Ai de nós! Como esquecemos que somos apenas estrangeiros e peregrinos na Terra, que estamos viajando para nosso lar eterno, e que em breve estaremos lá!
(Otávio Winslow)
Deus diz ao homem quem o homem é.
(Francis Schaeffer)
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.16,17). Sem meditação, as verdades que conhecemos nunca afetarão nosso coração. A meditação leva uma verdade ao coração! A leitura das Escrituras é o óleo que alimenta a lâmpada da meditação. Certifique-se de que suas meditações se baseiam nas Escrituras. Ler sem meditação é inútil. Meditar sem ler é perigoso. A razão pela qual ficamos tão frios ao ler a Palavra é porque não nos aquecemos no fogo da meditação.
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.1,2).
(Thomas Watson)
O Senhor te ouça
no dia da angústia,
o nome de Deus de Jacó
te proteja.
(Sl 20.1)
Sou Dele [de Cristo] por eleição e sou Dele por regeneração.
Sou Dele por compra e sou Dele por conquista.
Sou Dele por aliança e sou Dele por casamento. Eu sou totalmente Dele.
Eu sou supremamente Dele.
Eu sou particularmente Dele.
Eu sou eternamente Dele!
Antes eu era escravo, mas agora sou Seu filho querido.
Antes eu estava espiritualmente morto, mas agora estou espiritualmente vivo.
Antes eu estava na escuridão, mas agora ando na luz.
Antes eu era filho da ira e herdeiro do inferno, mas agora sou herdeiro do céu.
Antes eu era escravo de Satanás, mas agora sou um homem livre em Deus.
Antes eu estava sob o espírito de escravidão, mas agora recebi o Espírito de adoção, pelo qual clamo: “Aba, Pai!”
(Thomas Brooks)
A aflição não surge do pó ou chega até nós por acaso. É o Senhor quem envia aflição, e devemos reconhecer e reverenciar Sua mão nela. Que o povo de Deus se conforte o tempo todo pela doutrina da soberania divina. No que quer que lhes aconteça, os filhos de Deus devem descansar em silêncio e submissamente no seio de Deus, considerando que tudo o que lhes acontece passa pelo decreto de Seu gracioso Amigo e Pai reconciliado, que sabe o que é melhor para eles, e fará com que todas as coisas cooperam juntas para o bem deles. Oh, que vida doce e aprazível você teria sob as mais pesadas pressões da aflição e que serenidade e tranqüilidade celestial de mente você desfrutaria se alegremente concordasse com a boa vontade e o prazer de Deus, e abraçasse cada decreto divino, por mais agudo que possa ser, porque é determinado e designado para você pelo eterno conselho de Sua vontade!
Veja aqui o mal de murmurar e de reclamar de nossa sorte no mundo. Ao fazer isso, você está brigando com Deus, como se Ele estivesse errado em Seus tratos com você, e não de acordo com os desejos e vontades que você tem!
(Thomas Boston)
Devemos compreender que a vontade precisa ser persuadida pela verdade, e que é assim que Deus age. Ele nunca força nossa vontade, mas, antes, apresenta-nos a verdade de tal maneira que nós a queiramos. A verdade vem até nós, e, quando vemos a verdade, queremos ser libertados do pecado e pertencer a Deus.
Muitos anos atrás, o Senhor me ensinou uma verdade, até onde sei sem a instrumentalidade humana, cujo benefício conservo até hoje, mais de quarenta anos depois.
O caso é o seguinte: eu vi mais claramente do que nunca que a principal e fundamental ocupação a que eu precisava me dedicar todos os dias era que minha alma sentisse prazer na presença e no favor de Deus. A primeira coisa com que me preocupar não era o quanto eu devia servir ao Senhor, como eu deveria glorificar o Senhor, mas como eu conseguiria levar minha alma a um estado de alegria e como meu homem interior podia ser alimentado. Porque eu poderia apresentar a verdade aos não-convertidos, poderia tentar beneficiar os crentes, procurar socorrer os aflitos, poderia de outras maneiras tentar comportar-me como convém a um filho de Deus neste mundo, mas, não estando alegre no Senhor e não estando alimentado e fortalecido em meu homem interior dia a dia, tudo isso poderia ser desempenhado sem um espírito correto.
Antes desse tempo, pelo menos nos últimos dez anos, minha prática habitual havia sido dedicar-me à oração depois de me levantar pela manhã. Agora eu via que a coisa mais importante que eu devia fazer era entregar-me à leitura da Palavra de Deus e meditar nela para meu coração ser confortado, alertado, encorajado, reprovado, instruído, e que, assim, ao meditar, meu coração fosse trazido a uma comunhão prática com o Senhor.
Comecei, então, a meditar no Novo Testamento cedo de manhã. A primeira coisa que fiz, depois de pedir em poucas palavras a bênção do Senhor sobre Sua preciosa Palavra, foi começar a meditar na Palavra de Deus, investigando por assim dizer cada versículo para extrair dele alguma bênção – não com a finalidade de ministrar publicamente a Palavra, não para pregar com base no que eu tinha meditado, mas com a finalidade de conseguir comida para minha própria alma. O resultado que tenho obtido quase sempre é o seguinte: depois de poucos minutos, minha alma tem sido levada a confessar, dar graças, interceder ou suplicar; de forma que, embora eu não tenha me entregado à oração e sim à meditação, mesmo assim ela se voltou quase que de imediato à oração, às vezes com mais, às vezes com menos intensidade. Depois de algum tempo em confissão, intercessão ou súplica ou ações de graças, prossigo para as próximas palavras ou o próximo versículo, transformando tudo, à medida que avanço, em oração por mim mesmo ou pelos outros, conforme a Palavra oriente, mas sempre tendo diante de mim que o objetivo da minha meditação é obter alimento para minha própria alma.
O resultado disso é que sempre tenho, misturados com minha meditação, bons motivos para fazer confissão, dar graças, suplicar ou interceder – e que meu homem interior quase invariavelmente é alimentado e fortalecido, e por volta da hora do café da manhã, com raras exceções, eu encontro meu coração cheio de paz e alegria.
Dessa forma, o Senhor também se agrada em dar-me aquilo que, logo depois, se torna alimento para outros crentes, embora não tenha sido por causa da ministração pública da Palavra que eu tenha me entregado à meditação, mas sim para o benefício de meu próprio homem interior.
A diferença, então, entre minha prática anterior e a de agora é que anteriormente, quando me levantava, eu começava a orar assim que me fosse possível, e geralmente gastava em oração todo ou quase todo o tempo antes do café da manhã. De todo jeito, eu quase sempre começava com oração, exceto quando sentia minha alma seca mais do que o normal, casos em que eu lia a Palavra de Deus em busca de alimento, ou de refrigério, ou de reavivamento e renovação de meu homem interior, antes de entregar-me à oração.
Mas qual era o resultado disso? Muitas vezes, eu gastava quinze minutos ou meia hora ou mesmo uma hora de joelhos, antes de perceber que tinha recebido algum conforto, encorajamento, humilhação de alma, etc.; e, muitas vezes, depois de sofrer muito nos primeiros dez, quinze ou trinta minutos com pensamentos que se dispersavam, somente então eu realmente começava a orar.
Raramente eu tenho dificuldades com isso agora. Por ter sido meu coração despertado pela verdade e trazido à comunhão experimental com Deus, eu falo com meu Pai e com meu Amigo (por mais vil que eu seja e indigno de disso tudo!) a respeito das coisas que Ele trouxe diante de mim em Sua preciosa Palavra.
Muitas vezes, fico admirado de não ter visto isso antes. Não li isso em livro nenhum. Não ouvi nenhuma pregação a respeito desse assunto. Não conversei com ninguém que me incentivasse quanto a isso. Mas agora, uma vez que Deus me ensinou esse ponto, para mim ficou mais claro do que nunca:
a primeira coisa que o filho de Deus deve fazer todos os dias de manhã é conseguir alimento para seu homem interior.
Assim como o homem exterior não está pronto para trabalhar sem se alimentar, e assim como essa é uma das primeiras coisas que fazemos de manhã, assim deve ser com o homem interior. Não há como negar que precisamos alimentar nosso homem interior.
Mas o que é esse alimento para o homem interior? Não é a oração, mas sim a Palavra de Deus. E também não é a simples leitura da Palavra de Deus, de forma que passe pela nossa mente assim como a água passa por um cano. Mas devemos considerar e meditar aquilo que lemos, ponderar na Palavra e aplicá-la ao nosso coração.
Quando oramos, nós falamos com Deus. Mas a oração, para durar algum tempo que não seja cheio de formalidades, requer, falando-se de forma geral, uma medida de vigor ou de desejo piedoso. Por isso, o momento em que esse exercício da alma pode ser executado de forma mais efetiva é depois que o homem interior foi alimentado pela meditação na Palavra de Deus, na qual o Pai fala conosco, nos encoraja, conforta, instrui, humilha e reprova. Por essa razão é que podemos meditar de forma proveitosa nas Escrituras com a bênção de Deus, por mais fracos que estejamos espiritualmente. Pelo contrário, quanto mais fracos estamos, mais precisamos meditar para o fortalecimento do nosso homem interior. Teremos muito menos dificuldade com pensamentos dispersos se orarmos depois da meditação do que quando nos dedicamos à oração sem gastar antes algum tempo meditando.
Insisto tanto nesse assunto porque sei o proveito e o alívio que recebi dessa prática, e carinhosa e solenemente imploro aos meus companheiros cristãos que considerem-na. Pela bênção de Deus, atribuo a esse costume a ajuda e a força que obtive de Deus para atravessar em paz profundas provações, mais do que eu tinha anteriormente. E, depois de provar esse caminho por mais de quarenta anos, posso recomendá-lo de forma mais plena, no temor de Deus.
Como é grande a diferença quando a pessoa é refrigerada e se alegra cedo de manhã, da situação em que ela, sem preparação espiritual, já se depara com o serviço, as provações e as tentações do dia!