“Nos meus primeiros anos eu assiduamente segui este triplo caminho:
Em primeiro lugar, eu lia toda a Bíblia três vezes por ano (oito capítulos do Antigo Testamento, e dois do Novo Testamento diariamente). Eu constantemente perseverei nisso durante dez anos, a fim de me familiarizar com o conteúdo, que só pode ser alcançado por meio de consecutivas leituras.
Em segundo lugar, eu estudei uma porção da Bíblia a cada semana, concentrando-me por dez minutos (ou mais) todo dia na mesma passagem, pensando na ordem dela, na ligação entre cada afirmação, buscando uma definição dos termos importantes, olhando todas as referências marginais, procurando seu significado típico.
Terceiro, eu meditei sobre um versículo a cada dia, escrevendo-o sobre um pedaço de papel na parte da manhã, memorizando-o, consultando-o em alguns momentos ao longo do dia; pensando separadamente em cada palavra, pedindo a Deus para revelar para mim o seu significado espiritual e para escrevê-la no meu coração. O versículo era o meu alimento para aquele dia. Meditação é para a leitura como a mastigação é para o comer.
Quanto mais alguém seguir o método acima mais deve ser capaz de dizer:
‘A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho’ Sl 119: 105’”
Enfield, Connecticut July 8, 1741
Jonathan Edwards (1703-1758)
“Minha é a vingança, a seu tempo quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar” (Dt 32.35)
Neste versículo lemos sobre a eminência da suprema vingança de Deus sobre os Israelitas, que na altura seriam o verdadeiro povo de Deus e que viviam sob uma graça desmesurada, mas que mesmo assim Deus deles afirmava “Porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento”. Deut. 32:28. De toda aquela criação de Deus, eles brotavam sarças e espinhos como fruto, amargura e ira a Quem os criara. O texto que escolhi para hoje, será “A seu tempo há-de resvalar o seu pé” e procede daquilo que me transparece relacionado com a suprema devastação eterna que esperava os Israelitas com quem Deus estava irado por causa dos seus muitos pecados. A ideia que prevalece será que eles estariam expostos àquela ira inesperada sem o saberem.
1. Eles estavam sob ameaça duma destruição inesperada, estando expostos a ela continuamente sem o saberem. Eles estariam a escorregar naqueles lugares tenebrosos da sua consciência. Isto descreve com fidelidade como estariam na eminência de serem destruídos a qualquer momento. Será isso que lemos em “Certamente tu os pões em lugares escorregadios, tu os lanças para a ruína. Como caem na desolação num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores”.
2. Isto implica que estariam permanentemente sob a possibilidade de serem exterminados e fulminados a qualquer momento sem aviso, mas também sem maneira e sem qualquer possibilidade remota de escaparem de tal coisa. Estes lugares escorregadios apenas mostram que a qualquer momento qualquer pecador pode cair, que ninguém tem como prever quando nem como e também que ninguém tem como impedir que tal coisa se dê e assim seja. É isto que transparece das palavras “Tu os lanças para a ruína. Caem na desolação num momento!” Sal. 73:19.
3. Outra coisa que se esconde nestas palavras, é que eles cairão por eles mesmos, sem que seja necessário que alguém ajude ou contribua para que tal coisa suceda. Como caminha em lugares escorregadios, o pecador não necessita de nada para se estatelar no inferno por si mesmo e isto para sempre.
4. A única razão porque o pecador não caiu ainda, será tão só porque Deus assim ainda não quis, pois o seu tempo já está determinado que chegue. Tudo agora depende da soberana vontade de Deus apenas &endash; nada depende daquilo que o pecador possa vir a fazer. Está escrito que “a seu tempo cairão, a seu tempo resvalará seu pé”. Eles serão deixados para caírem mesmo, ninguém tem como impedir que tal coisa aconteça. Eles apenas necessitam do seu próprio peso para tombarem nestes lugares escorregadios nos quais Deus os colocou por haverem entregue seus corações a seus próprios pecados. Deus não mais impedirá que tal aconteça, não existindo mais razão para o continuar a fazer. A sua destruição está eminente e nada o poderá impedir. Estão na berma do abismo de fogo sem saber, sem quererem saber. Como o pecador está num terreno inclinado e escorregadio, que haverá que o possa impedir de escorregar definitivamente? Basta tão só chegar o seu dia, aquele que nenhum pecador tem como saber quando será, pois viram a sua cara para não encararem as suas realidades sempre eminentes.
Pode-se fazer a observação a partir das palavras nas quais vou insistir. “Nada impede que Deus, pela Sua soberana vontade os deixe cair para sempre, com excepção do Seu bel-prazer e Sua própria determinação soberana”. Quem poderá impedir Deus de o fazer? Quero que fique claro que toda a destruição depende tão só de quando Deus assim quiser, pois nada mais existe que tenha como determinar o preciso destino de qualquer pecador. Esta verdade transparece das seguintes elações que podemos retirar do texto.
1. Não existe qualquer falta de poder em Deus para lançar qualquer ímpio no lago do inferno a qualquer momento. Nenhuma mão humana tem como se elevar para impedir Deus de o fazer. Não existe homem que O tenha como impedir. O mais poderoso de todos eles não tem com que resistir se Deus se levantar em ira &endash; ninguém poderá livrar da Sua poderosa Mão. Não só é capaz de lançar os pecadores no inferno a qualquer momento, pois Ele também o pode fazer com muita facilidade. Muitas vezes um príncipe na terra depara-se com grandes dificuldades para vencer um oponente seu, algum rebelde do seu reino o qual se tenha fortificado com armas e homens para a este se opor. Mas não será assim com Deus. Não existe fortaleza que resista ou que tenha defesa contra o poder de Deus. Mesmo de mãos dadas, mesmo que um grande mar de gente se una em cordão contra Deus, facilmente serão despedaçados em pequenos pedaços. Serão como palha, montes e pilhas de palha diante duma forte tempestade, dum furacão. Ou como estrume muito seco perante as chamas ferozes dum grande fogo que não se apaga. É muito fácil a qualquer um de nós pisar uma minhoca no chão e esmagá-la sem que esta tenha como se proteger; é muito fácil para qualquer um de nós cortar uma linha onde algo esteja pendurado; assim ou mais fácil ainda, será para Deus desprender a vida, de alguém que Ele entenda e, quando assim entender, lançar qualquer inimigo seu, ou multidões deles ao mesmo tempo, no fogo do inferno. Quem somos nós para que pensemos que podemos resistir contra Deus, Aquele que faz estremecer toda a terra com uma leve repreensão, que provoca uma avalanche de pedra em todo o tamanho dela com um pequeno sopro?
2. Qualquer pecador merece tudo isto, merece sempre ser lançado no inferno. Assim é para que a justiça divina triunfe. A justiça divina não tem como impedir a ira de Deus, não tem objecção sequer contra esse poder que Deus tem para triunfar na sua destruição momentânea &endash; a qualquer momento Ele pode fazer tal coisa. Pelo contrário, é essa mesma justiça que clama aos Céus para que tal coisa venha a dar-se, suceda repentinamente, a qual clama alto pelo supremo castigo do todo pecado. A justiça divina que conhecemos clama e pede incessantemente que, quando uma videira brote fruto como o de Sodoma, que se corte a árvore. Lemos que “Disse então ao viticultor: corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?” Lucas 13:7
3. Todos os pecadores estão já condenados à partida, estão sob a sentença dum inferno justo. Eles não apenas o merecem em forma de justiça, mas a própria sentença de Deus já saiu, aquela sentença eterna e irreversível, a qual ninguém tem como reverter, para que se estabeleça a justa vingança de Deus Altíssimo. Esta sentença saiu e nada a detém. Todos estão perante a certeza irreversível do inferno. João 3:18 ” quem não crê, já está julgado”. Todo o homem por se converter pertence ao inferno. Ali é seu lugar, porque lemos (João 8:23) “Disse-lhes Ele: Vós sois de baixo”. O pecador está sob pena do inferno do eterno de Deus. Esse é o lugar que tanto a palavra de Deus que não muda, como a justiça divina e a sentença da Sua lei imutável para o pecador reservam desde sempre. Esse lugar está assegurado desde já para ele.
4. Os pecadores são o objecto da ira portentosa de Deus. Essa mesma ira expressa-se em inferno de tormentos infinitos, assim se manifesta. A única razão porque um pecador que ainda vive não caiu lá dentro ainda, não será porque Deus, sob a ira de Quem estão continuamente, não esteja muito zangado com eles ainda como está com aquelas muitas criaturas que já lá se encontram há milhares de anos a sentir na pele os grandes açoites da Sua ira sem fim. Por acaso Deus está mais irado com muitos dos que se encontram cá na Terra ainda: sem dúvida que sim, com muitos que agora aqui se encontram a ouvir-me nesta congregação, com pessoas que estão aqui sentindo-se bem à-vontade, mais daqueles que há muito lá estão nas chamas do inferno. Não será porque Deus se esqueceu deles por cá, que não esteja atento às suas perversidades, que não se sinta mal pelos seus pecados que não corta a corda que os prende, para ainda não houvessem sido sugados para as chamas. Deus não é, como eles pecadores, são, mesmo que todos eles O imaginem assim tal qual eles. A ira de Deus arde para se concretizar, a sua eterna e justa condenação não dormita como pensam muitos. O lago de fogo e enxofre está aceso e preparado para os receber a todos, o forno sobreaquecido para os engolir logo. As suas chamas já chamam e já queimam de raiva e fúria. A espada flamejante já se contorce de ira e a sua terra debaixo dos seus pés estará cedendo a qualquer momento. A boca do lago de fogo e enxofre está pronta e prestes a engoli-los sem mais atrasos.
5. O diabo está pronto também para cair em cima deles, reclamando-os como sua única propriedade exclusiva. Quando ele os quiser Deus assim permite que se faça como ele bem entender. Eles, os pecadores, pertencem-lhe, ele mesmo possui as suas almas desde já, estão sob o seu querer incondicionalmente. As Escrituras falam deles como sua mercadoria exclusiva. Todos os demónios os apascentam à espera do grande dia de os verem serem lançados nas chamas devoradoras. São como leões esfomeados à espera da carne deles; eles querem-se atirar à presa já, mas estão apenas impedidos de o fazer. Caso Deus retire a Sua mão, caso cesse de impedi-los, eles caem-lhes em cima como se fossem caça. É essa Mão que ainda os impede de se arremessarem. Se essa Mão se retirar, cairão sobre as suas almas, reclamando-as desde logo! Aquela velha serpente está a um pequeno passo de os tragar; a morte e o inferno esperam impacientemente e caso Deus permitisse, retirando a Mão que impede do seu posto, eles rapidamente seriam levados e nunca mais seriam vistos.
6. Existe dentro das próprias almas dos ímpios esses mesmos princípios infernais reinando, que logo explodiriam em chamas de grande maldade, não fosse Deus ainda impedir que tal coisa suceda. Existe na própria natureza carnal de qualquer homem mundano, um fundamento igual aos dos alicerces do próprio inferno. Estão lá ardendo todos esse princípios de pecado desde sempre, reinando pelo seu próprio poder, possuindo-os por completo e isso é a semente do inferno factualmente. Estes princípios pecaminosos reinam por si, vivem por si e serão violentos por natureza. Não fosse pela Mão que os restringe agora, logo pegariam fogo e queimariam as suas teimosias, corrupções e violências com aquela mesma inimizade com que os demónios se lançam a eles. Aquilo que os tormentos podem trazer de dentro do coração perverso de almas condenadas, a mesma inimizade está apenas impedida de se manifestar pela poderosa mão de Deus. As almas dos pecadores ainda vivos são descritas pelas Escrituras como um mar que não se aquieta (Is.57:20). De momento, Deus os retém pelo poder do Seu braço poderosíssimo. Essas ondas estão contidas ainda dentro do aceitável, pois ouvimos-Lhe dizer “Até aqui virás, porém não mais adiante; e aqui se quebrarão as tuas ondas orgulhosas”, Job 38:11. Mas caso Deus os deixasse à solta, logo se corromperiam e nada impediria a sua água negra e lamacenta de inundar tudo à sua volta. O pecado é a ruína e a semente da miséria na própria alma de quem dele se farta. Corrompe e é sempre destrutivo e caso Deus não lhe impusesse limites de fartura, nada mais seria necessário para levar qualquer alma ao extremo da sua maior miséria. A sua corrupção, a essência de todo o coração de homem, não se modera a não ser por uma poderosa mão, porque a sua fúria pecaminosa não tem limites nem fim de imaginação. Enquanto o homem ímpio aqui estiver vivo, é sempre e eternamente como fogo controlado que se fosse deixado à solta logo tudo consumiria à sua volta, mudando até o curso da natureza. Como o coração é uma fonte de pecado, caso não fosse restringido, tornaria a própria alma de quem o possui um forno aceso, um vulcão em erupção maligna e contínua.
7. Que não sirva de símbolo de segurança para qualquer pecador, nem por um momento, o facto de ainda não verem a sua morte dando sinais de ir aparecer. Não serve de segurança a saúde de ninguém, pois pode-se acidentar a qualquer momento, mesmo mostrando ser o homem mais saudável do mundo inteiro. A múltipla e corrente experiência de todos é que hoje estando vivo, logo de seguida pode estar em eminência a hora da sua morte. Sempre foi assim, os homens a pensar que nunca morrem e o inferno a tragá-los um a um. Aquilo em que o homem não pensa, aquilo de que não quer ter consciência, isso passa por ele como se nada disso existisse. Muita gente morre sem se dar conta senão apenas no último dos minutos. Os homens têm múltiplas formas de escaparem da realidade das coisas e quanto mais reais e imutáveis forem essas coisas, tanto mais facilmente e tanto mais profundamente se “esquecem” dessas realidades, tanto mais voluntariosamente deixam de pensar nelas. Os homens não-convertidos navegam num mar de chamas do qual negam sentir o calor sobre a casca de palha. Apenas evita que tombe aqui e acolá pensando que dessa forma se tem como se livrar da queda eminente e da perda inevitável. Essa casca de palha é tão frágil para aquilo que é usada que apenas a extrema misericórdia de Deus tem como evitar que essa casca seja tragada de imediato por chamas que nunca se apagam. Nem o peso do homem a tal obra em casca e palha tem como segurar a menos que seja porque Deus intervém. Qualquer seta de morte rasga os céus em plena luz do dia. Que impede o homem mortal de ser atingido por uma delas? Elas são setas invisíveis, que não se deslumbram quando são atiradas contra o homem mortal. Deus tem tantos meios de retirar dos mortais a sua vida, para que sigam o seu caminho para o inferno, para o seu lugar de eleição, que nem se pense que algo miraculoso tem de se passar primeiro para que seja tido que foi Deus a fazê-lo, pois há muitas maneiras de se morrer naturalmente. Basta tão só a Providencia divina para estatelar alguém numa morte irreversível. Todos os meios e mecanismos através dos quais os homens mortais abandonam este mundo, estão tão dependentes das mãos providenciadoras de Deus, tão universalmente e absolutamente sujeitos ao poder da Sua determinação, que de nada mais tem como depender o momento da morte de cada um. Apenas depende de que Deus assim queira que se faça, nada mais impede um pecador de cair para sempre num inferno infinito.
8. O homem natural e a sua incoerente prudência em preservar-se a si mesmo, ou o cuidado dos outros em preservá-los, nada lhes garante de facto, nem por um pequeníssimo momento. Disto testemunha a cautelar providencia infinita de Que já criou o mundo. Existe este facto já de si comprovado que nenhuma sabedoria humana pode livrar o homem da sua perdição. Se tal coisa fosse verdade, veríamos desde já alguma diferenciação entre os políticos e sábios de hoje e outras pessoa menos inteligentes, no que toca à sua morte. Mas de facto, aquilo que dizem as Escrituras transparece sempre repleto de verdade infinita, nomeadamente: “Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o estulto!” Ecles.2:16.
9. Todo e qualquer esquema dos ímpios, todas as suas agonias em escapar do inferno, enquanto rejeitam Cristo na sua vida pratica, mantendo a sua impiedade porque sem Cristo não terão como se verem livres dela, não lhes assegura uma livrança do inferno, nem por um momento. Qualquer homem natural que tente escapar do inferno, bajula seu ego sempre para não ter que pensar que não tem como escapar dele. O pecador depende dele próprio para escapar, vitoria-se e vangloria-se em si mesmo, depende das suas próprias forças para escapar à sua maneira. Bajula-se, entretém-se, gasta mal seu tempo sempre e mostra aquilo que consegue fazer apenas para acreditar que vai escapar. Todo e qualquer um tem sempre uma ideia bem delineada de como há-de escapar do inferno. Luta com suas crença e credos, tentando sempre convencer a ele mesmo por todos meios de que há-de escapar, pensando-se o mais sábio de todos os homens. Ouvem sempre que muito poucos se salvarão, que muitos estão já no inferno, mas mesmo assim cada um deles imagina sempre que há-de escapar ileso. Acha sempre que será sempre melhor sucedido que todos os outros que já estão a queimar e que com ele tal coisa nunca ocorrerá. Ele não quer ir para aquele lugar de tormento, tentando enganar-se a si mesmo continuamente que nunca se enganará a esse respeito. Mas os miseráveis filhos dos homens iludem-se sem cessar, isto através de esquemas e ocupações próprias, tal é a confiança cega que depositam neles mesmos continuadamente. Confiam numa nuvem sombria. A grande maioria que conseguiu viver sob a era da graça e agora morreram, também pensavam assim e nem por isso deixaram de ir para no inferno. Eles não seriam menos inteligentes que todos aqueles que aqui se encontram; também não foi porque cometeram um qualquer erro de calculo nos seus muitos esquemas; se algum de nós pudesse ter como vir a falar com um qualquer desses homens ou mulheres que já lá estão perecendo, de certeza que quando se lhes perguntássemos se pensavam em vida que iam para o inferno, todos sem excepção acharam que nunca iriam parar num local de tantos horrores assim. Pensaram sempre o melhor deles próprios enquanto em vida e nenhum deles diria que tinha a intenção de ir parar ali. Todos diriam “Não sabia que vinha parar aqui, nunca concebi que isto viesse a suceder-me, pensava que dum jeito ou de outro sempre escaparia do juízo de Deus. Eu tinha a certeza que seria impossível eu ir parar no inferno! Mas apanhou-me desprevenido, não esperava tal coisa naquele momento, tão rápido assim. Eu bem queria preparar-me, mas pensava que ainda havia tempo suficiente para fazê-lo. Fui surpreendido pela morte como se é com um ladrão de noite. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Ó, que maldita agonia, que maldita tolice a minha! Sempre me bajulei pensando que eu era especial! E quando eu menos esperava morri. Sempre me convenci que tinha paz com Deus e enganei-me profundamente, irremediavelmente!
10. Deus nunca se comprometeu a salvaguardar um único homem carnal do inferno. Nem uma só vez Deus se comprometeria com tal coisa absurda. Ele com toda a certeza nunca prometeu vida eterna a quem permanecesse no seu pecado, nem nenhuma espécie de protecção especial duma morte eterna. Só prometeu a quem guardasse os estatutos do Seu Testamento através do Senhor Jesus Cristo, em quem essas promessas serão sempre sim e amem! Qualquer um que não haja crido nessas promessas de os livrar de pecar sob graça, nunca tiveram interesse no Mediador desse Testamento. Assim, todos aqueles que estão indo para o inferno por muito que se esgotem na oração, por muito religiosos que sejam, por muita seriedade que tenham no bater da porta que para eles não se abre, peça o que pedir, enquanto Cristo não for verdadeiro em si mesmo como Mediador real, Deus nunca estará comprometido a livrar tal homem da sua sentença final. Deus terá sempre a ultima palavra.
Assim é então, que Deus segura o homem de cair no inferno, está sempre pendente sobre o lago de fogo. Eles mesmo o merecem por si mesmos, estando sempre sentenciados sob essa mesma pena. Deus está provocado ao extremo da sua ira contra eles, tanto quando estará com aqueles que já estão a sentir a Sua fúria sem volta lá no inferno. Nada fizeram par se livrarem daquele abismo sem volta, sem saída possível, nada fizeram para apaziguar a sua ira. Deus nunca se comprometeu a livrá-los de qualquer tormento, o diabo espera a oportunidade de os vir a sugar. O inferno está de boca aberta esperando tragá-los a qualquer momento da sua vida, as chamas engolem já muitos sem que pensassem ir lá parar. O seu pecado está sempre em chama de pecado e não pretendem conhecer Quem os pode livrar dessas chamas do pecado, dessa semente do inferno. Não pretendem estar seguros, apenas desejam a mentira desde que seja sua própria e enquanto tentam salvar-se a si mesmos com muitos esquemas vagabundos, mostra como nunca pretendem o único Mediador como tal, apenas em si mesmos confiam para se livrarem. Resumindo, eles não estão seguros, não têm qualquer refugio em qualquer recanto de todo o universo e a única coisa que os previne de caírem de vez naquele poço de chamas será apenas uma vontade arbitrária de Deus. Também a tolerância voluntária, não comprometida dum Deus muito irado.
Aplicação prática
O uso deste assunto deve servir para aquele despertar de pessoas nesta congregação. Isso é para todos vós que não estão em Cristo, vivendo do vosso pecado ainda. O outro mundo cheio de miséria esperava-vos amenos que se convertam hoje, aquele lago de fogo eterno já existe e estará preparado há séculos. Existe de facto esse lugar horrível onde todas as chamas da ira justa de Deus exultam e queimam há muito. Existe um inferno com a sua boca escancarada ao máximo para engolir quem nega o seu Criador da sua vida. Lá não tem chão onde firmar seus pés e aqui não tem nada que o separe do inferno senão ar e tempo &endash; é tudo uma questão de tempo. Apenas pela misericórdia de Deus está aqui a ouvir este sério aviso.
Provavelmente não estará o meu ouvinte com sua sensibilidade aguçada em relação a este assunto. Sabe que está longe do inferno ainda, mas só não sabe que é apenas Deus quem ainda impede que caia lá para sempre. Você passa todo o seu tempo com outros assuntos, com outros afazeres, dando tudo aquilo que toda a constituição do seu pecado lhe pede, tal como todos os meios que ainda poderiam salvar a sua vida da fogosa ira de Deus, em vez de temer e se converter. Mas de facto, os meus argumentos são pequenos ainda comparando com os que podia elaborar. As suas coisas, os seus afazeres de nada valem à luz da verdade de todas estas coisas eternas. Se por acaso Deus retirar a Sua grande mão de impedir de travar a sua eminente queda, nada mais neste universo que criou à sua volta tem como impedir um pecador de estatelar-se para sempre no infinito do fogo.
Todos os seus pecados tornam-no tão pesado como chumbo em leve ar. Vai cair para sempre sem volta possível. Todo os pesos que carrega em sua consciência empurram directamente pela força do seu peso &endash; o destino de quem não está em Cristo é um poço sem fundo que deita chamas e enxofre. Se Deus o deixar ir afora, logo desaparece sem nunca mais poder voltar. Toda a sua corpulência, todos os seus cuidados e artimanhas em escapar, toda a sua prudência, toda a sua saúde de nada valerá &endash; nada tem como impedir o pecador de prestar todas as contas da sua vida a Deus. A sua auto-estima, o seu arrependimento e remorso por perder a sua vida assim tolamente, nada mais resolverão, para nada mais servirão senão como servirá uma teia de aranha perante um incêndio muito quente, ou para essa mesma teia segurar um pedregulho em queda desde as alturas. Não fosse a soberania de Deus sobre todas as coisas, por certo que já estaria a experimentar este enorme sofrimento da ira de Deus. Não fosse essa soberania, nenhum local de toda a terra o suportariam nem por um momento mais, pois você faz a terra grunhir de desespero pelo seu pecado, pois sujeita a criação de Deus a enormes pesadelos. A sua corrupção é uma ameaça à servidão ao pecado de todas as outras criaturas de Deus. Essas criaturas não querem estar sujeitas àquela perdição, mas todo o seu pecado as sujeita a isso mesmo contra a sua vontade. Até o sol não brilha com alegria para suportar a sua iniquidade sob sua luz para ter como servir Satanás e seus anjos; nem a terra produz para que possa gastar em suas banalidades perversas; até o ar que você respira se opõe a ser respirado por si para poder manter a vida vital que você usa mal em seus deleites pecaminosos, para que você use suas forças a favor dos inimigos eternos do Deus vivo. Toda a criatura de Deus, toda a sua criação é perfeita e foram criados para dar sempre glória ao Deus altíssimo. Nenhuma destas coisas criadas por Ele, sustêm de leve ânimo quem desonra a sua própria criação para malefício de todos os outros à sua volta. Todo o universo escarraria um verme pecador do seu meio ambiente não fosse pela vontade e paciência de Deus fornecer mais algum tempo ainda para se converterem! Toda a criação suspira na esperança de um dia obter uma libertação do domínio total do pecado. Nada impede senão Deus. Temos toda a ira de Deus pairando sobre nossas cabeças, como uma nuvem negra prestes a rebentar todo o seu conteúdo de fogo e enxofre não fosse a mão de Deus que restringe os elementos de cooperarem nessa esperança de ver um pecador que seja a ser santo e a glorificar Deus para sempre. O soberano desejo de Deus impõe aos elementos que O glorificam sempre, de cuspirem toda a imundícia para bem longe de si. De momento apenas ouvimos falar uma coisa muito vaga da suposta ira de Deus, pois pelas tempestades e calamidades Deus dá a entender um pouco de tudo aquilo que ainda se vai passar e que ninguém terá como impedir.
A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a força das águas for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo em sua libertação. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se presa. Mas, por outro lado, sua culpa cresce cada vez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra vós mesmos. As águas estão subindo e se acumulando gigantescamente, fazendo sua força aumentar cada vez mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detêm essas águas, as quais não querem continuar enjauladas e forçam sua saída. Se Deus retirasse Sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso de sua fúria e da ira de Deus precipitar-se-iam com furor inconcebível, e cairiam sobre vocês com poder omnipotente. E mesmo que vossas forças fossem dez mil vezes mais do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso demónio no inferno, de nada serviria para que pudesse deter essa fúria divina.
O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para seu coração esticando o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus &endash; dum Deus irado &endash; que com nada se compromete e a nada Se obriga, impede que a flecha se embeba já com o sangue de qualquer um de vós.
Assim estão todos vós compartilhando esse perigo, todos aqueles que nunca experimentaram uma transformação real em seus corações pela acção poderosa do Espírito do Senhor em suas almas &endash; todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz e para uma vida nova nunca experimentada até aqui. Por mais que vocês tenham modificado vossa conduta em muitas coisas e tenham abusado simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com suas famílias e em particular indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente Sua misericórdia vos livra de ser, tragados pela destruição eterna agora, neste preciso momento.
Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles que já se foram e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exactamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam estarem a viver em paz e plena segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram as suas confianças tendo a paz e segurança como objectivo, eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras sem verdade.
O Deus que vos mantêm fora do abismo do inferno abomina-vos; Ele está terrivelmente irritado e Seu furor, queima como fogo contra vós. Ele vê em vós uma dignidade imensa apenas para virem a ser lançados no fogo do inferno. E Seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a Seus olhos do que a mais odiosa das serpentes venenosas serão para todos os humanos. Têm-No ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia um governante. No entanto, nada, a não ser a Sua mão, pode-vos impedir de cair no fogo a qualquer momento. O fato de nenhum de vós ainda não ter ido para o inferno a noite passada e vos haver sido concedida a graça de acordar ainda neste mundo, depois de terem fechado os olhos para dormir ontem, atribui-se a essa mesma graça e favor. Não existe outra razão para que todos vós não hajam sido lançados no inferno antes de se haverem levantado pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus tê-los sustentado. E não existe outra razão para que vocês não caiam no inferno, já, neste exacto momento.
Ó pecador, pense no perigo terrível que corre! É sobre essa grande fornalha de furor, você está pendurado sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da Sua ira, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra si, como contra muitas pessoas já condenadas as quais já estão no inferno. Você está suspenso por uma linha quebradiça, com as chamas divinas a toda a sua volta prestes a queimá-la, prontas a atearem fogo e queimá-la por inteiro. E você continua sem interesse nesse Mediador, sem ter onde se agarrar para se poder salvar de tal ira certa, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada em si próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para poder persuadir o Senhor a poupar sua vida por mais um minuto que seja. Considere, então, mais uns aspectos dessa cólera que ameaça chegar com tão grande empenho:
l. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso sobre a terra comparativamente, seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente a dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súbitos em suas mãos, para serem usados a seu bel-prazer.
“Como o bramido do leão é o terror do rei, o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida.” (Prov.20:2) O súbito que enfurece esse tipo de governante totalitário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, o qual o poder humano possa aplicar pela sua fúria.
Por essa razão, os maiores príncipes desta terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores e ameaças, não são mais do que vermes debilitados e desprezíveis que rastejam no pó que Deus criou, quando comparados com o grande e Todo-Poderoso Criador e Rei dos céus e de toda a terra. Mesmo quando estão irados e essa sua ira chega ao máximo do seu rubro, é muito pouco o que podem fazer se compararmos com a ira de Deus. Os reis da terra são como gafanhotos perante Deus &endash; tão pequenos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito acima, mais terrível do que a deles, tal como é maior a Sua majestade maior e de maior dimensão que a deles. “Digo-vos, pois, amigos meus não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.” (Lucas 12:4-5).
2.É essa ferocidade da Sua ira a que vocês estão todos expostos Lemos muito sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is.59:18 “Segundo as obras deles, assim retribuirá furor aos seus adversários”. E também em Is. 66:15: “Porque, eis que o Senhor voará em fogo e os seus carros como um torvelinho, para tornar toda a sua ira em furor e a sua repreensão em chamas de fogo”. E assim lemos também em muitos outros lugares Bíblia. Lemos também em Apoc. 19:15, “o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso”. Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito “a ira de Deus” apenas, isso já nos faria supor algo bastante mias terrível e aterrador. Mas está escrito “o furor da ira de Deus”, ou seja, a fúria de Deus, o furor do Senhor! Oh, quão terrível deve ser essa fúria! Quem pode exprimir ou mesmo conceber o que essas palavras carregam de peso nelas mesmas? Contudo não é apenas isso que está escrito: é “o furor da ira do Deus TODO-PODEROSO”. Essas palavras dão a entender uma grande manifestação de Seu grande poder omnipotente quando for julgar. Através dela Ele infligirá aos homens TODO o furor de Sua ira contida durante milhares de anos. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através de seu furor, a omnipotência de Deus irá, da mesma forma, se enfurecer e manifestar. E qual será a consequência de tudo isso? O que será dos pobres verme fortes, e quem e com que coração se conseguirá suportar tanto furor duma só vez para sempre quem vier a sofrer todo esse mal? Que mãos se manterão? Que terrível, quão inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar toda a pobre criatura humana que seja vítima dum duro juízo como este!
Pensem bem, vós todos aqueles que estão aqui agora e que permanecem em vosso estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efectivar o furor de Sua ira, torna implícito que Ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do seu estado e vir como seus tormentos são absolutamente desproporcionais à sua força, como vossas almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de nenhum de vós, não irá deter a execução de Sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve Sua mão Nessa hora. Deus não usará de nenhuma misericórdia para convosco, nem conterá mais Seu vento impetuoso. Ele nunca mais considerará seu bem estar e nem irá evitar que sofram de ali em diante! Na verdade, fará com que sofram na justa medida exacta que toda a Sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será moldado só pelo fato de ser difícil de suportar por nenhum de vós. “Pelo que também Eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que Me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei.” (Ezequiel 8:18). Deus está pronto; agora , usa de compaixão para convosco. Hoje é o dia da misericórdia para convosco. Vocês podem clamar neste instante e ainda ter esperanças de alcançar graça e misericórdia. Mas quando o dia de toda misericórdia passar, vosso lamento, o mais doloroso pranto, os gritos, serão completamente ignorados perdidos no ar e alienados dos ouvidos sensíveis Deus. O Senhor não terá mais uso para si a não ser sofrer suas misérias continuamente para servir de exemplo para quem estiver anda no céu. No que toca todo o seu bem estar, verá que Deus nunca terá outra opção senão a de entregá-lo ao sofrimento e à sua miséria e admitirá até que é justo nisso mesmo. E persistirá não tendo outra perspectiva de salvação, pois será um vaso de ira, preparado para a destruição. Não existe outro uso para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, Ele estará tão longe de si como o sol está agora! Leia, inclusive, o que está escrito a esse respeito, que Deus irá, simplesmente, “rir e zombar” de vós (Provérbios 1:25-26, etc.).
Vejam quão terríveis são essas palavras do grande Senhor: “O lagar Eu o pisei sozinho e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo” (Is. 63: 3). É quase impossível de se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de indignação dum Deus Omnipotente. Se chamarem a Deus por consolo, Ele estará longe de vos querer consolar, ou de vos querer demonstrar qualquer interesse a favor. Ao contrário, o Senhor simplesmente irá esmagá-los sob Seus pés. E apesar de saber que, ao pisá-los, nunca poderão suportar o peso de Sua omnipotência, ainda assim Ele não se importará com isso e irá esmagá-los debaixo de Seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre, manchando Suas vestes, maculando Seus trajes resplandecentes. Ele não só irá odiá-los, como dedicará a todos vós aqui, o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para si, a não ser debaixo de Seus pés, para serem pisados como se pisa a lama das ruas.
3. A miséria a que estarão dotados é aquela que Deus mesmo infligirá, a fim de demonstrar a força da Sua ira duma só forma. Deus tem em Seu coração a intenção de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do Seu amor, como a severidade de Seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força da sua ira através de castigos extremos que aplicam sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sádraque que, Mesadaque e Abednego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que costumava fazer. Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto grau poss´vel de temperatura. O grande Deus também quer revelar a Sua ira e exaltar Sua tremenda majestade (em tudo mais excelente que a deste rei) e grandioso poder através dos sofrimentos desmedidos de Seus inimigos. “Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição.” (Romanos 9: 22).
E visto que esse é o Seu desígnio e o que Ele determinou, ou seja, mostrar como é terrível e ilimitada a Sua ira, fúria e indignação, Ele o mostrará realmente. E espero que não seja a si ainda. Será realizado algo horrendo, muito terrível.
Quando o grande e furioso Deus se houver levantado e haver executado Sua terrível vingança sobre o mísero pecador e desgraçado que estiver sofrendo o peso e o poder infinito de Sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que n’Ele existe. “Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo. Ouvi vós, os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?” (Is. 33 :12-14).
Assim será com vós todos os que não se converterem a tempo, se permanecerem nesse vosso estado de insensatez. O poder infinito, a majestade e a grandiosidade do Deus omnipotente serão exaltados em vós através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão, por certo. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro.
E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão para contemplar esse espectáculo horrendo vendo como é a ira e a fúria do Todo-Poderoso para nunca mais esquecerem. E quando virem todas essas coisas, prostrar-se-ão e adorarão Seu grande poder e majestade. “E será que de uma lutava à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.”(Is.66:23-24).
É uma ira eterna. Já seria algo terrível sofrer o furor e a cólera do Deus todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda uma eternidade. Essa intensa e horrenda miséria nunca mais terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E irão entrar em desesperar mas em vão, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor ao mesmo tempo. Saberão também, que terão de a sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança que nunca mais aceita qualquer clemência, todo-poderosa que ela possa ser agora para si. Então, depois de passar por tudo isso, quando tanto os séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota de água quando comparado com o que ainda resta. Portanto, seu castigo será, com toda segurança e certeza, infinito. Oh, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão daquela realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois “Quem conhece o poder da ira de Deus?”
Quão horrendo é o estado daqueles que diariamente, continuamente a cada hora, os que se encontram em perigo de sofrer tamanha ira de infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que possa ser. Oxalá pensassem em todas essas coisas, jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade também. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranquilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito e que estejam até enroscando na esperança de conseguirem escapar. Se soubéssemos que de entre os nossos conhecidos existisse uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encararmos essa realidade. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro e prantear por causa dela. Mas, infelizmente, longe de ser uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações no inferno apenas! E inúmeras dessas pessoas podem estar no inferno em breve, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranquilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que entre todos vós continuarem persistam nesse vosso estado natural pecaminoso e que consigam ficar fora do inferno por mais algum tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vós, de maneira repentina. Têm toda razão ao se admirarem de não estar ainda a fazer número já dentro do inferno. É o caso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, meus, que pareciam nunca merecer o inferno mais do que qualquer um de vós e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos tanto quanto vós estais hoje. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos carnais, cercados por todos os meios da graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, lá no inferno por uma simples oportunidade de viver mais um só dia, como a que desfrutam vocês neste momento!
E agora vocês são os que têm uma excelente oportunidade de se salvarem. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par colocando-se em pé clamando e chamando em alta voz aos pobres de espírito. Este é o dia em que muitos se estarão reunindo a Ele, apressando tudo para chegar ao reino de Deus. Inúmeras almas estão indo diariamente do norte, do sul, do leste e oeste. Muitos dos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro e os pôde lavar de seus pecados com Seu próprio sangue, regozijando-se na e banqueteando-se por estarem a ver a glória de Deus para sempre. Como é terrível ser deixado para trás num dia destes! Ver os outros a banquetearem-se, enquanto vocês estão penando e definhando sem qualquer esperança de lá poderem sair! Ver os outros em perfeito regozijo e alegria, cantando com todo coração coração, enquanto vocês só terão motivos para prantear pelo sofrimento em vossas almas e corações, de se lamentarem por causa das aflições de vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado? Será que vossas almas não são tão preciosas assim, como as almas daqueles que, dia a dia, se estarão ajuntando ao rebanho de Cristo?
Não existem, porventura, muitos que, apesar de haverem estado já longo tempo neste mundo, mesmo assim ainda não nasceram de novo e por essa razão sejam estranhos à comunidade de Israel e nada tenham feito durante toda a sua vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh senhores, o vosso caso, é sem dúvida, extremamente pernicioso. Toda a dureza de vossos corações e vossa culpa são imensuráveis. Acaso não vêem como as pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Necessitam reflectir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira dum Deus infinito.
E todos vós que ainda são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que ainda desfrutam, quando tantos outros jovens da vossa idade já estão renunciando às futilidades da sua juventude acorrendo céleres até Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade única, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram os dias preciosos de sua mocidade em pecado, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade natural.
E vós crianças, que não foram convertidas ainda, não sabem que estão perto do inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que está encolerizado contra vós também noite e dia? Será que ficarão felizes por serem ser filhos do diabo apenas, quando tantas outras já foram convertidas e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?
Oxalá todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendendo sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, pessoas de meia idade, jovens ou crianças, possam dar-me ouvidos, também ao clamor dos chamamentos da Palavra e da providência de Deus. Este é o ano aceitável do Senhor, um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros também. Quando negligenciam vossas almas a esse ponto, os corações dos vós homens se endurecem e vossa culpa aumenta vertiginosamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produzir fruto, será cortada e lançada no fogo eterno.
Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-Poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de sua Sodoma: “Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças.”
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens.” “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus;” (2 Cor 5.11-20; 6.2). “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55:6,7). Amém.
Michael Horton
Extraído do Jornal “Os Puritanos” Ano V – No.3
Os rótulos geralmente são confusos, especialmente quando o conteúdo da embalagem muda. Suco de uva pode virar vinagre com o passar dos anos na adega, porém o rótulo não muda junto com as mudanças na substância. O mesmo vale para o termo “evangélico”.
Desde o “Ano do Evangélico”, correspondente ao bicentenário de nossa nação (no caso os EUA) em 1976, o termo – pelo menos na América do Norte – veio a identificar aqueles que salientam um determinada marca da política, uma abordagem moralista e freqüentemente legalista da vida, e certo tipo de imitação, “cafona” de estilo de evangelismo. Para alguns o termo compreende o emocionalismo que eles vêem na televisão religiosa. Para outros, hipocrisia e justiça própria. E aí há as memórias que muitos de nós, que fomos criados como evangélicos, temos: ambientes familiares fortes e cuidadosos; um senso de pertencer a um mesmo lugar, com os amigos que gostam de conversar das “coisas do Senhor”.
Independente do seu passado, é importante entender o significado do termo “evangélico”.
As pessoas só começaram a usar o rótulo no século XVI, designando aqueles que abraçaram o Evangelho que havia – num sentido bem real – sido recuperado pela Reforma Protestante naquele século. “Evangélico” vem de “evangel”, que é o termo grego para “evangelho”. Deste modo, os “evangélicos” eram luteranos e calvinistas que queriam recuperar o evangel e proclamá-lo dos altos dos telhados. Era uma designação empregada para colocar os Protestantes num agudo contraste com os Católicos Romanos e “seitas”. Mas para entender por que estes Protestantes pensavam que eram realmente aqueles que recuperaram o verdadeiro e bíblico Evangelho, temos que entender o que era aquele evangelho.
O “Evangel”
A Reforma era uma coleção de “solas” – esta é a palavra latina para “somente”. Eles vibravam ao dizer “Sola Scriptura!“, significando, “Somente as Escrituras”. A Bíblia era a “única regra para fé e prática” (Westminster) para os reformadores. Você vê que a igreja acreditava que a Bíblia era totalmente inspirada e infalível, mas a igreja era o único intérprete infalível da Bíblia. Os Reformadores acreditavam que a Tradição era importante e que os Cristãos não a deveriam interpretar por eles mesmos, mas que todos os cristãos sejam clérigos ou leigos, deveriam chegar a um comum entendimento e interpretação das Escrituras juntos. A Bíblia não deveria ser exclusivamente deixada aos “espertos”, mas isso nunca significou para os Reformadores que cada cristão deveria presumir que ele ou ela pudessem chegar a interpretações da Bíblia sem a orientação e assistência da Igreja.
0 principal ponto de “Sola Scriptura” então, era este: Não deveria ser permitido à Igreja fazer regras ou doutrinas fora das Escrituras. Não existem novas revelações, nem papas que ouvem diretamente a voz de Deus, e nada que a Bíblia não apresente deveria ser ordenado aos cristãos.
0 segundo “sola” era “solo Christus“, “Somente Cristo”. Isto não queria dizer que os Reformadores não criam na Trindade – pois o Pai e o Espírito Santo eram igualmente divinos, mas que Cristo, sendo o “Deus-Homem” e nosso único Mediador, é o “Homem de frente” para a Trindade. “Aquele que me vê a Mim, vê ao Pai que me enviou”, disse Jesus. Num tempo em que meros seres humanos estão tomando o lugar de Cristo como Mediador entre Deus e cristãos, os reformadores proclamaram juntamente com Paulo: “Há somente um Deus e um Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tim. 2: 5). Eu cresci em igrejas onde tínhamos “apelos ao altar” e esta pode ser a coisa mais próxima que nós cristãos modernos temos do “chamado ao altar” medieval, a missa. Em nossas igrejas, o pastor atuaria como mediador, vendo nossa mão levantada “enquanto cada cabeça está baixa e cada olho fechado”, e nós iríamos para a frente onde ele estava, o chamado “altar” e repetiríamos uma oração após ele. Então ele afirmaria que, tendo “feito a oração”, nós agora estaríamos salvos. Eu me lembro de ter sido “salvo” novamente, e novamente. Quando me senti culpado após uma particular e desagradável noite de sábado, lá ia eu novamente ao altar. Cristãos medievais estavam sempre apavorados até a morte, por ver que poderiam morrer com pecados não confessados e assim iriam para o inferno. Assim, a missa era uma oportunidade de “estar em dia com Deus” e de “encher a banheira” que tinha tido um vazamento por causa do pecado.
Os reformadores, porém, diriam àqueles dentre nós que vivem ansiosos quanto ao fato de estar ou não dentro do favor de Deus, ou se estamos cedendo demais ou obtendo vitória: “Somente Cristo!” É a Sua vida e não a nossa, que conta para a nossa salvação; foi a Sua morte sacrificial e ressurreição vitoriosa que nos assegurou vida eterna. Porque Ele “entregou tudo”; o Seu mérito cobre totalmente o nosso demérito.
E isso nos traz ao próximo “sola” – “sola gratia” (Somente a Graça!) Roma acreditava na graça; de fato, a Igreja insistia que, sem a graça, ninguém poderia ser salvo. Só que a graça era o tipo de “um pó mágico” que ajudava a pessoa a viver uma vida melhor – com a ajuda de Deus. Os reformadores, em contrapartida, diziam que a graça não é uma substância que Deus nos dá para vivermos uma vida melhor, mas sim uma atitude em relação a nós, aceitando-nos como justos por causa da santidade de Cristo, e não nossa.
Por isso eles lançaram o quarto “somente” (sola), que sabemos ser “sola fide” (somente a fé). Considerando que somos salvos somente pela graça, como obtemos essa graça? Roma argumentava que essa graça era distribuída pela igreja através dos váriosmétodos que os “altos escalões” haviam inventado. Fé mais amor, ou fé mais boas obras, ou alguma coisa assim, tornou-se a fórmula para a salvação. Os reformadores ao contrário, insistiam que do início ao fim, “salvação é obra do Senhor” (João 2: 9). “0 Espírito dá vida; o homem em nada colabora” (João 6: 55). “Não depende da decisão, nem do esforço do homem, mas da misericórdia de Deus” (Rom 9: 16). Assim a fé em si mesma é um dom da graça de Deus e não se pode dizer dela que seja “a coisa” que nós fazemos na salvação: Pois nós não somos nascidos da vontade da carne ou da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:13).
No minuto em que uma pessoa olha para “Cristo somente” para sua salvação, dependendo da Sua vida santa e sacrifício substitutivo na cruz, naquele exato momento ela ou ele é justificado (posto em posição de justiça, declarado justo, santo, perfeito). A própria santidade de Cristo é imputada (creditada) na conta do crente, como se ele ou ela tivessem vivido uma vida perfeita de obediência – mesmo enquanto aquela pessoa continua a cair repetidamente no pecado durante sua vida. 0 Cristão não é alguém que está olhando no espelho espiritual, medindo a proximidade de Deus pela experiência e progresso na santidade, mas é antes alguém que está “olhando para Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé”( Heb. 12: 2). Resumindo, é o estilo de vida de Cristo, não o nosso, que atinge os requisitos de Deus, e é por Ele que a justiça pode ser transferida para nossa conta, pela fé (olhando somente para Cristo).
Finalmente, os reformadores disseram que tudo isso significa que Deus é quem tem todo o crédito. “Soli Deo Gloria” (Somente a Deus seja a Glória) era a forma que eles colocavam – nosso último “sola”, que quer dizer, “A Deus somente seja a Glória” Um evangélico, portanto, era centrado em Deus; alguém que estava convencido de que Deus havia feito tudo e que não restava nada que o homem considerasse seu a não ser seu próprio pecado. Isto não apenas transformou radicalmente a vida devocional dos crentes que o abraçaram, mas toda a estrutura social também.
Numa velha taverna do século XVII em Heidelberg, na Alemanha, lê-se no alto “Soli Deo Gloria!” Johann Sebastian Bach, o famoso compositor, assinou todas as suas composições com aquele slogan da Reforma. Do mesmo modo, um outro compositor, Handel, declarou, “Que privilégio é ser membro da igreja evangélica, saber que meus pecados estão perdoados. Se nós fossemos deixados à mercê de nós mesmos, meu Deus, o que seria de nós?” Grandes e nobres vidas requerem grandes e nobres pensamentos, e a soberania e a graça de Deus são, para o crente, grandes e nobres pensamentos. Os reformadores disseram a Roma o que J.B.Philipps, o tradutor inglês da Bíblia, disse à igreja contemporânea: “O Deus de vocês é muito pequeno”.
A Reforma, a qual produziu o termo “evangélico”, também recuperou a doutrina bíblica do “sacerdócio universal de todos os santos” e a noção bíblica do chamado e vocação. A igreja tinha dividido os cristãos em primeira classe (aqueles que serviriam no “ministério cristão em tempo integral”) e segunda classe (aqueles que estavam empregados em serviços “seculares”). Os reformadores concediam, por direito, que todos os cristãos são sacerdotes e são, por isso, ministros de Deus, independente de estarem varrendo uma sala para a glória de Deus, moldando uma peça de cerâmica, defendendo um cliente na corte, curando um paciente, ordenhando uma vaca, ou conduzindo uma congregação no louvor. Não há o “secular” e o “sagrado” – Deus criou o mundo inteiro e fez a vida neste mundo como algo inseparável de nossa própria humanidade.
Como nós ajustamos as coisas hoje?
A questão, é claro, é se “evangélico” hoje significa o que significou há quinhentos anos.
Em primeiro lugar, muitos dos evangélicos de hoje têm uma visão das Escrituras inferior à que a igreja de Roma tinha no século XVI. Instituições evangélicas de peso duvidam da confiabilidade da Bíblia e de sua infalibilidade – a menos, claro, que se trate daquilo que eles já decidiram que é verdade. Outros acreditam que a Bíblia é inerrante, porém acrescentam novas regras e revelações ao cânon. “A Bíblia é suficiente”, nos aconselhariam os reformadores. Os sermões, com muita freqüência, são “pop-inspiracionalistas” discursos superficiais de “Como criar filhos positivos” ou “Como ter uma auto-estima” em detrimento de sérias exposições das Escrituras. De acordo com o Gallup, “Os EUA são um país de iletrados bíblicos”, ainda que 60 milhões deles se consideram “evangélicos”.
Em segundo lugar, muitos evangélicos modernos também não acreditam que Cristo é suficiente. Às vezes pessoas muito boas e nobres substituem Cristo como nosso único Mediador, assim como o Espírito Santo. Enquanto louvamos o Espírito juntamente com o Pai e o Filho, o Filho tem este papel único de nosso único advogado e Mediador. Não devemos olhar para a obra do Espírito nos nossos corações, mas para a obra de cristo na cruz. Às vezes, nós temos mediadores humanos que não são o Deus-Homem Jesus Cristo. Precisamos de outras coisas pelo meio, como a figura do pastor no “apelo” do altar ao qual me referi anteriormente. Não muito tempo atrás eu vi um tele-evangelista de sucesso tirando o fone do gancho e informando seus telespectadores que “esta é sua conexão com Deus”. Uma banda secular, “Depeche Mode”, canta sobre “Seu próprio Jesus Pessoal” que pode ser contactado ao se pegar no fone e fazendo sua confissão. Enquanto estivermos neste assunto, também deveríamos mencionar que foi a venda de indulgências de John Tetzel (redução do período no purgatório em troca de valores em dinheiro) que inspirou as “Noventa e Cinco Teses “de Lutero, desencadeando a Reforma. “Quando a moeda bate no cofre”, o coro cantava, “uma alma do purgatório é vivificada”. Será que isso realmente é diferente da venda da salvação que temos visto na televisão cristã, rádio, e mesmo em muitas igrejas? Dinheiro e salvação têm sido distorcidos para serem uma coisa só no meio de muitos de nós. “Eles vendem salvação a você”, canta Ray Stevens, “enquanto eles cantam ‘Amazing Grace’ (‘Graça Maravilhosa’)”.
Muitos evangélicos hoje crêem que “Somente a Graça” (sola gratia) é algo como livre-arbítrio, uma decisão, uma oração, uma ida até a frente, uma segunda bênção, algo que nós façamos por Deus que nos dará confiança de sermos alvo do Seu favor. Doutrinas como eleição, justificação e regeneração são discutidas quase que nunca, porque elas mostram o quadro de uma humanidade que é incapaz e nem ao menos pode cooperar com Deus em matéria de salvação. Se nós formos salvos é Deus e Deus somente que deverá faze-lo.
E sobre “Somente a Fé” (sola fide)? Muitos evangélicos acham que a fé não é suficiente. Se um indivíduo crê em Cristo e daí sai e o anuncia, será que a fé é suficiente? Alguns insistem que a fé mais a entrega, ou a fé mais a obediência, ou fé mais um sincero desejo de servir ao Senhor servirão como uma fórmula. 0 fato de que os evangélicos hoje lutam com estas questões indica que nós não ouvimos o “som seguro” de “Somente a Fé” em nossas igrejas. Fé é suficiente porque Cristo é suficiente.
Como se comparariam os evangélicos de hoje com os seus predecessores em matéria de “Somente a Deus seja a Glória”? Auto-estima, glória-própria, centralidade do “eu” parecem dominar a pregação, ensino e a literatura popular do mundo evangélico. Os evangélicos de hoje sabem muito pouco do grande Deus dos reformadores – um Deus que faz tudo conforme o Seu agrado, em relação aos céus e às pessoas sobre a terra e “que faz tudo conforme o conselho da Sua vontade” (Dn. 4; Ef. 1: 11). Os evangélicos hoje, refletindo sua cultura e sociedade mais ampla, estão intimidados por um Deus que é Deus. Porém que outro Deus é digno de confiança? Em poucas palavras, que outro Deus existe? Louvar ao Deus de uma experiência pessoal ou o Deus de preferência pessoal é louvar um ídolo. Os reformadores levaram isso a sério, e aqueles que quiserem ser evangélicos genuínos também devem faze-lo.
Conclusão
Muitas pessoas se perguntam por que o povo da “Reforma” parece bravo. Ninguém quer estar ao redor de pessoas bravas – e eu não gostaria de ser conhecido como uma pessoa “brava”. Mas precisamos encarar o fato de que estes são tempos de grande infidelidade para o povo de Deus. A nós foi dada uma fé rica, com Cristo no centro. Porém trocamos nossa rica dieta por um saco de pipocas e estamos mal nutridos. Se os evangélicos terão a mesma saúde espiritual que tiveram em épocas passadas, eles terão que voltar para as verdades que fazem de “evangélicos” “evangélicos”. A Bíblia – nosso único fundamento; Cristo – nossa única esperança; Graça – nosso único evangelho; Fé – nosso único instrumento; a Glória de Deus – nosso único alvo; o Sacerdócio de todos os santos – nosso único ministério. Este evangelicalismo original ainda é suficiente para fazer, mesmo de nossas menores vitórias, algo muito grande.
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Nota Sobre o Autor: Dr.michael Horton é professor no Seminário Teológico Reformado, Orlando-Flórida e editor da revista Modern Reformation.
Ser cristão é individual, ao passo que ser membro é coletivo. Ser cristão se faz por si mesmo, ao passo que ser membro é para o Corpo. Uma vez que a pessoa vê o Corpo de Cristo, ela está livre do individualismo, e já não viverá para si mesma, mas para o Corpo. O Corpo de Cristo não é uma doutrina: não é um ensinamento, mas uma vida. Se percebermos que um cristão nada mais é que um membro, não nos orgulharemos mais. Tudo depende do que vemos. Os que vêem que são membros certamente valorizam o Corpo. e honram os outros membros. Eles não vêem apenas as próprias virtudes, mas prontamente reconhecem que os demais são melhores do que eles.
Cada membro tem sua função, e todas as funções são para o Corpo. A função de um membro é de todo o Corpo. Quando um membro faz algo, todo o Corpo o faz. Não podemos separar os membros do corpo. Portanto, o movimento dos membros do Corpo deve ter em vista o Corpo. Tudo que os membros fazem deve ser para o Corpo. Efésios 4 fala que o Corpo cresce até ser varão perfeito (VRC). Não diz que os indivíduos crescem até ser varões perfeitos. No capítulo três, a capacidade de conhecer o amor de Cristo e compreender qual é a largura, o cumprimento, a altura e a profundidade do Senhor é com todos os santos. Ninguém pode conhecer ou compreender sozinho. Uma pessoa individualmente não tem tempo nem capacidade para experimentar o amor de Cristo de tal maneira.
The Berean Call Newsletter – Janeiro de 2001
Tradução de Mario Sergio de Almeida – Abril de 2004
Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo declarou: “Porque as suas [de Deus] coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” (Rom. 1:20). Deus providenciou para observadores humildes do universo ampla evidência de sua existência disponível em todas as culturas na história. Portanto, não há desculpa para rejeitar o testemunho da criação. Tanto é que os Salmos declaram duas vezes, bruscamente: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus.” (Sal. 14:1; 53:1).
Os cristãos há muito tempo têm apontado para a criação como prova de um projeto e, portanto, de um projetista, ou seja, um Criador. Ateus têm insistido que a ciência resolveria todas as questões sobre o cosmos e, desse modo, querem acabar com a necessidade de um Deus para explicar qualquer coisa. Eles persistem nesta ilusão, a despeito de que, para cada descoberta que a ciência faz, as evidências da existência de Deus se tornam mais irresistíveis.
Para cada porta que a ciência abre, são reveladas outras dez portas fechadas. Enquanto o conhecimento do universo está se expandindo exponencialmente, o desconhecido se expande ainda mais, como imagens refletidas numa sala de espelhos. Descobertas científicas, forçosamente, apontam para uma sabedoria e poder, sem começo ou fim e infinitamente além da compreensão humana, de um Ser que, sozinho, poderia ter trazido todas as coisas à existência.
Em parte alguma a evidência de Deus é mais forte do que nas formas de vida, especialmente desde a descoberta do microscópio eletrônico e da invenção dos computadores. Investigando a vida em nível molecular, descobrimos que o seu intrincado e engenhoso projeto funcionam além da imaginação. Refletindo sobre este fato 3.000 anos adiantado, Davi disse: “Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Sl. 139:14). Observando o espantoso projeto e funcionamento, mesmo dos micróbios ou insetos, sem falar do corpo humano, somos forçados a admitir que Davi estava correto: Não poderíamos ter evoluído, mas sim, criados.
Até mesmo o determinado proponente da evolução, Richard Dawkins, confessa que as coisas vivas “dão a impressão de terem sido criadas com um propósito” (The Blind Watchmaker [Longman, England, 1986], 20). Ele admite, inclusive, que o núcleo de toda célula (a menor unidade viva; existem de células trilhões no corpo humano) contém “uma base digital de dados codificada maior, em informação e conteúdo, do que todos os 30 volumes da Enciclopédia Britânica juntos” (ibid 29). Apenas a probabilidade matemática de se colocar milhões de letras alinhadas na ordem correta por acaso está fora de questão. Para existir vida, alguma coisa mais impressionante está envolvida do que o acaso organizando bilhões de moléculas químicas na ordem certa. Dawkins faz referência a uma base digital de dados codificada! Esta é uma terminologia recente, nunca imaginada por Darwin. As moléculas de DNA não devem apenas ser colocadas na ordem correta, mas elas têm que, como letras, expressar informação numa linguagem, que provê instruções para serem seguidas.
Cada pessoa, no momento da concepção, começa como uma única célula. Como esta célula sabe o que fazer, para construir um corpo formado por trilhões de células individuais, de espécies e funções diferentes? A maior parte das crianças em idade escolar sabe a resposta: Impressa naquela célula original estão instruções para a construção e operação do corpo humano, que serão executadas sem erro. O DNA replica esta heliografia dentro de cada célula produzida. Estas, por sua vez, espantosamente, saberão qual parte das instruções deverão seguir.
As crianças hoje sabem que o DNA tem uma incrível capacidade de armazenar informação. Se na cabeça de um alfinete fossem colocadas informações contidas no DNA, seria o mesmo que empilhar livros a uma altura 500 vezes maior do que a distância entre a terra e a lua! Isto requer milhares de computadores pessoais para armazenar e processar tamanha quantidade de dados.
A construção do computador mais rápido do mundo está sendo terminada [em 2001]. Ele é chamado “Gene Azul” e fará um quatrilhão (1 com 15 zeros depois) de cálculos por segundo! Ele está sendo produzido para mapear os três bilhões de letras químicas impressas no genoma humano, iguais a 100.000 páginas de sentenças, com instruções operacionais de um ser humano. Tudo organizado por acaso?
A primeira tarefa do Gene Azul será entender como o corpo faz apenas uma molécula de proteína. Para resolver este problema, o computador funcionará 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante 1 ano! Enquanto o corpo, seguindo as instruções impressas no DNA, cria uma molécula de proteína numa fração de segundo. Tais instruções, que este computador levará 1 ano para entender, foram geradas aleatoriamente? E tudo isto por causa de apenas uma molécula de proteína! “A probabilidade de se alcançar a ordem requerida, numa única e básica molécula de proteína, meramente por acaso, é estimada em uma chance em 1 seguido de 43 zeros. Considerando que milhares de moléculas de proteína são necessárias para construir uma única célula, a probabilidade se torna impossível.” ( Jerry R. Bergman, in In Six Days, John F. Ashton, ed. [New Holland Publishers, 1999], 29).
São necessárias várias espécies diferentes de enzimas (feitas de proteínas) para decodificar/traduzir a informação genética codificada no DNA, e as enzimas são independentemente codificadas para fazer o trabalho. Então, não seria vantagem para a evolução (mesmo se ela pudesse) imprimir informação genética no DNA; ao mesmo tempo, ela teria que codificar as enzimas para traduzí-las. Assim, o DNA e as enzimas para decodificá-las não poderiam ter “evoluído” por um período de tempo, ficando estagnadas no processo. Tudo deve estar funcionando perfeitamente em ordem desde o início. Em nível molecular, a evolução é uma piada de mal gosto!
Anos atrás, o dilema era: “O que veio primeiro, o ovo ou a galinha?” Hoje, o dilema é: “O que veio primeiro, a proteína ou o DNA?” É necessário proteína para construir o DNA, porém, é necessário DNA para fazer a proteína. Obviamente, ambos foram criados ao mesmo tempo; nenhum deles poderia ter evoluído.
Todavia, a lição do DNA aponta além da impossibilidade estatística, de algum modo colocando abaixo o processo aleatório, por um longo tempo. As três bilhões de letras químicas expressam informação numa linguagem, que deve ser lida para ser usada! A linguagem, necessariamente, envolve idéias compostas a partir de regras gramaticais, que podem ser criadas e expressadas apenas por uma inteligência. Isto nos leva além das estatísticas e matéria, colocando-nos noutra realidade, envolvendo questões que não podem ser compreendidas por tecidos feitos de células.
Linguagem expressa pensamentos, e pensamentos não são físicos! Eles podem ser articulados em formas físicas, tais como sons ou palavras e sentenças numa página, ou ainda em letras químicas codificadas no DNA. Obviamente, de qualquer forma, os pensamentos sendo comunicados pela linguagem são independentes do material através do qual são expressos. Necessariamente, tem que haver uma inteligência, uma fonte não física, independente dos meios físicos de armazenamento ou comunicação. A Bíblia, é claro, diz que Deus, que codificou o DNA, é Espírito (Jo. 4:24).
O fato de que a vida é criada e funciona por linguagem, originada por uma inteligência, proveniente de uma fonte não física, acaba de uma vez por todas com a evolução. A química não poderia colocar pensamentos inteligentes numa linguagem que contém as instruções para construir e operar uma única célula, muito menos as trilhões de células do corpo humano! O fato de que o DNA é construído para replicar a si mesmo precisamente, e falha apenas por causa de erros destrutivos, elimina até mesmo a evolução teísta.
Somos levados pela ciência e lógica a admitir que a vida, em qualquer forma, tem a sua fonte somente num Deus que é independente do universo material. Que não pode haver mais de uma fonte, isso é provado pela uniformidade e universalidade da linguagem. Estes fatos inevitáveis refutam não apenas o ateísmo, mas também o panteísmo e o politeísmo, as maiores ilusões do paganismo.
O DNA, é claro, não entende a informação codificada nele próprio. Ele é um mecanismo construído e programado pelo Originador da linguagem, para seguir Suas instruções automaticamente. E o mais complexo mecanismo construído pelo DNA é o cérebro humano. Mais avançado do que qualquer computador já produzido pelo homem, ele contém mais de 100 bilhões de células nervosas conectadas por 444 quilômetros de fibras nervosas, inter-relacionadas por 100 trilhões de conexões.
Com toda esta complexidade, o cérebro não origina ou entende o que está fazendo, tal como o próprio DNA. O cérebro não origina os pensamentos. Se o fizesse, teríamos que fazer qualquer coisa que ele decidisse. Ao contrário, nós (a pessoa real por dentro) produzimos as idéias, tomamos decisões, e nossos cérebros recebem estes pensamentos não físicos, traduzindo-os em ações físicas, através de uma conexão entre o espírito e o corpo, que a ciência não pode sondar.
Wilder Penfield, um dos mais renomados neurocirurgiões do mundo, descreve o cérebro como um computador programado por algo independente de si mesmo, a mente. A ciência não pode escapar ao fato de que o homem, como seu Criador, tem que ser não material para originar os pensamentos, a serem processados pelo cérebro. Mas o homem não origina o pensamento por si mesmo. Ele próprio não cria ou tem a capacidade de pensar. A Bíblia diz que Deus, o qual é Espírito, criou o homem “à sua imagem” (Gen. 1:27), que é uma “alma vivente” (2:7), sou seja, um ser não físico tal como seu Criador, capaz de pensar e tomar decisões. Esta habilidade faz dele moralmente responsável diante de Deus. Escapar desta responsabilidade é única razão do ateísmo.
Não apenas a ciência tem falhado em se esconder de Deus, mas os últimos dados de computadores e exames da vida em nível molecular também confirmam o que a Bíblia sempre disse. Cristãos se perguntaram por séculos o que significava dividir, pela Palavra de Deus, até mesmo “juntas e medulas” (Heb. 4 12). Agora sabemos que a linguagem codificada por Deus no DNA, no ato da criação, faz exatamente isto. Porém, Deus se comunica com o homem em seu espírito numa linguagem elevada, que “é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Heb. 4:12). Esta verdade é imutável porque “Para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu” (Sal. 119:89).
Muito antes da ciência moderna, Davi escreveu: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo.” (Sal. 19:1-4).
Tudo fica ainda mais emocionante, e aumenta a glorificação a Deus, quando permitimos as Escrituras exporem a respeito do papel essencial que a linguagem exerce em toda criação. Gênesis 1 nos mostra que Deus disse: “Haja luz”, etc. O Novo Testamento nos mostra que “a Palavra era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele…” (Jo. 1:1-2). A diante, lemos: “os mundos pela palavra de Deus foram criados” (Heb. 11:3). E os céus, “pela mesma palavra… se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.” (2 Ped. 3:7). Jesus disse: “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” (Jo. 12:38).
A capacidade humana de estudar e entender a linguagem do DNA é prova de que ele é um ser não físico, como o Originador do DNA e, portanto, capaz de um relacionamento espiritual com o Criador, que é muito diferente de qualquer parte do corpo humano. Sua habilidade de formar idéias conceituais e expressá-las num discurso, o capacita a receber comunicação do seu Criador numa linguagem que o homem (não animais) pode entender e obedecer. A consciência nos mostra quando desobedecemos. A Bíblia diz que acreditar e obedecer esta comunicação de Deus é absolutamente essencial para a vida espiritual. Moisés declarou, há 3.500 anos: “o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem.” (Deut. 8:3).
Desde a rebelião de Adão, seus descendentes estão, por natureza, todos “mortos em ofensas e pecados” (Ef. 2:1) e devem nascer de novo para a vida espiritual pela Palavra de Deus, através do Espírito de Deus, na Sua família: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” (Jo. 3:6); “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque Toda a carne é como a erva, E toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre.” (1 Ped. 1:23-25); “a palavra da fé, que pregamos” (Rom. 10:8). O salmista disse: “engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.” (Sal. 138:2).
Milagrosamente, os filhos do seu “pai, o diabo” (Jo. 8:44) podem se tornar os “filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gal. 3: 26). Sim, “agora somos filhos de Deus…” (1 Jo. 3:2). Depois de recebermos vida espiritual dEle, pela fé na Sua Palavra, somos capazes de manter um relacionamento de adoração com o Pai, porque “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo. 4:24).
Qualquer um pode ver o sério erro de procurar por coisas físicas, como o batismo e a hóstia, para se obter vida espiritual. Sim, Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.” (Jo. 6:53). Claramente, por “comer” e “beber”, Ele quis dizer “acreditar”: “quem crê em mim nunca terá sede…Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna;” (vv. 35-40). Como Ele explicou para aqueles que não puderam entender: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (v. 63)
A existência do homem como um ser não físico não põe fim à morte do seu corpo material. Para o cristão, a morte significa a separação temporária de ambos, da alma e espírito, do corpo material: “Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Cor. 5:8). Tal separação acaba quando o “Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro… Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Tess. 4:13-18) e “carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção … todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.” (1 Cor. 15:50-53). Ou seja, as almas e espíritos dos salvos, daqueles que estiveram em Sua presença enquanto seus corpos estavam dormindo no túmulo, serão reunidos novamente ao seu novo corpo glorificado, igual ao de Jesus Cristo (Filip. 3:21). Isto é fantástico? Não mais do que a criação!
Sua esposa, retirada da terra e levada à casa de Seu Pai, como Ele prometeu (Jo. 14:1-3), depois do “tribunal de Cristo” (2 Cor. 5:10), será “vestida de linho fino, limpo e branco” e casar-se-á com seu Senhor (Ap. 19:7-8). Aquele que retorna triunfantemente ao Monte das Oliveiras (de onde Ele ascendeu – Atos 1:9-12) liderando seus exércitos celestiais como “Rei dos reis, e Senhor dos senhores,” … vestido “de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus .” (Ap. 19:11-16)
A Igreja Evangélica de hoje se encontra na delicada situação de estar errada ao mesmo tempo em que está certa; uma simples preposição nesse caso faz a diferença.
Penso que não há dúvida, mas se deixarmos a Bíblia decidir o que está certo e o que está errado, os evangélicos estão certos em sua posição doutrinária. Até o céptico H. L. Mencken disse: “Se a Bíblia é verdadeira, os fundamentalistas estão certos.” Ele não confirmou a fidelidade bíblica, mas foi inteligente o suficiente para ver que as doutrinas básicas ensinadas pelos fundamentalistas eram idênticas aquelas ensinadas pela Bíblia.
Um ponto em que estamos errados e, ao mesmo tempo certos, está na ênfase relativa que damos às preposições para e de quando estas acompanham a palavra salvos. Por uma longa geração, defendemos a palavra da verdade ao mesmo tempo em que nos afastávamos dela em espírito porque estávamos preocupados com a questão do que fomos salvos em vez da questão para que fomos salvos.
A importância correta referente a estes dois conceitos é apresentada por Paulo em sua primeira epístola aos Tessalonicences: “(…) e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o Seu Filho” (1:10).
O cristão é salvo dos seus pecados do passado. Ele não tem mais nada a ver com eles; esses pecados estão entre as coisas que devem ser esquecidas assim como o é a noite ao romper do dia. Ele também é salvo da ira vindoura. Também nada tem a ver com isso. Ela existe, mas não para ele. O pecado e a ira tem uma relação de causa e efeito, e uma vez que o pecado do cristão é anulado, a ira também é revogada. As preposições de da vida cristã dizem respeito a preposições negativas, e interessar-se profundamente por elas é viver em um estado de negação. Contudo, esta é a situação vivida por muitos cristãos sérios na maior parte do tempo.
Não fomos chamados para ter comunhão com a inexistência. Fomos chamados às coisas que existem na verdade, às coisas positivas, e é quando nos ocupamos com essas coisas que nossa alma é curada. A vida espiritual não pode se satisfazer com situações negativas. O homem que constantemente relembra as maldades dos dias em que não era convertido está olhando para a direção errada. É como um homem que tenta vencer uma corrida olhando pra trás por sobre os ombros.
O que o cristão costuma ser é a questão menos importante a seu respeito. O que deveria ser é tudo o que deveria lhe importar. Ele pode, de vez em quando, como fez Paulo, lembrar-se da vida que outrora levava para sua própria vergonha; mas isto não deve passar de um rápido retrospecto; nunca deve ser um olhar fixo. Nosso olhar permanente e prolongado está em Deus e na glória que será revelada.
De que fomos salvos e para que fomos salvos têm a mesma relação entre si como uma doença grave e a saúde recuperada. O médico deve se colocar entre esses dois elementos antagônicos para salvar alguém de uma condição e restaurá-lo à outra. Curada a terrível doença, sua lembrança deve ser banida da mente a fim de que fique mais vaga e mais fraca uma vez que se trata de um fato muito distante; e o ditoso homem, cuja saúde foi restabelecida, deve continuar a usar sua nova força para realizar algo útil para a humanidade.
Contudo, muitas pessoas permitem que o estado debilitado de seu corpo limite sua capacidade mental de modo que, após o restabelecimento do corpo, elas ainda guardam o velho sentimento de invalidez crônica que sentiam antes. Estão restabelecidas, é verdade, mas não para alguma coisa. Basta imaginarmos um grupo de pessoas testemunhando todos os domingos sobre suas últimas enfermidades e entoando cânticos tristes sobre elas e teremos um quadro perfeito de muitas reuniões cristãs de hoje.
Há uma arte por trás do esquecer, e todo cristão deve tornar-se um mestre nela. Esquecer as coisas que ficaram para traás é uma necessidade positiva para que nos tornemos simples crianças em Cristo. Se não podemos confiar em Deus para lidar com eficiência com nosso passado, podemos pegar uma esponja e começar a apagá-lo. Cinquenta anos sofrendo por nossos pecados não podem apagar a nossa culpa. No entanto, se Deus, de fato, nos perdoou e nos purificou, então, devemos dar a questão por encerrada e não perder mais tempo com lamentações que para nada mais servem.
E, graças a Deus, o esquecimento súbito de nosso conhecido passado não nos deixa com um vazio. Longe disso. O bendito Espírito Santo de Deus corre para ocupar o lugar vazio deixado por nossos pecados e falhas, trazendo consigo toda novidade de vida. Uma nova vida, uma nova esperança, novas alegrias, novos interesses, uma nova obra significativa e, o melhor de todas as coisas, um novo e suficiente objeto para o qual voltar o olhar arrebatador de nossa alma. Deus agora enche o jardim restaurado, e não há razão para termos medo de caminhar e comungar com Ele no frescor do dia.
Bem aqui está o ponto de fraqueza de muitos cristãos atualmente. Não aprendemos o que devemos enfatizar. Em particular, não entendemos que fomos salvos para conhecer Deus, entrar em Sua presença repleta de milagres pelo novo e vivo caminho e permanecer nela eternamente. Fomos chamados para uma eterna preocupação em relação a Deus. O Deus Trino, com todo o Seu mistério e majestade, é nosso e somos dEle,e a eternidade não será longa o suficiente para experimentarmos tudo o que Ele é em termos de bondade, santidade e verdade.
Nos céus, a adoração extasiada da Divindade não cessa nem de dia nem de noite. Professamos estar a caminho deste lugar; não devemos começar agora a adorar na terra como adoraremos no céu?
Este hino foi composto por Watchman Nee depois da invasão comunista na China, a qual resultaria em sua prisão em 1952. Ela expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso, real, desesperado anelo pela volta do Senhor. A melodia usada é Danny Boy. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento…
Desde Betânia
Desde Betânia, quando nos deixaste,
Saudade imensa inundou meu ser.
Não tenho mais tocado a minha harpa –
Como tocar, se a Ti não posso ver?
Na solidão da noite tão profunda,
Fico em silêncio e calmo a meditar
Nessa distância, pois de mim tão longe estás
E há quanto tempo prometeste regressar!
Sem lar, recordo Tua manjedoura,
Olhando a cruz não posso me alegrar.
E Tu me lembras o meu lar futuro,
Mas é a Ti quem mais quero encontrar.
Sem Ti não tem sabor minha alegria;
Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar,
Vazios são meus dias, pois aqui não estás.
Senhor, Te peço, não demores a voltar.
Embora aqui Tua presença eu goze,
De Ti saudade estou sempre a sentir.
Mesmo gozando o Teu amor imenso,
Anseio pelo dia em que hás de vir.
Mesmo na paz me sinto tão sozinho;
Por Ti suspiro em meio do prazer.
Jamais minha alma tem satisfação total,
Pois o Teu rosto amado não consigo ver.
Com sua terra sonha o peregrino,
Com sua pátria, o exilado, além.
Distante, o noivo pensa em sua amada.
De amados pais, saudade os filhos têm.
Assim também anelo ver Teu rosto,
Ó meu querido e amado Salvador.
Ah! se eu pudesse, agora, a Tua face ver!
Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?
Tu lembras que buscar-me prometeste,
E junto a Ti em breve me levar?
Mas tantos dias e anos já passaram,
Cansado estou e peço-Te lembrar.
Tuas pegadas vejo tão distantes,
E quanto tempo ainda vai passar?
Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador:
Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.
O dia nasce e morre, e assim as noites.
E quantos santos já não estão aqui
Tanto esperaram pela Tua volta,
E há muito tempo estão dormindo em Ti.
Ó meu Senhor, por que não Te manifestas?
Espesso véu está a Te ocultar –
Quantos remidos Teus estão a Te esperar!
Será que a nossa espera não vai mais findar?
Sei que também anseias por voltares
E arrebatar os redimidos Teus.
Por isso peço não mais demorares;
Depressa vem levar-nos para Deus.
Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama;
Não ouves Tua Noiva a Te chamar?
Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar:
“Amado Noivo, não demores a voltar!”
Minha história com esse livro é uma sucessção de “milagres”.
Eu o encontrei em um sebo. Na verdade, em uma livraria evangélica que estava vendendo uns livros do irmão que a havia arrendado. Estranhamente, um irmão que aprecia muito o autor deste livro, Watchman Nee. Curioso…
Bem, o livro é muito feio. Uma capa com nuvens verdes (!) e miolo em papel jornal. Ar de livro velho, muito velho. Mas como era de Watchman Nee, eu o comprei.
Ele ficou guardado em minha estante até que, um dia, sem nada para ler, bati com os olhos nele. Comecei a devorá-lo.
Nessa época, eu estava saindo do movimento da igreja local (Árvore da Vida, Witness Lee, Dong Yu Lan…). Por isso, eu passava por um período de extrema luta espiritual, de muitas dificuldades exteriores, perseguições por parte de irmãos, questionamentos em relação a minha vida toda com o Senhor e com aquilo que eu cria e praticava. Mas, de maneira muito doce e profunda, Ele me foi conduzindo passo a passo, bem como a outros irmãos que passavam pela mesma situação, por meio das mensagens do livro.
Ele discorre sobre o ministério de Pedro, de Paulo e de João, sobre suas características peculiares e como se complementam. A cada um desses homens Deus comissionou algo específico, que é complementado pelos demais. Naquela época, isso foi uma afirmação muito salvadora, pois eu ouvia do líder da denominação a que eu pertencia que Paulo havia falhado e que João, sim, era “o” homem… É que o tal apóstolo se comparava a João… Ele chegou a dizer que, se pudesse mudar de nome, adotaria o de João.
Detalhando cada ministério, Nee destaca em Pedro a pregação do evangelho, o alcançar das pessoas. O capítulo “Jesus, o amigo dos pecadores” é alguma das coisas mais ternas, doces, libertadoras e profundas que já tive o prazer de ler. Já li esse capítulo, sem exagero, pelo menos duas dezenas de vezes, para muitas pessoas, em muitas oportunidades. Ele mostra que o que Deus mais procura é um coração sincero, e que essa é a chave para a pregação do evangelho. (Curiosamente, tive de dar uma cópia desse capítulo para o antigo dono do livro…)
O capítulo “O Filho intervém” é de outra de imensurável praticidade. Também foi a direção divina para mim naquele período. Nee fala do conflito que pode haver entre uma vontade A e uma vontade B de Deus para nós. Ambas são de Deus, mas existe um conflito entre elas. Como proceder? Qual delas realizar primeiro?
Ao falar do ministério de Paulo, Nee destaca a edificação da igreja, e muitos tópicos relativos a ela. Seu discernimento sobre a natureza celestial da igreja é maravilhoso! Ele afirma (citação livre): “A igreja não tem de chegar a algum lugar, pois ela já está lá. A igreja é celestial!”
A leitura cuidadosa dessa seção do livro mostra quão diferente era a visão de Nee daquela de seus seguidores no que diz respeito à igreja na cidade. Ele repudiava o localismo, como uma ênfase excessiva na delimitação da cidade como base de reunião dos cristãos, pois via o perigo sectarista de isso excluir alguns filhos de Deus. Aqueles que se dizem seus continuadores deveriam ler com atenção e vergonha esse livro…
Ao falar do ministério de João, ele destaca o processo de Deus de remendar a obra da edificação, de cuidar das brechas. Fala dos vencedores, citados em Apocalipse 2 e 3, como aqueles que cumprem o que Deus havia planejado para todo o Seu povo.
Apesar da horrível apresentação visual, o livro merece cinco estrelas por seu conteúdo inestimável.
Obs.: Já foi publicado em português pela Editora dos Clássicos com o nome A Direção de Deus para o Homem, que não faz jus ao nome original nem ao conteúdo.
Qué haré, Señor?
Watchman Nee
Editorial Hebron, Argentina
Maravilhosa exposição de Isaías 5!
Compre apenas a 2a. edição, pois a primeira tem muitos erros de tradução. Infelizmente, a capa da primeira é mais bonita que da segunda… Na imagem, a capa da 2a. edição.
Uma Nação sob a Ira de Deus
D. Martin Lloyd-Jones
Editora Textus
Como fazer com que a Palavra de Deus chegue a quem é perseguido por sua fé
Nós, que vivemos num país “livre”, no qual se pode comprar Bíblia até em banca de jornais, não temos a menor idéia do que seja viver em países em que a declaração da fé cristã ou o porte de um exemplo do Livro pode resultar em morte. Segundo alguns, cerca de 200 milhões de cristãos vivem hoje sob perseguição. Muitos deles nunca viram um exemplar das Escrituras, enquanto outros têm delas apenas poucas porções copiadas à mão. A Palavra de Deus é o alimento e a arma de que esses cristãos precisam. Mas como fazer chegar um exemplar a eles? Isso é mais fácil do que se possa imaginar. Visite The Bible Site e clique em Donate Bibles. Está feito. A cada determinado número de cliques, um doador anônimo pagará a remessa de uma Bíblia para alguém em um dos 40 países que perseguem os cristãos. Visite diariamente!