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Ruth Paxon Santidade Vida cristã

As marcas de um cristão espiritual

Enquanto você me acompanha na mensagem desta noite, verá que a vida do cristão espiritual está em forte contraste com a do cristão carnal.

É uma vida de paz permanente

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27).

Ainda há o conflito na vida do cristão espiritual, já que o crescimento vem por meio da conquista no conflito. Mas há paz pela vitória consciente em Cristo. O cristão espiritual não continua na prática do pecado conhecido, obstinado; portanto, ele vive no desanuviado brilho solar da presença de Cristo. Sua comunhão com o Pai não é mutilada pela consciência corrosiva de mãos impuras, pela ferroada de uma consciência ferida ou pela condenação de um coração acusador. Portanto, ele desfruta de permanente paz, profunda alegria e descanso satisfatório no Senhor. Você tem isso?

É uma vida de vitória habitual

“Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.57).

Observe que não é dito “vitórias, mas “a vitória. A vitória da ressurreição é algo todo-inclusivo. Cristo, que lhe dá sempre vitória sobre um pecado, pode lhe dar a vitória sobre todo pecado. Ele, que guardou você do pecado por um momento, pode, com a mesma tranqüilidade, guardá-lo daquele mesmo pecado durante um dia ou um mês. A vitória sobre o pecado é um dom de Cristo que é nosso quando o reivindicamos.

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37).

Já seria muito maravilhoso se Ele tivesse dito apenas que éramos vencedores. Mas Ele declara que somos “mais que vencedores. Isso é vitória com um sinal de mais. Isso significa o suficiente e com sobra. Esse verso nos diz que não temos de viver na extremidade esfarrapada de uma vitória que temos de arrancar e lutar para guardar.

“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento.” (2Co 2.14).

Observe a palavra “sempre”. Essa vitória não é restringida a certas vezes, a certos lugares e circunstâncias. Deus diz que pode sempre fazer com que triunfemos em Cristo. Quase posso ouvir alguma pessoa neste público dizer: “É muito bom para você se colocar de pé aí e pregar que tal vitória é possível, mas você não conhece aquela pessoa intratável que tenho na minha família, com quem tenho de viver todo o tempo”. Não, não sei as circunstâncias da sua vida, mas Deus sabe e pôs a palavra “sempre” naquele verso. Você ousa aceitá-lo e crer que Deus pode fazê-lo sempre triunfar em Cristo?

As palavras “vitória habitual” foram cuidadosamente escolhidas. Por habitual quero dizer que a vitória é o hábito da vida do cristão. Isso não significa que o possuidor de tal vitória não é capaz de pecar, mas ele é capaz de não pecar. O pecado contínuo não será a prática de sua vida.

Qual é o verdadeiro e intrínseco significado de vitória? Bem, ela não significa o mero controle externo sobre a expressão do pecado, mas um tratamento definido com a disposição interior para pecar. A verdadeira vitória faz uma mudança nos recessos mais íntimos do espírito que transforma nossa disposição e atitude interiores bem como nosso feito e ato exteriores.

“A verdadeira vitória nunca o obriga a esconder o que está no interior.” Muitos de nós não chamamos o pecado de pecado. Naturalmente, somos obrigados a chamar alguma ofensa notória contra Deus ou contra o homem, que se torna mais ou menos pública, de pecado. Mas que tal aquele coisa negra e suja bem escondida no mais íntimo do espírito. Aquilo é pecado? Deus diz que é.

“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.6,10).

“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2Co 7.1).

Vamos encarar alguns testes simples e ver se temos sido “purificados de toda a imundícia do espírito”. Você costumava perder a calma e dar lugar à irrupção violenta; agora há uma grande medida de controle externo, mas um grande resíduo de irritação interna e ressentimento secreto. Isso é vitória verdadeira? Alguém diz algo indelicado ou injusto a você; você não responde e externamente parece educado, mas intimamente está zangado, e diz consigo mesmo: “Gostaria de falar a ela um pouco do que penso!” Isso é libertação do pecado?

Uma menina de dezesseis anos veio a uma reunião certa vez, onde falávamos da vitória completa em Cristo. Ela vivia com uma tia intratável que era bastante afeita a repreender. A menina muitas vezes tentava a paciência da tia chegando tarde em casa ao voltar da escola. Quando repreendida por isso, sempre respondia. Ela voltou da reunião determinada a ser vitoriosa, tanto na volta da escola a tempo como na resposta, e disse isso à tia. A tia cética respondeu que acreditaria na vitória quando a visse.

Alguns dias depois, a menina se atrasou novamente. A tia insultuosamente disse: “Ah! esta é a sua vitória, não é?” Mas nenhuma palavra escapou dos lábios da menina. Você diz: “Que maravilhosa vitória!” Mas escute! Alguns dias depois, recebi uma carta exultante da menina, dizendo: “Oh! Senhorita Paxson, agora sei o significado da verdadeira vitória, já que quando minha tia me repreendeu não só não respondi, mas eu não quis fazê-lo.” Isso é vitória de fato.

As palavras vitória habitual foram cuidadosamente escolhidas. Por habitual quero dizer que a vitória é o hábito da vida do cristão. Isso não significa que o possuidor de tal vitória não é capaz de pecar, mas ele é capaz de não pecar. O pecado contínuo não será a prática de sua vida.

Alguém o ofendeu; você não retalia abertamente ou busca a vingança, mas no mais íntimo de seu coração deseja o infortúnio da pessoa e se alegra quando ele vem. Isso é ter um espírito correto?

Em uma conferência de verão na China, uma mulher veio buscando ajuda. Ela era infeliz e os outros em volta dela se tornavam infelizes. Havia falta de amor em seu coração; de fato, havia alguém a quem ela odiava. Ela era uma obreira cristã e, ao reconhecer a destruição que essa sensação operava em sua própria vida e na daquela outra pessoa, tentou obter vitórias graduais sobre isso. Tinha odiado até ver a outra pessoa, mas reconheceu finalmente a pecaminosidade disso. Assim, convidou a pessoa para jantar em sua casa, mas esperou que ela não viesse! Isso era vitória? Quando ela veio a mim, tinha alcançado o ponto onde estava “pronta para desculpar”, mas “nunca se esqueceria!” Isso era vitória? Então, ela obrigou a si mesma a dizer que “não odiaria”, mas “não poderia amar”. Isso era vitória? Não até que Deus, que é amor, verdadeiramente possuísse seu coração e a fizesse ter o tipo de vitória que é de Deus.

Possivelmente alguém aqui está dizendo: “Experimentei ocasionalmente essa libertação gloriosa de algum pecado que ataca, mas ela foi somente uma libertação passageira. Há realmente tal coisa aqui na terra como uma vitória habitual sobre todo pecado conhecido?” Deus diz que há.

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).

“Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).

Na cruz do Calvário, Cristo morreu para nos libertar do pecado. Para tornar aquela vitória perfeita permanente, enviou o Espírito Santo para habitar e controlar. O homem carnal está sob o poder da lei do pecado. Ela opera em sua vida, conduzindo-o a maior parte do tempo sob seu domínio. Mas há a outra lei, uma lei mais elevada em operação no crente, e, quando se rende à força de seu poder, o homem espiritual é livrado da lei do pecado e da morte.

Aqui está sua vitória habitual sobre todo pecado conhecido. Você experimenta essa vitória?

É uma vida de constante crescimento na semelhança de Cristo

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18).

Não há nada estático na verdadeira experiência espiritual. O olhar para cima e o rosto descoberto devem captar e refletir algo da glória do Senhor. Com um conhecimento crescente Dele e uma comunhão que se torna mais profunda com Ele, deve haver uma crescente semelhança a Ele.

Em certa ocasião, eu viajava pelo rio de Iangtze, na China Central. Uma tempestade pesada acabara de passar, e o sol tinha saído brilhantemente detrás das barreiras de nuvens. Senti um impulso interior para sair para o convés, e o Senhor teve uma mensagem preciosa esperando por mim. A água do rio de Yangtze é muito turva. Mas, como subi na grade e dei uma olhada, não vi a água suja e amarela naquele dia, mas, em vez disso, vi o azul celeste e o branco felpudo do céu acima, e tudo tão perfeitamente refletido que de fato não pude acreditar que estava olhando para baixo em vez de para cima.

Imediatamente, o Espírito Santo fez brilhar 2Coríntios 3.18 em minha mente e disse: “Em si mesma, você é tão pouco atraente como a água do rio de Yangtze, mas, quando todo o seu ser se torna centrado em Deus e toda sua vida se abre para Ele, a fim de que Sua glória brilhe sobre você e dentro de você, então, você será tão transformada em Sua imagem que os outros que a vêem verão não a você, mas a Cristo em você”.

Oh! Amigos, vocês e eu estamos refletindo como em um espelho a glória do Senhor?

O fruto do Espírito é a esfera completa e simétrica do caráter do Senhor Jesus Cristo, no qual não há nenhuma falta e nenhum excesso.

Mas deve haver uma progressão em nossa semelhança a Cristo – deve ser de glória em glória. A natureza espiritual está sempre buscando tocar e se apoderar daquilo que é espiritual a fim de que possa se tornar mais espiritual.

“Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15.2-5).

“Não dá fruto”, “dê fruto”, “dá mais fruto”, “dá muito fruto”. Essas frases não revelam diante de nós as potencialidades para a semelhança a Cristo disponíveis a todos os ramos da Videira? Elas também não nos mostram a progressão positiva “de glória em glória” que Deus espera ver em nós? Essas expressões são descritivas. Qual delas descreve você? Somente a “dá muito fruto” glorifica o Pai.

“Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis Meus discípulos” (Jo 15.8).

Mas qual é o fruto que Deus espera encontrar no ramo? Ele nos diz.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” (Gl 5.22-23).

“O fruto do Espírito” é a esfera completa e simétrica do caráter do Senhor Jesus Cristo no qual não há nenhuma falta e nenhum excesso. Observe que não é frutos, como tantas vezes é citado erroneamente. Ele é apenas um cacho, e as nove graças são essenciais para revelar a beleza da verdadeira semelhança a Cristo. Mas quão freqüentemente vemos um grande coração de amor estragado pelo temperamento precipitado – há amor, mas não há autocontrole, temperança. Ou vemos uma pessoa de grande longanimidade, mas também de expressão facial muito triste. Há longanimidade, mas nenhuma alegria. Por outro lado, se vê um cristão muito alongado na , mas muito encurtado na bondade.

É uma vida de poder sobrenatural

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou para Meu Pai” (Jo 14.12).

Essas palavras foram ditas por Cristo a um grupo de homens iletrados. Um deles era um velho pescador queimado pelo sol, abatido pelo mau tempo e bruto. Ele seria facilmente reprovado em uma turma de colégio moderno e muito provavelmente não conseguiria passar nos exames de entrada em um seminário teológico dos dias de hoje. Mas pertenceu à companhia de crentes para a qual essa promessa foi dada e que um dia foi maravilhosamente cumprida em sua vida quando, mediante um sermão, ganhou seis vezes mais almas para o verdadeiro discipulado do que Jesus ganhou durante os três anos de Seu ministério público.

Em que consiste o poder de Pedro, e ele está disponível para você e para mim? Ele era o poder do charme pessoal? Da forma graciosa? Do intelecto gigantesco? Do discurso eloqüente? Do conhecimento sólido? Da vontade dominante? Apesar de ter havido muitas qualidades amáveis no velho pescador impulsivo, ansioso e amável, ainda assim nenhum delas pode ser levada em conta para o cumprimento tão esmagador da promessa de nosso Senhor nele. Deus claramente revela o segredo do poder de Pedro.

Mas recebereis a virtude [o poder] do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).

O poder para fazer “as mesmas obras e mesmo maiores” não é o poder que reside em algo humano. Ao contrário, é o poder de Deus, o Espírito Santo que está completamente a nossa disposição quando nos rendemos totalmente a Ele.

O poder sobrenatural de Deus é manifestado em sua vida e obra hoje?

É uma vida de devotada separação

“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação” (1Ts 4.3).

“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26).

Cristo viveu uma vida de separação.

O homem espiritual toma Cristo como seu Exemplo, e determina andar como Ele andou. Cristo viveu uma vida de separação. Ele estava no mundo, mas não era dele. Ele teve contato muito próximo com o mundo, mas sem conformidade a ele ou com contágio dele. O homem espiritual aspira um caminho semelhante de separação. Ele possui a mesma relação com o mundo que Cristo tinha com ele, e o mundo terá a mesma atitude com respeito a ele que teve com respeito a Cristo. O cristão considerará os prazeres, perseguições, princípios e planos do mundo exatamente como Jesus Cristo os considerou. Ele não foi do mundo; por isso, o mundo O odiava e O perseguia. Assim ele tratará o cristão.

“Não são do mundo, como Eu do mundo não sou” (Jo 17.16).

“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a Minha palavra, também guardarão a vossa” (15.19,20).

Deus o chama para uma vida de “isolamento” espiritual e “separação” para que você seja mais completamente conformado à imagem de Seu Filho. Você respondeu ao chamamento de sair e ser separado?

É uma vida de agradável santidade

“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu sou santo” (1Pd 1.15,16).

Todo cristão é chamado para uma vida santa. Mas muitos cristãos não querem ser santos. Eles podem querer ser espirituais, mas temem ser santos. Isso pode ser devido ao mau entendimento do que é santidade pelo ensino falso sobre o assunto.

O que, então, é santidade? Vamos primeiro dizer o que não é. Não é perfeita impecabilidade, nem erradicação da natureza pecadora, nem é ser sem defeito. Nem torna alguém isento da possibilidade de pecar nem retira a presença do pecado. A santidade bíblica não é ser sem defeito, mas é ser sem culpa à vista de Deus.

Devemos ser “conservados sem culpa [irrepreensíveis]” para Sua chegada, e seremos “[apresentados…] sem defeito” em Sua volta.

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória” (Jd 24).

Essa verdade me foi revelada com significado renovado há quatro anos, quando fui chamada para ordenar os pertences pessoais de uma amada e querida irmã que Deus tinha chamado para o lar. Entre as coisas que ela especialmente estimou foi encontrada uma carta escrita a ela quando eu tinha sete anos. Ela tinha ido me visitar; eu a amei e a perdi, e aquela carta era o amor de meu coração expresso em palavras. A carta não era de modo nenhum sem defeito, já que a arte de escrever era pobre, a gramática, incorreta e a ortografia, imperfeita; mas era sem culpa [irrepreensível] à vista de minha irmã, já que saiu de um coração de amor e foi a melhor carta que pude escrever. Para mim, uma mulher adulta, escrever a mesma carta hoje não seria sem culpa [irrepreensível], pois minha experiência na arte de escrever e meu conhecimento de gramática e ortografia são muito maiores.

A santidade é, então, um coração de amor puro por Deus. É Cristo, a nossa santificação, entronizado como a vida de nossa vida. É Cristo, o único Santo, em nós, vivendo, falando e caminhando.

Tal santidade é encantadora, já que expressa a calma santa de Deus refletida no rosto, a tranqüilidade santa de Deus manifestada na voz, a graciosidade santa de Deus expressa na conduta, e a fragrância santa de Deus que emana de toda a vida. É sua tal santidade encantadora?

Vamos nos curvar durante alguns momentos em silêncio.

Qual é a sua vida – a de um cristão carnal ou de um espiritual? Se não estiver vivendo habitualmente no plano mais alto, você agora determinará assim fazê-lo?

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A. W. Tozer Oração Santidade

Para estarmos certos, temos de pensar certo (A. W. Tozer)


O que pensamos quando estamos com liberdade para pensar sobre o que queremos ser — é isso que somos ou logo seremos.

A Bíblia tem muita coisa para dizer acerca dos nossos pensamentos; o evangelismo atual não tem praticamente nada para dizer sobre eles. A razão por que a Bíblia fala tanto deles é que os nossos pensamentos são vitalmente importantes para nós; a razão por que o evangelismo fala tão pouco é que estamos reagindo exageradamente contra as seitas do “pensamento”, como as do Novo Testamento, da Unidade, da Ciência Cristã, e outras semelhantes. Estas seitas fazem os nossos pensamentos ficarem muito perto de tudo, e nos opomos fazendo-os ficar muito perto de nada. Ambas as posições são erradas.

Os nossos pensamentos voluntários não só revelam o que somos; predizem o que seremos. A não ser aquela conduta que brota dos nossos instintos naturais básicos, todo o nosso comportamento é precedido pelos nossos pensamentos e deles se origina. A vontade pode vir a ser serva dos pensamentos, e, em elevado grau, mesmo as nossas emoções seguem o nosso pensar. “Quanto mais penso nisso. mais louco fico”, é como o homem comum o coloca, e ao fazê-lo, não somente relata com precisão os seus processos mentais, mas também paga inconsciente tributo ao poder do pensamento, o pensamento instiga o sentimento, e o sentimento dispara a ação. Assim fomos feitos, e bem que podemos aceitá-lo.

Quem quiser verificar sua verdadeira condição espiritual pode fazê-lo notando quais foram seus pensamentos nas últimas horas ou dias. Em que pensou quando estava livre para pensar no que lhe agradasse? Para o quê se voltou o íntimo do seu coração quando estava livre para voltar-se para onde quisesse?

Os Salmos e os Profetas contêm numerosas referências ao poder que o reto pensamento tem de inspirar sentimento religioso e de incitar a conduta certa. “Considerei os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos.”(Salmos 119:59). “Esquentou-se-me o coração dentro de mim; enquanto eu meditava se acendeu um fogo; então falei com a minha língua…”(Salmos 39:3). Vezes sem conta os escritores do Velho Testamento nos exortam a aquietar-nos e a pensar em coisas elevadas e santas como fator preliminar para a correção da vida ou uma boa ação ou um feito corajoso.

O Antigo Testamento não está sozinho em seu respeito pelo poder do pensamento humano, poder outorgado por Deus. Cristo ensinou que os homens se corrompem por seus maus pensamentos, e chegou ao ponto de igualar o pensamento ao ato: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mateus 5:28). Paulo recitou uma lista de fulgentes virtudes, e ordenou: “Nisso pensai” (Filipenses 4:8).

Estas citações são apenas quatro das centenas que poderiam fazer-se das Escrituras. Pensar em Deus e em coisas santas cria uma atmosfera moral favorável ao crescimento da fé, bem como do amor, da humildade e da reverência. Pelo pensamento não podemos regenerar os nossos corações, nem eliminar os nossos pecados, nem mudar as manchas do leopardo. Tampouco podemos com o pensamento acrescentar um côvado à nossa estatura, ou tornar o mal bem, ou as trevas luz. Ensinar isso é representar falsamente uma verdade bíblica e usá-la para a nossa própria ruína. Mas, pelo pensamento inspirado pelo Espírito, podemos ajudar a fazer de nossas mentes santuários purificados em que Deus terá prazer em habitar.

Referi-me num parágrafo anterior aos “nossos pensamentos voluntários”, e usei as palavras de propósito. Em nosso jornadear por este mundo mau e hostil, ser-nos-ão impostos muitos pensamentos de que não gostamos e pelos quais não temos simpatia moral. As necessidades da vida podem compelir-nos por dias e anos a abrigar pensamentos em nenhum sentido edificantes. O conhecimento comum do que fazem os nossos semelhantes produz pensamentos repugnantes à nossa alma cristã. Estes necessariamente nos afetam, mas pouco. Não somos responsáveis por eles, e eles passam por nossas mentes como um pássaro cruzando os ares, sem deixar rastro. Não têm efeito duradouro em nós porque não são propriamente nossos. São intrusos mal recebidos pelos quais não temos amor e dos quais nos livramos tão depressa quanto possível.

Quem quiser verificar sua verdadeira condição espiritual pode fazê-lo notando quais foram os seus pensamentos nas últimas horas ou dias. Em que pensou quando estava livre para pensar no que lhe agradasse? Para o quê se voltou o íntimo do seu coração quando estava livre para voltar-se para onde quisesse? Quando o pássaro do pensamento foi posto em liberdade, voou para longe como o corvo, para pousar sobre as carcaças flutuantes ou, como a pomba, circulou e voltou para a arca de Deus? É fácil realizar esse teste, e, se formos sinceros conosco mesmos, poderemos descobrir não só o que somos, mas também o que vamos ser. Logo seremos a suma dos nossos pensamentos voluntários.

Conquanto nossos pensamentos instiguem nossos sentimentos, e assim influenciem fortemente nossa vontade, é contudo certo que a vontade pode e deve ser senhora dos nossos pensamentos. Toda pessoa normal pode determinar aquilo em que vai pensar. Naturalmente, a pessoa aflita ou tentada pode achar um tanto difícil controlar os seus pensamentos, e mesmo enquanto se concentra num objeto digno, pensamentos insensatos e fugidios podem fazer travessuras sobre a sua mente, como vivos relâmpagos numa noite de verão. Tendem estes a ser mais molestos do que perniciosos e, no final das contas, não fazem muita diferença, sejam isto ou aquilo.

O melhor meio de controlar nossos pensamentos é oferecer a mente a Deus em completa submissão. O Espírito Santo a aceitará e assumirá o controle dela imediatamente. Depois será relativamente fácil pensar em coisas espirituais, especialmente se treinarmos nosso pensamento mediante longos períodos de oração diária. Praticar longamente a arte da oração mental (isto é, falar com Deus interiormente, enquanto trabalhamos ou viajamos) ajudará a formar o hábito do pensamento santo.

 

Fonte: [ Ortopraxia ]
Via: [ Ministério Batista Beréia ]

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