Há mais de vinte anos, provavelmente em uma conversa informal, ouvi algum irmão me dizer a frase que uso como título deste artigo. Ela me fez pensar muito, e, na ocasião, escrevi o texto que se segue, que atualizei em alguns pontos.
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“Idosos com problemas de saúde? Recém-casados com problemas conjugais falando em divórcio? Dificuldades financeiras generalizadas? Pecado na igreja? Jovens enfraquecidos, cedendo à tentação, abraçando os pensamentos do mundo? Que fazer? Precisamos fazer alguma coisa prática! Precisamos agir, intervir, não podemos nos omitir, ficar passivos, indiferentes, esperando um milagre! Um plano, um projeto, uma campanha, uma comissão, um enviado, uma atividade nova, um culto especial… Fazer. Agir.”
Quão facilmente somos enganados e enredados por considerações e situações como essas! Quem já não caiu na tentação de fazer, de intervir? Não há dúvida de que precisamos agir, mas que é fazer alguma coisa prática?
Alguns dizem, com ar desanimado: “Não há mais nada a fazer, senão orar!” Na verdade, é uma grande pena que tenham tentado, antes de orar, fazer muitas coisas. Certamente teriam poupado muito tempo e preocupação se desde o início tivessem orado. Não precisamos esperar que os recursos humanos se esgotem para, então, concluir que precisamos orar. Precisamos, antes, ter convicção de que nunca podemos, nunca somos capazes, jamais nos será possível; que nossos melhores esforços, que nossas mais sinceras boas intenções são insuficientes, impotentes, de todo inúteis.
Precisamos orar. Orar por nós mesmos, orar pelos irmãos, orar pela igreja, orar por nossos familiares, pelo governo; orar de acordo com incompreensíveis sentimentos que Deus nos dá ao coração, orar pelo que sabemos e pelo que desconhecemos. Precisamos orar. Precisamos clamar pela vontade de Deus, precisamos pedir Sua intervenção em nossa vida e na vida daqueles por quem oramos, precisamos opor-nos em oração a toda ação do diabo, precisamos clamar para que o Senhor sustente os enfraquecidos, erga os desanimados, humilhe os orgulhosos, restaure os abatidos. Precisamos orar.
Devemos orar primeiro, para que Ele nos indique, se for de Sua vontade, como agir de maneira “prática” depois. Primeiro oração, depois os planos, a ação. (Evidentemente, o bom senso indicará as situações em que a ação urgente e imediata é necessária – um acidente, um irmão necessitado de comida, uma emergência médica… –, mas, de modo geral, temos tempo para e devemos orar primeiro.) Primeiro orar – orar de verdade, reconhecendo nossa insuficiência e clamando por receber a direção de Deus –, para, então, se Deus assim nos orientar, fazermos.
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