Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”
Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.
Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”
Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.
E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.
(Dn 3.16-27)
Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.
(1Pd 1.6-8)
“A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.
O resultado da prova
1. A autodestruição do inimigo
Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.
Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo.
Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.
2. O desatamento das amarras
Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.
Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?
Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.
3. Comunhão próxima com o Senhor
Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos:
“Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.”
Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.
4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável
Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado.
Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pd 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”.
Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de, talvez, anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.
Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra [a Segunda Guerra Mundial] estava no Continente [na Europa]. Ele havia sido aprisionado por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que tomou, por, pelo menos, três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não era o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.
A necessidade de vigilância
O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.
Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria.
Outra vez, o Senhor Jesus toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu” (v. 1). Olhe para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “Glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está caminhando há algum tempo na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.
Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!
Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é:
“Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a Palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é Sua glória em nós.”
A cura divina é bíblica ou anti-bíblica? O Senhor é “socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1): isso significa apenas que o cristão deve buscar Dele graça para, pacientemente, suportar aflições? As Escrituras têm muito mais a dizer com relação ao corpo; será uma grande perda se ignorarmos isso.
1. Nossos deveres na enfermidade
É claro para nós que muitos cristãos estão vivendo abaixo de seus privilégios nessa questão. Jeová-Rafah (“o Senhor que te sara” [Êx 15.26]) é, verdadeiramente, um dos Seus títulos tanto quanto Jeová-Tsidkenu (“o Senhor justiça nossa” [Jr 23.6]).
Quais são os deveres e privilégios do cristão quando ele adoece? Primeiro, esforçar-se para determinar a ocasião e a causa de sua enfermidade. É fácil descobrir se a doença advém de ignorar as ordens da prudência comum (Pv 23.21; Gl 6.7,8). Se não conseguimos atribuir nosso atual problema de saúde à negligência física ou à insensatez, então, procuremos identificar a causa moral. “Esquadrinhemos nossos caminhos, e provemo-los” (Lm 3.40), fazendo um esforço honesto para descobrir o que tem entristecido o Espírito (Ef 4.30). É provável que haja algo contrário em mim sobre o que Ele está indicando Sua desaprovação (Mc 7.21-23), e pelo que Ele requer que eu me humilhe (Sl 139.23,24). O ponto de lepra de minha alma que precisa ser purificado pode ser um espírito de egoísmo, a permissão ao orgulho, as obras da vontade própria, as agitações da rebeldia quando a providência divina cruza meu caminho, o exercício da justiça própria.
Se nós temos estabelecido algum ídolo, ele precisa ser lançado fora (1Co 10.14; Sl 32.5);
– se nós temos cedido à lascívia, isso precisa ser mortificado (Cl 3.5);
– se nós tomamos um caminho proibido, ele precisa ser abandonado (Pv 14.12);
– se nós temos intencionalmente deixado um dever, ele precisa ser retomado.
Se temos sido descuidados, então, não devemos nos surpreender se ficarmos acamados por algum tempo. Isso é a fim de que haja tempo para relações estreitas entre a alma e Deus, para que as “coisas ocultas das trevas” sejam trazidas à luz e tratadas fielmente (1Co 4.5).
Algumas aflições são produzidas pelo diabo. Nós lemos em Jó, e de uma mulher “a qual há dezoito anos Satanás a tinha presa” (Lc 13.16). Está escrito: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7) – ao que deve ser adicionado “Ao qual resisti firme na fé” (1Pd 5.9).
Algumas enfermidades físicas são enviadas sobre os santos para seu aperfeiçoamento em vez de correção, para que eles produzam algum fruto espiritual superior (Gl 5.22,23). Portanto, o crente que deseja luz sobre sua situação deve esperar no Senhor para que este lhe mostre por que contende com ele (Jó 10.2).
2. 2Crônicas 7.14
“E se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
Alguns podem contestar que tal passagem não é aplicável a nós, pois Deus lidava com Israel de acordo com a Lei, ao passo que lida conosco de acordo com as riquezas da graça. Essa afirmação é completamente anti-bíblica. Manter os requisitos de santidade e exercer misericórdia com respeito ao penitente sempre caracterizou os caminhos de Deus em todas as épocas. O ensino do Novo Testamento nesse assunto é precisamente o mesmo que o do Antigo.
“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem [que morreram]” (1Co 11.29,30).
Os coríntios eram culpados de transformar a Mesa do Senhor em um banquete carnal. Deus não toleraria tal irreverência. Ele os visitou com um julgamento temporal, punindo-os fisicamente. Portanto, esta passagem é estritamente análoga àquela em 2Crônicas 7.
Porém, tanto na primeira, quanto nesta o remédio é graciosamente revelado: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (1Co 11.31). Se os coríntios se condenassem honestamente por sua conduta indecorosa diante de Deus, o julgamento divino seria removido e os muitos enfermos, curados. “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (v. 32). Deus está nos castigando aqui para que escapemos da dor eterna futuramente.
Ora, em 2Crônicas 7.14 nós encontramos o povo de Deus sendo tratado por seus pecados. Como a libertação seria obtida? Primeiro, eles deveriam “se humilhar”. Isso tem o mesmo significado da expressão “julgar a nós mesmos” em 1Coríntios 11.31. Uma palavra em Levítico 26.41,42 fornecerá a ajuda necessária: “Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua iniqüidade, também Eu Me lembrarei da minha aliança”.
Humilharmos a nós mesmos sob a vara de Deus é parar de perguntar: “O que eu fiz para merecer isso?”, é parar de resistir à vara e curvar-se humildemente, reconhecendo que minha conduta vil merece isso. Davi se humilhou quando declarou: “Bem sei eu, ó Senhor, que os Teus juízos são justos, e que segundo a Tua fidelidade me afligiste” (Sl 119.75). Julgar a nós mesmos é tomar posição do lado de Deus contra nós mesmos. Enquanto não o fizermos, a vara não terá completado o efeito para o qual foi designada (Hb 12.11).
“E orar” é a próxima coisa. Nós oramos com um senso mais profundo da santidade divina e de nossa vileza, por um coração contrito e quebrantado (Sl 34.18; 51.17), por fé na misericórdia de Deus, por purificação e restauração para comunhão.
“E buscar a Minha face”. Isso é um passo adicional. Expressa termos ainda mais diligência e fervor. O Onisciente não pode ser enganado por meras palavras. Ele requer uma busca de coração, para que nós tenhamos, de fato, um encontro face a face com Aquele a quem desagradamos. Deus não encobrirá nossos pecados; nós também não deveríamos fazê-lo.
“E se converter dos seus maus caminhos”. Se eles precisam ser libertados do julgamento de Deus, eles devem necessariamente abandonar seus pecados, sem nenhuma reserva secreta, com o firme propósito no coração de não retornar para eles jamais (Sl 85.8). Arrependimento é mais do que lamentar pelo passado. Inclui a resolução de que não haverá repetição no futuro.
“Então, Eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” Aqui está a graciosa promessa: é certo que será ouvido por Deus, o perdão é assegurado e a cura está disponível para ser reivindicada por fé. Deus concederá cura imediata e completa em toda situação? Não; 2Crônicas 7.14 não se compromete nem com a cura imediata nem completa.
Auxílio de médicos e uso de medicamentos
Os homens de Jericó buscaram a Eliseu dizendo: “As águas são más” (2Rs 2.19). E o profeta disse: “‘Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal’. E lho trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas, e deitou sal nele e disse: ‘Assim diz o Senhor: Sararei a estas águas; e não haverá mais nelas morte nem esterilidade’” (2Rs 2.20,21).
Deus podia ter curado aquelas águas sem qualquer sal, assim como Ele poderia ter tornado doce as águas amargas de Mara sem ordenar que Moisés lançasse certa árvore nelas (Êx 15.23-35). Às vezes o Senhor se agrada de usar meios (tais como médicos e medicamentos), e, em outros momentos, Ele os dispensa, pois exerce Sua soberania tanta de uma forma como de outra.
A doutrina da soberania torna o assunto mais intrigante, e Deus assim o deve ter planejado. O homem natural quer que tudo lhe seja facilitado. Mas o modo de Deus é manchar o orgulho humano, fazer-nos perceber nossa insuficiência, colocar-nos de joelhos. “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque Dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). Deus é soberano e não age de modo uniforme. Nós somos agentes responsáveis e dependentes Dele, e portanto não devemos agir nem irracional nem presunçosamente.
Quando sarou a terra de Israel, Deus por vezes usou certos meios; em outros momentos, foi sem o uso de qualquer meio. O mesmo se dá quando Ele cura nosso corpo. A um homem cego Cristo deu visão instantaneamente (Mc 10.46-52), mas, a outro, Ele colocou as mãos nos olhos do homem uma segunda vez antes da completa restauração (8.22-25).
Longe de nós afirmar que todos os que recorrem a médicos e a remédios estão perdendo o melhor do Senhor. Mas é Sua vontade que alguns O glorifiquem “em meio ao fogo” (Is 24.15). Deus enviou um anjo para libertar Pedro da prisão, mas permitiu que Estêvão fosse apedrejado até a morte.
Nós devemos nos apropriar da promessa de 2Crônicas 7.14, humildemente e não presunçosamente. Tendo corrigido qualquer erro diante de Deus, agora implore com Sua Palavra:
“Senhor, eu tenho buscado me humilhar diante de Ti e orar, buscar Tua face e renunciar a meus caminhos iníquos. E Tu me asseguraste que irás me perdoar e me curar. Faz como disseste. Mas, Senhor, eu não conheço Teus pensamentos. É Tua vontade pôr Tua mão restauradora sobre mim neste momento? Caso seja, habilita-me a confiar em Ti de todo o coração. Ou Tu gostarias que eu usasse alguns recursos, como médicos e medicamentos? Sendo assim, faz com que eu conte que Tu os torna eficazes para mim, para que eu confie em Ti e não neles, para que a glória seja toda Tua”.
Dois aspectos da fé
“Seja-vos feito segundo a vossa fé” (Mt 9.29). Deus promete honrar a fé onde quer que Ele a encontre. Mas qual é a fé aqui mencionada? É aquela que descansa sobre a segura Palavra de Deus e é composta por dois elementos principais: submissão e expectativa.
Alguns supõem que submissão – como expressa em: “Todavia não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22.42) – faz de expectativas reais coisas impossíveis. Mas isso está errado e se deriva de uma concepção equivocada do que consiste a expectativa espiritual. Comecemos por afirmar que onde não há uma genuína submissão à vontade de Deus não pode haver uma expectativa verdadeira. Submissão espiritual é apresentar uma causa diante do Senhor e pedir-Lhe que lide com ela da maneira que Ele achar melhor. Se há dependência de Sua sabedoria e de Sua bondade, isso é o exercício da fé. E se houver confiança de que Ele assim o fará, isso é a expectativa de fé, a expectativa, não de que Ele conceder o que a natureza carnal deseja, mas que Ele dará o que Lhe trará mais glória e será para o bem maior de quem pede. Qualquer coisa além disso é presunção.
3. Tiago 5.14-16
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (vv. 14,15).
Uma lista de dons sobrenaturais durante o período apostólico é encontrada em 1Coríntios 12.9,10, incluindo o de cura. Os reformadores consideraram [que a função desses] dons sobrenaturais era principalmente autenticar o cristianismo e confirmá-lo em países pagãos. O propósito deles foi apenas temporário; assim que as Escrituras foram escritas, eles foram revogados (1Co 13.8). Mas Tiago 5.14-16 é colocado à parte. Cremos que esse princípio e essa promessa gerais são válidos para todas as gerações, com exceção apenas dos períodos de grande declínio espiritual. Em tempos normais, é privilégio do santo, quando gravemente doente, chamar os presbíteros (pastores, ministros) da igreja local à qual pertence. Os que pregam a Palavra de Deus a ele certamente seriam os mais aptos para apresentar sua causa diante do Senhor (Jó 42.8). Eles devem orar por ele, encomendando-o à misericórdia de Deus e buscando restauração para ele, se isso estiver de acordo com a vontade divina. Se o enfermo deseja ser ungido com óleo, seu pedido deve ser atendido.
Deve-se ressaltar que essas promessas de Deus relacionadas às misericórdias temporais e terrenas são diferentes daquelas relativas às coisas eternas e espirituais. As primeiras são gerais e indefinidas, e não incondicionais e absolutas como são muitas das últimas. Portanto, nós devemos pedir em completa submissão à soberana vontade de Deus, com a qual Ele tem a liberdade para torná-las reais quando e a quem Ele quer.
Desse modo, a oração de fé aqui não é uma expectativa definida de que Deus irá curar, mas uma garantia pacífica de que Ele fará o que Lhe dá mais glória e para o bem do enfermo.
Fé é confiança e submissão, bem como expectativa. Não há fé mais forte do aquela que tem tanta confiança na sabedoria e na bondade de Deus que conduz a pessoa a dizer: “Faze-nos aquilo que te pareça bom e reto” (Js 9.25). Naqueles aspectos em algumas necessidades específicas não estão cobertas por uma promessa expressa, a fé deve contar com a misericórdia e o poder do próprio Deus (Sl 59.16).
O segredo de uma comunhão duradoura com Deus é o fato de que Cristo está em nós e nós estamos Nele (Jo 15.4).
(David de Bruyn)
Quem entregou Jesus para morrer?
Não foi Judas, por dinheiro.
Não foi Pilatos, por medo.
Não foram os judeus, por inveja.
Mas o Pai, por amor!
(Otávio Winslow)
Jesus quer que Seus ouvintes ouçam uma urgente mensagem de Deus: ‘Arrependam-se!’
(Jon Bloom)
A fé resiste aos desapontamentos, às dificuldades e às angústias da vida por reconhecer que tudo isso vem das mãos Daquele que é sábio demais para errar e amoroso demais para ser cruel.
(A. W. Pink)
Ó Deus, ouve o meu clamor; atende à minha oração.
Desde o fim da terra clamarei a Ti;
quando o meu coração estiver desmaiado, leva-me para a Rocha que é mais alta do que eu.
Pois tens sido um refúgio para mim e uma torre forte contra o inimigo.
Habitarei no Teu tabernáculo para sempre;
abrigar-me-ei no esconderijo das Tuas asas. (Selá.)
(Sl 61.1-4)
Verdadeiro cristianismo custará a um homem o favor do mundo. Ele deve estar contente em ser considerado prejudicial pelos homens se ele agrada a Deus. Ele não deve tomar por algo estranho ser escarnecido, ridicularizado, difamado, perseguido e mesmo odiado.
(J. C. Ryle)
O que há em tuas miseráveis obras e ações que tu penses agradar a Deus mais do que o sacrifício de Seu próprio Filho?
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança” (Rm 5.3,4).
Todas as aflições dos filhos de Deus são planejadas, sob Seu gracioso gerenciamento, para provar, fazer-lhes manifestas e exercitar essas graças e virtudes que Ele implantou neles. Embora as aflições, em si mesmas, não sejam motivo de regozijo, mas penosas, elas produzem os frutos pacíficos de justiça naqueles que são por elas exercitados.
Aflições servem para avivar o espírito de devoção em nós e despertar-nos daquelas formalidade e indiferença que, freqüentemente, acompanham um longo período de tranqüilidade e prosperidade. Nós somos constrangidos a buscar a Deus com sinceridade e fervor quando Sua mão disciplinadora está sobre nós, desde que percebamos nossa absoluta necessidade da ajuda e da libertação que somente Ele pode nos dar.
Aflições servem, mais efetivamente, para nos convencer da vaidade de tudo que este mundo tem a oferecer, para nos lembrar que este mundo pobre não é nosso descanso e para nos provocar desejos e esperanças por nosso eterno lar.
Aflições produzem em nós um espírito de simpatia pelos companheiros na tribulação.
Aflições dão ocasião para o exercício de paciência, mansidão, submissão e resignação. Não fosse pela saudável e necessária disciplina da aflição, essas virtudes excelentes permaneceriam dormentes.
Aflições servem para nos convencer mais profundamente de nossa própria fraqueza e de nossa insuficiência e para tornar a Pessoa, a graça, as promessas e a salvação de nosso Redentor mais e mais agradáveis ao nosso coração. Portanto, nós somos ensinados a considerar como preciosos os castigos que vêm da mão do Senhor por conta dos benefícios derivados deles.
Aflições não são para punir, mas para purificar a alma do crente.
Elas não são enviadas em ira, mas em misericórdia.
Em meio às angústias e misérias da vida, é uma felicidade pertencer a Cristo, sem a ordem de quem nenhum mal pode recair sobre nós! Ele sempre envia aflições para nosso bem e sabe, por experiência, o que é sofrê-las. Sua mão bondosa prontamente colocará um fim em todas as dores que sentimos, quando delas tivermos derivado todo o bem que Ele pretendia fazer para nós por meio delas.
“Mas este [Pai nos disciplina] para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade” (Hb 12.10).
Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”
Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.
Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”
Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.
E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.
(Dn 3.16-27)
Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.
(1Pd 1.6-8)
“A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.
O resultado da prova
1. A autodestruição do inimigo
Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.
Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo.
Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.
2. O desatamento das amarras
Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.
Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?
Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.
3. Comunhão próxima com o Senhor
Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos:
“Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.”
Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.
4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável
Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado.
Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não O havendo visto, amais; no qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pd 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”.
Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de, talvez, anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.
Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra [a Segunda Guerra Mundial] estava no Continente [na Europa]. Ele havia sido aprisionado por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que tomou, por, pelo menos, três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não era o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.
A necessidade de vigilância
O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.
Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria.
Outra vez, o Senhor Jesus toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu” (v. 1). Olhe para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “Glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está caminhando há algum tempo na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.
Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!
Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é:
“Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a Palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é Sua glória em nós.”
Desde tempos imemoriais, os homens saciam a sede com água sem saber nada sobre seus constituintes químicos. Da mesma forma, não precisamos ser instruídos em todos os mistérios da doutrina, mas precisamos receber a Água Viva que Jesus Cristo nos dá, a qual é a única que satisfazer nossa alma.
(Sadhu Sundar Singh)
Escolha o sofrimento em lugar de pecar (Hb 11.24,25). Oh! amado, há mais mal no menor pecado contra Cristo do que no maior sofrimento por Cristo!
Nossos sofrimentos por Cristo são sempre leves. Nossos sofrimentos por Cristo são curtos, apenas por um momento. Cristo está ao nosso lado em nossos sofrimentos. Nossos sofrimentos são ordenados pelo Pai. Nossos sofrimentos não podem ferir nossa alma. Deus nos dá o melhor dos confortos nos piores momentos. Temos mais consolo de Deus quando temos mais tribulação dos homens! Como nossos sofrimentos abundam, assim nossas consolações são abundantes. Quando o fardo é mais pesado sobre as costas, então, a paz de consciência é mais doce interiormente.
Portanto, meu querido irmão, mantenha-se fora da poça imunda deste mundo e do mal deste mundo! E se você tiver de escolher entre pecar ou sofrer, escolha o sofrimento em lugar de pecar!
(William Dyer)
O mais importante: nunca devemos esquecer a oração privada. Esse é um grande segredo da força do ministério. É ali que as raízes do ministério, falando de modo prático, são encontradas. O ministério do homem que tem dons, por maiores que sejam, mas não dá à oração o lugar principal, mais cedo ou mais tarde, vai se tornar tedioso e ineficaz.
(J. C. Ryle)
Tu [ó Deus] contas as minhas vagueações; pões as minhas lágrimas no Teu odre. Não estão elas no Teu livro?
(Sl 56.8)
Comece de uma vez; antes de você se aventurar afastando-se de seu momento de silêncio, peça ao seu Rei para levar você inteiramente ao serviço Dele, e coloque todas as horas deste dia simplesmente à disposição Dele, e peça-Lhe que faça e mantenha você pronto para fazer exatamente o que Ele indicar. Não se preocupe com o amanhã; um dia de cada vez é o suficiente. Experimente isso hoje, e veja se não será um dia de estranha, quase curiosa, paz, tão doce que você será muito grato quando o amanhã vier pedir-lhe para ser assim também.
(Francis Ridley Havergal)
Ó filho da tristeza! Isto lhe bastará: possuir a simpatia de Cristo, imensurável e sem limites como o oceano, primorosa e imutável como o ser Dele! Entregue seu coração à rica compaixão de Cristo! Será que Jesus é indiferente ao que eu sinto e às tristezas sob as quais eu gemo? Ah, não! O suspiro que sai em segredo do meu coração não é secreto para Ele; a lágrima que é minha comida dia e noite, e cai despercebida e desconhecida, é conhecida e lembrada por Ele!
(Otávio Winslow)
Ninguém jamais esgota as Escrituras; o Livro se amplia e se aprofunda conforme passam nossos anos.
“Muitos serão purificados, e embranquecidos e provados” (Dn 12.10).
Todos os cristãos desejam ser purificados e embranquecidos – mas, quando se trata de serem provados, isso lhes é algo muito diferente. Eles encolhem à vista da própria palavra. Suas provações são para eles como um pesadelo do qual, de bom grado, escapariam. Mas as provações são uma parte necessária do processo de Deus de nos preparar para o céu.
As tempestades e os obstáculos em nossa vida operam para o bem se os acolhermos como deveríamos. Graças a eles, nossa vida é enriquecida, enobrecida e desenvolvida. Eles são bênçãos para nós, embora pareçam ser bênçãos muito disfarçadas.
A vida tem tanto seu amargo quanto seu doce. Nós não devemos esperar sempre ter apenas o doce. Às vezes, as circunstâncias estão a nosso favor e trabalham para nossa felicidade, nossa paz e nosso contentamento. Às vezes, navegamos tranqüilamente e tudo corre de forma agradável. Somos corajosos, confiantes e alegres. O sol brilha intensamente num céu sem nuvens, e todas as perspectivas parecem serenas.
Mas essa navegação tranqüila não dura para sempre. Mais cedo ou mais tarde, as nuvens devem vir e os ventos tempestuosos nos atingirão. Devemos ter o mau tempo, assim como o tempo agradável; a tempestade, assim como a calma.
O brilho do Sol e a calma são muito necessários para a vida, e operam com um propósito definido. Mas as tempestades e a chuva e o vento são igualmente necessários, e eles também cumprem seu propósito.
As provações virão – não podemos evitá-las. Podemos planejar e construir esperanças – apenas para que nossos castelos no ar desabem em volta de nossa cabeça! Se colocamos o coração nessas coisas, provavelmente ficaremos muito desapontados com seu naufrágio e nos sentiremos muito tristes com o resultado.
Quão grandemente somos afetados por nossas provações depende de nos submetermos docemente a elas ou não. Nunca devemos nos afligir com as decepções. Se o fizermos, elas crescerão apenas mais rapidamente, tanto em tamanho quanto em intensidade.
Perdas podem vir a nós – nossa propriedade pode ser assolada ou queimada. Se tivermos nosso coração posto em nossas posses, elas podem tocar um ponto sensível, e isso escurecerá nossa vida e nos deixará melancólicos e insatisfeitos.
Pobreza e muitas dificuldades incidentais podem chegar.
A doença pode colocar sua mão pesada sobre nós ou sobre nossos entes queridos, e provar cada fibra do nosso ser. A doença pode tocar os acordes da dor, uma lamentação que incita com tortura requintada! Ou pode fazer nosso sangue ferver com febre até que nossos olhos brilhem e nosso rosto enrubesça. Ou pode nos prender desesperançadamente em cadeias.
A morte pode vir e levar aqueles que nos são queridos pelos laços da natureza ou da amizade – e deixar a dor e a tristeza como nossas companheiras.
Essas coisas provam a alma, mas devem ser suportadas. Não podemos fugir delas, pois são a herança comum daqueles que habitam em tabernáculos de barro. Eles pertencem à mortalidade e às coisas mutáveis do tempo. Quão imensamente tais coisas podem nos afetar dependerá de quanto nos rebelamos contra as circunstâncias ou de quão facilmente nos submetemos e nos adaptamos à vontade de Deus. Deus pode castigar você dolorosamente, mas Ele fará isso para seu proveito, não para sua destruição.
Nossas provações são a raiz sobre a qual nossas bênçãos crescem. Essas raízes podem ser amargas, mas o fruto será, com certeza, doce, se esperarmos pacientemente por seu amadurecimento. Muitas frutas escolhidas crescem em árvores espinhosas, e, quem colher os frutos, pode esperar ser picado de vez em quando pelos espinhos.
Nós não podemos escapar das provações. A única coisa que alguns cristãos fazem ao se rebelar é aumentar o próprio sofrimento nas provações e impedir a si mesmos de receber a bênção que delas vem.
Devemos estar dispostos a sofrer quando é da vontade de Deus que soframos, e quando Ele vê que é necessário que soframos. Nosso Mestre bebeu do cálice do sofrimento, mesmo que este fosse amargo. Somos melhores que ele? Devemos nos recusar a seguir o caminho que O levou à glória?
(Há alguns anos, um servo de Deus muito usado deu uma série de mensagens que foram de grande ajuda para grande número de cristãos. Daquela série, selecionamos a seguinte mensagem, por crer que ela ajudará bastante a muitos neste momento.)
“E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em Mim” (Mt 11.6).
“Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis” (Jo 16.1).
Um dos maiores perigos da vida cristã espreita no caminho comum do discipulado. É o perigo de se escandalizar em Cristo. A comunhão para a qual o cristianismo nos convoca traz inevitavelmente uma sempre nova e humilhante descoberta do ego; um invariável distúrbio da ordem estabelecida em nossa vida, conforme Sua vontade corrige e se opõe a nossa; um esforço incessante de atingir o ideal, ou seja, fazer nossa vida de seguidores corresponder crescentemente à Dele como Precursor.
E o perigo é que estamos aptos a falhar ao sermos submetidos ao teste e ao treinamento que isso envolve, a retroceder e não mais caminharmos com o Senhor, e, de fato, nos escandalizarmos Nele. É sempre possível, não obstante toda a sincera profissão da alma, de que o que Deus queria que fosse bênção se torne ruína para nós por causa de nossos conceitos errôneos. É sempre periculosamente possível que a luz de hoje se torne profundas e impenetráveis trevas amanhã, devido a nossa falha em obedecer a Cristo e continuar caminhando com Ele, por nosso atraso ou desvio das atrativas direções da companhia de Cristo. Os homens têm, assim, inconsciente e imperceptivelmente se colocado distantes do alcance das influências comuns de Cristo e se tornam, como detritos no oceano, ocasiões de perigo e desastre para incontáveis vidas.
Mas Cristo, com aquela absoluta franqueza que consiste em boa parte de Seus atrativos aos homens, não pode ser culpado por tais miseráveis deserções, pois Ele nunca disfarça, de qualquer modo, a impensável possibilidade. Em Seu evangelho, Ele combina boas-vindas com advertências como nenhum outro o faz. Sua Palavra, ao abrir o próprio coração de Deus a nossa consciência, abre também nosso próprio coração para nós. Por meio Dele viemos a conhecer o Pai, e também por Ele viemos a conhecer a nós mesmos. Ele revela toda a fidelidade de Deus a nós, mas revela também a instabilidade de nossa vontade e a inconfiabilidade de nossas emoções. Ele não nos trata como homens ideais, mas como homens reais; e nos adverte da mortandade que assola ao meio-dia, bem como da peste que anda na escuridão (Sl 91.6). Conseqüentemente, isto é o que Ele diz aos mais sinceros e convictos de nós: “Bem-aventurado aquele que não se escandalizar em Mim” (Mt 11.6). A implicação é óbvia e sinistra, mas a realidade e a riqueza de Sua graça são a resposta suficiente e silenciadora para cada um de nossos medos. A bem-aventurança de não se escandalizar, apesar de todo o perigo exterior e a fraqueza interior, é o possível ganho de cada um. E isso, de fato, é uma bênção.
É sempre periculosamente possível que a luz de hoje se torne profundas e impenetráveis trevas amanhã, devido a nossa falha em obedecer a Cristo e continuar caminhando com Ele.
Contudo, é necessário lembrar o sentido da palavra “escandalizar”. No grego, é a palavra “ofender”, e tem a força de “levar a tropeçar”. Então, traduzamos e expandamos esse dito de Cristo como sendo: “Bem-aventurado aquele que não acha em Mim nenhuma causa de tropeço, aquele que é capaz de manter seus pés em Meus caminhos, que não tropeça em nenhum obstáculo no caminho em que o tenho dirigido”. Ele usa essa palavra bem frequentemente nesse sentido; como, por exemplo, quando fala da mão ou do olho do homem sendo a causa do tropeço (Mc 9.43-47), quando denuncia aqueles que levam os outros a se escandalizarem (Mt 18.6) e quando declara que no dia da Sua glória tudo o que causou escândalo será banido de Seu reino (13.41).
Porém, Ele nunca a usa de maneira tão surpreendente como quando declara a possibilidade de homens acharem ocasião de escândalo Nele. Estamos preparados para encontrar isso no mundo, na oposição do diabo, na comprovada falsidade dos outros – mas Nele?! É, contudo, a mais surpreendente de Suas advertências, pois Nele já encontramos vida e salvação, direção e paz, inspiração e satisfação. Agora, ter a possibilidade de encontrar Nele também causa de ofensa nos desconcerta bastante. Fosse essa palavra aplicada aos homens do mundo, teria causado pouca, ou nenhuma, surpresa. Por exemplo: não somos grandemente tomados de surpresa quando aqueles que O conhecem de perto O tratam tão desdenhosamente e digam: “Não é este o filho do carpinteiro?” (v. 55). Nem estamos nós completamente despreparados para constatar que os fariseus se escandalizaram Nele quando disse a eles que maus pensamentos, adultérios, assassinatos e coisa assim procedem do coração dos homens, pois Suas palavras os convenciam do pecado (15.10-20). Não nos surpreendemos tanto de que Ele seja uma pedra de tropeço para aqueles que são confessamente desobedientes a Seus comandos. Mas pensar que Seus próprios amigos, aqueles que realmente O conheciam e foram admitidos na intimidade da comunhão com Ele, achariam causa de escândalo Nele, é muito estranho. E esse mistério nos adverte a ficarmos atentos a nós mesmos.
O momento em que o primeiro desses alertas foi dado nos dá a chave de seu significado. João, o que batizava, definhava na prisão às costas do Mar Morto como resultado de uma vida de máxima fidelidade. Ele foi tremendamente fiel a Cristo, esplendidamente sincero no concernente a sua missão, maravilhosamente corajoso em transmitir a mensagem confiada a ele, e, mesmo assim, tudo terminou em uma masmorra.
Que prova para tal homem!
Parecia que sua fé, sua auto-restrição, sua disposição para diminuir a fim de que Cristo aumentasse, que tudo isso ficara sem reconhecimento e sem valor. Sua experiência contradizia tão inteiramente a segurança em Deus, que é fácil entender a perplexidade mental que o levou a enviar seus discípulos a Cristo com a patética inquirição: “És Tu aquele que haveria de vir?” (11.2,3). Pois eis aqui Aquele que veio declaradamente para libertar os cativos, e ainda não libertou o homem que, mais que todos os outros, aparenta ter reivindicações sobre Ele. Cristo proclamou a própria missão em termos de simpatia e amor pelo quebrantado, e ainda há o contrito e quebrantado de quem Ele aparentemente não tem conhecimento.
Ele foi tremendamente fiel a Cristo, esplendidamente sincero no concernente a sua missão, maravilhosamente corajoso em transmitir a mensagem confiada a ele, e, mesmo assim, tudo terminou em uma masmorra.
É de se maravilhar que, por fim, a dúvida supere a fé, de modo que ele envia os mensageiros a Cristo na esperança de que este se declare claramente e interprete essa experiência completamente inexplicável e contraditória para aquele que pagou um preço imenso ao manter uma devotada lealdade ao Filho de Deus? A única resposta de Cristo a esses mensageiros é uma demonstração de Seu poder soberano sobre todas as forças de destruição e de morte, e uma ordem de que deveriam dizer a João aquilo que tinham visto e passar a ele esta mensagem que chama por uma nova e triunfante confiança de sua parte: “Bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em Mim” (v. 6). Pois isso significa que, ao longo do caminho da bênção, a providência do teste sempre será experimentada. Sua implicação é que existe verdadeira paz apenas para o homem que confia em Cristo quando não tem ajudas externas para a fé, que crê Nele quando vê apenas aquilo que parece negar sua confiança e permanece em lealdade sem vacilar quando o tratamento divino testa sua resistência ao máximo.
A segunda parte das palavras de Cristo ajuda a entender como Sua mensagem a João se aplica também a nós: “Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis” (Jo 16.1). Ditas como foram, na véspera de Sua partida, quando o feroz teste do discipulado estava perto de ser experimentado por Seus seguidores, elas implicavam que eles precisariam fixar a alma nas coisas que Ele lhes havia dito sobre Seu propósito e poder, se quisessem evitar o perigo de tropeçar e se desviarem Dele. Pois eles seriam levados a experiências de provas e de tensão enquanto cumpriam seus votos de consagração. E “naqueles dias”, diz Cristo, “sejam verdadeiros a sua melhor experiência de Mim. Descansem naquilo que ninguém pode tirar de vocês: o conhecimento pessoal que vocês têm de Minha graça. Agarrem-se a essas coisas que lhes tenho falado e mostrado. Sejam leais a Mim. Confiem em Mim inteiramente, apesar de todo mistério inexplicável e da aparentemente desnecessária tribulação. Assim, não tropeçarão, mas serão fortalecidos por essas coisas, que são todas ordenadas por Mim”.
Não é desleal da parte de Cristo dizer isto: que Ele não apenas governa sobre os homens, mas também os mistifica. Embora Ele os abençoe, Ele também os desconcerta, pois incomparavelmente mais altos são Seus caminhos e pensamentos do que os nossos (Is 55.9). Ele nos persuade ao amor e à lealdade; mas também nos confunde, geralmente ao ponto da distração. Ele certamente responde às questões de nosso coração, mas ao mesmo tempo levanta muito mais perguntas do que as que responde. Na vida de todo verdadeiro seguidor Dele, sempre haverá, como houve na Dele mesmo, um grande “Por quê?” sem resposta. Nenhum de nós jamais estará isento da necessidade de adquirir pela fé e pela paciência a bem-aventurança de não se escandalizar.
Pensemos em um simples e típico exemplo de escândalo, de ofensa. Comumente não se trata de uma clara apostasia, de fria renúncia à verdade ou de amarga negação da experiência passada. Em vez disso, começa com o desapontamento de alguma esperança, a frustração de alguma expectativa, o cansaço por uma oração não respondida ou a dor de um coração que parece não evocar qualquer resposta simpática de Deus. Tudo isso gera uma desconfiança muda, quase impronunciável; e enquanto pensamos nisso, uma sensação de injustiça cresce, um sentimento de que não estamos sendo tratados com muita justiça por Cristo, que se torna um evidente ressentimento. Até que, pouco a pouco, Seu jugo se torna irritante; desafiamos Seu direito de controlar nossa vida também, e tudo termina em um secreto repúdio de Seu senhorio e, geralmente, em uma renúncia exterior de todos interesses e objetivos espirituais. Essa é uma causa típica de se escandalizar em Cristo. E quantos existem ao nosso redor cuja vida é uma típica descrição disso! Dos pequenos começos de desconfiança crescem os maiores desastres.
Se duas linhas paralelas são produzidas até o infinito, jamais haverá alguma variação da distância entre elas. Mas, deixe-as divergirem em qualquer ponto por apenas a largura de um fio de cabelo e, quanto mais longe forem, mais ampla a divergência se tornará, até que exista um universo de distância entre elas. Assim acontece com nossa comunhão com Cristo: a mínima desconfiança ou desobediência é cheia da potencialidade do infinito; e, se não for descoberta e verificada, irá, por fim, colocar uma eternidade de distância entre a alma e o Salvador. Se, portanto, pudermos estimar alguma das imutáveis certezas do discipulado, explorar alguma, pelo menos, das perigosas causas das ofensas em Cristo e, ao mesmo tempo também, estabelecer um novo relacionamento de implícita confiança com nosso Senhor, seremos salvos desse poder aterrador. E esse é certamente o objetivo de Sua Palavra de advertência.
Nenhum de nós jamais estará isento da necessidade de adquirir pela fé e pela paciência a bem-aventurança de não se escandalizar.
Existe primeiramente a severidade de Seus requerimentos. Quando viemos a Cristo a primeira vez, o caminho parecia ser cheio de rosas e o ar parecia repleto de doces e calmantes aromas. Pois, embora Cristo fosse absolutamente franco conosco e nada escondesse da dureza dos conflitos que teríamos de enfrentar, nossos próprios poderes de apreensão eram tão limitados que víamos apenas uma coisa por vez, e aquela única coisa era que Cristo atenderia todas as necessidades de que estávamos conscientes. Em decorrência disso, marchamos rumo a uma alegre tensão com a qual nosso coração estava sintonizado. Porém, isso ocorreu muito antes de descobrirmos que as condições do companheirismo são severas. Por exemplo: vemos que uma real separação do mundo em espírito e propósito é completamente necessária para a manutenção da comunhão. Vemos que não podemos andar em duas disposições mentais de uma só vez – e que as pressões do mundo são de fatos sedutoras. Aprendemos que não podemos ao mesmo tempo andar com Ele e com a opinião popular, com Ele e com o mundo, ou mesmo com Ele e com a igreja externamente professa.
Quando essa descoberta é feita, com freqüência significa que os homens se escandalizaram Nele, pois Suas demandas envolvem perturbações de alto custo na regulação do lar, dos negócios e da vida social, de acordo com Suas ordens. Possivelmente signifiquem para alguns a renúncia de um tipo de popularidade que existe somente por causa do vergonhoso silêncio no tocante a Ele. Envolvem outros na severidade dos laços que se tornaram uma grande parte da vida, e o sacrifício de prosperidades materiais que têm parte com a natureza da injustiça. Elas significam para todos o fim da auto-indulgência, uma crucificação visando a uma coroação, uma destronização visando a uma entronização.
Quando tudo isso é claramente compreendido, então, os homens se escandalizam com Cristo. Quando Ele diz: “Corte a mão direita; arranque o olho direito; abandone tudo o que você tem; tome sua cruz e siga-Me”, vem, então, o teste que determina tudo. Aí muito freqüentemente os homens retrocedem para não andar mais com Ele. Não porque eles não O entendem, mas porque vieram a conhecê-Lo muito bem! Quando Ele chega a ser assim reconhecido, não apenas como o Cristo de coração amável, mas também o Cristo de dura face, grande é a bênção daquele que não se escandaliza.
Eis aí o mistério de Sua contradição. Geralmente parece que Cristo foi antipático aos nossos melhores desejos, aqueles desejos que se originaram em nossa comunhão com Ele. Queremos, por exemplo, fazer uma grande obra e alcançar uma grande esfera; mas a resposta Dele a nossos anseios é nos obrigar a enfrentar as dificuldades de uma pequena obra em um local onde há pouco, se algum, reconhecimento de nossa labuta. Pedimos por serviço espiritual, e tudo o que nos é dado é uma monótona rotina de deveres seculares. E estamos, por isso, em perigo de nos escandalizarmos Nele, porque parece haver muito pouca justificativa para Seu tratamento a respeito de nosso alto propósito.
Ou, estamos pedindo o dom do descanso e clamando por Suas grandes promessas a esse respeito; contudo, a resposta vem na necessidade de conflito severo e contínuo. As chamas da tentação incendeiam ao nosso redor, não menos, mas muito mais ferozmente do que nunca; e ficamos confusos e provocados com esse cumprimento da Palavra que jamais esperamos. Ou desejamos ter uma vida com menos cargas e tensões, mas a única resposta do Senhor é impôr outras e mais pesadas cargas sobre nós. E nos ofendemos muito com Ele. O mistério disso tudo confunde cada sério propósito, e a tentação de não crer é, às vezes, quase demais.
Contudo, vai nos ajudar lembrar o fato simples de que o Senhor sabe e faz apenas aquilo que é melhor tanto para o desenvolvimento quanto para a repreensão de nossa vida. Na verdade, Ele é antipático apenas com nossos egoísmos. Ele busca destruir dentro de nós somente tudo o que cheira a amor-próprio, orgulho e auto-suficiência, reproduzindo em nós algo da beleza de Seu próprio caráter. Em Suas contradições corretamente apreendidas, devemos sempre ver a expressão de Sua perfeita sabedoria no que concerne a nossos próprios e mais altos interesses, e também aos interesses do reino que Ele nos deu a compartilhar. Então “bem-aventurados os que não se escandalizam”, os que aceitam a direção de Cristo como Seu amor, e confiam Nele, “quando simplesmente confiar Nele parece a coisa mais difícil de todas”.
Eis aí o mistério de Sua contradição.
Além dessas causas, existem ainda outras na lentidão de Seus métodos. Viemos a Ele e colocamos nossa vida sob Seu controle, esperando uma imediata libertação que nos levasse para além de toda preocupação relacionada à tentação e às forças que se opõem a nós. Mas quão desapontadoramente lenta é essa libertação e com que dificuldade são ganhas nossas vitórias, mesmo quando somos fortalecidos por Seu Espírito!
Quase sempre percebemos que a vida não é uma canção, mas, em vez disso, uma contenda; que a graça de Cristo não é um mero êxtase, mas, sim, uma energia que trabalha dolorosamente por retidão em nós; e que isso toma toda a vigilância de que somos capazes a tomar o lugar já conquistado, assim como a conquistar novos territórios. E a demora de Cristo nessa questão de nossos próprios conflitos espirituais com frequência é a causa de nos escandalizarmos, pois isso desaponta nossas esperanças e contradiz nossos conceitos errôneos relacionados a tudo, como se fosse uma vitória fácil e passiva sobre nossos fortes inimigos. Mas, na realidade, esse método, embora nos pareça lento, é o único que Ele certamente poderia ter, tendo em vista a grandeza de Seu propósito e a contrariedade de nossa natureza. Cada experiência de vitória, mesmo que pequena e insignificante, profetiza de um completo e definitivo triunfo.
Se formos ao Observatório em Greenwich, veremos que existe um instrumento delicado, através do qual os astrônomos medem as distâncias entre as estrelas, assim como sua magnitude. Sobre um espelho sensível é refletida a luz dos pontos celestes, e uma medida dos ângulos em que dois raios se encontram fornecem dados suficientes para todos os cálculos espantosos de milhões de quilômetros. Assim ocorre em nossa vida. Ao estimar o que Cristo já fez, nós nos asseguramos de Seu invariável propósito. Cada migalha de experiência de Seu poder de santificar, purificar, redimir, libertar, é profético do todo – de “que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará [completará]”. Se nos agarrarmos a esse fato, encontraremos nele inspiração para a contínua firmeza da fé, e não nos escandalizaremos por Ele trabalhar tão lentamente – e acertadamente.
O mesmo é verdade também quanto ao progresso do Reino a cujos interesses fomos chamados a servir. Quão freqüentemente vemos que a lentidão com a qual resultados espirituais são alcançados se torna uma causa de ofensa em Cristo. Começamos por esperar que, quando exaltássemos Cristo, imediatamente veríamos multidões seguindo-O. Imaginamos que tínhamos apenas de trabalhar fielmente no serviço a Deus e ao homem, e os resultados certamente seriam visíveis. Mas como isso é diferente na prática. Quão dificilmente as almas são persuadidas e ganhas! Quão verdadeiro é que o joio cresce junto com o trigo! Quão verdadeiro é que aquele que avança levando a preciosa semente precisa chorar ao longo do caminho (Sl 126.6)!
E a dificuldade de crer que Deus está presente quando Ele está invisível é demais para muitos que começam a trabalhar para Ele com altas expectativas e bravas crenças, que ao fim parecem injustificadas. Como os discípulos, eles pensam que “o reino de Deus deveria aparecer imediatamente”; e, na disciplina de seu entusiasmo e na conversão de sua consagração em continuidade, pode ser que eles se “escandalizem”. Porém, não seria difícil termos exemplo após exemplo para provar que, na obra espiritual, quando os resultados são menos visíveis, eles, com freqüência, são mais reais. O obreiro que avança sem o estímulo do sucesso exterior, que continua testemunhando mesmo quando se depara com gélida indiferença, que desempenha a obra de Cristo na inspiração infalível de saber que essa é a obra de Cristo, é aquele que alcança a bênção de não se escandalizar. E parte disso está na certa colheita de sua semeadura e na segura recompensa de todo o seu serviço.
Porém, talvez acima de todas essas causas citadas de ofensa em Cristo, está a irrazoabilidade de Seus silêncios. Tenho muita simpatia com esta perplexidade de João, o que batizava: “Se esse é realmente o Cristo, porque Ele não age como Cristo? Por que Ele não faz nada para libertar Seu arauto preso ou para trazer paz a seu atribulado coração?” Uma visitação de Cristo teria mudado aquela prisão em um palácio. Um estalo de dedos da parte Dele teria transformado a escuridão de João em glória. Mas Cristo não fez isso. Assim como não o fez em Betânia, quando deixou Marta e Maria entregues à tristeza por dois longos e pesados dias. Eu simpatizo com elas em sua completa inabilidade de compreender a demora Dele à luz de Seu amor, e no protesto implícito das palavras com as quais O saudaram no caminho: “Senhor, se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11.21,32).
O silêncio Dele pareceu tão irrazoável, e ainda parece quando aparentemente não liga para nossas orações, e nós clamamos como que a um céu silente. Quem não conhece essa amarga experiência e a sutil tentação que a segue? Oramos pela conversão de nossos entes queridos, mas eles seguem aparentemente tão sem rendição e impenitentes como nunca antes. Oramos por coisas temporais que parecem completamente necessárias, sem nenhuma resposta. Buscamos alívio de alguma carga pesada, mas nenhum nos é dado – e hoje ela pesa mais do que nunca. E o pensamento de que o silêncio de Cristo é irrazoável nunca está longe demais. A lealdade a Ele está sendo dolorosamente provada, quase que ao ponto de partir-se. É quase justificável o fato de “nos ofendermos” Nele.
E a dificuldade de crer que Deus está presente quando Ele está invisível é demais para muitos que começam a trabalhar para Ele com altas expectativas e bravas crenças, que ao fim parecem injustificadas.
Mas, assim como com respeito a João na prisão, e as irmãs em Betânia, e a multidões de outros em todas as eras, Ele não está desatento, muito embora Seu silêncio pareça apontar para isso. Ele os está treinando, e a nós, para uma fé destemida, a viver no reino do invisível e eterno, a trilhar Seus próprios passos. Às vezes, o que chamamos de orações não-respondidas provam-se, sem sombra de dúvida, ser uma bênção maior do que a desejada resposta talvez pudesse ter sido. Quando Cristo responde com negação a nossos pedidos, podemos estar certos de que a resposta positiva teria sido para nosso prejuízo. Ele retém misericórdias secundárias a fim de nos ensinar a importância e o valor das primárias. Suas negativas são para nosso enriquecimento, e não para nosso empobrecimento, pois Seus propósitos são vastamente maiores do que nossas orações, e, embora Seu discurso se pareça com a prata, Seu silêncio é como o ouro. “Bem-aventurado aquele que não se ofender em Mim”.
“Essas coisas vos tenho dito para que, apesar da severidade de Minhas exigências, do mistério de Minhas contradições, da lentidão de Meus métodos e da irrazoabilidade de Meus silêncios, não vos escandalizeis.” Que coisas são essas? O que manterá Seu povo a salvo dos perigos da deserção? Quais são as seguranças permanentes de nossa fé? Em uma palavra: a certeza de Seus caminhos diante de nós: “Saí do Pai […] e vou para o Pai. […] Eu sou o caminho” (16.28; 14.6). E, a seguir, a certeza de Seu amor por nós: “O próprio Pai vos ama” (16.27). Também a constância de Sua união conosco: “Estai em Mim, e Eu em vós” (15.4). Essas são as verdades básicas de todas as Suas advertências, e a expansão delas está na vida dos membros de Seu povo. Bem-aventurado aquele que, repousando nesses fatos de Deus, tornam-nos fatores de sua própria vida, e avança sem se ofender e sem se escandalizar, sempre radiante com a “paz que excede todo o entendimento” (Fp 4.17), tornando-se crescentemente parte da iluminação do mundo ao refletir seu Senhor.
Assim, tenhamos cuidado em colocar um valor indevido em nossa mera percepção dessa verdade. Atentemos para não superestimar a força de nossas próprias resoluções e de nossos recursos, de dizermos qualquer coisa como: “Ainda que todos os homens se escandalizem em Ti, eu jamais me escandalizarei”. Em lugar disso, em uma humilde e sensível dependência de Cristo, a qual sempre se expressa em devoção ferrenha e lealdade à Palavra Dele, busquemos viver como homens de fé manifesta. Pois essa é a condição que governa a bem-aventurança de não se escandalizar.
A Bíblia não é nada mais do que a voz Daquele que se assenta no trono. Cada livro, cada capítulo, cada sílaba, cada letra da Bíblia é um pronunciamento direto do Altíssimo.
(John William Burgon)
Há mistérios de graça e de amor em cada página da Bíblia. E próspera é a alma que vê no Livro de Deus uma preciosidade cada vez maior.
(Robert Chapman)
De duas coisas a igreja necessita: mais morte e mais vida. Mais morte a fim de viver; mais vida para poder morrer.
(C. A. Fox)
Nas ambições humanas, os homens constantemente mencionam: “Onde há uma vontade certamente há um caminho!” Senhor, seja nosso ditado ainda mais excelente: “Onde nossa vontade morreu, podemos certamente encontrar Teu caminho!”
(E. L. Bevir)
Sussurros que não podem ser expressos em palavras são freqüentemente orações que não podem ser recusadas.
(C. H. Spurgeon)
Eu aprendi a amar as trevas do sofrimento; lá você pode contemplar o brilho da face de Deus.
(Madame Guyon)
Se o Senhor falhar comigo desta vez, terá sido a primeira.
Quem quiser verificar sua verdadeira condição espiritual pode fazê-lo notando quais foram os seus pensamentos nas últimas horas ou nos últimos dias. Em que você pensou quando estava livre para pensar no que lhe agradasse?
O homem humilde aceita que se lhe diga a verdade. Ele crê que em sua natureza caída não habita bem nenhum. Reconhece que, separado de Deus, não é nada, não tem nada, não sabe nada, nem pode fazer nada. Mas esse conhecimento não o desanima, porque também sabe que, em Cristo, ele é alguém. Sabe que para Deus ele é mais precioso que a menina de seus olhos e que pode todas as coisas por meio de Cristo, que o fortalece; ou seja, pode fazer tudo o que está dentro da vontade de Deus que ele faça.
A vida em que o Espírito habita não é uma edição de luxo do cristianismo que deve ser desfrutada por determinados cristãos extraordinários e privilegiados que, por acaso, são melhores e mais sensíveis do que o restante. Ao contrário, é o estado normal para todo homem e mulher remido em todo o mundo.
O pecado tem sido disfarçado nestes dias, aparecendo com novos nomes e caras. Você pode estar sendo exposto a esse fenômeno na escola. O pecado é chamado por diversos nomes enfeitados ― qualquer nome, menos pelo que ele realmente é. Por exemplo: os homens já não ficam mais sob convicção de pecados; eles têm complexo de culpa. Em lugar de confessar suas culpas a Deus, para se livrarem delas, deitam-se num divã e tentam relatar o que sentem a um homem.
Toda a fraqueza dos fariseus jazia na qualidade de seus motivos.
Uma vida cristã estagnada e infrutífera é resultado da ausência de uma sede maior de comunhão com Deus.
O impulso de buscar a Deus origina-se em Deus, mas a realização do impulso depende de O seguirmos de todo o coração.
A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo.
Não queira saber coisas que são inúteis. Aprenda a orar interiormente a todo momento. Depois de algum tempo fará isso em qualquer lugar, inclusive no trabalho.
O contentamento religioso sempre é inimigo da vida espiritual. A biografia dos santos ensina que o caminho para a grandeza espiritual sempre foi por meio de muito sofrimento e dor no íntimo.
Por causa do que tenho pregado não sou recebido na maioria da igrejas da América do Norte.
Aiden Wilson Tozer nasceu no dia 21 de abril de 1897, em Newburg, Pensilvânia (EUA). A. W. Tozer foi alcançado por Cristo em 1915, aos 18 anos. Aos 22 anos, ingressou no ministério pastoral da Igreja Aliança Cristã e Missionária, denominação cristã fundada por Albert Benjamin Simpson. Tozer foi muito influenciado pelos ensinos de A. B. Simpson acerca do Espírito Santo, proporcionando sua aproximação com os ensinos da Convenção de Keswick organizada pelo Movimento da Vida Superior, que prezava os ensinamentos da linha da vida interior, representado por Madame Guyon, Andrew Murray, Jessie Penn-Lewis, T. Austin-Sparks, Watchman Nee, dentre outros.
Além da devoção coletiva realizada no culto, Tozer valorizava as orações individuais, pois eram cruciais no seu dia-a-dia. Seus escritos e suas pregações eram conseqüência de sua vida de oração. Seus livros e seu legado espiritual atraem muitos cristãos sinceros e interessados no conhecimento e na vida profunda em Deus. Christian Chen declarou: “A. W. Tozer e T. Austin-Sparks sãos os maiores profetas do século 20”. Aiden Wilson Tozer trilhou o caminho espiritual que poucos concluíram, caracterizado pelo conhecimento profundo de Deus, buscando desesperadamente a sabedoria do Salvador para servi-Lo e adorá-Lo plenamente. Convocou os crentes sinceros para voltarem às Escrituras e à prática que definiu o princípio da Igreja: fé e santidade.
A.W. Tozer cultivou estreita amizade com Leonard Ravenhill que utilizava muitos de seus livros para elaborar os sermões.
No dia 12 de maio de 1963, Tozer sofreu um ataque cardíaco e dormiu no Senhor, deixando um legado precioso para os cristãos sequiosos; no entanto, suas pregações trouxeram desconforto para as massas acomodadas do cristianismo.
Muitas vezes, oramos ou entoamos hinos pedindo a Deus que nos torne uma inspiração para outros. Queremos instintivamente ser um vaso de bênçãos para outras vidas. Mas a verdade é que assim como a água só pode jorrar para dentro de um canal ou vale, assim também, na vida cristã, a vida de Deus só pode fluir em bênçãos através de vales que tenham sido abertos e cavados em nossa vida pelas experiências mais difíceis.
(Phillip Keller)
Não devemos imaginar que realmente adquirimos algo simplesmente por ouvir uma mensagem. Deus terá de criar circunstâncias tais que vocês verdadeiramente sentirão a necessidade da palavra que ouviram, de maneira a testar se aceitaram realmente ou superficialmente a palavra. Deus tem de arquitetar uma circunstância para revelar-lhes que nenhum preceito da Escritura pode ser adquirido sem pagar-se um preço.
(Watchman Nee)
Uma montanha é imóvel, permanece eternamente; dá a impressão, portanto, de estabilidade e firmeza. Há força em tal estabilidade. Aquele, portanto, que confia no Senhor é como o monte Sião; é irremovível, firme e estável como o monte de Deus.
(Stephen Kaung)
Depois de ver a Jesus, meu maior ganho conto como perda.
(Isaac Watts)
Pense com frequência na brevidade de sua vida e na certeza da morte. Prefira uma vida virtuosa a uma vida longa.
(Lewis Bayly)
Devemos trazer sempre isto à mente: que aquilo que começa em autoconfiança termina em vergonha.
(Richard Sibbes)
Você vive perto deles, encontra-os nas ruas, trabalha com eles, viaja com eles, senta-se e fala com eles, e não lhes diz nada sobre a alma deles ou a vida por vir? Se a casa deles estivesse em chamas, você iria correndo ajudá-los; e você não vai ajudá-los quando a alma deles está quase no fogo do inferno?