Categoria: Humildade
Orgulho espiritual oculto
A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos dias é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa para entrar no coração daqueles que têm zelo pelo avanço da causa de Cristo. É a principal via de entrada de fumaça venenosa que vem do abismo para escurecer a mente e a desviar o juízo. É o meio que Satanás usa para controlar cristãos e obstruir uma obra de Deus. Enquanto essa doença não for curada, em vão se aplicarão remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.
O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a pessoa a ter um conceito alto demais de si própria. É alguma surpresa, então, verificar que a pessoa que pensa de si mais do que deve está totalmente inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo contrário, que a opinião que tem de si mesma está bem fundamentada e que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como resultado, não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e que seja mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si próprio.
O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolve o coração como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe outra por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância imaginável sobre o coração com respeito a essa questão e clamar Àquele que sonda as profundezas do coração para que nos auxilie. Quem confia no próprio coração é insensato.
Como o orgulho espiritual é mascarado por natureza, geralmente não pode ser detectado por intuição imediata como aquilo que de fato é. É mais fácil ser identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos quais quero mencionar junto com os frutos opostos da humildade cristã.
A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência de prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido. Por outro lado, a pessoa humilde é como uma pequena criança que facilmente recebe instrução. É cautelosa no seu conceito de si mesma, sensível à sua grande facilidade em se desviar. Se alguém lhe sugere que está, de fato, saindo do caminho reto, mostra pronta disposição em examinar a questão e ouvir as advertências.
As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros: o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pura humildade cristã, porém, se cala sobre os pecados dos outros ou, no máximo, fala a respeito deles com tristeza e compaixão.
A pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros cristãos por sua falta de crescimento na graça, enquanto o crente humilde vê tanta maldade no próprio coração, e se preocupa tanto com isso, que não tem muita atenção para dar ao coração dos outros. Queixa-se mais de si próprio e da sua própria frieza espiritual; sua esperança genuína é que todos os outros tenham mais amor e gratidão a Deus do que ele.
As pessoas espiritualmente orgulhosas falam frequentemente de quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e ásperos. É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus superiores. Os humildes, entretanto, mesmo quando recebem extraordinárias descobertas da glória de Deus, sentem-se esmagados pelas próprias indignidade e impureza. Suas exortações a outros cristãos são transmitidas de forma amorosa e humilde e, ao lidar com seus irmãos e companheiros, procuram tratá-los com a mesma humildade e mansidão com que Cristo, que é infinitamente superior a eles, os trata.
O orgulho espiritual comumente leva as pessoas a se comportarem de modo diferente na sua aparência exterior, a assumirem um jeito diferente de falar, de se expressar ou de agir. Por outro lado, o cristão humilde – mesmo sendo firme em seu dever, permanecendo sozinho no caminho do céu ainda que o mundo inteiro o abandone – não sente prazer em ser diferente só para ser diferente. Não procura se colocar numa posição onde possa ser visto e observado como uma pessoa distinta ou especial; muito pelo contrário, dispõe-se a ser todas as coisas a todas as pessoas, a ceder aos outros, a se adaptar aos outros e a agradá-los em tudo menos no pecado.
Pessoas orgulhosas dão muita atenção a oposição e a injúrias; tendem a falar dessas coisas freqüentemente com um ar de amargura ou desprezo. A humildade cristã, em contraste, leva a pessoa a ser mais semelhante a seu bendito Senhor, o qual, quando foi maltratado, não abriu a boca, mas se entregou em silêncio Àquele que julga retamente (1Pd 2.21-23). Para o cristão humilde, quanto mais clamoroso e furioso o mundo se manifestar contra ele, mais silencioso e quieto ficará, com exceção de quando estiver em seu quarto de oração: lá ele não ficará calado.
Outro padrão de pessoas espiritualmente orgulhosas é comportar-se de forma a torná-las o foco de atenção. É natural que a pessoa sob a influência do orgulho tome todo o respeito que lhe é oferecido. Se outros demonstram disposição de se submeterem a ela e a cederem em deferência a ela, essa pessoa receberá tais atitudes sem constrangimento. Na verdade, ela se habituou a esperar um tratamento assim e a formar uma má opinião de quem não lhe oferece aquilo que pensa merecer.
Uma pessoa sob a influência de orgulho espiritual tende mais a instruir aos outros do que a fazer perguntas. Tal pessoa naturalmente assume ar de mestre. O cristão eminentemente humilde pensa que precisa de ajuda de todo o mundo, enquanto a pessoa espiritualmente orgulhosa acha que todos precisam do que ela tem para oferecer. A humildade cristã, sentindo o peso da miséria dos outros, suplica e implora; o orgulho espiritual, em contraste, ordena e adverte com autoridade.
Assim como o orgulho espiritual leva as pessoas a assumirem muita coisa para si mesmas, de forma semelhante as induz a tratar os outros com negligência. Por outro lado, a pura humildade cristã traz a disposição de honrar a todas as pessoas. Entrar em contendas a respeito do cristianismo por vezes é desaconselhável; no entanto, devemos tomar muito cuidado para não nos recusarmos a discutir com pessoas carnais por as acharmos indignas de nossa consideração. Pelo contrário, devemos condescender a pessoas carnais da mesma forma como Cristo condescendeu a nós – a fim de estar presente conosco na nossa indocilidade e estupidez.
Conhecimento
A fé é uma inexprimível confiança em Deus. Uma confiança que nem sonha com a possibilidade de Deus não ficar ao nosso lado.
(Oswald Chambers)
Se você crê somente naquilo de que gosta no Evangelho e rejeita o de que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas em si mesmo.
(Agostinho de Hipona)
Não te acanhes se tua oração é gaguejante e tuas palavras, fracas e imperfeitas. O Senhor te entende. Assim como uma mãe entende o balbuciar de seu filhinho, assim o amado Salvador te entende. Ele pode ler um suspiro e captar o significado de um gemido.
(J. C. Ryle)
Os que se afastam de Deus nunca podem achar repouso em nenhuma outra parte.
(Mathew Henry)
É um vício destrutivo adicionar qualquer coisa a Cristo.
(Richard Sibbes)
A alma humilde contempla a justiça de Cristo como sua única coroa.
(Thomas Brooks)
Pequenos números não fazem nenhuma diferença para Deus. Não há nada pequeno se Deus estiver ali.
(Dwight L. Moody)
Salvar
A humildade irá salvá-lo da consciência própria. Vai removê-lo da sombra de seu ego e da constante percepção de sua importância própria. Vai salvá-lo da afirmação própria e de confiar em sua própria personalidade em vez de no pensamento e na atenção dos outros. Vai salvá-lo do desejo de se exibir. De ser proeminente, de ocupar o centro das atenções, de ser o objeto das observações e ter os olhos do mundo voltados para você.
(A. B. Simpson)
Cada enfermidade e tristeza manifesta a voz de Deus falando conosco. Cada uma delas tem sua mensagem peculiar. Felizes são os que têm ouvidos e olhos abertos, para ver a mão de Deus e ouvir Sua voz em tudo o que lhes sucede. Neste mundo, nada acontece por acaso.
(J. C. Ryle)
Cristão, que o amor discriminativo de Deus por você seja um motivo para você temê-Lo grandemente. Ele pôs o temor Dele em seu coração, e talvez não tenha concedido essa bênção a seu vizinho, talvez nem a seu marido, a sua esposa, a seu filho ou a seus pais. Oh, que senso de dever esse pensamento deveria trazer a seu coração, para temer grandemente ao Senhor! Lembre-se também de que esse temor do Senhor é o tesouro Dele, uma jóia escolhida, concedida apenas aos favoritos e àqueles que são grandemente amados.
(John Bunyan)
Não faz diferença se Deus envia a fome a sua casa ou se enche seus celeiros de fartura. Ele é bondoso tanto numa situação quanto na outra. A questão é: você é filho Dele? Se é, Ele o repreende afetuosamente e Seu castigo é permeado de amor.
(C. H. Spurgeon)
Jesus estava tão totalmente decidido a salvar os pecadores pelo sacrifício de Si mesmo que criou o madeiro sobre o qual haveria de morrer e nutriu desde a infância os homens que O pregariam no maldito lenho.
(Otávio Winslow)
A vida de fé é aquela da qual Deus provará a verdade de nossa fé, de modo que o mundo veja que Deus possui servos que dependem somente de Sua Palavra.
(Richard Sibbes)
Não existem almas no mundo que sejam tão temerosas em julgar os outros como aquelas que de fato julgam a si mesmas, nem tão cuidadosas em fazer um julgamento justo dos homens ou das coisas como aquelas que são cuidadosas no julgamento de si mesmas.
(Thomas Brooks)
A auto-comiseração é certamente pecado, mas como podemos levar a Deus o que nosso coração ainda não está convencido de ser pecado? Deus nos mostra por intermédio do profeta Jonas.
Há uma jovem aqui nesse café fazendo o que não tenho me permitido fazer há muito tempo. Ela está chorando, e, pela primeira vez, estou com inveja das lágrimas de alguém.
Muitos dias se passaram desde que, pela primeira vez, me encontrei sem inspiração pela vida. Vida! A completa existência vindo da inexistência. 1 de 0. Algo do nada. Como eu poderia estar tão sem inspiração? Descobri que isso não é tão difícil assim quando, no interior, há uma insatisfação com o próprio Criador da vida. É essa insatisfação que tem privado meu coração do louvor e do arrependimento, endurecendo-o pela auto-comiseração.
Deficiência e aflição
O termo “insatisfação” é mais freqüentemente um identificador do que um descritor; geralmente estamos insatisfeitos com algo do que estamos simplesmente insatisfeitos. Nosso desprazer funciona como um cartaz, apontando-nos para deficiência de seu objeto; usualmente nossa insatisfação fala sobre seu sujeito. Na auto-piedade, nossa insatisfação revela muito sobre a deficiência dentro de nós mesmos.
Passei a primeira metade de 2016, na véspera desse entendimento, murmurando pela suposição de que o problema reside em minhas circunstâncias, e não dentro de mim. Eu era a vítima. Fui eu a privada de alegria. Eu era como Habacuque com os frutos da figueira sem florescer, vinhas e campos infrutíferos e estéreis, currais de rebanhos vazios (Hc 3.17) – estava arruinada. Mas, diferente de Habacuque (vv. 18,19), minha canção acabava ali; e, onde a canção acabou, a insatisfação cresceu. Tornou-se amargura, e abundou.
Essa amargura emergiu mais duramente em uma noite de verão; eu estava num pequeno grupo quando, para finalizar um sermão sobre a nova série sobre Salmos de nossa igreja, um irmão conduziu-nos em louvor com esta canção:
Que o fraco diga: “Sou forte!”
Que o pobre diga: “Sou rico!”
Por causa do que o Senhor fez por nós!
Dai graças com um coração grato,
Dai graças Àquele que é santo,
Dai graças porque Ele deu Seu Filho, Jesus Cristo.
Mas eu não conseguia. Quem poderia dar aquilo que não tinha? Da boca dos gratos, louvores fluíam linda e suavemente a meu redor; mas eu continuava como estava: calada e intocada por causa da frieza embutida bem no fundo de mim. Eu não podia agradecer, não!, muito menos entoar sem sinceridade uma melodia sobre o que o Senhor tinha feito, porque eu não conseguia ver o que em Cristo Ele fizera por mim. E não estava disposta a admitir que não conseguia. Estava mais envergonhada do que “derrotada”, estava sem gratidão pela cruz.
Não admira que, então, quando mais tarde busquei pelo salmo que mais mencionamos, deparei-me imediatamente com o salmo 40.17a: “Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim” – palavras que eram outrora um hino, mas que agora estavam entalhadas contra meu coração. Em meu triste descontentamento, na fria, rígida e oca depressão, me perguntei: “Senhor, Tu realmente cuidas de mim? Tu realmente me amas?”
Uma história como a nossa
No centro da história de Jonas existe esta questão: “Deus, Tu realmente me amas?” Porque, se Deus de fato amasse a Jonas, Ele o enviaria para Nínive, a cidade assíria?
Para seu desprazer, Jonas é de fato comissionado a ir a Nínive para pregar a mensagem do arrependimento a fim de que Deus mostrasse Sua misericórdia por um povo mau. Porém Jonas não obedece. Ele conhece muito bem a maldade dessa cidade. Ele também conhece a bondade de Deus. Jonas não quer ver o arrependimento dessa cidade. Ele não quer ter parte na restauração daquelas pessoas. Então, ele foge, embarcando num navio que vai para Társis, cidade oposta a Nínive.
Pelo fôlego de Deus, uma tempestade começa a se formar e as águas se enfurecem por conta da desobediência de Jonas. Ele é, então, jogado pelos marinheiros nas agitadas águas onde um grande peixe o engole inteiro. Por três dias e três noites, ali nas trevas do interior do peixe, Jonas é levado a aquietar-se e contemplar. Como tudo aquilo que antes era bom podia agora mover-se em declive para esse momento trevoso e solitário? Ali, no ventre do peixe, Jonas é trazido ao arrependimento e ao louvor, e, imediatamente após isso, é vomitado em terra firme.
Jonas ruma a Nínive para obedecer à comissão inicialmente designada a ele, e, como esperado, Nínive se quebranta em arrependimento. Mas Jonas está desagradado. “Eu Te falei que Tu eras gracioso e misericordioso, Deus. Eu Te falei. Eu sabia que Tu os perdoarias. Agora, permita-me morrer”. O Senhor responde desta forma: “É razoável essa tua ira?” (Jn 4.4). E, com isso, Jonas parte.
Sentado fora dos limites da cidade, Jonas olha para a distante Nínive no forte calor, quando, de repente, uma aboboreira brota e o livra do sol escaldante. Porém, rapidamente cai a noite. Novamente, Jonas está insatisfeito, e acha de novo melhor morrer do que viver.
Uma coisa. O Senhor responde mais uma vez ao exagerado apelo de Jonas com uma coisa: “É razoável essa tua ira por causa da aboboreira?” Jonas responde: “É justo que eu me enfade a ponto de desejar a morte” (v. 9). Sua amargura permanece a mesma, e também seu coração, imutável.
O pecado da auto-piedade
A auto-piedade é facilmente descoberta como um pecado; não obstante obrigue a uma suave canção, de todas as formas, é um pecado. Mas há mais dela do que um rápido e às vezes rejeitado chamado ao arrependimento revela, e a resposta de Deus à ira de Jonas demonstra exatamente isso. A auto-piedade tem várias faces: ira, tristeza, amargura (ou seja, ira não-tratada), desapontamento e dúvida, citando poucas delas – e todas elas apontam para alguma verdade de Deus e do mundo.
A auto-piedade é, essencialmente, idolatria
A auto-piedade corretamente revela que as coisas de modo geral não são do jeito que deveriam ser – que Jesus, também, lastimou por Seu amado amigo, chorando ao ver o corpo de Lázaro em repouso, e que nosso trabalho exaustivo também é parte da maldição de Adão ter de trabalhar pelo pão. A ira de Jonas corretamente reconhece que a fraqueza em qualquer de suas formas não é merecedora da graça de Deus. Não estamos errados em reclamar das injustiças da vida dentre de limites apropriados. Porém, tomando emprestadas as palavras de Ed Welch, “desejos não-atendidos se tornam desejos egoístas que se tornam necessidades”. A ira de Jonas – e a nossa também – que permanece sem ser atendida por Deus se torna ira egoísta e baseada em justiça própria. Ela se torna ira à qual se tem direito. E se torna idolatria.
É isso que a auto-piedade essencialmente é. É idolatria, porque a pergunta inicial: “Deus, Tu realmente me amas?”, é, na verdade, a declaração em nova forma: ”Deus, Tu não me amas; portanto, preciso me virar por mim mesmo”. Temos pena de nós mesmos porque cremos que não há ninguém mais que se compadeça de nós. Nosso próprio Deus nos traiu. Então, desejamos ser aprovados por qualquer ídolo. Desejamos ser justificados, porque, em nossa injustiça, nos sentimos esquecidos, abandonados, negligenciados, ignorados. Nós, como Jonas, temos pena de nós mesmos a fim de nos assegurarmos de que nossas lutas são de fato conhecidas.
Um novo fim
Em meio à irada miséria de Jonas, a palavra final do Senhor é esta:
“Tens compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que numa noite nasceu, e numa noite pereceu. E não hei Eu de ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entra a sua mão direita e a esquerda, e também muito gado?” (vv. 10-11).
Ao traduzirmos Jonas no curso de hebraico, meu professor Mike Kelly comentou: ”Por que ficar chateado? É algo passageiro. A aboboreira estava ali com um propósito; serviu a esse propósito e, então, morreu. Não se entristeça com isso”. Os antigos, ao lerem esse livro, talvez pensassem: “Onde está o Rei prometido? Quem são esses estrangeiros?” Eles talvez duvidassem de que Deus havia falado pelos profetas. Mas Deus nos confirma algo maior: Sua aliança. “Esses ninivitas estão servindo a Meu propósito. Eu estou no controle. Eles são parte de Meu plano. Porém, no grande esquema das coisas, são como essa aboboreira que cresceu sob a lua e pereceu na noite. Eles são temporários, e não irão frustrar Meu plano para Israel.”
Ao encararmos nossas lutas, podemos ser amargos como Jonas, mas, no final, essas coisas, todas essas coisas que surgem inesperadamente, que acabam inesperadamente, o nascer e o morrer das grandes coisas, das coisas terríveis – todas elas são coisas temporárias. Todas elas são transitórias e nenhuma delas, nem umazinha sequer, irá frustrar as promessas de Deus para nós, porque de fato até mesmo o mal mais vil não pode frustrar o plano de Deus para a salvação. Toda maldade tornou-se nada quando Cristo mergulhou nas profundezas de um grande peixe e levou tudo aquilo à cruz. Pela grande injustiça que Ele sofreu, somos redimidos.
E as frustrações? E as oportunidades perdidas? E os desapontamentos e arrependimentos? Ou talvez as profundas dores e sofrimentos? Anime-se, pois eles, também, não fazem oposição às promessas de Deus para nós – Suas promessas de nos perdoar e salvar; curar e limpar; justificar, adotar e santificar; guiar e proteger; ser para nós nossa paz e alegria; e nos levar um dia em glória para nosso verdadeiro lar. Pois todas as Suas promessas são sim e amém em Cristo – Naquele que sangrou, morreu e ressuscitou para nós, cuja pergunta: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” era, na verdade, a declaração: “Eu serei abandonado por Meu próprio Pai para que vós sejais bem-vindos”.
Não, não há porque termos pena de nós, pois somos amados.
Salvar
Não há nada mais poderoso que a oração perseverante, como a de Abraão pleiteando por Sodoma; como Jacó lutando no silêncio da noite; como Moisés permanecendo na brecha; como Ana, embriagada de tristeza; como Davi, com o coração quebrantado pelo arrependimento e pela dor; como Jesus suando sangue. Acrescente a essa relação, a partir dos registros da história da Igreja, sua própria observação e experiência pessoal, e sempre haverá o custo da paixão até o sangue. Essa é a oração eficaz que traz o poder, que traz o fogo, que traz a chuva. Ela traz a vida, ela traz a presença de Deus.
(Samuel Chandwick)
Tem cuidado com as más companhias. Evita qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem, mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente transmissível.
(Thomas Watson)
A fé não é uma noção, mas uma fome essencial poderosa, um desejo magnético atrativo de Cristo, que, uma vez que procede de uma semente da natureza divina em nós, atrai-nos para Ele e se une com Ele.
(William Law)
Os feitos mais gloriosos de um homem serão também seus maiores pecados. Basta terem sidos realizados para sua própria glória, e não para a glória de Deus.
(Thomas Brooks)
Não há maior obstáculo ao conhecimento do que o orgulho, e nenhuma condição mais essencial do que a humildade.
(John Stott)
Alguma forma de sofrimento é praticamente indispensável para a santificação.
(John Stott)
Um homem só prega bem um sermão a outros quando ele prega para sua própria alma. Se a Palavra não residir poderosamente em nós, não será poderosamente comunicada por nós.
(John Owen)
Salvar
Como imaginado por George Mattheson
Senhor, prendeste-me na estrada de Damasco; transformaste a autoconsciência em humildade. Lancei-me à jornada transbordando de confiança em mim mesmo; não teria qualquer obstáculo, não experimentava qualquer dificuldade. De repente, numa volta do caminho minha alma paralisou-se. A confiança feneceu. O mundo não mais se me apresentava campo de prazer. Uma sombra estendeu-se sobre a cena, e eu não podia mais encontrar o caminho. Tudo aconteceu por causa de um encontro com um homem – um homem de Nazaré. Antes de encontrá-Lo, meu orgulho pessoal era incomensurável. Meu coração clamava “Escreverei meu próprio destino!” Mas um simples olhar ao Homem de Nazaré me prostrou. Minha glória imaginária transformou-se em cinzas; minha pretensa força tornou-se fraqueza; bati em meu peito e gritei: “Imundo!” Devo queixar-me por ter encontrado aquele Homem? Devo chorar porque um raio de luz numa esquina lançou toda a minha grandeza na sombra? Não, Pai, pois a sombra é o reflexo do resplendor. Foi por ter visto Tua beleza que a humanidade se ofuscou. Foi o crescimento que me tornou humilde. Contemplei por um momento um ideal perfeito, e seu brilho eclipsou minha lâmpada. Não é a noite, mas o dia que me torna cego quanto àquilo que possuo. É a luz que me faz odiar a mim mesmo. É o sol que revela minha imundície. É a aurora que me fala de minhas trevas. É a manhã que descobre minhas vestes insignificantes. É o brilho que mancha meus trajes. É a claridade que enumera minhas nuvens.
Ó Deus, meu Deus, só perco meu caminho quando iluminado por Ti!
Nosso pai foi Adão; nosso avô, o pó; nosso bisavô, o nada.
(William Jenkyn)
Se me contentar em ser nada, não posso ficar ofendido. E, quando for realmente humilde e reconhecer que não passo de um verme, não me queixarei de ser pisado.
(Robert C. Chapman)
Eu me confio totalmente [a Cristo,] a Ele que se dispôs a salvar-me, que sabia como realizar Seu propósito e tinha poder para desempenhar-se da tarefa. Ele tanto me buscou como me chamou por Sua graça.
(Bernard de Clairvaux)
Os santos [os cristãos], por melhor que sejam, não passam de estranhos quando comparados ao peso e à preciosidade da doçura incomparável de Cristo.
(Samuel Rutherford)
Ele, que é o Pão da vida, iniciou Seu ministério tendo fome. Ele, que é a Água da vida, terminou Seu ministério tendo sede. Cristo teve fome como homem e alimentou os famintos como Deus. Ele se sentiu cansado; contudo, é nosso descanso. Pagou tributo; no entanto, é o Rei. Foi chamado de demônio, mas lança fora nossos demônios. Orou; contudo, ouve nossas orações. Chorou, e enxuga nossas lágrimas. Foi vendido por trinta moedas de prata, e redime o mundo. Foi levado como ovelha para o matadouro, e é o Bom pastor. Cristo morreu e deu Sua vida, e, por ter morrido, destruiu a morte.
(Autor desconhecido)
Nunca pense que Deus precisa de um homem com qualidades como você. É você quem precisa de Deus.
(Henry Vögel)
Existe algo sob o sol
que quer meu coração ganhar.
Longe de mim, seja o que for!
Tu tão-somente reinarás.
Meu coração se há de livrar
da terra, e em Ti repousará.
(Gerhard Tersteegen)
O homem nunca alcança um conhecimento claro de si mesmo a não ser que primeiro eleve os olhos para o rosto de Deus e, então, venha de contemplá-Lo para examinar a si mesmo.
(João Calvino)
Nada é mais contrário a uma esperança celestial do que um coração mundano.
(William Gurnall)
As orações e súplicas que Cristo ofereceu, com fortes clamores e lágrimas, são um claro exemplo não só sobre orar, mas para sermos fervorosos e importunos em oração. Quantas orações secas, quão poucas as molhadas de lágrimas, nós oferecemos a Deus!
(Matthew Henry)
A fé habita em um coração quebrantado. “O pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!” (Mc 9.24). A verdadeira fé está sempre em um coração ferido pelo pecado. A fé salvadora sempre cresce em um coração humilhado pelo pecado, em um olho que chora e em uma lacrimosa consciência.
(Thomas Watson)
A terra não tem preocupação que o céu não possa curar.
(Thomas Moore)
Já não está na moda sofrer por amor de Deus e carregar a cruz por Ele, pois a diligência e a real seriedade, que por acaso eram encontradas no homem, foram extintas e se tornaram frias. E agora ninguém mais está disposto a sofrer angústia por causa de Deus.
(Johannes Tauler)
O mais santo dos homens precisa ser preservado dos piores pecados, pois está conscientes de que pode cair na mais profunda cova da iniqüidade se Deus retiver Sua misericórdia.
(George Lawson)
Se eu não tiver compaixão de meus colegas, como o Senhor teve compaixão de mim, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se posso ferir o outro ao falar a verdade, mas sem me preparar espiritualmente e sem sentir mais dor do que o outro, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se os elogios dos outros me alegram demais e as acusações me deprimem; se não posso passar por mal-entendidos sem me defender; se gosto de ser amada mais do que de amar, de ser servida mais do que de servir, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se quero ser conhecida como quem acertou em uma decisão ou como quem a sugeriu, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se eu ficar no lugar que pertence apenas a Jesus, fazendo-me necessária demais para uma pessoa, em vez de levá-la a se agarrar Nele, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se eu me recusar a ser um grão de trigo que cai na terra e morre, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se eu quero qualquer lugar no mundo a não estar no pó ao pé da cruz, então, não conheço nada do amor do Calvário.
Se me ressinto com aqueles que, segundo meu parecer, me censuram injustamente, esquecendo que, se me conhecessem tanto como eu, me censurariam muito mais, então, não conheço nada do amor do Calvário.
A história da vida de Amy Carmichael foi descrita pelo autor da sua biografia como “A história de uma amante e seu Amado”. Um escritor cristão disse a seu respeito: “A santa enferma, um soldado da Índia”. Ela conheceu o caminho do sofrimento, levando indiscutivelmente em seu corpo as marcas do Senhor Jesus.
A autora foi a primeira missionária enviada à Índia pela Convenção de Keswick, da Inglaterra. Tendo passado quase a vida inteira naquele país, o brilho do grande amor de Deus irradiou-se por meio de todo o seu ser. Se for perguntado a seus “filhos”, aos membros da “Dohnavur Fellowship”, o que mais os impressionou em Amy Carmichael, a resposta é sempre a mesma: “Seu amor”.
(Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Humildade deve ser definida como um hábito da mente e do coração correspondente a nossa comparativa indignidade e vileza diante de Deus, ou um senso de nossa própria miséria a Sua vista, com a disposição de um comportamento que corresponda a isso.
E um homem verdadeiramente humilde é consciente da diminuta extensão de seu próprio conhecimento, da grande extensão de sua ignorância e da insignificante extensão de seu entendimento comparado com o entendimento de Deus. Ele é consciente de sua fraqueza, de quão pequena sua força é e de quão pouco ele é capaz de fazer. Ele é consciente de sua distância natural de Deus, de sua dependência Dele, da insuficiência de seu próprio poder e sabedoria; e de que é pelo poder de Deus que ele é sustentado e guardado; e de que ele necessita da sabedoria de Deus para lhe conduzir e guiar, e de Seu poder para capacitá-lo a fazer o que deve fazer para Deus.
Se nós, então, nos consideramos seguidores do manso e humilde e crucificado Jesus, andaremos humildemente diante de Deus e dos homens todos os dias de nossa vida na terra.
Busquemos todos, ardentemente, um espírito humilde e nos esforcemos [na graça] para sermos humildes em todo nosso comportamento diante de Deus e dos homens. Busque por um profundo e permanente senso de sua miséria diante de Deus e dos homens. Conheça a Deus. Confesse sua nulidade e desgraça diante Dele. Desconfie de si mesmo. Conte somente com Deus. Renuncie a toda glória, exceto a Dele. Renda-se à vontade e ao serviço Dele. Evite um comportamento pretensioso, ambicioso, ostentoso, insolente, arrogante, desdenhoso, teimoso, impetuoso e auto-justificador; e aspire mais e mais do espírito humilde que Cristo manifestou quando esteve na terra. Humildade é o traço mais essencial e distinguidor em toda verdadeira piedade.
Ardentemente procure, então, e diligentemente e em oração cultive um espírito humilde, e Deus andará com você aqui embaixo. E quando uns poucos dias tiverem passado, Ele o receberá às honras concedidas a Seu povo à destra de Cristo.