Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (374)

Quando nós agimos, nós agimos. Quando nós oramos, Deus age.

(James Hudson Taylor)

Se soubesses com que rapidez as pessoas se esquecerão de ti após a tua morte, não procurarias em vida agradar a ninguém senão a Deus.

(João Crisóstomo)

Os homens, para serem verdadeiramente ganhos, precisam ser ganhos pela verdade.

(C. H. Spurgeon)

O propósito que está por trás de toda doutrina é garantir a ação moral.

(A. W. Tozer)

Como Deus se alegra com a alma que, rodeada de sofrimento e miséria, realiza na terra aquilo que os anjos fazem no céu: ama, adora e louva a Deus!

(G. Tersteegen)

A lei mostra aquilo que o homem deveria ser.
A graça mostra aquilo que Deus é.

(C. H. Mackintosh)

Não nos entreguemos ao desânimo, por mais oprimidos ou molestados que estejamos. A pessoa desanimada nada pode fazer. Nesse estado, ela não consegue resistir aos ardis do inimigo nem prevalecer em oração pelos outros. […] No momento em que nosso coração rejeita a desconfiança ou o desânimo, o Espírito Santo desperta em nós a fé e sopra em nossa alma o vigor divino. […] Se o crente mais fraquinho submeter-se ao Senhor e recorrer a Ele no nome de Jesus e com a fé singela de uma criança, todo o poder de Deus estará ao seu lado. […] Temos de conservar os olhos em Cristo.

(Lettie Cowman)

Nosso coração está tão acorrentado a Deus que nenhum outro objeto pode nos encantar ou nos afastar Dele?

(Thomas Watson)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (373)

Eu nunca temi o diabo, mas tremo cada vez que subo ao púlpito.

(John Knox)

Neste momento o meu coração não tem um grão sequer de sede de aprovação. Sinto-me a sós com Deus; Ele enche o vazio; não tenho um só desejo, vontade ou aspiração, senão Nele; Ele me pôs livre num lugar espaçoso. Tenho ficado maravilhada e surpresa de que Deus pudesse dominar completamente tudo o que há em mim, pelo amor.

(Lady Huntington)

Se você está em profunda escuridão por causa de alguma providência estranha e misteriosa, não tenha medo. Simplesmente prossiga, em fé e amor, sem duvidar. Deus está velando, e Ele tirará o bem e alguma coisa bela de todo o seu sofrimento e lágrimas.

(J. R. Miller)

É muitíssimo difícil, na maioria dos lugares, conseguir que alguém compareça a uma reunião onde a única atração é Deus.

(A. W. Tozer)

Algumas coisas confiamos a Deus, outras Deus confia a nós… Aquilo que Deus confia a nós é principalmente Sua verdade.

(William Gurnall)

Doutrinas fracas não são páreo para tentações fortes.

(William S. Plumer)

Aquele que crê mal nunca pode viver bem, pois não tem alicerces.

(Richard Sibbes)

Que Deus seja tudo para você. Busque conhecê-Lo em todas as Suas obras. Estude-O em Sua Palavra; estude-O em Cristo. E nunca O estude meramente para conhecê-Lo, mas a fim de amá-Lo e obedecer-Lhe.

(Richard Baxter)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (368)

Tomar minha cruz significa uma vida voluntariamente entregue a Deus.

(A. W. Pink)

Comece a se alegrar no Senhor, e seus ossos florescerão como a erva, e suas faces brilharão com o desabrochar da saúde e do frescor. Preocupação, medo, desconfiança, cuidado são venenosos! A alegria é bálsamo e cura, e se você apenas se regozijar, Deus lhe dará poder.

(A. B. Simpson)

Todo aquele que está em Cristo é amado por Cristo – mesmo os membros fracos.

(Robert Murray McCheyne)

Um homem que é pequeno aos próprios olhos considerará cada aflição como pequena e cada misericórdia como grande.

(Jeremiah Burroughs)

Tenta apoiar-te no braço Daquele que é bendito, e tu descobrirás que ele nunca se cansa, mas é capaz de sustentar-te – ele nunca falhará.

(George Müller)

Você não pode desenvolver caráter por meio da leitura de livros. Você o desenvolve a partir de conflitos.

(Leonard Ravenhill)

Sê dogmaticamente verdadeiro, obstinadamente santo, imovivelmente honesto, desesperadamente gentil, constantemente justo.

(Charles Spurgeon)

Em vez de murmurar de forma deprimida e infeliz, lembre-se de Deus: quem Deus é, e o que Deus é, o que Deus fez e o que Deus se comprometeu a fazer.

(Martyn Lloyd-Jones)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (343)

Não há nada que Deus tenha se proposto a fazer que Ele não possa fazer.

(Alistair Begg)

Tu deves tornar objeto de teu grande cuidado e de teu estudo como glorificar esse Deus que tem sido tão peculiarmente misericordioso contigo.

(Jonathan Edwards)

Na glória de Cristo eu fixarei todos os meus pensamentos e desejos, e, quanto mais eu vejo da glória de Cristo, mais as belezas pintadas deste mundo murcharão aos meus olhos e eu serei cada vez mais crucificado para este mundo.

(John Owen)

Não há lugar para mais conforto, esperança, segurança, paz e alegria do que a cruz de Cristo.

(Dustin Benge)

As preposições específicas que Paulo utiliza nas epístolas são sempre intencionais. Tudo vem ‘do’ Pai para nós ‘no’ Filho como Mediador e ‘pelo’ Espírito que opera em nós.

(Michael Horton)

Ser grato na aflição é uma obra peculiar para um santo. Todo pássaro pode cantar na primavera, mas alguns pássaros cantarão na morte do inverno.

(Thomas Watson)

Deus, em Sua infinita sabedoria, sabe exatamente de que adversidade precisamos para crescer cada vez mais à semelhança de Seu Filho. Ele não só sabe o que precisamos, mas quando precisamos e a melhor forma de trazer isso a nossa vida. Ele é o Professor ou Treinador perfeito. Sua disciplina é sempre exatamente adequada às nossas necessidades. Ele nunca nos treina demais por permitir adversidade excessiva em nossa vida.

(Jerry Bridges)

Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.

(Sl 34.6)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (296)

Devemos aprender a viver no lado celestial e olhar para as coisas do alto. Contemplar todas as coisas como Deus as vê, como Cristo as observa, vence o pecado, desafia Satanás, dissolve as perplexidades, eleva-nos acima das provações, separa-nos do mundo e vence o medo da morte.

(A. B. Simpson)

A natureza da salvação de Cristo é lamentavelmente deturpada pelo evangelista atual. Ele anuncia um Salvador do inferno em vez de um Salvador do pecado. E é por isso que tantos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do lago de fogo, mas não desejam ser libertadas de sua carnalidade e de seu mundanismo.

(A. W. Pink)

É por causa da conversa apressada e superficial sobre Deus que o senso de pecado é tão fraco e que nenhum motivo tem poder para ajudar o pecador a odiar o pecado e a fugir dele como deveria.

(A. W. Tozer)

Deus teve um Filho na Terra sem pecado, mas nunca um sem sofrimento.

(Agostinho)

O pecado para um crente é horrível, porque crucificou o Salvador; o crente vê em cada iniqüidade os cravos e a lança.

(Charles Spurgeon)

Oração que não resulta em conduta pura é uma ilusão. Perdemos todo o trabalho e a virtude de orar se isso não corrigir a conduta. É da própria natureza das coisas que devemos ou parar de orar ou parar a má conduta.

(E. M. Bounds)

Se dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade.

(1Jo 1.6)

Categorias
Biografia Samuel Rutherford

Do Palácio de Cristo em Aberdeen ― As cartas de Samuel Rutherford


As cartas de Samuel Rutherford são um tesouro sem igual entre os tantos que a fé cristã já produziu, contendo algumas das mais preciosas respigas que esse fiel servo de Deus colheu nos campos do Boaz Celestial. Por isso, decidimos publicá-las. Escolhemos, para esse fim, uma versão menor da coletânea de cartas, publicada pela Chapel Library. Se o Senhor nos der graça e voluntários para cooperar na tarefa, poderemos traduzir a obra completa.

Nosso objetivo é publicar semanalmente cada carta como um artigo único. Após concluirmos a tradução/publicação, vamos lançar como um livro digital gratuito.

Mas quem é Rutherford? O que explica a importância de suas cartas? Por que hoje, quase 400 anos depois, os cristãos ainda deveriam ler essas cartas com muita atenção?

Para tentar responder, usamos um artigo (adaptado) do saudoso irmão Christian Chen, publicado na extinta revista À Maturidade, n. 2, outono de 1978.

Do Palácio de Cristo em Aberdeen

O Palácio de Cristo em Aberdeen? Onde fica Aberdeen? De que tratam essas cartas? Quem as escreveu? Responder a essas perguntas significa contar uma história tocante acontecida há mais de 300 anos.

Aberdeen é um movimentado porto marítimo da Escócia, situado no litoral leste do país (Mar do Norte). Foi do agrado do Senhor torná-la uma cidade histórica por manter nela prisioneiro um de Seus servos fiéis, Samuel Rutherford, como Ele fez com João na Ilha de Patmos, no primeiro século. Durante um período de dezessete meses, Rutherford ficou confinado na cidade de Aberdeen, proibido de todo ministério público. Mas, embora seus lábios estivessem selados, seu coração transbordava de boas palavras (Sl 45.1). Em sua carta de 4 de agosto de 1636, escrita de Irving, quando se dirigia para Aberdeen, ele descreveu sua viagem como “minha jornada para o Palácio de Cristo em Aberdeen”. Ao chegar ao destino, escreveu:

“Não obstante esta cidade ser minha prisão, contudo, Cristo fez dela meu palácio, um jardim de prazeres, um campo e um pomar de delícias.”

Mas erramos se pensarmos que a experiência que Rutherford teve daquele gozo quase extático com seu Senhor tenha sido de curta duração, como geralmente acontece com cristãos carnais. Ele a manteve consigo durante todo o período do confinamento, e chegou mesmo a prolongá-la depois dele. Verificou que uma torrente caudalosa continuou a fluir maravilhosamente de seu palácio-prisão, tendo escrito 219 cartas nesse espaço de tempo. Mais tarde essas cartas, juntamente com outras 143 foram reunidas em um livro por sua secretária, após sua morte, e publicadas sob o título Josué redivivo ou Cartas do sr. Rutherford, Divididas em duas partes, na primeira edição (1664). As Cartas são agora consideradas por muitos como um clássico cristão, comparadas por alguns ao livro O peregrino, de João Bunyan. Desde 1664, elas têm sido publicadas em mais de trinta edições diferentes, algumas das quais reimpressas muitas vezes.

Rutherford escreveu outros livros. Um de seus escritos teológicos trouxe-lhe o oferecimento da Cadeira de Divindade na Universidade de Ultrecht. Mas essa obra e outras foram há muito esquecidas, e nosso Senhor deixou que Rutherford continuasse a viver hoje em um livro que ele não se propôs deliberadamente a escrever, isto é, As cartas de Samuel Rutherford. James Miller Dods, depois de salientar que a maior parte dos livros de Rutherford têm “seu memorial somente no cemitério da história”, comenta: “Do ruído do mercado, passamos para a solidão reclusa e iluminada pelas estrelas daquelas Cartas, as quais sucessivas gerações, de Baxter a Spurgeon, a uma voz têm proclamado serem seráficas e divinas”. Richard Baxter afirmou com respeito às Cartas de Rutherford: “Com exceção da Bíblia, o mundo nunca viu um livro como esse”. Para podermos sentir de fato o peso desse comentário, é preciso lembrar que Baxter concordava com a teologia arminiana, a qual foi exatamente o alvo das críticas de Rutherford, tendo sido essa a causa de seu confinamento em Aberdeen. Richard Cecil, evangélico eminente do século18, fez o seguinte comentário sobre Rutherford:

“Ele é um de meus clássicos favoritos; é realmente autêntico”.

Não podemos fugir à pergunta: “Como a correspondência particular deste servo escocês do Senhor foi conservada ao longo dos anos? Por que motivo sua formidável erudição jamais lhe proporcionou aquilo que suas cartas alcançaram?” A resposta é simples: nosso Senhor quis preservá-las e não permitirá que elas desapareçam. A razão por trás disso tem algo a ver com Seu modo costumeiro de tratar com Seus servos ao longo da história da igreja. Parece ser do agrado do Senhor usá-los a fim de estabelecer uma grande ilustração da verdade de ouro: “E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida” (2Co 4.11,12).

A obra do Senhor nunca foi feita pela metade; se Ele permitiu que a morte operasse nesses servos, ela é sempre acompanhada pela “vida em nós”! Ele planejou o aprisionamento de Paulo em Roma, assim como aquelas lindas Epístolas da Prisão para nós. Ele deu a João a ilha de Patmos e, ao mesmo tempo, nos deu a revelação de Jesus Cristo mediante o último e grandioso livro da Bíblia. Ele fez com que George Matheson, outro grande pregador escocês, ficasse cego; entretanto, nós somos enriquecidos por seus belos hinos. Ouçamos as palavras de Matheson: “O calabouço de José é o caminho para o trono de José. Tu não podes levantar a carga de ferro de teu irmão se o ferro não penetrou em ti”, e sua oração diante do Senhor:

Faz de mim um cativo, Senhor,
E livre eu serei, então;
Força-me a entregar minha espada,
E conquistador serei.
Sinto-me envolvido pelos temores da vida,
Quando ouso enfrentá-los sozinho;
Segura-me em Teus braços,
E forte será minha mão.

Da mesma forma, se nosso Senhor não poupou Rutherford da “morte” e o enviou a Aberdeen, pode alguém imaginar que o Senhor recusaria a “vida”, negando-a a nós? Durante o aprisionamento de Rutherford, é verdade que a pregação de Cristo a certas congregações foi silenciada por algum tempo, mas apenas para dar lugar a um ministério de Cristo que vem sendo, desde então, uma bênção e um conforto para gerações do povo de Deus. O próprio Rutherford, em uma carta ao sr. Robert Blair, seu companheiro de sofrimento,  graciosamente disse:

“O sofrimento é o outro lado do nosso ministério, sem dúvida o mais difícil!”

Antes que o leitor entre nessa mina de pedras preciosas, lembremo-nos novamente daquele título simbólico da primeira edição de 1664, Josué redivivo — Josué ressuscitado! Como o Josué da antiguidade, que espiou a terra prometida e apresentou um relatório cheio de entusiasmo, Rutherford “puxa as cortinas, e olha para dentro da arca”, contemplando a Canaã celestial e trazendo de volta seu bom relatório, conforme registrado em suas cartas. Ouça o que ele mesmo diz a respeito disso: “Deus quis me enviar como um espia nesse deserto do sofrimento, para ver a terra, e provar a água; e eu não posso fazer da Cruz de Cristo uma mentira. E não relatei nada senão o que é bom DELE e DELA a fim de que não desmaieis”. Qualquer leitor atento não poderá deixar de perceber como este “DELE e DELA” penetraram entre as linhas das cartas, fazendo-nos lembrar daquela grande frase de Paulo: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co 2.2). Relacionado com isso, ouçamos o que Rutherford disse ainda no palácio: “Cristo e Sua cruz são dois bons hóspedes, e dignos do alojamento. Os homens desejariam ter um Cristo bom e barato, mas o preço a ser pago não vai baixar!” Oh, como isso é verdadeiro!

Que nosso leitor aproxime-se de tão raro e espiritual clássico por meio de uma leitura vagarosa, meditativa e com muita oração, de modo a ser tocado e atraído pelo mesmo Amado que se revelou ao pobre prisioneiro de Cristo em Aberdeen, colocando-se em condições de dizer como Rutherfod:

“Oh, se víssemos a beleza de Jesus e pressentíssemos a fragrância de Seu amor, correríamos pelo fogo e pela água para estarmos com Ele.”

(Para ler todos os artigos dessa série, clique aqui.)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (281)

Tempos de sofrimento são épocas de colheita para o cristão.

(Thomas Brooks)

A mais pura alegria no mundo é a alegria em Cristo Jesus.

(Robert Murray M’Cheyne)

Não há maior pecador no universo do que o homem que nunca viu sua necessidade do sangue de Cristo.

(Martin Lloyd-Jones)

Deus, que é liberal em todos os Seus outros dons, mostra-nos, pela economia sábia de Sua providência, como devemos ser cautelosos na administração de nosso tempo, pois Ele nunca nos dá dois momentos iguais.

(François Fénelon)

Lê a Bíblia com reverência. Pensa que cada linha que lês é Deus falando a ti.

(Thomas Watson)

Bem-aventurados os sinceros, pois desfrutarão de muita paz […]. Se você se recusar a ser apressado e pressionado, se permanecer com a alma em Deus, nada poderá impedi-lo daquela clareza de espírito que é vida e paz. Nessa quietude, você conhece qual é a vontade Dele.

(Amy Carmichael)

Com apreço, reconheço
quanto devo a Ti,
Senhor.

(Hinário cristão, 243)

Categorias
Encorajamento Sofrimento T. Austin-Sparks

“Nem cheiro de fogo”

Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”

Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”

Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.

E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.

(Dn 3.16-27)

Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.

(1Pd 1.6-8)

“A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.

O resultado da prova

1. A autodestruição do inimigo

Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.

Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo.

Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.

2. O desatamento das amarras

Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.

Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?

Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.

3. Comunhão próxima com o Senhor

Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos:

“Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.”

Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.

4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável

Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado.

Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pd 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”.

Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de, talvez, anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.

Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra [a Segunda Guerra Mundial] estava no Continente [na Europa]. Ele havia sido aprisionado por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que tomou, por, pelo menos, três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não era o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.

A necessidade de vigilância

O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.

Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria.

Outra vez, o Senhor Jesus toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu” (v. 1). Olhe para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “Glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está caminhando há algum tempo na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.

Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!

Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é:

“Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a Palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é Sua glória em nós.”

(Primeira publicação em 24.12.13; segunda publicação em 18.12.19.)

Categorias
A. W. Pink Estudo bíblico Sofrimento

Deus cura hoje?


A cura divina é bíblica ou anti-bíblica? O Senhor é “socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1): isso significa apenas que o cristão deve buscar Dele graça para, pacientemente, suportar aflições? As Escrituras têm muito mais a dizer com relação ao corpo; será uma grande perda se ignorarmos isso.

1. Nossos deveres na enfermidade

É claro para nós que muitos cristãos estão vivendo abaixo de seus privilégios nessa questão. Jeová-Rafah (“o Senhor que te sara” [Êx 15.26]) é, verdadeiramente, um dos Seus títulos tanto quanto Jeová-Tsidkenu (“o Senhor justiça nossa” [Jr 23.6]).

Quais são os deveres e privilégios do cristão quando ele adoece? Primeiro, esforçar-se para determinar a ocasião e a causa de sua enfermidade. É fácil descobrir se a doença advém de ignorar as ordens da prudência comum (Pv 23.21; Gl 6.7,8). Se não conseguimos atribuir nosso atual problema de saúde à negligência física ou à insensatez, então, procuremos identificar a causa moral. “Esquadrinhemos nossos caminhos, e provemo-los” (Lm 3.40), fazendo um esforço honesto para descobrir o que tem entristecido o Espírito (Ef 4.30). É provável que haja algo contrário em mim sobre o que Ele está indicando Sua desaprovação (Mc 7.21-23), e pelo que Ele requer que eu me humilhe (Sl 139.23,24). O ponto de lepra de minha alma que precisa ser purificado pode ser um espírito de egoísmo, a permissão ao orgulho, as obras da vontade própria, as agitações da rebeldia quando a providência divina cruza meu caminho, o exercício da justiça própria.

Se nós temos estabelecido algum ídolo, ele precisa ser lançado fora (1Co 10.14; Sl 32.5);
se nós temos cedido à lascívia, isso precisa ser mortificado (Cl 3.5);
se nós tomamos um caminho proibido, ele precisa ser abandonado (Pv 14.12);
se nós temos intencionalmente deixado um dever, ele precisa ser retomado.

Se temos sido descuidados, então, não devemos nos surpreender se ficarmos acamados por algum tempo. Isso é a fim de que haja tempo para relações estreitas entre a alma e Deus, para que as “coisas ocultas das trevas” sejam trazidas à luz e tratadas fielmente (1Co 4.5).

Algumas aflições são produzidas pelo diabo. Nós lemos em Jó, e de uma mulher “a qual há dezoito anos Satanás a tinha presa” (Lc 13.16). Está escrito: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7) – ao que deve ser adicionado “Ao qual resisti firme na fé” (1Pd 5.9).

Algumas enfermidades físicas são enviadas sobre os santos para seu aperfeiçoamento em vez de correção, para que eles produzam algum fruto espiritual superior (Gl 5.22,23). Portanto, o crente que deseja luz sobre sua situação deve esperar no Senhor para que este lhe mostre por que contende com ele (Jó 10.2).

2. 2Crônicas 7.14

“E se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”

Alguns podem contestar que tal passagem não é aplicável a nós, pois Deus lidava com Israel de acordo com a Lei, ao passo que lida conosco de acordo com as riquezas da graça. Essa afirmação é completamente anti-bíblica. Manter os requisitos de santidade e exercer misericórdia com respeito ao penitente sempre caracterizou os caminhos de Deus em todas as épocas. O ensino do Novo Testamento nesse assunto é precisamente o mesmo que o do Antigo.

“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem [que morreram]” (1Co 11.29,30).

Os coríntios eram culpados de transformar a Mesa do Senhor em um banquete carnal. Deus não toleraria tal irreverência. Ele os visitou com um julgamento temporal, punindo-os fisicamente. Portanto, esta passagem é estritamente análoga àquela em 2Crônicas 7.

Porém, tanto na primeira, quanto nesta o remédio é graciosamente revelado: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (1Co 11.31). Se os coríntios se condenassem honestamente por sua conduta indecorosa diante de Deus, o julgamento divino seria removido e os muitos enfermos, curados. “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (v. 32). Deus está nos castigando aqui para que escapemos da dor eterna futuramente.

Ora, em 2Crônicas 7.14 nós encontramos o povo de Deus sendo tratado por seus pecados. Como a libertação seria obtida? Primeiro, eles deveriam “se humilhar”. Isso tem o mesmo significado da expressão “julgar a nós mesmos” em 1Coríntios 11.31. Uma palavra em Levítico 26.41,42 fornecerá a ajuda necessária: “Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua iniqüidade, também Eu Me lembrarei da minha aliança”.

Humilharmos a nós mesmos sob a vara de Deus é parar de perguntar: “O que eu fiz para merecer isso?”, é parar de resistir à vara e curvar-se humildemente, reconhecendo que minha conduta vil merece isso. Davi se humilhou quando declarou: “Bem sei eu, ó Senhor, que os Teus juízos são justos, e que segundo a Tua fidelidade me afligiste” (Sl 119.75). Julgar a nós mesmos é tomar posição do lado de Deus contra nós mesmos. Enquanto não o fizermos, a vara não terá completado o efeito para o qual foi designada (Hb 12.11).

“E orar” é a próxima coisa. Nós oramos com um senso mais profundo da santidade divina e de nossa vileza, por um coração contrito e quebrantado (Sl 34.18; 51.17), por fé na misericórdia de Deus, por purificação e restauração para comunhão.

“E buscar a Minha face”. Isso é um passo adicional. Expressa termos ainda mais diligência e fervor. O Onisciente não pode ser enganado por meras palavras. Ele requer uma busca de coração, para que nós tenhamos, de fato, um encontro face a face com Aquele a quem desagradamos. Deus não encobrirá nossos pecados; nós também não deveríamos fazê-lo.

“E se converter dos seus maus caminhos”. Se eles precisam ser libertados do julgamento de Deus, eles devem necessariamente abandonar seus pecados, sem nenhuma reserva secreta, com o firme propósito no coração de não retornar para eles jamais (Sl 85.8). Arrependimento é mais do que lamentar pelo passado. Inclui a resolução de que não haverá repetição no futuro.

“Então, Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” Aqui está a graciosa promessa: é certo que será ouvido por Deus, o perdão é assegurado e a cura está disponível para ser reivindicada por fé. Deus concederá cura imediata e completa em toda situação? Não; 2Crônicas 7.14 não se compromete nem com a cura imediata nem completa.

Auxílio de médicos e uso de medicamentos

Os homens de Jericó buscaram a Eliseu dizendo: “As águas são más” (2Rs 2.19). E o profeta disse: “‘Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal’. E lho trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele e disse: ‘Assim diz o Senhor: Sararei a estas águas; e não haverá mais nelas morte nem esterilidade’” (2Rs 2.20,21).

Deus podia ter curado aquelas águas sem qualquer sal, assim como Ele poderia ter tornado doce as águas amargas de Mara sem ordenar que Moisés lançasse certa árvore nelas (Êx 15.23-35). Às vezes o Senhor se agrada de usar meios (tais como médicos e medicamentos), e, em outros momentos, Ele os dispensa, pois exerce Sua soberania tanta de uma forma como de outra.

A doutrina da soberania torna o assunto mais intrigante, e Deus assim o deve ter planejado. O homem natural quer que tudo lhe seja facilitado. Mas o modo de Deus é manchar o orgulho humano, fazer-nos perceber nossa insuficiência, colocar-nos de joelhos. “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque Dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). Deus é soberano e não age de modo uniforme. Nós somos agentes responsáveis e dependentes Dele, e portanto não devemos agir nem irracional nem presunçosamente.

Quando sarou a terra de Israel, Deus por vezes usou certos meios; em outros momentos, foi sem o uso de qualquer meio. O mesmo se dá quando Ele cura nosso corpo. A um homem cego Cristo deu visão instantaneamente (Mc 10.46-52), mas, a outro, Ele colocou as mãos nos olhos do homem uma segunda vez antes da completa restauração (8.22-25).

Longe de nós afirmar que todos os que recorrem a médicos e a remédios estão perdendo o melhor do Senhor. Mas é Sua vontade que alguns O glorifiquem “em meio ao fogo” (Is 24.15). Deus enviou um anjo para libertar Pedro da prisão, mas permitiu que Estêvão fosse apedrejado até a morte.

Nós devemos nos apropriar da promessa de 2Crônicas 7.14, humildemente e não presunçosamente. Tendo corrigido qualquer erro diante de Deus, agora implore com Sua Palavra:

“Senhor, eu tenho buscado me humilhar diante de Ti e orar, buscar Tua face e renunciar a meus caminhos iníquos. E Tu me asseguraste que irás me perdoar e me curar. Faz como disseste. Mas, Senhor, eu não conheço Teus pensamentos. É Tua vontade pôr Tua mão restauradora sobre mim neste momento? Caso seja, habilita-me a confiar em Ti de todo o coração. Ou Tu gostarias que eu usasse alguns recursos, como médicos e medicamentos? Sendo assim, faz com que eu conte que Tu os torna eficazes para mim, para que eu confie em Ti e não neles, para que a glória seja toda Tua”.

Dois aspectos da fé

“Seja-vos feito segundo a vossa fé” (Mt 9.29). Deus promete honrar a fé onde quer que Ele a encontre. Mas qual é a fé aqui mencionada? É aquela que descansa sobre a segura Palavra de Deus e é composta por dois elementos principais: submissão e expectativa.

Alguns supõem que submissão – como expressa em: “Todavia não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22.42) – faz de expectativas reais coisas impossíveis. Mas isso está errado e se deriva de uma concepção equivocada do que consiste a expectativa espiritual. Comecemos por afirmar que onde não há uma genuína submissão à vontade de Deus não pode haver uma expectativa verdadeira. Submissão espiritual é apresentar uma causa diante do Senhor e pedir-Lhe que lide com ela da maneira que Ele achar melhor. Se há dependência de Sua sabedoria e de Sua bondade, isso é o exercício da fé. E se houver confiança de que Ele assim o fará, isso é a expectativa de fé, a expectativa, não de que Ele conceder o que a natureza carnal deseja, mas que Ele dará o que Lhe trará mais glória e será para o bem maior de quem pede. Qualquer coisa além disso é presunção.

3. Tiago 5.14-16

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (vv. 14,15).

Uma lista de dons sobrenaturais durante o período apostólico é encontrada em 1Coríntios 12.9,10, incluindo o de cura. Os reformadores consideraram [que a função desses] dons sobrenaturais era principalmente autenticar o cristianismo e confirmá-lo em países pagãos. O propósito deles foi apenas temporário; assim que as Escrituras foram escritas, eles foram revogados (1Co 13.8). Mas Tiago 5.14-16 é colocado à parte. Cremos que esse princípio e essa promessa gerais são válidos para todas as gerações, com exceção apenas dos períodos de grande declínio espiritual. Em tempos normais, é privilégio do santo, quando gravemente doente, chamar os presbíteros (pastores, ministros) da igreja local à qual pertence. Os que pregam a Palavra de Deus a ele certamente seriam os mais aptos para apresentar sua causa diante do Senhor (Jó 42.8). Eles devem orar por ele, encomendando-o à misericórdia de Deus e buscando restauração para ele, se isso estiver de acordo com a vontade divina. Se o enfermo deseja ser ungido com óleo, seu pedido deve ser atendido.

Deve-se ressaltar que essas promessas de Deus relacionadas às misericórdias temporais e terrenas são diferentes daquelas relativas às coisas eternas e espirituais. As primeiras são gerais e indefinidas, e não incondicionais e absolutas como são muitas das últimas. Portanto, nós devemos pedir em completa submissão à soberana vontade de Deus, com a qual Ele tem a liberdade para torná-las reais quando e a quem Ele quer.

Desse modo, a oração de fé aqui não é uma expectativa definida de que Deus irá curar, mas uma garantia pacífica de que Ele fará o que Lhe dá mais glória e para o bem do enfermo.

Fé é confiança e submissão, bem como expectativa. Não há fé mais forte do aquela que tem tanta confiança na sabedoria e na bondade de Deus que conduz a pessoa a dizer: “Faze-nos aquilo que te pareça bom e reto” (Js 9.25). Naqueles aspectos em algumas necessidades específicas não estão cobertas por uma promessa expressa, a fé deve contar com a misericórdia e o poder do próprio Deus (Sl 59.16).

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (257)

O segredo de uma comunhão duradoura com Deus é o fato de que Cristo está em nós e nós estamos Nele (Jo 15.4).

(David de Bruyn)

Quem entregou Jesus para morrer?
Não foi Judas, por dinheiro.
Não foi Pilatos, por medo.
Não foram os judeus, por inveja.
Mas o Pai, por amor!

(Otávio Winslow)

Jesus quer que Seus ouvintes ouçam uma urgente mensagem de Deus: ‘Arrependam-se!’

(Jon Bloom)

A fé resiste aos desapontamentos, às dificuldades e às angústias da vida por reconhecer que tudo isso vem das mãos Daquele que é sábio demais para errar e amoroso demais para ser cruel.

(A. W. Pink)

Ó Deus,
ouve o meu clamor;
atende à minha oração.
Desde o fim da terra
clamarei a Ti;
quando o meu coração
estiver desmaiado,
leva-me para a Rocha
que é mais alta do que eu.
Pois tens sido
um refúgio para mim e
uma torre forte contra o inimigo.
Habitarei no Teu tabernáculo
para sempre;
abrigar-me-ei no esconderijo
das Tuas asas. (Selá.)

(Sl 61.1-4)

Verdadeiro cristianismo custará a um homem o favor do mundo. Ele deve estar contente em ser considerado prejudicial pelos homens se ele agrada a Deus. Ele não deve tomar por algo estranho ser escarnecido, ridicularizado, difamado, perseguido e mesmo odiado.

(J. C. Ryle)

O que há em tuas miseráveis obras e ações que tu penses agradar a Deus mais do que o sacrifício de Seu próprio Filho?

(Martinho Lutero)

Categorias
Comunhão com Deus John Fawcett Sofrimento

Deus nos disciplina para nosso bem


“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança” (Rm 5.3,4).

Todas as aflições dos filhos de Deus são planejadas, sob Seu gracioso gerenciamento, para provar, fazer-lhes manifestas e exercitar essas graças e virtudes que Ele implantou neles. Embora as aflições, em si mesmas, não sejam motivo de regozijo, mas penosas, elas produzem os frutos pacíficos de justiça naqueles que são por elas exercitados.

Aflições servem para avivar o espírito de devoção em nós e despertar-nos daquelas formalidade e indiferença que, freqüentemente, acompanham um longo período de tranqüilidade e prosperidade. Nós somos constrangidos a buscar a Deus com sinceridade e fervor quando Sua mão disciplinadora está sobre nós, desde que percebamos nossa absoluta necessidade da ajuda e da libertação que somente Ele pode nos dar.

Aflições servem, mais efetivamente, para nos convencer da vaidade de tudo que este mundo tem a oferecer, para nos lembrar que este mundo pobre não é nosso descanso e para nos provocar desejos e esperanças por nosso eterno lar.

Aflições produzem em nós um espírito de simpatia pelos companheiros na tribulação.

Aflições dão ocasião para o exercício de paciência, mansidão, submissão e resignação. Não fosse pela saudável e necessária disciplina da aflição, essas virtudes excelentes permaneceriam dormentes.

Aflições servem para nos convencer mais profundamente de nossa própria fraqueza e de nossa insuficiência e para tornar a Pessoa, a graça, as promessas e a salvação de nosso Redentor mais e mais agradáveis ao nosso coração. Portanto, nós somos ensinados a considerar como preciosos os castigos que vêm da mão do Senhor por conta dos benefícios derivados deles.

Aflições não são para punir, mas para purificar a alma do crente.

Elas não são enviadas em ira, mas em misericórdia.

Em meio às angústias e misérias da vida, é uma felicidade pertencer a Cristo, sem a ordem de quem nenhum mal pode recair sobre nós! Ele sempre envia aflições para nosso bem e sabe, por experiência, o que é sofrê-las. Sua mão bondosa prontamente colocará um fim em todas as dores que sentimos, quando delas tivermos derivado todo o bem que Ele pretendia fazer para nós por meio delas.

“Mas este [Pai nos disciplina] para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade” (Hb 12.10).

Categorias
Encorajamento Sofrimento T. Austin-Sparks

“Nem cheiro de fogo”

Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”

Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”

Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.

E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.

(Dn 3.16-27)

Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.

(1Pd 1.6-8)

“A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.

O resultado da prova

1. A autodestruição do inimigo

Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.

Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo.

Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.

2. O desatamento das amarras

Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.

Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?

Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.

3. Comunhão próxima com o Senhor

Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos:

“Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.”

Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.

4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável

Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado.

Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pd 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”.

Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de, talvez, anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.

Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra [a Segunda Guerra Mundial] estava no Continente [na Europa]. Ele havia sido aprisionado por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que tomou, por, pelo menos, três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não era o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.

A necessidade de vigilância

O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.

Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria.

Outra vez, o Senhor Jesus toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu” (v. 1). Olhe para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “Glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está caminhando há algum tempo na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.

Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!

Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é:

“Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a Palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é Sua glória em nós.”

(Publicado pela primeira vez em 24.12.2013.)

Sair da versão mobile