O mais doce relacionamento que existe entre um homem e uma mulher é o de esposo e esposa. O mais doce relacionamento que existe entre Deus e o homem é o de esposo e esposa. Israel é a esposa de Deus e a Igreja será a esposa do Senhor Jesus Cristo. Existem muitas esposas no Antigo Testamento que, em seu relacionamento com o marido, tipificam, simbolizam ou ilustram algum aspecto particular do relacionamento entre Cristo e Sua Noiva. Neste artigo, queremos considerar Eva como um tipo da Igreja, a Noiva de Cristo.
Nossa convicção, nascida de oração e estudo da Palavra, é que, embora as expressões noiva e igreja possam ser sinônimas, elas são diferentes; porém, semelhantes a corpo. Eva como a noiva de Adão tipifica a igreja, a Noiva de Cristo em dois aspectos:
1. Como a Noiva em predestinação. Quando Deus criou Adão e Eva, eles eram uma pessoa. Eva estava em Adão. Seu nome, embora sendo duas pessoas numa, era Adam (singular). Para que Adão fosse socialmente completo, Eva precisou ser tirada dele e feita uma personalidade distinta e depois levada a ele para que ele pudesse ter comunhão com ela. Efésios 1.4 fala da igreja como estando em Cristo antes da fundação do mundo. Assim, para que Jesus fosse socialmente completo, a igreja precisava ser tirada Dele e feita uma personalidade distinta e apresentada a Ele para comunhão por toda a eternidade.
Deus fez com que um profundo sono caísse sobre Adão e, durante esse período de tempo, Ele abriu-lhe o lado e tirou uma porção de seu corpo, do qual fez Eva, sua noiva. Ela era o universo e o complemento de Adão – seu outro ego. Da mesma forma, quando Cristo morreu, Seu lado foi aberto e surgiu aquela parte de Seu corpo que trouxe à existência Sua Noiva, a Igreja. Assim como Adão era incompleto sem Eva, assim Cristo era incompleto sem Sua noiva, a Igreja, Seu corpo e plenitude Daquele que a tudo enche. Por meio de Adão, Eva recebeu toda a sua dignidade, posição e bênção. Por meio de Cristo, a igreja na mente de Deus como a noiva de Cristo, foi predestinada e pré-ordenada desde a eternidade. Eva estar em Adão desde o dia da criação tipifica e ilustra maravilhosamente a Igreja na predestinação.
2. O segundo fato tipificado por Adão e Eva é relativo à composição ou constituição da Igreja. Tudo o que Deus faz é segundo um modelo, em número, peso e medida. Quando arquiteta um plano ou modelo, Ele nunca o muda, mas prossegue ao longo das eras, operando segundo Seu próprio modelo, que é perfeito desde o princípio. Tem-se tornado axiomático entre os estudantes de tipologia que, a primeira vez que um tipo ocorre, o modelo é estabelecido. Mas, nos tempos de Adão e Eva, temos muito mais do que simplesmente um tipo de ilustração. Aqui está uma norma divina e perfeita que nunca é mudada. Aqui está uma prova infalível e confirmada por muitas outras Escrituras que a companhia escolhida que há de formar a noiva de Cristo é apenas uma pequena parte do corpo de Cristo. A noiva é tirada do corpo e, no mais elevado sentido, o corpo de Cristo, assim como Eva é o corpo de Adão, mas não todo o seu corpo. Considere o relacionamento proporcional entre uma costela e o resto do corpo. Quando Eva foi tirada do corpo de Adão, ela foi chamada de isha, que significa “tirada do homem”, que era chamado de ish. Temos a mesma expressão em inglês: ela foi chamada de woman (man significa homem), porque foi “tirada do homem”. [Algumas traduções em português trazem varoa e varão para indicar esse fato registrado no hebraico. (N. do E.)]
Em 1Coríntios, Paulo chama nossa atenção para o fato de haver muitas ordens ou companhias de indivíduos na terra. Todos os salvos do Antigo e os do Novo Testamentos não constituem um só grupo. Existem diferentes grupos de salvos no Antigo Testamento e diferentes grupos de salvos no Novo Testamento! Todos os santos do Novo Testamento formam o Corpo de Cristo, mas certo grupo (por sua própria escolha de sofrer com Ele, vencer o mundo, a carne e o diabo, e manter obediência fiel a Seus mandamentos e conquistar coroas concedidas por Deus) constitui aqueles que serão tirados do grande corpo dos santos do Novo Testamento para compor a Noiva de Cristo. Isso segue o modelo de Eva sendo tirada do corpo de Adão e se tornando sua noiva.
Possivelmente, nenhuma outra interpretação incorreta tem resultado num viver relaxado e num total desprezo para com os mandamentos do Senhor do que o ensinamento de que todo cristão, a despeito de como vive, é um membro da Noiva de Cristo e reinará com Ele. Esteja informado e saiba que, embora a vida eterna seja uma dádiva de Deus, os galardões e o governo são baseados na fidelidade a nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
Em Romanos 13 existe uma linda parábola na qual o apóstolo, descrevendo o fim do período da noite e a breve chegada do amanhecer, incita a todos que despertem do sono, lancem fora as obras da noite – a veste que pertence à noite –, e se vistam para o dia com a armadura da luz, a qual, ele explica, é o revestir-se do Senhor Jesus.
Se estamos aguardando a vinda do Senhor, não queremos ser encontrados dormindo ou despreparados para Sua presença, conforme aconteceu com a noiva que ouviu a voz do Amado à porta, mas não estava preparada, pois havia despido sua túnica (Ct 5.3). Queremos antes ser como a Noiva em Apocalipse: “Regozijemos e exultemos e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro e já Sua noiva se preparou. E foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos” (19.7,8)
Existe uma diferença evidente entre as vestes de linho fino e as vestes que tipificam o próprio Senhor. Lemos que o linho fino representa as obras justas dos santos, as obras que os crentes, pelo poder do Espírito Santo, são capacitados a realizar para a glória do Senhor, não para a deles próprios. É-nos dito: “Dai-lhe glória”, porque “Sua noiva já se preparou”.
Essas vestes podem ser chamadas de vestes bordadas pelo Espírito, mas elas devem vir de Deus do mesmo modo como as que chamamos de vestes dadas por Deus. Os atos mencionados devem ser realizados no poder do Espírito Santo, e não como simples resultado da energia carnal. Tendo sido salvos e feitos idôneos para a presença de Deus, nossa vida deve trazer glória a Deus. As obras justas realizadas em nossa própria força, antes e depois de crermos, são apenas trapos de imundícia; mas as obras justas realizadas na dependência do poder do Espírito Santo são como o linho fino.
As vestes dadas por Deus e as tecidas pelo Espírito ilustram de modo notável a dupla satisfação do crente. Em Hebreus 10 lemos: “Temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre” (v. 10). As palavras “temos sido santificados” referem-se a nossa posição em Cristo, a santificação aperfeiçoada que é nossa diretamente por estarmos unidos a Ele: “O qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação e redenção” (1Co 1.30). Nada podemos acrescentar a ela: está consumada, aperfeiçoada. Mas em Hebreus 10.14 é dito que “com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados”, referindo-se a uma santificação progressiva. Nossa experiência é nos manter em harmonia com nossa posição e diariamente nos tornar mais semelhantes a Cristo. Somos santificados pelo poder do Espírito Santo, e esta é uma santificação progressiva. As vestes dadas por Deus representam a santificação atual, perfeita em Cristo; as vestes bordadas pelo Espírito indicam a santificação progressiva.
A noiva no Salmo 45.14 deve ser levada ao Rei vestindo roupas bordadas; não em roupas feitas na máquina, mas com vestes feitas ponto por ponto na vida. Para isso, diligência e habilidade dadas por Deus são necessárias. “A sonolência cobrirá de trapos o homem” (Pv 23.21); porém, a mulher sábia de Provérbios 31.22 é apresentada fazendo “para si cobertas […] de linho fino e de púrpura é o seu vestido”. Devemos ser, portanto, diligentes no serviço do Senhor, a fim de sermos como as pessoas mencionadas em 1Crônicas 4.21, os da casa de Asbéia que fabricavam linho fino. Asbéia significa “súplica ardente” e, desse modo, representa um pequeno grupo que pertencia à casa de oração, cuja vida era gasta na fabricação de linho fino.
As roupas feitas pelo Espírito não podem ser iniciadas antes que os trapos de imundícia, isto é, as roupas feitas pelo homem, sejam postas de lado e as vestes dadas por Deus sejam aceitas, ou seja, o Senhor Jesus, nossa justiça!
“Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que Lhe assiste e O ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.29,30).
João tirou essa doce figura das passagens do Antigo Testamento que descrevem Jeová como o marido, e os homens simples, perdoados e santificados como a esposa: “Porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra” (Is 54.5). Nesta união tão íntima e santa, Jesus era uma parte. Portanto, a aplicação da figura a Ele significa que João sabia ser Jesus o Jeová do Antigo Testamento. João se regozijara grandemente com a voz do noivo e, neste sentimento, cumpriu a parte do “amigo do Noivo”, isto é, aquele que, segundo o costume oriental, procurava a noiva e a trazia ao noivo.
Assim fez o servo de Abraão, que buscou e encontrou Rebeca; com fidelidade zelosa ele encheu o coração dela de pensamentos sobre Isaque, não pensamentos sobre si mesmo. E, com cuidado vigilante, ele a protegeu na longa jornada, até apresentá-la a Isaque. Este servo não é uma figura do Espírito Santo, mas, antes, de pessoas como João, que sempre direcionam os homens para Jesus, atraindo-lhes as afeições para Ele, de modo que muitos como André, ouvindo João, seguem a Jesus.
Paulo aplica a si mesmo essa figura precisa de um servo de Deus, dizendo: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2Co 11.2). Ele os havia levado a se apaixonarem por Cristo, e estava “zeloso (deles) com zelo de Deus […] mas”, disse ele, “temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (v. 2).
Satanás deseja ardentemente que nosso coração se volte para qualquer outro objeto que não seja nosso Amado celestial. Não importa quem ou o que seja tal objeto. O amigo do Noivo tem preocupação ainda maior em manter os corações comprometidos com Cristo. Este é nosso bem-aventurado e verdadeiro trabalho: levar os outros a amarem a Cristo e mantê-los satisfeitos com Ele. O meio para isto, Paulo o indica nas palavras: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus” (2Co 4.5).
“Eu sou servo de Abraão” (Gn 24.34).
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22).
Durante o reino de Cristo na terra, Jerusalém, a “cidade do grande Rei” será sua metrópole terrena e o centro do mundo. Mas nas regiões celestiais haverá outra “cidade”, da qual aquela na terra é apenas um reflexo. Naquela região onde a essência do ser é espírito, Deus terá uma metrópole espiritual, sendo Ele mesmo o arquiteto que desenhou e o construtor que a edificou (Hb 11.10). E as pessoas da igreja dos primogênitos, espíritos aperfeiçoados habitando corpos espirituais incorruptíveis, formarão aquele lugar de habitação de Deus.
Durante a visão de Apocalipse, João ouvira uma grande multidão no céu regozijando-se porque a hora havia chegado para o tão esperado casamento do Cordeiro, mas ele ainda não havia visto a Noiva. E pode ser que, à medida que as poderosas visões progrediam, e a era milenar passava para o estado eterno, ele interiormente estranhasse tal omissão. Mas, depois que tudo fora mostrado a ele, a Noiva foi revelada para seu olhar extasiado, pois ele diz: “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me” – mostrou-me o quê? Uma noiva? Não – “uma cidade, a santa cidade de Jerusalém” (Ap 21.9,10).
Então, a “cidade” é a “noiva”, e visto que a última é figura de uma companhia de pessoas, a primeira também o é. A afirmativa de que a “cidade” é uma interpretação da figura de linguagem “noiva” não tem fundamento na passagem. O anjo não disse a João: “Vou interpretar ou explicar para você a metáfora da noiva”; porém, ele disse: “Mostrar-te-ei a noiva”, isto é,“vou te dar uma visão dela”. Assim “a cidade” é uma segunda visão em símbolo da mesma companhia da qual a “noiva” era o símbolo anterior. Tal duplicação de metáforas oriental é comum na Escritura. A figura da noiva não era mais adequada para revelar a glória da Igreja, nem seu mais elevado ofício como o lugar de habitação de Deus num universo reconciliado, do qual todos os ímpios haviam sido banidos. Por isso a cidade entra em cena; e a natureza, a arte e a linguagem se esgotam para descrever seu esplendor.
Ao interpretar a visão, um erro é particularmente comum, a saber: falar da cidade como sendo um lugar no qual todos os membros da igreja de Deus entrarão e serão abençoados. Essa noção efetivamente impede qualquer entendimento correto do assunto. A noiva, isto é, a igreja celestial glorificada dos primogênitos é a cidade. Outros salvos entram por suas portas; estes a compõem.
Pode ser difícil especificar um sentido exato para cada um dos detalhes dados, mas as principais características descritas prontamente oferecem seu ensino.
Em Seus santos celestiais, Deus habitará tão pessoalmente e estará presente de modo tão real, que eles serão para Ele o que uma cidade-capital era para um monarca: um lugar de residência, um cenário para a demonstração de Sua majestade, um lugar a que Seus súditos poderão vir para negociação com Ele e um centro de governo ao redor do qual a vida corporativa do império pode girar.
“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (21.14). Para os membros da igreja, esse não era um pensamento novo, pois lhes fora ensinado anteriormente que eles, como um corpo coletivo, eram “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20). Historicamente, é sobre a pregação, o ensino, o labor e os sofrimentos dos apóstolos que a igreja é edificada; e de seus ensinos Cristo Jesus mesmo era o tema todo proeminente (a principal “pedra de esquina”), unindo o fundamento e proporcionando unidade e estabilidade ao edifício.
“As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória” (Ap 21.24). Será sob a direção beneficente dos santos celestiais que as nações, por tanto tempo separadas“da vida de Deus pela ignorância que há” nelas (Ef 4.18), aprenderão a andar em Seu temor; e elas, por sua vez, honrarão estes que são assim a causa da sua eterna bênção.
Mas assim como será por reconhecerem a Israel como a principal nação sobre a terra pela vontade de Deus, é que os gentios reconhecerão a soberania de Deus. Portanto, por meio de Israel como intermediário é que eles desfrutarão das bênçãos dispensadas por meio da igreja; e por isso, nos portais da cidade está escrito o nome das doze tribos de Israel. Para os gentios, o meio de acesso às bênçãos celestiais será honrando a Israel (Is 14.2; 49.22,23; 60.12; 66.20; 66.20; Sf 3.10; Zc 8.20-23). Seria tão irracional “espiritualizar” o Israel literal desta figura (Ap 21.12) como “espiritualizar” os doze apóstolos do Cordeiro que são mencionados em seguida (v. 14).
O Espírito Santo de Deus fluirá assim através da igreja para a vivificação de todos, conforme a figura do rio da água da vida; e será em resposta à obediência que os povos terão seus benefícios do Rio, pois este procede do trono de Deus e do Cordeiro.
Na Jerusalém terrena dois montes são proeminentes: o monte Moriá e o monte Sião. O monte Moriá foi coroado com o templo de Salomão; porém, na Jerusalém celestial não é visto templo algum (v. 22), pois Deus não mais habita oculto atrás de um véu, visto que o Calvário tornou possível Sua habitação com os homens (21.3). Mas o monte Sião é fundado em Sua esfera eterna. Naquele monte, na cidade terrena, ficava o palácio de Davi (2Sm 5.7-9) e era a suprema corte de justiça para o reino, pois “ali estão postos os tronos e juízo, os tronos da casa de Davi” (Sl 122.5). Não um trono, mas tronos são mencionados. Quão preciso é o quadro profético das coisas que ainda hão de acontecer; pois Cristo, o Filho de Davi, associará consigo mesmo, em Seu ofício real, aqueles que foram considerados dignos de Seu chamamento e alcançaram este pináculo de honra, para reinar com Ele para todo o sempre (Ap 22.5). E, assim como muitos habitavam em Jerusalém e poucos comparativamente no monte Sião, não há aqui novamente a indicação de que os que hão de alcançar a bem- aventurança da “cidade” serão em número muito maior do que aqueles que serão coroados de honra e reinarão num trono no monte Sião? “Uma estrela”, mesmo sendo uma estrela de verdade, isto é, um ser celestial, “difere em glória de outra estrela” (1Co 15.41).
Daquele estado glorioso, eterno e supremo é declarada uma sétupla perfeição (Ap 22.3-5): “Ali não haverá mais maldição” – bênção e perfeição plenas –; “nela estará o trono de Deus e do Cordeiro” – governo perfeito –; “e os seus servos o servirão” – serviço perfeito –; “e verão a sua face” – comunhão perfeita –; “e nas sua frontes estará o seu nome” – semelhança e identificação perfeitas –; “e ali não haverá mais noite” – conhecimento e força perfeitos –; “e reinarão pelos séculos dos séculos” – glória perfeita.
A preparação da esposa aqui mencionada refere-se especialmente às vestes dela. Apocalipse 19.8 diz: “E lhe foi dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos”. A Escritura nos revela que há dois tipos de vestimenta para os cristãos. Uma delas é o Senhor Jesus. Jesus é nossa roupa. A outra é a vestimenta de linho fino, puro e resplandecente, que é mencionada aqui. Todas as vezes que nos apresentamos diante de Deus, o Senhor Jesus é nossa vestimenta. Ele é a nossa justiça, e nós O vestimos quando nos aproximamos de Deus. Essa vestimenta é nossa roupa constante, para que cada santo esteja vestido diante de Deus e não seja achado nu. Por outro lado, quando somos apresentados a Cristo, devemos estar ataviados com o linho fino, puro e resplandecente. Esse linho fino são os atos de justiça dos santos. A palavra no original está no plural, e pode ser traduzida como “justiças” ou “atos de justiça”, significando uma sucessão de atos justos, um após o outro. Estes, juntos, são nossa veste de linho fino. Desde o momento em que fomos salvos começamos a obter essa vestimenta de linho fino, nossos atos de justiça, para nosso adorno.
Podemos ver esses dois tipos de vestimenta para o cristão também em Salmos 45. O verso 13 diz: “A filha do rei é toda ilustre lá dentro; o seu vestido é entretecido de ouro”. (A idéia é que o material de sua vestidura é de ouro, ouro batido.) Então, o verso 14 diz: “Levá-la-ão ao rei com vestidos bordados”. As roupas mencionadas no verso 13 são diferentes das mencionada no verso 14. No verso 13, a vestimenta é de ouro, mas, no verso 14, a roupagem é bordada. Em Apocalipse 19, as vestimentas de linho fino são de obra bordada, não de ouro.
O que, então, é o ouro? O Senhor Jesus é o ouro. Ele é o ouro por ser totalmente de Deus. A justiça que o Senhor Jesus nos deu, a vestimenta que Ele colocou sobre nós quando fomos salvos, é feita de ouro. Mas, além dessa roupa, há outra veste que estamos bordando desde o dia em que recebemos a salvação. E esta são os atos de justiça dos santos. Em outras palavras, a roupa de ouro nos é dada por Deus por meio do Senhor Jesus, enquanto a roupa bordada nos é dada pelo Senhor Jesus por meio do Espírito Santo. Quando cremos no Senhor, Deus nos deu, mediante o Senhor Jesus, uma veste de ouro. Ela é o próprio Senhor Jesus [como nossa justiça] e de modo nenhum está relacionada com nossa conduta. Ela nos foi dada por Ele totalmente pronta. As roupagens bordadas, entretanto, estão relacionadas com nossas obras. Elas são feitas, ponto após ponto, pela obra do Espírito Santo em nós, dia após dia.
Qual é o significado do bordado? É o seguinte: originalmente há uma peça lisa de tecido sem nada sobre ela. Mais tarde, algo é bordado nela com agulhas, e, mediante essa obra, o tecido original e o que foi nela bordado com agulhas se tornam um apenas. Isso quer dizer que, quando o Espírito de Deus trabalha em nós, Ele incorpora Cristo em nós – isto é o bordado. Assim não teremos apenas a vestimenta de ouro, mas também uma roupagem bordada pelo Espírito Santo. Por intermédio desse trabalho Cristo, será incorporado em nós e manifestado por nós. Tal roupa bordada são os atos de justiça dos santos, e é um tipo de trabalho que não é feito de uma vez para sempre, e sim dia após dia, até que um dia Deus diz: “Está pronto”.
Talvez alguém possa perguntar: “O que especificamente são os atos de justiça mencionados aqui?” Os Evangelhos citam muitos atos de justiça, tal como o ato de Maria expressando seu amor pelo Senhor ao ungi-Lo com nardo puro. Isso foi sua justiça. Isso pode ser uma das linhas transversais ou longitudinais da sua vestimenta de linho fino. Houve outras, como Joana, a esposa de Cuza, e muitas outras mulheres que, por causa de seu amor pelo Senhor, supriram as necessidades materiais Dele e de Seus discípulos. Esses também são atos de justiça.
Muitas vezes nosso coração é tocado pelo amor do Senhor e nós o manifestamos externamente. Isso é a nossa justiça, nossa veste de linho fino. Esse é o bordado que está sendo feito hoje. Qualquer expressão que resulta de nosso amor pelo Senhor e que é feita pelo Espírito Santo é uma agulhada dentre as milhares de outras no bordado. A Bíblia nos diz que qualquer que der um copo de água fria a um pequenino de maneira nenhuma perderá seu galardão. Esse é um ato de justiça feito por amor ao Senhor. Quando temos alguma expressão ou ato de amor para o Senhor, isso é justiça.
Apocalipse 7 diz que essa roupa é branca. Ela foi lavada e branqueada no sangue do Cordeiro. Devemos nos lembrar que só podemos nos tornar brancos quando somos lavados de nossos pecados mediante o sangue. E não somente nossos pecados, mas nossa conduta também deve ser purificada. Ela também só pode ser branqueada sendo lavada no sangue. Não há um único ato de qualquer cristão que originalmente seja branco. Mesmo que tenhamos alguma justiça, ela tem mistura e não é pura. Muitas vezes somos gentis com as outras pessoas, mas interiormente estávamos contrariados. Muitas vezes somos pacientes com os outros, mas quando voltamos para casa murmuramos. Dessa forma, após termos feito algum ato de justiça, ainda necessitamos da purificação do sangue. Necessitamos do sangue do Senhor Jesus para nos purificar dos pecados que cometemos, e também para nos purificar de nossos atos de justiça.
Nenhum cristão pode fazer uma roupagem que seja totalmente branca. Mesmo que pudéssemos fazer uma que fosse 99% pura e branca, haveria ainda 1% de mistura. Diante de Deus, nenhum homem é inteiramente sem ofensa. Mesmo os bons atos feitos por amor a nosso Senhor carecem da purificação do sangue. Um homem muito espiritual uma vez disse que mesmo as lágrimas que ele derramou pelo pecado precisavam ser lavadas pelo sangue. Ah! Até as lágrimas do arrependimento devem ser lavadas pelo sangue! Portanto, em Apocalipse 7 é dito que suas roupas foram branqueadas no sangue do Cordeiro. Não possuímos nada de que possamos nos gloriar. Nada em nós, exterior ou interiormente, é inteiramente puro. Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais compreendemos o quão imundos somos; nossos melhores atos e intenções estão misturados com imundícia, e sem purificação do sangue é impossível ser branco.
Mas as roupagens aqui não são apenas brancas, mas brilhantes ou resplandecentes. A brancura tem a tendência de se tornar opaca, pálida e comum. Mas essa vestimenta não é apenas branca, mas resplandecente. Antes de pecar, Eva poderia ser branca, mas de maneira nenhuma poderia ser resplandecente. É verdade que antes da queda ela não tinha pecado, mas era apenas inocente, e não santa. Deus não requer que sejamos apenas brancos, mas também resplandecentes. A brancura é um aspecto passivo, inativo. O resplendor, porém, é um aspecto positivo e ativo.
Não devemos, portanto, ficar amedrontados com as dificuldades ou aspirar por um caminho tranqüilo, pois são os dias de dificuldades que podem nos fazer resplandecer. Você pode não sentir que alguns cristãos tenham pecado ou que estejam errados em qualquer coisa. Pelo contrário, você sente que em quase todos os aspectos eles são bastante bons. Mas, ao estar com eles, você não sente nenhum esplendor. A bondade deles é apenas comum. Eles são brancos, mas não reluzentes. Por outro lado, há outros cristãos que freqüentemente são provados e colocados frente a frente com o sofrimento. Muitas vezes são tão abalados que parece que certamente cairão, mas eles continuam de pé. Depois de certo período de tempo, tais cristãos obtém uma qualidade de esplendor. Eles não são apenas retos, mas brilhantes; não são apenas brancos, mas resplandecentes.
Deus está trabalhando em nós todo o tempo. Continuamente Ele dispende muito esforço conosco para que possamos ser brancos, e Ele está operando em nós para nos fazer resplandecentes. Seu desejo é que sejamos brilhantes. Por essa causa é que precisamos pagar um grande preço e desejar que venha sobre nós todo tipo de dificuldade. De outra forma, nunca poderemos resplandecer. Ser apenas branco não é o bastante. Deus requer que seja visto em nós um esplendor positivo. O medo das dificuldades, o medo dos problemas, o anseio por um caminho fácil e suave: tudo isso terá como conseqüência a perda de nosso esplendor. Quanto mais sofrimentos e dificuldades encontrarmos, mais poderemos resplandecer. As pessoas cuja vida é gasta de forma fácil e comum podem ser brancas, mas nunca serão resplandecentes.
Essa roupa é de linho fino. Segundo a Escritura, a lã tem um significado diferente do que tem o linho. A lã denota a obra do Senhor Jesus, e o linho finíssimo, a obra do Espírito Santo. Isaías 53.7 descreve o Senhor Jesus como uma ovelha que emudece diante de seus tosquiadores. Desse versículo vemos que a lã possui o caráter da redenção. Com o linho, entretanto, não há um caráter de redenção envolvido. Ele é produzido por uma planta; nunca esteve associado com o sangue. O linho finíssimo é produto da obra do Espírito Santo dentro do homem. A roupa de linho finíssimo mostra que Deus não requer apenas que o homem tenha sua justiça, mas também seus próprios atos de justiça. Deus não tem apenas a intenção de obter a Sua justiça em nós, mas tenciona também obter em nós os muitos atos de justiça.
“E lhe foi dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente”. Isso significa que todos os feitos, todos os atos de justiça exteriores são produzidos pela graça. “E lhe foi dado…” Eles não são manufaturados pelo homem natural, mas são o resultado da obra do Espírito Santo no homem. Portanto, devemos aprender a olhar para o Senhor e com expectativa dizer: “Senhor, dá isso a mim! Senhor, conceda-me a graça!” Quão bom é isto: essa roupa é dada pela graça! Se dissermos que essa veste é feita por nós mesmos, é verdade; realmente ela foi confeccionada por nós. Mas, por outro lado, ela foi dada por Deus, pois, quando dependemos de nós mesmos, não podemos produzir nada. É o Senhor que a produz em nós, mediante o Espírito Santo.
Muitas vezes sentimos que o encargo [de Deus para nós] é, na verdade, grande. Desejamos escapar, e quase suplicamos ao Senhor: “Ó Senhor, livra-me!” Mas devemos mudar nossa oração para: “Senhor, torna-me capaz de suportar a carga. Senhor, leva-me a estar de pé diante dela. Faça-me branco e conceda-me estar vestido de roupa resplandecente”.
Apocalipse 19.9 diz: “E [o anjo] me disse: Escreve…” Deus falou, e pediu a João que o escrevesse. O que ele escreveu? “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. Novamente o anjo disse: “Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” Deus fez com que ficasse especialmente claro que essas são Suas verdadeiras palavras. Devemos aceitá-las, atentar para elas e lembrar delas.
Qual a diferença entre aqueles que são convidados à ceia das bodas do Cordeiro e a Noiva do Cordeiro? A diferença é: a Noiva é um grupo escolhido: o novo homem. Mas aqueles que são convidados à ceia das bodas são um grande número de indivíduos: os vencedores. A ceia das bodas do Cordeiro refere-se à era do reino. Aqueles que foram convidados estarão juntos com o Senhor, experimentando uma comunhão única e especial, que ninguém jamais provou anteriormente. O Senhor disse por meio do anjo: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. […] Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” Oh! Que Deus nos leve, por amor de Si mesmo, a sermos capazes de experimentar essa comunhão especial com Ele; que Ele faça de nós aqueles que humildemente buscam satisfazer o desejo de Seu coração. Por amor da Igreja, que Ele nos leve a buscar aqueles que suprem vida. E, mais ainda, por amor ao Reino, que Ele nos leve e nos capacite a sermos vencedores.
Quando esta pergunta é feita, todos respondem: “É a Igreja”, ou:“O Corpo de Cristo”, dando a entender, naturalmente, que ela é todos os salvos. Porém, as provas bíblicas para tal nunca são dadas, nem tampouco é possível fazê-lo, pois a Igreja nunca é chamada na Bíblia de “a Noiva de Cristo”. A Igreja é chamada de “Seu corpo” em Efésios 1.22,23; todavia, o Corpo e a Noiva não são sinônimos, como se tem imaginado.
Se observarmos a “lei da primeira menção”, termo com o qual todos os estudiosos da Bíblia estão familiarizados, e lembrarmos que as coisas escritas no Antigo Testamento são tipos para nosso ensino (Rm 5.4; 1Co 10.11), veremos que a noiva é tirada do corpo. Dois exemplos no Antigo Testamento ilustram esta verdade, como também muitos outros.
A primeira noiva, Eva, não era o corpo de Adão, mas foi tirada de seu corpo. Adão é um tipo de Cristo (Gn 2.21-23). Em Gênesis 24, temos a história de Abraão, que enviou seu servo para buscar uma noiva para seu filho Isaque. Muitos usam isso como um tipo de Deus, o Pai, enviando o Espírito Santo ao mundo para chamar a Igreja. É verdade que Ele faz isso, porém esse não é o ensino de Gênesis 24. O Evangelho deve ser levado ao mundo inteiro, mas nessa história Abraão não enviou seu servo aos cananeus, e, sim, a seu próprio povo, a fim de tomar uma noiva para seu filho. Os que estão familiarizados com os tipos na Bíblia podem logo ver que Gênesis 24 manifesta o seguinte: Abraão, um tipo do Pai, envia o servo, tipo do Espírito Santo, a seu próprio povo, um tipo da Igreja, para tomar uma noiva para Isaque, um tipo de Cristo.
Se a mensagem é de salvação, ela é anunciada a todos; porém, quando Deus chama para serviço, entrega, comunhão, pureza de vida, amor, devoção e muitos outros termos que são aplicáveis à palavra “noiva”, Ele não chama o mundo, mas Seu próprio povo ou família.
Nosso Senhor usou o termo “família” por causa de seu significado para nós na vida física. Nascemos a primeira vez em uma família física. Quando cremos no Senhor Jesus Cristo, confiando que Ele morreu em nosso lugar, nascemos de novo, na família de Deus. Eu creio que a palavra noiva é usada no mesmo sentido da palavra família. Sabemos que bênçãos a vida em família traz. Sabemos também que a noiva e o noivo, enquanto estão na família, compartilham de uma união e intimidade que não é partilhada pelos outros membros da família. Com esses pensamentos em mente, podemos ver como o Senhor chama aqueles que são Seus para chegarem mais perto de Si. Não é a este mundo, mas sim aos Seus que Ele diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2). Não serão muitos os cristãos que darão ouvidos a esse mandamento direto. Muitos que são salvos nunca experimentarão doce comunhão com o Senhor Jesus e, como Esaú, perderão as recompensas espirituais futuras por causa de satisfações carnais do momento.
Escrevendo aos coríntios carnais, Paulo diz que eles estão desposados a um marido, isto é, estão prometidos em casamento, ou, como diríamos, noivos. Isso certamente nos mostra a possibilidade de todos os cristãos serem a Noiva de Cristo. Paulo continua dizendo que teme que eles sejam enganados por satanás e tenham a mente corrompida. Esta é a situação de muitos cristãos hoje. Isto mostra a possibilidade de muitos falharem em preencher as qualificações para serem chamados a ser a Noiva de Cristo. A palavra desposados é a mesma palavra que foi usada em Mateus 1.18, onde é dito que Maria estava desposada com José. Antes de se unirem, intentou deixá-la, pois pensava que ela lhe havia sido infiel. Muitos crentes hoje são infiéis e, em certo sentido, o Senhor “os deixará”. Isto não significa a perda da salvação. Em Apocalipse 16.15 lemos: “Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua nudez”. Isso não se refere à justiça com a qual somos vestidos para a salvação (Is 61.10), mas, sim, uma vestimenta de boas obras que pode ser mantida com um resultado proveitoso, ou perdida para nossa vergonha e perda de recompensas no aparecimento de Cristo (1Jo 2.28; Tt 3.8; 2Jo 1.8).
Apocalipse 19.7 mostra que a noiva se atavia para o casamento e para as bodas do casamento, providenciando para si mesma uma vestimenta de boas obras. Nos dias em que isso foi escrito, a noiva fazia literalmente seu vestido de casamento, dedicando muitas horas de trabalho a ele. Nem todos os cristãos trabalham para Cristo, por isso nem todos serão a Noiva. A falta dessa vestimenta levará um cristão infiel a ser “deixado”, por assim dizer, nas trevas do lado de fora da festa de casamento. As trevas exteriores não representam o inferno, pois há servos inúteis lá. São trevas do lado de fora da festa onde o servo infiel estará, enquanto aqueles que foram fiéis desfrutarão da comunhão e do companheirismo não partilhados por todos. Em Mateus 25.14-30, o Senhor está tratando com Seus servos, e vemos os servos inúteis lançados nas trevas exteriores. Temos uma passagem paralela em Mateus 22, na qual alguém sem a veste nupcial é lançado em trevas exteriores. Lembre-se de que ele não poderia estar lá se não pertencesse ao Senhor. Isso tem a ver com a ocasião do arrebatamento da Igreja, quando cristãos darão conta dos feitos por meio do corpo, sejam bons ou maus (2Co 5.10). Sem dúvida, cristãos desinteressados e infiéis chorarão por suas falhas, pois só depois do Milênio de Cristo é que Deus limpará de seus olhos toda a lágrima (Ap 21.4).
Apocalipse 3.18 nos aconselha a comprar roupas brancas para nos vestirmos a fim de que nossa nudez não apareça. Conforme já vimos, as vestes brancas representam os atos de justiça e as ações do povo de Deus (19.8). A palavra comprar é usada para mostrar ao filho de Deus que ele terá de pagar um preço para estar entre os que compõem a Noiva de Cristo. Sim, uma vida separada e submissa custa muito, mas quão grande será a recompensa daqueles que ousarem pagar esse preço. Isaías 55.1 será a recompensa daqueles que ousarem pagá-lo. Isaías 55.1 fala de comprar sem preço. Não falamos de dinheiro, mas o cristão que determinou em seu coração viver completamente para o Senhor Jesus Cristo sabe que custa muito. Pode custar seus amigos, parentes, pois não são muitos os que trafegam o caminho separado. O preço pode estar em muitas horas de estudo bíblico, oração e testemunho. Falando de testemunho, Apocalipse 22.17 diz: “O Espírito e a esposa dizem: Vem!” Nem todos os cristãos trabalham para o Senhor, provendo para si mesmos uma veste de boas obras, e nem todos convidam outros para virem a Cristo. Portanto, os cristãos em sua totalidade não podem ser a Noiva de Cristo.
A palavra corpo é usada para mostrar unidade. Hoje muitos cristãos estão espalhados pelo mundo; entretanto, há um só corpo. Um dia, e eu creio que será muito em breve, o Senhor Jesus Cristo virá nos ares e levará Seus filhos deste mundo, e nós estaremos com Ele para sempre (1Ts 4.15-18). Prestaremos conta de nossa vida e seremos recompensados (2Co 5.10). Os cristãos trabalham e servem ao Senhor em vários níveis e serão recompensados dessa forma. Alguns não O servem em nada e sofrerão a perda dos galardões. Os que não se proveram de uma veste nupcial estarão espiritualmente despidos e envergonhados, mas não perdidos. Em Romanos 8.35-39 aprendemos que até mesmo a nudez, que se refere à perda da veste de boas obras, não nos separará do Seu amor. Entretanto, Tito 3.8 nos diz que o aplicar-se às boas obras é proveitoso. O proveito ou perda, de acordo com o caso, se manifestará no tribunal de Cristo, onde todos os cristãos darão conta de seus feitos no corpo, se bons ou maus.
A salvação (vida eterna) é dom de Deus. É eterna e não pode ser perdida. Os galardões, as coroas e a herança no reino são baseados em nossa fidelidade a Ele. A recompensa mais elevada será estar entre aqueles que compõem a Noiva de Cristo. Esse é um termo figurativo e simplesmente se refere àqueles que têm sido puros, limpos, submissos e que vivem em comunhão e companheirismo com Ele. Em outras apalavras, aqueles que têm sido para Seu Senhor tudo aquilo que está implicado na palavra noiva.
Foi a isso que Paulo se referiu em Filipenses 3.11. Ele certamente não temia perder a ressurreição, mas desejava estar entre os chamados para fora dentre os ressuscitados para receberem o prêmio da suprema vocação de Deus. A salvação não é um prêmio, e sim a dádiva da vida eterna.
Posso dizer que a Igreja é um corpo, composto de todos os crentes em Cristo? As epístolas foram escritas para a Igreja. A igreja em Corinto, como todas as demais, era composta de duas classes de crentes: os carnais e os espirituais (1Co 3.1-3). Muitos, embora pertencendo à Igreja, permanecem carnais até o fim e serão salvos como que pelo fogo. Não pensem tais cristãos que eles serão a Noiva de Cristo.
Quem é, pois, a noiva de Cristo? Aqueles que estão provendo para si mesmos uma veste nupcial de boas obras; aqueles que estão convidando outros para virem a Cristo. Encaremos a questão, cristão amigo: nem todos estarão qualificados. E quanto a você?