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A Importância Teológicada Historicidade de Adão |
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Bruce A. Ware |
Primeiramente, a historicidade de Adão como o primeiro ser humano literal é ensinada e admitida em toda a Bíblia. A linguagem e as descrições de Adão em Gênesis 5.3-5 – número de anos que ele viveu depois do nascimento de Sete, o fato de que ele teve outros filhos e o número total de anos que ele viveu – são idênticos à linguagem e as descrições usadas a respeito de outros personagens históricos em Gênesis e em outras partes da Bíblia (cf. o resto de Gn 5; Gn 11.10-26; Gn 25.7-11; 1 Cr 1-9). O cronista inicia a sua extensa genealogia de Israel com “Adão”, que dá início a toda a raça humana. Jó contrasta a sua fraqueza diante de Deus com Adão, que encobriu a suas transgressões (Jo 31.33). Oseias compara a desobediência de Israel com Adão, que transgrediu a aliança com Deus (Os 6.7). Lucas alicerça a genealogia de Jesus no primeiro homem, Adão, o filho de Deus (Lc 3.38). Jesus entendeu Adão e Eva como pessoas humanas literais, criadas por Deus e, depois, unidas no primeiro casamento de um homem com uma mulher (Mt 19.4-6; Mc 19.6-9). As referências de Paulo a Adão como o primeiro ser humano em Romanos 5.12-18, 1 Coríntios 11.7-9. 1 Coríntios 15.21-22 e 2 Timóteo 2.13-14 são, inconfundivelmente, a respeito desta pessoa histórica que foi criada à imagem de Deus (1 Co 11.7), antes da mulher, que procedeu dele (1 Co 11.8; 1 Tm 2.13), e que pecou, trazendo o pecado e a morte para todos os seus descendentes (Rm 5.12-18; 1 Co 15.21-22). Por último, Judas 14 se refere à pessoa histórica de Enoque, o sétimo depois de Adão, que também seria entendido como histórico. Uma leitura atenta destes textos apoia a conclusão de que a própria Bíblia trata, repetidas vezes e sem exceção, Adão como uma pessoa histórica literal, o primeiro humano criado por Deus.
Em segundo lugar, a historicidade de Adão é teologicamente importante? Sim, ela é importante pela simples razão de que a teologia conectada com Adão é teologia arraigada na história e impossível de ser explicada sem essa história. Ou seja, há claramente uma conexão bíblica entre o Adão histórico e a teologia associada com ele, e a conexão é tal que a teologia depende dessa história e não existiria sem ela. Ou, dizendo-o em outras palavras, essa história gera a teologia. Como você não pode ter um filho sem uma mãe, também não pode ter esta teologia sem a história que a traz à existência.
Considere, por exemplo, algumas áreas cruciais da teologia associadas com a historicidade verdadeira e literal de Adão. Primeira, a criação do homem à imagem de Deus envolve a criação literal do primeiro ser humano à imagem de Deus, o ser humano que se torna, por assim dizer, a fonte de todos os outros seres humanos que são, igualmente, à imagem de Deus. Gênesis 5.3 faz a notável observação de que Adão, aos 130 anos de idade, “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete” (Gn 5.3). A linguagem neste versículo é, inconfundivelmente, a mesma de Gênesis 1.26. Embora a ordem das palavras “imagem” e “semelhança” esteja invertida, parece que tudo que se diz antes a respeito de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus é dito aqui, quando Sete é gerado à imagem e à semelhança de Adão (Gn 5.3). O paralelismo desta linguagem nos leva a concluir que Sete nasceu à imagem de Deus (o que ele realmente era, cf. Gn 9.6) somente porque nasceu à imagem e à semelhança de Adão. Sem a conexão histórica e literal, de fato, biológica, entre Adão e Sete, o status de imagem de Deus em relação a Sete não existiria. E, se isso era verdade quanto a Sete, é verdade também quanto a nós. Não somente a nossa identidade biológica remonta ao Adão histórico, mas também o nosso estado como seres criados à imagem de Deus remonta ao primeiro homem, o primeiro ser humano histórico, Adão.
Segunda, a queda do homem no pecado é um ensino teológico central fundamentado precisamente no que aconteceu na história. Paulo resumiu o argumento nestes termos: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co 15.21-22). Considere quatro observações: (1) Adão trouxe a morte ao mundo (15.21a). (2) Todos os humanos que procedem de Adão estão sujeitos à morte (15.22a). (3) A reversão do pecado e da morte de Adão acontece na realidade histórica do triunfo de Cristo por meio de sua ressurreição dos mortos (15.21a). (4) Todos os humanos unidos a Cristo serão vivificados (15.22b). A realidade histórica da ressurreição de Cristo, pela qual os que estão em Cristo são ressuscitados para viverem para sempre, é correspondente, nesta passagem, à realidade histórica do pecado de Adão, que trouxe pecado e morte para todos em Adão. A linha histórica não pode ser cortada sem eliminar a teologia correspondente. O pecado original em Adão e a vida eterna em Cristo estão ligados intrínseca e necessariamente à história.
Terceira, nossa teologia de gênero e sexualidade está intrinsecamente ligada à criação do primeiro casal humano e à natureza da união conjugal designada por Deus para eles. Quando Jesus se referiu a Gênesis 2, e quando Paulo aludiu a aspectos de Gênesis 2 e 3, ambos entenderam Adão e Eva como pessoas históricas reais que exemplificavam a união vitalícia, em uma só carne, de macho e fêmea que Deus planejou e trouxe à existência. Por sua queda histórica, Adão e Eva apartaram-se do desígnio de Deus e produziram distorções pecaminosas tanto das relações de gênero como da sexualidade humana. Nossa teologia de gênero e sexualidade não é dissociada da história. Pelo contrário, o desígnio criado por Deus foi exemplificado, inicialmente, no primeiro homem e na primeira mulher originais. E tanto Jesus como Paulo se referiram a este desígnio trazido à existência por Deus e vivenciado realmente no Éden. De modo semelhante, as perversões do bom desígnio de Deus estão arraigadas na rebelião histórica contra Deus e contra seus caminhos que aconteceu na história, registrada para nós em Gênesis 3. Tanto neste como em outros assuntos, a teologia e a história estão entretecidas de tal modo que a historicidade de Adão é essencial à esta teologia. Esta teologia depende dessa história e não existiria sem ela.
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Um número razoável de cientistas e filósofos ateus ou agnósticos vem em anos recentes engrossando as fileiras daqueles que expressam dúvidas sérias sobre a capacidade da teoria da evolução darwinista para explicar a origem da vida e sua complexidade por meio da seleção natural e da natureza randômica ou aleatória das mutações genéticas necessárias para tal.
Thomas Nagel |
Neste post eu gostaria apenas de destacar algumas declarações de Nagel no livro que revelam a consciência clara que ele tem de que uma concepção puramente materialista da vida e de seu desenvolvimento, como a evolução darwinista, é incapaz de explicar a realidade como um todo. Embora ele mesmo rejeite no livro a possibilidade de que a realidade exista pelo poder criador de Deus, ele é capaz de enxergar que a vida é mais do que reações químicas baseadas nas leis físicas e descritas pela matemática. A solução que ele oferece – que a mente sempre existiu ao lado da matéria – não tem qualquer comprovação, como ele mesmo admite, mas certamente está mais perto da concepção teísta do que do ateísmo materialista do darwinismo.
[1] Os dois são os mais conhecidos defensores da teoria do design inteligente. Ambos já vieram falar no Mackenzie sobre este assunto.
(Fonte)
Apreciação da estrutura e da teologia do primeiro livro do cânon veterotestamentário
I. Introdução
Gênesis (palavra grega que significa origem) é o nome dado pelos tradutores da Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento, conhecida como LXX) ao primeiro livro da Bíblia. Na Bíblia Hebraica, o livro de Gênesis (que está nessa mesma ordem, sendo o primeiro – o que não acontece com outros como Malaquias, por exemplo, que não é o último como nas nossas Bíblias) recebe como título a primeira palavra do livro: “No princípio” (bereshith). Nele, temos o relato da origem do Universo e do ser humano, da obra criativa de Deus, da drástica queda do homem, contendo biografias que tecem a origem do povo de Deus.
Gênesis possui uma extensão histórica que começa com a criação do Universo e do homem e termina com a morte de José, filho de Jacó. Geograficamente, o livro abrange desde o vale da Mesopotâmia, o “berço” da raça humana, até o vale do Nilo no Egito, o “berço” da raça hebraica. Essa área, com uma configuração crescente, é conhecida e chamada de “Crescente Fértil”.
O fato mais antigo do Gênesis, a criação, conforme cálculo feito pelo rabino José ben Halafta em cerca de 125 d.C., é remontado ao ano 3.760 a.C. (Louis Finkelstein, “The Jews” – Os Judeus – Vol II, p. 1786). Porém, o Arcebispo James Ussher, data a criação em 4.004 a.C. Já mais recentemente, Stanley A. Ellisen estruturou a cronologia de Gênesis a partir de 4.173 a.C. Tal variedade de sistemas cronológicos deve-se a questões exegéticas, das quais não temos tempo para tratar aqui e nem seriam relevantes para nossa reflexão.
II. Estrutura de Gênesis
O material literário de Gênesis está acomodado em dez partes ou seções, que são introduzidas pela palavra hebraica tôledôt, traduzida como “história das origens” ou “descendentes” ou “gênese” ou “genealogia” etc. Com exceção do primeiro relato, que é o das “origens do céu e da terra”, os outros nove levam o nome das pessoas, contando suas histórias subseqüentes, sem se preocupar necessariamente com a origem das mesmas. Derek Kidner diz que essa expressão em Gênesis sempre visa o futuro, introduzindo um novo estágio do livro. Contudo, P.J. Wiseman argumenta que é sempre uma conclusão. Não se deve ser tão rígido nesta questão, pois tôledôt pode ser aplicável em Gênesis tanto ao passado (parece ser o caso de 2.4) quanto ao futuro (parece provocar menos anomalia nos outros nove casos).
Trata-se de pequenas histórias, que às vezes se estendem em função de detalhes como no caso da de Jacó expressa em José que ocupa desde o capítulo 37 até o 50. Essas histórias são de pessoas que fazem parte de famílias que, num dado momento histórico, obtém a atenção do relato revestindo-se de importância no meio em que estão vivendo por estarem também inseridas no programa histórico da aliança divina. No entanto, essa diversidade de relatos não deve ofuscar nossa visão com respeito à unidade do livro. Observar essa estrutura com base no tôledôt é útil para a correta interpretação do Gênesis, pois revela o “desenho do texto”, mas não se deve desprezar o todo composto por essas partes. Portanto, vamos a elas:
1. A Gênese dos céus e da terra:
A expressão aparece a em 2.4 e o relato vai até 4.26. Se partirmos do pressuposto de que tôledôt pode ser flexível entre introdução e conclusão, essa parte começa em 1.1. Essa porção narrativa descreve a criação do Universo em seis dias, a formação do homem e, posteriormente, da mulher. O capítulo 3 revela como o mal, na figura da serpente sagaz, entrou na criação de Deus e tentou o homem a se rebelar contra a vontade do Criador. O capítulo 4 demonstra como a maldade se espalhou rapidamente a ponto de Caim e Abel, os dois irmãos filhos de Adão e Eva, travarem um conflito que culminou com o assassinato de Abel. Não se deve deixar de notar que essa parte termina informando que “nessa época começou-se a invocar o nome do Senhor” (4.26 – conforme tradução da NVI).
2. A Gênese de Adão:
Essa parte vai desde 5.1 (introduzido com a expressão tôledôt) até 6.8, traçando as gerações desde Adão até Noé. Um tema notável desse relato é a “morte”, pois todos os homens aqui nomeados morreram, com exceção de um que “andou com Deus”: Enoque (5.22-24). O desfecho do relato registra a corrupção na qual gradativamente os descendentes de Sete se envolveram. É a maldade inicial que continua a se expandir. O mal incipiente foi encontrando recipiente favorável para se proliferar. Todavia, em 6.8, Noé é apontado como um que achou graça diante de Deus!
3. A Gênese de Noé:
Começando em 6.9 (tôledôt) até 9.29, esse relato nos dá uma dupla e surpreendente mensagem concernente à justiça e a graça de Deus. Fora da Arca o dilúvio destruía toda vida, mas dentro da Arca uma família era preservada, porque “Noé andava com Deus” (6.9). O mesmo dilúvio universal, que trouxe o juízo divino sobre o pecado e a dura incredulidade, revelou também a graça de Deus ao salvar da morte e da destruição a Arca com sua carga preciosa: um homem, acompanhado de sua família, que alcançou graça diante de Deus.
4. A Gênese dos filhos de Noé:
Com início em 10.1 (tôledôt) e se estendendo até 11.19, descreve a distribuição dos três filhos de Noé em várias nações e idiomas. Este quadro examina o mundo das nações que foram conhecidas do antigo Israel. Aquelas nações que o povo escolhido de Deus teve maior contato são descritas com detalhes. Concluindo esse relato, aparece a dispersão em Babel demonstrando que aqueles que buscaram sua própria glória em lugar de glorificar o nome de Iahweh (Javé) caíram outra vez no juízo de Deus.
5. A Gênese de Sem:
Esse curto relato que vai de 11.10 (tôledôt) ao verso 26, traz a genealogia de Sem a Terá, pai de Abrão. Sua importância está fora dele mesmo e se dá ao apontar para a origem do pai de Abrão e fazer a ligação deste com Sem e, conseqüentemente, com Noé e sua ascendência. Abrão será uma figura importante no relato seguinte de Gênesis e colocá-lo em “cena” sem revelar seu “berço” seria a criação de um hiato na história dos patriarcas.
6. A Gênese de Terá:
Constitui um dos maiores relatos, ocupando o espaço entre 11.27 (tôledôt) e 25.11, cobrindo quase um quarto do livro de Gênesis. Registra a história da escolha de Abrão e da promessa feita a ele de que seria uma grande nação. Abraão é desafiado a confiar completamente na promessa de Deus, mas concorda com Sara, sua esposa, e tem um filho com Hagar – a quem chama Ismael – por causa da aparente demora de Deus em cumprir sua promessa. Dentro desse relato há a descrição do nascimento de Isaque e da prova a qual Deus submeteu Abraão, pedindo-lhe que lhe oferecesse seu filho em sacrifício (Gn 22). O relato encerra-se com a morte do agora chamado “Abraão” demonstrando que, após sua morte, a promessa da benção é passada ao seu filho Isaque (25.11).
7. A Gênese de Ismael:
Um curto relato de 25.12 (tôledôt) a 25.18; na verdade, o mais curto dos dez relatos. O verso 12 deixa claro que este filho de Abraão é com Hagar “a serva egípcia de Sara”. Trata-se de uma linha secundária na história da graça salvadora de Iahweh. Esses sete versículos documentam como Deus cumpriu a sua promessa de que multiplicaria a descendência de Ismael (cf. 16.10).
8. A Gênese de Isaque:
Razoavelmente extenso esse relato, que se inicia em 25.19 (tôledôt) e se estende até 35.19, apresenta as gerações que se seguiram a Abraão, através da família de Isaque. Diferente de seu ilustre pai, Isaque foi de uma natureza tranqüila e introvertida e sua esposa, Rebeca, embora estéril fora agraciada com filhos gêmeos: Esaú e Jacó. Desde antes do nascimento, o relato aponta para um conflito existente entre eles. No desenrolar da história (de uma forma intrigante e atraente), Jacó – que seria o mais novo, pois nascera minutos após Esaú – obtém o direito de primogenitura e a benção de Isaque, tendo seu nome trocado para Israel.
9. Gênese de Esaú:
Esse relato que começa em 36.1 (tôledôt) e se encerra em 37.1, concentra sua atenção nos descendentes de Esaú e, aparentemente, quer justificar a existência de Edom ao revelar a origem deste povo vizinho de Israel, que reaparecerá em outras partes da literatura do Antigo Testamento.
10. Gênese de Jacó:
Este é o último e o maior de todos os relatos. Começa em 37.2 (tôledôt) e vai até o último versículo de Gênesis em 50.26. A história é de Jacó, mas quem ocupa boa parte da cena (quase toda!) é José, um de seus doze filhos. Este é o registro da forma misteriosa como Deus usou a maldade dos irmãos de José para levar adiante seu plano para a nação que havia escolhido e que paulatinamente vai surgindo no cenário da história. Aqui se tem a explicação de como o povo de Deus se estabeleceu no Egito e arma o cenário para o livro do Êxodo.
III. Teologia do Gênesis
Em Gênesis encontramos material suficiente para discorrer acerca de vários pontos da teologia sistematizada. No entanto, analisemos aqui as contribuições de Gênesis para a Teologia Própria – Deus, a Antropologia – o homem e a Soteriologia – a salvação.
1. Teologia Própria
O Livro do Gênesis começa apresentando Deus sem, contudo, justificar sua origem ou existência. Em Gênesis, Deus existe e o que não existe Ele vai criar! O Livro não se propõe a responder todas as perguntas humanas acerca do Criador, mas O revela como pessoal, enfatizando o persistente interesse de Deus por relações pessoais com os seus servos. Ele é único, Criador e Senhor Soberano sobre tudo o que existe. Em Gênesis a questão de outras divindades não aparece, exceto no episódio de Labão (31.19,30,34; 35.4) onde há breves menções à ídolos ou deuses. Ele é responsável pelas “macro-ações”, como a criação de todas as coisas e o surgimento dos povos, mas também pelas “micro-ações” como a concepção de uma criança ou a chamada de um seguidor. Deus é o regente capaz de pôr em ordem as situações mais intratáveis (cf. 45.5-8), sendo juiz amoroso cujos juízos são suavizados pela misericórdia (hesed) (cf. 3.21; 4.15; 6.8; 18.32, 19.16,21) e, às vezes, tarda para sobrevir (cf. 15.16). Sua justiça contém amor e seu amor inclui exigência e excelência morais. Em Gênesis, Deus é sempre Aquele que se dá, em alguma medida. Neste livro, Ele é conhecido por muitos nomes: Iahweh; Elohim; El. Alguns são títulos que exprimem facetas de seu ser como Altíssimo (14.18-22), Todo-poderoso (17.1), etc. Outros comemoram um momento especial de encontro, como Deus que vê (16.13), Deus de Israel (33.20), Deus de Betel (35.7). Ainda outros declaram uma idéia de relação como Deus de Abraão (28.13); Temor de Isaque (31.42, 53), Poderoso de Jacó (49.24).
2. Antropologia:
Gênesis apresenta a formação do homem, sua vocação, sua queda e sua situação em conseqüência da queda. Na literatura de Gênesis o homem é um ser social que vive dentro de certo padrão de responsabilidade, isto é: na dimensão das coisas – onde seu dever é cultivar e guardar seu meio ambiente imediato e dominar e encher a terra; na dimensão das pessoas – onde o companheirismo é visto como uma necessidade primária do homem e alvo da atenção de Deus ao prover companhia complementar para o homem, bem como demonstrar as relações familiares ameaçadas por tensões motivadas pelo egoísmo e inveja; e na dimensão da autoridade – onde a responsabilidade de governar confiada ao homem tem por finalidade a ordem e o bom andamento de todas as coisas.
3. Soteriologia:
Gênesis aponta a graça que, longe de ser mera resposta ao pecado, é fundamental para a própria criação. A entrada do pecado põe em cena muitos aspectos da graça, ao revelar os meios e os modos que Deus se utilizou para preservar a humanidade e levar certos homens a entrarem em aliança com Ele, por meio dos quais abençoaria finalmente o mundo todo (cf. 18.18). Deus, em Gênesis, restringe a corrupção e a anarquia produzidas pelo pecado, como no caso do dilúvio, da Torre de Babel e na decadência de Sodoma. Num livro considerado tão antigo e com características primitivas, a obra salvadora de Deus não é menos completa nem menos variada. É Ele, e não o homem, quem busca. Aquela expressão pós queda “Adão, onde estás” (3.9) ecoa por todo o livro. A salvação é muito mais que simples aceitação, é uma intimidade com o céu, de matizes tão variados como os personagens que a desfrutam; uma relação assumida e firmada numa aliança, na qual Deus prometia ser o Deus da descendência deles.
IV. A Relevância de Gênesis para o Corpo Literário Neo e Veterotestamentário
O relato de Gênesis é de extrema relevância para a compreensão do Antigo e Novo Testamentos. Há contribuições singulares como as que se seguem:
1. A apresentação de Deus como Soberano:
Deus é o criador e nada revela sobre sua origem ou passado, apenas surge da eternidade misteriosa para iniciar a sua obra de criação. A soberania de Deus é uma grande tônica no livro.
2. Um registro específico das Origens:
Embora se tenha encontrado documentos antigos com vagos relatos sobre a criação do homem, nenhum deles, remotamente, pode ser comparado ao registro simples, específico e majestoso do Gênesis. Sem esse registro não teríamos uma visão objetiva de como o mundo começou, de como as várias formas de vida tiveram seu início, da verdadeira origem do homem, de como entrou o pecado na história da humanidade, de como as várias raças foram formadas e por que os idiomas são variados.
3. O Pecado original:
Gênesis demonstra claramente que Deus não criou o pecado e o mal, e o pecado não ficou inativo nem permaneceu apenas como um defeito de menor importância. O livro descreve como o pecado foi se multiplicando e o resultado descrito em 6.11-12 é demonstrado em vidas e famílias no decorrer do relato (cf. 19.31-36 – as filhas de Ló).
4. Julgamentos sobrenaturais:
A revelação de Deus como justo juiz em Gênesis é indiscutivelmente relevante para as Teologias veterotestamentária e neotestamentária.Os vários julgamentos, como a maldição após a queda, o dilúvio, a confusão de idiomas em Babel, a destruição de Sodoma e Gomorra, retratam a intolerância de Deus para com o pecado e a rebelião.
5. O proto-evangelho:
A promessa divina de redenção descrita em 3.15 é uma descrição resumida do plano divino para resgatar a humanidade. Isso é plenamente compreendido no Novo Testamento, onde entendemos que a vinda de Jesus não é um “arranjo” divino para uma situação que fugiu do seu controle, mas o cumprimento de promessas tão primevas quanto a criação do próprio homem.
6. O conceito de Aliança:
A Chamada aliança Abraâmica é a base de todo o programa divino para a humanidade e reportam-se a ela vários autores da literatura canônica. Traria sérias dificuldades à exegese das outras alianças descritas nos relatos bíblicos se houvesse a inexistência do relato desta aliança.
7. Cristologia:
Ainda que veladas à mente secular, há referências cristológicas sutis no relato do Gênesis. A referência ao descendente da mulher (3.15), a semente de Abraão (12.3) e a um “Leão” da tribo de Judá (49.9-10) apontam para o Jesus do Novo Testamento, além das referências ao Anjo do Senhor que precisam ser intensamente estudadas e analisadas para ser corretamente identificadas como manifestações de Deus na terra, o que confirmaria o Jesus pré-existente (ou pré-encarnado).
Assim sendo, Gênesis constitui-se de suma importância para o estudo das Escrituras Sagradas em função de suas informações cósmicas, étnicas, históricas, religiosas e proféticas.
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Referências Bibliográficas:
ELLISEN, Stanley A. “Conheça Melhor o Antigo Testamento” – Editora Vida, São Paulo.SP, 1991. 371p.
JESKE, John C. “Gênesis” – Editorial Northwestern, Milwaukee, Wisconsin USA, 1996. 402 p.
KIDNER, Derek “Gênesis: Introdução e Comentário” – Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo.SP, 1991. 208p.
RAD, Gerhard Von. “Gênesis: A Commentary” – SCM Press LTD. USA, 1972. 440 p.
SCHMIDT, Werner H. “Introdução ao Antigo Testamento” – Editora Sinodal, São Leopoldo.RS, 1994. 395p.
Aceitem ou não os evolucionistas, a história da criação encontrada na Bíblia é maravilhosa! Quem não gostaria, especialmente as crianças, de estar lá e assistir ao grande milagre da existência surgir do nada? Pois nesse endereço você pode ter uma idéia do que foi aquele momento. Por meio de áudio e vídeo, os primeiros relatos de Gênesis são apresentados de maneira viva e atraente.
Em nossa primeira meditação sobre este maravilhoso livro das origens, apontamos para algumas das surpreendentes analogias que existem entre a ordem seguida por Deus em Sua obra da criação e Seu método de ação na “nova criação”, a criação espiritual do crente. Primeiro houve trevas, depois a ação do Espírito Santo, então, a palavra de poder entrou em ação, e depois, luz como resultado, e mais tarde, ressurreição e frutos. Há também uma surpreendente prefiguração do grande tratamento dispensacional da nossa raça neste registro de Sua obra em seis dias, mas como isso já recebeu atenção de canetas mais capazes que a nossa, passamos para ainda outra aplicação prática desta escritura. Há muito sobre Cristo neste primeiro capítulo de Gênesis se somente tivermos olhos para ver, e é à típica inferência prática de Gênesis 1 em relação a Cristo e Sua obra que vamos, aqui, dirigir a atenção.
Cristo é a chave que abre as portas de ouro do templo da verdade Divina. “Examinai as Escrituras”, é Sua ordem, “pois são elas que testificam de Mim”. E novamente, Ele declara, “No rolo do Livro está escrito de Mim”. Em cada seção da Palavra escrita, a Palavra Pessoal está preservada como sagrada – tanto em Gênesis como em Mateus. E, agora, vamos afirmar que na fachada da Revelação Divina, temos um “ plano de ação simbólico de todo o trabalho de Redenção”.
Nas afirmações iniciais deste capítulo descobrimos, em símbolo, a grande necessidade de Redenção.” No início, Deus criou os céus e a terra”. Isto nos leva de volta à criação primeira a qual, como tudo que vem da mão de Deus, deve Ter sido perfeita, maravilhosa, gloriosa. Assim também foi a condição original do homem. Feito à imagem do Seu Criador, enriquecido com o sopro de Elohim, ele foi declarado como “ muito bom”.
Mas as palavras seguintes apresentam um quadro muito diferente -“E a terra era sem forma e vazia”, ou, como no original Hebraico, poderia ser traduzido mais literalmente como : “A terra tornou-se um caos”. Entre os dois primeiros versos de Gênesis 1, uma terrível calamidade aconteceu. O pecado entrou no universo. O coração do mais poderoso de todas as criaturas de Deus encheu-se de orgulho – Satanás ousou opor-se à vontade do Todo-Poderoso. Os efeitos desastrosos de sua queda alcançaram a nossa terra, e o que foi originalmente criado por Deus como perfeito e maravilhoso, tornou-se em ruína. Os efeitos do seu pecado, do mesmo modo, atingiram muito mais do que a si mesmo – as gerações de uma humanidade ainda por nascer foi amaldiçoada como a consequência de seus primeiros pais. “Havia trevas sobre a face do abismo”. Trevas são o oposto de luz. Deus é Luz. Trevas são o emblema de satanás.
Essas palavras descrevem bem a condição natural da nossa raça caída. Judicialmente separada de Deus, moral e espiritualmente cega, experimentalmente escravos de satanás, uma terrível mortalha de trevas está colocada sobre a massa de uma humanidade não-regenerada. Mas isto somente preenche um pano de fundo negro sobre o qual podem ser colocadas as glórias da Graça Divina. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. O método desta “superabundância de graça” está simbolicamente delineado na obra de Deus durante os seis dias. No trabalho dos quatro primeiros dias, temos uma memorável prefiguração dos quatro grande estágios na obra de Redenção. Agora não podemos fazer muito mais do que chamar a atenção para os contornos deste maravilhoso quadro primitivo. Mas, à medida que dele nos aproximamos, para observá-lo em temor e admiração, possa o espírito de Deus selecionar as realizações de Cristo e mostrá-las a nós.
I – No trabalho do primeiro dia, a Encarnação Divina é , simbolicamente declarada.
Se homens caídos e cheios de pecado devem ser reconciliados com o Santo Deus Triuno, o que deve ser feito? Como pode ser transposto o infinito abismo que separa a Divindade da humanidade? Que escada poderá ser colocada aqui na terra para se chegar precisamente no céu? Só uma resposta é possível a essas perguntas. O passo inicial na obra da redenção humana deve ser a Encarnação da Divindade. Necessariamente, este deve ser o ponto de partida. O Verbo deve se tornar carne. O próprio Deus deve descer até o fundo do poço onde, desprotegidamente, se encontra a humanidade arruinada, se é que deve ser resgatada do barro grudento e transportada para lugares celestiais. O Filho de Deus deve assumir, em si mesmo, a forma de servo e ser feito em semelhança de homens.
Isto é precisamente o que a obra do 1º dia tipifica na prefiguração do passo inicial da Obra de Redenção, também chamado de Encarnação do Divino Redentor. Observe, agora, 5 pontos:
1: há o trabalho do “Espírito Santo”. “O Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (v 2). Do mesmo modo foi a ordem seguida na Encarnação Divina. Em relação à mãe do Salvador lemos: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” Lc 1:35.
2: a palavra se manifesta como Luz. ”Disse (palavra) Deus: Haja luz; e houve luz” (v3) . Do mesmo modo, quando Maria mostra a Santa Criança: “A glória do Senhor brilhou ao redor deles” Lc 2:9. E quando Ele é apresentado no templo, Simeão foi movido pelo Espírito Santo para dizer: “Porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos; luz para revelação dos gentios, e para glória do teu povo de Israel” Lc 2:30.
3: a luz é aprovada por Deus, “E viu Deus que a luz era boa”(v4). Nós não podemos, agora, ampliar muito a profunda importância simbólica desta declaração, mas gostaríamos de observar que a palavra hebraica aqui traduzida “boa” também aparece em Eclesiastes 3:11 como “formosa” – “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo. Deus viu que a luz era boa, formosa! Como é obvia esta aplicação prática do nosso Senhor Encarnado! Depois de Sua chegada neste mundo, ficamos sabendo que “Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2:52), e que as primeiras palavras do Pai em relação a Ele foram, “Este é o Meu Filho amado em quem me comprazo”. Sim, boa e formosa foi a luz na percepção espiritual do Pai. Quão cego estava o homem para não ver Nele nenhuma formosura para desejá-lo!
4: a luz foi separada das trevas, ”E (Deus) fez separação entre a luz e as trevas” (v4). Como o Espírito Santo é vigilante ao proteger os tipos! Como Ele é cuidadoso ao chamar nossa atenção para a diferença imensurável entre o Filho do Homem e os filhos dos homens! Embora em Sua infinita condescendência Ele se visse apto para participar de nossa humanidade, contudo Ele não experimentou nossa depravação. A luz de Cristo foi separada das trevas (humanidade caída). “Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (hb 7:26).
5: a luz foi chamada por Deus – “Chamou Deus à luz Dia” (v5). Portanto, a luz também estava com Ele que é a Luz do Mundo. Não foi permitido a José e Maria escolherem o nome da Santa Criança. No Antigo Testamento, o profeta havia declarado, “Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção de meu nome”; (Is 49:1). E para o cumprimento desta profecia, enquanto ainda no ventre de Sua mãe, um anjo é mandado por Deus a José dizendo: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus” (Mt 1:21).
II – Na obra do segundo dia a Cruz de Cristo é simbolicamente apresentada.
Qual foi a etapa seguinte necessária à realização da Obra de Redenção? A Encarnação em si não satisfaria a nossa necessidade. “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra , não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto”. (Jo 12:24). O Cristo encarnado revela a vida perfeita e imaculada que por si só entra em contato com a mente de Deus, mas não ajuda a atravessar o espaço intransponível entre um Deus Santo e um pecador arruinado. Para tal, o pecado deve ser afastado, e isto não pode ser feito a não ser que a morte entre em cena. “Pois sem o derramamento de sangue não há remissão”. O cordeiro deve ser morto. O Santo deve entregar Sua vida. A Cruz é o único lugar onde as exigências justas do trono de Deus podem ser satisfeitas.
Na obra do segundo dia, esta segunda etapa na realização da redenção humana é simbolicamente apresentada. O acontecimento importante na obra deste segundo dia é a divisão, separação, isolamento. “E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez”. (v 6,7 ). É surpreendente perceber aqui que há uma divisão dupla: primeiro, há um firmamento no meio das águas e este firmamento divide as águas das águas e, segundo, o firmamento dividiu as águas que estavam debaixo dele das que estavam sobre ele. Cremos que o “firmamento”, aqui, tipifica a Cruz , e apresenta seu duplo aspecto. Lá, nosso abençoado Senhor foi dividido ou separado do próprio Deus – “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” e, também lá (na cruz), Ele foi separado do homem “Cortado da terra dos viventes” (Is 53:8).
Que o “firmamento”, aqui, realmente prefigura a Cruz, está claramente sustentado pela maravilhosa analogia entre o que aqui é nos contado a seu respeito e a sua concordância simbólica com a Cruz de Cristo. Observe quatro aspectos:
1: o firmamento foi o propósito de Deus antes de ser realmente feito. No verso 6, lê-se: “E disse Deus: Haja firmamento…”, e no verso 7, “Fez, pois, Deus o firmamento…”. Como é perfeita a relação entre aquilo que prefigura o tipo e aquilo que é prefigurado no tipo (antitipo).
Muito, mas muito tempo antes que a cruz fosse erigida nas alturas do Gólgota, já era o propósito de Deus. Cristo foi “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. (Ap 13:8).
2: o firmamento foi estabelecido no meio das águas. É bem sabido entre os estudiosos da Bíblia que na Escritura “águas” simboliza povos, nações (Ap 17:15). Na sua aplicação simbólica, portanto, estas palavras poderiam significar “Deixe a Cruz ser colocada no meio dos povos”. Múltiplas são as aplicações sugeridas por estas palavras. Mas, infinitamente mais exato, é o tipo. Nossas mentes, imediatamente, voltam-se às palavras “onde O crucificaram e com Ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio” (Jo 19:18). A situação geográfica do Calvário é do mesmo modo materialização de uma realidade: a Palestina é praticamente o centro ou o meio da terra.
3: o firmamento dividiu as águas. Portanto, a Cruz dividiu os “povos”. A Cruz de Cristo é o grande divisor da humanidade. Foi assim historicamente, o ladrão que creu, do ladrão impotente (desprotegido). Assim foi desde aquele dia e assim é hoje. Por um lado, “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem”, mas, por outro lado, “mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. (I cor 1:18)
4: o firmamento foi designado por Deus. “E Deus fez o firmamento”. Também assim foi anunciado no Dia de Pentecostes em relação ao Senhor Jesus Cristo. “Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (Atos 2:23). Do mesmo modo foi declarado no tempo antigo, “Agradou ao Senhor ferí-lo; colocou sobre Ele o sofrimento”. A Cruz foi desígnio e compromisso divino.
Também não é profundamente significativo que as palavras, “E Deus viu que era bom” tenham sido omitidas no final da obra do segundo dia? Se elas aqui fossem incluídas o símbolo teria sido destruído. A obra do segundo dia apontava para a Cruz e, na Cruz, Deus estava lidando com o pecado. Ali, sua ira estava sendo usada sobre o Justo, o qual estava morrendo pelo injusto. Embora Ele não tivesse nenhum pecado, ainda assim Ele “foi feito pecado por nós.
Portanto, a omissão, neste ponto, da usual expressão “Deus viu que era bom” assume um significado mais profundo do que aquele até então admitido.
III – na obra do terceiro dia a Ressurreição do Senhor é simbolicamente apresentada.
Nosso artigo já excedeu os limites que originalmente estabelecemos, portanto, forçosamente devemos abreviá-lo.
A terceira etapa necessária para a realização da obra de Redenção foi a Ressurreição do Crucificado. Um Senhor morto não poderia salvar ninguém. “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus…”Por que? “vivendo sempre…” (Hb 7:25).
Desta maneira está em nosso símbolo. Acima de qualquer dúvida, aquilo que foi prefigurado na obra do terceiro dia é a Ressurreição. No registro concernente ao terceiro dia é que lemos “e apreça a porção seca” (v 9). Antes disso havia estado submersa, enterrada sob as águas. Mas, agora, a porção seca é levantada acima dos mares; há ressurreição, a terra aparece. Mas isto não é tudo. No verso 11 lemos, “Produza a terra relva…”. Até este ponto a morte reinava suprema. Nenhuma forma de vida aparecia sobre a superfície da terra devastada. Mas, no terceiro dia, à terra é ordenado “produzir”. Não no segundo nem no quarto, mas no terceiro dia, a vida foi vista sobre a terra devastada! Perfeito é o símbolo para todos que têm olhos para ver. Maravilhosamente significativas são as palavras, “produza a terra” para aqueles que têm ouvidos para ouvir. Foi no terceiro dia que nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos, de acordo com as Escrituras. De acordo com quais Escrituras? Nós não temos nestes versos 9 e 11 de Gênesis 1, o primeiro dessas escrituras, bem como o quadro original da Ressurreição de nosso Senhor?
IV – Na obra do quarto dia a Ascensão do Senhor é simbolicamente sugerida.
A Ressurreição não completou o trabalho de Redenção de nosso Senhor. Para tal Ele deveria entrar no Lugar Celestial que não fosse feito por mãos. Ele deveria tomar Seu lugar à mão direita da Majestade nas alturas. Ele deveria ir “para o mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9:24).
Mais uma vez vemos que Tipo corresponde ao Antitipo. Na obra do quarto dia nossos olhos são removidos da terra e todos seus afazeres se voltam para os céus! (veja os versos 14–19) . À medida que lemos estes versos e deduzimos algo de sua importância tipológica, não vimos o Espírito Santo dizer, “Buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3: 1,2) .
E à medida que levantamos nossos olhos em direção aos céus, o que vemos? Duas grandes luzes – simbolicamente Deus e seu povo. O sol que nos fala de “Sol da Justiça” (Ml 4:2), e a lua que fala de Israel e da Igreja (Ap 12:1), tomando emprestado e refletindo a luz do sol. E observe suas funções: primeiro, eles existem “para alumiarem a terra” (v 18). Do mesmo modo acontece com Cristo e seu povo. Durante o presente intervalo de trevas, a noite do mundo, Cristo e Seu povo são “a luz do mundo”, mas durante o Milênio eles vão governar e reinar sobre a terra.
Portanto, na obra dos quatro primeiros dias de Gênesis 1, vimos a prefiguração dos quatro grandes estágios ou crises na realização da Obra de Redenção. A Encarnação, a Morte, a Ressurreição e a Ascensão de nosso abençoado Senhor estão, respectivamente, tipificadas. À luz desta prefiguração, quão preciosa são as palavras no final da obra de seis dias: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito”(Gn 2:1,2). A obra da Redenção está completa, e nesta obra Deus encontrou Seu descanso!
Como vamos continuar nossas meditações sobre o livro de Gênesis, possa Deus, em Sua graça misericordiosa, revelar-nos “os aspectos maravilhosos de sua Lei”.
Dr. J. Allen Blair
“Todo aquele que se dedica ao estudo da ciência chega a convencer-se de que nas leis do Universo se manifesta um espírito sumamente superior ao homem, e perante o qual nós, com nossos poderes limitados, devemos humilhar-nos.”
Albert Einstein
“Fascinam-me alguns acontecimentos estranhos na astrologia atual… A evidência astronômica conduz ao ponto de vista bíblico da origem do mundo.”
Robert Jastrow – Diretor do Instituto para Estudos Espaciais da Nasa
“No principio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1)
Você alguma vez contemplou o céu à noite – ou sentiu o dedo apertado pela pequenina mão de um bebê – e se sentiu impressionado? O mundo está cheio de maravilhas onde quer que olhemos. Quem fez tudo isso? Surgiu por acaso? Porventura há um Deus que, como diz a Bíblia, criou “os céus e a terra”?
Alguém pode negá-lo? Se dizemos que não há Deus, todas as maravilhas que nos rodeiam não são mais que casualidades. Os bilhões de estrelas no céu apareceram por acaso e produziram a sua própria energia para manter o seu curso no espaço. A terra tem, por casualidade, uma camada sem a qual não poderia crescer nada. O ar que respiramos – que tem somente 80 quilômetros de espessura e cuja concentração é necessária para manter a vida – é apenas outra casualidade nas leis da física.
Pode crer que tudo isso é pura casualidade? Acaso não é mais lógico supor que um ser supremo planejou tudo o que existe no Universo? Pense nos depósitos de carbono, de zinco, de ouro e de urânio. Existem por casualidade? E que é o que impede que os lagos se congelem de todo, até o fundo, impossibilitando assim que sobrevivam os peixes?
Por que a terra gira a uma velocidade determinada e estável, de modo que haja o dia e a noite? Quem a inclina para que haja estações? Ninguém realmente sabe nem por quê nem como funciona a atração magnética.
Ou pense no Sol, que alimenta um fogo com o calor exato para nos manter na terra, nem tanto calor que nos cozinhe nem tão pouco que nos congele. Quem mantém esse fogo?
E que lhe parece o corpo humano, essa combinação complexa de ossos, músculos, nervos e vasos sangüíneos? O cérebro humano tem uma capacidade muito maior do que poderia ter o melhor computador jamais imaginado. Os rins constam de aproximadamente 450 quilômetros de tubos muito pequeninos, e no transcurso de um só dia filtram 175 litros de água do sangue.
E o que podemos dizer do coração! É uma bomba incrivelmente forte, constituída de quatro compartimentos e quatro válvulas. A fim de suprir o sistema circulatório, que tem cerca de 20.000 quilômetros de vasos sangüíneos, ele movimenta 19.000 litros de sangue a cada dia, quase o suficiente para encher um vagão ferroviário. O coração, que a cada minuto bombeia todo o sangue do corpo, bate 100.800 vezes ao dia, e cerca de 2.500.000.000 de vezes no transcorrer de uma vida.
Antes que você diga que não há Deus, pense nestas maravilhas. Toda a criação prova que há um Criador. Então, por que alguns duvidam da existência de Deus? Como podemos estar certos de que realmente ele existe e se interessa por nós?
A Bíblia diz que por natureza estamos mortos em “delitos e pecados” (Efésios 2:1); que estamos “separados da vida de Deus” (Efésios 4:18). Assim como o corpo sem vida está morto, também qualquer outra pessoa separada de Deus está espiritualmente morta, segundo a Bíblia. Se permanecermos mortos espiritualmente, não nos será possível conhecer a Deus. Todos necessitamos de uma nova vida. Precisamos ser purificados do pecado e libertos do seu castigo, a fim de voltarmos a ter comunhão com Deus. Foi isto que Cristo quis dizer ao afirmar: “Necessário vos é nascer de novo.” (João 3:7)
Deus enviou o seu único Filho, Jesus Cristo, para que desfrutássemos uma vida nova eterna. A Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)
Através da sua morte e ressurreição, Cristo pagou pela nossa salvação. Assim ele destruiu o poder do pecado e da morte, permitindo-nos possuir a vida eterna.
Jesus Cristo disse: “…eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10:10)
Receber a vida que Cristo oferece é o que significa nascer de novo. Essa vida nova e eterna será sua se você reconhecer que é um pecador e receber a Cristo como seu Salvador e Senhor.
“Deus nos deu vida; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I João 5:11-12)
(http://www.preciosasemente.com.br/nascerdenovo/haumdeus.htm)