A leitura da Bíblia, com regularidade e sinceridade, é o grande segredo para alguém permanecer firme na fé.
Aqueles que buscam felicidade somente nesta vida, e desprezam a religião da Bíblia, não têm idéia do verdadeiro conforto que estão perdendo.
Livre-se para sempre da vã idéia de que, se um crente não está crescendo na graça, isso não é culpa dele.
Seus pecados não são perdoados por aquilo que você é ou espera ser nem por causa de qualquer coisa que você fez ou sofreu; você está perdoado por causa do nome de Cristo, e todos os santos de Deus podem dizer o mesmo.
Eu peço aos que lêem esta mensagem hoje que considerem bem o que eu estou dizendo. Você vai para a igreja do sr. A ou B; você o considera um pregador excelente; você se deleita com seus sermões; você não consegue ouvir nenhum outro com o mesmo conforto; você aprendeu muitas coisas desde que começou a participar de seu ministério; você considera um privilégio ser um de seus ouvintes. Tudo isso é muito bom. É um privilégio. Eu seria grato se ministros como o seu fossem multiplicados. Mas, afinal de contas, o que você recebeu no coração? Você já recebeu o Espírito Santo? Se não, você não é melhor que a esposa de Ló.
Eu peço a Deus que todos os cristãos professos destes dias apliquem essas coisas ao coração. Que nós nunca esqueçamos que os privilégios sozinhos não podem nos salvar. Luz e conhecimento, pregações fiéis, meios abundantes de graça e a companhia de pessoas santas são todos grandes bênçãos e vantagens. Felizes aqueles que os têm! Mas, no final de tudo, há uma coisa sem a qual privilégios são inúteis: a graça do Espírito Santo. A esposa de Ló teve muitos privilégios, mas não teve a graça de Deus em seu coração.
A falta de tranqüilidade é uma das grandes características do mundo. A pressa, o vexame, o fracasso e os desapontamentos nos confrontam por todos os lados. Mas há esperança. Existe uma arca de refúgio para o cansado, tal como houve para a pomba solta por Noé. Em Cristo encontramos descanso ― descanso para a consciência e para o coração, descanso fundamentado no perdão de todo pecado, descanso que é resultado da paz com Deus.
Precisamos ter cuidado em não murmurar quando passamos por tempos de aflição. Devemos conservar na mente o fato de que, em cada tristeza que nos sobrevém, há um significado, uma razão e um recado de Deus para nós.
Jó pensou que conhecia seu coração, mas a aflição veio e ele descobriu que não o conhecia. Davi pensou que conhecia seu coração, mas ele aprendeu pela amarga experiência quão tristemente ele estava enganado. Pedro pensou que conhecia seu coração, e em pouco tempo estava se arrependendo em lágrimas. Oh, orem, amados, se amam a própria alma, orem por alguma compreensão da própria corrupção de vocês; os mais santos de Deus nunca perceberam completamente a extrema pecaminosidade do velho homem que estava neles.
John Charles Ryle nasceu em Macclesfield, na Inglaterra. Foi regenerado no ano de 1838, enquanto ouvia a leitura de Efésios 2 em uma capela de Oxford. Ele concluiu os estudos e pretendia seguir carreira nos negócios da família; no entanto, em 1841, o banco de seu pai faliu, deixando os Ryles em estado de pobreza e miséria. Durante essa fase, ele foi ordenado ao ministério em Winchester. Mesmo vivendo em um contexto político-religioso difícil e pertencendo a uma igreja estatal, J. C. Ryle exerceu um ministério muito vigoroso, pastoreando com fidelidade e dedicação. Durante seu pastorado, foram construídos quarenta locais de reunião, bem como construiu diversas capelas e escolas. J. C. Ryle, no período em que viveu, foi considerado um homem famoso, notável e amável, um campeão e expoente da fé evangélica reformada. Certa vez, Charles Spurgeon teceu o seguinte comentário sobre Ryle: “Ele é o melhor homem da Igreja da Inglaterra”. J. C. Ryle foi uma voz solitária clamando no deserto do conflito da religião estatal com o anglo-catolicismo. Em 1899, resolveu demitir-se do bispado, falecendo com 83 anos em junho de 1900.
Assim como o pastor usa o cajado para apartar as ovelhas dos bodes, a oração secreta é o cajado que separa os filhos de Deus dos filhos do Diabo, pois aqueles que entram em seu aposento e fecham a porta fazem-no como filhos e para orar a seu Pai. Certamente os que assim não fazem, e isso não lhes aflige, são bastardos e não filhos (Hb 12.8). A oração particular é o teste de nossa sinceridade, o indicador de nossa espiritualidade, o principal meio de crescimento na graça. A oração particular é a única coisa, acima de todas as demais, que Satanás busca impedir, pois ele bem sabe que, se puder ser bem-sucedido nesse ponto, o cristão falhará em todos os outros.
(John Bunyan)
Conhecimento teológico e viver piedoso andam de mãos dadas. Uma verdade desconhecida não pode santificar a alma.
(B. B. Warfield)
O trono de Deus não é apenas um trono de majestade, mas um trono de graça.
(João Calvino)
Em nada, a não ser no céu, vale a pena colocar nosso coração.
(Richard Baxter)
Ainda que não creiamos, isto é, ainda que o mundo inteiro não creia, o Evangelho de Deus não deve ser alterado para que se adapte aos caprichos e às fantasias do homem.
(Charles H. Spurgeon)
Obedecer a Deus não é a morte da felicidade. É a morte de tudo que o impede de ter felicidade plena e duradoura.
(John Piper)
Satanás dedica 168 horas por semana tentando enganá-lo. Você acha que pode manter uma mente renovada com um olhar de dez minutos no Livro de Deus uma vez por dia?
Não se enganem, Satanás é um ser real. Ele também é um inimigo explícito de Deus, de Seus propósitos, de Suas atividades e de Seu povo. O nome Satanás significa “adversário”, e diabo significa “acusador”. Em Mateus 12:24 ele é chamado de “maioral dos demônios”.
Em Apocalipse 12:9-10 nosso adversário é rotulado de “o grande dragão”, “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo”. Também é designado ali como “o acusador de nossos irmãos”, incriminando-os diante de Deus dia e noite. O nome “grande dragão” fala de seu poder político como o soberano do mundo e “príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:2). “Antiga serpente” fala de sua poder espiritual como o sedutor de todo o mundo e o “deus deste século”, que “cegou o entendimento dos incrédulos” (2 Coríntios 4:4).
Satanás é a mesma antiga serpente que veio ao jardim do Éden e enganou a mulher, levando Eva e Adão à desobediência e conseqüentemente ao pecado contra Deus. Eva teve de dizer mais tarde: “A serpente me enganou” (Gênesis 3:13).
Sua origem e queda
Em Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:12-19 temos um marcante relato do lugar original que Satanás ocupou como “estrela da manhã, filho da alva”. Sua queda desta exaltada posição original — sendo ele talvez o maior ser angelical criado por Deus — é narrada nestas Escrituras.
Orgulho, obstinação, iniqüidade, rebelião e violência são os motivos dados de sua queda.
Sob a figura do “rei de Tiro”, Ezequiel declara que este grande ser criado era “o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura”. Ele permanecia no monte santo de Deus e se cobria de todas as pedras preciosas. Deus o havia colocado ali como o “querubim da guarda ungido”, e andava no meio das pedras afogueadas. Talvez fosse o guardião da santidade de Deus, provavelmente sobre o planeta Terra no seu estado original.
O relato inspirado diz: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti” (Ezequiel 28:12-15).
O profeta Isaías diz no capítulo 14: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!”. O título “estrela da manhã” pode ser traduzido como Lúcifer, e deriva de uma palavra hebraica que significa “brilhante ou aquele que resplandece”. O título “filho da alva” é uma expressão poética para “estrela da manhã”. Lúcifer, a brilhante estrela da manhã, é o primeiro nome dado a este grande ser angelical ao sair das mãos criadoras de Deus. Grande como era, ele não passava de uma criatura de Deus, responsável por obedecer a seu Criador.
Em Isaías 14:13-14 vemos cinco expressões imperativas que caracterizam a expressa rebeldia e obstinação de Satanás: “Subirei”, “exaltarei”, “assentarei”, “subirei” e “serei”. Nesta última ele diz: “serei semelhante ao Altíssimo”. Lúcifer não estava satisfeito com a posição de exaltação que recebera na criação de Deus. Ezequiel diz: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ezequiel 28:17). Ele intentou exaltar a si mesmo e a seu trono e buscou ser semelhante ao próprio Deus. Particularmente, ele talvez invejasse o lugar do Filho de Deus e desejasse ser tão exaltado como Ele. Sua ambição e propósitos eram ser adorado como Deus, e disso ele nunca desistiu. Essas cinco questões imperativas que Satanás proferiu em Isaías 14:13-14, manifestam a pungente essência do pecado: é a vontade da criatura oposta à vontade e determinação do Criador. Foi assim, por causa da obstinação de Lúcifer, que o pecado entrou no universo, antes mesmo da criação do homem.
Ademais, vemos em Ezequiel 28:16-18 que Lúcifer estava envolvido numa multidão de comércio. Ele encheu o céu de violência e pecou. Ali se lê: céu de violência e pecou. A Bíblia diz: “Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários”. Acreditamos que isto indica algum comércio profano de Lúcifer, algum tráfico, pelo qual outras criaturas angelicais foram seduzidas de sua fidelidade ao Criador, dedicando lealdade e devoção a Lúcifer.
Assim Lúcifer instigou violência e rebelião entre as hostes celestes antes da criação do homem, e aqueles que o acompanharam se tornaram seus anjos ou demônios. A sentença divina de expulsão de sua exaltada posição como o “querubim da guarda ungido” foi pronunciada, embora ainda não completamente executada. Isso acontecerá no futuro, segundo Apocalipse 12:7-17. Como deposto de seu lugar celestial no governo de Deus, ele passou a chamar-se Satanás, o adversário, e no Novo Testamento ele é chamado de diabo (Jó 1:6-12; Mateus 4:1-11).
Satanás e Jó
O livro de Jó (1:8-19; 2:1-8) nos dá uma antiga ilustração do ódio e malignidade de Satanás contra o povo de Deus. Deus disse acerca de Jó que ele era Seu servo e não havia ninguém na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal (1:8). Então lemos que Satanás respondeu ao Senhor e insinuou que Jó verdadeiramente não temia a Deus, e caso Ele (Deus) estendesse Sua mão e tocasse em tudo o que possuía, Jó blasfemaria contra Deus. Aqui Satanás revelou seu caráter acusador e maligno.
Quando Deus autoriza Satanás a tocar em tudo o que Jó possuía — menos em sua vida –, Satanás sai da presença de Deus e terríveis coisas começaram a acontecer aos filhos e às posses de Jó.
Foi Satanás quem incitou os sabeus e os caldeus a roubar os animais de carga de Jó e a matar os seus servos. Foi ele quem fez cair fogo do céu e queimar as suas ovelhas e os seus servos, como também levantar um grande vento e derrubar a casa sobre os sete filhos e as três filhas de Jó, matando a todos. Tudo isso deixa claro o grande poder de Satanás e sua terrível hostilidade contra os servos de Deus. Mas também revela que Satanás só pode ir até onde Deus permite.
Jó conservou sua integridade e não amaldiçoou nem acusou a Deus, mas, em vez disso, lançou-se em terra e O adorou após todas estas calamidades. Então Deus novamente aponta Jó a Satanás como aquele que permaneceu inabalável e fiel a Ele.
Satanás respondeu com nova acusação e investida contra Jó, afirmando que, se os ossos e a carne de Jó fossem tocados, ele blasfemaria contra Deus. Deus disse a Satanás que Jó estava em seu poder para fazer o que quisesse, com a restrição de poupar-lhe a vida. Está escrito que Satanás saiu “da presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” (Jó 2:7).
O Senhor permitiu que Satanás tentasse severamente e causasse intenso sofrimento e angústia em Jó, e isto, no final das contas, serviu para o seu bem. O patriarca nunca amaldiçoou a Deus, e Satanás foi derrotado. No final Jó teve um maior conhecimento de Deus e de sua própria pecaminosidade, “e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra” (Jó 42:10). “Assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro.” Também lhe foram dados outros sete filhos e três filhas, e “em toda aquela terra não se acharam mulheres tão formosas” (Jó 42:12 e 15).
As Parábolas de Mateus 13
No Novo Testamento temos a atividade de Satanás salientadas em algumas das parábolas que o Senhor dá no tocante ao reino dos céus em Mateus 13.
Na primeira parábola, a do semeador, o Senhor disse que parte das sementes “caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram” (v. 4). Explicando a parábola, o Salvador disse que “a semente é a palavra de Deus. A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos” (Lucas 8:11-12, também Mateus 13:19).
Vemos aqui a atividade de Satanás impedindo a Palavra de Deus de ser semeada no terreno apropriado, no coração dos homens, evitando que eles creiam no evangelho e sejam salvos. É fácil entender que a beira do caminho é um solo endurecido pelo tráfego do mundo, e que ali a semente da Palavra de Deus só fica na superfície. O diabo então pode facilmente arrebatar a semente ao ocupar-nos com outras coisas, fazendo com que a Palavra de Deus seja esquecida.
Na segunda parábola, a boa semente é lançada no campo e, “enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se” (v. 25). O joio é uma nociva erva daninha que parece com o trigo. Na explicação desta parábola, o Senhor disse: “O que semeia a boa semente é o Filho do homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que semeou é o diabo” (vv. 37-39). O Senhor apresenta nesta parábola a atividade de Satanás como um inimigo em malévola oposição à semeadura da boa semente da pura Palavra de Deus.
Satanás tem estado ocupado na semeadura de seus falsos e enganosos ensinos, que são representados pelo joio. A figura do joio está para a imitação, o engano e a corrupção. O diabo lança sementes de engano e imitação que envenenam e corrompem a mente e o coração da humanidade. Ele tem um evangelho imitado, moderno; um Cristo imitado, falso; uma igreja imitada, falsa. Dessa forma busca destruir o verdadeiro cristianismo, que é uma obra de Deus, introduzindo no lugar uma brilhante imitação da coisa real. Aqueles que aceitam os malignos ensinamentos de Satanás tornam-se espiritualmente ligados a ele, vindo a ser “filhos do maligno”, como disse o Senhor. O caráter destes é moldado segundo suas inspirações e influenciado segundo os sutis ensinamentos dele.
Um anjo de luz
Nos dias do apóstolo Paulo, ele encontrou aqueles que praticavam as obras de engano de Satanás. Eles semearam seu venenoso joio e demonstraram que eram filhos do maligno. Observem como Paulo os descreve aos coríntios: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras” (2 Coríntios 11:13-15).
Quando condiz com seus propósitos, ele vem como anjo de luz e ministro de justiça. Ele tem ministros que citam as Escrituras como ele próprio fez quando tentou ao Senhor Jesus no deserto. Só que eles torcem e distorcem as Escrituras, como afirmou o apóstolo Pedro em sua segunda epístola (2 Pedro 3:17). O apóstolo Paulo também escreveu aos crentes da Galácia acerca daqueles que perturbaram e perverteram (distorceram) o evangelho de Cristo (Gálatas 1:7). O diabo é o grande enganador que age por intermédio de seus servos, os quais têm sido enganados por ele e buscam enganar e seduzir outros.
Paulo escreveu a Timóteo que “nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1 Timóteo 4:1-2).
Mediante espíritos de engano e mentira há ensinos demoníacos sendo atrevidamente proclamados em muitos lugares na atualidade sob a bandeira do cristianismo. O apóstolo João nos exorta a provar “os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4:1). Temos de provar tudo à luz da íntegra da Palavra de Deus e não apenas tomar textos isolados e dar a eles a nossa própria interpretação. O profeta Isaías há muito declarou: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Isaías 8:20).
Um leão que ruge
Satanás é também mencionado na Bíblia num caráter completamente diferente. O apóstolo Pedro escreveu aos cristãos de seus dias que eles deveriam ser “sóbrios e vigilantes”. Porque o “diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1 Pedro 5:8-9).
A figura de um leão que ruge apresenta Satanás como o perseguidor do povo de Deus. Os cristãos primitivos sofreram muito com o ódio e os intentos de Satanás de pôr fim ao testemunho cristão mediante tratamentos desumanos e morte. A palavra à assembléia em Esmirna foi: “Não temas as cousas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova… Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
O nosso grande adversário continuou a sua implacável oposição à igreja de Deus através dos séculos até os dias atuais. Os homens cruéis que infligem perseguição e sofrimento aos servos de Deus nada mais são que ferramentas nas mãos do diabo.
Um inimigo derrotado
Para o cristão, Satanás é um inimigo derrotado! Jesus Cristo tomou parte na carne e no sangue “para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hebreus 2:14-15).
Como Senhor ressuscitado, Jesus declarou: “Não temas; eu sou… aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:17-18). Como Aquele que conquistou a vitória sobre Satanás, a morte e a sepultura, irá um dia prender e selar o diabo no abismo, onde ele ficará até se completarem mil anos.
Finalmente, o Senhor lançará Satanás para dentro do lago de fogo e enxofre, onde este será atormentado pelos séculos dos séculos (Apocalipse 20:1-3, 10). Por isso o apóstolo Tiago nos diz: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).
O pai da mentira
Embora Satanás tenha sido derrotado por Jesus Cristo, ele continua um inimigo implacável em sua guerra contra Deus e Seu povo. Assim, é importante que tomemos ciência das táticas e caminhos de nosso grande adversário. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: “Que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (2 Coríntios 2:11).
Ele também exorta os crentes de Éfeso a não ser “mais… agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4:14). Tais coisas, sem dúvida alguma, são inspiradas por Satanás, o pai da mentira.
O Senhor Jesus disse aos fariseus que O odiavam: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu digo a verdade, não me credes” (João 8:44-45).
A peneira de Satanás
Um exemplo da obra de Satanás contra os crentes em Jesus é dado pelo próprio Senhor em Suas palavras a Pedro em Lucas 22:31-32: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos”.
Satanás requereu a pessoa de Pedro, o líder dentre os apóstolos, para peneirá-la como trigo. Talvez ele tenha observado alguma autoconfiança em Pedro e então o pleiteou para testá-lo e sacudi-lo fortemente em seu peneirar, da mesma forma que fez com Jó séculos antes. É provável que ele tenha pensado poder levar Pedro à desgraça e ruína como apóstolo e testemunha de Cristo. Mas, de qualquer modo, essa reivindicação que Satanás faz no tocante a Pedro manifesta sua inimizade e propósitos de fazer o mal ao seguidor de Cristo.
Contudo, é muito bom observar que o Senhor, a quem Pedro amava e seguia, conhecia todos os intentos de Satanás e permitiu que Pedro caísse na peneira do inimigo. Mas primeiro Ele avisou a Pedro acerca disso e assegurou que já havia orado por ele, a fim de que a sua fé não desfalecesse.
O Senhor em Seu amor viu que era necessário Pedro ser peneirado a fim de trazer à luz todo o joio da autoconfiança que havia nele, pois o que fica na peneira é somente o joio imprestável. O verdadeiro trigo passa pela peneira, e Satanás somente fica com o joio.
Tanto Pedro como o Senhor Jesus ganharam através da experiência que o diabo infligiu. Pedro falhou terrivelmente ao negar o Senhor três vezes, mas chorou amargamente de arrependimento depois de o galo cantar e o Senhor fixar os olhos nele. Ele foi levado a perceber o quanto ele mesmo era fraco.
A oração do Senhor por ele sustentou a sua fé. Por meio dela ele foi restabelecido e restaurado para o Senhor. Agora ele estava mais capacitado para uma tarefa que viria depois: confirmar e fortalecer seus irmãos — o que ele fez na força do Senhor. Satanás só pode tocar num filho de Deus se o Senhor lhe permitir, e nunca sem a intercessão do Senhor por nós.
Judas e Satanás
Uma ilustração bem diferente de como Satanás logra vitória em sua obra como adversário de Cristo é visto em Judas Iscariotes. Ele foi escolhido como um dos doze apóstolos por Cristo, que conhecia tudo acerca de seu verdadeiro caráter. Certa vez o Senhor disse aos doze: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze” (João 6:70-71).
Veremos mais tarde que Satanás entra em Judas e o usa como instrumento seu na ocasião em que Cristo foi traído para a multidão que O prendeu e O conduziu ao sumo sacerdote e aos anciãos. Mas antes que isso acontecesse, Judas era um ladrão e roubava da bolsa de dinheiro do grupo apostólico, como João 12:6 nos diz. Ele era avarento e amava o dinheiro. É por isso que o vemos indo ter com os principais sacerdotes e dizendo a eles: “Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar” (Mateus 26:14-16).
A próxima coisa que lemos acerca de Judas é logo após o final da ceia da páscoa, que diz: “tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus” (João 13:2). Embora Judas tenha acompanhado o Senhor em Seu tremendo ministério de três anos e meio, ouvido todas as Suas maravilhosas palavras e testemunhado Seus graciosos atos de misericórdia e milagres, seu coração permaneceu endurecido diante de tudo isso. Ele continuou com sua gatunagem e avareza, que abriram seu coração para levar a cabo os malignos desígnios de Satanás.
Na última ceia, o Senhor molhou um pedaço de pão e o deu a Judas. Era costume do anfitrião honrar um convidado, e isto indicava uma manifestação de amor. Lemos que “após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás… Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite” (João 13:15-30). Judas deu as costas a este último apelo de amor do Senhor, e então Satanás o possuiu para fazer sua obra de traição, entregando Jesus a Seus inimigos com um beijo de falsidade.
Quando Judas viu que Jesus fora condenado, “tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mateus 27:3-5).
Esse foi o trágico fim de alguém que estava tão próximo do Salvador, sem, contudo, jamais entregar seu coração e alma a Cristo. Em vez disso, ele deu ouvidos a Satanás e foi possuído por ele para trair e entregar o amado Mestre aos que eram servos do diabo e queriam a morte de Jesus.
Embora Judas tivesse sentido remorso pelo que fez – um profundo e torturante senso de culpa –, ele não se arrependeu verdadeiramente ou mesmo se voltou ao Senhor contra quem ele tinha pecado. Em vez de se arrepender diante de Deus, ele saiu e cometeu suicídio. Pedro mais tarde disse: “Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar” (Atos 1:25). Ele não foi para o paraíso como aconteceu ao arrependido e moribundo ladrão na cruz. Quão triste é a história de Judas, que vendeu sua alma a Satanás por dinheiro. Verdadeiramente “melhor lhe fora não haver nascido!” (Mateus 26:24), como disse o Senhor Jesus.
Que lição admoestadora é Judas para qualquer pessoa religiosa! Ele recebeu o grande privilégio de ter convivido tão proximamente ao Senhor, mas nunca teve uma relação vital de fé em Cristo, o seu coração nunca se rendeu a Ele. Que contraste entre Judas e o apóstolo Pedro, que falhou mas amava o Senhor, e arrependido de fato foi restaurado e grandemente usado em Seu serviço.