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Citações Gotas de orvalho J. C. Ryle

Gotas de Orvalho ― J. C. Ryle (159)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

A leitura da Bíblia, com regularidade e sinceridade, é o grande segredo para alguém permanecer firme na fé.

Aqueles que buscam felicidade somente nesta vida, e desprezam a religião da Bíblia, não têm idéia do verdadeiro conforto que estão perdendo.

Livre-se para sempre da vã idéia de que, se um crente não está crescendo na graça, isso não é culpa dele.

Seus pecados não são perdoados por aquilo que você é ou espera ser nem por causa de qualquer coisa que você fez ou sofreu; você está perdoado por causa do nome de Cristo, e todos os santos de Deus podem dizer o mesmo.

Eu peço aos que lêem esta mensagem hoje que considerem bem o que eu estou dizendo. Você vai para a igreja do sr. A ou B; você o considera um pregador excelente; você se deleita com seus sermões; você não consegue ouvir nenhum outro com o mesmo conforto; você aprendeu muitas coisas desde que começou a participar de seu ministério; você considera um privilégio ser um de seus ouvintes. Tudo isso é muito bom. É um privilégio. Eu seria grato se ministros como o seu fossem multiplicados. Mas, afinal de contas, o que você recebeu no coração? Você já recebeu o Espírito Santo? Se não, você não é melhor que a esposa de Ló.

Eu peço a Deus que todos os cristãos professos destes dias apliquem essas coisas ao coração. Que nós nunca esqueçamos que os privilégios sozinhos não podem nos salvar. Luz e conhecimento, pregações fiéis, meios abundantes de graça e a companhia de pessoas santas são todos grandes bênçãos e vantagens. Felizes aqueles que os têm! Mas, no final de tudo, há uma coisa sem a qual privilégios são inúteis: a graça do Espírito Santo. A esposa de Ló teve muitos privilégios, mas não teve a graça de Deus em seu coração.

A falta de tranqüilidade é uma das grandes características do mundo. A pressa, o vexame, o fracasso e os desapontamentos nos confrontam por todos os lados. Mas há esperança. Existe uma arca de refúgio para o cansado, tal como houve para a pomba solta por Noé. Em Cristo encontramos descanso ― descanso para a consciência e para o coração, descanso fundamentado no perdão de todo pecado, descanso que é resultado da paz com Deus.

Precisamos ter cuidado em não murmurar quando passamos por tempos de aflição. Devemos conservar na mente o fato de que, em cada tristeza que nos sobrevém, há um significado, uma razão e um recado de Deus para nós.

Jó pensou que conhecia seu coração, mas a aflição veio e ele descobriu que não o conhecia. Davi pensou que conhecia seu coração, mas ele aprendeu pela amarga experiência quão tristemente ele estava enganado. Pedro pensou que conhecia seu coração, e em pouco tempo estava se arrependendo em lágrimas. Oh, orem, amados, se amam a própria alma, orem por alguma compreensão da própria corrupção de vocês; os mais santos de Deus nunca perceberam completamente a extrema pecaminosidade do velho homem que estava neles.


John Charles Ryle nasceu em Macclesfield, na Inglaterra. Foi regenerado no ano de 1838, enquanto ouvia a leitura de Efésios 2 em uma capela de Oxford. Ele concluiu os estudos e pretendia seguir carreira nos negócios da família; no entanto, em 1841, o banco de seu pai faliu, deixando os Ryles em estado de pobreza e miséria. Durante essa fase, ele foi ordenado ao ministério em Winchester. Mesmo vivendo em um contexto político-religioso difícil e pertencendo a uma igreja estatal, J. C. Ryle exerceu um ministério muito vigoroso, pastoreando com fidelidade e dedicação. Durante seu pastorado, foram construídos quarenta locais de reunião, bem como construiu diversas capelas e escolas. J. C. Ryle, no período em que viveu, foi considerado um homem famoso, notável e amável, um campeão e expoente da fé evangélica reformada. Certa vez, Charles Spurgeon teceu o seguinte comentário sobre Ryle: “Ele é o melhor homem da Igreja da Inglaterra”. J. C. Ryle foi uma voz solitária clamando no deserto do conflito da religião estatal com o anglo-catolicismo. Em 1899, resolveu demitir-se do bispado, falecendo com 83 anos em junho de 1900.

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Evangelho J. C. Ryle

“Lembrai-vos da mulher de Ló”


Há poucas advertências na Escritura mais solenes que esta. O Senhor Jesus Cristo nos diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc 17.32).

A esposa de Ló professava a verdadeira religião: seu marido era um “homem íntegro” (2Pd 2.8). Ela deixou Sodoma com ele no dia da destruição da cidade; ela olhou para trás, em direção à cidade, em desobediência a ordem expressa de Deus; ela morreu imediatamente, transformando-se em uma estátua de sal. E o Senhor Jesus Cristo a utiliza como exemplo para Sua igreja; Ele diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

É uma advertência solene, quando consideramos a pessoa que Jesus menciona. Ele não nos convida a lembrar de Abraão, ou de Isaque, ou de Jacó, ou de Sara, ou de Ana, ou de Rute. Não! Ele escolhe alguém cuja alma estava perdida para sempre. Ele clama a nós: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

É uma advertência solene, quando nós consideramos sobre o tema de Jesus. Ele está falando de Sua segunda vinda, quando virá julgar o mundo; Ele está descrevendo o estado terrível de despreparo no qual muitos serão achados. Os últimos dias estão em Sua mente, quando Ele nos diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

É uma advertência solene, quando nós pensamos na Pessoa que a faz. O Senhor Jesus é amoroso, misericordioso e compassivo; Ele é Aquele que “não esmagará a cana quebrada nem apagará a torcida que fumega” (Is 42.3). Ele lamentou a incredulidade de Jerusalém e orou pelos homens que O crucificaram; contudo, Ele julga proveitoso nos dar esta advertência solene e nos fazer lembrar das almas perdidas. Ele nos diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

É uma advertência solene, quando pensamos nas pessoas para as quais Ele, primeiramente, dirigiu essas palavras. O Senhor Jesus estava falando a Seus discípulos; Ele não estava falando para os escribas e fariseus que O odiavam, mas a Pedro, Tiago e João, e muitos outros que O amaram; mesmo para esses, Ele julga proveitoso uma palavra de precaução. Ele lhes diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

É uma advertência solene, quando nós consideramos a maneira como Ele falou. Ele não diz somente: “Cuidado! Não sejam como a mulher de Ló!” Ele usa uma palavra diferente; Ele diz: “Lembrai-vos”. Ele fala como se nós corrêssemos o perigo de esquecer o assunto; Ele incita nossa memória preguiçosa; Ele nos ordena a manter o caso em nossa mente. Ele clama: “Lembrai-vos da mulher de Ló”.

Agora, consideremos os privilégios religiosos que a esposa de Ló desfrutou.

Nos dias de Abraão e Ló, a verdadeira religião salvadora era escassa na terra; não havia ainda a Bíblia, pastores, igrejas, credos ou mesmo missionários. O conhecimento de Deus estava limitado a algumas famílias agraciadas; a maior parte dos habitantes do mundo estava vivendo em escuridão, ignorância, superstição e pecado. Talvez não houvesse um em cem que contasse com tal bom exemplo, ou com tal convivência espiritual, tal clareza de conhecimento e advertências tão claras como a esposa de Ló. Comparada com os milhões de criaturas de seu tempo, a esposa de Ló era uma mulher agraciada.

Ela teve um homem religioso como marido; ela teve Abraão, o pai da fé, como tio por meio do matrimônio. A fé, o conhecimento e as orações desses dois homens íntegros não eram desconhecidos por ela. É impossível que ela tenha morado em tendas com eles durante tanto tempo, sem saber de Quem eles eram e a Quem eles serviam. Religião para eles não era nenhum negócio formal; era o princípio governante de sua vida e a razão de suas ações. Tudo isso a esposa de Ló deve ter visto e conhecido. Esse não era um privilégio pequeno.

Quando Abraão recebeu as promessas, a esposa de Ló provavelmente estava lá. Quando ele construiu sua tenda entre Ai e Betel, é provável que ela estivesse presente; quando os anjos vieram a Sodoma e advertiram seu marido para fugir, ela os viu; quando eles os levaram pela mão e os conduziram para fora da cidade, ela era um daqueles que eles ajudaram a escapar. Mais uma vez, eu digo, esses não foram privilégios pequenos.

Contudo, quais foram os resultados positivos de todos esses privilégios no coração da esposa de Ló? Nenhum. Nada. Apesar de todas as oportunidades e dos meios de graça, de todas as advertências especiais e mensagens do céu, ela viveu e morreu sem a graça de Deus, sem Deus, impenitente e descrente. Os olhos de seu entendimento nunca foram abertos; sua consciência nunca foi realmente despertada ou estimulada; sua vontade nunca foi verdadeiramente trazida a um estado de obediência a Deus; suas afeições nunca foram fixadas nas coisas lá do alto. A forma de religião que ela teve foi mantida por conveniência e não por um verdadeiro sentir; era uma capa usada para agradar a seu marido, e não por qualquer senso de seu valor. Ela fez como outros a seu redor na casa de Ló: ela se conformou aos costumes do marido; ela não fez nenhuma oposição à religião dele; ela se permitiu ser conduzida passivamente por ele; mas em todo tempo o seu coração estava em pecado diante de Deus. O mundo estava em seu coração, e seu coração estava no mundo. Neste estado ela viveu, e nesse estado ela morreu.

Em tudo isso há muito a ser aprendido. Eu vejo uma lição aqui que é da maior importância em nossos dias. Você vive em tempos em que há muitas pessoas vivendo como a esposa de Ló. Ouça, pois, a lição que o caso dela nos ensina.

Aprenda que a mera possessão de privilégios religiosos não salvará a alma de ninguém. Você pode ter vantagens espirituais de todo tipo; você pode viver e gozar das mais ricas oportunidades e meios de graça; você pode desfrutar da melhor pregação e das instruções mais verdadeiras; você pode morar no meio da luz, conhecimento, santidade e boa companhia. Tudo isso é possível; contudo, você pode ainda permanecer não convertido, e estar perdido para sempre.

Eu ouso dizer que essa doutrina parece dura a alguns leitores. Eu conheço a idéia de que eles não querem nada mais do que privilégios religiosos para decidirem ser cristãos. Eles não são o que devem ser no momento, eles concordam; mas a posição deles é tão difícil, eles argumentam, e suas dificuldades são tantas. Dê-lhes um cônjuge crente, ou amizades cristãs, ou um patrão crente; dê a eles a pregação do Evangelho, os privilégios, e então eles caminharão com Deus.

Tudo engano! Uma completa ilusão! Para ter a alma salva, é requerido muito mais do que privilégios. Joabe era o capitão de Davi; Geazi era o criado de Eliseu; Demas era companheiro de Paulo; Judas Iscariotes era discípulo de Cristo, e Ló teve uma esposa mundana e incrédula. Todos eles morreram em seus pecados. Eles baixaram à cova apesar do conhecimento, das advertências e das oportunidades; e todos eles nos ensinam que os homens necessitam não só de privilégios. Eles precisam da graça do Espírito Santo.

Vamos valorizar nossos privilégios religiosos, mas não vamos descansar completamente neles. Vamos desejar ter o benefício deles em nossas atividades, mas não vamos colocá-los no lugar de Cristo. Vamos usá-los com gratidão, se Deus no-los der, mas nos preocupemos em que eles produzam algum fruto em nosso coração e em nossa vida. Se não produzem o bem, eles seguramente causarão dano; eles cauterizarão a consciência, eles aumentarão a responsabilidade, eles agravarão a condenação. O mesmo fogo que derrete a cera endurece o barro; o mesmo sol que faz a árvore vivente crescer seca a árvore morta e a prepara para queimar. Nada endurece mais o coração do homem do que uma familiaridade estéril com as coisas sagradas. Mais uma vez eu digo: não são somente os privilégios que fazem cristãs as pessoas, mas a graça do Espírito Santo. Sem isso, nenhum homem jamais será salvo.

Eu peço aos que lêem esta mensagem hoje, que considerem bem o que eu estou dizendo. Você vai para a Igreja do sr. A ou B; você o considera um pregador excelente; você se deleita com seus sermões; você não pode ouvir nenhum outro com o mesmo conforto; você aprendeu muitas coisas desde que começou a participar de seu ministério; você considera um privilégio ser um de seus ouvintes. Tudo isso é muito bom. É um privilégio. Eu seria grato se ministros como o seu fossem multiplicados. Mas, afinal de contas, o que você recebeu no coração? Você já recebeu o Espírito Santo? Se não, você não é melhor que a esposa de Ló.

Eu peço para os filhos de pais crentes que gravem bem o que eu estou dizendo. Ser filho de pais crentes é o mais elevado dos privilégios, pois torna-se o alvo de muitas orações. Realmente é uma bênção aprender o Evangelho na infância, e ouvir falar de pecado, de Jesus, e do Espírito Santo, e santidade, e céu desde o primeiro momento de que podemos lembrar. Mas, cuidado para que vocês não permaneçam estéreis e infrutíferos no meio de todos esses privilégios; tomem a precaução de que seu coração não permaneça duro, impenitente e mundano, sem se quebrantar às muitas vantagens que vocês desfrutam. Vocês não poderão entrar no reino de Deus pelo crédito de seus pais. Vocês próprios têm de comer o Pão da Vida e ter o testemunho do Espírito no coração. Vocês têm de ter arrependimento próprio, fé própria e sua própria santificação. Se não, vocês não serão melhor que a esposa de Ló.

Eu peço a Deus que todos os cristãos professos desses dias apliquem essas coisas ao próprio coração. Que nós nunca esqueçamos que os privilégios sozinhos não podem nos salvar. Luz e conhecimento, pregações fiéis, meios abundantes de graça e a companhia de pessoas santas são todos grandes bênçãos e vantagens. Feliz aquele que os tem! Mas, no final de tudo, há uma coisa sem a qual privilégios são inúteis: a graça do Espírito Santo. A esposa de Ló teve muitos privilégios, mas não teve a graça de Deus no coração.

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