Mais firmeza, ó Cristo, mais forças na dor […] mais triste ao pecar […] mais gozo na cruz.
(Hinário evangélico, 126)
O cristão é gerado pela Palavra e precisa ser alimentado por ela.
(William Gurnall)
Fé e temor andam de mãos dadas. A fé mantém o coração satisfeito. O temor mantém o coração sério. A fé impede que o coração afunde no desespero. O temor impede-o de vagar na presunção.
(Thomas Watson)
A posição mais elevada que um cristão pode almejar no mundo é a de ser mártir por amor a Cristo. Um mártir é aquele de quem os poderes deste mundo dizem: ‘Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva!’ (At 22.22).
(Francisco Nunes)
Aquele a quem falta a certeza do amor de Deus conversa muito com Satanás.
(John MacArthur)
Cada vez que mencionamos Deus, tornamo-nos teólogos. A única questão é saber se somos teólogos bons ou ruins.
(J. I. Packer)
A cruz […] é tragédia e é vitória ao mesmo tempo. É escândalo e honra, derrota e triunfo, vergonha e apreço.
Nossa justiça está Nele, e nossa esperança depende, não do exercício da graça em nós, mas da plenitude da graça e do amor Nele, e da obediência Dele até a morte.
(John Newton)
A maioria dos homens ora mais por bolsos cheios do que por coração puro.
(Thomas Watson)
Fora de Cristo, sou apenas pecador, mas, em Cristo, sou salvo. Fora de Cristo, estou vazio; em Cristo, estou cheio. Fora de Cristo, sou fraco; em Cristo, eu sou forte. Fora de Cristo, não posso; em Cristo, sou mais do que capaz. Fora de Cristo, fui derrotado; em Cristo, eu já sou vitorioso. Quão significativas são as palavras “em Cristo”.
(Watchman Nee)
Você é a única Bíblia que alguns incrédulos já leram, e sua vida está sob escrutínio todos os dias. O que os outros aprendem com você? Eles vêem uma imagem precisa do seu Deus?
(John MacArthur)
Não se esforce em sua própria força; jogue-se aos pés do Senhor Jesus e espere Nele com a certeza de que Ele está com você e trabalha em você. Esforce-se em oração; deixe a fé encher seu coração ― assim você será forte no Senhor e no poder de Sua força.
(Andrew Murray)
Deus é completamente soberano. Deus é infinito em sabedoria. Deus é perfeito em amor. Deus em Seu amor sempre deseja o que é melhor para nós. Em Sua sabedoria, Ele sempre sabe o que é melhor, e em Sua soberania, Ele tem o poder de realizá-lo.
(Jerry Bridges)
Ah, eu O deixei esperando quando não deveria, mas Ele esperou mesmo assim. Sempre esperando ― tão paciente com minha tolice, minha fraqueza, meu medo. Nossa comunhão é com Deus, e comunhão é amizade, e amizade significa aquela parceria que, no que diz respeito a Ele, é a acomodação de Sua força à minha fraqueza.
Muitos de nós estão dispostos a fazer grandes coisas pelo Senhor, mas poucos estão dispostos a fazer pequenas coisas.
(D. L. Moody)
Quanto mais conhecimento racional das coisas divinas você possuir, tanto mais oportunidades haverá, quando o Espírito for soprado em seu coração, de ver a excelência dessas coisas e de provar sua doçura.
(Jonathan Edwards)
Será que um marinheiro ficaria parado se ouvisse o clamor de um náufrago? Será que um médico permaneceria sentado comodamente, deixando seus pacientes morrerem? Será que um bombeiro, ao saber que alguém está perecendo no fogo, ficaria parado e não iria prestar-lhe socorro? E você, conseguiria ficar “à vontade em Sião” vendo o mundo ao seu redor ser condenado?
(Leonard Ravenhill)
Por meio das aflições, Deus está purificando e aprofundando nossa fé e nossa santidade, afastando-nos do mundo, a fim de fazer-nos adequados para o Reino e dignos dele.
(John Piper)
O Senhor me salva da penalidade de meu pecado, do poder do pecado e, um dia, da própria presença do pecado.
(Alistair Begg)
A mais fraca fé tem o mesmo forte Cristo que tem a mais forte fé.
(Sinclair Ferguson)
Deixe as promessas de Deus brilharem nos seus problemas.
(Corrie Ten Boom)
Eu sei que um dia a beleza
do grande Rei vou contemplar.
A morte, que destrói toda a glória do mundo e iguala o rico e o pobre, é a porta comum tanto para o céu quanto para o inferno.
(Richard Baxter)
Fé é uma graça inteligente. Embora possa haver conhecimento sem fé, não há fé sem conhecimento.
(Thomas Watson)
Estou apreensivo de que estejamos muito amoldados ao mundo para que o mundo nos odeie.
(Charles Spurgeon)
A falta de oração claramente demonstra a crença em nossa própria auto-suficiência.
(Tony Merida)
Desespero é quando você enfrenta os problemas desse mundo e se esquece do que Deus prometeu.
(Josh Bales)
Pessoas que não estão interessadas no viver santo evitarão serem expostas à sã doutrina.
(John MacArthur)
Oração é um reconhecimento de que nossa necessidade da ajuda de Deus não é parcial, mas total.
(Alistair Begg)
Lembra-te […] de onde caíste e arrepende-te. […]
Lembra-te […] do que tens recebido e ouvido,
e guarda-o e arrepende-te. […]
Eu [o Senhor Jesus Cristo] repreendo e castigo
a todos quantos amo.
Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
Termino aqui minhas perguntas. Eu poderia facilmente adicionar mais algumas, mas acredito que já disse o suficiente no início deste volume [Practical Religion [Religião prática] (Londres: Charles Murray, 1900)] para despertar em muitas mentes a auto-indagação e o examinar a si mesmo. Deus é minha testemunha de que não disse nada que não considerasse de suma importância para minha própria alma. Eu só quero fazer o bem aos outros. Permitam-me concluir agora com algumas palavras de aplicação prática.
Algum leitor deste artigo está dormindo e não pensa de modo algum sobre religião? Oh, acorde e não durma mais! Olhe para os cemitérios. Uma a uma, as pessoas a seu redor estão entrando neles, e você deverá repousar lá um dia. Aguarde um mundo vindouro, coloque a mão no coração e diga, se você ousar, que está apto a morrer e a encontrar Deus. Ah! Você é como quem dorme em um barco à deriva na direção das cataratas do Niágara! “Que tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus” (Jn 1.6). “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5.14).
Algum leitor deste artigo está se auto-condenando e com medo de que não haja esperança para sua alma? Deixe de lado seus medos e aceite o chamado de nosso Senhor Jesus Cristo aos pecadores. Ouça-O dizendo: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11.28). “Se alguém tem sede, venha a Mim, e beba (Jo 7.37). “O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora (6.37). Não duvide que essas palavras sejam para você e para qualquer outra pessoa. Traga todos os seus pecados, descrença, sentimento de culpa, inaptidão, dúvidas e enfermidades – traga tudo a Cristo. “Este recebe pecadores” (Lc 15.2), e Ele receberá você. Não fique parado, entre duas opiniões e esperando uma ocasião conveniente. “Tem bom ânimo; levanta-te, que ele Te chama” (Mc 10.49). Venha a Cristo hoje.
Algum leitor deste artigo é um crente que professa Cristo, mas um crente sem alegria, paz e conforto suficientes? Siga esses conselhos hoje. Examine seu coração e veja se a falha não é inteiramente sua. É bastante provável que você esteja vivendo sem preocupações, satisfeito com um pouco de fé, um pouco de arrependimento, um pouco de graça, um pouco de santificação e inconscientemente se afastando dos extremos. Você nunca será um cristão muito feliz nesse ritmo, mesmo se viver até a idade de Matusalém. Se você ama a vida e deseja ver dias bons, mude seu plano sem demora. Saia ousadamente e aja decididamente. Seja minucioso, minucioso, muito minucioso em sua fé cristã e concentre-se totalmente no sol. Deixe de lado todo peso e o pecado que tão tenazmente o assalta (Hb 12.1). Esforce-se para se aproximar de Cristo, permanecer Nele, apegar-se a Ele, sentar-se a Seus pés como Maria e beber goles abundantes da fonte da vida. “Estas coisas”, diz João, “vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra” (1Jo 1.4). “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros” (v. 7).
Algum leitor deste artigo é um crente oprimido com dúvidas e medos, por causa de fraqueza, enfermidade e senso de pecado? Lembre-se do texto que fala de Jesus: “Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega” (Mt 12:20). Conforte-se com o pensamento de que esse texto é para você. E se sua fé é fraca? É melhor do que fé nenhuma. O grão de vida mínimo é melhor que a morte (Ec 9.4). Talvez você esteja esperando demais desse mundo. A Terra não é o céu. Você ainda está no corpo. Espere pouco de si mesmo, mas muito de Cristo. Olhe mais para Jesus e menos para si mesmo.
Finalmente, algum leitor deste artigo às vezes fica abatido com as provações que encontra no caminho para o céu – provações no corpo, provações no âmbito familiar, provações pelas circunstâncias, provações advindas dos vizinhos e provações por causa do mundo? Olhe para um Salvador compreensivo que está à mão direita de Deus e derrame seu coração diante Dele. Ele pode ser tocado com o sentimento das fraquezas que você tem, pois sofreu, sendo Ele mesmo tentado. Você está sozinho? Ele também esteve. Você é mal-compreendido e difamado? Ele também foi. Você foi abandonado pelos amigos? Ele também foi. Você é perseguido? Ele também foi. Você está cansado no corpo e entristecido no espírito? Ele também foi. Sim! Ele pode sentir por você e Ele pode ajudar tanto quanto sentir. Então, aprenda a se aproximar de Cristo. O tempo é curto. Ainda um pouco de tempo, e tudo terminará: em breve “estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4.17). “Porque certamente acabará bem; não será malograda a tua esperança” (Pv 23.18). “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará”(Hb 10.36,37).
O segredo de uma comunhão duradoura com Deus é o fato de que Cristo está em nós e nós estamos Nele (Jo 15.4).
(David de Bruyn)
Quem entregou Jesus para morrer?
Não foi Judas, por dinheiro.
Não foi Pilatos, por medo.
Não foram os judeus, por inveja.
Mas o Pai, por amor!
(Otávio Winslow)
Jesus quer que Seus ouvintes ouçam uma urgente mensagem de Deus: ‘Arrependam-se!’
(Jon Bloom)
A fé resiste aos desapontamentos, às dificuldades e às angústias da vida por reconhecer que tudo isso vem das mãos Daquele que é sábio demais para errar e amoroso demais para ser cruel.
(A. W. Pink)
Ó Deus, ouve o meu clamor; atende à minha oração.
Desde o fim da terra clamarei a Ti;
quando o meu coração estiver desmaiado, leva-me para a Rocha que é mais alta do que eu.
Pois tens sido um refúgio para mim e uma torre forte contra o inimigo.
Habitarei no Teu tabernáculo para sempre;
abrigar-me-ei no esconderijo das Tuas asas. (Selá.)
(Sl 61.1-4)
Verdadeiro cristianismo custará a um homem o favor do mundo. Ele deve estar contente em ser considerado prejudicial pelos homens se ele agrada a Deus. Ele não deve tomar por algo estranho ser escarnecido, ridicularizado, difamado, perseguido e mesmo odiado.
(J. C. Ryle)
O que há em tuas miseráveis obras e ações que tu penses agradar a Deus mais do que o sacrifício de Seu próprio Filho?
Arrependimento é o exercício de voltar do pecado para Deus. É o resultado natural de profunda humilhação e sincera confissão.
(Thomas Boston)
Se desejamos de fato que nossa fé seja fortalecida, não podemos nos esquivar de oportunidades em que ela seja provada, pois é por meio de provações que ela se robustece.
(George Müller)
A verdadeira sabedoria consiste em duas coisas: conhecimento de Deus e conhecimento de si mesmo.
(João Calvino)
Grande é o Senhor
e mui digno de louvor […]
Deus é conhecido nos Seus palácios por um alto refúgio. […]
Lembramo-nos, ó Deus,
da Tua benignidade, no meio do Teu templo. […]
Este Deus é o nosso Deus para sempre;
Ele será nosso guia até a morte.
(Sl 48.1,3,9,14)
Caros amigos, nós não podemos consertar o mundo. […] Mas podemos ver se estamos andando de ‘modo digno de Deus’ e permitindo que nossa luz brilhe de tal modo radiante que todos possam ver ainda mais claro o caminho para a cidade celestial porque nós o estamos trilhando.
(Susannah Spurgeon)
Verdadeiro discernimento significa não apenas distinguir o certo do errado. Significa distinguir o primário do secundário, o essencial do indiferente e o permanente do transitório.
(Sinclair Ferguson)
Aqueles que ensinam por meio de sua doutrina precisam ensinar por meio de sua vida, ou eles porão abaixo com uma das mãos aquilo que edificam com a outra.
“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mc 2.17).
O Espírito glorifica a Cristo revelando, para uma alma humilde, contrita e esvaziada de si mesma, o que Ele é. E isso Ele o faz evidenciando a grande verdade bíblica: Jesus morreu por pecadores. Não pelos justos, nem pelos merecedores, mas pelos pecadores, por serem o que são. Sua morte foi pelos injustos, pelos indignos, pelos culpados, pelos perdidos. Precioso momento é quando o Espírito Eterno, o grande Glorificador de Jesus, traz ao coração essa verdade com poder!
“Nisto cri”, diz a alma, “que Jesus morreu somente por aqueles que eram dignos de tamanho sacrifício e de tão imenso amor. Pensava trazer em minhas mãos algum valor meritório, algum preparo, alguma adequação prévia, algo que tornasse meu caso digno de Sua atenção e o fizesse considerar-me com bondade. Mas, agora, vejo que Sua salvação é para o vil, para o pobre, para o miserável.”
Li que “estando nós ainda fracos”, Cristo “morreu a Seu tempo pelos ímpios”, que, “sendo nós ainda pecadores, Cristo morreu por nós”, e “sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho” (Rm 5.6,8,9). Li que “é uma palavra fiel e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm 1.15), que é “sem dinheiro e sem preço” (Is 55.1), que “pela graça [somos] salvos” (Ef 2.5) e que “é pela fé, para que seja segundo a graça” (Rm 4.16).
Essa boa e jubilosa notícia, essa gloriosa mensagem da gratuita misericórdia para com o mais vil dos vis, quando crida, recebida e acolhida, faz todas as nuvens desaparecerem em um instante, dissipa toda a neblina, e a face de Deus resplandece em brando e suave brilho, entre luz e alegria, satisfação e louvor, conduzindo a alma ao júbilo.
Oh, que glória agora cerca o Redentor! Aquela alma ousando estar diante Dele com nada mais além da fé confiante, caminhando em Sua direção coberta das próprias fraquezas, e diante de tamanho contraste, traz mais glória a Seu nome do que todos os aleluias entoados pelos menestréis celestiais um dia já trouxeram.
Os deveres são nossos, os eventos são de Deus. E nós não confiamos em Deus, mas O tentamos, quando dizemos: “Nós nos colocamos sob Sua proteção” e não usamos os meios adequados, como os que estão sob nossa responsabilidade, para nos proteger.
(Matthew Henry)
O maior sucesso de Satanás é fazer as pessoas pensarem que têm muito tempo antes de morrer para que considerem seu bem-estar eterno.
(John Owen)
Muitas vezes, vemos uma ligação entre fatos apenas quando olhamos para trás. Isso também é o desígnio de Deus. Deus freqüentemente reforça nossa fé depois que confiamos Nele, não antes.
(Ravi Zacharias)
Cristo sempre aceitará a fé que deposita a confiança Nele.
(Andrew Murray)
A fé nunca sabe para onde está sendo conduzida, mas ama e conhece Aquele que a está conduzindo.
(Oswald Chambers)
Nenhuma circunstância é tão grande que Deus não possa controlá-la.
(Jerry Bridges)
Ora, o mesmo Senhor da paz
vos dê sempre paz de toda a maneira.
O Senhor seja com todos vós.
Este era o pensamento que consolava meu coração aflito. A sujeira e a escuridão eram angustiantes.
“Senhor, cuida do meu filho!”
Alguns meses antes, eu e minha esposa havíamos visitado o lugar. Instalações novas e modernas, recém-inauguradas, equipamento novo, completo, profissionais jovens e simpáticos, bem dispostos e de cara amiga. Excelente! “Já sabemos onde nosso filho irá nascer!” A maternidade pública próxima de nossa casa era resposta às orações. Sem convênio médico, numa cidade grande e nova, longe de minha irmã médica, era a segurança de que precisávamos. “Graças a Deus!”
– Liga pro Carlos!
Eram 3h da madrugada de 26 de agosto de 1991. As contrações se tornavam cada vez mais próximas uma da outra, a bolsa se rompera. Chegara a hora: Calebe queria nascer!
Carlos, um querido e tranqüilo irmão, morava relativamente perto de nós. Gentilmente havia se prontificado a nos levar para a maternidade. Ele nos acompanhara naquela visita que fizemos ao local.
– Carlos? Desculpe ligar a essa hora… É, o Calebe tá chegando!
Todo o período da gravidez havia sido cercado dos cuidados de Deus por meio de Seus filhos. Eu, minha esposa e dois filhotes viéramos de Porto Alegre para São Paulo há quatro meses. Terceira gravidez, cidade grande, muitas promessas e promessas quebradas (“Não foi isso que tinham nos falado!”), moradia num local de reuniões, sem plano de saúde, distância de tudo e de quase todos: tempo de provação em que a alma lutava para descansar e confiar em Deus.
Mas Ele, em Sua sempre infinita e imerecida bondade, nos cobriu de mimos. Entre os irmãos com quem nos reuníamos havia uma pediatra, uma médica, um dono de farmácia (o Carlos!), um casal sem filhos e dois dentistas, além de muitos outros amados santos. Resultado: compramos apenas uma chupeta para o Calebe.
E, para coroar todo aquele cuidado tão minucioso, a maternidade vizinha e reluzente. A única dor que havia eram as contrações. O coração estava tranqüilo, ansioso apenas para ver o guri que estava chegando.
Carlos chegou.
– Mas como?!
– Senhor, não podemos fazer nada. Todos os leitos estão ocupados e há quatro pacientes esperando vaga antes de sua esposa.
“Mas como? Por quê? Senhor, tava tudo tão certinho?! E meu filho?”
O ambiente era um caos. Pessoas correndo, mulheres e maridos preocupados de um lado para o outro, funcionários dando explicações, pacientes em macas no corredor, unhas sendo roídas, angústia palpável no ar, telefonemas sendo dados para todas as maternidades públicas da cidade, olhares pedindo socorro, os olhos do coração procurando Deus.
– Não tem vaga? Tá ok. Obrigado.
– Sem vagas? Todo mundo resolveu nascer hoje, né?! Então, tá.
– Uma vaga? Segura pra mim. Tô mandando uma paciente.
Carlos foi embora. Precisava trabalhar. Assegurou-nos de que tudo ia ficar bem, ia dar certo, pois Deus estava no controle. Confiei nele meio desconfiando de Deus. Custava ter deixado um leito para minha esposa?
Mais demora, mais hospitais sem vagas, menos tempo entre uma contração e outra. Não havia muito o que dizer! Quão rapidamente o tempo demora a passar em tempos de aflição.
– Duas vagas? Ótimo. Vão duas pacientes: Janisse e Celuta.
Aleluia! Nossa vez. Fim do sofrimento. Olhei aliviado para ela e sua barriga. Lindas.
– Calma, senhor, a ambulância está chegando.
Como um cretino desses ousa me pedir calma? Já faziam quase quatro horas que a bolsa de líquido de minha esposa tinha-se rompido, as contrações aumentando, ela sentada há horas numa recepção de maternidade, essa droga de ambulância não chega, e esse… me pede calma?! É fácil porque não é a esposa ou o filho dele.
O coração me jogava de um lado para o outro. “Tenho de dar um bom testemunho! Meu filho vai morrer. Senhor Jesus, socorro! Que droga de atendimento. Preciso encorajar minha amada…”.
A ambulância. Finalmente! De novo, um pouco de tranqüilidade.
Minha esposa e a outra grávida entraram com uma enfermeira. Prevendo o que poderia acontecer, a enfermeira pediu material para fazer o parto enquanto estivéssemos a caminho. Mas o quê ela faria se as duas crianças resolvessem nascer ao mesmo tempo?
– Maternidade do Brás? Não, não sei onde fica. Mas a gente descobre. Sobe aí, pai.
“Para que serve um motorista destes? Não me faltava mais nada?! Do Butantã para o Brás, e o cara não sabe o caminho?! Senhor!?”
– Acho que é por aqui.
E lá ia ele, como quem saiu para um piquenique com um cumpadre e duas cumadres barrigudas. Feliz, descansado, olhando o Tietê, sem pressa, sem sirene e filosofando.
– Correr? Não, não precisa. O que tem de ser será. Tudo tem seu tempo e só vai acontecer quando chegar a hora.
Seria pecado ou crime jogá-lo para fora e seqüestrar a ambulância com duas grávidas e uma enfermeira?
– Pronto. Chegamos. Não falei?
Bem seguro, ele entrou na rua estreitinha. Não seguiu muito adiante. Deu ré e retomou a viagem. Até hoje os funcionários daquela fábrica se perguntam o que fazia uma ambulância no meio do pátio onde tomavam café da manhã.
– Agora, sim! Taí! Pronto, pai. Chegamos.
Antes que eu fechasse a boca dele com um murro, desci e fui ajudar minha esposa. Levei-a até a recepção. Então, eu vi. “Meu Deus! Meu Deus!”
– Eu não disse? Tudo tem seu tempo. Chegamos na hora que Deus quis.
O hospital lembrava uma casa mal-assombrada. Abandonado, sujo, luzes apagadas. Não havia cadeiras de rodas para as grávidas, não havia papel higiênico nos banheiros cheios de teia de aranha, as macas frias, sem lençol, tinham pêlos e sangue de outras mulheres. Com a mesma lâmina usada sabe-se lá em quem, depilaram as duas novas vítimas que chegaram.
O único pensamento que me vinha ao coração e me trazia algum consolo e esperança era: “O Senhor Jesus nasceu numa manjedoura. E sobreviveu. Não teve infecção. Senhor, guarda meu filho! Por favor!”
Corri para o telefone, liguei para um irmão com quem eu trabalhava, pedi orações, socorro, esperança. Ele convocaria outros para orar. Ao desligar, senti-me sozinho, abandonado, num imenso e horrível açougue. E minha esposa e meu filho…
Lá dentro, a luta prosseguia. Não havia médico, apenas enfermeiras. Parteira. Os funcionários estavam em greve há três meses. O estado não fornecia praticamente nenhum material. As poucas pessoas disponíveis faziam seu melhor em meio à sujeira e falta do essencial.
Sem receber cuidados higiênicos, com o vestido com que viera da rua, minha esposa entrou em trablaho de parto. Sem perguntar-lhe nada, tentaram furar-lhe a bolsa com um objeto pontiagudo qualquer. Foi só o tempo de ela gritar que não precisava – um pouquinho mais e o Calebe terminaria ali. Então, para ajudá-la, fizeram a episiotomia… sem anestesia. A dor do parto impediu-a de sentir mais dor.
“… numa manjedoura. Senhor…”.
“Força!” Dor. Exaustão. Uma vez mais. Quase. Agora… Nasceu! Calebe. Lindo. Com arranhões na cabeça. Forte. Chorando. Vivo. Lágrimas. Carinho. Abraço. Graças a Deus!
– Parabéns, pai. Seu filho nasceu.
O aviso sem emoção me encheu de alegria, risos, lágrimas, gratidão. De joelhos no meu coração, agradeci porque o milagre de sobrevivência à manjedoura havia se repetido.
O Calebe nasceu a primeira vez.
Outra madrugada. Pesadelo. Medo. A pequenez diante das coisas inexplicáveis.
– MÃÃÃÃÃEE!
O mesmo bebê que lhe roubara aquela distante noite de sono precisava de ajuda novamente. A mãe atendeu-lhe o chamado. Ao lado dele, ouve o que o assustara. Abraça-o. Chora com ele. Afaga-o. Protege com seus invencíveis braços de carne frágil. É mãe.
– Mãe, eu quero entregar a minha vida pro Senhor Jesus. Ora comigo?
A luz brilhou nas trevas daquela madrugada. Repetia-se o milagre.
O Calebe nasceu a segunda vez.
Sábado, 26 de novembro de 2005. Ao completar 14 anos, como um presente para si mesmo e para Deus, Calebe foi batizado na piscina da casa de seus melhores amigos. Quanta alegria! Quanto louvor Àquele que tão bem cuidou dele ao longo desse tempo. A grande cicatriz no braço é mais um testemunho do mesmo amor de Deus por ele, cicatriz que não se compara àquelas que seu Senhor carrega por tê-lo salvo.
O frio, o vento que parou no momento adequado, a singeleza da cena, a emoção de quem estava presente – tudo e todos proclamavam a fidelidade Daquele que preserva a vida, da manjedoura à piscina.
(Mogi das Cruzes, 29.11.05. Publicado originalmente em 19.10.07. Revisado e republicado em 24.12.19)
Não há situação tão desesperadora que impossibilite a invasão da glória de Deus; não há situação que possa excluir Deus e ser impossível demais para uma nova manifestação de Sua glória.
(T. Austin-Sparks)
Nosso Salvador ascendido tem o cetro do império universal em Sua mão imperial! Ele está em Seu trono glorioso, controlando todos os assuntos deste mundo, dirigindo todos os eventos da vida do crente e não permitindo que nenhuma provação venha a Seu povo comprado pelo sangue, exceto quando ela executa o Seu próprio projeto amoroso. A sabedoria infinita dirige cada passo do cristão que sofre, e o amor imutável está presente em toda tristeza! O amor de Jesus é tão profundo e terno que assegura Sua presença constante a cada passo de nossa jornada por este mundo hostil. “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.20).
(J. H. Brookes)
O Senhor é Deus zeloso e vingador;
o Senhor é vingador e cheio de furor;
o Senhor toma vingança contra os Seus adversários e guarda a ira contra os Seus inimigos.
O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e ao culpado não tem por inocente […]
O Senhor é bom;
Ele serve de fortaleza no dia da angústia e conhece os que confiam Nele.
(Na 1.2,3,7)
A fé é para a alma o que a vida é para o corpo. Oração é para a fé o que a respiração é para o corpo. Como uma pessoa pode viver e não respirar está além da minha compreensão, e como uma pessoa pode crer e não orar também está além da minha compreensão.
(J. C. Ryle)
O objetivo da vida cristã não é evitar problemas, decepções, tristezas e ferimentos, mas, em todas essas experiências, manter-se livre de pecados e de manchas.
(J. R. Miller)
Oh, agradeça ao Senhor, cristão, porque Ele não tratou com você segundo seus pecados, nem recompensou você de acordo com suas iniqüidades! Ele perdoou seus pecados, justificou sua alma, renovou sua natureza e lhe deu a posse da vida eterna! Ele, assim, impediu sua ruína eterna, suportou suas falhas e loucuras, supriu todas as suas necessidades, guiou seus passos e prometeu conduzi-lo à glória! A misericórdia do Senhor sempre foi grande em relação a você!
“Louvai ao Senhor, porque Ele é bom, porque a Sua benignidade dura para sempre” (Sl 107.1).
(James Smith)
A graça de Deus exaltará uma pessoa sem inflá-la e humilhará uma pessoa sem degradá-la.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb 11.1-3).
Primeiro: o que é fé?
Na maneira mais simples em que eu seria capaz de expressar, eu responderia: Fé é a certeza de que as coisas que Deus disse em Sua Palavra são verdade, e de que Deus agirá de acordo com o que Ele disse em Sua Palavra. Essa segurança, essa certeza na Palavra de Deus, essa confiança é fé.
Impressões não devem ser consideradas em conexão com a fé
Impressões não têm qualquer relacionamento com a fé. Fé relaciona-se à Palavra de Deus. Não são impressões, fortes ou fracas, que farão qualquer diferença. Temos de nos relacionar com a Palavra escrita e não conosco ou com nossas impressões, com nossos sentimentos.
Probabilidades não devem ser levadas em conta.
Muitas pessoas preferem crer naquilo que lhes pareça provável. Fé não tem relação nenhuma com probabilidades. O campo da fé começa onde as probabilidades cessam, onde o visível e o senso falham. Uma grande parte dos filhos de Deus decaem e lamentam sua falta de fé. Eles escrevem para mim e dizem que não possuem nenhuma impressão, nenhum sentimento, e alegam não ver probabilidade de que aquilo que desejam ocorrerá. As aparências não devem ser levadas em consideração. A questão é: o que Deus falou a respeito disso em Sua Palavra.
E, agora, amados amigos cristãos, há grande necessidade de questionarem a si mesmos se vocês, no recôndito da alma, praticam o hábito de tal confiança naquilo que Deus disse e se estão procurando francamente descobrir se aquilo que pedem está de acordo com o que Deus disse em Sua Palavra.
Segundo: como a fé pode ser desenvolvida.
Deus se deleita em desenvolver a fé de Seus filhos. Nossa fé, inicialmente fraca, é desenvolvida e fortalecida mais e mais dentro de nós. Em vez de evitarmos qualquer provação antes da vitória, sem qualquer exercício de paciência, devemos ter a disposição de considerar tais instrumentos como vindos das mãos de Deus. Eu digo, e o faço deliberadamente, que provações, obstáculos, dificuldades e, até mesmo derrotas, são o verdadeiro alimento da fé.
Recebo cartas de vários queridos filhos de Deus que dizem: “Querido irmão Müller, escrevo-lhe esta carta porque estou muito fraco na fé”. Pois, da mesma forma como pedimos que nossa fé seja fortalecida, devemos ter a disposição tomar como vindos das mãos de Deus os meios para fortalecê-la. Precisamos permitir que Ele nos eduque mediante provações, lutas e dificuldades. É por meio de provações que a fé é exercitada e desenvolvida mais e mais.
Carinhosamente, Deus permite dificuldades que possam desenvolver permanentemente o que Ele quer fazer por nós, e, ao fim das quais, não devemos nos retrair, mas, se Ele nos permitir tristeza, obstáculos, perdas e aflições, devemos tomá-las de Suas mãos como evidências de Seu amor e cuidado por nós em desenvolver mais e mais a fé que Ele procura fortalecer em nós.
A Igreja de Deus não está despertada para ver quão belo e amável Ele é; daí a pequenez da bem-aventurança. Oh, amados irmãos e irmãs em Cristo, procurem aprender por si mesmos, pois não posso lhes transmitir tal bem-aventurança! Nos momentos mais sombrios sou capaz de confiar Nele, pois sei quão belo e que amável Pessoa Ele é. E, caso seja a vontade de Deus colocar-nos na fornalha, deixemos que o faça, para que nos familiarizemos com Ele conforme Ele se revele, para que o conheçamos ainda melhor. Chegaremos, então, à conclusão de que Deus é um Ser amável, e estaremos contentes com Ele, e diremos: “Esse é meu Pai! Que Ele faça o que Lhe agradar”.
Quando comecei a permitir que Deus tratasse comigo, confiando Nele, tomando-O em Sua Palavra, e quando parti, cinquenta anos atrás, simplesmente confiando Nele no que dizia respeito a mim, a minha família, a custos, despesas de viagem e todas as demais necessidades, eu descansei nas simples promessas que encontrei no sexto capítulo de Mateus. Leia Mateus 6.25-34, atentamente. Eu cri na Palavra, descansei nela e a pratiquei. Eu tomei Deus em Sua Palavra. Um estranho, estrangeiro na Inglaterra, eu sabia sete idiomas e poderia tê-los usado talvez como atividade remunerada, mas eu havia me consagrado a trabalhar para o Senhor; eu pus minha confiança no Deus que havia prometido, e Ele agiu de acordo com Sua Palavra. Eu não tinha absolutamente nada. Tive minhas provações, minhas dificuldades e minha bolsa vazia, mas as entradas agregaram milhares de dólares, 51 anos desde que a obra se iniciou. Portanto, com relação a meu trabalho pastoral, nos últimos 51 anos, tive grandes dificuldades, grandes provações e perplexidades. Sempre haverá dificuldades, sempre provações. Mas Deus tem-me sustentado sob elas e delas me livrou, e a obra prossegue.
Contudo, isso não se dá, como alguns disseram, porque sou um homem de grande poder mental, ou dotado de energia e perseverança – esses não são os motivos. A razão é que confiei em Deus; porque busquei a Deus e Ele cuidou da Instituição, que, sob direção Dele, tem cem turmas de alunos, com mestres e mestras, e outros departamentos que já mencionei em outra ocasião.
Eu não carrego fardos. E, agora, em meus 67 anos, tenho força física e vigor mental para tanto trabalho da mesma forma de quando eu era um jovem na universidade, estudando e preparando prédicas em latim. Sinto tanto vigor quanto naquele tempo. Como pode ser isso? Porque no último meio século de labor fui capaz, com a simplicidade de uma criança, de confiar em Deus. Sim, eu tive minhas provações, mas me apeguei a Deus, e por meio disso fui sustentado. Não é mera permissão, mas direção específica, que Ele dá de lançarmos os fardos sobre Ele. Oh, façamos isso! Meus amados irmãos e irmãs em Cristo: “Lança teu fardo sobre o Senhor, e Ele te sustentará” (cf. 1Pd 5.7). Dia a dia eu o faço. Hoje de manhã, levei perante o Senhor sessenta assuntos relacionados à igreja que pastoreio, e, assim é: dia após dia faço isso, e ano após ano; dez anos, trinta anos, quarenta anos.
Todavia, não imaginemos obter fé completa de uma só vez. Todas essas coisas, como salto de pleno exercício da fé, eu menosprezo. Eu não creio nisso. Eu não creio nisso. Não creio nesse tipo de fé, e desejo que você compreenda claramente que eu não creio nisso.
Essas coisas todas [relativas à fé] acontecem de maneira natural. O pouco que obtive, não o obtive todo de uma só vez. Digo tudo isso de modo particular, porque cartas chegam a mim cheias de perguntas daqueles que procuram ter sua fé fortalecida. Comece de novo, mantendo sua alma na Palavra de Deus, e você terá um aumento de sua fé conforme a exercitar.
Uma coisa mais. Alguns dizem: “Oh, nunca terei o dom da fé que o sr. Müller tem!” Isso é um erro; é o maior erro; não há nisso uma partícula de verdade. Minha fé é o mesmo tipo de fé que todos os filhos de Deus tiveram. É o mesmo tipo de fé que Simão Pedro tinha, e todos os cristãos podem obter a mesma fé. Minha fé é a fé deles, embora possa haver mais dela porque minha fé tenha sido um pouco mais desenvolvida pelo exercício do que a deles; mas a fé deles é exatamente a fé que eu exercito, possivelmente, em relação ao grau, a minha possa ser mais fortemente exercitada.
Agora, amados irmãos e irmãs, comecem aos poucos.
Inicialmente, eu era capaz de confiar no Senhor com respeito a dez dólares, depois com respeito a cem dólares, depois com respeito a mil dólares, e agora, com grande facilidade, eu posso confiar Nele com respeito a um milhão de dólares, se fosse o caso. Mas, antes de tudo, eu deveria examinar em silêncio, com critério, por vontade própria, e ver se aquilo em que eu confiava era algo conforme Suas promessas em Sua Palavra escrita.