Tudo o que for necessário à comunhão com Cristo e à obediência a Ele é ensinado a todos os verdadeiros crentes.
(John Owen)
Se Cristo não lhe dá certos confortos terrenos ou certas bênçãos temporais que você deseja e pelos quais ora, não há defeito no amor de Cristo, mas um defeito naquilo que você está pedindo.
(David Clarkson)
Não é a ausência de pecado, mas o sofrimento por ele causado que distingue o filho de Deus dos cristãos professos vazios.
(A. W. Pink)
Satanás dá um fruto a Adão e lhe tira o paraíso. Portanto, em todas as tentações, não consideremos o que ele oferece, mas o que perderemos.
(Richard Sibbes)
A idéia de que Deus perdoará um rebelde que não desistiu da sua rebelião é contrária tanto às Escrituras como ao bom senso.
(A. W. Tozer)
Um Livro que eleva os homens a Deus deve ter vindo de Deus.
(R. A. Torrey)
O maior castigo infligido a Cristo, quando Ele se apresentou como sacrifício pelo pecado, não foi o realizado pelos homens, mas o realizado por Deus.
(Stephen Charnock)
Santidade de coração e de vida. Essa não é a perfeição da natureza humana, mas a santidade da natureza divina que habita dentro de nós.
Muitos pastores me criticam por levar o evangelho a sério demais. Mas será que eles realmente acham que no Dia do Juízo, Cristo me castigará, dizendo: “Leonard, você me levou a sério demais!”?
(Leonard Ravenhill)
Enche as tuas afeições com a cruz de Cristo, para que não haja espaço para o pecado.
(John Owen)
Não existem dois superpoderes iguais no universo. Não existe um impasse cósmico entre Deus e Satanás. Existe apenas uma vontade suprema, um soberano em Seu trono, uma cabeça que usa a coroa. Esse é o Deus Todo-Poderoso.
(Steve Lawson)
Que nunca estejamos satisfeitos enquanto não soubermos e sentirmos que viemos a Cristo pela fé a fim de encontrar descanso, e ainda vamos a Ele para suprimento novo de graça todos os dias!
(J. C. Ryle)
Quando descobrirmos que Jesus é um Salvador para os pecadores, um Amigo para os solitários e Aquele que concede paz à nossa consciência perturbada, então seremos capazes de falar Dele de uma maneira muito diferente.
(Alistair Begg)
Vê quão felizes são os santos de Deus quando morrem! Eles vão para um reino! Eles vêem a face de Deus, que brilha dez mil vezes mais que o Sol em sua maior glória! Eles entram na glória eterna, que é a quintessência de todas as delícias!
(Thomas Watson)
Deus é realidade absoluta. Ele é tudo o que havia, eternamente. Não havia espaço. Não havia universo. Não havia vazio. Só havia Deus.
(John Piper)
Nada que Satanás oferece está livre de sua maldição. Suas recompensas estão tão contaminadas quanto ele. Elas são veneno para a alma dos homens.
À primeira vista, tratar desse tema não é algo edificante. Porém, a Bíblia apresenta o diabo como um ser que realmente existe e sempre se opõe a Cristo e a Seu povo. Por isso, não podemos simplesmente deixar o assunto de lado.
“O diabo peca desde o princípio” (1Jo 3.8). Ele é “o príncipe deste mundo” e “o deus deste século” (Jo 12.31; 2Co 4.4). Ele é poderoso, mesmo que não seja todo-poderoso. Desde o nascimento, todo ser humano está no ambiente onde ocorre o domínio de Satanás. Aqueles que aceitaram o Senhor Jesus como seu Salvador foram tirados “da autoridade das trevas” e transportados “para o reino do Filho” amado do Pai (Cl 1.13). Eles deixaram o domínio de Satanás, que é caracterizado por trevas, e estão agora no domínio de Cristo, caracterizado por luz (At 26.18). Essa mudança é imensa e, para todos os que agora estão ao lado de Cristo, é motivo diário de gratidão e alegria.
No entanto, mesmo que o diabo não domine mais os crentes, ele é e continua sendo inimigo deles. Ele é o grande adversário de Cristo e faz todo o possível para prejudicar aqueles que creram em Cristo. O diabo tem dois aliados terríveis: a carne em nós e o mundo que nos rodeia.
Fomos tirados do poder do diabo; ele, porém, está sempre contra nós e tenta nos prejudicar. Ele é nosso adversário (1Pd 5.8). A história de Jó destaca isso, e muitas outras passagens bíblicas revelam sua atividade contra os crentes (p. ex.: Zc 3.1; 1Cr 21.1). Satanás pode até encher-lhes o coração (At 5.3). Suas artimanhas são muitas e diversas, e somos instados a resistir a suas ciladas (Ef 6.11). Portanto, é útil conhecermos seu caráter. Vamos considerar algumas das advertências que Deus nos dá em Sua Palavra sobre como Satanás age.
Mentiras. O diabo é o grande mentiroso, e é chamado de “pai da mentira” (Jo 8.44). Vemos isso desde Gênesis 3, quando ele entrou em cena pela primeira vez, no jardim do Éden. Todas as atividades do diabo são marcadas por mentiras. Tudo o que ele diz ou tudo aquilo em que ele nos tenta fazer acreditar não é verdade: ele distorce os fatos ou os nega.
Engano. Está intimamente ligado à mentira. Satanás sempre tenta enganar os homens. Ele “se transfigura em anjo de luz” e envia seus mensageiros que se transfiguram “em ministros da justiça” (2Co 11.14-15). O maior engano de Satanás ainda não chegou; ele se dará quando “o iníquo” – o anticristo – “cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira” for revelado (2Ts 2.8,9). Mas o princípio já está ativo hoje.
A distorção da verdade. Isso também está intimamente ligado às mentiras. Satanás é astuto para alterar a Palavra de Deus, adaptando-a aos seus planos e, depois, fazendo-nos acreditar que esse é o pensamento de Deus. Foi assim que ele conseguiu derrubar Eva (Gn 3.1). Mesmo na tentação do Senhor Jesus no deserto, ele tentou alcançar seu objetivo usando uma citação do Antigo Testamento, certamente sem sucesso (Lc 4.10,11).
Imitação do que é divino. Satanás procura imitar o que é divino para nos confundir e desestabilizar. Ele trouxe feiticeiros do Egito para imitar os milagres de Moisés (Êx 7.22). No campo onde se semeia boa semente, ele semeia joio que se parece com o grão bom. Ele assim trabalha para corromper a colheita (Mt 13.25,39). Para saber como as imitações diferem da verdade, precisamos de discernimento espiritual.
Sedução. Satanás sempre tentará induzir os crentes ao mal e à independência de Deus. Jesus disse a um de Seus discípulos: “Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo” (Lc 22.31). Ele conhece nossas fraquezas e sabe como nos derrubar usando, por exemplo, sedução moral (1Co 7.5). Nessa área, o diabo tem obtido muitas vitórias, pois muitos cristãos não estão suficientemente vigilantes. O apóstolo João nos adverte seriamente contra “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.16).
Neutralizar o efeito da Palavra. Um dos esforços constantes de Satanás é tentar eliminar o efeito da Palavra de Deus em nosso coração, a fim de que não haja fruto para Deus em nossa vida. Se não permanecermos vigilantes e aceitarmos a Palavra, o diabo tira a semente que Deus nos semeia no coração quando a lemos ou a ouvimos (Mt 13.19).
Colocar obstáculos à obra de Deus. Paulo e seus colaboradores tiveram de experimentar o empenho de Satanás em sua oposição à obra do Senhor. Deus pode permitir que Satanás crie obstáculos a ela, ou até mesmo que a impeça. Embora as intenções daqueles missionários fossem boas e seus motivos, corretos, Satanás os impediu de ir a Tessalônica, e isso aconteceu duas vezes (1Ts 2.18). Portanto, devemos levar em conta o fato de que Satanás, ainda hoje, está fazendo tudo o que pode para impedir que a obra do Senhor seja realizada.
Perseguição. A Bíblia nos apresenta o diabo não apenas como alguém que ataca de forma sutil e oculta, mas também como um “leão que ruge” que procura alguém para devorar (1Pd 5.8). Foi sob esse caráter que os crentes de Esmirna lidaram com ele: o diabo iria lançar alguns deles na prisão (Ap 2.10). O grande número de mártires na história da Igreja evidencia tristemente essa atividade.
Sofrimento. A história de Jó nos conta como Satanás ataca diretamente um crente, infligindo-lhe grande sofrimento físico. Paulo também sofreu ataques desse tipo, e os descreve como um mensageiro de Satanás esbofeteando-o (2Co 12.7). Mas lembremos que o diabo não pode fazer nada se Deus não permitir. Deus está acima de todas as coisas. Isso também fica muito claro na história de Jó. É Deus quem determina a intensidade e a duração da provação (1Co 10.13; 1Pd 1.7).
Ao falar de Satanás, Paulo escreveu aos coríntios: “Não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11). É muito importante levar isso em consideração e saber com que inimigo estamos lidando. É necessário conhecer suas intenções e seus métodos, para não subestimar o perigo que representam para nós.
Para concluir esse tópico negativo com algo positivo, vamos mencionar dois fatos encorajadores.
Satanás é um inimigo derrotado. “Para isso o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.8). “Pela morte”, o Senhor Jesus aniquilou “o que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2.14). A obra de Cristo na cruz foi o triunfo sobre Satanás e todas as hostes espirituais do mal (Ef 6.12): “Na cruz […] Despojando os principados e as potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em Si mesmo” (Cl 2.14,15).
Essa vitória na cruz logo será visível. Paulo escreve aos romanos: “O Deus da paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés” (16.20). O diabo será amarrado e lançado no abismo (Ap 20.2,3). Depois disso, será solto por um pouco de tempo e, então, “lançado no lago de fogo e enxofre” por toda a eternidade (vv. 7,10).
Nunca precisamos gritar para um Deus ausente. Ele está mais perto do que nossa própria alma, mais perto do que nossos pensamentos mais secretos.
(A.W. Tozer)
Faça todo o bem que puder. Por todos os meios que você puder. De todas as maneiras que você puder. Em todos os lugares que você puder. Sempre que você puder. Para todas as pessoas que você puder. Enquanto você puder.
(John Wesley)
Se Jesus não é suficiente para motivá-lo a uma vida piedosa, você não conhece Jesus.
(Paul Washer)
Satanás sempre encontra algum mal para mãos ociosas fazerem.
(Isaac Watts)
A vontade de Deus é sempre ‘boa, perfeita e agradável’; por vezes, misteriosa e dolorosa, mas sempre amorosa e sábia.
(Francisco Nunes)
Se Deus justifica o homem quem poderá condená-lo? Mas se Deus o condena, quem poderá justificá-lo?
(Thomas Watson)
A chave para a história do mundo é o reino de Deus.
(Martyn Lloyd-Jones)
Vive o Sᴇɴʜᴏʀ,
que remiu a minha alma de toda a angústia. […]
Grandioso és, ó Senhor Deus,
porque não há semelhante a Ti
e não há outro Deus
senão Tu só.
Da revista A Witness and A Testimony de jan/fev de 1970, pp. 15-18
Intérpretes da Bíblia estão convencidos de que as palavras ostensivamente dirigidas ao “rei de Babilônia” em Isaías 14 têm um contexto mais amplo que só pode ser exaurido se visto como referência a um antigo ser angélico. Essa convicção é fortemente apoiada por outras declarações e alusões em diferentes partes da Bíblia, como Judas 6, 2Pedro 2.4 e Lucas 10.18.
Se isso é verdade, então, o que é dito torna claro os três passos que levaram à queda de Satanás. Eles também indicam a queda de muitas coisas que tiveram um bom começo. Há um ensinamento muito solene e valioso aqui, apesar do assunto não ser agradável.
1. Simulação
“Serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14.14)
Há muitas passagens nas Escrituras que mostram que um dos principais métodos de Satanás é a imitação de Deus e da verdade de Deus. Tanto é assim que ênfase e importância tremendas são colocadas no discernimento espiritual como dom e marca do ungido. De fato, isso é uma característica daquele que é espiritual, do homem espiritual. Podemos dizer que uma obra e função primária do Espírito Santo é o discernimento. É dito que o Espírito Santo tem, ou Ele é representado tendo, “sete olhos”, que significa a perfeição da visão espiritual. Podemos aqui introduzir outro parágrafo de muito peso de Tozer:
“Poderia ser essa nossa mais crítica necessidade?
“Quando vemos o cenário religioso hoje, somos tentados a nos fixar em uma ou outra fraqueza e dizer: ‘É isso que está errado com a Igreja. Se isso for corrigido, poderemos recapturar a glória da Igreja primitiva e ter tempos pentecostais de volta conosco outra vez.’
“Essa tendência de supersimplificar é, em si mesma, uma fraqueza, e devemos nos guardar sempre dela… Por essa razão, estou hesitante em apontar para qualquer defeito na cristandade de hoje e fazer todos os nossos problemas saírem dele apenas. Que a assim chamada “religião da Bíblia” está sofrendo rápido declínio em nosso tempo é tão evidente que não é preciso prová-lo; mas exatamente o que está trazendo esse declínio não é fácil de descobrir. Somente posso dizer que tenho observado significativa falha entre cristãos evangélicos que podem se mostrar como a causa real da maioria de nossos problemas espirituais; e, sem dúvida, se isso for verdade, então, o atendimento daquela falha deve ser nossa mais crítica necessidade.
“A maior deficiência a que me refiro é a falta de discernimento espiritual, especialmente entre nossos líderes. Como pode haver tanto conhecimento bíblico e tão pouca percepção, assim como influência moral, é um dos enigmas do mundo religioso hoje. Eu penso que seja completamente acurado dizer que nunca houve um tempo na história da Igreja em que pessoas estivessem engajadas no estudo da Bíblia como estão hoje. Se o conhecimento da doutrina bíblica fosse alguma garantia de piedade, essa seria, sem dúvida, conhecida na história como a era da santidade. Em lugar disso, poderá bem ser conhecida como a era do cativeiro babilônico da Igreja ou a era do mundanismo, em que a Noiva de Cristo professa permitiu-se ser, de modo bem-sucedido, cortejada por incontáveis caídos filhos dos homens. O corpo dos crentes evangélicos, sob influências malignas, tem, durante os últimos 25 anos1, ido mais para o mundo em completa e abjeta sujeição, evitando apenas um pouco dos pecados mais grosseiros, como bebedice e promiscuidade sexual.
“Essa desgraçada traição que tomou lugar em plena luz do dia com o pleno consentimento de nossos mestres da Bíblia e evangelistas é um dos mais terríveis adultérios na história espiritual do mundo. No entanto, eu não posso crer que a grande sujeição tenha sido negociada por homens de coração mau que estabeleceram deliberadamente destruir a fé que herdamos de nossos pais. Muitas pessoas boas e de viver correto colaboraram com os colaboracionistas que nos traíram. Por quê? A resposta só pode ser: por falta de visão espiritual. Algo como uma névoa se estabeleceu sobre a Igreja como “a face da cobertura com que todos os povos andam cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem” (Isaías 25.7). Tal véu uma vez desceu sobre Israel… Aquela foi a hora trágica de Israel. Deus levantou a Igreja e temporariamente deixou de lado Seu antigo povo. Ele não podia confiar Sua obra a homens cegos. Certamente precisamos de um batismo de visão clara se quisermos escapar do destino de Israel… certamente uma das maiores necessidades é do surgimento de líderes cristãos com visão profética2. Nós desesperadamente precisamos daqueles que sejam capazes de ver pela névoa. A menos que eles venham logo, será muito tarde para essa geração. E, se eles vierem, iremos, sem dúvida, crucificar alguns deles em nome de nossa ortodoxia mundana. Mas a cruz é sempre o prenúncio da ressurreição. Mero evangelismo não é nossa necessidade presente. Evangelismo não faz mais do que estender a religião, seja ela do tipo que for. Ele produz aceitação para a religião entre grande número de pessoas sem dar muita reflexão à qualidade daquela religião. A tragédia é que o evangelismo atual aceita a corrente forma de cristandade como a verdadeira religião dos apóstolos e se ocupa em fazer convertidos a ela sem questionar nada. E, a todo tempo, estamos nos afastando mais e mais do padrão do Novo Testamento. Precisamos ter uma nova reforma. É preciso vir um violento rompimento com a pseudo-religião irresponsável, de louca diversão paganizada que se passa hoje pela fé de Cristo e que está sendo espalhada por todo o mundo por homens não-espirituais usando métodos não-escriturísticos para alcançar seus objetivos.” (A. W. Tozer)
Há várias coisas no Novo Testamento que foram estabelecidas para uma testemunha de Cristo, para a edificação do Corpo de Cristo, para a glória de Cristo, as quais, pelas mesmas razões, têm sido tomadas por Satanás e simuladas, imitadas e sendo dadas como substituto para as verdadeiras, mas isso tem sido feito, no final, para desacreditar Cristo e fazer o oposto a Sua divina intenção. Parece ser muito real que muitos queridos do povo de Deus estão enganados, perplexos e sendo levados para o erro. Mistura de erro com verdade tem sido sempre um método muito bem-sucedido de sedução, desde o início. Deus é imitado na idolatria, na adoração falsa. Cristo é imitado no anticristo. O Espírito Santo é imitado na liderança e nos dons. O homem é enganado por simulação física daquilo que é espiritual. Pessoas, sob a pressão de colapso nervoso, neurose, esgotamento, acusações e condenações espirituais correm para o psiquiatra. O método é levá-las a se libertarem de suas tensões por meio da auto-expressão, divulgando coisas ocultas e, em casos extremos, pela hipnose. Isso tem um efeito psicológico e o paciente se sente “maravilhosamente livre”. Expressão; expressão! Auto-expressão! Um homem disse ao autor [deste texto] que viera do psiquiatra sentindo que ele havia “nascido de novo”, alguma coisa melhor ainda que sua conversão! Mas – sim, mas! – tudo o que ele sentia regrediu, e ficou pior do que antes.
Psicologia, a ciência da psiquê, pode ser3 a obra-prima de Satanás na simulação do espiritual e, então, mergulha a alma nas mais profundas profundezas do desespero.
Ao lado de que há uma liberação do espírito em oração e louvor, e algumas vezes ela pode ser experimentada por esses meios, e a comunhão é um grande instrumento para essa bênção, há a falsificação do canto coral barulhento e almático4 e da repetição desequilibrada. A música é, frequentemente, a maior bênção e o maior perigo. “No Espírito” é a máxima divina.
2. Exagero
“Subirei sobre as alturas das nuvens” (Isaías 14.14).
Este parágrafo todo – Isaías 14.9-15 – é um exagero, se o termo significa “acumular, ir além do normal, levar ao excesso”, etc.
“Subirei sobre…” tem este significado: “Eu vou exceder”. É a ambição correndo em delírio. É o orgulho em abundância. É algo não restringido por modéstia, humildade e dependência. É a extravagância. É algo adicionado ao que é correto e verdadeiro. É ultrapassar o limite. É a inflar-se. Isso é o perigo da alma apaixonada. Se Satanás não pode deter uma pessoa, ele vai derrubá-la. Se ele encontra devoção honesta, ele vai fazer com que ela se exceda. Se ele encontrar uma mente ativa, vai fazer com que um extra seja adicionado à verdade, para que a verdade se torne não-verdadeira.
No “rei da Babilônia” nós temos o exagero da personalidade. “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei […]?” (Dn 4.30). O eu, o ego, é assertivo, pronunciado, sobrepujante. A liderança e a habilidade natural e o dom se tornam autocracia, ditadura, mesmo tirânica. Há muitas vezes uma linha fina entre autocracia e liderança espiritual, e é aqui que o discernimento é necessário. A primeira força, compele e se faz legal. A última vem de uma profunda história de sofrimento com Deus, estabelece um alto padrão e mantém-se nele. Isso pode ser difícil para a carne nos outros de aceitar, e eles podem interpretar isso erroneamente. Liderança é um dom divino e de grande importância. Ninguém irá muito longe sem isso. Por esse motivo, Satanás tem sempre marcado essa função e quem a possui com especial atenção para exagerá-la, e a derrota é seu verdadeiro objetivo. Dependência é o refúgio do líder espiritual, e o Senhor atenta muito plenamente para isso!
Há muitos movimentos exagerados em nosso tempo. O ensino é puxado até muito além de seu verdadeiro significado. Alguma coisa correta e boa e, então, a pitada de exagero. O propósito é ser muito espiritual, ter ensino avançado, mas a linha do real significado disso tem sido cruzada, e a confusão se segue por causa de uma ênfase desequilibrada. Isso tem sido muito freqüentemente a causa de seitas e grupos exóticos e excêntricos, e seu número é uma legião. A propensão ateniense era por “alguma novidade”, a qual normalmente significa alguma nova sensação. Quão poderosamente Satanás apoia tais exageros e faz o erro crescer sem proporções! Ele sabe muitíssimo bem que segue esse caminho para encher o mundo com pessoas desiludidas que em breve não creram em nada, principalmente na verdade. Foi exatamente isso que fez o apóstolo João apontar, de modo tão forte, quase veemente, a verdade com as expressões, repetidas de maneira constante: “Este é… Esta é… Isto é…”. Veja suas cartas e note a ênfase sobre a unção que ensina todas as coisas. O contexto é o anticristo e seus enganos.
3. Predomínio
“Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono […]” (Isaías 14.13).
“Exaltar”. “Acima”. O objetivo, o alvo, o clímax da aspiração de Satanás. Isso soa fantástico e remoto. Mas não é tão remoto e impensável como parece à primeira vista. Não é esse o motivo e o estímulo de todos os poderes políticos? Se tão-somente percebermos isto: o colocar abaixo esta pretensão foi a razão para a Encarnação, pois todo pecado tem florescido dessa raiz. O nascimento, a infância, a vida adulta, o ensino e a cruz de Jesus Cristo foram um positivo contrabalanço para o poder e a glória mundanos. Ele nunca procurou “causar uma boa impressão”, atrair pessoas para Si ou para Sua causa por meio de prestígio, artifícios, glamor ou por mostra de glória natural.
Mesmo de sua glória e posição corretamente celestial Ele se esvaziou. Seu reino e Seu reinado não eram deste mundo.
Tudo isso foi para refazer algo que havia sido distorcido. Esse algo está em todos nós. Nós adoramos o ídolo do sucesso. Nós temos uma concepção totalmente falsa de força, poder e importância. Jesus veio para corrigir isso em Sua própria pessoa. “Fazes com [a fim de] que ele tenha domínio” (Sl 8.6).Sim, mas não auto-centrado. “Trazendo muitos filhos à glória” (Hb 2.10). Sim, mas à glória de Sua infinita graça, favor sem qualquer mérito! Nós reinaremos com Ele, sim, mas como adoradores do Cordeiro (cf. Ap 20.6)!
O teste para qualquer coisa é se ela realmente exalta Cristo. Não só em palavras, que podem ser uma forma de simulação e de exagero. A garota do templo possuída por demônios em Filipos podia patrocinar e pregar o evangelho, mas aquilo era uma coisa profunda de Satanás, e o apóstolo não estava barateando o evangelho para o diabo a fim de ganhar popularidade. A santidade de Cristo é o critério!
Assim, nós – muito brevemente, claro – notamos o caminho da maldição de Satanás, o caminho de sua queda. O julgamento sobre sua simulação, seu exagero e seu predomínio é: “E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo” (Is 14.15).
Que contra o que é falso, o Senhor produza a verdadeira similitude de Cristo, o verdadeiro magnificar de Cristo, a verdadeira exaltação e supremacia de Cristo!
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(Traduzido por Francisco Nunes de Simulation – Exaggeration – Predomination, publicado por Emmanuel Church, Tulsa, Oklahoma, EUA, 1995.)
1Como Tozer faleceu em 1963, e considerando-se que ele tenha escrito isso no último ano de vida, a afirmação se refere ao estado dos cristãos por volta do final da década de 1930! Infelizmente, a situação apenas piorou nos últimos 80 anos, incluindo os pecados que Tozer dizia serem ainda evitados. (N.T.)
2Com certeza, Tozer não estava se referindo àquilo que hoje é chamado de “profético”: dança, pintura, atos, declarações e outros tantos absurdos “proféticos”. A visão profética é de acordo com a Escritura: a denúncia de tudo aquilo que não é de acordo com a completa verdade Escriturística, que rouba o lugar de Deus como Senhor absoluto, que rouba o lugar de Sua Palavra como verdade absoluta, que entroniza o homem em lugar de Cristo, que desvia os filhos de Deus para homens em lugar de levá-los à submissão a Cristo. As “coisas proféticas” modernas são muito mais ocultismo e mundanismo do que a mínima prática profética bíblica. Tozer e Austin-Sparks podem ser considerados como profetas neste sentido bíblico. (N.T.)
3É importante notar que o autor não afirma que ela é, mas que pode ser. A psicologia desvinculada da verdade bíblica ignora a realidade do pecado, a natureza pecaminosa do homem, de sua inclinação espontânea para o mal, sua incapacidade de curar sua incapacidade de fazer somente o bem, etc. Ela propõe, grosso modo, que o homem faz o que faz mais por influência externa e que, por isso, tem condições de se curar, “reprogramando-se”, tomando novas atitudes e disposições. Isso, sem dúvida, é uma falsificação da obra profunda e única do Espírito Santo. (N.T.)
4Neologismo para traduzir o termo soulical, indicando o que tem origem na alma, procede da alma, diz respeito apenas à alma. (N.T.)
O camaleão, quando está na grama para pegar moscas e gafanhotos, toma a cor da grama, assim como o pólipo fica da cor da rocha sob a qual se esconde, de modo que o peixe pode ousadamente chegar perto dele sem qualquer suspeita de perigo. Da mesma maneira, Satanás se transforma na forma que menos tememos e coloca diante de nós objetos de tentação que são os mais agradáveis à nossa natureza e, assim, pode logo nos aproximar de sua rede. Ele navega com qualquer vento e nos leva para aquele caminho em que nos inclinamos para a fraqueza da natureza humana. Nosso conhecimento nos assuntos da fé é deficiente? Ele, então, nos tenta ao erro. Nossa consciência é frágil? Ele nos tenta ao perfeccionismo e à muita precisão. Nossa consciência é muito larga, como a linha eclípitca? Ele nos tenta à liberdade carnal. Somos pessoas de espírito ousado? Ele nos tenta à presunção. Somos medrosos e temerosos? Ele nos tenta ao desespero. Temos uma disposição flexível? Ele nos tenta à inconstância. Somos rígidos? Ele trabalha para fazer de nós heréticos, cismáticos e rebeldes obstinados. Somos de temperamento austero? Ele nos tenta à indulgência e à pena tolas. Somos quentes em questões de religião? Ele nos tenta ao zelo e à superstição cegos. Somos frios? Ele nos tenta à mornidão laodicense. Assim, ele coloca suas armadilhas para, de um modo ou de outro, nos enlaçar.