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As vestes bordadas do Espírito

Em Romanos 13 existe uma linda parábola na qual o apóstolo, descrevendo o fim do período da noite e a breve chegada do amanhecer, incita a todos que despertem do sono, lancem fora as obras da noite – a veste que pertence à noite –, e se vistam para o dia com a armadura da luz, a qual, ele explica, é o revestir-se do Senhor Jesus.

Se estamos aguardando a vinda do Senhor, não queremos ser encontrados dormindo ou despreparados para Sua presença, conforme aconteceu com a noiva que ouviu a voz do Amado à porta, mas não estava preparada, pois havia despido sua túnica (Ct 5.3). Queremos antes ser como a Noiva em Apocalipse: “Regozijemos e exultemos e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro e já Sua noiva se preparou. E foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos” (19.7,8)

Existe uma diferença evidente entre as vestes de linho fino e as vestes que tipificam o próprio Senhor. Lemos que o linho fino representa as obras justas dos santos, as obras que os crentes, pelo poder do Espírito Santo, são capacitados a realizar para a glória do Senhor, não para a deles próprios. É-nos dito: “Dai-lhe glória”, porque “Sua noiva já se preparou”.

Essas vestes podem ser chamadas de vestes bordadas pelo Espírito, mas elas devem vir de Deus do mesmo modo como as que chamamos de vestes dadas por Deus. Os atos mencionados devem ser realizados no poder do Espírito Santo, e não como simples resultado da energia carnal. Tendo sido salvos e feitos idôneos para a presença de Deus, nossa vida deve trazer glória a Deus. As obras justas realizadas em nossa própria força, antes e depois de crermos, são apenas trapos de imundícia; mas as obras justas realizadas na dependência do poder do Espírito Santo são como o linho fino.

As vestes dadas por Deus e as tecidas pelo Espírito ilustram de modo notável a dupla satisfação do crente. Em Hebreus 10 lemos: “Temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre” (v. 10). As palavras “temos sido santificados” referem-se a nossa posição em Cristo, a santificação aperfeiçoada que é nossa diretamente por estarmos unidos a Ele: “O qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1Co 1.30). Nada podemos acrescentar a ela: está consumada, aperfeiçoada. Mas em Hebreus 10.14 é dito que “com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados”, referindo-se a uma santificação progressiva. Nossa experiência é nos manter em harmonia com nossa posição e diariamente nos tornar mais semelhantes a Cristo. Somos santificados pelo poder do Espírito Santo, e esta é uma santificação progressiva. As vestes dadas por Deus representam a santificação atual, perfeita em Cristo; as vestes bordadas pelo Espírito indicam a santificação progressiva.

A noiva no Salmo 45.14 deve ser levada ao Rei vestindo roupas bordadas; não em roupas feitas na máquina, mas com vestes feitas ponto por ponto na vida. Para isso, diligência e habilidade dadas por Deus são necessárias. “A sonolência cobrirá de trapos o homem” (Pv 23.21); porém, a mulher sábia de Provérbios 31.22 é apresentada fazendo “para si cobertas […] de linho fino e de púrpura é o seu vestido”. Devemos ser, portanto, diligentes no serviço do Senhor, a fim de sermos como as pessoas mencionadas em 1Crônicas 4.21, os da casa de Asbéia que fabricavam linho fino. Asbéia significa “súplica ardente” e, desse modo, representa um pequeno grupo que pertencia à casa de oração, cuja vida era gasta na fabricação de linho fino.

As roupas feitas pelo Espírito não podem ser iniciadas antes que os trapos de imundícia, isto é, as roupas feitas pelo homem, sejam postas de lado e as vestes dadas por Deus sejam aceitas, ou seja, o Senhor Jesus, nossa justiça!

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (27)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Qualquer pecado é mais ou menos hediondo, dependendo da honra e majestade daquele a quem tínhamos ofendido. Uma vez que Deus é infinito em honra, infinito em majestade e infinito em santidade, o pecado mais leve é de conseqüência infinita. O menor pecado é nada menos do que traição cósmica quando percebemos contra quem pecamos.

(Jonathan Edwards)

Quem ama a vinda do Senhor não é aquele que afirma que ela ainda está distante nem aquele que diz que está próxima. É aquele que, esteja ele distante ou próxima, aguarda-a com fé sincera, esperança firme e amor fervoroso.

(Agostinho)

Medite, não nos confortos que você quer, mas nas misericórdias que você tem. Olhe antes para a finalidade de Deus ao afligir, do que para a medida e grau em que você é afligido.

(Christopher Love)

Em cada texto da Escritura existe um caminho para Cristo.

(Charles Haddon Spurgeon)

Por um lado costumamos considerar a emoção como sendo da alma, e em conseqüência rapidamente catalogamos como sendo da alma aos que se emocionam ou se entusiasmam com facilidade. Por outro lado esquecemos que ser racional não faz absolutamente ninguém espiritual. Este entendimento errôneo de espiritualizar uma vida racional deve ser evitado, da mesma maneira que também terá que evitar o julgamento errôneo de confundir uma vida predominantemente emocional com espiritualidade.
E outra coisa mais: não devemos jamais reduzir a função de nossa alma a uma inatividade mortal. Antes, possivelmente, nunca tínhamos contemplado nosso sentimento e nossa emoção como sendo da alma com um pouco de interesse e vivemos de acordo com esse fato.
Entretanto, mais adiante percebemos nosso engano e então suprimimos estas emoções por completo. Uma atitude semelhante pode parecer-nos muito boa mas não nos fará mais espirituais. Se meu leitor entender erroneamente este ponto — e pouco importa se pouco ou muito —, sei que sua vida «se secará». Por que? Porque seu espírito, sem nenhuma oportunidade de expressar-se, ficará aprisionado por uma emoção amortecida. E depois disto há outro perigo: que ao suprimir em excesso sua emoção, o crente terminará convertendo-se em um homem racional, não espiritual, e desta maneira continuará sendo da alma, embora de uma forma diferente. Entretanto, a emoção da alma, se expressa o sentimento do espírito, é muito valiosa, e, por sua vez, o pensamento da alma, se revela o pensamento do espírito, pode ser muito instrutivo.

(Watchman Nee)

Aqueles que deixaram a mais profunda marca nesta Terra amaldiçoada pelo pecado foram homens e mulheres de oração. Você descobrirá que a oração é a força poderosa que tem movido não somente a mão de Deus, mas também o homem.

(D. L. Moody)

Um dos maiores perigos da vida espiritual é viver em função de suas próprias atividades. Em outras palavras, a atividade não está em seu devido lugar como algo que você faz, mas tornar-se algo que o leva a manter-se em movimento.

(Martyn Lloyd-Jones)

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Escatologia Igreja Jessie Penn-Lewis

A Igreja no tempo do fim

Esta é uma hora de grandes movimentos. O mundo todo está num estado de revolta, e “visões mundiais” de todos os tipos estão prendendo a muitos. A grande questão é: estão essas “visões mundiais” em harmonia com a Palavra de Deus? O diabo pode dar “visão mundial” (Mt 4.8), e por essa razão é necessário que tenhamos nossa visão ajustada às condições que a Bíblia revela como as que caracterizariam os últimos dias.

Vamos primeiramente olhar, de maneira breve, a mensagem do Senhor glorificado para Filadélfia, conforme registrado em Apocalipse 3.7-13, pois esta é a primeira referência à Sua “vinda breve” que encontramos nestas cartas às Igrejas.

1. A verdadeira Igreja no tempo do fim

Note que (1) será um tempo em que tudo ao redor dos cristãos será tão antagônico para todo serviço do evangelho que somente o próprio Senhor estará apto a abrir portas para Sua mensagem e Seus mensageiros e mantê-las abertas (vv. 7,8); (2) um tempo em que Seu povo terá apenas “pouca força” comparado às forças contra ele; (3) um tempo em que o máximo que é possível será vitória negativa, isto é, a vitória do que eles não farão, e não do que eles são capazes de cumprir — “não negaste o Meu nome” (v. 8).

No mundo religioso (4) será um tempo de confissão (v. 9) sem verdadeira comunhão com Deus, e (5) um tempo em que a única palavra que o Senhor falará ao Seu povo será “paciência”: “guardar a palavra da Minha paciência” (v. 10). Nada mais será possível. Nada de “progresso” ou “faça grandes coisas”, mas paciência. Nessa condição, da paciência de Deus trabalhada em Seus santos, Ele será capaz de mantê-los no “recôndito do Seu tabernáculo” durante as trevas que precedem a hora terrível que está por vir sobre a terra habitada (v. 10). Se o Seu povo é impaciente, eles não podem ser guardados de ser envolvidos nas tribulações e sofrimentos, pois a impaciência leva o crente para fora do cuidado poderoso de Deus, provavelmente mais do que qualquer coisa.

O Senhor, portanto, fala: “como guardaste a palavra da Minha paciência, também Eu te guardarei”. Para os santos será também (6) um tempo de conflito, no qual o preço da coroa está em risco. “Guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa” (v. 11).

2. A condição do mundo no tempo do anticristo

Agora vamos passar a ver as condições do mundo nos últimos dias, quando o anticristo tiver sido revelado, conforme registrado em Apocalipse 13.1-18. Aqui temos uma figura completa do reino do anticristo em dois aspectos: civil e religioso.

Quando a “besta”, o anticristo, obtém o trono do mundo, e “grande autoridade”, a condição das coisas, como descrita em Apocalipse 13, não terá chegado àquele ponto repentinamente, mas será o resultado climático de trabalhos forjados previamente por espíritos do anticristo (ver 1Jo 2.18). Conseqüentemente, quanto mais perto chegamos da volta do Senhor, mais os crentes descritos na mensagem à Filadélfia se encontrarão à negra sombra do reinado vindouro da besta e serão capazes, à luz da Palavra de Deus, de ver progressivamente as evidentes características marcantes do terror por vir.

Vamos ver brevemente algumas das linhas centrais do que é descrito em Apocalipse 13 e nos perguntar se já não vimos alguns dos sinais daquilo que está à frente. Note primeiramente que toda situação será resultado direto dos planos e do poder do dragão. “O dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono e grande autoridade” (v. 2). Diz claramente que o dragão governará o mundo através de dois instrumentos: a besta — o anticristo —, como cabeça de toda autoridade civil, e o falso profeta, como cabeça de todos os movimentos religiosos da época (vv. 11,12).

Observe algumas das características fundamentais da besta: (1) ela recebe adoração, reverência de todo o mundo, e, através desta reverência à besta, o dragão obtém adoração mundial, pela qual havia anelado desde o momento em que disse, em eras remotas: “serei como Deus” (Is 14.14). Sua grande ambição é obter a adoração devida apenas ao Mais Elevado, e ele obtém isso por um breve período antes do Senhor retornar em glória. (2) Observe as descrições impressionantes dadas das características principais da besta, pelas quais “toda a terra se maravilhou” dela e rendeu-lhe adoração. Ela teve uma “chaga mortal” que foi curada.

A besta foi1 alguém miraculosamente curado. E curado tão assombrosamente que “toda a terra se maravilhou” e se curvou diante de tal evidência de poder sobrenatural. Isso mostra claramente que o dragão é capaz de “curar” e falsificar a ressurreição do Senhor, e que o anticristo e o falso profeta obterão seu poder sobre “todos os que habitam sobre a terra” inteiramente pelo poder satânico. (3) A influência da besta foi exercida principalmente através do discurso; “falando grandes coisas e blasfêmias”; ela blasfemou contra Deus, contra Seu nome, contra Seu tabernáculo, contra os céus e os redimidos que habitam no céu. Que terrível descrição do estado do mundo sob o governo do arcanjo caído, Satanás! Blasfêmias abertas contra Deus e contra todos os que Lhe pertencem, penetrando através de “toda a tribo, e língua, e nação”. (4) À besta foi permitido fazer guerra aos santos, para vencê-los e matá-los e, ao fazê-lo, ele aparentemente se torna o mestre de toda terra habitada (v. 7).

3. O cordeiro falsificado e seus milagres

Na segunda besta, vemos uma descrição extraordinária de uma imitação sobrenatural da verdadeira obra do Espírito Santo de Deus. Parece que o anticristo pode apenas obter e manter seu poder sobre toda a terra por meio de uma falsa religião, com sinais dos céus para provar que ela veio de Deus. A figura toda (vv. 11-18) é de uma imitação sobrenatural de realidades divinas — não de apostasia intelectual — e de uma forma de divindade sem o poder.

A segunda besta ressuscita na forma de um cordeiro, imitando Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, apenas distinguível do verdadeiro por seu discurso, por seus ensinamentos e doutrinas. Ele se parecia com um cordeiro, mas falava como um dragão (v. 11). Ele tinha poder equivalente ao da primeira besta, com semelhante influência (v. 12), e foi totalmente devotado a induzir todos os habitantes da terra a adorar o anticristo e, não vamos nos esquecer, tudo isto por trás do anticristo, o dragão (v. 4).

Como o falso cordeiro obtém a “adoração”? (1) Ele fez “grandes sinais” (v. 13). (2) Ele fez descer fogo do céu, não de baixo, mas do céu, no qual o príncipe do poder do ar vagueia à vontade (v. 13). (3) Ele engana os habitantes da terra por meio de milagres (v. 14). (4) Ele estava apto a dar vida a uma imagem da besta e induzi-la a falar (v. 15), mas tudo será forjado pelo “poder” suprido pelo dragão.

4. Os santos vencedores no tempo do anticristo

E os cristãos verdadeiros? Não há exceções para esta reverência mundial à besta e para o dragão por trás dela? Sim! Os santos do Calvário viram o poder por trás dos fatos, e recusaram-se a adorar (v. 8). E qual foi o resultado? A besta tinha “poder para fazer com que todos os que não adorassem (…) fossem mortos” (v. 15).

Aqui há um vislumbre do poder do dragão para matar os santos que se recusam a reverenciá-lo. E posteriormente, “faz que a todos (…) lhes seja posto um sinal (…) para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal” (vv. 16, 17). Isso foi para subjugar pela fome aqueles que não adorassem. No mundo ímpio, podemos ver o crescente trabalho de espíritos anticristãos blasfemando contra Deus, e no mundo religioso, espíritos anticristãos imitando Cristo e fazendo grandes maravilhas.
Diante deste quadro panorâmico dos dias vindouros, e do inegável fato de que já estamos na preparação mundial para sua plena manifestação, a grande questão para a Igreja agora é: “O que esperamos de Deus em tal tempo?” As Escrituras nos mostram Deus fazendo “sinais e prodígios” em competição com as “imitações” que o espírito do anticristo e do falso profeta já está fazendo na terra? Ou a figura enfatiza que o único poder que capacitará os santos a permanecer nos dias maus é o conhecimento da cruz, e que o único caminho para eles é o caminho da cruz?

5. Os santos do Calvário antes e durante o reinado da besta

“Todos (…) adoraram-na, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida, do Cordeiro morto desde a fundação do mundo” (v. 8). O quadro é de todos os habitantes da terra dando ao dragão adoração, exceto, em toda a terra, dos santos do Calvário, aqueles que sustiveram a única verdade do Cordeiro morto, e aqueles que preferem morrer por Ele a render um ato sequer de adoração ao dragão (Ap 12.11). Isso não se parece com Deus vindo com sinais e prodígios para combater os imitações de Satanás. Antes, isto está na linha dos princípios da obra de Deus descritos pelo Senhor. “E nenhum sinal lhes será dado, senão o sinal do profeta Jonas” (Mt 16.1-4). “Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e noites no seio da terra” (12.38-40). O único sinal que Deus deu aos judeus que pediram a Cristo um “sinal do céu” foi sua morte no Calvário, e o grande sinal que haverá Dele nos dias do anticristo será Seu testemunho da morte resgatadora de Seu Filho por meio daqueles que partilham do Espírito de Cristo, sacrificando a própria vida por Ele.

Isso parece confirmado também em Apocalipse 20.4-6. Aqueles que “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” eram aqueles que tinham sido mortos por seu testemunho do Cordeiro morto e por manter a Palavra de Deus, e eram estes os que não adoraram a besta nem receberam sua marca para poder comprar e vender e, então, viver. Pelo fato de todas essas condições estarem presentes na terra, parece claro que não há promessa para os últimos dias de movimentos de “sinais e prodígios” dados por Deus, nem mesmo de um ajuntamento rápido de multidões de almas para Cristo. Mas haverá movimentos mundiais permitidos pelo príncipe do poder do ar quando o evangelho da cruz será omitido ou obras fraudulentas de espíritos do anticristo visando a encobrir a mensagem da cruz em seu pleno poder. Tampouco há base alguma para esperar por um triunfo visível dos santos vencedores, pois “foi-lhe [à besta] permitido fazer guerra contra os santos e vencê-los” (Ap 13.7).

6. O conhecimento da cruz é necessário nos últimos dias

“O Cordeiro morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). É surpreendente encontrar essa declaração no meio do manifestado reinado do anticristo sobre o mundo. A expressão engloba toda a obra de Cristo no Calvário, como o Cordeiro que morreu por aqueles cujo nome está no Seu livro da vida. A única necessidade para os filhos de Deus no tempo do fim é conhecer, em toda a sua plenitude, o significado da cruz, para usar isso como uma arma de vitória sobre o dragão em todos os seus vários ataques contra o povo de Deus.

7. Como distinguir o verdadeiro poder do falso

Não há também “obras elevadas”, “curas” de Deus e “milagres” feitos por Ele? Seguramente há, mas a diferença entre as obras forjadas do anticristo e a obra do Espírito Santo é que o verdadeiro poder de Deus invariavelmente alcança a alma via Calvário, não por meio de espetacular “competição” com os prodígios prenunciados dos espíritos de Satanás, de modo que o mundo espectador dos homens não pode distinguir o falso do verdadeiro, mas numa profunda aplicação trabalhada interiormente, pela palavra da cruz como o poder de Deus, pelo Espírito de Deus, por meio do qual o crente é liberto, não apenas do poder do pecado, mas também é-lhe dado conhecer, em sua carne mortal, a vida pela qual Jesus venceu a morte em toda a força do seu poder.

Os “milagres” de Deus não são sempre externamente cumpridos, mas trabalhados no íntimo do espírito do homem via Calvário. Mais profundo e mais pleno do que qualquer cura do corpo é a maravilhosa obra de Deus, pela qual “aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos” vivifica o corpo mortal (Rm 8.11) do crente, tanto que ele é “entregue à morte diariamente por causa de Jesus” (2Co 4.10-12).

“Por seus frutos o conhecereis”, disse o Senhor a seus discípulos, pois o fruto, como resultado da vida interior, revela a origem oculta de ação. “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus (…) muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7.15-23). Os feiticeiros no Egito, trabalhando pelo poder de Satanás, puderam produzir “sangue” falso (Êx 7.22) e o inimigo sutil é capaz de introduzir seus “prodígios” sob uma imitação do “sangue do Cordeiro”, como visões do “sangue” cobrindo a alma, e “rios de sangue” enchendo uma sala. Mas o sangue do Senhor Jesus Cristo fala nos céus no trono de misericórdia, e não tem forma material em sua aplicação para o crente.

“Os discípulos chegaram-se a Ele, em particular, e lhe pediram: Dize-nos (…) que sinal haverá (…) da consumação do século. E ele lhes respondeu, dizendo: porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.3,24). Ele não diz que enganar os eleitos não é possível, mas, sim, que o propósito do impostor é alcançá-los.

“Vede que vo-lo tenho predito”, disse o Mestre, mostrando claramente que é através de “sinais e prodígios” que o perigo virá aos sinceros filhos de Deus, num tempo em que anormalidades serão abundantes, e em que o amor esfriará de muitos. Nestes dias perigosos vamos vigiar e ser sóbrios (1Ts 5.6; 1Pe 4.7).

1No original, o verbo está no passado, provavelmente para concordar com os verbos em Apocalipse, todos sempre no passado. (N.E.)

(Extraído da extinta revista O Chamamento Celestial 4, publicada por CCC Edições, abril de 2002)

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