“Frequentemente, até um não cristão sabe algo sobre a terra, os céus e os outros elementos deste mundo, sobre o movimento e a órbita das estrelas e até sobre o tamanho e as posições relativas delas, sobre os eclipses do Sol e da Lua que podem ser previstos, sobre os ciclos dos anos e das estações, sobre os tipos de animais, plantas, rochas e assim por diante, e esse conhecimento ele considera como certo pela razão e pela experiência.
Ora, é coisa vergonhosa e perigosa que um pagão ouça um cristão falando sobre o significado da Sagrada Escritura e dizendo absurdos sobre esses temas; e devemos fazer de tudo para impedir tal situação embaraçosa, na qual as pessoas desmascaram vasta ignorância de um cristão e riem-se dele.
A vergonha não é tanto pelo fato de um indivíduo ignorante ser ridicularizado, mas porque pessoas que estão fora do abrigo da fé passam a pensar que nossos escritores sagrados tinham tais opiniões e, para grande perda daqueles por cuja salvação trabalhamos, os autores de nossas Escrituras são criticados e rejeitados como homens incultos.
Se as pessoas veem um cristão equivocado numa área que elas próprias conhecem bem e o escutam defender suas opiniões tolas sobre nossos livros, como irão acreditar nesses mesmos livros a respeito de assuntos como a ressurreição dos mortos, a esperança da vida eterna e o reino dos céus, quando acham que as páginas desses livros estão cheias de falsidades a respeito de fatos que elas mesmas passaram a conhecer com base na experiência e na luz da razão?
Intérpretes descuidados e incompetentes das Sagradas Escrituras trazem problemas e tristezas incontáveis para seus irmãos mais sábios quando são pegos emitindo suas opiniões falsas e enganosas e são criticados por aqueles que não se submetem à autoridade de nossos livros sagrados. Pois então, para defender suas afirmações completamente tolas e obviamente inverídicas, tentam usar as Sagradas Escrituras como prova, e até recitam de memória muitas passagens que eles acham que dão apoio à sua posição, embora não entendem nem o que dizem nem as coisas sobre as quais querem argumentar”.