam lições muito profundas dessa natureza: que você simplesmente não pode prosseguir com Deus neste nível, você não pode seguir em frente com Deus nesta linha, não pode servir a Deus em Seu propósito celestial desta forma: na força da carne. Isso é muito fiel ao princípio divino. O céu não aceitará nada desse tipo, mas demandará por sua própria vida e natureza. Essa foi a crise entre o celestial e o terrenal no treinamento de Moisés.

(c) Quarenta anos no deserto

Então, temos a próxima fase: a ida para o deserto, para um “deserto remoto” pelos próximos quarenta anos. Oh, certamente isso não tem lugar na economia de Deus! Sim, os desertos sempre representam e significam uma coisa, onde quer que você os encontre. Eles significam o esvaziamento pessoal. Pense sobre isso. Você não poderá ser uma pessoa muito importante, autossuficiente e autoconfiante em um deserto. Um deserto nos esvazia de tudo isso. Não é somente você que está no deserto: o deserto entra em você, tornando-o estéril, desolado, incapaz, inútil. Você não acha que em quarenta anos no deserto isso não foi injetado em Moisés? O que estava acontecendo?

Esse é o lado negativo do treinamento, representando o cancelamento do Egito e do mundo. O Egito apontava para autossuficiência, sempre foi o sinônimo de independência – e o Egito precisava ser tirado de Moisés. Ele precisou ser esvaziado do espírito e dos princípios do mundo. O Egito havia entrado em Moisés e agora estava sendo posto para fora, enquanto exatamente o contrário do Egito estava entrando. Esse lado que chamamos de negativo é uma parte integrante da escola do caminho celestial. Isso nos leva interior e espiritualmente ao lugar onde vemos de modo claro que em nós não habita bem algum, e que não seremos capazes de produzir e realizar nada. Esse é o deserto. Não entenda mal nem falhe em reconhecer isso. Isso é verdadeiro com relação à vida, à experiência e é alinhado aos princípios celestiais. É necessário que haja uma abertura de espaço em nós para o céu, pois não há lugar para o céu em nós por natureza.

(d) A difícil prova de emancipação

Então, temos o próximo passo depois disso: Moisés é trazido de volta ao Egito para a difícil prova da emancipação. Agora é o Senhor, não mais Moisés. Ou tudo vai ser o Senhor agora, ou nada acontecerá. Mas será o Senhor. “Agora verás o que hei de fazer” (Êx 6.1). Certo dia, Moisés disse: “Agora você verá o que eu farei”, e o egípcio sentiu o peso disso, e, no dia seguinte, o hebreu. Mas isso acabou, e o Senhor agora diz: “Agora verás o que hei de fazer”. “Eu vou agir, agora que você parou.” A posição é alterada, tudo agora se torna possível. Houve uma transição do negativo para o positivo. A grande e difícil prova da emancipação desse povo tem início.

O primeiro estágio relaciona-se com a vara e a mão. Vemos em Êxodo 4: “Que é isso na tua mão?” “Uma vara.” “Muito bem; por meio daquela vara as coisas serão realizadas.” “Põe agora a tua mão no teu seio” [vv. 2,6] “Retire-a” – branca e leprosa. “Torna a pôr a tua mão no teu seio”. “Retire” – limpa e íntegra.

A vara

O que a vara representa? Sabemos que a vara usada por Moisés se tornou a vara usada por Arão, aquela que brotou quando o sacerdócio foi posto à prova (Nm 17). Doze varas foram colocadas na tenda do testemunho durante a noite, representando as tribos. De manhã, havia onze varas mortas e uma viva – o emblema de um sacerdócio vivo. E não se esqueça: o sacerdócio se relaciona com o espiritual. Eles teriam de lidar com todos os deuses dos egípcios. Eles são impuros, corruptos, maus, comitiva do diabo. Se faz necessário o grande poder de um sacerdócio santo para lidar com essa situação impura. É a vara da palavra da Cruz. A palavra da Cruz é uma vara poderosa.

Qual é a questão relacionada a toda essa provação? É a afirmação do Senhor: “Os egípcios saberão que eu sou o Senhor” (Êx 7.5). Essa é a questão. Vamos então começar a aplicá-la de maneira prática por meio da palavra da Cruz, a palavra do sacerdócio vivo.

Aplique-o primeiro a toda a esfera da natureza, da criação. “Eu, o Senhor, as criei” (Is 45.8). O Senhor do Calvário é o Senhor da criação, e a primeira aplicação da palavra da Cruz ocorreu no Egito. Com um toque do Senhor da criação, o mundo dos seres vivos é trazido a julgamento. Eis a questão: “Eu sou o Senhor” [Êx 7.5].

A segunda aplicação é em relação aos céus – pois o Senhor fez os céus assim como fez a terra –, e os elementos são tocados por meio de Sua palavra. Se olhar para o Calvário, você verá ali todas essas características. Quando Ele, o grande Pioneiro do caminho celestial, foi à Cruz, toda a criação foi afetada. O céu e a terra estavam envolvidos. Houve um grande terremoto, e houve “trevas sobre toda a terra, até a hora nona” [Mt 27:45]. A criação e os próprios elementos sofreram o impacto Daquele que é a Palavra na Cruz. Isso aconteceu tipologicamente no Egito.

Então, em terceiro lugar, temos a aplicação para o inferno. Qual é a maior arma do inferno? A morte, “o último inimigo” (1Co 15.26). A morte não é nossa amiga, é o último inimigo, e a morte foi o último juízo do Egito. A fortaleza do inferno foi invadida, o poder da morte foi conquistado para a emancipação de um povo. Foi isso que Cristo fez na Cruz. Esta é a palavra da Cruz: o inferno foi invadido e a morte foi capturada para servir aos fins determinados por Deus, em vez de frustrá-los. No Egito, a palavra, por meio da vara, tocou o primogênito com a morte, e o inferno foi picado em seu âmago com seu próprio ferrão. Mas isso não é tudo. Aquela mesma vara guiou o povo para fora, executando a redenção do Egito através do Mar Vermelho. “E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar” (Êx 14.16). A palavra da Cruz é a palavra da vida triunfante sobre a morte. A morte é vencida, a vida e a incorrupção são trazidos à luz [2Tm 1.10]. Por meio da vara da palavra da Cruz, por meio dessa provação maravilhosa de emancipação, Moisés aprendeu uma coisa: que o céu governa.

O céu governa esta criação, o céu, o inferno. O céu também governa os reinos dos homens para a emancipação dos eleitos. Essa é a história da intervenção do céu.

Você se pergunta porque tudo foi gradual, não acontecendo de uma só vez. O efeito da vara foi apenas parcial no início, mas ganhou força e poder à medida que avançava.

Temos dois lados. Por um lado, existe o caráter progressivo dessa educação: ela é gradual. Não vamos ver e conhecer todo o poder do céu instantaneamente. Aprendemos um pouco de cada vez. É uma coisa gradual. Esse poder se manifesta até um ponto uma vez, vai um pouco além na próxima. Não é isso que estamos aprendendo? Aprendemos esta lição de maneiras simples: como o céu é maior do que a terra, do que o homem, a natureza, o inimigo. Estamos aprendendo cada vez mais, passo a passo, o significado dessa tremenda e infinita ascendência do céu.

Mas existe outro lado. Deus, progressivamente, está ampliando as forças contrárias, estendendo-as gradualmente. “Eu lhe endurecerei o coração”; “Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó”; “Eu endurecerei o coração de Faraó”; “o Senhor endureceu o coração de Faraó” [Êx 4.21; 7.3; 14.4;8]. Deus poderia tê-lo eliminado com um só golpe, mas Ele estendeu isso ao limite máximo. O poder deste mundo será ampliado em toda a sua extensão para encontrar o poder infinito do céu, e então, ao final de tudo, a superioridade do céu será muito clara.

Já dissemos isso tantas vezes, e é verdade. Embora não possamos compreender, ver ou calcular, a verdade é que “o poder que em nós opera” é “a sobre-excelente grandeza do Seu poder” (Ef 3.20; 1.19). Não sabemos, somos incapazes de mensurar a imensidão das forças que operam contra a salvação de uma alma, que se opõem ao propósito de Deus para Seu povo. Sabemos um pouco a respeito, e saberemos mais e mais à medida que avançarmos, mas quando a Palavra menciona “a sobre-excelente grandeza do Seu poder”, isso não é apenas um figura de linguagem, mas é uma tentativa, apenas uma tentativa, por meio da linguagem, dos superlativos, de tudo o que a linguagem humana pode fazer, de transmitir a realidade. “E qual a sobre-excelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos” (Ef 1.19,20). E essa palavra é direcionada a nós.

Temos algo extraordinário aqui. Temos a superioridade do céu sobre toda essa situação de trazer um povo para fora e conduzi-lo através. Estamos nessa escola. Moisés esteve nessa escola. Ele foi submetido a essa provação para que pudesse progressivamente, mas de forma bastante firme e definitiva, reconhecer que tudo o que está aqui no Egito, representado por faraó, será drenado até a última gota de sua vitalidade e morrerá. Moisés às vezes ficava apreensivo, voltava do desafio desapontado. Ele sentia: “Ainda não chegamos lá, ainda falta alguma coisa”. “Tudo bem”, dizia o Senhor; “nós teremos algo mais.” O Senhor estava educando Moisés, e este estava vendo mais e mais progressivamente. Você não acha que, se Deus fizesse tudo de uma vez, em um ato, perderíamos alguma coisa, tomaríamos as coisas como garantidas, não teriam tanto valor para nós, seriam apenas um milagre do passado? No entanto, ao longo de nossa vida, Deus está estendendo as forças opositoras que operam contra nós para provar que Suas forças são superiores. É uma longa escola, mas esse é o caminho do propósito celestial.

A mão

Agora vamos falar da mão. “Põe agora a tua mão no teu seio” [Êx 4.6]. Que mão? Aquela mão que havia assassinado o egípcio, manchada de sangue, a mão da força natural, da autossuficiência. Aquela mão representava o velho Moisés e seu fracasso, fracasso debaixo da energia e do impulso da própria vontade. “Ponha essa mão no teu seio. O que está ali, Moisés? Isso é aquilo que provém de você. Você acha que pode manejar a vara de Deus? Acha que com isso pode trazer a autoridade celestial? Oh não! Essa mão precisa ser limpa antes que você possa empunhar aquela vara. Esse seio precisa ser limpo, aquela mancha deve ser removida, toda aquela energia do ego e da autossuficiência deve ser eliminada. Moisés, aquela mão leprosa é aquilo que você é em si mesmo.”

Não é isso que estamos descobrindo? Como é nosso coração? Como nós somos? Exatamente assim. Quanto mais nos conhecemos e vemos a nós mesmos, mais clara é a semelhança com a lepra. Mas, bendito seja Deus, existe uma purificação.

Um ato Divino de purificação ocorreu em Moisés. Naquele instante, todo o significado da Cruz, da palavra da Cruz, entrou em vigor na vida de Moisés, em tipo, em figura. A partir daí é possível receber a palavra da Cruz, a palavra de autoridade, quando temos uma mão purificada, ou seja, um coração circuncidado, uma vida interior separada da força e da suficiência carnais. As coisas devem acontecer assim. Não teremos poder no reino dos deuses dos egípcios, aquelas forças espirituais que atuam neste mundo, não teremos nenhuma autoridade nessa esfera, nem mesmo temos esperança de dominar essa força a menos que algo tenha acontecido para nos libertar de nossa própria força, de nossa suficiência, de nosso próprio coração.

(2) Israel sob a liderança de Moisés

Depois entramos naquela fase, que é tão longa que mal ouso tratar dela agora, que foi Israel debaixo da liderança de Moisés. Foi uma prolongada controvérsia entre o celestial e o que é terrenal. Todos aqueles quarenta anos da nação no deserto se resumiram nisto: a controvérsia entre o celestial e o terrenal. Eles foram tornados um povo celestial para ter todos os seus recursos, apoio e socorro vindos do céu. Deveriam estar neste mundo, mas não pertencer a ele. Essa verdade é muito clara em um deserto: estar no mundo, sem pertencer a ele.

O propósito Divino era criar um lugar mais amplo para o céu. Ali naquele deserto havia muito espaço para o céu. Tudo que viesse do lado Divino precisaria ser celestial. O povo foi constituído segundo princípios celestiais. Moisés no monte estava assegurando aqueles princípios celestiais para a constituição da nação. Tudo estava sendo recebido do céu. De acordo com o padrão mostrado no monte, todo o relacionamento do povo de Israel com Deus no deserto, que era centralizado no tabernáculo, veio do céu. Tudo era celestial, nada havia sido deixado para o homem e seu próprio julgamento. Sua caminhada dia a dia dependia de meios celestiais: da coluna de nuvem e de fogo [cf. Êx 13.21]. Tudo era celestial. Que combate celestial: Moisés no cimo do outeiro, com as mãos levantadas, a batalha acontecendo no vale. O céu estava dirigindo essa guerra: um combate celestial [cf. Êx 17]. Tudo se resumia em aprender o significado do caminho celestial, em cada um de seus aspectos.

Mas eles falharam em aprender essas lições, desceram à terra, rejeitaram o celestial. Aquele caminho era muito árduo, era muito difícil para a carne, era muito incerto. Demandava tanta dependência, tornando o ego absolutamente incapaz. Eles não poderiam fazer nada por si mesmos – e nós desejamos muito ajudar a nós mesmos nessas condições. Tudo era tão celestial, apesar de ter sido muito real. Aqueles que conhecem alguma coisa a esse respeito bem sabem que as coisas celestiais são extremamente reais, muito mais reais do que as outras coisas. Mas eles não adotaram e repudiaram o caminho celestial, optando pelo terrenal, e todos pereceram, na terra, no deserto.

Josué e Calebe aprenderam todas aquelas lições da escola de Moisés e de Israel por si mesmos. Eles aprenderam as lições, compreenderam a verdade celestial e tomaram a próxima geração: uma geração celestial.

Bem, tudo isso pode ser considerado história, assim como tudo que está na Bíblia. No entanto, tenho certeza de que muitos de vocês estão lendo sua própria história. Consideramos esse princípio muito fiel à nossa experiência, àquilo que Deus está fazendo conosco: derrotando-nos, confundindo-nos, levando-nos a um fim, a um vazio e ao absoluto desamparo? Ainda assim, por meio de um grande poder que não sentimos, do qual não temos consciência, continuamos “sendo arrastados para a frente e para cima”. Essa é a história da sobrevivência de tantos, quando tudo parecia ter se perdido, quando falhamos, fomos quebrados, desapontamos o Senhor; e acreditamos não haver mais futuro diante de nós.

Mas existe um futuro. Nós continuamos em frente. Existe algo do além que nos sustenta o tempo todo, e talvez hoje nosso coração esteja mais voltado para o que é de Deus do que ocorria antes. E por que isso acontece? Não porque tivemos mais sucesso, nem porque somos menos cheios de fraquezas e falhas. Não; aprendemos a lição de nossa própria fraqueza. Sabemos hoje, melhor do que nunca, que “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18) – e hoje o Senhor tem uma influência ainda mais forte sobre nós. Como isso é possível? Esse é um mistério. Oh, graças a Deus isso é verdade! Agradeça a Deus por Sua graça soberana! Essas são as evidências de que Ele nos chamou com um grande chamado e que não ficará satisfeito até que nos conduza a Seu propósito final. Que sigamos em frente, custe o que custar.


Para ler o capítulo 1, clique aqui; capítulo 2, aqui; capítulo 3, aqui.

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Samuel Rutherford Sofrimento Testemunho

Cartas de Samuel Rutherford (7)

Para Robert Gordon (o Jovem) [1]

Aberdeen (sem data)

Razões para ser zeloso a respeito da alma

Eu te exorto, pelas entranhas de Cristo: começa a trabalhar por tua alma. E que estas coisas pesem em ti, e que tu as consideres seriamente.

  1. Choro e ranger de dentes nas trevas absolutas, ou o gozo do céu.
  2. Pensa no que darias por uma hora, quando jazeres deitado naquela dia morto, frio, de escuridão.
  3. Ainda há areia em tua ampulheta, e teu Sol ainda não se pôs.
  4. Considera tu quanta alegria e paz há no culto a Cristo.
  5. Pensa na vantagem de teres os anjos, o mundo, a vida e a morte, cruzes, sim, e demônios, tudo para ti, como ajudantes e servos do Rei para realizarem o que diz respeito a ti.
  6. Teres misericórdia sobre tua semente e uma bênção sobre tua casa.
  7. Teres verdadeira honra e um nome na terra que exala um doce aroma.
  8. Como te regozijarás quando Cristo deitar tua cabeça sob o Seu queixo e em Seu peito, e secar teu rosto, e introduzir-te na glória e na alegria.
  9. Imagina que dor e que tortura é ter uma consciência culpada; que escravidão é levar as cargas desonestas do diabo.
  10. A alegria do pecado não passa de sonhos, pensamentos, vapores, imaginações e sombras.
  11. Que dignidade é seres filho de Deus.
  12. Domínio e comando sobre as tentações, sobre o mundo e o pecado.
  13. Que teus inimigos sejam a cauda, e tu, a cabeça.

 

Para teus filhos que estão agora em descanso (dirijo-me a ti e a tua mulher, e faze-a ler esta carta):

  1. Eu sou uma testemunha da glória de Barbara no céu.
  2. Quanto ao mais, escrevo com a certeza de que chegarão dias na Escócia quando ventres estéreis, e peitos secos e pais sem filhos serão chamados bem-aventurados. Estarão no abrigo do porto, antes que chegue a tempestade.
  3. Não estão perdidos para ti os que estão nos tesouros de Cristo, no céu.
  4. Na ressurreição, tu os encontrarás; para lá eles foram enviados antes, mas não estão perdidos.
  5. Teu Senhor te ama, que é humilde para receber e dar, para emprestar e tomar emprestado.
  6. Não deixes que crianças sejam teus ídolos, pois Deus terá ciúme e tirará o ídolo, porque Ele é ávido por teu amor total.

[1] John Gordon (o Jovem). Pouco se sabe sobre o Jovem de Cardoness, exceto que participou da Guerra Civil na Inglaterra. Deduzimos, pelas Cartas, que a natureza humana era forte, tanto no pai quanto no filho.

(Para ler todos os artigos dessa série, clique aqui.)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (303)

Se a dor, o sofrimento e a tristeza se erguerem como nuvens e obscurecerem por um tempo o Sol da Justiça, e O esconderem de sua vista, não desanime, pois, por fim, essa nuvem de desgraça descerá como chuvas de bênçãos sobre sua cabeça, e o Sol da Justiça nascerá sobre você e não mais se porá para sempre.

(Sadu Sundar Singh)

É a consciência da tríplice alegria do Senhor – Sua alegria em nos resgatar, Sua alegria em habitar dentro de nós como nosso Salvador e como Poder para frutificar, e Sua alegria em nos possuir, como Sua Noiva e Seu deleite –; é a consciência dessa alegria que é nossa verdadeira força. Nossa alegria Nele pode ser algo flutuante; Sua alegria em nós não conhece mudanças.

(Hudson Taylor)

Raízes para baixo […] fruto para cima.

(Boa síntese da vida cristã; Is 37.31)

Eu sei que um dia a beleza
do grande Rei vou contemplar.

(Hinário cristão, 240)

A vida cheia do Espírito é a entrega de cada decisão ao controle do Espírito.
(John MacArthur Jr.)

Se você não nasceu de novo, toda a sua reforma exterior é nada. Você fechou a porta, mas o ladrão ainda está dentro de casa.

(Thomas Boston)

Qualquer evangelho que não inclua a cruz é um falso evangelho.

(Dustin Benge)

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Doze pérolas

Doze pérolas (3)

Milagres do Senhor Jesus

(em ordem cronológica)

  1. Água transformada em vinho (Jo 2.1-11)
  2. Cura do filho de um nobre (Jo 4.46-54)
  3. A pesca maravilhosa (Lc 5.1-11)
  4. Cura de um endemoninhado (Mc 1.21-28)
  5. Cura da sogra de Pedro (Mc 1.30,31)
  6. Cura de um leproso (Mc 1.40-45)
  7. Cura de um paralítico (Mc 2.1-12)
  8. Cura do homem com a mão ressequida (Mc 3.1-5)
  9. A tempestade aquietada (Mc 4.35-41)
  10. Libertação do endemoninhado gadareno (Mc 5.1-21)
  11. Cura da mulher com fluxo de sangue (Mc 5.25-34)
  12. Ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.22-24,35-43)
  13. Cura do servo do centurião de Cafarnaum (Mt 8.5-13)
  14. Cura de dois cegos (Mt 9.27-31)
  15. Cura do homem mudo e endemoninhado (Mt 9.32,33)
  16. Cura de um paralítico em Betesda (Jo 5.1-15)
  17. Ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17)
  18. Cura do endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22)
  19. A primeira multiplicação dos pães (Mt 14.13-21)
  20. O Senhor Jesus anda sobre o mar (Mt 14.22-32)
  21. Cura de um menino endemoninhado (Mt 17.l4-18)
  22. A moeda na boca do peixe (Mt 17.27)
  23. Cura da filha da mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30)
  24. Cura de um surdo que falava com dificuldade (Mc 7.31-37)
  25. A segunda multiplicação dos pães (Mc 8.1-10)
  26. Cura de um cego de Betsaida (Mc 8.22-26)
  27. Cura de um cego de nascença (Jo 9)
  28. Cura de uma mulher encurvada (Lc 13.11-17)
  29. Cura de um hidrópico (Lc 14.1-4)
  30. Cura de dez leprosos (Lc 17.11-19)
  31. A ressurreição de Lázaro (Jo 11)
  32. Cura de Bartimeu, o cego (Mc 10.46-52)
  33. A maldição sobre a figueira (Mc 11.12-14,20)
  34. Cura da orelha de Malco (Lc 22.50,51)
  35. A segunda pesca maravilhosa (Jo 21.1-14)

Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.

(Jo 21.25)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (302)

Quão grande é a bênção que a alma obtém por confiar em Deus e por esperar pacientemente.

(George Müller)

Existem apenas dois tipos de pessoas: as mortas no pecado e as mortas para o pecado.

(Leonard Ravenhill)

Muitos cristãos avaliam a dificuldade à luz de seus próprios recursos e, portanto, tentam muito pouco e sempre falham. Todos os gigantes [espirituais] foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus porque contaram que Seu poder e Sua presença estavam com eles.

(Hudson Taylor)

Temos sangue mui precioso,
de um divino Remidor;
eficaz e tão glorioso
é o grande Expiador:
purifica, purifica
o mais ímpio pecador
.

(Hinário cristão, 252)

Fé é a garantia de que aquilo que Deus disse em Sua Palavra é verdadeiro, e que Deus agirá de acordo com o que Ele disse em Sua Palavra […] Fé não é uma questão de impressões, probabilidades ou aparências.

(George Muller)

Enquanto eu estiver deste lado da eternidade, jamais esperarei ficar livre das tribulações ― só espero que elas variem. Pois é necessário curar o orgulho do meu coração; para tanto, elas precisam ocorrer.

(George Whitefield)

A glória deste mundo não passa de um sopro, um vapor, uma espuma, um fantasma, uma sombra, um reflexo, uma aparição, um verdadeiro nada.

(Thomas Brooks)

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Amor a Deus Robert Murray MacCheyne

Meu Amado é meu…


A alma vê também que Jesus é um Salvador completo, perfeito, que oferece ao pecador, não apenas perdão, mas perdão abundante e sem medida; que não apenas lhe dá justiça, mas uma justiça maior que a justiça humana, uma justiça completamente divina; não apenas lhe dá o Espírito, mas dá rios de água viva e inundações sobre o sedento e árido terreno da alma dele. A alma descobre isso em Jesus, e nada pode fazer a não ser escolhê-Lo e deleitar-se Nele com um novo e particular amor, que diz: “Meu Amado é meu!”

E se alguém lhe pergunta: “Como tu te atreves, verme vil, a dizer que o Salvador é teu?”, a resposta é esta:

“Porque eu sou Dele. Ele me escolheu desde antes da fundação do mundo, mesmo que eu nunca O houvesse escolhido; Ele derramou Seu sangue por mim, apesar de eu, por Ele, jamais ter derramado nem uma única lágrima; Ele clamou por mim, apesar de eu nunca ter-me preocupado com Ele; Ele viu a mim, mesmo quando eu jamais houvesse me preocupado em conhecê-Lo. Ele me amou primeiro; por isso, eu O amo. Ele me escolheu; por isso eu O escolhi para sempre.” “Meu Amado é meu, e eu sou Dele.”

(Publicado originalmente em 11.11.07. Revisado e republicado em 30.3.21.)

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Doze pérolas

Doze pérolas (2)

Três cruzes

[E] O crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

(Jo 19.18)

  • O ladrão salvo: pecado nele, não sobre ele.
  • O Senhor Jesus: pecado sobre Ele, não Nele .
  • O ladrão não-salvo: pecado nele e sobre ele.
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