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Encorajamento Ministério S. R. Davison

Arquipo

“Também dizei a Arquipo: Atenta para o ministério que recebestes do Senhor, para o cumprires” (Cl 4.17).

Terminando sua carta à igreja em Colossos, Paulo chamou a atenção de um daqueles irmãos de uma maneira que também chama nossa atenção. Quem era Arquipo? Qual era seu ministério? Por que Paulo achou necessária essa exortação pessoal numa carta pública? Embora tenhamos poucas informações nas Escrituras sobre Arquipo, podemos descobrir algumas coisas sobre ele que também são importantes para nossos dias.

Comparando essa carta com a carta a Filemom, ficamos convencidos de que Arquipo é o mesmo citado em Filemom 2, que era parente de Filemom e Afia, e ajudava muito na igreja em Colossos, que se reunia na casa de Filemom.

Paulo o chamou de “companheiro de lutas”, indicando que, em seu ministério, Arquipo enfrentava dificuldade e oposição do mesmo tipo que Paulo enfrentava no ministério a favor daquela igreja. Em Colossenses 2, Paulo revela que essa “luta” era principalmente contra os falsos ensinadores que estavam procurando infiltrar-se naquela igreja. Esses confiavam em seus “raciocínios” e “filosofias” sobre a pessoa do Senhor Jesus Cristo (vv. 4,8). Ensinavam a necessidade de não comer certas comidas e de guardar o sábado (v. 16). Baseavam seus ensinos nas “visões” que receberam (v. 18). Tudo isso nos mostra que o ministério de Arquipo era também lutar contra estas “doutrinas dos homens”, ensinando o valor da pessoa e da obra do Senhor Jesus Cristo, em quem “habita corporalmente toda plenitude da Divindade” (Cl 2.9).

Nós temos a mesma luta hoje, com tantas seitas falsas propagando idéias baseadas em sabedoria humana, na lei, em visões, etc. Um pouco de meditação aqui revelará que os erros ensinados hoje são idênticos à situação em Colossos, quando Paulo e Arquipo lutavam pelo Evangelho verdadeiro. Não podemos nos calar sobre este grande perigo satânico que procura infiltrar, misturar e destruir o testemunho verdadeiro do Senhor Jesus Cristo com seu fermento ecumênico. A maneira mais usada por Satanás hoje não é a perseguição violenta, mas a imitação e a mistura com as denominações, até a igreja local perder completamente sua função divina como “santuário de Deus” e se tornar parte de uma organização humana com seu evangelho social que somente produz muito joio e pouco trigo. Não devemos ser enganados pelo crescimento rápido dessas seitas — “eles procedem do mundo; por esta razão falam da parte do mundo, e o mundo os ouve” (1Jo 4.5).

Notamos também que Arquipo recebeu este ministério “do Senhor”. Não foi um ministério escolhido por ele, nem dado por anjos ou por homens. Paulo nem precisava explicar para Arquipo qual era o ministério dele; ele bem o sabia, e a igreja em Colossos também sabia como era importante aquele ministério em dias de muitos falsos ensinos.

Como Arquipo, todos os filhos de Deus receberam um ministério do Senhor. “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu” (1Pd 4.10). Não podemos escolher nosso serviço ao Senhor; é Ele quem escolhe para nós. Se procurarmos fazer algo que Ele não escolheu, haverá confusão e não bênção; mas, quando todos os membros do Corpo sabem, e fazem, seu trabalho, haverá paz e bênção e crescimento na igreja.

Por que esta exortação pessoal numa carta pública? Sem dúvida, foi uma surpresa para Arquipo ouvir seu nome mencionado por Paulo dessa maneira. Parece que não havia motivo visível para essa mudança na atitude do apóstolo, e claramente Arquipo não estava sob disciplina, ou Paulo não podia encorajá-lo assim sem primeiro saber de seu arrependimento e restauração à comunhão da igreja.

Contudo, alguma coisa tinha acontecido para o desanimar no ministério. Provavelmente, ele estava cansado e pensava em “parar um pouco” ou que já tinha cumprido seu trabalho. Paulo não podia esconder sua preocupação por dois motivos: a igreja precisava muito do ministério de Arquipo, e também Arquipo estava perdendo o galardão que o Senhor queria lhe dar mais tarde. “Se perseveramos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, Ele por Sua vez nos negará” (2Tim 2.12).

Parece-nos que há muitos “Arquipos” nas igrejas que conhecemos, e para falar a verdade, quem entre nós não sente a tentação de “parar um pouco” na luta? Temos de lembrar que o único motivo justo para parar é quando chegarmos ao “fim” (Hb 6.11), quando o Senhor nos chamar para o descanso, ou por Sua vinda ou pela morte. João Batista “completou sua carreira” (At 13.25), mas somente quando desceu sobre seu pescoço a espada de Herodes. Paulo completou sua carreira, mas somente quando o tempo de sua partida tinha chegado (2Tm 4.6).

Não existe aposentadoria no serviço de Deus! Quando alguém falou sobre aposentadoria a um estimado e ativo servo de Deus, agora com Ele, mas naquele tempo com mais de noventa anos, ele respondeu que Satanás tinha trabalhado muito mais do que ele e nem pensava em parar, mas de fato trabalha mais agora do que nunca!

Gostaríamos de saber mais sobre o resultado desta exortação de Paulo. Sem dúvida, foi forte o remédio! Arquipo já está com Cristo, passou o tempo de servir. Será que podemos duvidar do valor da exortação que recebeu? Cremos que ele será sempre grato pelo “remédio” que recebeu naquele dia, mesmo que tenha sido uma injeção bastante dolorida na hora!

Esta exortação foi colocada na Escritura, não somente para Arquipo, mas também para cada um de nós. Seria muito triste, depois de ter corrido bem, parar agora, tão perto do fim da corrida, e perder o prêmio. Que Deus encoraje a cada um de nós a cumprir o ministério que Ele nos deu, pois, embora a luta seja grande, o fim está perto e a vinda do Senhor está próxima.

Agora desejo com Cristo viver,
com Ele a carreira acabar;
pois sei que, no meio das perturbações,
com Jesus sempre em paz posso estar.

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Escatologia Estudo bíblico S. R. Davison

Daniel 12

O último capítulo de Daniel relata o fim da última visão que ele recebeu no terceiro ano de Ciro, rei dos persas. É a continuação dos capítulos 10 e 11, e fala especificamente sobre o tema da vinda gloriosa de Cristo, depois do arrebatamento da Igreja e da grande tribulação de Israel.

 

As divisões do capítulo 12

a) As últimas palavras de Gabriel sobre a grande tribulação……………………………….. vv. 1-4

b) A pergunta que foi feita ao Homem vestido de linho…………………………….………… vv. 5,6

c) Mais informações sobre o fim, pelo Homem vestido de linho……………………………vv. 7-13

 

 As últimas palavras de Gabriel sobre a grande tribulação (vv. 1-4)

“Nesse tempo” (v. 1) é o mesmo tempo mencionado no fim do cap. 11, quando a besta, usada por Satanás, estará perseguindo os judeus em Jerusalém. Os judeus serão defendidos por Miguel, seu “grande príncipe”, mas haverá grande sofrimento e morte dos judeus que se recusam a adorar o anticristo. Já encontramos Miguel em Daniel 10.13,21, onde é chamado “vosso príncipe”, indicando que ele trabalha especificamente para proteger os judeus das atividades satânicas. Ele é o “arcanjo” que lutou com o Diabo a respeito do corpo de Moisés (Jd 9). Em Apocalipse 12.7-9, lemos mais sobre essa guerra que haverá no céu entre “Miguel e seus anjos” e “o dragão [Satanás] e os seus anjos”. Isso revela o grande poder desse anjo, talvez o mais elevado e poderoso de todos os anjos.

O livro mencionado aqui é o livro da vida, que contém o nome dos judeus salvos. Provavelmente é o mesmo livro que também contém o nome dos gentios salvos (Ap 13.8; 20.15; 21.27). Todos os que não estão escritos neste livro adorarão a besta no tempo da grande tribulação (Ap 13.8).

 

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2).

Há uma dificuldade nesse versículo, pois lemos da ressurreição dos salvos e dos perdidos como se fossem uma só ressurreição geral. Contudo sabemos, a partir de Apocalipse 20.5, que a ressurreição dos mortos perdidos acontecerá somente mil anos depois da vinda de Cristo. Para resolver esse problema, muitos ensinam que a ressurreição aqui referida é figurativa, e fala da restauração espiritual de Israel, como ocorre em Ezequiel 37, na visão dos ossos secos que ressuscitaram.

É verdade que haverá uma grande restauração espiritual na Grande Tribulação, mas parece que a ressurreição nesse versículo é literal. Temos sempre de lembrar que o livro de Daniel fala do futuro de Israel, e aqui podemos ter somente a ressurreição do povo de Israel.

O fato de estar escrito que essa é a ressurreição de “muitos”, e não de todos, sugere que é uma ressurreição parcial, como se fosse só do povo de Israel. Com certeza, naquela época haverá uma ressurreição literal dos judeus salvos que foram mortos na Tribulação (e possivelmente também dos judeus fiéis do Antigo Testamento: Ap 6.9-11; 20.4). Pode ser que os que ressuscitarão “para vergonha e horror eterno” são os mortos infiéis da nação de Israel, que ressuscitarão nesse mesmo tempo para serem julgados pelo Senhor.

Notemos que seu sofrimento será “eterno”, o que também é dito a respeito de gentios em Mateus 25.46. Não é aniquilação, como também não existe um lugar de sofrimento temporário (“purgatório”).

 

“Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12.3).

Note que há três grupos de judeus indicados aqui: os sábios: os que obedeceram ao Senhor. Isso sugere outro grupo: os que não são sábios, ou seja, os judeus infiéis e desobedientes. Há também “os que a muitos ensinam a justiça”, que são judeus salvos e sábios, e que se esforçaram muito em pregar a Palavra de Deus para os outros (como, por exemplo, os 144 mil de Ap 7 e as duas testemunhas de Ap 11). Os dois grupos fiéis receberão suas diferentes recompensas na vinda gloriosa de Cristo e entrarão com Ele no reino da Terra. Os que foram ativos na pregação da verdade e conduziram muitos à justiça terão uma recompensa maior: “resplandecerão […] como as estrelas sempre e eternamente’’. Isso mostra que alcançarão uma posição de grande autoridade e glória permanente no reino de Cristo. Para a Igreja, a recompensa também será proporcional ao esforço do salvo (1Co 3.14,15). A parábola das dez minas em Lucas 19.11-27 também ensina essa diferença nas recompensas.

 

“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12.4).

Daniel tinha de encerrar e selar’ o livro com cuidado, para ele ser estudado e conhecido por muitos nos últimos dias. Essas verdades seriam guardadas por muito tempo, mas, no fim dos tempos, o livro será esquadrinhado e bem conhecido pelos judeus fiéis e sábios na Tribulação.

 

A pergunta que foi feita ao Homem vestido de linho (vv. 5-6)

 

“Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio” (Dn 12.5).

Neste ponto, Daniel percebeu que havia “outros dois” presentes, um em cada margem do rio Tigre. Parecem ser outros anjos acompanhando Gabriel. Os grandes anjos têm outros anjos que os auxiliam na obre de Deus (veja Ap 12.7).

 

“E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas?” (Dn 12.6).

Um desses outros anjos fez uma pergunta para o Homem vestido de linho (Cristo), sobre quando se cumprirão todas essas visões. Sem dúvida, essa pergunta estava também na mente de Daniel e foi feita para ajudar a ele e a nós.

 

Mais informações sobre o fim, pelo Homem vestido de linho (vv. 7-13)

 

“E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas” (Dn 12.7).

A última palavra do livro foi dada pelo Homem vestido de linho: o próprio Senhor Jesus Cristo. Antes de falar, Ele levantou as mãos para o alto – uma expressão solene de juramento usada para invocar a Deus como testemunha.

Então Ele disse que o fim seria depois de “um tempo, tempos e metade de um tempo”. Isso equivale a três anos e meio, ou 1.260 dias, que corresponde ao tempo desde a profanação do Templo pelo anticristo, quando ele também anulará sua aliança com Israel, até a vinda de Cristo para salvar os judeus fiéis que serão perseguidos. Isso prova que o assunto nesses versículos é a Grande Tribulação, quando Israel e o judaísmo serão quase destruídos por seus inimigos naquele tempo de três anos e meio antes da vinda de Cristo.

 

“Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim destas coisas?” (Dn 12.8).

Daniel ficou perturbado ouvindo sobre essa grande perseguição a seu povo, Israel, e pediu mais ajuda ao Homem vestido de linho, sobre qual seria o fim dessas coisas. Ele queria saber como será o fim para Israel.

 

“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12.9,10).

Daniel foi consolado pelo Homem vestido de linho, que explicou que tudo iria terminar bem para ele e para seu povo. Esse sofrimento dos judeus seria usado por Deus para purificá-los e trazer grande restauração em Israel. Os “ímpios” são aqueles que aceitam a besta para escapar do sofrimento; os “sábios” são os judeus que rejeitam a besta e aceitam o evangelho, mesmo sofrendo terrivelmente até a morte.

 

“E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias” (Dn 12.11).

Então, o Senhor mostrou, de maneira especial, o calendário divino. As frases “o sacrifício […] tirado” e “a abominação desoladora” colocada no Templo se referem ao tempo quando a imagem da besta será colocada no templo em Jerusalém, marcando o começo da Grande Tribulação (Mt 24.15). A partir desse dia, haverá ainda 1.290 dias. Esse período é trinta dias maior do que os três anos e meio citados no versículo 7, e deve incluir o tempo para limpar a cidade dos cadáveres, etc., depois da batalha que haverá na vinda de Cristo (veja também Zc 14.2,12,13).

 

“Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.12).

Os 1.335 dias mencionados aqui incluem ainda mais 45 dias depois dos 1.290 dias do vers

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