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Edificando em Graça e Verdade

Mais um sítio maravilhoso, este em espanhol, que traz um pouco da insondável herança dada pelo Senhor ao Seu Corpo por meio dos “irmãos”. É constantemente atualizado.

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A. W. Pink Criação Estudo bíblico

Gênesis 1 – A origem (A. W. Pink)

Em nossa primeira meditação sobre este maravilhoso livro das origens, apontamos para algumas das surpreendentes analogias que existem entre a ordem seguida por Deus em Sua obra da criação e Seu método de ação na “nova criação”, a criação espiritual do crente. Primeiro houve trevas, depois a ação do Espírito Santo, então, a palavra de poder entrou em ação, e depois, luz como resultado, e mais tarde, ressurreição e frutos. Há também uma surpreendente prefiguração do grande tratamento dispensacional da nossa raça neste registro de Sua obra em seis dias, mas como isso já recebeu atenção de canetas mais capazes que a nossa, passamos para ainda outra aplicação prática desta escritura. Há muito sobre Cristo neste primeiro capítulo de Gênesis se somente tivermos olhos para ver, e é à típica inferência prática de Gênesis 1 em relação a Cristo e Sua obra que vamos, aqui, dirigir a atenção.
Cristo é a chave que abre as portas de ouro do templo da verdade Divina. “Examinai as Escrituras”, é Sua ordem, “pois são elas que testificam de Mim”. E novamente, Ele declara, “No rolo do Livro está escrito de Mim”. Em cada seção da Palavra escrita, a Palavra Pessoal está preservada como sagrada – tanto em Gênesis como em Mateus. E, agora, vamos afirmar que na fachada da Revelação Divina, temos um “ plano de ação simbólico de todo o trabalho de Redenção”.

Nas afirmações iniciais deste capítulo descobrimos, em símbolo, a grande necessidade de Redenção.” No início, Deus criou os céus e a terra”. Isto nos leva de volta à criação primeira a qual, como tudo que vem da mão de Deus, deve Ter sido perfeita, maravilhosa, gloriosa. Assim também foi a condição original do homem. Feito à imagem do Seu Criador, enriquecido com o sopro de Elohim, ele foi declarado como “ muito bom”.

Mas as palavras seguintes apresentam um quadro muito diferente -“E a terra era sem forma e vazia”, ou, como no original Hebraico, poderia ser traduzido mais literalmente como : “A terra tornou-se um caos”. Entre os dois primeiros versos de Gênesis 1, uma terrível calamidade aconteceu. O pecado entrou no universo. O coração do mais poderoso de todas as criaturas de Deus encheu-se de orgulho – Satanás ousou opor-se à vontade do Todo-Poderoso. Os efeitos desastrosos de sua queda alcançaram a nossa terra, e o que foi originalmente criado por Deus como perfeito e maravilhoso, tornou-se em ruína. Os efeitos do seu pecado, do mesmo modo, atingiram muito mais do que a si mesmo – as gerações de uma humanidade ainda por nascer foi amaldiçoada como a consequência de seus primeiros pais. “Havia trevas sobre a face do abismo”. Trevas são o oposto de luz. Deus é Luz. Trevas são o emblema de satanás.

Essas palavras descrevem bem a condição natural da nossa raça caída. Judicialmente separada de Deus, moral e espiritualmente cega, experimentalmente escravos de satanás, uma terrível mortalha de trevas está colocada sobre a massa de uma humanidade não-regenerada. Mas isto somente preenche um pano de fundo negro sobre o qual podem ser colocadas as glórias da Graça Divina. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. O método desta “superabundância de graça” está simbolicamente delineado na obra de Deus durante os seis dias. No trabalho dos quatro primeiros dias, temos uma memorável prefiguração dos quatro grande estágios na obra de Redenção. Agora não podemos fazer muito mais do que chamar a atenção para os contornos deste maravilhoso quadro primitivo. Mas, à medida que dele nos aproximamos, para observá-lo em temor e admiração, possa o espírito de Deus selecionar as realizações de Cristo e mostrá-las a nós.

I – No trabalho do primeiro dia, a Encarnação Divina é , simbolicamente declarada.

Se homens caídos e cheios de pecado devem ser reconciliados com o Santo Deus Triuno, o que deve ser feito? Como pode ser transposto o infinito abismo que separa a Divindade da humanidade? Que escada poderá ser colocada aqui na terra para se chegar precisamente no céu? Só uma resposta é possível a essas perguntas. O passo inicial na obra da redenção humana deve ser a Encarnação da Divindade. Necessariamente, este deve ser o ponto de partida. O Verbo deve se tornar carne. O próprio Deus deve descer até o fundo do poço onde, desprotegidamente, se encontra a humanidade arruinada, se é que deve ser resgatada do barro grudento e transportada para lugares celestiais. O Filho de Deus deve assumir, em si mesmo, a forma de servo e ser feito em semelhança de homens.

Isto é precisamente o que a obra do 1º dia tipifica na prefiguração do passo inicial da Obra de Redenção, também chamado de Encarnação do Divino Redentor. Observe, agora, 5 pontos:

1: há o trabalho do “Espírito Santo”. “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (v 2). Do mesmo modo foi a ordem seguida na Encarnação Divina. Em relação à mãe do Salvador lemos: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” Lc 1:35.

2: a palavra se manifesta como Luz. ”Disse (palavra) Deus: Haja luz; e houve luz” (v3) . Do mesmo modo, quando Maria mostra a Santa Criança: “A glória do Senhor brilhou ao redor deles” Lc 2:9. E quando Ele é apresentado no templo, Simeão foi movido pelo Espírito Santo para dizer: “Porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos; luz para revelação dos gentios, e para glória do teu povo de Israel” Lc 2:30.

3: a luz é aprovada por Deus, “E viu Deus que a luz era boa”(v4). Nós não podemos, agora, ampliar muito a profunda importância simbólica desta declaração, mas gostaríamos de observar que a palavra hebraica aqui traduzida “boa” também aparece em Eclesiastes 3:11 como “formosa” – “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo. Deus viu que a luz era boa, formosa! Como é obvia esta aplicação prática do nosso Senhor Encarnado! Depois de Sua chegada neste mundo, ficamos sabendo que “Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2:52), e que as primeiras palavras do Pai em relação a Ele foram, “Este é o Meu Filho amado em quem me comprazo”. Sim, boa e formosa foi a luz na percepção espiritual do Pai. Quão cego estava o homem para não ver Nele nenhuma formosura para desejá-lo!

4: a luz foi separada das trevas, ”E (Deus) fez separação entre a luz e as trevas” (v4). Como o Espírito Santo é vigilante ao proteger os tipos! Como Ele é cuidadoso ao chamar nossa atenção para a diferença imensurável entre o Filho do Homem e os filhos dos homens! Embora em Sua infinita condescendência Ele se visse apto para participar de nossa humanidade, contudo Ele não experimentou nossa depravação. A luz de Cristo foi separada das trevas (humanidade caída). “Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (hb 7:26).

5: a luz foi chamada por Deus – “Chamou Deus à luz Dia” (v5). Portanto, a luz também estava com Ele que é a Luz do Mundo. Não foi permitido a José e Maria escolherem o nome da Santa Criança. No Antigo Testamento, o profeta havia declarado, “Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção de meu nome”; (Is 49:1). E para o cumprimento desta profecia, enquanto ainda no ventre de Sua mãe, um anjo é mandado por Deus a José dizendo: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus” (Mt 1:21).

II – Na obra do segundo dia a Cruz de Cristo é simbolicamente apresentada.
Qual foi a etapa seguinte necessária à realização da Obra de Redenção? A Encarnação em si não satisfaria a nossa necessidade. “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra , não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”. (Jo 12:24). O Cristo encarnado revela a vida perfeita e imaculada que por si só entra em contato com a mente de Deus, mas não ajuda a atravessar o espaço intransponível entre um Deus Santo e um pecador arruinado. Para tal, o pecado deve ser afastado, e isto não pode ser feito a não ser que a morte entre em cena. “Pois sem o derramamento de sangue não há remissão”. O cordeiro deve ser morto. O Santo deve entregar Sua vida. A Cruz é o único lugar onde as exigências justas do trono de Deus podem ser satisfeitas.

Na obra do segundo dia, esta segunda etapa na realização da redenção humana é simbolicamente apresentada. O acontecimento importante na obra deste segundo dia é a divisão, separação, isolamento. “E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez”. (v 6,7 ). É surpreendente perceber aqui que há uma divisão dupla: primeiro, há um firmamento no meio das águas e este firmamento divide as águas das águas e, segundo, o firmamento dividiu as águas que estavam debaixo dele das que estavam sobre ele. Cremos que o “firmamento”, aqui, tipifica a Cruz , e apresenta seu duplo aspecto. Lá, nosso abençoado Senhor foi dividido ou separado do próprio Deus – “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” e, também lá (na cruz), Ele foi separado do homem “Cortado da terra dos viventes” (Is 53:8).

Que o “firmamento”, aqui, realmente prefigura a Cruz, está claramente sustentado pela maravilhosa analogia entre o que aqui é nos contado a seu respeito e a sua concordância simbólica com a Cruz de Cristo. Observe quatro aspectos:

1: o firmamento foi o propósito de Deus antes de ser realmente feito. No verso 6, lê-se: “E disse Deus: Haja firmamento…”, e no verso 7, “Fez, pois, Deus o firmamento…”. Como é perfeita a relação entre aquilo que prefigura o tipo e aquilo que é prefigurado no tipo (antitipo).

Muito, mas muito tempo antes que a cruz fosse erigida nas alturas do Gólgota, já era o propósito de Deus. Cristo foi “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. (Ap 13:8).

2: o firmamento foi estabelecido no meio das águas. É bem sabido entre os estudiosos da Bíblia que na Escritura “águas” simboliza povos, nações (Ap 17:15). Na sua aplicação simbólica, portanto, estas palavras poderiam significar “Deixe a Cruz ser colocada no meio dos povos”. Múltiplas são as aplicações sugeridas por estas palavras. Mas, infinitamente mais exato, é o tipo. Nossas mentes, imediatamente, voltam-se às palavras “onde O crucificaram e com Ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio” (Jo 19:18). A situação geográfica do Calvário é do mesmo modo materialização de uma realidade: a Palestina é praticamente o centro ou o meio da terra.

3: o firmamento dividiu as águas. Portanto, a Cruz dividiu os “povos”. A Cruz de Cristo é o grande divisor da humanidade. Foi assim historicamente, o ladrão que creu, do ladrão impotente (desprotegido). Assim foi desde aquele dia e assim é hoje. Por um lado, “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem”, mas, por outro lado, “mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. (I cor 1:18)

4: o firmamento foi designado por Deus. “E Deus fez o firmamento”. Também assim foi anunciado no Dia de Pentecostes em relação ao Senhor Jesus Cristo. “Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (Atos 2:23). Do mesmo modo foi declarado no tempo antigo, “Agradou ao Senhor ferí-lo; colocou sobre Ele o sofrimento”. A Cruz foi desígnio e compromisso divino.
Também não é profundamente significativo que as palavras, “E Deus viu que era bom” tenham sido omitidas no final da obra do segundo dia? Se elas aqui fossem incluídas o símbolo teria sido destruído. A obra do segundo dia apontava para a Cruz e, na Cruz, Deus estava lidando com o pecado. Ali, sua ira estava sendo usada sobre o Justo, o qual estava morrendo pelo injusto. Embora Ele não tivesse nenhum pecado, ainda assim Ele “foi feito pecado por nós.
Portanto, a omissão, neste ponto, da usual expressão “Deus viu que era bom” assume um significado mais profundo do que aquele até então admitido.

III – na obra do terceiro dia a Ressurreição do Senhor é simbolicamente apresentada.
Nosso artigo já excedeu os limites que originalmente estabelecemos, portanto, forçosamente devemos abreviá-lo.
A terceira etapa necessária para a realização da obra de Redenção foi a Ressurreição do Crucificado. Um Senhor morto não poderia salvar ninguém. “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus…”Por que? “vivendo sempre…” (Hb 7:25).

Desta maneira está em nosso símbolo. Acima de qualquer dúvida, aquilo que foi prefigurado na obra do terceiro dia é a Ressurreição. No registro concernente ao terceiro dia é que lemos “e apreça a porção seca” (v 9). Antes disso havia estado submersa, enterrada sob as águas. Mas, agora, a porção seca é levantada acima dos mares; há ressurreição, a terra aparece. Mas isto não é tudo. No verso 11 lemos, “Produza a terra relva…”. Até este ponto a morte reinava suprema. Nenhuma forma de vida aparecia sobre a superfície da terra devastada. Mas, no terceiro dia, à terra é ordenado “produzir”. Não no segundo nem no quarto, mas no terceiro dia, a vida foi vista sobre a terra devastada! Perfeito é o símbolo para todos que têm olhos para ver. Maravilhosamente significativas são as palavras, “produza a terra” para aqueles que têm ouvidos para ouvir. Foi no terceiro dia que nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos, de acordo com as Escrituras. De acordo com quais Escrituras? Nós não temos nestes versos 9 e 11 de Gênesis 1, o primeiro dessas escrituras, bem como o quadro original da Ressurreição de nosso Senhor?

IV – Na obra do quarto dia a Ascensão do Senhor é simbolicamente sugerida.
A Ressurreição não completou o trabalho de Redenção de nosso Senhor. Para tal Ele deveria entrar no Lugar Celestial que não fosse feito por mãos. Ele deveria tomar Seu lugar à mão direita da Majestade nas alturas. Ele deveria ir “para o mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9:24).

Mais uma vez vemos que Tipo corresponde ao Antitipo. Na obra do quarto dia nossos olhos são removidos da terra e todos seus afazeres se voltam para os céus! (veja os versos 14–19) . À medida que lemos estes versos e deduzimos algo de sua importância tipológica, não vimos o Espírito Santo dizer, “Buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3: 1,2) .

E à medida que levantamos nossos olhos em direção aos céus, o que vemos? Duas grandes luzes – simbolicamente Deus e seu povo. O sol que nos fala de “Sol da Justiça” (Ml 4:2), e a lua que fala de Israel e da Igreja (Ap 12:1), tomando emprestado e refletindo a luz do sol. E observe suas funções: primeiro, eles existem “para alumiarem a terra” (v 18). Do mesmo modo acontece com Cristo e seu povo. Durante o presente intervalo de trevas, a noite do mundo, Cristo e Seu povo são “a luz do mundo”, mas durante o Milênio eles vão governar e reinar sobre a terra.

Portanto, na obra dos quatro primeiros dias de Gênesis 1, vimos a prefiguração dos quatro grandes estágios ou crises na realização da Obra de Redenção. A Encarnação, a Morte, a Ressurreição e a Ascensão de nosso abençoado Senhor estão, respectivamente, tipificadas. À luz desta prefiguração, quão preciosa são as palavras no final da obra de seis dias: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito”(Gn 2:1,2). A obra da Redenção está completa, e nesta obra Deus encontrou Seu descanso!

Como vamos continuar nossas meditações sobre o livro de Gênesis, possa Deus, em Sua graça misericordiosa, revelar-nos “os aspectos maravilhosos de sua Lei”.

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Pensamentos sobre a Nova Jerusalém

T. Austin-Sparks

A Cidade Santa – Descendo do Céu, da Parte de Deus

Leitura: Apocalipse 21 e 22

O próximo grande evento no calendário de Deus é o retorno em glória de seu Filho Jesus Cristo.É a consumação desta vinda e a revelação final da glória de Cristo que é mostrada a nós na forma desta cidade celestial, “descendo do céu, da parte de Deus”. Esta cidade nupcial representa o resumo da obra de Deus através dos séculos. Seus muitos símbolos mostram as características de seu Filho, enquanto as mesmas estão sendo impressas no interior das pessoas a quem Ele tem escolhido das nações, por seu nome, uma maravilhosa união de Cristo e sua igreja, que tem uma infindável tarefa de ministrar vida ao universo.As nações andarão à sua luz, e elas acharão saúde a partir das folhas da sua árvore; reis trarão seus tesouros para a cidade, e a glória de Deus irá prover sua luz.
Duas vezes João que a cidade foi mostrada a ele por Deus – “Ele me mostrou…” Talvez enquanto humildemente lemos e meditamos, Deus irá nos mostrar algo de sua significação e importância, e por meio de seus símbolos nos dará uma idéia mais clara das coisas não vistas e eternas que são para nós manter em vista, a fim de que “nossa leve tribulação” possa produzir em nós “ cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória”. (2 Cor 4.17,18)

A RUA
A Versão Autorizada faz uma pausa entre os dois primeiros versículos de Apocalipse 22 que é enganosa. A Versão Revisada indica que o rio está no meio da rua desta santa cidade. A única rua está no centro; um rio corre do meio da rua, e a árvore da vida cresce de ambos os lados do rio. Nada está no plural, nem mesmo esta árvore, embora seja achada em ambos os lados do rio. Até este ponto as coisas estavam no plural. A vida tem muitas formas de expressar-se a si própria, assim como mostram as muitas árvores do rio de Ezequiel(Ezequiel 47.4). Ao final, contudo, tudo é reunido numa unidade absoluta: uma cidade, uma rua, um rio e uma árvore. É um lembrete simbólico de que ao final tudo será resumido à uma perfeita unidade:a unidade de Cristo.
Tal unidade somente pode ser percebida num relacionamento com o Espírito, mas isto certamente não é somente para o futuro, mas para hoje. A cidade está sendo espiritualmente formada agora no tempo presente, e a obra está em curso agora, em preparação para a grande consumação que ela revela; se a igreja é para ser a metrópolis de Deus, com uma vocação eterna no centro do universo, então aqui e agora ela deve aprender a unidade com e em Cristo. Uma rua! Esta unidade, diretamente do âmago da igreja, é básica para seu presente testemunho tanto como para a sua eterna vocação. A única rua tem um único rio, que significa que da parte mais íntima do campo do relacionamento com Cristo há uma fonte de vida. A cidade é, naturalmente, o último objetivo para o qual o Espírito Santo está se movendo. Nossa vocação nesta terra, aqui e agora, não é primariamente a de nos engajarmos em uma quantidade de boas obras, mas sim a de prover uma forma pela qual a vida de Cristo possa fluir para os outros. Como pode isto acontecer finalmente se não começar agora? Como podemos nós nos entusiasmarmos acerca da última unidade se nós não estivermos dando diligência, aqui e agora, para manter a unidade do Espírito?
Sendo este o caso, não precisamos salientar que o movimento estratégico do inimigo contra o propósito de Deus na igreja é o de mantê-la dividida, basicamente dividida. Ele não se importa com meras profissões de unidade, nem está ele impropriamente preocupado com ilusões extenas de unidade; mas o que ele se põe é contra é a unidade interior que irá liberar o grande rio de vida de Deus a fluir para fora, para um mundo necessitado. “Eu te mostrarei a noiva , a esposa do Cordeiro”, foram as palavras de introdução que levou João a ver a grande celestial e santa cidade de Jerusalém em sua gloriosa unidade. O indivisível amor por Cristo, como o amor da noiva por seu marido, é a única coisa que realmente se opõe a Satanaz, e a única base para uma real unidade.

A CANA DOURADA
A cidade foi medida com uma cana dourada, tudo dentro dela sendo visto conforme as medidas de Deus. A idéia geral é divina, e pode somente ser medida pelo padrão divino, pois é para expressar o propósito divino. Nosso chamado em Cristo nos faz muitas exigências, mas se pudermos vê-las à luz das coisas eternas, será muito mais fácil enfrentá-las. Não que seja sempre fácil para a nossa natureza humana ser tratada de acordo com esta cana dourada de padrões divinos, mas nós podemos mais prontamente suportar o preço, se mantivermos o propósito divino em vista.
Uma maravilhosa característica da cidade é a sua pureza absoluta. Isto é verdadeiro do seu estilo de vida, porque a água de seu rio é tão clara como o cristal. Isto é verdadeiro de sua substância,que é de ouro puro feito como o puro vidro. Isto é verdadeiro de sua luz, que é descrita como sendo “como uma pedra jaspe”, claro como o cristal”. Desta pedra também é dita ser “muito preciosa”, o que sugere que tal condição de transparência é muito preciosa para o Senhor. Isto também implica que nós, seu povo, iremos achá-la de uma qualidade muito cara, uma que somente pode ser experimentada se aceitarmos a disciplina de Deus, e recebermos uma educação espiritual que nos torne refinados e parecidos com Cristo. Esta pureza não é meramente negativa, uma espécie de condição inoxidável, mas é uma luz sem sombra e sem sem nuvem. Deus é luz: Cristo é a luz do mundo, e o ministério da igreja é tanto receber como transmitir sua luz. A cidade está radiante com a glória de Deus. Qual é o oposto de glória?
É escuridão,nebulosidade; é tudo que no reino não é claro, mas misturado e sombrio. Se você tivesse que lidar com uma pessoa em quem você não pode confiar, por causa de elementos escondidos os quais se não realmente decepcionantes de alguma forma, falta pura transparência, você a teria achado uma experiência desagradável, muito contrário de glória. Quando a glória de Deus preenche o lugar, então não há tais questões ou dúvidas, mas uma confiança perfeita e aberta. “Nele não há trevas absolutamente…” (1 John 1:5). Esta glória é nossa, pela graça, e deve governar todos os nossos caminhos.
Todos os portais da cidade são de pérola. Pérolas são uma parábola de preciosidade que resulta de sofrimento, uma vez que elas são formadas como o resultado da agonia das criaturas “que as hospedam”. Essa pérolas são os únicos portões. Não há outro caminho para a cidade que não seja pelo amor sofredor, porque os eleitos que reinarão com Cristo são aqueles que têm primeiro compartilhado algo dos sofrimentos de Cristo . Não adianta nossa opção por um relacionamento do tipo casual ou por um caminho fácil, porque o amor de Cristo, purificado de toda mistura, e precioso para Deus, exige um compromisso com Ele, por seu supremo propósito a ser cumprido, muito embora o custo possa ser alto. Não vamos nos deter pelo alto preço, mas manter nossos olhos no resultado – “tendo a glória de Deus”. Este é o nosso destino.

O MURO
Uma outra característica desta corporificação do pensamento de Deus é o fato de que a cidade tem “alto e grande” muro. Muito tem sido dito deste muro, com repetida menção sobre suas fundações, suas dimensões e seu comprimento. Parece que ele retrata a distinção da cidade. É verdade que muros são frequentemente usados para propósitos de defesa, mas como tal necessidade jamais poderia surgir na cidade celestial, concluímos que o muro representa uma demarcação daquilo que Deus deseja ser distinguido de uma forma especial. Você não concorda que há muita fraqueza no cristianismo atualmente apenas por razão de uma falta de distinção de testemunho e vida? Não que Deus irá permitir-nos pensar em termos de conceito espiritual ou imaginada superioridade, mas é importante que nós não perdêssemos aquele senso de propósito definido e distinção que poderia sempre governar a vida de seu povo remido. O muro é bonito; é alto; é forte. Ele delimita aquilo que tem valor e significado especial para Deus.

ADORNADA
“Descendo do céu, da parte de Deus, adornada…” Se esta cidade deve ser a corporificação de valores eternos, se ela não é uma coisa, mas pessoas, então algo deve estar acontecendo para dar forma e prepará-los para que tal condição possa ser possível. Você irá notar que o muro da cidade está adornado, e também que o adorno da cidade em si é dito como sendo adequado para uma noiva. O muro não é uma demarcação feia, mas as suas fundações são adornadas com todo tipo de pedras preciosas. As caras gemas são simples símbolos dos muitos lados da preciosidade de Cristo. “Todavia para vós que credes é a preciosidade” (1 Pedro 2.7), a preciosidade de Cristo em si mesmo.
E a noiva também está adornada. Seu adorno é algo mais do que um esplendor externo, que pode ser colocado e tirado; sua beleza consiste daquelas qualidades interiores que deleita o coração de seu noivo celestial. “A filha do Rei está toda gloriosa por dentro: suas vestes são feitas de ouro” (salmo 45:13). Nós propensos a prestar tanta atenção ao exterior, até mesmo em coisas espirituais, mas o objetivo de Deus é um povo cuja vida interior é bonita com o puro ouro do amor de Cristo, porque Cristo está vindo “para ser glorificado nos seus santos, e para ser admirado por todo aquele que crê” (2 Tes. 1.10)
Se estes adornos vem do céu, como primeiro eles chegaram lá? Eles são o resultado da nossa caminhada com Deus aqui na terra. Vivemos nossas vidas aqui baixo, e embora nós frequentemente ficamos desencorajados, entramos em novas experiências da graça de Deus e aprendemos mais de seu Filho. A Palavra nos ensina que algo está acontecendo o tempo todo em relação à nossa vida aqui, que é equivalente a um tesouro que está indo adiante de nós e aguardando que nós o sigamos. Enquanto nós prosseguimos em nosso caminho com o Senhor, há valores celestiais se acumulando para o futuro. O Senhor Jesus não nos falou para ajuntar para nós mesmos tesouros nos céus. (Mat.6.20)? Então, enquanto há uma vida temporal, há também valores sendo armazenados no céu, características de Cristo que irão adornar sua cidade. Nosso crescimento espiritual, nossas características espirituais estão, por assim dizer, indo adiante de nós. Elas são eternas: elas não são efêmeras. E toda esta preparação está em curso, assim nos é dito, “enquanto olhamos … para as coisas que não são vistas…mas eternas”.
“Adornada como uma noiva para seu marido”. O que o Senhor está fazendo em nós agora, enquanto diariamente aprendemos novas lições de graça e humildade, será manifestado naquele dia, e embora isto possa trazer gratificação a nós e alegrar aos outros, é primariamente para o prazer de Cristo. O adorno espiritual da igreja será a recompensa ao nosso Noivo-redentor por toda a sua paciência e amor sofredor.
A cidade é descendente do céu, isto é, ela é conformada com o céu. Ela não vem do céu porque não é adequada, mas vem para trazer os valores do céu para o resto do universo de Deus. Nós devemos medir todas as coisas aqui em baixo pelos valores que são celestiais e eternos. Isto nos trás novamente de volta à cana dourada dos padrões de Deus, a cana que mede tudo à luz do propósito de Deus de mostrar a grandeza de seu Filho a um universo que deseja o saber por meio da Igreja que está em uma comunhão viva de amor com Ele. Este é o fim de todas as coisas. Isto é onde a Bíblia termina. E esta é a nossa vocação em Cristo.

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O primeiro pecado do homem

Watchman Nee

Gn 2:9 “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.9,16,17).

“Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (3.1-8).
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Neste estudo, gostaríamos de ver como foi que o primeiro homem pecou, e recebê-lo como admoestação para nós hoje. Pois como foi o primeiro pecado, assim serão todos os pecados depois dele. O pecado que Adão cometeu é o mesmo que todos nós cometemos. De modo que, conhecendo o primeiro pecado, podemos compreender todos os pecados do mundo. Pois, segundo a perspectiva bíblica, o pecado possui um único princípio.

Em todo pecado podemos ver o “ego” em operação. Embora hoje em dia as pessoas classifiquem os pecados em um sem-número de categorias, entretanto, falando por indução, há somente um pecado básico: todos os pensamentos e ações que constituem pecado estão relacionados com o “ego”. Em outras palavras, embora o número de pecados no mundo seja deveras astronômico, o princípio subjacente a cada pecado é somente um – tudo o que satisfaz o ego. Todos os pecados são cometidos por causa do ego. Se faltar o ego, não haverá pecado.

Examinemos este ponto mais atentamente.

Que é orgulho? Não é uma exaltação do ego?
Que é ciúme? Não é o temor de ser suplantado?
Que é a emulação? Nada mais é que a luta par ser melhor do que os outros.
Que é a raiva? É a reação contra a perda sofrida pelo ego.
Que é o adultério? É seguir as paixões e lascívias do ego.
Não é a covardia o cuidado que se dá à fraqueza do ego?
Ora, é impossível mencionar todos os pecados, mas se examinássemos a todos, um por um, descobriríamos que o princípio de todos eles é o mesmo: algo que de alguma maneira se relaciona com o ego. Onde quer que se encontre pecado, aí também estará o ego. E onde quer que o ego for ativo, ali também haverá pecado à vista de Deus.

Por outro lado, ao examinarmos o fruto do Espírito Santo – que representa o testemunho cristão – facilmente veremos o oposto: nada mais é do que atos desprendidos do ego.

Que é amor? Amor é apreciar os outros sem pensar no ego.
Que é alegria? É olhar para Deus a despeito do ego.
Paciência é desprezar nossa própria dificuldade.
Paz é deixar a perda de lado.
Gentileza é não prestar atenção a nosso próprios direitos.
Humildade é esquecer-se dos méritos próprios.
Temperança é o ser sob controle.
Fidelidade é domínio-próprio.
Ao examinarmos todas as virtudes cristãs, discerniremos que a não ser pela libertação do ego ou do seu esquecimento, o crente não possui outra virtude. O fruto do Espírito Santo é determinado por um único princípio: a perda total do ego.

Mencionei somente algumas virtudes e alguns pecados; mas acho que são suficientes para provar que pecado é seguir o ego, ao passo que virtude é esquecer-se do ego.

Se compreendermos estes dois princípios, poderemos diariamente observar todos os vários pecados e julgar se cada um deles relaciona-se com o ego ou não. Mas permita-me dizer-lhe claramente que à parte do “desprendimento” humano não há virtude, e à parte do seu “egoísmo” não há pecado. O ego do homem é a raiz de todos os males.

Nas passagens que lemos no início deste capítulo, vimos que existiam duas árvores no jardim do Éden, e que Adão, ao comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, trouxe o pecado ao mundo. Examinemos mais atentamente as duas árvores mencionadas. Usarei duas palavras para representar o significado de ambas as árvores. O significado da árvore do conhecimento do bem e do mal é independência, e o da árvore da vida é confiança.

Examinaremos primeiro a árvore do conhecimento do bem e do mal. De saída devemos compreender que o comer do fruto desta árvore em si não é o grande pecado. Aqui, Adão não cometeu adultério, assassínio, nem muitos outros pecados imundos. Simplesmente comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ora, embora o que Adão cometeu não fosse algum pecado horrível, não obstante, o comer do fruto desta árvore fez com que não somente ele caísse, mas também sua descendência; desta forma enchendo o mundo de pecados. Embora o pecado cometido por ele não fosse horrível, seu ato deu ensejo a toda sorte de pecados. Segundo nossa lógica, se o primeiro pecado do homem for o “gerador” de todo o pecado do mundo, esse primeiro pecado deve ser o mais horrível de todos. Entretanto, o que vemos aqui é meramente um homem comendo fruto demais. Em certo sentido, portanto, é de aparência inofensiva.

Por que isto é assim? Deus vê o pecado de Adão como espécime típico de incontáveis pecados a serem cometidos por todos os homens depois dele. Deus deseja que compreendamos que não importa qual seja a natureza do pecado de Adão, essa também será a natureza dos múltiplos e variados pecados que o mundo cometerá depois de Adão. Externamente o pecado pode ser polido ou rude, mas sua natureza e princípio permanecem sempre os mesmos. O pecado de Adão não é mais que seguir sua própria vontade. Uma vez que Deus lhe havia proibido comer desse fruto particular, ele devia completamente ter-se desfeito de sua própria inclinação e obedecido a Deus. Mas ele desobedeceu a Deus e comeu o fruto, segundo sua própria vontade. E assim ele pecou. Daí se depreende que o pecado de Adão nada mais foi que agir fora de Deus e segundo sua própria vontade. Embora os pecados cometidos pela descendência de Adão diferissem grandemente do seu em aparência (pois não há outra pessoa que possa cometer o mesmo pecado que Adão cometeu), porém, em princípio, também agiram segundo sua própria vontade; logo, seus pecados têm todos a mesma natureza.

É pecado conhecer o bem e o mal?

Não é virtude conhecer o bem e o mal?

Deus conhece o bem e o mal (Gn 3:5,22).

É pecado ser igual a Deus? Por que , pois, o ato de Adão torna-se a própria raiz de todo o pecado e miséria humanos? Por que motivo?

Embora tal ação aparentemente seja boa, Adão agiu sem o mandamento ou promessa de Deus. E ao tentar conseguir esse conhecimento fora de Deus, segundo seu próprio ego, Adão pecou.

Agora percebemos o significado da palavra “independência”.

Todas as AÇÕES independentes de Deus são pecado.

Adão não tinha confiado em Deus; não tinha tomado a decisão de obedecer a Deus; havia agido independentemente de Deus; e a fim de conseguir a independência contra Deus. E é por isso que o Senhor declarou ser isto pecado.

Portanto, compreenda isto, não é preciso cometer muitos e terríveis pecados a fim de se considerar pecado. Para Deus, todas as ações realizadas fora dele são pecado. “Ser igual a Deus”, por exemplo, é excelente desejo; mas tentar fazê-lo sem ouvir o mandamento de Deus e sem esperar pelo tempo de Deus é pecaminoso à Sua vista. Quão freqüentemente julgamos ser as coisa más pecados e as boas, justiça. Deus, entretanto, vê as coisas de maneira diferente. Em vez de diferenciar o bem e o mal pela aparência, ele olha para o modo com que tal ação é feita. Não importa quão excelente tal coisa possa parecer ao mundo, tudo o que for feito pelo crente sem procurar a vontade Deus, sem esperar por seu tempo, ou sem depender de seu poder (mas feito segundo nossa própria vontade, com pressa, ou por nossa própria habilidade) – tal ação é pecado à vista de Deus.

O Senhor não olha para o bem ou para o mal da coisa em si. Antes, olha para sua fonte. Ele anota mediante que poder tal coisa é feita. À parte de seu próprio poder, Deus não se interessa por nenhum outro. Ainda que fosse possível que o crente fizesse algo melhor que a vontade de Deus, ele ainda condenaria a ação e consideraria o crente ter pecado.

É verdade que todas as suas obras e aspirações são segundo a vontade de Deus? Ou são elas simplesmente sua própria decisão? Suas obras têm origem em Deus? Ou são elas realizados segundo seu bom prazer? Todas as nossas ações independentes, não importa quão excelentes ou virtuosas pareçam ser, não são aceitáveis a Deus. Tudo o que é feito sem saber claramente a vontade de Deus, é pecado aos olhos Dele. Tudo o que é realizado sem depender Dele também é pecado.

Os cristãos de hoje são muito capazes de fazer coisas, são muito ativos e fazem coisas boas em excesso! Entretanto, Deus não olha para a quantidade de boas obras que a pessoa realiza; interessa-se somente pelo quanto é feito por amor ao Seu mandamento. Ele não indaga o quanto a pessoa trabalhou para ele; simplesmente pergunta o quanto depende Dele. O prazer de Deus não se encontra na muita atividade , e sim, na dependência que a pessoa tem Dele. Não importa quão zelosamente você trabalhe para o Senhor, sua obra será em vão se não for feita por Ele em você. Devemos fazer esta pergunta a nós mesmos: é a obra que faço realizada pelo Senhor em mim, ou sou eu mesmo quem a efetua?

Todas as OBRAS independentes de Deus são pecado.

Por favor, tenha em conta que podemos pecar até mesmo enquanto salvamos almas. Se não dependermos de Deus, mas confiarmos em nosso próprio entendimento e experiência do evangelho, à vista de Deus estaremos pecando, e não salvando almas, ainda que gastemos tempo e energia persuadindo as pessoas a crerem no Senhor!

Se em vez de perceber nossa total fraqueza e depender inteiramente do poder do Senhor, tentarmos edificar os santos com a força de nosso conhecimento bíblico e da excelência de nossa sabedoria, aos olhos de Deus estaremos pecando enquanto pregamos! Por melhores que todos os atos de amor e compaixão possam parecer ao público, – se forem realizado por nosso impulso ou força – aos olhos de Deus são pecaminosos. O Senhor não pergunta se fizemos um bom trabalho; somente examina se confiamos nele. Tudo o que é feito por nossa própria vontade será queimado no dia do juízo de Cristo, mas o que é realizado em Deus permanecerá.

O significado do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não é outro senão o estar ativo fora de Deus, procurar o que é bom segundo o entendimento da própria pessoa, estar com pressa e ser incapaz de esperar a fim de obter o conhecimento que Deus ainda não deu; não confiar no Senhor, mas procurar avançar pelo nosso próprio caminho.

Tudo isso pode ser resumido numa frase:

Independência de Deus

Deus não tem prazer no homem que se aparta Dele e age independentemente. Pois Ele deseja que o homem confie Nele.

O propósito do Senhor ao salvar o homem e também ao criá-lo é que o homem cofie Nele. Eis o significado da árvore da vida: confiança. “De toda árvore do jardim comerás livremente”, disse Deus a Adão; “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás”. Dentre todas as árvores cujos frutos podiam ser comidos, Deus menciona especialmente a árvore da vida em forte contraste com a árvore do conhecimento do bem e do mal. “E também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Ao notarmos a menção particular de Deus à árvore da vida, devemos reconhecer que de todas as árvores comestíveis, esta é a mais importante. É desta árvore que Adão devia ter comido primeiro. Por que é isto assim?

A árvore da vida representa a vida de Deus, a vida não criada de Deus. Adão é um ser criado, portanto, não possui esta vida não criada. Embora a esta altura ele ainda esteja sem pecado, não obstante, é apenas natural, uma vez que não recebeu a vida santa de Deus. O propósito de Deus é que Adão escolha o fruto da árvore da vida por sua própria vontade para que se relacione com Deus pela vida divina. Assim, Adão, de simples criatura de Deus, chegaria ao novo nascimento. O que Deus requer de Adão é que negue sua vida natural e se una a Ele pela vida divina, destarte vivendo diariamente pela vida de Deus. Este é o significado da árvore da vida. O Senhor queria que Adão vivesse por essa vida que não era dele originariamente.

Logo, temos aqui o sentimento distinto da independência, confiança. Pois, quando o ser criado vive por sua vida natural, não precisa depender de Deus. Esta vida criada é autônoma e autopreservadora. Mas, para que o ser criado via pela vida do Criador, ele tem que ser totalmente dependente, pois a vida que levaria então não seria sua, mas de Deus. Ele não poderia ser independente de Deus, mas teria que manter constante comunhão com Ele e confiar completamente Nele. Essa é a vida que Adão não tem em si mesmo, e logo, deve confiar em Deus a fim de recebê-la. Além disso, essa vida – se recebida por Adão – é a que ele não poderia levar por seu próprio esforço; por isso teria que depender de Deus continuamente a fim de conservá-la. Assim, a condição para conservá-la tornar-se-ia a mesma condição para recebê-la. Adão teria de depender dia a dia, a fim de viver esta vida santa de uma maneira prática.

Tudo isto que temos dito com respeito a Adão, Deus também o exige de nós. Na época de Adão, a vida de Deus e a vida do homem estavam presentes no jardim. Hoje, a vida divina e a vida humana estão presentes em nós. Nós os que cremos no Senhor e somos salvos, nascemos de novo – isto é, nascemos de Deus; e assim temos uma vida de relacionamento com Deus. A vida da criatura está em nós, mas também está a vida do Criador. O problema atual então é se vivemos ou não pela vida divina – se nossa vida depende ou não totalmente de Deus. Assim como nossa carne não pode viver se estiver separada de sua vida natural, da mesma forma nossa vida espiritual não pode prosseguir se estiver separada da vida do Criador.

Deus não deseja que tenhamos nenhuma atividade fora Dele. Deseja que morramos para nós mesmos e sejamos dependentes Dele como se não pudéssemos nos mover sem Ele. Ele não gosta que iniciemos nada sem sua ordem. Ele se agrada de que realmente percebamos nossa inutilidade e confiemos Nele de todo o coração. Devemos resistir a todas as ações independentes de Deus. As obras que são feitas sem oração e espera, sem procurar conhecer claramente a vontade divina, sem confiar inteiramente em Deus, e sem examinar nossa consciência, a fim de determinar se o ego ou a impureza estão misturados: tudo isto provém de nós mesmos e é pecado à vista de Deus.

O Senhor não pergunta quão boa é nossa obra; Ele somente pergunta quem fez a obra. Ele não será movido pelo pequeno bem que você e eu façamos. Ele não está satisfeito com nada a não ser a SUA obra. Você pode estar ativamente engajado na obra Dele e trabalhar muito. Você pode até mesmo sofrer por causa de Cristo e de Sua igreja; mas se não tiver certeza de que é Deus que deseja que você realize a obra, ou, se não compreender completamente sua própria ignorância e incompetência, e com muito temor e tremor se lançar sobre o Senhor, então, como Adão, você estará pecando à vista de Deus. Oh! Cesse sua própria obra! Não pense que pode fazer tudo o que seja bom. Você pode labutar e se esforçar segundo seu próprio prazer, mas terá pouca ou nenhuma utilidade espiritual.

Todos nós sabemos que o incrédulo, não importa quão boa seja sua conduta, não pode ser salvo por ela. Não conhecemos nós tantos não-crentes cuja conduta é recomendável? São amáveis, gentis, humildes, pacientes; muitas vezes ultrapassam a média dos cristão em virtude. Por que, apesar da conduta invejável, ainda não são salvos? Porque todo este bem provém de sua vida natural, logo, não podem obter a aprovação de Deus. Deus somente se agrada do que pertence a Ele; do que procede Dele. Consequentemente, incrédulo algum pode agradar a Deus com seus próprios feitos.

O mesmo se aplica ao crente. Pensamos poder agradar ao Senhor com nossas obras boas e zelosas? Precisamos compreender que, a não ser pela vida que Deus nos deu, não existe a mínima diferença entre o nosso ego e o ego dos incrédulos. Os egos são absolutamente os mesmos. A vida natural do pecador e a vida natural do santo não diferem uma da outra. Se as boas ações realizadas pelos incrédulos mediante esta vida natural são rejeitados por Deus, também o será o bem praticado mediante a vida natural pelos crentes.

É triste que esqueçamos tão prontamente a lição que antes tínhamos aprendido! Quando cremos no Senhor Jesus, Deus convenceu-nos por Seu Espírito Santo de que nossa justiça, a seus olhos, para nada servia. Depois de sermos salvos, entretanto, de alguma forma, voltamos a imaginar que agora nossa própria justiça é útil e agradável a Deus. Devíamos saber que pelo fato de sermos salvos e nascidos de novo nossa velha vida não melhorou nem mudou em nada. A não ser pela vida nova recém obtida, nosso antigo ego permanece o mesmo.

O princípio que aprendemos na regeneração devia ser mantido continuamente. Uma vez que nós, quando incrédulos, não fomos salvos por nossas obras independentes, da mesma forma, nós os crentes, não ganharemos a aprovação de Deus por nossas ações independentes. Tudo o que é feito fora da dependência de Deus é desagradável a Ele. Quer proceda do pecador, quer do santo, a ação independente é rejeitada por Deus.

Você pode se gloria de quanto, como crente, tem feito; o quanto tem trabalhado, e até mesmo quanta benção e fruto tem experimentado; ainda assim, aos olhos de Deus estas não passam de obras mortas e sem utilidade alguma, pois todas elas são realizadas por você mesmo, e não pela operação divina em você.

Quão difícil é depender de Deus! Quão difícil é para os sábios confiarem! Quão árduo é para os talentosos confiar em Deus! Muitas vezes tornamo-nos ativos sem esperar que Deus nos dê força especial. É-nos tremendamente difícil negar o nosso talento, tornar-nos totalmente inúteis perante Deus e não depender de nossa capacidade, mas totalmente do Senhor. O Senhor deseja que neguemos a nós mesmos e a nosso poder e que reconheçamos a nossa fraqueza e a inutilidade de nossas palavras e ações. A não ser que primeiro chegue o suprimento de Deus, não podemos dizer palavra alguma nem realizar nada. É assim que Ele deseja que dependamos Dele, pois o que temos em nós mesmos sem dúvida nos afastará de Deus. Nosso talento, nossa sabedoria, nosso poder e nosso conhecimento, tudo tenderá a fortalecer nossa autoconfiança excluindo nossa confiança Nele. A menos que propositada e persistentemente neguemos nossa capacidade, jamais dependeremos de Deus.

Quando pequena, a criança depende de seus pais para tudo; mas quando cresce possui em si mesma tal poder e sabedoria que procura a independência em vez da dependência. Nosso Deus deseja que tenhamos com ele um relacionamento permanente como crianças para que possamos continuamente confiar Nele.

Você acha que agora tem poder? Que já foi santificado? Que já foi enchido permanentemente com o Espírito Santo? Que suas obras já produziram frutos? Se assim for, essa maneira de pensar priva-lo-á de um coração dependente. É preciso que você mantenha a atitude e a postura de desamparo perante os homens a fim de fazer real progresso no caminho de Deus. Se permitir que o ego penetre sutilmente de modo que você considere a si mesmo com tendo tudo, deve compreender que não mais estará dependendo de Deus.

Eu, que agora falo com você, não tenho certeza alguma quanto a meu futuro. Não sei se ainda estarei pregando o evangelho no ano que vem. A menos que Deus me conservar até o ano que vem, pode ser que eu não possa servir; deveras, posso até mesmo nem seguir a Cristo. Digo isto com um coração angustiado, pois sei que não tenho meios de conservar a mim mesmo. Se Deus não me conservar, confesso não ser por mim mesmo capaz de estar em pé no lugar humilde de hoje. Lembro-me de como estive a ponto de separar-me de Cristo muitas vezes desde o dia em que me tornei crente, mas louvo a Deus por ter-me conservado.

Permita-me dizer-lhe que, a não ser mediante o depender de Deus e confiar nele momento a momento, não conheço outra maneira de viver uma vida santificada. Se não dependermos do Senhor não podemos saber quanto tempo podemos viver como crentes por um único dia.

Será que realmente percebemos isto? Ou será que ainda temos um pequeno poder com o qual sustentar a nós mesmos e ter sucesso em muitas coisas? Seja manifesto a todos que a autoconfiança é o inimigo da dependência de Deus. Deus deve levar-nos até nosso fim para que saibamos não existir bem algum em nós.

Não fosse por sua graça, teríamos derrotas de todos os lados. Devemos chegar ao ponto que percebamos ser absolutamente indignos e não ter força alguma. Não ousamos ser autoconfiantes, nem ousamos tomar qualquer ação independente, fora de Deus. Devemos continuar prostrados perante Ele com temor e tremor, buscando Sua graça. De outra forma, nossa natureza fará com que nos consideremos competentes, tendo prazer em nossa próprias atividades e recusando-nos a depender de Deus.

Ao olhar para os anos passados posso ver que muitos irmãos a quem conheci se desviaram. Ainda me lembro do que certo irmão me disse um dia: ” senhor, agora conhecemos as Escrituras que o senhor prega; temos feito grande progresso e não estamos muito distantes de seus obreiros.”. Que autoconfiança! Mas onde estão esses irmãos hoje? Também lembro de outro irmão dizer-me recentemente: “Irmão Nee, pode ser que eu não conheça muita coisa, mas pelo menos conheço os ensinamentos bíblicos…” ao ouvir isto, imediatamente percebi que este irmão corria sério perigo. Hoje, ele também se desviou do caminho estreito. São muitas as tragédias similares que podemos recordar durante nossa vida. A causa principal de tais tragédias é a autoconfiança. A autoconfiança é a causadora de todas as derrotas.

O que Deus deseja que saibamos hoje é que não podemos depender absolutamente de nosso ego. Deseja que confessemos nossa fraqueza e inutilidade em todo o tempo. Deseja que tenhamos consciência do que nunca tivemos antes – isto é, deseja que estejamos cônscios de nossa total insuficiência e que admitamos que se não fosse por seu poder conservador, não podíamos permanecer nem um momento, e que se não fosse por sua fortaleza, nada podíamos fazer. Possamos nós ser quebrantados pelo Senhor hoje, para que não ousemos tomar nenhuma ação independente ou abrigar nenhuma atitude fora Dele. Doutra forma, o fim inevitável será a vaidade e a derrota.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

Watchman Nee (Extraído do Livro “O Mensageiro da Cruz” – 1926)

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Uma Linguagem Para a Oração Particular?

David Cloud

Pentecostais e carismáticos freqüentemente ensinam que há dois tipos de línguas descritos no Novo Testamento: as “línguas públicas” de Pentecoste e as línguas da “oração particular” de 1Coríntios 14:4 (“O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.”) Alguns fazem essa distinção entre “ministério de línguas” e “línguas devocionais”.

Os primeiros líderes pentecostais entendiam que as línguas na Bíblia eram idiomas reais falados na Terra. Eles freqüentemente ensinavam poder ir para os campos missionários estrangeiros e testemunhar por meio de línguas miraculosas sem ter de aprender os idiomas. Aqueles que tentaram isso, no entanto, voltaram amargamente desapontados!

“Alfred G. Garr e sua esposa foram para o Oriente com a convicção de que poderiam pregar o evangelho nos idiomas hindu e chinês. Lucy Farrow foi para a África e voltou após sete meses, durante os quais ela alegou ter pregado aos nativos em seu próprio idioma Kru. O pastor e analista alemão Oskar Pfister registrou o caso de um pentecostal de nome ‘Simon’, que tinha planejado ir para a China e usar línguas para pregar. Numerosos outros missionários pentecostais embarcaram crendo que tinham a miraculosa habilidade de falar no idioma daqueles a quem foram enviados. Essas alegações pentecostais foram bem conhecidas em sua época. S.C. Todd, da Bible Missionary Society, investigou 18 pentecostais que foram para o Japão, a China e a Índia ‘esperando pregar aos nativos desses países na própria língua deles’ e descobriu que, por declaração deles mesmos, ‘em nenhum instante sequer eles foram capazes de fazer isso’. Por esses e outros missionários terem retornado em desapontamento e falha, os pentecostais foram compelidos a repensar seu ponto de vista original acerca do falar em línguas”.
(Robert Mapes Anderson, Vision of the Disinherited: The Making of American Pentecostalism)

A conclusão a que logo chegaram é que as “línguas” que falavam não eram terrenas, mas “celestiais” ou uma língua especial para oração; e esses são os termos que ouvimos freqüentemente em conferências carismáticas, tais como aquelas em New Orleans em 1987, Indianapolis em 1990 e St. Louis em 2000. As línguas que eu ouvi nessas conferências não eram idiomas de modo algum, mas meramente murmurações repetitivas que qualquer um poderia imitar. Larry Lea supostamente falou em línguas em Indianapolis em 1990, e esse é um exemplo-chave do que está sendo ensinado como línguas no movimento carismático. Aquilo se parecia com “Bubblyida bubblyida hallelujah bubblyida hallabubbly shallabubblyida kolabubblyida glooooory hallelujah bubblyida.” Eu escrevi isso conforme ele ia dizendo e, posteriormente, verifiquei com a gravação. Nancy Kellar, uma freira católica romana que estava no comitê executivo do encontro de St. Louis meeting em 2000, falou em “línguas” na noite de quarta-feira da conferência. Suas “línguas” eram algo como “Shananaa leea, shananaa higha, shananaa nanaa, shananaa leea”, repetido vez após vez após vez.

Se você acha que estou fazendo troça dessas pessoas, está enganado. Isso foi tirado diretamente das fitas cassete das mensagens. Se são idiomas, certamente teriam um vocabulário simples! Meus filhos tinham uma linguagem mais complexa do que isso quando tinham por volta de três anos.

Michael Harper diz:

“Na curta história da renovação carismática, falar em línguas em público tem se tornado raro, mas continuar a ser uma expressão vital de oração privativa”.
(These Wonderful Gifts, 1989, p. 97).

Ele diz que esse tipo de “línguas” é “uma linguagem de oração: um modo de comunicar-se mais efetivamente com Deus” (p. 92). Ele diz que essa experiência “edifica” mesmo sem haver entendimento:

“O homem ocidental moderno tem dificuldade de crer que falar palavras desconhecidas a Deus pode ser edificante. (…) Tudo o que alguém pode dizer é ‘tente e veja’. Ainda me lembro dos momentos em que, pela primeira vez, eu usei esse dom e a imediata percepção que tive de que estava sendo edificado. Essa é uma das mais importantes razões pelas quais o dom precisa ser usado regularmente na oração privada”.
(p. 93)

Harper diz que é misticamente consciente de estar sendo edificado mesmo quando não sabe o que está dizendo. Ele também diz que esse “dom precisa ser usado regularmente” e que, portanto, isso é importante para a vida cristã.

Para provar seu ponto de vista, ele simplesmente convida o observador cético a “tentar e ver”, relembrando-nos que a experiência é a maior autoridade para os carismáticos. (A idéia do “vem e vê” cria um novo problema, uma vez que a Bíblia nunca diz para “tentarmos as línguas” ou para buscá-las e nunca descreve como alguém pode aprender a falar em línguas. Na Bíblia, falar em língua é sempre uma atividade sobrenatural que é soberanamente dada por Deus.)

Mesmo alguns que não dizem ser pentecostais ou carismáticos têm essa experiência. Jerry Rankin, diretor da International Mission Board (Southern Baptist), diz que fala numa “linguagem de oração privada” e contrasta isso com a prática da “glossolália.”

“Eu tenho uma linguagem de oração privada há mais de 30 anos. Eu não considero que tenho o dom de línguas. Eu nunca fui levado a praticar a glossolália, você sabe, em público, e eu penso que, naquela passagem didática das Escrituras, claramente é falado dos dons para uso público, para edificação e os dons na igreja. (…) Eu nunca vi pessoalmente minha intimidade com o Senhor e o modo como Seu Espírito me guia em meu tempo de oração como sendo o mesmo que glossolália e sujeito àquele critério. (…) Eu quero apenas que Deus tenha liberdade para fazer tudo o que quiser em minha vida, e eu estou sendo obediente a isso.”

(“IMB president speaks plainly with state editors about private prayer language”, Baptist Press, Feb. 17, 2006).

É maravilhoso desejar fazer a vontade de Deus, não importando o que Ele conduza a fazer, mas Sua vontade nunca se opõe a Sua própria palavra nas Escrituras. Pelas seguintes razões, estamos convencidos de que a Bíblia não dá apoio à doutrina da “linguagem de oração privada”.

1) Se o falar em línguas de 1Coríntios 14 é diferente daquele de Atos 2, a Bíblia nunca explica a diferença

Nós deixamos as “línguas” no livro de Atos (a última menção está em Atos 19.6) e não as vemos até 1Coríntios 12–14. Se as “línguas” nessa epístola são de um tipo diferentes daquilo que são “línguas” em Atos, por que a Bíblia não o diz e não explica claramente o assunto para não haver confusão?

2) Paulo disse que o que fala em línguas edifica a si mesmo (1Co 14.4)

Isso não é possível a menos que as palavras possam ser entendidas, pois, em 1Coríntios 14, Paulo diz que entender é absolutamente necessário para edificação. No verso 3, ele diz que profetizar edifica porque conforta e exorta homens, obviamente referindo-se a coisas que são entendidas por quem ouve. No verso 4, ele diz que falar em línguas não edifica a menos que sejam interpretadas. Nos versos 16 e 17, ele diz que se alguém não entender alguma coisa não é edificado. As palavras não poderiam ser mais claras. Se não há edificação da igreja sem entendimento, como é possível que o crente individual seja edificado sem entendimento? Isso é confusão. A palavra “edificar” significa “construir na fé”. O dicionário Webster de 1828 define-a como “instruir e desenvolver a mente no conhecimento de modo geral e, particularmente, no conhecimento moral e religioso, na fé e na santidade.” As palavras “edificar”, “edificação”, “edificado” e “edificando” são usadas em 18 versículos no Novo Testamento, e sempre se referem a edificar, construir na fé por meio de instrução e viver piedoso. Por exemplo, em Efésios 4 o Corpo de Cristo é edificado por meio do ministério dos pregadores dados por Deus (vv. 11,12). Assim, o fato de Paulo dizer que quem fala em línguas edifica a si mesmo (1Co 14.4) é prova de que essa pessoa entende o que está dizendo.

3) Paulo diz que as línguas são um idioma terreno (1Co 14.20-22)

Se o falar em línguas em 1Coríntios 14 fosse algum tipo de “linguagem de oração privada”, por que Paulo daria essa explicação profética sobre isso e afirmaria dogmaticamente que elas são um idioma terreno? Ele não diz que somente alguns “tipos de línguas” são idiomas.

4) Em 1Coríntios 14.28, Paulo diz que quem fala em línguas fala para si mesmo e para Deus

“Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus.” Isso significa que essa pessoa pode entender o que está falando. De outro modo, como poderia falar para si mesmo? Ninguém fala para si mesmo com “algaravias desconhecidas”.

5) Não há exemplos em 1Coríntios 14 de um crente falando em línguas privadamente e não há encorajamento para que isso seja feito

O que dizer do verso 28? “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus” (vv. 27,28). Isso nada diz sobre orar em línguas privadamente. Refere-se ao exercícios dos dons em uma reunião pública. Paulo diz que se não houver interpretação, o que fala em línguas deve manter silêncio e orar a Deus, mas ele nada diz sobre retirar-se e orar privativamente em línguas. Precisamos ler todos os versículos.

6) Se há uma “linguagem de oração privada” que edifique a vida dos cristãos e seja muito importante, a Bíblia a explicaria claramente e circunscreveria seu uso, como o faz com o uso das línguas na igreja.

7) Uma “linguagem de oração privada” que ajude o cristão a se fortalecer em sua caminhada com Cristo seria, sem dúvida, mencionada em outros lugares no Novo Testamento no contexto da santificação e do viver cristão

Porém, isso nunca é mencionado em qualquer outro contexto. Os apóstolos e profetas trataram de muitas situações nas epístolas do Novo Testamento e deram todas as coisas necessárias para o viver cristão santo, mas nunca ensinaram que o crente precisa falar numa “linguagem de oração privada” a fim de ter vitória espiritual ou para encontrar a direção de Deus ou para ser curado ou para conseguir dormir ou qualquer outra coisa. Se houvesse algo como uma “linguagem de oração privada” que edificasse a vida cristã e fizesse o cristão mais forte espiritualmente, Paulo teria, sem dúvida, instruído a igreja em Corinto a gastar mais tempo falando em línguas devocionais, mas ele não dá tal conselho.

8) Não é possível que falar em línguas seja uma parte necessária da vida cristã, porque Paulo claramente diz que nem todos falam em línguas (1Co 14:29,30)

Alguns irão perguntar: “Por que, então, Paulo diz: ‘Eu quero que todos vós faleis em línguas’ (v. 5)?” A resposta é que Paulo não está dizendo que todos deveriam falar em línguas ou que todos poderiam falar em línguas; ele está meramente expressando um desejo de que o exercício de dons espirituais fosse feito, e feito de maneira correta. Em 7.7, Paulo usa exatamente a mesma expressão no contexto do celibato: “Gostaria que todos os homens fossem como eu”. Não sabemos de qualquer pentecostal ou carismático que use essa declaração literalmente para ensinar que a vontade de Deus para todo crente é que permaneça solteiro, mas usam a mesma expressão em 14.5 como uma lei. Há uma estranha inconsistência aqui.

9) Todas as instruções neotestamentárias sobre oração indicam que ela é um ato consciente, espontâneo e inteligível por parte do crente e que ele fala a Deus em termos inteligíveis

Vemos isso nas instruções de Jesus sobre oração: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos ceús, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder e a glória para sempre. Amém” (Mt 6.5-13). Essa é uma oração consciente e compreensível. Vemos a mesma coisa nas instruções de Paulo sobre oração (e.g., Rm 15:30-32; Ef 6:18-20; Cl 4:2,3; Hb 13:18,19). Não há um exemplo registrado na Escritura de oração que seja algo diferente de uma conversa individual com Deus em termos conscientes e inteligíveis. Na verdade, Cristo proibiu o tipo de “orações” repetitivas que são comumente ouvidas entre os que praticam uma “linguagem de oração privada”: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (Mt 6.7). No entanto, freqüentemente ouço “orações em línguas” que soam como “Shalalama, balalama, shalalama, balalama, bubalama, shalalama, bugalala, shalalama”. O que quer que isso seja, não são as “línguas” do Novo Testamento e não é oração neotestamentária.

10) Se nós temos de concordar que 1Coríntios 14 se refere a uma “linguagem de oração privada”, isso não pode ser algo a ser aprendido ou ensinado

O que quer que seja descrito em 1Coríntios 14 é um milagre divino, mas isso é contrário à prática pentecostal-carismática, em que as pessoas são ensinadas a falar em “linguagem de oração”.

11) Usar o dom de línguas como uma “linguagem de oração privada” pode seu principal propósito, que é ser um sinal para o Israel incrédulo

O ex-pentecostal Fernand Legrand sabiamente observa:

“Por usar esse sinal em privado, alguns pensam que podem beneficiar-se de UM de seus aspectos, enquanto ignoram os outros, mas você não pode desmanchar um dom e reter somente um de seus componentes. Um carro é um objeto mecânico complexo que ou é dirigido como uma entidade ou não é dirigido de modo algum. Você não pode sair com as rodas e deixar o chassis e o motor na garagem. Quando um carro está andando, é o carro todo que se move. Do mesmo modo, LÍNGUAS NÃO DEVEM SER FATIADAS COMO UMA SALSICHA. Elas devem edificar quem fala E os outros E ser um sinal para os judeus incrédulos E serem inteligíveis ou serem traduzidas por interpretação. Elas têm de ser tudo isso ao mesmo tempo. O dom é inseparável desse único e imutável propósito: ser um sinal para os judeus que não crêem na oferta universal de salvação (At 2.17; 1Co 14:20,22)”.

(All about Speaking in Tongues, p. 67).

12) Apesar de eu ter ouvido muitos exemplos de “línguas devocionais” nos últimos 33 anos, eu nunca ouvi nada além de algaravias

O que eu tenho ouvido não são línguas de nenhum tipo, mas meramente murmúrios repetitivos que qualquer um pode imitar. As “línguas” de Larry Lea em Indianapolis, em 1990, eram alguma coisa assim: “Bubblyida bubblyida hallelujah bubblyida hallabubbly shallabubblyida kolabubblyida glooooory hallelujah bubblyida.” Eu escrevi o que entendi que ele estava dizendo e, mais tarde, verifiquei com a gravação. Nancy Kellar, uma freira católica romana que estava no comitê executivo do encontro de St. Louis em 2000, falou em “línguas” na noite de quarta-feira da conferência. Suas “línguas” eram uma repetição de “Shananaa leea, shananaa higha, shananaa nanaa, shananaa leea”. Isso foi tirado diretamente das fitas de áudio das mensagens. Se isso são línguas, elas certamente têm um vocabulário muito pobre!

13) A prática de aprender a como falar em línguas, que é popular entre pentecostais e carismáticos, é antibíblica e perigosa

Se tivermos de concordar que existe algo como uma “língua de oração privada” e que ela pode nos ajudar a viver uma vida cristã melhor e se temos de aceitar o desafio carismático de “tentar e ver”, a próxima questão é: “Como eu começo a falar nessa “linguagem de oração”? Um capítulo do livro These Wonderful Gifts (de Michael Harper) é intitulado “Letting Go and Letting God”, no qual o crente é instruído a parar de analisar as experiências tão cuidadosa e estritamente, a parar de “instalar alarmes” and “esconder-se nervosamente atrás de paredes de proteção”. Ele diz que o crente deve dar um passo de detrás de suas “paredes e sistemas infalíveis” e apenas abrir-se para Deus. Esse é um passo necessário, mas não bíblico e excessivamente perigoso, para receber as experiências carismáticas. Tendo parado de analisar tudo com as Escrituras, o método-padrão de experimentar o “dom de línguas” ou uma “linguagem de oração privativa” é que a pessoa abra a boca e comece a falar palavras, mas não aqueles que se podem entender, e alegadamente “Deus irá tomar o controle”.

Dennis Bennett diz:

“Abra a boca e mostre que você crê que o Senhor o batizou no Espírito por começar a falar. Não fale português ou qualquer outra língua que você conhece, pois Deus não pode conduzi-lo a falar em línguas se você falar num idioma que você conheça. (…) Exatamente como uma criança aprendendo a falar pela primeira vez, abra a boca e fale as primeiras sílabas e expressões que vierem aos seus lábios. (…) Você pode começar a falar, mas diga somente uns poucos sons gaguejantes. Isso é maravilhoso! Você está quebrando a ‘barreira do som’. Mantenha aqueles sons. Ofereça-os a Deus. Diga a Jesus que você O ama com aqueles ‘jubilosos barulhos’! Num sentido muito verdadeiro, qualquer som que você fizer, oferecendo sua língua a Deus com fé simples, pode ser o começo do falar em línguas.”

(The Holy Spirit and You, pp. 76, 77, 79).

Isso é tão grosseiramente carente de base bíblica e sem sentido que não parece necessário refutar. Não há absolutamente nada parecido com isso no Novo Testamento. Ignorar a Bíblia e buscar algo que ela nunca diz que devemos buscar de uma maneira que ela não apóia e abrir-se acriticamente para experiências religiosas como essa é colocar-se em perigo de receber “outro espírito” (2Co 11:4).

14) O fato é que as línguas na Bíblia eram idiomas terrenos, e isso é uma verdade fundamental

Uma doutrina acerca das línguas que reduz essa prática a meras algaravias de qualquer tipo que não seja uma língua real não tem base bíblica.

Pergunta: Se as línguas podem ser entendidas pelo que fala, por que Paulo diz: “Porque, seu eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto” (1Co 14:14)?

Resposta: Os movimentos carismático-pentecostais encontram justificativa neste versículo para sua doutrina sobre ser o falar em língua algum tipo de comunicação que evite o intelecto e o entendimento. O pastor Bill Williams, de San Jose, Califórnia, diz que a consciência que alguém tem por meio da línguas está “além das emoções, além do intelecto. Isso transcende o entendimento humano” (“Speaking in Tongues–Believers Relish the Experience”, Los Angeles Times, 19.09.1987, B2). Charles Hunter diz: “A razão pela qual alguns de vocês não falarem [em línguas] fluentemente é que vocês tentam pensar nos sons. (…) Você não deve nem mesmo ter de pensar a fim de orar no Espírito” (Hunter, “Receiving the Baptism with the Holy Spirit”, Charisma, julho de 1989, p. 54).

Mas se 1Coríntios 14:14 significa que o que fala em línguas está falando “além de seu intelecto” ou algo assim, deve ser o único lugar na Escritura em que essa doutrina é encontrada. Em nenhum outro lugar a Escritura diz que o espírito do homem pode operar adequadamente sem o entendimento ou que Deus opera no espírito do homem de uma maneira que este não entenda a comunicação ou que exista certo tipo de nível espiritual de comunicação que passe por cima do entendimento. Nessa mesma epístola, Paulo disse: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem senão o espírito do homem, que nele está?” (2:11). Assim, o espírito do homem é aquela parte dele que conhece e entende. Efésios 4:23 diz que o crente deve ser “renovado no espírito de sua mente”. Obviamente isso envolve entendimento, pois Romanos 12:2 diz que somos “transformados pela renovação de vossa mente, a fim de que podeis provar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”.

Então, do que Paulo está falando em 1Coríntios 14:14? Muitos comentários dizem que ele está se referindo ao entendimento do que fala em línguas em relação ao entendimento de outros mais do que ao seu próprio.

Barnes: “Nada produz que seja útil para os outros. É como uma árvore estéril, uma árvore que nada traz que seja benéfico para os outros. Eles não podem entender o que eu digo, e, sem dúvida, eles não podem ser ajudados pelo que eu profiro.”

Adam Clarke: “… meu entendimento é infrutuoso para todos os outros, porque ele não entendem minhas oração e eu não as interpreto ou não posso fazê-lo.”

The Family Bible Notes: “…de acordo com o ponto de vista do outro, isso não traz frutos para os outros, uma vez que nada lhes comunica de modo inteligível”.

Jamieson, Fausset, Brown: “’entendimento’, o instrumento ativo de pensamento e raciocínio, o qual, neste caso, mostra-se ‘infrutuoso’ em edificar outros, uma vez que o veículo de expressão é ininteligível para eles”.

John Wesley: “’Meu espírito ora’: pelo poder do Espírito eu entendo as palavras por mim mesmo. ‘Mas meu entendimento é infrutuoso’: o conhecimento que tenho não traz benefícios para os outros.”

Matthew Henry:
“Mas seu entendimento pode ser infrutuoso (1Co 14:14), ou seja, o sentido e o significado de suas palavras podem ser infrutuosos, ele pode não entender nem, portanto, outros podem unir-se a ele em suas devoções.”

Treasury of Scripture Knowledge:
“Isto é, ‘não produz qualquer benefício para os outros.’”

O contexto de 1Coríntios 14:14 dá apoio a essa interpretação:

“Por isso, o que fala desconhecida ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado” (vv. 13-17).

Paul diz que quem fala em línguas precisa orar tanto com o espírito como com o entendimento, e é óbvio que ele está falando sobre o entendimento daqueles que estão ouvindo, pois ele diz: “De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes?”. Nos versículos 13 a 17, Paulo está dizendo que quem fala em línguas deve dar uma interpretação de suas línguas para que ele não seja o único que entende o que está sendo dito, porque se ele ora numa língua que não é interpretada, aqueles que ouvem não podem entendê-la e não podem, portanto, ser edificado.

(Atualizado e ampliado em 16 de agosto de 2006; publicado pela primeira vez em 6 de março de 2006. David Cloud, Fundamental Baptist Information Service, P.O. Box 610368, Port Huron, MI 48061, 866-295-4143, fbns@wayoflife.org. Distribuído por Way of Life Literature’s Fundamental Baptist Information Service. Para assinar o boletim: www.wayoflife.org/fbis/subscribe.html. O catálogo de livros pode ser encontrado em www.wayoflife.org/catalog/catalog.htm. Traduzido por Francisco Nunes.)

Categorias
Charles Spurgeon Estudo bíblico

A Entrada Triunfal em Jerusalém

(The Triumphal Entry Into Jerusalem)

Um Sermão (Nº 0405)

Pregado na Manhã de Domingo, 18 de Agosto de 1861 por

C. H. Spurgeon

No Metropolitan Tabernacle, Newington– Inglaterra

“Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em um jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.” Mateus 21:5.

Nós lemos o capítulo do qual nosso texto é tomado; deixe-me agora recontar o incidente para sua audiência. Havia uma expectativa na mente popular do povo judeu, que o Messias estava para vir. Eles esperavam que ele fosse um príncipe temporal, alguém que devia guerrear contra os Romanos e restaurar aos Judeus sua nacionalidade perdida. Havia muitos que, embora não cressem em Cristo com uma fé espiritual, esperavam entretanto que talvez Ele pudesse ser para eles um grande libertador temporal, e nós lemos que em uma ou duas ocasiões eles quiseram tomá-lo para fazê-lo rei, mas ele ocultou-se. Havia um ansioso desejo que uma pessoa ou outra deveria levantar o estandarte da rebelião e liderar o povo contra seus opressores. Vendo os feitos poderosos de Cristo, o desejo é pai do pensamento, e eles imaginaram que Ele podia, provavelmente, restaurar a Israel o reino e torná-los livres. O Salvador à distância via que estava adentrando a uma crise. Para ele, ela deveria ser morta por ter desapontado a expectativa popular, ou deveria ceder aos desejos do povo, e ser feito rei. Você sabe qual foi a escolha. Ele veio para salvar outros, e não para fazer-se rei no sentido em que eles entendiam. O Senhor tinha operado o mais notável milagre, ele tinha ressuscitado Lázaro da morte após ele ter estado por quatro dias na sepultura. Este era um milagre tão inesperado e tão espantoso, que tornou-se o assunto da cidade. Multidões foram de Jerusalém a Betânia, eram somente duas milhas de distância, para ver Lázaro. O milagre fora bem autenticado, havia uma multidão de testemunhas, e foi em geral aceito como sendo uma das grandes maravilhas do século, e eles inferiram disto que Cristo devia ser o Messias. O povo determinou que agora eles deveriam fazê-lo rei, e que agora ele deveria liderá-los contra as hostes de Roma. Ele, não pretendia tais coisas, entretanto prevaleceu o entusiasmo deles pelo qual Ele pôde ter a oportunidade de realizar o que tinha sido escrito pelos profetas. Você deve imaginar que todos aqueles que espalharam os galhos no caminho e clamaram “Hosana” desejavam Cristo como príncipe espiritual. Não, eles pensavam ser ele um libertador temporal, e quando eles descobriram mais tarde que estavam enganados odiaram-no na mesma proporção que o tinham amado, e “Crucifica-o, crucifica-o” era um clamor tão alto e veemente quanto “Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor.” Nosso Salvador assim utilizou-se do equivocado entusiasmo deles para diversos fins e propósitos. Era necessário que a profecia fosse cumprida – “Alegra-te muito, ó filha de Sião; Exulta ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” Era necessário além disso, que ele reivindicasse publicamente ser o Filho de Davi, e que reivindicasse ser o legítimo herdeiro do trono de Davi, – isto ele fez nesta ocasião. Era necessário também, que ele deixasse seus inimigos sem desculpas. A fim de que eles não dissessem: “Se tu és o Messias, dize-nos claramente,” ele disse-lhes claramente. Este adentrar montado pelas ruas de Jerusalém era um manifesto e proclamação de seus direitos reais tão claro quanto poderia ser emitido. Eu penso, além disso, – e sobre isso eu construirei o discurso destas manhã, – Eu penso que Cristo utilizou o fanatismo popular como uma oportunidade de pregar-nos um vivo sermão, incluindo grandes verdades que são tão sujeitas a serem esquecidas por causa de nosso caráter espiritual, incluindo-as na forma externa e símbolo sua própria montaria como rei escoltado por hostes de seguidores. Nós viemos a isto como o assunto do nosso sermão. Dependamos dele.

I. Uma das primeiras coisas que aprendemos é isto. Por este modo através das ruas em pompa, Jesus Cristo foi aclamado como um rei. Aquela reivindicação tinha sido em grande medida, até agora, conservada na obscuridade, mas antes que Ele fosse para o seu Pai, quando a ira de seus inimigos tivesse alcançado sua mais extrema fúria, e quando sua própria hora de mais profunda humilhação tivesse chegado, ele fez uma reivindicação aberta diante dos olhos de todos os homens para ser chamado e reconhecido como um rei. Ele intima primeiro seus arautos. Dois discípulos vêm. Ele envia sua ordem – “Ide a aldeia que está diante de vós, e logo achareis presa uma jumenta e, com ela um jumentinho.” Ele reúne sua corte. Seus doze discípulos, aqueles que sempre acompanhavam-no, estão a sua volta. Ele monta o jumento, que em tempos antigos tinha sido domado pelos legisladores judaicos, os governadores do povo. Ele começa a cavalgar através das ruas e as multidões batem suas mãos. É reconhecido que não menos do que três mil pessoas deveriam estar presentes naquela ocasião, alguns indo adiante, alguns seguindo após ele, e outros parados ao lado para ver o espetáculo. Ele cavalgava para sua capital; as ruas de Jerusalém, a cidade real, estão abertas para Ele, como um rei, Ele sobe para seu palácio. Ele era um rei espiritual, e portanto Ele não ia para o palácio temporal mas para o palácio espiritual. Ele cavalga para o templo, e então tomando posse dele, começa a ensinar nele como não tinha feito antes. Ele tinha estado algumas vezes no pórtico de Salomão, mas ele estava mais freqüentemente na encosta da montanha do que no templo; mas agora, como um rei, ele toma posse de seu palácio, e ali, sentado em seu trono profético, ele ensina o povo em sua corte real. Vós príncipes da terra, dêem ouvidos, há alguém que clama ser enumerado convosco. É Jesus, o Filho de Davi, o Rei dos Judeus. Dai lugar a Ele, vós imperadores, daí lugar a Ele! Dai lugar ao homem que nasceu numa manjedoura! Dai lugar ao homem cujos discípulos eram pescadores! Dai lugar a Ele cuja veste foi de um camponês, sem costura, tecido de cima abaixo! Ele não usa nenhuma coroa, exceto a coroa de espinhos, contudo ele é mais nobre do que vocês. Sobre seus lombos ele não veste púrpura, entretanto ele é muito mais real do que vocês. Sobre seus pés não havia nenhuma sandália prateada adornada com pérolas, porém ele é mais glorioso do que vocês. Dai lugar a Ele! Dai lugar a Ele! Hosana! Hosana! Deixem-no ser novamente proclamado Rei! Rei! Rei! Deixem-no valorizar seu lugar sobre Seu trono, alto acima dos reis da terra. Isto é o que Ele fez, proclamou-se Rei.

II. Além disto, Cristo por seu ato mostrou que tipo de Rei ele poderia ter sido se tivesse se agradado, e que tipo de rei ele pode ser agora, se ele desejar. Tinha sido este o desejo de nosso Senhor, aquelas multidões que seguiram-no nas ruas realmente tinham-no coroado lá e então, e dobrando os joelhos, eles tinham-no aceito como o ramo que brotou da seca raiz de Jessé – a ele que tinha vindo – o governante, o Siló entre o povo de Deus. Tivesse ele dito apenas uma palavra, e eles teriam arremetido com ele sobre suas cabeças para o palácio de Pilatos, e tomando-no de surpresa, com uns poucos soldados na terra, Pilatos poderia logo ter sido feito prisioneiro, e ter sido provado por sua vida. Diante do indomável valor e da tremenda fúria de um exército judeu, a Palestina poderia ter sido rapidamente limpa de todas as legiões romanas, e ter se tornado novamente uma terra real. Mais ainda, nós afirmamos, com seu poder de operar milagres, com poder pelo qual os soldados recuaram quando ele disse: “sou eu;” Ele podia ter limpado não somente aquela terra, mas todas as outras, ele podia ter marchado de país em país, e de reino em reino, até que toda cidade real e cada estado régio tivesse cedido a sua supremacia. Ele poderia ter feito aqueles que vivem em ilhas no mar curvarem-se diante dele, e aqueles que habitam o deserto poderiam ter sido obrigados a lamber o pó. Não havia razão, Ó vós reis da terra, para que Cristo não tivesse sido mais poderoso do que vocês. Se seu reino fosse deste mundo, ele poderia ter fundado uma dinastia mais duradoura do que as vossas, ele poderia ter reunido tropas diante das quais vossas legiões se derreteriam como a neve diante do sol de verão, ele poderia ter destruído a imagem de Roma, até, uma massa despedaçada, como um vaso de cerâmica destruído por uma haste de ferro, ele poderia ser feito em pedaços.
Ainda é assim, meu irmão. Se for a vontade de Deus, ele pode fazer seus santos, cada um deles, príncipes, ele pode fazer sua Igreja rica e poderosa, ele pode elevar sua religião se ele preferir, e fazê-la a mais magnificente e suntuosa. Se esta for sua vontade, não há razão para que toda a glória que nós lemos no Velho Testamento sob Salomão, não possa ser dada a Igreja sob o grande Filho de Davi. Mas ele não veio para fazer isto, e por isso a impertinência daqueles que pensam que Cristo deve ser adorado com uma esplêndida arquitetura, com magníficas vestimentas, com orgulhosas procissões, com a aliança do estados com igrejas, fazendo os bispos da igreja magnificentes senhores e governadores, erguendo a própria igreja, e tentando colocar sobre seus ombros aquelas roupas que nunca lhe caberão, vestimentas que nunca foram destinadas a ela. Se Cristo se preocupasse com esta glória do mundo, ela logo estaria a seus pés. Se ele desejasse tomá-la, quem levantaria uma palavra contra sua reivindicação, ou quem levantaria um dedo contra o seu poder! Mas ele não se preocupa com isso. Levem suas quinquilharias para outro lugar, tirem suas lantejoulas daqui, ele não as quer. Removam sua glória, e sua pompa, e seu esplendor, ele não necessita de nada de suas mãos. Seu reino não é deste mundo, de outro modo seus servos lutariam, e seus ministros estariam vestidos com mantos de escarlate, e seus servos estariam assentados entre os príncipes, Ele não se preocupa com isto. Povo de Deus, não busque por isso. O que seu Mestre não teria, não procurem para si próprios. Oh! Igreja de Cristo, o que teu marido desdenhou, desdenhe você também. Ele poderia ter tido isso, mas ele não teve. E ele leu para nós a lição, que se todas estas coisas podem ser da Igreja, foi bom para ele ter passado por elas e dizer: “Elas não são para mim – Eu não pretendo brilhar nestas plumas emprestadas.”

III. Mas em terceiro lugar, e aqui jaz o cerne do assunto, você viu que Cristo reivindicou ser um rei; você viu que tipo de rei ele poderia ter sido e não foi, mas agora você verá que tipo de rei ele é, e que tipo de rei ele reivindica ser. Qual era seu reino? Qual sua natureza? Qual era sua autoridade real? Quais foram seus súditos? Quais suas leis? Qual seu governo? Agora você perceberá imediatamente da passagem tomada como um todo, que o reino de Cristo é um reino muito estranho, totalmente diferente de qualquer coisa que jamais foi vista ou que ainda será vista.
Ele era um reino, em primeiro lugar, no qual os discípulos são os cortesãos. Nosso bendito Senhor não tinha príncipes à espera, nem porteiros de bastão negro, nenhuma guarda real que ocupasse o lugar daqueles altos oficiais? Porque uns poucos pobres e humildes pescadores, que eram seus discípulos. Aprenda , então, que se no reino de Cristo você quer ser um nobre você deve ser um discípulo; sentar aos seus pés é a honra que ele lhe dará. Ouvindo suas palavras, obedecendo seus mandamentos, recebendo sua graça – esta é a verdadeira dignidade, esta é a verdadeira magnificência. O mais pobre homem que ama a Cristo, ou a mais humilde mulher que está desejando aceitá-lo como seu mestre, torna-se imediatamente membro da nobreza que espera por Cristo Jesus. Que reino é este que faz pescadores nobres, e camponeses príncipes enquanto eles ainda continuam pescadores e camponeses! Este é o reino do qual nós falamos, no qual o discipulado é o mais alto grau, no qual o serviço divino é a mais alta patente.
Este era um reino, é estranho dizê-lo, no qual as leis do rei, não estão, nenhuma delas, escritas em papel. As leis do rei não são proclamadas pela boca do arauto, mas escritas no coração. Você não percebe que na narrativa Cristo manda seus servos ir e pegar seu corcel real, tal qual ele estava, e esta era a lei: “Soltai-o e deixai-o ir?” Mas onde estava escrita a lei? Estava escrita no coração do homem a quem pertenciam a jumenta e o jumentinho, pois ele imediatamente disse: “Deixai-os ir” cordialmente e com grande alegria; ele pensou ser uma grande honra contribuir para a cerimônia real deste grande Rei de paz. Assim, irmãos, no reino de Cristo você não verá nenhum enorme livro de leis, nem juristas, nem procuradores, nem advogados que necessitem esclarecer a lei. O livro da lei está aqui no coração, o advogado está aqui na consciência, a lei está escrita não mais em pergaminho, nem mais promulgada e escrita, como foram os decretos de Roma, sobre aço e aflição, mas sobre as tábuas de carne do coração. A vontade humana é persuadida à obediência, o coração humano é moldado à imagem de Cristo, seu desejo se torna o desejo de seus súditos, sua glória seu alvo principal, e sua lei o maior deleite de suas almas. Estranho reino este, que não necessita de nenhuma lei, salvo aquelas que são escritas sobre o coração de seus súditos.
Estranho ainda, como alguns pensarão dele, este era um reino no qual riquezas incertas não partilham o que quer que seja de sua glória. Lá vai o Rei, o mais pobre de toda a classe, por que aquele Rei não tinha onde reclinar a cabeça. Lá vai o Rei, o mais pobre de todos, sobre o jumento de outro homem que ele tinha emprestado. Lá vai o Rei, alguém que está para morrer; desprovido de seu manto para morrer nu e exposto. E ele ainda é o Rei do seu reino, o Principal, o Príncipe, o Líder, o Coroado de toda a geração, simplesmente porque ele tinha o mínimo. Ele era quem tinha dado mais aos outros e retido o mínimo para si mesmo. Ele que era o menos egoísta e mais abnegado, ele que viveu o máximo para os outros, era o Rei deste reino. E olhe para os cortesãos, olhe para os príncipes! Eles eram todos pobres também; eles não tinham nenhuma bandeira para colocar do lado de fora das janelas, então eles lançaram suas pobres roupas sobre as sacadas ou as penduraram das janelas quando ele passava. Eles não tinha púrpura brilhante para fazer um tapete para os pés de seu jumento, então eles lançaram suas próprias roupas surradas no caminho, eles espalharam ao longo do caminho ramos de palmeira que eles podiam facilmente obter das árvores que guarneciam a estrada, porque eles não tinham nenhum dinheiro com o qual custear a despesa de um grande triunfo. A cada caminho este era um pobre fato. Nenhum brilho de ouro, nenhuma bandeira ostentada, nenhum soprar de trombetas de prata, nenhuma pompa, nenhuma circunstância! Era o triunfo da própria pobreza. Pobreza entronizada sobre o animal próprio da pobreza cavalgando através das ruas. Estranho reino este, irmãos! Eu creio que nós o reconhecemos – um reino no qual aquele que é o principal entre nós, não é aquele que é mais rico em ouro, mas aquele que é mais rico em fé; um reino que não depende de nenhum rendimento exceto o rendimento da divina graça, um reino que oferece a cada homem sentar-se sob sua sombra com deleite, seja ele rico ou pobre.
Estranho reino este! Mas, irmãos, aqui está alguma coisa talvez ainda mais excessivamente extraordinária, ele era um reino sem força armada. Oh, príncipe, onde estão teus soldados? Este é teu exército? Este milhares que te servem? Onde estão tuas espadas? Eles carregam galhos de palmeira. Onde estão teus equipamentos? Eles estão quase se desnudando para calçar teu caminho com suas roupas. Estas é tua hoste? Estes são teus batalhões? Oh estranho reino, sem um exército! O mais estranho Rei, que não usa nenhuma espada, mas cavalga adiante no meio deste povo conquistando e para conquistar um estranho reino, no qual há a palma sem a espada, a vitória sem a batalha. Sem sangue, sem lágrimas, sem devastação, sem cidades queimadas, sem corpos mutilados! Rei de paz, Rei de paz, este é teu domínio! Ainda é assim no reino sobre o qual Cristo é rei hoje, não há força para ser usada. Se os reis da terra dissessem para os ministros de Cristo: “Nós lhe emprestaremos nossos soldados,” nossa resposta deveria ser: “O que nós podemos fazer com eles? – como soldados eles são inúteis para nós” Será um dia ruim para a igreja quando ela emprestar o exército daqueles iníquos gentios, o imperador Constantino também pensou que poderia fazê-la grande, Ela não nada além de poluição, degradação e vergonha, e aquela igreja que pediu às tropas civis para ajudá-la, aquela igreja que faria seu Sábados obrigatórios às pessoas pela força da lei, aquela igreja que teria seus dogmas proclamados com o ressoar dos tambores, e fez o punho ou a espada tornarem-se suas armas, não conheceu de que espírito ela é. Estas são armas carnais. Elas são fora de propósito em um reino espiritual. Seus exércitos são pensamentos amorosos, suas tropas são palavras amáveis. O poder pelo qual ele governa seu povo não é a mão forte e o braço estendido da polícia ou dos soldados, mas pelas ações de amor e palavras de superabundante bênção ele declara seu soberano poder.
Este era um estranho reino também, meus irmãos, porque ele não tinha qualquer pompa. Se você reclamar sua pompa, que pompa singular ela era! Quando nossos reis são proclamados, três estranhos indivíduos, como nunca se vê em outras ocasiões, chamados arautos, vêm cavalgando à frente para proclamar o rei. Estranhas são suas vestes, romântico seu traje, e com som de trombetas o rei é magnificamente proclamado. Então vem a coroação e como a nação se emociona de ponta a ponta com êxtase quando o novo rei está para ser coroado! Que multidão enche as ruas. Algumas vezes as fontes eram feitas para fluir vinho, e raramente havia uma rua que não estava forrada com trapezistas por toda a parte. Mas aqui vem o Rei dos reis, Príncipe dos reis da terra, nenhum cavalo colorido empinado que mantivesse a distância os filhos da pobreza; ele esta montado sobre um jumento, e enquanto cavalga adiante, fala gentilmente às pequenas crianças que clamam: “Hosana,” e quer bem às mães e pais da mais baixa estirpe que se comprimem à sua volta. Ele é acessível; ele não é separado deles; ele não reclama ser seu superior, mas servo deles não menos grandioso que um rei, ele era servo de todos. Sem trombetas soando – ele estava contente com a voz dos homens, nenhum adorno sobre seu jumento, mas as vestimentas de seus próprios discípulos, nenhuma pompa além da pompa que corações amorosos sinceramente rendidos a ele. Assim ele cavalga; seu reino de submissão, o reino de humilhação. Irmãos, nós podemos pertencer àquele reino também; nós podemos sentir em nossos corações que Cristo vem a nós para subjugar toda altivez e todo pensamento orgulhoso, que cada vale seja ser elevado, e cada monte seja humilhado, e toda a terra exaltada naquele dia!
Ouça novamente, e este talvez seja um lado impressionante do reino de Cristo – ele veio estabelecer um reino sem impostos. Onde estão os cobradores de impostos do Rei? Você diz que ele não tinha qualquer imposto; sim ele tinha, mas que imposto ele era! Cada homem, de bom grado, despia-se de suas vestimentas; ele nunca pediu isto; seu rendimento fluía livremente dos presentes dados de bom grado por seu povo. O primeiro tinha emprestado e seu jumento e o jumentinho, os outros tinham entregue suas roupas. Aqueles que tinham poucas roupas para repartir, retiraram os galhos das árvores, e ali estava declarado de vez que não custava qualquer coisa a nenhum homem, ou particularmente que nada era exigido de qualquer homem, mas todas as coisas eram dadas espontaneamente. Este é o reino de Cristo – um reino que não se mantém do dízimo, contribuições à igreja ou impostos de Páscoa, mas um reino que vive sobre a livre vontade de ofertar de um povo disposto, um reino que não exige nada de qualquer homem, mas que vem a ele com uma força mais poderosa eficácia do que exigência, dizendo a ele: “Tu não estás debaixo da lei, mas sob a graça, sendo comprados por preço”, dedique a si mesmo e tudo o que você tem ao serviço do Rei dos reis! Irmãos, vocês me acham um louco ou fanático em falar de um reino deste tipo? De fato, seria fanatismo se nós disséssemos que qualquer simples homem pudesse estabelecer tal domínio. Mas Cristo fez isto, e hoje há dezenas de milhares de homens neste mundo que chamam-no Rei, e que sentem que ele é mais Rei deles do que o governante de sua terra nativa; que eles dão a ele uma mais sincera homenagem do que eles deram ao amado soberano, eles sentem que seu poder sobre eles é tal que eles não desejam resistir – o poder do amor, que seus presentes a ele são tão pequenos, por isso eles desejam dar a si mesmos de agora em diante, Isto é tudo o que eles podem fazer. Maravilhoso e inigualável reino! Tal qual nunca se encontrará sobre a terra.
Antes de deixar este ponto, eu gostaria de observar que este era um reino no qual todas as criaturas foram consideradas. Porque Cristo tinha dois animais? Havia um jumento e um jumentinho, cria de jumento; ele montou o filhote de jumento porque ele nunca tinha sido montado antes. Eu já observei diversos comentaristas para ver o que eles dizem acerca disso, e um antigo comentarista me fez rir – Eu creio que ele não fará você rir também – dizendo que Cristo ordenando a seus discípulos para trazerem o filhote e também a mãe nos ensinaria que os infantes devem ser batizados tanto quanto seus pais, o que me parece ser um argumento eminentemente digno do batismo infantil. Pensando no assunto acima, contudo, eu considero que há uma melhor razão a ser dada, – Cristo não teria qualquer dor em seu reino, ele não teria nem mesmo um jumento sofrendo por ele, e se o filhote fosse tirado de sua mãe, lá estaria a pobre mãe no estábulo em casa, pensando em seu filhote, e lá estaria o filhote desejando voltar, como aquelas vacas que os filisteus usaram quando eles devolveram a arca, e que foram mugindo enquanto seguiam seu caminho, porque seus bezerros estavam em casa. Impressionante reino de Cristo no qual o animal natural possuirá sua parte!. “Porque a criatura foi sujeita a vaidade de nosso pecado.” Ele era um animal que sofria por causa do nosso pecado, e Cristo pretende que seu reino traga de volta os animais à sua primitiva felicidade. . Ele nos faria homens misericordiosos, considerando até mesmo os animais. Eu creio que quando seu reino vier totalmente, a natureza animal será reconduzida à sua felicidade original. “Então o leão comerá feno como o boi, a criança de peito brincará na toca da áspide, e a criança desmamada colocará sua mão no esconderijo do basilisco.” A velha tranqüilidade do Éden, e a familiaridade entre o homem e as criaturas e as criaturas inferiores, retornará novamente. E mesmo agora, sempre que o Evangelho é totalmente conhecido no coração do humano, o homem começa a reconhecer que ele não tem direito deliberado para matar um pardal ou um verme, porque ele está no domínio de Cristo, e aquele que não montou o jumentinho sem ter a mãe dele ao seu lado, para que isso pudesse ser em paz e alegria, não teria qualquer de seus discípulos pensando negligentemente da mais inferior criatura feita pela sua mão. Bendito reino este que considerou até mesmo o desprezado! Deus cuida dos bois? Oh, que ele cuide; e que o próprio jumento, aquele herdeiro do trabalho, seja cuidado. O reino de Cristo, então, cuidará de animais tanto quanto de homens.
Mais uma vez: Cristo montando através das ruas de Jerusalém, ensinou publicamente que seu reino era um reino de alegria. Irmãos, quando grandes conquistadores cavalgam através das ruas, você freqüentemente ouve da alegria do povo; como as mulheres atiram rosas no caminho, como eles se amontoam em volta do herói do dia, e balançam seus lenços para mostrar sua apreciação pela libertação que ele operou. A cidade foi longamente sitiada, o campeão desarraigou os sitiadores, e o povo terá descanso agora. Desocupando totalmente os portões, limpam as estradas e deixam o herói vir, permitem ao mais inferior pajem que está entre seus seguidores seja honrado neste dia por causa da libertação. Ah! Irmãos, quantas lágrimas, contudo, são aquelas ocultadas nestes triunfos! Há uma mulher que ouve o som dos sinos da vitória, e diz: “Ah! Vitória sem dúvida, mas eu estou de luto, e meus pequeninos estão órfãos” E dos balcões de onde a beleza olha para baixo e sorri, há talvez uma desconsideração naquele momento por amigos e parentes sobre os quais eles em breve eles terão de chorar, porque cada batalha é com sangue, e cada conquista é com tristeza, e cada grito de vitória tem seu luto, seu lamento, e ranger de dentes. Cada som de trombetas por causa da vitória conseguida, cobre o choro, os lamentos, e a profunda agonia daqueles que têm perdido seus parentes! Mas em teu triunfo, Jesus, não houve lágrimas! Quando as crianças clamavam: “Hosana,” elas não tinham perdido seus pais na batalha. Quando homens e mulheres gritavam: “Bendito o que vem em nome do Senhor,” eles não tinha nenhum motivo para chorar com a respiração presa, ou para estragar sua alegria com a lembrança da miséria. Não, em seu reino há alegria pura e sem mistura. Gritem, gritem, vocês que são súditos do Rei Jesus! Vocês têm aflições, mas não dele, problemas podem vir porque vocês estão no mundo, mas elas não vem dele. Seu serviço é perfeita liberdade. Seus caminhos são caminhos de conforto, e suas veredas são paz.
“Alegre-se o mundo, o Salvador vem,
O Salvador há muito prometido;
Prepare cada coração uma canção
E cada voz uma melodia”
Ele vem lançar fora suas lágrima e não fazê-las fluir, ele vem tirar você do seu lamaçal e colocá-lo sobre seu trono, para tirá-lo das suas masmorras e fazê-lo saltar em liberdade.
“Bênçãos abundam onde ele reina,
O prisioneiro salta por quebrar suas cadeias;
O cansado encontra eternal descanso,
E todas as eras de necessidade são abençoadas.”
Singular reino este!

IV. E agora eu venho para o meu quarto e último tópico. O Salvador, em sua entrada triunfal na capital de seus pais, declarou-nos muito claramente os efeitos práticos do reino. Ora, quais são eles? Um dos primeiros efeitos foi que toda a cidade se comoveu. O que isto significa? Isto significa que cada pessoa tinha alguma coisa a dizer sobre ele, e que cada pessoa sentiu alguma coisa porque Cristo montou através da rua. Havia alguns que inclinavam-se do topo de suas casas, olhavam a rua e diziam um ao outro – “Aha! Você já viu brincadeira mais tola do que esta? Humpf! Lá está Jesus de Nazaré, lá em baixo montando um jumento! Certamente se ele pretendia ser rei podia ter escolhido um cavalo. Olhe pra ele! Eles chamam isto pompa! Lá está um velho pescador atirando somente sua mal-cheirosa roupa; Eu diria que ele estava pescando nelas há uma ou duas horas atrás?” “Olhe,” alguém diz, “veja aquele velho mendigo jogando seu gorro pro ar por alegria!” “Aha!” dizem eles, “Há coisa mais ridícula do que esta?” Eu não posso colocar isto nos termos que eles o teriam descrito; se eu pudesse, eu acho penso que o faria. Eu gostaria de fazer você ver quão ridículo isto deve ter parecido ao povo. Por que se o próprio Pilatos tivesse ouvido sobre ele teria dito – “Ah! Não há muito o que temer disto. Não há temor que aquele homem derrube César; Não há temor que ele em algum tempo destrua um exército. Onde estão suas espadas? Não há nenhuma espada entre eles! Eles não têm nenhum clamor que soe como rebelião; seus sons são somente alguns versos religiosos tirados dos Salmos.” “Oh!” diz ele, “Tudo isto é desprezível e ridículo.” E esta era a opinião de um grande número em Jerusalém. Talvez esta seja sua opinião, meu amigo. O reino de Cristo, você diz, é ridículo; você talvez não acredite que há alguma pessoa que é governada por ele embora nós digamos que nós o temos como nosso Rei, e que sentimos que a lei do amor é uma lei que nos constrange a doce obediência. “Oh,”você diz, “isto é fingimento e hipocrisia.” E há alguns que estão presentes onde eles têm incensórios dourados, e altares, e sacerdotes e eles dizem: “Oh! Uma religião que é tão simples – cantando uns poucos hinos, e oferecendo improvisada oração! – Ah! Dê-me um bispo com uma mitra – um ótimo indivíduo envolvido em tecido – que isto é coisa para mim.” “Oh!,” diz outro, “deixe-me ouvir o ressoar dos órgãos; deixe-me ver as coisas feitas sistematicamente, deixe-me ver alguns ornamentos também; deixe o homem surgir coberto em roupas apropriadas para mostrar que ele é um tanto diferente das outras pessoas; não o deixem ficar vestido como se ele fosse um homem comum; deixe-me ver alguma coisa no culto diferente de todas as coisas que eu já vi antes.” Eles o querem vestido com alguma pompa, e porque não é assim eles dizem – “Ah! Humpf!” Eles o ridicularizam, e isto é tudo que Cristo tem da multidão de homens que se acham excessivamente sábios. Ele é para eles loucura e eles passam por ele com desprezo. Seus escárnios serão em breve trocados por lágrimas senhores! Quando ele vier com real pompa e esplendor vocês irão chorar e lamentar, porque vocês negaram o Rei da Paz.
“O Senhor virá! De uma terrível forma,
Com coroa de arco-íris e manto de tempestade,
Com voz de querubim e asas de vento,
O Julgamento marcado de toda humanidade.”
Então você achará perturbador tê-lo tratado com desprezo. Sem dúvida, havia outros em Jerusalém, que estavam cheios de curiosidade. Eles diziam – “Meu Deus, o que pode ser isto? O que isto significa? O que é isto?” “Eu gostaria que você viesse,” eles diziam aos seus vizinhos, “e nos contassem a história deste homem singular, nós gostaríamos de saber sobre ele.” Alguns deles diziam: “Ele foi para o templo, eu diria que ele fará um milagre;” Assim afastados eles correram, e se apertaram, e se espremeram, e se amontoaram para ver uma maravilha. Eles eram como Herodes, eles desejavam ver algum milagre operado por ele. Este foi também o primeiro dia da chegada de Cristo, e, é claro o entusiasmo podia durar uns nove dias se ele prosseguisse, assim eles estavam muito curiosos sobre isso. E isso é tudo o que Cristo tem de milhares de pessoas. Eles ouvem sobre um reavivamento da religião. Bem, eles gostariam o que é isso e ouvir sobre isso. Há alguma coisa acontecendo em tal e tal local de culto; bem, eles gostariam de ir mesmo que fosse somente para ver o lugar. “Há um estranho ministro dizendo coisas esquisitas, vamos ouvi-lo. Nós tínhamos intenção de sair” – vocês sabem que eu tenho em vista vocês mesmos – “nós tínhamos a intenção de ir a uma excursão hoje,” você diz, “mas, ao invés disto, vamos lá.” Apenas isto, curiosidade, curiosidade; isto é tudo tem hoje, e ele que morreu sobre a cruz tornou-se um tema para uma história sem propósito, e ele que é Senhor de anjos e adorado por homens, é discutido como se fosse um Bruxo do Norte ou algum excêntrico impostor! Ah! Daqui a pouco, você achará perturbador tê-lo tratado assim; porque quando ele vier, e quando todo olhos vê-lo, você que simplesmente inquiriu curiosamente por ele descobrirá que ele perguntará por você, não com animosidade mas com ódio, e dirá – “Apartai-vos, vós malditos, para o fogo eterno.” Mas anônimos na multidão houve alguns que foram ainda piores, porque eles observavam a coisa toda com inveja. “Ah!” disse o Rabi Simeon para o Rabi Hillel, “o povo nunca esteve tão satisfeito conosco. Nós conhecemos muito mais do que aquele impostor; nós lemos do começo ao fim todos os nossos livros religiosos.” “Você não se lembra dele,” disse alguém, “que quando ele era um menino era especialmente precoce? Você se lembra quando ele veio ao templo e conversou conosco, e desde então ele enganava o povo,” Pensando em que ele brilhava mais do que eles, que ele era mais estimado no coração das multidões do que eles eram, embora eles fossem altamente orgulhosos. “Oh!” disse o fariseu, “ele não usa nenhum filactério, e eu fiz os meus bem grandes; eu fiz minhas vestimentas até quase as extremidades, para que elas possam ser superiores.” “Ah!” diz outro, “Eu dizimo minha menta, meu anis, meu cominho, e fico no canto da rua e toco trombeta quando dou um centavo, mas, ainda assim, o povo não me coloca sobre um jumento; eles não batem palmas e dizem: ‘Hosana’ para mim, mas toda a terra vai atrás deste homem como um bando de crianças. Além disso, pense neles indo ao templo perturbando seus superiores, perturbando a nós que estamos fazendo uma exibição de nossas pretensas orações em pé no pátio!” E isto é o que Cristo tem de um grande número. Eles não gostam de ver a causa de Cristo progredir. Pelo contrário, eles necessitariam que Cristo fosse rebaixado para que eles pudessem engordar a si mesmos com o roubo, eles precisariam que sua igreja fosse desprezível. Eles gostam de ouvir da queda de pastores cristãos. Se eles podem achar falhas em um cristão, “noticiem isto, noticiem isto, noticiem isto,” dizem eles. Mas se um homem anda honestamente, se ele glorifica a Cristo, se a Igreja cresce, se almas são salvas, imediatamente há barulho e toda a cidade se movimenta, todo barulho começa e é conduzido por falsidade, fazendo acusações, e calúnias contra o caráter do povo de Cristo. De um modo ou de outro, homens por certo são movidos, se eles não são movidos ao escárnio, se eles não são movidos ao questionamento, eles são movidos a inveja. Mas benditos são aqueles alguns em Jerusalém que foram movidos ao regozijo. Oh! Havia muitos que, como Simeão e Ana regozijaram por ver aquele dia, e muitos deles foram para casa e disseram: “Senhor, agora podes despedir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a tua salvação.” Havia uma mulher, há muito acamada, na rua de trás de Jerusalém, que sentou-se me sua cama e disse: “Hosana,” e desejou descer para a rua, para que pudesse atirar seu velho manto no caminho, e pudesse saudar aquele que era o Rei dos Judeus. Havia muitos olhos lacrimejantes que lançaram fora suas lágrimas naquele dia, e muitos crentes enlutados que começaram naquela hora a regozijar com indescritível alegria. E assim há alguns de vocês que ouvem de Cristo o Rei com alegria. Você se unem ao hino, não como nós temos todos juntados nossas vozes, mas com o coração.

“Regozijem-se o Salvador reina,
O Deus de paz e amor
Quando ele limpou nossas manchas.
Tomou seu assento nas alturas
Regozijem-se, regozijem-se!
Regozijem-se em alta voz, vós santos, regozijem-se

Este é, então, o primeiro efeito do reino de Cristo! Sempre que ele vem, a cidade é movimentada. Não acredite que o Evangelho é pregado de maneira nenhuma se não faz barulho. Não acredite, meu irmão, que o evangelho é pregado no modo de Cristo se ele não deixa alguns irritados e alguns felizes, se ele não faz muitos inimigos e alguns amigos.

Há ainda outro efeito prático do reino de Cristo. Ele subiu ao templo e lá em uma mesa, um monte homens com cestas contendo pares de pombas. “Pombas , senhor, pombas!” Ele olhou para eles e disse: “Tirem essas coisas daí.” Ele falou com grande furor. Havia outros trocando dinheiro para que o povo entrasse para pagar seu meio siclo, Ele derrubou as mesas e colocou-os para correr, e logo esvaziou todo o pátio de todos aqueles mercadores tiravam lucro da religiosidade, e fazendo da religião um pretexto para sua própria compensação. Agora isto é o que Cristo faz sempre que ele vem. Eu desejaria que ele viesse um pouco mais na Igreja da Inglaterra, e a purgasse da venda de nomeações, a livra-se daquela maldita simonia que ainda é tolerada pela lei e a limpasse dos homens que são oportunistas, que tomam aquilo que pertence aos ministros de Cristo, e aplicam para seu próprio uso. Eu gostaria que ele estivesse envolvido em todos os nossos lugares de adoração, para que de uma vez por todas pudesse ser visto que aqueles que servem a Deus, o servem porque o amam, e não pelo que podem obter com isso. Eu gostaria que cada professor de religião tivesse completamente claro em sua própria consciência que ele nunca fez uma profissão para gerar respeitabilidade ou estima, mas que somente fez isso naquela que ele pode honrar a Cristo e glorificar seu Mestre. O significado espiritual disso tudo é este – Nós não temos nenhuma casa de Deus hoje; tijolos e argamassa não são santos, os lugares onde nós cultuamos a Deus são lugares de adoração, mas eles não são casas de Deus, não mais do que nós que estamos neles. Nós não cremos na superstição que faz qualquer lugar santo, mas nós somos o templo de Deus. Os próprios homens são templos de Deus, e onde Cristo vem ele expulsa os compradores e negociantes, ele elimina todo o egoísmo. Eu nunca acreditarei que Cristo, o Rei fez de seu coração o palácio dele até que você não seja mais egoísta. Oh, quantos professores há que querem obter tanta honra, tanto respeito! Quanto a dar ao pobre, pensando que é mais abençoado dar do que receber, quanto alimentar o faminto e vestir o desnudo, como vivendo para os outros e não para si mesmos – eles não pensam nisto. Ó Mestre, venha ao teu templo e expele nosso egoísmo, agora vem, tira todas aquelas coisas que fazem-no conveniente para servir Mamom para que sirva a Deus; ajuda-nos a viver para ti, e viver para os outros pelo viver contigo, e não viver para nós mesmos!
O último efeito prático do reino de nosso Senhor Jesus Cristo foi que ele organiza uma grande festa; ele teve, se eu posso falar assim, um dia de recepção na sala real, e quem foi o povo que veio para atendê-lo? Ora, vós cortesãos, os discípulos, nobreza alta e baixa que vêm esperar por ele. Aqui vem um homem, ele tem uma bandagem aqui, e o outro olho tem quase falhando – faça-o entrar, aqui vem outro, seus pés estão totalmente virados e contorcidos – faça-o entrar, aqui vem outro avançando sobre duas muletas, ambas as pernas são defeituosas, e outro perdeu as suas pernas. Aqui eles vêem e aqui está a recepção. O próprio Rei vem aqui e prepara um grande encontro, e o cego e o coxo são seus convidados, e agora ele vem, ele toca aquele olho cego e a luz brilha nele; ele fala a este homem com um perna seca, ele anda; ele toca dois olhos de uma vez, e ambos vêem,e ao outro diz: “Eu lançarei fora suas muletas, ponha-se ereto e regozije e salte com alegria.” Isto é o que o Rei faz todas as vezes que ele vem. Venha aqui esta manhã, eu te suplico, tu grande Rei! Há olhos cegos aqui que não podem ver tua beleza. Anda, Jesus, anda no meio desta multidão e toca os olhos. Ah! Então irmãos, se ele fizer isto, você dirá: “Há uma beleza nele que eu nunca vi antes.”Jesus, toca seus olhos, eles não podem lançar fora sua própria cegueira, tu podes fazê-lo! Ajude-os a olhar para ti pendurado sobre a cruz! Eles não podem fazê-lo a menos que tu os habilite. Possam eles fazer isto agora, e encontra vida em ti! Ó Jesus, há alguns aqui que estão coxos – joelhos que não se dobram, eles nunca oraram; Há alguns aqui cujos pés não correrão no caminho dos teus mandamentos – pés que não os levarão onde teu nome é louvado, e onde tu és tido em honra. Anda, grande Rei, anda em solene pompa através desta casa, e faze-a como o antigo templo! Mostra aqui o teu poder e prepara teu grande encontro na recuperação do coxo e curando o cego “Oh!” disse alguém, “Eu desejaria que ele abrisse meus olhos cegos.” Alma, ele fará isso, sussurre sua oração agora, e isto será feito, porque ele está junto de ti agora. Ele está em pé ao teu lado, ele fala a ti e diz – “Olhe pra mim e seja salvo, tu o mais vil de todos.” Há outro, e ele diz – “Senhor, eu quero ser íntegro.” Ele diz – “Seja íntegro então.” Creia nele e ele te salvará. Ele está próximo a você irmão. Ele não está no púlpito mais do que está no banco, nem em um banco mais do que em outro. Não diga – “Quem irá ao céu para encontrá-lo, ou às profundezas para trazê-lo?” Ele está perto de você; ele ouvirá sua oração mesmo que você não fale; ele ouvirá seu coração falar. Oh! Diga a ele – “Jesus, cura-me,” e ele fará isto; ele fará isto agora. Deixe-nos sussurrar um oração, e então nós nos separaremos.
Jesus, cura-nos! Salva-nos Filho de Davi, salva-nos! Tu vês quão cegos nós somos – Oh! Dá-nos a visão da fé! Tu vês o quão coxo nós somos – Oh! Dá-nos a força da graça! E agora, agora mesmo, tu Filho de Davi, arranca nosso egoísmo, e vem e vive e reina em nós como em teu templo-palácio! Nós pedimos isto, Ó tu grande Rei, por tua própria causa. Amém. E antes de deixarmos este lugar, clamemos novamente: “Hosana, hosana, hosana. Bendito o que vem em nome do Senhor.”

Traduzido pelo: Rev. Marco Antonio Rodrigues

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