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De Saulo para Paulo

Como imaginado por George Mattheson

Senhor, prendeste-me na estrada de Damasco; transformaste a autoconsciência em humildade. Lancei-me à jornada transbordando de confiança em mim mesmo; não teria qualquer obstáculo, não experimentava qualquer dificuldade. De repente, numa volta do caminho minha alma paralisou-se. A confiança feneceu. O mundo não mais se me apresentava campo de prazer. Uma sombra estendeu-se sobre a cena, e eu não podia mais encontrar o caminho. Tudo aconteceu por causa de um encontro com um homem – um homem de Nazaré. Antes de encontrá-Lo, meu orgulho pessoal era incomensurável. Meu coração clamava “Escreverei meu próprio destino!” Mas um simples olhar ao Homem de Nazaré me prostrou. Minha glória imaginária transformou-se em cinzas; minha pretensa força tornou-se fraqueza; bati em meu peito e gritei: “Imundo!” Devo queixar-me por ter encontrado aquele Homem? Devo chorar porque um raio de luz numa esquina lançou toda a minha grandeza na sombra? Não, Pai, pois a sombra é o reflexo do resplendor. Foi por ter visto Tua beleza que a humanidade se ofuscou. Foi o crescimento que me tornou humilde. Contemplei por um momento um ideal perfeito, e seu brilho eclipsou minha lâmpada. Não é a noite, mas o dia que me torna cego quanto àquilo que possuo. É a luz que me faz odiar a mim mesmo. É o sol que revela minha imundície. É a aurora que me fala de minhas trevas. É a manhã que descobre minhas vestes insignificantes. É o brilho que mancha meus trajes. É a claridade que enumera minhas nuvens.

Ó Deus, meu Deus, só perco meu caminho quando iluminado por Ti!

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Amor a Deus George Mattheson

A nova luz e a antiga paz (George Mattheson)

A chegada de nova luz é sempre a quebra da antiga paz. Sempre falamos em ficar cansados das coisas. Quando isso acontece, você pode estar certo de que é porque uma coisa nova chegou. Não é a inconstância que torna uma criança cansada de seu brinquedo, mas é a visão de algo mais elevado. Toda a inquietação nasce de uma visão mais nítida.

Eu não tenho dúvida de que, para João, Patmos era absolutamente suportável até que ele divisou a Nova Jerusalém. Quando ele contemplou um mar de vidro, começou a desejar que não houvesse mais um mar de água; mas antes daquela ocasião ele provavelmente estava bem satisfeito com a água.

Quão pequenas e apertadas podem lhe parecer as ruas de sua cidade quando você volta da grande metrópole. Antes de sua ida elas pareciam esplêndidas, amplas e espaçosas; mas um minuto de Londres é o suficiente para colocá-las na sombra. Assim acontece com a cidade de Cristo: ela me inutiliza para tudo o mais. No momento em que descanso meus olhos nela, não posso pousá-los em nada mais. Ela transforma meus palácios em choupanas; ela abate minhas montanhas. As coisas que para mim eram ganho considero como perda na presença de tão excelente glória. Eu posso até mesmo ser mais facilmente entristecido que antes; mas, por amor a Deus devo aceitar isso.

A inquietação de um homem é proporcional a seu padrão. Aquele que nada conhece das profundezas tranqüilas de Deus pode estar contente com o balançar das ondas; mas o homem que contemplou o mar de vidro não deseja outro mar, e almejará ardentemente pelo tempo em que não mais haverá tempestade.

Esta, ó Filho do Homem é a cruz que Tu me trazes.
Não posso fugir dessa cruz.
Não posso contemplar a Ti, sem ficar desencantado com o mundo.
Antes de Tua vinda eu estava em paz.
Tudo era perfeito para mim.
Eu dizia: “É bom estar aqui; deixe-me construir meu tabernáculo neste lugar”.
Mas, com Tua vinda, a nuvem baixou.
Tudo o que era meu ficou coberto pela sombra irremediável.
Meus cômodos amplos pareceram pequenos;
meu ouro escureceu;
minhas canções deixaram de me inspirar;
faltou algo em meus livros;
meus divertimentos me deixaram sedento;
minhas ambições foram mais frustrantes onde mais plenamente se realizaram.

Deveria eu estar sem minha cruz? Absolutamente.
Considero os dias passados melhores do que estes? Sim; como um bruto avalia o que é melhor.
Eles não tinham sombra porque não tinham luz.
Tu trouxeste as sombras porque trouxeste a luz.
Tu revelaste a mortalidade por meio da imortalidade.
Tu me mostraste a noite fazendo-me ver o dia.
Tu me ensinaste o silêncio pela música.
Tu me instruíste quanto ao espinho pelo desabrochar da rosa.
Tu me fizeste conhecer o defeito pela visão de Tua formosura.
Tu, por Tua vida, me tens ensinado o que é estar morto.
Tu me deste uma visão da terra mediante os portões do céu.
É o esplendor da Tua vinda que tem consumido meus insignificantes raios luminosos;
minha espada foi vencida por Tua paz.

(Fonte: livro Thoughts for life´s Journey [Pensamentos para a jornada da vida])

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