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Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (310)

Qualquer coisa que fazemos na vida cristã é mais fácil do que orar.

(Martin Lloyd-Jones)

Aquele que aprecia Cristo faz Dele sua maior alegria. Ele pode deleitar-se em Cristo quando outros deleites se forem.

(Thomas Watson)

Lembra-te: quem quer que diga que teus pecados são muitos para serem perdoados, não é Deus, não é Cristo.

(Robert Murray McCheyne)

A melhor maneira de vencer o mundo não é com moralidade ou auto-disciplina. Cristãos vencem o mundo por ver a beleza e a excelência de Cristo. Eles vencem o mundo por ver algo mais atrativo que o mundo: o Senhor Jesus Cristo!

(Thomas Chalmers)

É uma inquestionável verdade que toda doutrina que vem de Deus leva a Deus, e que qualquer uma que não tenda a promover a santidade não é de Deus.

(George Whitefield)

Que inefável maravilha saber que todas as nossas preocupações são mantidas sob controle por mãos que sangraram por nós.

(John Newton)

A vida é curta, e nós somos morosos, e as coisas eternas são necessárias, e as almas que dependem de nosso ensino são preciosas.

(Richard Baxter)

Graças Te dou, ó Senhor,
porque, ainda que Te iraste
contra mim,
a Tua ira se retirou,
e Tu me consolas.
Eis que Deus é
a minha salvação;
Nele confiarei e não temerei;
porque o Senhor Deus é
a minha força e
o meu cântico,
e se tornou
a minha salvação.

(Is 12.1,2)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (302)

Quão grande é a bênção que a alma obtém por confiar em Deus e por esperar pacientemente.

(George Müller)

Existem apenas dois tipos de pessoas: as mortas no pecado e as mortas para o pecado.

(Leonard Ravenhill)

Muitos cristãos avaliam a dificuldade à luz de seus próprios recursos e, portanto, tentam muito pouco e sempre falham. Todos os gigantes [espirituais] foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus porque contaram que Seu poder e Sua presença estavam com eles.

(Hudson Taylor)

Temos sangue mui precioso,
de um divino Remidor;
eficaz e tão glorioso
é o grande Expiador:
purifica, purifica
o mais ímpio pecador
.

(Hinário cristão, 252)

Fé é a garantia de que aquilo que Deus disse em Sua Palavra é verdadeiro, e que Deus agirá de acordo com o que Ele disse em Sua Palavra […] Fé não é uma questão de impressões, probabilidades ou aparências.

(George Muller)

Enquanto eu estiver deste lado da eternidade, jamais esperarei ficar livre das tribulações ― só espero que elas variem. Pois é necessário curar o orgulho do meu coração; para tanto, elas precisam ocorrer.

(George Whitefield)

A glória deste mundo não passa de um sopro, um vapor, uma espuma, um fantasma, uma sombra, um reflexo, uma aparição, um verdadeiro nada.

(Thomas Brooks)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (276)

Jesus Nazareno, que foi crucificado, ressuscitou!

(Mc 16.6)

A Escritura é sua própria intérprete. Nada pode cortar um diamante, a não ser um diamante. Nada pode interpretar a Escritura a não ser a Escritura.

(Thomas Watson)

Como seguidores de Cristo, nosso maior deleite deve sempre ser encontrado em nossa obediência a Sua Palavra.

(Voddie Baucham)

Se nos enchermos do mundo, menos iremos nos deleitar em Cristo.

(Thomas Case)

Se você deixar de instruir [seus filhos] no caminho da santidade, o diabo deixará de instruí-los no caminho da maldade? Não; se você não os ensinar a orar, ele os ensinará a amaldiçoar, a xingar e a mentir. Se o solo não for cultivado, as ervas daninhas brotarão.

(John Flavel)

É seu amigo quem o aproxima mais de Deus.

(Abraham Kuyper)

A fé espera de Deus o que está além de todas as expectativas.

(Andrew Murray)

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Alexander Smellie Vida cristã

Meus inimigos mais sutis e fortes estão dentro de mim mesmo!

Não ignore esses inimigos!

No meio de um longo e duro combate, serei muito estúpido se subestimar meus inimigos. Existem muitos, mas todos servem sob as ordens de uma tríade de comandantes perversos.

1. “Se alguém ama o mundo”, escreve João, “o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15). O mundo é meu inimigo jurado e constante – um inimigo muito perigoso, pois ele alega ser algo tão diferente: o melhor dos companheiros e o mais fiel dos amigos.

Eu preciso entender minha posição nos negócios deste mundo, e isso com prudência. Mas é grande o risco dele absorver meus pensamentos dia e noite! Se isso acontecer, eu me tornarei egoísta, materialista (não espiritual) e mundano.

Preciso conhecer a literatura do mundo, e muito dessa literatura é bela e boa. Mas minha tendência é dar-lhe atenção exagerada, e esquecer a livraria divina que o dedo de Deus escreveu.

Eu preciso envolver-me com os cidadãos do mundo, e muitos deles são dignos de amar e encantadores. Mas, quando eu os valorizo demais, eles me separam do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Por trás desse rosto agradável, o mundo é uma força inimiga!

2. “O diabo, vosso adversário”, escreve Pedro (1Pd 5.8). Eis aqui outro antagonista poderoso. O acusador dos irmãos anda à espreita, invisível e mal-intencionado, conspirando sem parar contra mim! Eu não devo nunca despir minha armadura espiritual.

3. “A carne cobiça [milita] contra o Espírito”, escreve Paulo (Gl 5.17). Afinal, meus inimigos mais sutis e fortes estão dentro de mim mesmo! O velho pecado volta, tentando conquistar o governo outra vez. E há em mim muita coisa que gosta dele e lhe sai ao encontro para abraçá-lo. É aí que reside, na verdade, meu maior perigo – essa é a armadilha mais mortal!

“Miserável homem que eu sou!” Faço eco ao grito de outrora: “Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). Sim, meus piores inimigos estão entrincheirados dentro da cidadela de Almahumana,¹ dentro do meu próprio coração!

“Meus Deus, eu não tenho força nenhuma contra esses inimigos, nem sei o que devo fazer! Mas meus olhos estão fixos em Ti!”

“Ora, Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória, ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora e para todo o sempre. Amém!” (Jd 24,25).

——

¹ Referência ao livro de John Bunyan As guerras da famosa cidade de Almahumana. Ele é também autor de O peregrino.

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (183)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Devemos permitir que a Palavra de Deus nos confronte, que perturbe nossa segurança, que mine nossa complacência e derrube nossos padrões de pensamento e de comportamento.

(John Stott)

Se virmos um cisco no olho de um irmão, precisamos primeiro ver se há uma trave em no olho; talvez aquele cisco no olho de nosso irmão seja apenas um reflexo da trave em nós mesmos.

(David Watson)

Para Deus, explicar uma provação seria destruir Seu propósito, que é evocar fé simples e obediência implícita.

(Alfred Edersheim)

A tragédia da vida e do mundo não é que os homens não conheçam a Deus; a tragédia é que, conhecendo-O, eles ainda insistem em seguir seu próprio caminho.

(William Barclay)

Eu vi um Salvador sangrando – e agora odeio meu pecado!

(John Newton)

Visto que Deus nos assegurou que faz com que todas as coisas cooperem para nosso bem, paciência e resignação à vontade divina em todas as coisas é nosso dever. Em Seu tempo adequado, Ele poderá nos permitir ver tais sabedoria e bondade em todas as nossas circunstâncias, a fim de encher nosso coração com arrebatamentos de alegria. Segui-Lo é nossa tarefa – sem murmurar ou reclamar.

(Thomas Charles)

Mesmo quando não podemos ver o motivo dos tratamentos de Deus, sabemos que há amor dentro e por trás deles, e assim podemos nos alegrar sempre.

(J. I. Packer)

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A. W. Pink Cruz Vida cristã

Tomar a cruz


Então, disse Jesus a Seus discípulos: “Se alguém quiser…”. A palavra “quiser” aqui significa “desejam”, como no versículo “todos os que piamente querem viver” (2Tm 3.12). Isso significa “estar determinado”. “Se alguém quiser [desejar] vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si sua cruz [não uma cruz, mas a sua cruz] e siga-Me”. E em Lucas 14.27, Cristo declarou: “E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após Mim, não pode ser Meu discípulo”. Portanto, não é uma opção. A vida cristã é muito mais do que subscrever um sistema de verdades, adotar um código de conduta ou submeter-se a ordenanças religiosas. Acima de tudo, a vida cristã é uma experiência pessoal de comunhão com o Senhor Jesus. E, apenas na proporção em que sua vida é vivida em comunhão com Cristo, você estará vivendo a vida cristã – somente nesta medida.

A vida cristã é uma vida que consiste em seguir a Jesus. “Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si sua cruz e siga-Me”. Espero que você e eu ganhemos distinção pela proximidade com que seguimos a Cristo, e então teremos de fato comunhão íntima com Ele. Existe um grupo descrito nas Escrituras do qual é dito: “Estes são os que seguem o Cordeiro por onde quer que vá”. Mas, infelizmente, há um grupo, um grande grupo, que parece seguir o Senhor de forma irregular, espasmódica, ocasional e distante, não de todo o coração. Há muito do mundo e deles mesmos na vida deles, e tão pouco de Cristo. Três vezes mais feliz será aquele que, como Calebe, perseverar em seguir o Senhor.

Acima de tudo, a vida cristã é uma experiência pessoal de comunhão com o Senhor Jesus.

Ora, amados, nosso principal interesse e objetivo é seguir a Cristo, mas existem dificuldades pelo caminho. Existem obstáculos na vereda, e é a eles que a primeira parte de nosso texto se refere. Você nota que a palavra “siga-Me” vem no final. “A si mesmo” fica no caminho, e o mundo com suas milhares de atrações e distrações é um obstáculo; portanto, Cristo diz: “Se alguém quiser vir após Mim [primeiro], renuncie-se a si mesmo [segundo], tome sobre si a sua cruz e [terceiro] siga-Me”. E aí nós aprendemos a razão pela qual tão poucos cristãos professos seguem a Cristo de perto, clara e consistentemente.

O primeiro passo em direção ao seguir diário a Cristo é o negar a si mesmo. Há uma grande diferença, meus irmãos e irmãs, entre negar-se a si mesmo e a assim chamada auto-negação. A idéia popular, tanto para o mundo como entre os cristãos, é a de desistir das coisas que gostamos. Existe uma grande diversidade de opiniões sobre o que deveria ser abandonado. Há alguns que limitariam isso ao que é caracteristicamente mundano, como ir ao cinema, dançar e assistir às corridas. Há outros que limitariam isso a determinado período de tempo quando a diversão e outras coisas que são seguidas durante o resto do ano são rigidamente evitadas naquela época. Mas tais métodos, assim como os outros, só promovem o orgulho espiritual, pois certamente eu mereço algum crédito se desisto de tanta coisa! Ah, meus amigos, o que Cristo fala em nosso texto (que o Espírito de Deus aplique isso a nossa alma) como sendo o primeiro passo para segui-Lo é a negação do próprio eu, não simplesmente algumas coisas que agradam o eu, não algumas coisas que o eu deseja, mas a negação do próprio eu.

O que significa “Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo”? Significa, em primeiro lugar, abandonar sua própria justiça, mas quer dizer muito mais que isso. Significa parar de insistir sobre os próprios desejos, significa repudiar o próprio eu. Significa parar de considerar o próprio conforto, o sossego, a satisfação, o engrandecimento, os próprios benefícios. Significa acabar com o eu. Significa, amados, dizer com o apóstolo: “Para mim, o viver é…” , não o eu, mas “Cristo”. Para mim, o viver é obedecer a Cristo, servir a Cristo, honrar a Cristo, gastar-me para Ele. Esse é o significado! E, “se alguém quiser vir após Mim”, diz nosso Mestre, “renuncie-se, a si mesmo se negue”, ou seja, deixe o eu ser repudiado, ser aniquilado. Vemos isso, em outras palavras, em Romanos 12.1: “Apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

Para mim, o viver é obedecer a Cristo, servir a Cristo, honrar a Cristo, gastar-me para Ele.

Agora o segundo passo para seguirmos a Cristo é tomar a cruz. “Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz”. Ah, meus amigos, viver a vida cristã é algo mais do que ter uma vida fácil e tranqüila; é um compromisso sério. É uma vida que tem de ser disciplinada com sacrifício. A vida de discipulado começa com a auto-renúncia e continua com a auto-mortificação. Em outras palavras, nosso texto se refere à cruz não apenas como um objeto de fé, mas como um princípio de vida, como um distintivo do discipulado, como uma experiência da alma. E, atentem! Assim como é verdade que a cruz foi o único caminho de Jesus de Nazaré para o trono do Pai, o único caminho para uma vida de comunhão com Deus, e da coroa ao final para o crente, é pela cruz. Os benefícios legais do sacrifício estão assegurados pela fé, quando a culpa do pecado é cancelada; mas a cruz só se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós quando nós a tomamos diariamente.

Eu quero chamar sua atenção para o contexto. Mateus 16.21 diz: “Desde então, começou Jesus a mostrar a Seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais sacerdotes e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-O de parte, começou a reprendê-Lo”. Pedro vacilou e disse: “Tem compaixão de Ti, Senhor”. Isso expressa a lógica do mundo. Este é o teor da filosofia do mundo: auto-proteção e egoísmo. Mas o que Cristo pregou não foi “poupar-se”, e sim “sacrificar-se”. O Senhor Jesus viu na sugestão de Pedro uma tentação de Satanás e afastou-o de Si: “Então, disse Jesus aos Seus discípulos: Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a Si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me”. Em outras palavras, o que Cristo disse foi: “Eu estou subindo para Jerusalém, para a cruz; se algum de vocês quiser Me seguir, há uma cruz para ele. E, como Lucas 14 diz: “Qualquer que não levar a sua cruz […] não pode ser Meu discípulo” (v. 27). Não apenas Jesus devia subir para Jerusalém e ser morto, mas todo aquele que o seguir deve tomar sua cruz. O “deve” é tão imperativo em um caso como no outro. A cruz de Cristo permanece única em seu caráter expiatório, mas, no viver diário, ela é compartilhada por todo aquele que passou da morte para a vida.

Assim como é verdade que a cruz foi o único caminho de Jesus de Nazaré para o trono do Pai, o único caminho para uma vida de comunhão com Deus, e da coroa ao final para o crente, é pela cruz.

Então, o que “a cruz” significa? O que Cristo quis dizer com “qualquer que não levar a sua cruz”? Meu amigos, se é deplorável que nesses últimos tempos uma pergunta como esse precise ser feita, é ainda mais deplorável que a grande maioria do próprio povo de Deus tenha concepções anti-bíblicas da razão da existência da “cruz”. O crente em geral parece considerar a cruz a que se refere o texto como qualquer aflição ou dificuldade que possa lhe sobrevir. Qualquer coisa que venha perturbar nossa paz, que seja desagradável à carne, que nos irrita, é vista como uma cruz. Um diz: “Bem, essa é minha cruz!”; outro diz que outra coisa é a cruz dele. Meus amigos, a palavra nunca é utilizada dessa forma no Novo Testamento. A palavra “cruz” nunca é encontrada na forma plural, nem precedida por um artigo indefinido: “uma cruz”. Note também que no texto, nossa cruz está ligada a um verbo na voz ativa, e não na passiva. Não é uma cruz que é colocada sobre nós, mas uma cruz que deve ser “tomada”. A cruz significa realidades definidas que incorporam e expressam as principais características da agonia de Cristo.

Outros entendem que “a cruz” se refere a deveres desagradáveis que eles cumprem sem disposição ou a hábitos carnais que rejeitam. Eles imaginam que tomam “a cruz” quando, empurrados pela consciência, se abstêm de coisas realmente desejadas. Tais pessoas invariavelmente transformam suas “cruzes” em armas para agredir outras. Elas ostentam sua auto-negação e andam por aí insistindo que as demais deveriam imitá-las. Tais concepções da “cruz” são tão farisaicas quanto falsas, e tão prejudiciais quanto errôneas.

Agora, na medida em que o Senhor me permitir, deixem-me mencionar três coisas que a cruz significa.

Primeiro, a cruz é a expressão do ódio do mundo. O mundo odiou o Cristo de Deus, e seu ódio foi plenamente manifesto na crucificação. Em João 15, sete vezes Cristo faz referência ao ódio do mundo contra Si e contra Seu povo; e apenas na proporção em que você e eu seguimos a Cristo, em que nossa vida seguir a Dele, em que deixarmos o mundo e estivermos em comunhão com Ele, então, o mundo nos odiará.

Ninguém pode segui-Lo e permanecer em harmonia com o mundo.

Nós lemos no Evangelho que um homem veio e apresentou-se a Cristo para ser Seu discípulo e pediu que primeiro pudesse ir e enterrar o pai, um pedido muito natural, realmente louvável, e a resposta do Senhor é quase atordoante. Disse Ele àquele homem: “Segue-me. […] Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos” (Lc 9.59,60). O que teria acontecido àquele jovem se ele tivesse obedecido a Cristo? Eu não sei se ele obedeceu ou não, mas, se obedecesse, o que aconteceria? O que teriam pensado dele seus parentes e amigos? Seriam capazes de apreciar o motivo, a devoção que fez com que ele seguisse a Cristo e negligenciasse o que o mundo chamaria de um dever filial? Ah, meus amigos, se vocês seguem a Cristo o mundo pensará que estão loucos, e algumas pessoas encontram muita dificuldade em suportar as censuras contra sua sanidade. Sim, algumas que encontram na reprovação dos vivos uma provação mais difícil do que a perda dos mortos.

Outro jovem apresentou-se a Cristo para o discipulado e pediu ao Senhor que primeiro lhe deixasse ir despedir-se dos seus, um pedido muito natural. Então, o Senhor apresentou a “cruz”: “Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (vv. 61,62). Pessoas de temperamento afetuoso se ressentem dos puxões que desatam os laços do lar, e os acham difíceis de suportar; mais difíceis ainda são as suspeitas dos amados e amigos de terem sido desprezados. Sim, a censura do mundo se torna muito real se estivermos seguindo a Cristo de perto. Ninguém pode segui-Lo e permanecer em harmonia com o mundo.

Outro jovem veio e apresentou-se a Cristo e, ajoelhando-se a Seus pés, O adorou e disse: “Bom Mestre, que hei de fazer …?”, e o Senhor apresentou-lhe a cruz: “Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres […] vem e segue-me” (18.18,22). E o jovem retirou-se triste. E Cristo ainda continuou a dizer, a vocês e a mim, hoje: “E qualquer que não levar a sua cruz, e vier após Mim, não pode ser Meu discípulo”. A cruz significa a reprovação e o ódio do mundo. Mas, assim como a cruz foi voluntária para Cristo, ela é voluntária para Seu discípulo. Ela tanto pode ser evitada quanto aceita, ignorada quanto “tomada”.

Mas, em segundo lugar, a cruz significa uma vida que é voluntariamente rendida à vontade de Deus. Do ponto de vista do mundo, a morte foi um sacrifício voluntário. Em João 10.17,18, lemos: “Por isto o Pai me ama: porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou. Tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la”. Porque Ele deu a vida? Veja o final do versículo 18: “Este mandamento recebi de Meu Pai.” A cruz foi a última exigência de Deus sobre a obediência de Seu Filho. Por isso, em Filipenses 2 é dito que Ele, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a Si mesmo, tomando a forma de escravo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a Si mesmo, sendo obediente até a morte…” – esse foi o clímax, esse foi o fim do caminho da obediência – “… e morte de cruz.”

Cristo nos deixou exemplo para que seguíssemos Seus passos. A obediência de Cristo deve ser a obediência do cristão – voluntária, não compulsória – voluntária, contínua, fiel, sem nenhuma reserva, até a morte. A cruz, portanto, significa obediência, consagração, rendição, uma vida à disposição de Deus. “ Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a Si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me”, e: “Qualquer que não levar a sua cruz […] não pode ser Meu discípulo”. Em outras palavras, caros amigos, a cruz significa o principio do discipulado, nossa vida sendo dirigida pelo mesmo principio que dirigiu a vida de Cristo: Ele veio aqui e não agradou a Si mesmo, nem devo eu procurar agradar a mim mesmo. Ele a Si mesmo se esvaziou; então, assim devo eu fazer. Ele ia por toda parte fazendo o bem: o mesmo deveria eu fazer. Ele não veio para ser servido, mas para servir: assim deveríamos agir. Ele se tornou obediente até a morte, e morte de cruz. É isto que a cruz significa: primeiro, a reprovação do mundo, porque nós nos opomos a ele e incitamos sua ira por nos separarmos dele, e por andarmos por uma direção diferente e por sermos dirigidos por princípios diferentes daqueles pelos quais ele é dirigido. Segundo, significa uma vida sacrificada a Deus – devotada a Ele.

Em terceiro lugar, a cruz significa sacrifício e sofrimento vicários. Vejamos 1João 3.16: “Conhecemos o amor nisto: que Ele [Cristo] deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos”. Essa é a lógica do Calvário. Nós somos chamados à comunhão com Cristo, e devemos viver segundo os mesmos princípios que Ele: obediência a Deus e sacrifícios pelos outros. Ele morreu para que tivéssemos vida e, meus amigos, nós temos de morrer para que vivamos. Mateus 16.25 diz: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á” – isso diz respeito a todo cristão, pois Cristo estava ali falando aos discípulos. Todo o crente que tem vivido uma vida egocêntrica, preocupado com seu próprio conforto, sua própria paz de consciência, seu próprio bem-estar, suas próprias vantagens e benefícios, essa “vida” irá se perder para sempre – tudo desperdiçado à luz da eternidade; madeira, feno e palha, que virarão fumaça. Mas, “quem perder a sua vida por amor de Mim, achá-la-á”, que quer dizer, alguém que não tem vivido considerando seu próprio bem-estar, seus próprios interesses, seu próprio benefício, sua própria promoção, mas tem sacrificado e gastado a vida a serviço dos outros por causa de Cristo; esse achará – o quê? –, ele a achará, não alguma outra coisa a mais: sua vida, não outra – a sua vida. Essa vida foi imortalizada, perpetuada, foi feita de materiais imperecíveis que sobreviverão ao teste do fogo do dia por vir. Ele “a” achará. Cristo morreu para que pudéssemos viver, e nós devemos morrer se quisermos viver! “Quem perder a vida por minha causa, achá-la-á”.

Novamente, em João 20, Cristo disse a Seus discípulos: “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio” (v. 21). Para que Cristo foi enviado? Para glorificar ao Pai, para expressar o amor de Deus, para manifestar a graça de Deus, para lamentar sobre Jerusalém, para ter compaixão do ignorante e daqueles que estão fora do caminho, para labutar tão diligentemente que Ele não tinha tempo nem para comer, para viver uma vida de tão alto sacrifício que Seus familiares disseram: “Está fora de Si”, e: “Assim como o Pai Me enviou”, Ele diz, “também Eu vos envio”. Em outras palavras, “Eu vos envio de volta para o mundo do qual vos salvei. Eu vos envio de volta para o mundo para viverdes com a cruz estampada em vós”. Ó irmãos e irmãs, quão pouco “sangue” há em nossa vida! Quão pequeno é o levar o morrer de Jesus em nosso corpo (2Co 4.10)!

Estamos surpresos pelo fato de termos tão pouca vitória sobre o pecado que habita em nós?

Já começamos, de algum modo, a “tomar a cruz”? Estamos surpresos com o fato de estarmos seguindo Cristo tão de longe? Estamos surpresos pelo fato de termos tão pouca vitória sobre o pecado que habita em nós? Há uma razão para tudo isso. Em seu caráter expiatório, a cruz de Cristo permanece única, mas no viver diário a cruz deve ser compartilhada por todos os Seus discípulos. Legalmente, a cruz do Calvário anulou e afastou de nós nossa culpa, a culpa de nosso pecado, mas, meus amigos, eu estou perfeitamente convencido de que a única maneira de nos libertarmos do poder do pecado sobre nossa vida e de obter domínio sobre o velho homem dentro de nós é tornando a cruz parte da experiência de nossa alma. Foi na cruz que o pecado foi tratado legal e judicialmente; somente na medida em que a cruz for “tomada” pelo discípulo é que ela se torna uma experiência – matando o poder e a corrupção do pecado que habita em nós. E Cristo diz: “Qualquer que não tomar a sua cruz […] não pode ser Meu discípulo!”. Oh, que necessidade tem cada crente de ficar a sós com o Senhor e consagrar-se a Seu serviço!

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (24)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Transforme a Bíblia em oração.

(Robert Murray M’Cheyne)

Eu sou beneficiado por orar pelos outros. Ao ir a Deus em favor deles, conquistei algo para mim mesmo.

(Samuel Rutherford)

Eu não me importo aonde vou, como vivo ou o que eu suporto desde que eu possa salvar almas. Quando eu durmo eu sonho com elas.

(David Brainerd)

A evidência que você realmente passou pela porta estreita é que agora você está andando no caminho apertado. A evidência que você realmente creu em Jesus Cristo é que a sua vida foi transformada e agora você está andando de acordo com os mandamentos de Cristo e conforme a vontade de Deus! Mas hoje isso não é verdade! Quem pode se levantar e dizer qualquer diferença? A grande maioria das pessoas não somente fora da igreja, mas também dentro da igreja dizem: “Sim, eu passei por aquela porta estreita. Sim, eu cri em Jesus Cristo”, mas quando você olha para suas vidas elas vivem exatamente como o mundo! Elas têm o mesmo desejo que o mundo. A única coisa que elas fazem é serem religiosas e irem à igreja no domingo. Mas quando você olha para suas vidas na segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira não existe Cristo! Quando você olha para a conversa, os desejos, os sonhos e a paixão, Jesus não está presente!

(Paul David Washer)

Cristo é o cabeça escolhido de Deus e o centro de todas as coisas. Ele é, leitor, seu centro? Ou você está lutando para fazer de si mesmo um centro independente? Tentar isso é tolo e maligno. Isso prova que uma vida inteira pode estar errada em seu princípio e você, a cada momento, ser um rebelde diante de Deus. “Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira” (Sl 2.12). “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” (Mt 17.5). Se você não se unir a Ele, será dispersado. Busque em primeiro lugar o vindouro reino de glória! Se Cristo não é o governante de sua vida, Satanás é!

(Robert Govett)

A tendência do pecado é sempre diminuir a seriedade do pecado.

(John Owen)

A manifestação de Deus encontra-se no dia a dia e naquilo que é costumeiro, não no espetacular e heroico. Se não podemos encontrar Deus nas rotinas da casa e das compras, então não vamos encontrá-lO de maneira alguma.

(Richard Foster)

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Charles Spurgeon Cristo Cruz Encorajamento Mundo

Como Jesus venceu o mundo (Charles Spurgeon)

Ele não usou aquela forma de energia que é peculiar ao mundo mesmo para fins altruístas. Não posso conceber um homem, mesmo à parte do Espírito de Deus, tornando superior à riqueza e desejando somente a promoção de algum grande princípio que tomou seu coração. Mas você normalmente vai notar que, quando os homens o fizeram, eles estavam prontos para promover o bem usando o mal, ou pelo menos julgaram que os grandes princípios poderiam ser imputados pela força das armas, ou da propina ou da política. Maomé tinha agarrado uma grande verdade quando disse: “Não há Deus senão Deus.” A unidade da divindade é uma verdade de máximo valor; mas, então, vem o meio a ser utilizado para a propagação dessa grande verdade: a cimitarra. “Cortem a cabeça dos infiéis! Se eles têm falsos deuses ou se não possuem a unidade da divindade, não são dignos de viver.”

Você pode imaginar nosso Senhor, Jesus Cristo, fazendo isso? Pois, se tivesse feito, então, o mundo o teria conquistado. Mas ele conquistou o mundo sem ter empregado essa forma de poder nem no menor grau. Ele poderia ter reunido uma tropa a seu redor e, com Seu exemplo heróico juntamente com Seu poder miraculoso, teria rapidamente varrido o império romano e convertido. Depois, em toda a Europa e na Ásia e na África, Suas legiões vitoriosas poderiam ter pisando sobre todo o mal, e, com a cruz como Sua bandeira e a espada como Sua arma, os ídolos teríam caído e faria todo o mundo se curvar a Seus pés. Mas não. Quando Pedro tirou a espada, “Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mt 26.52). Bem disse Ele: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos” (Jo 18.36).

E Ele poderia ter-se agradado de aliar Sua Igreja com o Estado, como Seus amigos equivocados têm feito nestes tempos degenerados, e, em seguida, poderia ter criado leis penais contra aqueles que ousassem discordar, e poderia ter obrigado que se fizessem contribuições para o apoio de Sua Igreja, e outras coisas semelhantes. Você leu, ouso dizer, que coisas assim estão sendo feitas, mas não nos Evangelhos nem em Atos dos Apóstolos. Essas coisas são feitas por aqueles que esquecem o Cristo de Deus, pois Ele não usa nenhum instrumento, mas o amor, não a espada, mas a verdade, não o poder, mas o Espírito Eterno, e, no próprio fato de ter colocado todas as forças mundanas de lado, Ele venceu o mundo.

(Traduzido por Francisco Nunes de um trecho do sermão “Cristo, o que venceu o mundo”, proferido em 3 de dezembro de 1876. Original aqui.)

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A. W. Tozer Modernismos Mundo Testemunho Vida cristã

A Maldição do Homem Moderno (A.W. Tozer)

Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje — a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus.

Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este é o pecado supremo dos incrédulos, o qual levou o homem a não sentir — nem sentirá — a presença dEle que permeia todas as coisas. O homem não pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade.

Temos nos tornado uma sociedade “profana” — completamente envolvida em nada mais do que os aspectos físico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que são capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar — coisas que as gerações anteriores nunca puderam ter.

Esta é a maldição que jaz sobre o homem moderno — ele é insensível, cego e surdo em sua prontidão de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crença estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, você sabe que o seu grande pecado é este: a presença eterna de Deus, que alcança todas as coisas, está aqui, e você não pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Você não está ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que você não pode vê-la? Você não tem ouvido, em sua consciência e mente, uma Voz amável sussurrando a respeito do valor e importância eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: “Não ouço nada?”

Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: “Bem, estou disposto a agarrar minhas chances”. Que conversa tola de uma criatura frágil e mortal! Isto é tolice porque os homens não podem se dar ao luxo de agarrar as suas chances — quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta é a grande maldição que jaz sobre a humanidade de nossos dias — os homens estão envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presença que permeia e muda os corações.

Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impeça de sentir que há uma Presença, que é o caminho, a verdade e a vida.

Eu mesmo fui ignorante até aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregação na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim… e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11. 28,29).

Eu era realmente pouco melhor do que um pagão, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presença de Deus. Ouvi a voz dEle em meu coração falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas.

Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: “Se vocês não sabem orar, vão para casa, ajoelhem-se e digam: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: “Senhor, salva-me!”

Bem, Ele está aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre nós; e ainda está entre nós, disposto e capaz de salvar. A única coisa que alguém precisa fazer é clamar com um coração humilde e necessitado: “ó Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!”

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