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Deus

A soberania de Deus

A. W. Tozer

A soberania de Deus é o atributo pelo qual Ele governa toda a Sua criação, e para ser o Deus soberano, Ele tem de ser onisciente, todo-poderoso e totalmente livre. Estas são as razões:

Se houvesse vestígios de conhecimento, ainda que pequenos, estranhos para Deus, Seu domínio acabaria naquele ponto. Para ser Senhor sobre toda a criação, Ele deve possuir todo o conhecimento. E se Deus perdesse um infinitésimo desse poder, esta perda poria fim ao Seu reinado e destruiria Seu Reino; este átomo de força desprovido de Deus pertenceria a outra pessoa, e Deus seria um governante limitado e, consequentemente, não soberano.

Além disso, Sua soberania exige que Ele seja totalmente livre, o que significa simplesmente que Ele deve ser livre para fazer o que bem entender em qualquer lugar, em qualquer momento, a fim de cumprir o Seu propósito eterno em cada um dos pormenores sem interferência. Se não fosse totalmente livre, Deus não seria completamente soberano.

Para compreender a idéia de liberdade irrestrita, é necessário um enorme esforço da mente. Não estamos psicologicamente condicionados a entender o conceito de liberdade a não ser em suas formas imperfeitas. Nossos conceitos sobre ela foram formados em um mundo em que não existe a liberdade total. Aqui, cada objeto natural depende demuitos outros objetos, e esta dependência limita sua liberdade.

Wordsworth, no início de seu “Prelude”, alegrou-se por ter fugido da cidade em que ficara por muito tempo confinado e estava “agora livre, livre como um pássaro para ir onde bem quisesse”. No entanto, estar livre como um pássaro não é, de fato, livre. O naturalista sabe que o pássaro supostamente livre, na verdade, vive toda a vida em uma gaiola de receios, fomes e instintos; está limitado pelas condições climáticas, pelas diversas pressões do ar, pelo suprimento de comida do local, pelos predadores e pela ligação mais estranha de todas: a irresistível compulsão a permanecer naquele pequeno pedaço de terra e ar que lhe foram destinados pelo sistema da terra dos pássaros. O pássaro mais livre está, com todas as outras criaturas, constantemente envolvido por um conjunto de necessidades. Somente Deus é livre.

Diz-se que Deus é totalmente livre porque ninguém e nada pode impedí-Lo. Ele é capaz de agir como sempre lhe agrada, em todos os lugares, eternamente. Portanto, ser livre significa também que Ele deve possuir autoridade universal. Sabemos pelas Escrituras e podemos concluir a partir de outros de Seus atributos lque Deus tem poder ilimitado. E quanto à Sua autoridade?

O simples fato de discutir a autoridade do Deus Todo-Poderoso parece algo um pouco sem sentido, e questioná-la seria sem sentido. É possível imaginar o Senhor Deus dos Exércitos tendo de pedir permissão a alguém ou algo a um ser maior? A quem Deus recorreria para obter permissão? Quem é maior do que o Altíssimo? Quem é mais forte do que o Todo-Poderoso? Que posição preceda a do Eterno? Perante quel trono Deus se ajoelharia? Onde está o maior de todos a quem Deus deve apelar? “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, Seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu Sou o primeiro e Eu Sou o último, e além de mim não há Deus” (Is. 44:6).

A soberania de Deus é fato bastante evidente nas Escrituras, e está declarado em alto som pela lógica da verdade. No entanto, reconhece-se que há certos problemas que até agora não foram solucionados de maneira satisfatória. São dois os principais problemas.

O primeiro é a presença de coisas que não têm a aprovação de Deus na criação, tais como o mal, a dor e a morte. Se Deus é soberano, Ele poderia ter impedido que essas coisas existissem. Por que Ele não o fez?

O Zendavesta, livro sagrado do Zoroastrismo, a mais imponente das principais religiões contrárias à Bíblia, concentrou-se nitidamente nesta dificuldade o suficiente para admitir a possibilidade de um dualismo teológico. Existiam dois deuses, Ormazd e Ahriman, e esses entre si criaram o mundo. O bom Ormazd criou todas as coisas boas e o mau Ahriman criou o restante. O princípio é bastante simples. Sem soberania, Ormazd não tinha com o que se preocupar e, ao que parece, não se importava em dividir seus privilégios com o outro.

Para o cristão, esta explicação não vale, uma vez que claramente contradiz a verdade ensinada de forma tão enfática por toda a Bíblia: que há um Deus e que somente Ele criou o céu e a terra e todas as coisas que nela há. Os atributos de Deus são constituídos de tal forma que é impossível a existência de outro Deus. O cristão admite que não tem a última palavra para o enigma da existência do mal. Contudo, ele sabe o que esta resposta não é. E sabe que o Zendavesta também não tem a resposta.

Embora não tenhamos uma explicação completa sobre a origem do pecado, pouco sabemos. Em Sua soberana sabedoria, Deus permitiu que o mal existisse em áreas cuidadosamente restritas de Sua criação, um tipo de foragido cujas atividades são temporárias e limitadas em termos de expansão. Ao fazer isto, Deus agiu de acordo com Sua infinita sabedoria e bondade. O que passa disto, ninguém sabe no momento; e mais do que isso, ninguém precisa saber. O nome de Deus é suficiente para garantir a perfeição de Suas obras.

Outro problema real criado pela doutrina da soberania divina está relacionado à vontade do homem. Se Deus rege o universo por meio de Seus soberanos desígnios, como é possível ao homem exercer o livre-arbítrio? E se este não pode exercer o livre-arbítrio, como pode ser responsabilizado por sua conduta? Será que ele não é um simples títere cujas ações são determinadas por um Deus ;que vive escondido e que puxa os fios como bem entende?

A tentativa de responder a estas perguntas resultou em uma nítida divisão da Igreja cristã em dois campos que deram destaque ao nome de dois renomados teólogos, Jacobus Armínios e João Calvino. Grande parte dos cristãos está satisfeita em fazer parte de um campo ou de outro, negando ou a soberania de Deus ou o livre-arbítrio do homem. Parece possível, no entanto, reconciliar estas duas posições sem prejudicar qualquer uma delas, embora o esforço resultante possa mostrar-se insuficiente aos sectários de um campo ou de outro.

A minha opinião é a seguinte: Deus soberanamente ordenou que o homem fosse livre para exercer a escolha moral, e o homem, no princípio, cumpriu este mandamento fazendo sua escolha entre o bem e o mal. Ao optar pelo mal, ele não vai de encontro à vontade soberana de Deus, mas a cumpre, visto que o desígnio eterno não se refere à escolha que deve ser feita pelo homem, mas à sua liberdade para fazê-la. Se, em sua total liberdade, a vontade de Deus foi a de dar ao homem a liberdade limitada, quem está lá para erguer a mão e dizer: “O que fizeste?”. O homem tem o livre-arbítrio porque Deus é soberano. Um Deus que não seja totalmente soberano não pode conceber liberdade moral a Suas criaturas. Ele teria receio de fazê-lo.

Talvez uma simples ilustração possa nos ajudar a entender esta questão. Um transatlântico deixa Nova York rumo a Liverpool. Seu destino foi determinado pelas autoridades competentes.Nada pode alterá-lo. Esta é, ao menos, uma rápida descrição de soberania.

A bordo do navio estão vários passageiros. Estes não estão nas poltronas, nem suas atividades são, por lei, determinadas por eles. Eles têm total liberdade para irem onde bem quiserem. Comem, dormem, divertem-se, descansam no convés, lêem, conversam, fazem o que bem entendem; no entanto, o tempo todo estão sendo levados pelo grande navio ao porto predeterminado.

Tanto a liberdade como a soberania estão ilustradas neste exemplo e não se contradizem. Creio que o mesmo acontece com a liberdade do homem e a soberania de Deus. O imponente transatlântico do soberano plano de Deus mantém seu curso firme sobre o mar da História. Deus move-se tranquilo e desimpedido com o objetivo de realizar estes propósitos eternos que foram planejados em Cristo Jesus antes do início do mundo. Não sabemos se tudo isto está incluído nestes propósitos; no entanto, o suficiente foi revelado para nos munir de um amplo conjunto de coisas que estão por vir e nos dar uma boa esperança e firme convicção de bem-estar no futuro.

Sabemos que Deus cumprirá todas as promessas feitas aos profetas; sabemos que os pecadores, um dia, serão tirados da terra; sabemos que um povo remido entrará no gozo de Deus e que os justos brilharão no Reino de seu Pai; sabemos que as perfeições de Deus ainda serão proclamadas por todo o universo, que todas as formas de inteligência criadas pertencerão ao Senhor Jesus Cristo para a glória de Deus Pai, que a presente ordem imperfeita será revertida e que um novo céu e uma nova terra serão estabelecidos para sempre.

Com relação a todas estas coisas, Deus está agindo com infinita sabedoria e perfeita precisão de ação. Ninguém pode dissuadí-Lo de Seus propósitos; nada pode desviá-Lo de Seus planos. Uma vez que Ele é onisciente, é impossível haver circunstâncias imprevistas, ou acidentes. Como Ele é soberano, é impossível haver ordens contrárias ou fim da autoridade, e como Ele é onipotente, é impossível não haver todo o poder para realizar Seus desígnios estabelecidos. Deus é auto-suficiente para realizar todas essas coisas.

Enquanto isso, as coisas não são tão fáceis quanto parece sugerir essa rápida descrição. O mistério da iniquidade já opera. Dentro do vasto campo da vontade permissiva e soberana de Deus, o terrível conflito entre o bem e o mal continua crescendo com total fúria. Deus ainda está no controle do vendaval e da tempestade, mas a tempestade e o vendaval estão presentes e, como seres responsáveis, devemos fazer nossa escolha na presente situação moral.

Algumas coisas foram ordenadas pela determinação livre de Deus, e uma delas é a lei da escolha e consequências. Deus ordenou que todos os que prontamente se submetem ao Seu Filho Jesus Cristo na obediência da fé recebem a vida eterna e se tornam filhos de Deus. Outrossim, ordenou que todos os que amam as trevas e continuam em rebelião contra a autoridade superior dos céus permanecem em um estado de alienação espiritual e, por fim, passam pela morte eterna.

Colocando toda a questão em termos individuais, chegamos a algumas conclusões importantes e extremamente pessoais. No conflito moral que agora assola o mundo à nossa volta, quem está do lado de Deus está do lado vitorioso e não tem como perder; quem está do outro lado está do lado da derrota e não pode vencer. Neste ponto, não há chance nem como arriscar. Há liberdade para escolher de que lado deveremos estar, mas não para negociar as consequências da escolha uma vez que ela tenha sido feita. Pela misericórdia de Deus, podemos nos arrepender de uma escolha errada e mudar as consequências por meio de uma escolha nova e acertada. Não podemos ir além disso.

Toda questão da escolha moral está centrada em Cristo Jesus. Ele claramente afirmou: “Quem não é por mim é contra mim” (Mt. 12:30), e: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo.14:6). A mensagem do Evangelho incorpora três elementos distintos: um anúncio, uma ordem e um convite. Anuncia as boas novas da redenção consumada com misericórdia, ordena que todos os homens de todas as partes do mundo se arrependam e convida a todos para que submetam às condições da graça por meio da fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Todos nós temos duas opções: obedecer ao Evangelho ou nos desviar dele, incrédulos, e rejeitar sua autoridade. A escolha é toda nossa,mas as consequências resultantes dessa escolha já foram determinadas pela vontade soberana de Deus, e não há como recorrer.

O Senhor desceu do alto
E baixou dos mais altos céus,
E sob os pés tinha
A escuridão dos céus.

Cavalgava um querubim e serarim
Que Ele levou majestosamente,
E nas asas dos poderosos ventos
Veio voando.

Sentou-se sereno sobre as águas,
Para conter Sua fúria;
E Ele, como Senhor e Rei soberano,
Reinará para todo o sempre.

(Paráfrase do Salmo 18, por Thomas Sternhold)

(Extraído de Verdadeiras Profecias, de A. W. Tozer – Editora dos Clássicos)

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Igreja Vida cristã

A Ceia do Senhor: simplicidade e sublimidade

William J. Watterson

I Co 11:20-34 – A Ceia, o único memorial de Cristo instituído para esta dispensação, apresenta duas características aparentemente contraditórias: simplicidade e sublimidade. Vamos examiná-las resumidamente.

A Instituição da Ceia

O Novo Testamento contém quatro relatos da instituição da Ceia: Mateus 26:26-28; Marcos 14:22-24; Lucas 22:19-20; I Coríntios 11:20-34. Apesar do lugar de destaque que a Ceia ocupa nos corações daqueles que amam a Cristo (e com toda razão), é interessante notar que a Palavra de Deus destaca a simplicidade desta celebração. O Novo Testamento fala relativamente pouco acerca duma reunião tão preciosa; não porque a Bíblia desconhece a importância da Ceia, mas para enfatizar que esta reunião só é preciosa devido ao Senhor do qual ela fala.

Afirmamos que a Ceia é uma reunião simples pelos seguintes motivos:

a) Instituída num contexto simples

As quatro narrativas da instituição da Ceia mostram que ela foi instituída de uma forma bem simples, sem qualquer ostentação. O Senhor não preparou um ambiente especial, e nem mesmo preparou, de antemão, seus discípulos, avisando-os de que iria instituir esta reunião. Eles estavam reunidos para outro propósito e não para a instituição da Ceia, mas para a celebração da Páscoa. E no meio daquela festa dos judeus, sem qualquer aviso prévio, o Senhor instituiu a Ceia.

b) Realizada com elementos simples

Ao fazer isto, Ele não utilizou-se de alguma coisa cara e especial, mas de dois elementos simples, que estavam em abundância ali sobre a mesa. Ele tomou, simplesmente, um pão e um cálice. Não eram elementos trazidos especialmente para a ocasião; eram elementos trazidos ali devido à festa da Páscoa, e que Ele aproveitou para instituir a Ceia. Todos os anos, havia pães e cálices sobre a mesa na festa da Páscoa. O Senhor usou aquilo que estava ali à Sua disposição.

c) Realizada de forma simples

Toda a cerimônia é marcada pela simplicidade. “O Senhor Jesus tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei: isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” Só isto! Eu reconheço, é claro, que este ato aparentemente tão simples é repleto de instrução e solenidade. Mas repare este fato: do ponto de vista da liturgia, do ritual, da forma de celebração, a Ceia não poderia ser mais simples!

Por quê?

Faríamos bem se meditássemos nisto. Por que a instituição da Ceia é caracterizada por tanta simplicidade?

O Senhor poderia ter levado Seus discípulos para algum lugar especialmente preparado, avisando-os de que o propósito de sua reunião seria a instituição de algo muito importante. Poderia ter usado elementos atraentes e caros. Poderia ter estabelecido um ritual requintado e atraente. Mas não o fez.

Na Velha Aliança foi assim. As instruções para a construção do Tabernáculo foram dadas no monte Sinai, no meio de vozes, trovões e relâmpagos. A construção foi feita com materiais caros como ouro, e era de uma beleza impressionante (no seu interior). E não era de qualquer forma que os sacerdotes oficiavam; havia muitos rituais relacionados com a adoração no Tabernáculo.

Mas a instituição da Ceia está em absoluto contraste com todo este ritual do Velho Testamento. No meio da festa da Páscoa, sem qualquer aviso prévio, usando elementos comuns e normais, o Senhor institui uma celebração extremamente simples. Nada de rituais, nada de pompa e glória humana. Apenas uma cerimônia simples.

A razão é clara. A Ceia não é uma reunião para provocar admiração em ninguém devido à beleza de seus rituais e cerimônias. Não foi instituída para atrair, de qualquer forma, a carne (que sempre gosta da pompa dos rituais tradicionalistas). É, pelo contrário, uma reunião que, quando celebrada em sua simplicidade original, impressiona qualquer pessoa espiritual presente, por trazer à memória a pessoa do Senhor Jesus. Ele é o motivo e a razão de ser desta celebração. Ela impressiona quem já pertence a Cristo e O ama, mas não tem nada para agradar ou atrair o incrédulo. É uma celebração simples, porque a importância está na Pessoa de quem lembramos. O valor não está nos símbolos, mas na Pessoa de quem estes símbolos falam.

Um ritual requintado, uma celebração bela e atraente chamaria toda a atenção para si, desviando nossa atenção do Senhor. A simplicidade da Ceia não ofusca, mas destaca a glória do Senhor.

Por este motivo, devemos zelar pela simplicidade desta reunião. Abandoná-la significa desonrar o Senhor. Não podemos permitir que nada e nem ninguém chame para si a atenção durante a Ceia. Muitas igrejas, bem intencionadas, e querendo mostrar a importância que dão à Ceia, acabam por destruí-la. A beleza dos preparativos, a programação formal (onde alguém é responsável por “presidir” a Ceia, alguém serve os elementos a todos os participantes, etc), e coisas semelhantes apenas servem para agradar aos olhos humanos, e acabam tirando a nossa atenção daquele que é o centro e a razão da Ceia, o nosso amado Senhor Jesus Cristo.

Uma reunião preciosa

Apesar de extremamente simples, a instituição da Ceia nos lembra que é, também, uma reunião das mais preciosas para o cristão. O homem só sabe valorizar o exterior, mas esta reunião, que não tem nada para atrair a carne, nada para impressionar o ser humano, é preciosa para toda aquele que é salvo.

O principal motivo pelo qual celebramos a Ceia é para lembrar do Senhor. Três vezes lemos estas palavras ditas pelo Senhor: “Em memória de Mim”. Pode haver ocupação mais nobre, mais preciosa, para um cristão do que lembrar do seu Senhor?

Lamentavelmente a correria do dia a dia torna-nos tão esquecidos. Durante a semana, lembramos do Senhor muito menos do que deveríamos. Quão precioso, então, que podemos celebrar a Ceia todo domingo. Pelo menos durante aquela hora temos o privilégio de ocuparmo-nos somente com o Senhor. Estamos ali, não para aprender nem ensinar; não para pedir nem agradecer por orações respondidas; não para exortar nem consolar; estamos ali somente para lembrar! Lembrar daquele que representa tudo para nós.

Quanto mais importante uma pessoa, mais importância terá qualquer coisa feita em memória desta pessoa (uma estátua, um memorial, etc). Tratando-se do Senhor Jesus Cristo, aquele que é “mais sublime do que os céus” (Hb. 7:26), percebemos um pouco da importância de celebrar a Ceia, pois ela é em memória dEle.

Outra indicação da importância da Ceia está no juízo solene pronunciado sobre aqueles que participarem indignamente (I Co 11:27-34). Aos olhos de Deus, participar indignamente torna alguém “culpado do corpo e do sangue do Senhor”. Quem participa indignamente “come e bebe para sua própria condenação”. A Ceia é preciosa aos olhos de Deus, e Ele não permite que alguém participe indignamente sem sofrer as conseqüências. Não é um acontecimento qualquer, onde qualquer um pode chegar de qualquer forma. É algo precioso para Deus, pois fala da morte do Seu Filho Unigênito, e deveria ser precioso para nós também.

Ainda há, porém, pessoas que desprezam este memorial. Ainda há cristãos que proclamam seu amor por Cristo com todo o ânimo quando podem falar ou cantar, mas ausentam-se da Ceia. Irmão, se você diz que ama ao Senhor, mas não tem interesse em lembrar dEle da forma como Ele pediu, alguma coisa está muito errada.

Que cada leitor já salvo pondere estas coisas. Estamos dando a devida importância à Ceia do Senhor, sem afastarmo-nos da simplicidade que caracterizou sua instituição? Deus permita que sim.

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Vida cristã

De Mim procede o teu fruto

Charles Spurgeon

“De Mim procede o teu fruto”.
(Oséias 14.8)

Nosso fruto procede de nosso Deus como da união. O fruto dos galhos está diretamente ligado à raiz. Cortando-se a conexão, os galhos morrem, e nenhum fruto é produzido. Em virtude de nossa união com Cristo nós geramos frutos. Cada cacho de uvas esteve primeiro na raiz, passou através do caule, e fluiu através dos vasos condutores, e foi moldado externamente na fruta, mas esteve antes no caule; assim também, toda boa obra esteve primeiro em Cristo, e então é produzida em nós. Ó cristão, avalie esta preciosa união com Cristo; porque esta deve ser a fonte de toda fertilidade que você pode esperar conhecer. Se você não estivesse ligado a Jesus Cristo, você seria um ramo estéril de fato.

Nosso fruto provém de Deus como da providência espiritual. Quando as gotas de orvalho caem do céu, quando a nuvem parece cair do alto, e está a ponto de destilar seu líquido precioso, quando o brilho do sol faz reluzir os frutos nos cachos, cada bênção celestial parece murmurar para a arvore e dizer: “De Mim procede o teu fruto.” O fruto deve muito à raiz — que é essencial para a produtividade — mas ele também deve muito mais às influências externas. Quanto nós devemos à graciosa e providência de Deus! Na qual Ele nos provê constantemente com ânimo, ensino, consolação, força, ou o qualquer coisa que nós necessitarmos. A isso nós devemos toda a nossa utilidade ou virtude.

Nosso fruto provém de Deus como de um sábio agricultor. A faca de lâminas afiadas do jardineiro auxiliam a árvore a dar frutos, diminuindo os cachos, e podando os galhos excedentes.

Que seja assim, cristão, com relação a poda que o Senhor lhe concede. “Meu Pai é o agricultor. Todo galho que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.” Desde que nosso Deus é o autor de nossa boa vontade espiritual, vamos dar a Ele toda a glória de nossa salvação.

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O homem: a habitação de Deus

A. W. Tozer

No mais profundo de cada indivíduo existe um santuário particular onde habita a misteriosa essência do seu ser. Esta realidade interior é aquela parte do homem que é o que é sem referência a qualquer outra parte de sua complexa natureza. Trata-se do “eu sou” do homem, um dom do EU SOU que lhe deu a vida.

O EU SOU que é Deus auto-existente e original; o “eu sou” que é o homem tem origem em Deus e depende a cada momento das ordens de seu Criador para continuar a existir. Um deles é o Criador exaltado sobre todos, o ancião de dias, habitando na luz inatingível. O outro é uma criatura e, embora privilegiada em relação a todas as demais, não passa mesmo assim de criatura dependente de generosidade divina e um pedinte diante do seu trono.

A entidade humana oculta de que falamos é chamada nas Escrituras de
“espírito do homem”. (I Co 10:11) “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece senão o Espírito de Deus”. Da mesma maneira que o auto-conhecimento de Deus se encontra no Espírito Eterno, o do homem se faz pelo seu próprio espírito, e seu conhecimento de Deus é obtido pela influência direta do Espírito divino sobre o humano.

A importância de tudo isto jamais pode ser superestimada, à media que refletimos, estudamos e oramos. Ela revela a espiritualidade essencial do ser humano, negando que o homem seja uma criatura dotada de espírito e declarando que ele é um espírito dotado de corpo. Aquilo que faz dele um ser humano não é o seu corpo mas seu espírito, impregnado da semelhança de Deus.

Uma das afirmativas que nos dão mais liberdade no Primeiro Testamento é esta: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23-24). A natureza da adoração mostrada aqui sendo absolutamente espiritual. A verdadeira religião não fica presa a datas e jejuns, vestes e cerimônias, sendo colocada no lugar que lhe pertence – a união do espírito
do homem com o Espírito de Deus.

Do ponto de vista humano a perda mais trágica sofrida na Queda foi a partida do Espírito de Deus deste santuário interior. No ponto mais oculto do ser humano existe uma sarça(um arbusto) preparada para ser a habitação do Deus Trino. Deus planejou repousar ali e brilhar, ardendo como uma chama moral e espiritual. O homem, por ter pecado, perdeu este privilégio magnífico e indescritível e deve habitar agora sozinho nesse lugar. Tão íntimo e oculto ele é, que ninguém pode chegar até ele, senão somente Cristo, e Ele só entrará mediante o convite da Fé. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo” (Apocalipse 3:20).

Mediante a operação misteriosa do Espírito por ocasião do novo nascimento, aquilo que Pedro chama de “natureza divina” penetra no mais íntimo do coração do crente e estabelece ali a sua morada. “E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”, pois, “o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:9, 16). Tal indivíduo é um verdadeiro cristão, e somente uma pessoa assim. O batismo, a confirmação, receber os sacramentos – nada disso tem significado a não ser que o ato supremo de Deus também tenha lugar na regeneração. As exterioridades religiosas podem ser significado para a alma habitada por Deus; para quaisquer outros elas não só são inúteis como podem tornar-se até mesmo armadilhas que os façam cair num conceito de segurança falso e perigoso.

“Guarde o seu coração com toda a diligência” é mais que um ditado sábio, mas uma responsabilidade solene colocada sobre nós por Aquele que mais interessa pela nossa pessoa. Devemos dar toda atenção a essas palavras, a fim de não escorregarmos.

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A raiz dos justos

A. W. Tozer

Uma diferença entre a fé dos nossos pais como concebida pelos pais, e a mesma fé como entendida e vivida por seus filhos, é que os pais estavam interessados na raiz da matéria, enquanto que os seus descendentes atuais parecem interessados somente no fruto.

Parece ser esta a nossa atitude para com certas grandes a almas cristãs cujos nomes são honrados entre as igrejas, como por exemplo, Agostinho e Bernardo em tempos mais antigos, ou Martinho Lutero e John Wesley em tempos mais recentes.

Hoje escrevemos biografias de vultos como esses e celebramos o seu fruto. “A raiz dos justos produz o seu fruto”, diz o sábio em Provérbios. Os nossos pais olhavam bem para a raiz da árvore e se dispunham a esperar com paciência pelo aparecimento do fruto.

Nós exigimos o fruto imediatamente, ainda que a raiz seja fraca e cheia de calosidades, ou inexistia completamente. Os impacientes cristãos de hoje desculpam as crenças simples dos santos doutros tempos e sorriem da sua séria abordagem de Deus e das coisas sagradas. Eram vítimas da sua perspectiva religiosa limitada, mas ao mesmo tempo eram grandes e vigorosas almas que conseguiram obter uma experiência espiritual satisfatória e fazer muita coisa boa no mundo apesar de seus defeitos. Assim, imitaremos o seu fruto sem aceitar a sua teologia e sem incomodar-nos demasiadamente com a adoção da sua atitude de tudo ou nada para com a religião.

Assim dizemos (ou mais provavelmente pensamos sem dizer), e toda voz da sabedoria, todo dado da experiência religiosa, toda lei da natureza nos diz quão errados estamos. O galho que se desliga da árvore numa tempestade pode florir por breve tempo e pode dar ao transeunte despreocupado a impressão falsa de que é um ramo saudável e frutífero, mas a sua tenra inflorescência logo perece, e o próprio ramo seca-se e morre. Não há vida duradoura, separada da raiz.

Muita coisa que passa por cristianismo hoje é o brilhante e breve esforço do ramo cortado para produzir seu fruto na estação própria. Mas as profundas leis da vida estão contra isso. A preocupação com as aparências e a correspondente negligência para com a raiz que está fora da vista, raiz da verdadeira vida espiritual, são sinais proféticos que passam desapercebidos.

Resultados “imediatos” é tudo que importa, rápidas provas do sucesso
presente, sem se pensar na próxima semana ou no próximo ano. O pragmatismo
religioso avança desenfreadamente entre os ortodoxos.

A verdade é o que quer que funcione. Se dá resultado, é bom. Há apenas uma prova para o líder religioso: sucesso. Tudo se perdoa, exceto o fracasso. Uma árvore pode resistir a quase toda e qualquer tempestade se sua raiz é firme, mas a figueira que o Senhor Jesus Cristo amaldiçoou secou “desde a raiz”, ela toda “secou” imediatamente. Uma igreja firmemente enraizada não pode ser destruída, mas nada pode salvar uma igreja cuja raiz secou. Estímulos, campanhas promocionais, ofertas em dinheiro, belo edifício – nada pode trazer de volta a vida à árvore sem raiz.

Como uma feliz desconsideração pela coerência da metáfora, o apóstolo Paulo nos exorta a atentar para as nossas origens. “Arraigados e alicerçados em amor”, diz ele no que é obviamente uma confusão de figuras; e outra vez concita os seus leitores a permanecerem “arraigados e edificados nele”, o que encara o cristão como uma árvore bem arraigada e como um templo edificar-se sobre sólido fundamento.

A Bíblia inteira e todos os grandes santos do passado se unem para dizer-nos a mesma coisa. “Nada considerem com líquido e certo” eles nos dizem. “Voltem para as fundas raízes. Abram o coração e sondem as Escrituras. Levem sua cruz, sigam o seu Senhor e não dêem atenção à moda religiosa que passa. As massas estão sempre erradas. Em cada geração o número de justos é pequeno. Certifiquem-se de que estão entre eles.”

“O homem não será estabelecido pela iniqüidade; mas a raiz dos justos não será removida”.

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Biografia

Jonathan Edwards

Grande pregador dos EUA, ingressou no ministério em 1726. Seu primeiro pastorado foi em Northampton, Massachusetts, onde serviu até 1750. Foi contemporâneo e atuante num grande despertamento espiritual e tido por alguns como o maior teólogo da América do Norte. Era pregador excelente, com célebres sermões publicados: Deus Glorificado na Dependência do Homem (1731), Uma Luz Divina e Sobrenatural (1733) e o mais famoso, Pecadores nas Mãos de um Deus Irado (1741).

Sobre o sermão mais famoso, baseou-se em Deuteronômio 32:35. Depois de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava que os pecadores caíssem no inferno, a não ser a própria vontade de Deus. Afirmou que Deus estava mais encolerizado com alguns dos ouvintes do que com muitas pessoas que já estavam no inferno. Disse que o pecado era como um fogo encerrado dentro do pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se em fornalhas de fogo e enxofre, e que somente a vontade de Deus indignado os guardava da morte instantânea.

Continuou, então, aplicando ao texto ao auditório: Aí está o inferno com a boca aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar… há, atualmente, nuvens negras da ira de Deus pairando sobre vossas cabeças, predizendo tempestades espantosas, com grandes trovões. Se não existisse a vontade soberana de Deus, que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento até agora, seríeis destruídos e vos tornaríeis como a palha da eira… O Deus que vos segura na mão, sobre o abismo do inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outro inseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixá-lo cair depois, está sendo provocado ao extremo… Não há que admirar, se alguns de vós com saúde e calmamente sentados aí nos bancos, passarem para lá antes de amanhã…

O sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos das mulheres; quase todos ficaram de pé ou caídos no chão. Durante a noite inteira a cidade de Enfield ficou como uma fortaleza sitiada. Teve início um dos maiores avivamentos dos tempos modernos na Nova Inglaterra.

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Vida cristã

Obras ou caráter? Qual é mais importante?

Délcio Meireles

Na revista de edificação cristã À Maturidade, em um artigo sobre a vida do irmão watchman Nee, está escrito: “Provavelmente os seguintes lemas do irmão Nee podem nos fornecer uma explicação melhor”. Em seguida são mencionados os cinco lemas que moldaram a vida e o ministério daquele servo de Deus. Por serem de grande valor para um entendimento claro do que é a verdadeira vida com Deus, vamos mencioná-los acrescentando alguns comentários sobre seu significado.

1.“Deus enfatiza o que somos, mais do que aquilo que fazemos.”

Primeiro ser e depois fazer – esta é a ordem divina. Infelizmente a igreja, em seu desesperado ativismo, inverteu essa ordem trazendo grande prejuízo. Devemos ser primeiro sal da terra e depois luz do mundo (Mt 5.12,13). Quantos cristãos manifestam sua luz, mas, quando são examinados de perto, descobre-se que lhes falta o sal. O sal nos fala do poder da vida de ressurreição, que impede o mau cheiro da carne e sua manifestação. Quantas obras são realizadas no nome de Deus, mas tendo como alavanca o poder da carne?! Somos impulsionados a realizar obras para Deus que não nasceram na vontade do Espírito Santo.

O livro de Atos mostra um acontecimento impressionante na vida do apóstolo Paulo: ele foi impedido de pregar o evangelho (16.6). Graças a Deus, Paulo obedeceu, deixando de ir para a Ásia, a fim de, depois, receber a chamada de Deus para se dirigir à Europa, de onde nos veio o evangelho.

Creio que Jesus estava se referindo a esse tipo de obra quando declarou o seguinte: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Muitos não entendem essa passagem por causa das palavras “nunca vos conheci” e “vós que praticais a iniqüidade”. Na Bíblia anotada de Scofield há uma referência marginal se referindo à palavra “iniqüidade”: ela é substituída por “ilegalidade”. Iniqüidade indica pecado, transgressão, enquanto ilegalidade é uma obra realizada sem autorização, seja boa ou má. Muitos filhos de Deus realizam esses três tipos de obras em nome do Senhor, sem terem sido autorizados para tal.

Quanto à expressão “nunca vos conheci”, a referencia não é às pessoas que fizeram as obras, mas sim às obras feitas. Mas elas fizeram o que disseram? Sem dúvida. Se Paulo tivesse desobedecido ao Espírito e entrado em Bitínia para pregar, muitos teriam se convertido ao Senhor; todavia, essa obra seria como madeira, feno e palha no tribunal de Cristo (1Co 3.10-15).

2. “A verdadeira obra é a que procede da vida.”

Deus enfatiza mais o que somos do que aquilo que fazemos. Aqui nos é dito que a verdadeira obra deve ter origem na vida de Cristo. Não existe algo como “obra voluntária”. Os avivalistas criaram uma coisa estranha ao ensinamento bíblico que é: “Eu me ofereço para ser missionário.” Não existe tal coisa na Palavra de Deus! Para um crente se tornar missionário é preciso que ele seja chamado por Deus!

Moisés se ofereceu para tirar o povo do Egito. Ele só tinha quarenta anos e só possuía o treinamento do Egito. Deus o levou para Midiã, onde ele passou mais quarenta anos. Ali o Espírito Santo o quebrou e o disciplinou. Aos quarenta anos ele matou um egípcio; aos oitenta ele viu o anjo do Senhor destruir numa única noite todos os primogênitos do Egito! O oferecimento de Moisés para ser o libertador foi algo de sua mente, emoção e vontade. Ele foi salvo das águas para ser o libertador, mas teria de aguardar o sinal do Senhor.

Jesus disse várias vezes: “Ainda não é chegada a Minha hora, isto é, a hora determinada pelo Pai.” Portanto, amado irmão, se você não foi movido pela vida de Cristo em você, não tente fazer nada. Tais obras serão semelhantes às de Mateus 7.21-23 e ao fogo estranho que os filhos de Arão ofereceram (Lv 10.1,2).

3. “O serviço que tem valor é sempre a manifestação da vida de Cristo.”

O que Deus tem em vista não é a manifestação de determinadas obras. O pensamento dos cristãos hoje é que a obra em si já é suficiente para ser considerada digna de ser realizada. Muitos pregadores ensinam: “Tudo quanto te vier as mãos para fazer, faça conforme as tuas forças” (Ec 9.10). Estas palavras foram escritas na época da lei, quando o Espírito Santo ainda não habitava naqueles que criam. Na era da graça, a unção habita em nós e nos ensina todas a coisas (1Jo 2.27).

No Evangelho de João foram mencionados cinco milagres. Ali eles foram chamados de sinais, porque a finalidade de cada um era anunciar uma verdade espiritual. Por exemplo: Jesus multiplicou os pães – Ele é o Pão da vida; Ele curou um cego de nascença – Ele é a Luz do mundo. O milagre em si não é tão importante, mas Aquele que o realiza sim – Esse é importantíssimo: o Senhor Jesus. Se as obras que realizo não manifestam a vida do Senhor Jesus, Sua glória, amor e poder, é melhor que não sejam feitas.

4. “Consagração não é trabalhar para Deus, mas ser trabalhado por Deus.”

A consagração é algo tremendo e uma das primeiras coisas que o novo crente deve aprender. Mas como ela é mal compreendida! Lembro-me quando pregadores abençoados vinham realizar séries de conferências no lugar onde eu me reunia. No domingo pela manhã, a mensagem era para os crentes, e, em seguida a ela, era feito um convite para se consagrarem ao Senhor. Depois de ouvir o grande servo de Deus Pr. Davi Gomes, meu coração foi tocado pelo Espírito Santo. Não consegui esperar o fim da pregação. O servo do Senhor, entendendo o sentido espiritual do que acontecia, encerrou a mensagem, da mesma forma como Pedro na casa de Cornélio (At 10.44), e convidou outros que tomassem a mesma decisão. Qual? Servir ao Senhor. Oh, que dia maravilhoso! Nunca vou me esquecer daquele dia, da minha conversão.

Eu me ofereci para servir ao Senhor no meio dos índios, mas isso nunca aconteceu. Dentro de poucos anos eu fui consagrado ao ministério da Palavra, para logo depois descobrir que não havia sido preparado para essa obra. Se eu fosse um diácono creio que já seria muito. Naquela manhã de domingo eu estava me consagrando ao Senhor para que Ele pudesse trabalhar na minha vida. Hoje são passados 36 ou 37 anos desde aquele dia: quanto o Espírito trabalhou em mim eu não posso dizer. Mas sei o quanto Ele ainda precisa trabalhar. Hoje está claro que o alvo do Senhor não é me preparar para trabalhar para Ele e sim me preparar para Ele mesmo.

5. “Aqueles que não permitem que Deus trabalhe neles nunca poderão trabalhar para Ele.”

Muitos filhos de Deus almejam servir ao Senhor, mas não descobriram que eles mesmos são o grande empecilho. Foi por isso que a perseguição no Egito aconteceu, forçando Moisés a fugir. Ó fuga gloriosa! Depois de quarenta anos sob o treinamento de Deus, o servo estava pronto. Como sabemos? Por suas palavras: “Quem sou eu, Senhor, para que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” (Êx 3.11).

A obra do Senhor em nós tem como alvo quebrar nossa autoconfiança, revelar nosso orgulho e positivamente formar Cristo em nós (Gl 4.19). Quantos cristãos são postos de lado temporariamente, mas continuam edificando com madeira, feno e palha e oferecendo fogo estranho ao Senhor? Se a Nuvem parar, devemos parar também!

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Pensamentos sobre a Nova Jerusalém

T. Austin-Sparks

A Cidade Santa – Descendo do Céu, da Parte de Deus

Leitura: Apocalipse 21 e 22

O próximo grande evento no calendário de Deus é o retorno em glória de seu Filho Jesus Cristo.É a consumação desta vinda e a revelação final da glória de Cristo que é mostrada a nós na forma desta cidade celestial, “descendo do céu, da parte de Deus”. Esta cidade nupcial representa o resumo da obra de Deus através dos séculos. Seus muitos símbolos mostram as características de seu Filho, enquanto as mesmas estão sendo impressas no interior das pessoas a quem Ele tem escolhido das nações, por seu nome, uma maravilhosa união de Cristo e sua igreja, que tem uma infindável tarefa de ministrar vida ao universo.As nações andarão à sua luz, e elas acharão saúde a partir das folhas da sua árvore; reis trarão seus tesouros para a cidade, e a glória de Deus irá prover sua luz.
Duas vezes João que a cidade foi mostrada a ele por Deus – “Ele me mostrou…” Talvez enquanto humildemente lemos e meditamos, Deus irá nos mostrar algo de sua significação e importância, e por meio de seus símbolos nos dará uma idéia mais clara das coisas não vistas e eternas que são para nós manter em vista, a fim de que “nossa leve tribulação” possa produzir em nós “ cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória”. (2 Cor 4.17,18)

A RUA
A Versão Autorizada faz uma pausa entre os dois primeiros versículos de Apocalipse 22 que é enganosa. A Versão Revisada indica que o rio está no meio da rua desta santa cidade. A única rua está no centro; um rio corre do meio da rua, e a árvore da vida cresce de ambos os lados do rio. Nada está no plural, nem mesmo esta árvore, embora seja achada em ambos os lados do rio. Até este ponto as coisas estavam no plural. A vida tem muitas formas de expressar-se a si própria, assim como mostram as muitas árvores do rio de Ezequiel(Ezequiel 47.4). Ao final, contudo, tudo é reunido numa unidade absoluta: uma cidade, uma rua, um rio e uma árvore. É um lembrete simbólico de que ao final tudo será resumido à uma perfeita unidade:a unidade de Cristo.
Tal unidade somente pode ser percebida num relacionamento com o Espírito, mas isto certamente não é somente para o futuro, mas para hoje. A cidade está sendo espiritualmente formada agora no tempo presente, e a obra está em curso agora, em preparação para a grande consumação que ela revela; se a igreja é para ser a metrópolis de Deus, com uma vocação eterna no centro do universo, então aqui e agora ela deve aprender a unidade com e em Cristo. Uma rua! Esta unidade, diretamente do âmago da igreja, é básica para seu presente testemunho tanto como para a sua eterna vocação. A única rua tem um único rio, que significa que da parte mais íntima do campo do relacionamento com Cristo há uma fonte de vida. A cidade é, naturalmente, o último objetivo para o qual o Espírito Santo está se movendo. Nossa vocação nesta terra, aqui e agora, não é primariamente a de nos engajarmos em uma quantidade de boas obras, mas sim a de prover uma forma pela qual a vida de Cristo possa fluir para os outros. Como pode isto acontecer finalmente se não começar agora? Como podemos nós nos entusiasmarmos acerca da última unidade se nós não estivermos dando diligência, aqui e agora, para manter a unidade do Espírito?
Sendo este o caso, não precisamos salientar que o movimento estratégico do inimigo contra o propósito de Deus na igreja é o de mantê-la dividida, basicamente dividida. Ele não se importa com meras profissões de unidade, nem está ele impropriamente preocupado com ilusões extenas de unidade; mas o que ele se põe é contra é a unidade interior que irá liberar o grande rio de vida de Deus a fluir para fora, para um mundo necessitado. “Eu te mostrarei a noiva , a esposa do Cordeiro”, foram as palavras de introdução que levou João a ver a grande celestial e santa cidade de Jerusalém em sua gloriosa unidade. O indivisível amor por Cristo, como o amor da noiva por seu marido, é a única coisa que realmente se opõe a Satanaz, e a única base para uma real unidade.

A CANA DOURADA
A cidade foi medida com uma cana dourada, tudo dentro dela sendo visto conforme as medidas de Deus. A idéia geral é divina, e pode somente ser medida pelo padrão divino, pois é para expressar o propósito divino. Nosso chamado em Cristo nos faz muitas exigências, mas se pudermos vê-las à luz das coisas eternas, será muito mais fácil enfrentá-las. Não que seja sempre fácil para a nossa natureza humana ser tratada de acordo com esta cana dourada de padrões divinos, mas nós podemos mais prontamente suportar o preço, se mantivermos o propósito divino em vista.
Uma maravilhosa característica da cidade é a sua pureza absoluta. Isto é verdadeiro do seu estilo de vida, porque a água de seu rio é tão clara como o cristal. Isto é verdadeiro de sua substância,que é de ouro puro feito como o puro vidro. Isto é verdadeiro de sua luz, que é descrita como sendo “como uma pedra jaspe”, claro como o cristal”. Desta pedra também é dita ser “muito preciosa”, o que sugere que tal condição de transparência é muito preciosa para o Senhor. Isto também implica que nós, seu povo, iremos achá-la de uma qualidade muito cara, uma que somente pode ser experimentada se aceitarmos a disciplina de Deus, e recebermos uma educação espiritual que nos torne refinados e parecidos com Cristo. Esta pureza não é meramente negativa, uma espécie de condição inoxidável, mas é uma luz sem sombra e sem sem nuvem. Deus é luz: Cristo é a luz do mundo, e o ministério da igreja é tanto receber como transmitir sua luz. A cidade está radiante com a glória de Deus. Qual é o oposto de glória?
É escuridão,nebulosidade; é tudo que no reino não é claro, mas misturado e sombrio. Se você tivesse que lidar com uma pessoa em quem você não pode confiar, por causa de elementos escondidos os quais se não realmente decepcionantes de alguma forma, falta pura transparência, você a teria achado uma experiência desagradável, muito contrário de glória. Quando a glória de Deus preenche o lugar, então não há tais questões ou dúvidas, mas uma confiança perfeita e aberta. “Nele não há trevas absolutamente…” (1 John 1:5). Esta glória é nossa, pela graça, e deve governar todos os nossos caminhos.
Todos os portais da cidade são de pérola. Pérolas são uma parábola de preciosidade que resulta de sofrimento, uma vez que elas são formadas como o resultado da agonia das criaturas “que as hospedam”. Essa pérolas são os únicos portões. Não há outro caminho para a cidade que não seja pelo amor sofredor, porque os eleitos que reinarão com Cristo são aqueles que têm primeiro compartilhado algo dos sofrimentos de Cristo . Não adianta nossa opção por um relacionamento do tipo casual ou por um caminho fácil, porque o amor de Cristo, purificado de toda mistura, e precioso para Deus, exige um compromisso com Ele, por seu supremo propósito a ser cumprido, muito embora o custo possa ser alto. Não vamos nos deter pelo alto preço, mas manter nossos olhos no resultado – “tendo a glória de Deus”. Este é o nosso destino.

O MURO
Uma outra característica desta corporificação do pensamento de Deus é o fato de que a cidade tem “alto e grande” muro. Muito tem sido dito deste muro, com repetida menção sobre suas fundações, suas dimensões e seu comprimento. Parece que ele retrata a distinção da cidade. É verdade que muros são frequentemente usados para propósitos de defesa, mas como tal necessidade jamais poderia surgir na cidade celestial, concluímos que o muro representa uma demarcação daquilo que Deus deseja ser distinguido de uma forma especial. Você não concorda que há muita fraqueza no cristianismo atualmente apenas por razão de uma falta de distinção de testemunho e vida? Não que Deus irá permitir-nos pensar em termos de conceito espiritual ou imaginada superioridade, mas é importante que nós não perdêssemos aquele senso de propósito definido e distinção que poderia sempre governar a vida de seu povo remido. O muro é bonito; é alto; é forte. Ele delimita aquilo que tem valor e significado especial para Deus.

ADORNADA
“Descendo do céu, da parte de Deus, adornada…” Se esta cidade deve ser a corporificação de valores eternos, se ela não é uma coisa, mas pessoas, então algo deve estar acontecendo para dar forma e prepará-los para que tal condição possa ser possível. Você irá notar que o muro da cidade está adornado, e também que o adorno da cidade em si é dito como sendo adequado para uma noiva. O muro não é uma demarcação feia, mas as suas fundações são adornadas com todo tipo de pedras preciosas. As caras gemas são simples símbolos dos muitos lados da preciosidade de Cristo. “Todavia para vós que credes é a preciosidade” (1 Pedro 2.7), a preciosidade de Cristo em si mesmo.
E a noiva também está adornada. Seu adorno é algo mais do que um esplendor externo, que pode ser colocado e tirado; sua beleza consiste daquelas qualidades interiores que deleita o coração de seu noivo celestial. “A filha do Rei está toda gloriosa por dentro: suas vestes são feitas de ouro” (salmo 45:13). Nós propensos a prestar tanta atenção ao exterior, até mesmo em coisas espirituais, mas o objetivo de Deus é um povo cuja vida interior é bonita com o puro ouro do amor de Cristo, porque Cristo está vindo “para ser glorificado nos seus santos, e para ser admirado por todo aquele que crê” (2 Tes. 1.10)
Se estes adornos vem do céu, como primeiro eles chegaram lá? Eles são o resultado da nossa caminhada com Deus aqui na terra. Vivemos nossas vidas aqui baixo, e embora nós frequentemente ficamos desencorajados, entramos em novas experiências da graça de Deus e aprendemos mais de seu Filho. A Palavra nos ensina que algo está acontecendo o tempo todo em relação à nossa vida aqui, que é equivalente a um tesouro que está indo adiante de nós e aguardando que nós o sigamos. Enquanto nós prosseguimos em nosso caminho com o Senhor, há valores celestiais se acumulando para o futuro. O Senhor Jesus não nos falou para ajuntar para nós mesmos tesouros nos céus. (Mat.6.20)? Então, enquanto há uma vida temporal, há também valores sendo armazenados no céu, características de Cristo que irão adornar sua cidade. Nosso crescimento espiritual, nossas características espirituais estão, por assim dizer, indo adiante de nós. Elas são eternas: elas não são efêmeras. E toda esta preparação está em curso, assim nos é dito, “enquanto olhamos … para as coisas que não são vistas…mas eternas”.
“Adornada como uma noiva para seu marido”. O que o Senhor está fazendo em nós agora, enquanto diariamente aprendemos novas lições de graça e humildade, será manifestado naquele dia, e embora isto possa trazer gratificação a nós e alegrar aos outros, é primariamente para o prazer de Cristo. O adorno espiritual da igreja será a recompensa ao nosso Noivo-redentor por toda a sua paciência e amor sofredor.
A cidade é descendente do céu, isto é, ela é conformada com o céu. Ela não vem do céu porque não é adequada, mas vem para trazer os valores do céu para o resto do universo de Deus. Nós devemos medir todas as coisas aqui em baixo pelos valores que são celestiais e eternos. Isto nos trás novamente de volta à cana dourada dos padrões de Deus, a cana que mede tudo à luz do propósito de Deus de mostrar a grandeza de seu Filho a um universo que deseja o saber por meio da Igreja que está em uma comunhão viva de amor com Ele. Este é o fim de todas as coisas. Isto é onde a Bíblia termina. E esta é a nossa vocação em Cristo.

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Criação

Há um Deus

Dr. J. Allen Blair

“Todo aquele que se dedica ao estudo da ciência chega a convencer-se de que nas leis do Universo se manifesta um espírito sumamente superior ao homem, e perante o qual nós, com nossos poderes limitados, devemos humilhar-nos.”
Albert Einstein

“Fascinam-me alguns acontecimentos estranhos na astrologia atual… A evidência astronômica conduz ao ponto de vista bíblico da origem do mundo.”
Robert Jastrow – Diretor do Instituto para Estudos Espaciais da Nasa

“No principio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1)

Você alguma vez contemplou o céu à noite – ou sentiu o dedo apertado pela pequenina mão de um bebê – e se sentiu impressionado? O mundo está cheio de maravilhas onde quer que olhemos. Quem fez tudo isso? Surgiu por acaso? Porventura há um Deus que, como diz a Bíblia, criou “os céus e a terra”?

Alguém pode negá-lo? Se dizemos que não há Deus, todas as maravilhas que nos rodeiam não são mais que casualidades. Os bilhões de estrelas no céu apareceram por acaso e produziram a sua própria energia para manter o seu curso no espaço. A terra tem, por casualidade, uma camada sem a qual não poderia crescer nada. O ar que respiramos – que tem somente 80 quilômetros de espessura e cuja concentração é necessária para manter a vida – é apenas outra casualidade nas leis da física.

Pode crer que tudo isso é pura casualidade? Acaso não é mais lógico supor que um ser supremo planejou tudo o que existe no Universo? Pense nos depósitos de carbono, de zinco, de ouro e de urânio. Existem por casualidade? E que é o que impede que os lagos se congelem de todo, até o fundo, impossibilitando assim que sobrevivam os peixes?

Por que a terra gira a uma velocidade determinada e estável, de modo que haja o dia e a noite? Quem a inclina para que haja estações? Ninguém realmente sabe nem por quê nem como funciona a atração magnética.

Ou pense no Sol, que alimenta um fogo com o calor exato para nos manter na terra, nem tanto calor que nos cozinhe nem tão pouco que nos congele. Quem mantém esse fogo?

E que lhe parece o corpo humano, essa combinação complexa de ossos, músculos, nervos e vasos sangüíneos? O cérebro humano tem uma capacidade muito maior do que poderia ter o melhor computador jamais imaginado. Os rins constam de aproximadamente 450 quilômetros de tubos muito pequeninos, e no transcurso de um só dia filtram 175 litros de água do sangue.

E o que podemos dizer do coração! É uma bomba incrivelmente forte, constituída de quatro compartimentos e quatro válvulas. A fim de suprir o sistema circulatório, que tem cerca de 20.000 quilômetros de vasos sangüíneos, ele movimenta 19.000 litros de sangue a cada dia, quase o suficiente para encher um vagão ferroviário. O coração, que a cada minuto bombeia todo o sangue do corpo, bate 100.800 vezes ao dia, e cerca de 2.500.000.000 de vezes no transcorrer de uma vida.

Antes que você diga que não há Deus, pense nestas maravilhas. Toda a criação prova que há um Criador. Então, por que alguns duvidam da existência de Deus? Como podemos estar certos de que realmente ele existe e se interessa por nós?

A Bíblia diz que por natureza estamos mortos em “delitos e pecados” (Efésios 2:1); que estamos “separados da vida de Deus” (Efésios 4:18). Assim como o corpo sem vida está morto, também qualquer outra pessoa separada de Deus está espiritualmente morta, segundo a Bíblia. Se permanecermos mortos espiritualmente, não nos será possível conhecer a Deus. Todos necessitamos de uma nova vida. Precisamos ser purificados do pecado e libertos do seu castigo, a fim de voltarmos a ter comunhão com Deus. Foi isto que Cristo quis dizer ao afirmar: “Necessário vos é nascer de novo.” (João 3:7)

Deus enviou o seu único Filho, Jesus Cristo, para que desfrutássemos uma vida nova eterna. A Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)

Através da sua morte e ressurreição, Cristo pagou pela nossa salvação. Assim ele destruiu o poder do pecado e da morte, permitindo-nos possuir a vida eterna.

Jesus Cristo disse: “…eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10:10)

Receber a vida que Cristo oferece é o que significa nascer de novo. Essa vida nova e eterna será sua se você reconhecer que é um pecador e receber a Cristo como seu Salvador e Senhor.

“Deus nos deu vida; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I João 5:11-12)

(http://www.preciosasemente.com.br/nascerdenovo/haumdeus.htm)

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Citações

Ainda outras frases…

Como Deus se alegra com a alma que, rodeada de sofrimento e miséria, realiza na terra quilo que os anjos fazem no céu: ama, adora e louva a Deus!

(G. Tersteegen)

O louvor é a adoração da alma em direção a Deus, a apreciação de tudo o que Ele fez por nós, a resposta de amor à Sua misericórdia, bondade e juízo.

(Autor desconhecido)

Que Deus seja tudo para você. Busque conhecê-Lo em todas as Suas obras. Estude-O em Sua Palavra; estude-O em Cristo. E nunca O estude meramente para conhecê-Lo, mas a fim de amá-Lo e obedecer-Lhe.

(Richard Baxter)

Não deixe que nenhum pensamento seja tão doce e freqüente em seu coração nem nenhum outro assunto tão constante em sua boca (depois das excelências do Deus eterno) do que este que diz respeito à redenção do homem. Deixe Cristo ser para a sua alma o que o ar, a terra, o sol e o alimento são para seu corpo, sem o que você não poderia continuar vivendo.

(Richard Baxter)

Vivamos de maneira que nosso propósito seja firme para com Deus e percebamos que tudo façamos, até mesmo as coisas comuns, para Seu prazer, conforme Sua vontade e para Sua glória, e que o amor de Deus nos constranja em todas as nossas ações.

(Richard Baxter)

Tema a Deus, pois não temê-Lo é temer tudo o mais.

(Thomas Wilcox)

Ó sangue de Cristo, que refúgio tu és para a consciência atribulada e para um espírito ferido! Ó amor de Deus, que lugar de repouso tu és para o triste e cansado!

(Horatius Bonar)

Nossos sofrimentos nada mais são do que conseqüências de nosso pecar, e no céu ambos cessarão ao mesmo tempo!

(Richard Baxter)

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O grande prêmio

Leitura: Filipenses 3.1-16

A carta aos filipenses começa com uma declaração de Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo” (2:21) e, depois, continua a expressar seu desejo de conhecer ao Senhor mais e mais, com sua determinação de perseguir tal conhecimento como um prêmio muito desejado.

Se quisermos saber o que significa ganhar a Cristo, temos de voltar para Romanos 8:29, onde descobriremos que a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem do Seu Filho. Ser conformado é ganhar a Cristo – este é o prêmio, e ele envolve alcançar a plenitude de Cristo em perfeição moral. Tal plenitude deve expressar a glória a ser manifestada pelos filhos de Deus. É simplesmente isto: tornar-se moral e espiritualmente um com Cristo em Seu lugar de exaltação é o alvo e o prêmio da vida cristã. Faremos bem se mantivermos diante dos olhos este final glorioso: “a manifestação dos filhos de Deus”.

Quando Paulo falou sobre ganhar a Cristo e sobre alcançar o prêmio, ele estava expressando seu desejo ardente de ser conformado à imagem do Filho de Deus. Essa conformação é o objetivo da salvação e é o propósito de Deus na salvação, não deixando, porém, de ser algo pelo que precisamos batalhar. É claro que não fazemos nada para ganhar a salvação, e que também não precisamos sofrer a perda de todas as coisas para sermos salvos. Somos salvos pela fé, não por obras; salvação não é um prêmio a ser alcançado, não é algo pelo qual tenhamos de nos esforçar, mas é um presente, um dom gratuito. Além desse presente, contudo, Paulo ainda aspirava alcançar alturas não conquistadas e, por isso, escreveu que considerava todas as coisas como perda por causa da excelência do conhecimento de Jesus Cristo seu Senhor. Se o poder do mesmo Espírito está operando em nós, certamente produzirá o mesmo efeito de nos fazer entender quão pequeno é o valor de tudo o mais quando comparado com o grande prêmio de Cristo.

A Suprema Questão

É interessante comparar Marcos 10 com Filipenses 3, já que cada passagem nos fala de um jovem e de sua decisão em certo momento. Os dois homens eram parecidos em vários aspectos: eram ambos ricos legisladores, homens com alta posição social, intelectual, moral e religiosa entre os seus. Eram provavelmente ambos fariseus e foram ambos amados pelo Senhor. De um precisou ser dito: “Uma coisa te falta”, enquanto o outro afirmou: “Uma coisa eu faço”. O jovem sem nome retirou-se de Jesus com muita tristeza, mas não retrocedeu, e a razão foi porque ele não estava preparado para repartir suas grandes posses. Paulo também tinha muitas posses, mas elas perderam todo seu atrativo na luz da visão que ele teve de Cristo. Para ele, era uma escolha entre as recompensas terrenas ou o único e grandioso prêmio celestial – e ele alegremente optou por este último.

Podemos dizer, de certo modo, que ele tinha uma grande vantagem e uma visão diferenciada de Cristo, porque ele viu o Senhor no pleno poder da ressurreição. Ele não viu somente Jesus de Nazaré como o outro jovem havia visto, mas ele pôde apreciar algo da sobrexcelente grandeza do poder de Deus ao levantar da morte este Único que, humilhado e rejeitado pelos homens, na cruz foi reduzido ao desamparo e aparente desespero somente para ser erguido da morte e da tumba e ser exaltado estando à direita da majestade nas alturas. Foi o poder da ressurreição que fez Paulo decidir conquistar o prêmio.

O Poder da Ressurreição

O que torna tudo possível na vida espiritual é o fato de que o mesmo poder de ressurreição que levantou Cristo levando-o ao Seu destino espiritual é o poder que opera em nós (Ef 3:20). É verdade que nossa justificação repousa na ressurreição do Senhor Jesus, mas ainda assim a total abrangência daquela ressurreição vai muito além da esfera da salvação pessoal, porque seu poder é o meio pelo qual toda realização do pensamento eterno de Deus pode ser cumprida. Provavelmente uma das maiores necessidades do nosso tempo – o qual eu creio ser o tempo do fim – é a de um conhecimento experimental mais pleno da vida de ressurreição, pois o triunfo final da Igreja com sua definitiva chegada ao trono, e conseqüente desalojamento do reino satânico, só pode ser alcançado por esse meio. Essa vida é algo que confrontou todo o poder diabólico do universo e provou que não pode ser tocada ou corrompida; portanto, tanto moral quanto fisicamente é a vida que triunfou sobre a morte.

Vida de ressurreição não é uma idéia abstrata ou uma sensação mística, mas é uma expressão muito prática da vitória sobre o pecado e sobre Satanás. Se essa vida pudesse ser maculada ou corrompida, então Satanás teria alcançado a vitória final. Mas não há temor desta tragédia, pois a vida de Cristo é aquela que plena e definitivamente venceu a morte. E, ainda que Sua vida de ressurreição O colocou numa posição inacessível, “acima de tudo”, ela visa trazer Sua Igreja para compartilhar da Sua vitória e de Seu trono. Portanto, em sua busca pelo prêmio, Paulo primeiramente menciona sua necessidade de conhecer “o poder da Sua ressurreição”.

Eu creio que essa atitude de Paulo testa nosso próprio conhecimento de Cristo. Não consigo entender como um cristão que realmente conhece o habitar interior da vida de ressurreição de Cristo pode se apegar a coisas, mantendo controvérsia com o Senhor sobre abrir mão disto ou daquilo, quando a única alternativa é o total despojamento para Cristo. O que deveria determinar todas as disputas e questões é a percepção da natureza real de nosso supremo chamamento em Cristo e a determinação de não permitir que algo fique entre nós e a operação plena da Sua vida de ressurreição.

A Comunhão dos Seus Sofrimentos

A busca de Paulo pelo prêmio fez com que ele desejasse não somente conhecer Cristo no poder da Sua ressurreição, mas também estar pronto a penetrar nas aflições por causa dEle e com Ele. Isto coloca o sofrimento no seu devido lugar, relacionado a um caminho para a glória. Freqüentemente o sofrimento está fora de lugar em nós, nos causando problemas ao ser aquilo que nos preocupa e que prejudica tudo o mais. O Senhor pode nos fazer ver o sofrimento conforme deve ser visto, ou seja, em relação a algo que nos faz vê-lo bem menor do que poderia ser. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”, e esta glória é a glória dos filhos de Deus. Essa foi a glória que Paulo descreveu como o grande prêmio de ganhar a Cristo.

Se perguntarmos o que significa ganhar a Cristo, temos que considerar Romanos 8, onde encontraremos que a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem de Seu Filho. Esse processo de ser conformado a Cristo é de fato ganhar a Cristo: este é o prêmio. Isso implica alcançar a plenitude de Cristo em perfeição moral, pois esta perfeição moral e espiritual é a Sua glória. Assim, para nós, a questão básica é esta: estar moral e espiritualmente onde Cristo está em Seu lugar de exaltação é a meta, o prêmio. Fazemos bem em não perder de vista este final glorioso: “a manifestação dos filhos de Deus”, quando seremos revelados com Cristo e feitos como Ele. Enquanto isso, no tempo presente nós gememos. Se francamente analisarmos tais gemidos, descobriremos que eles representam nosso desejo ardente por sermos libertos da vida da velha criação, com seu laço de corrupção, pecado e morte, de modo que possamos conhecer a perfeição moral em Cristo. Um dia os gemidos cessarão, esse será o momento de nossa chegada à perfeita conformidade a Cristo.

Isso foi o que Deus pré-ordenou, porque notamos que o trabalho de Deus numa criação que geme está relacionado com o conhecimento prévio que Ele tem e, portanto, relacionado com Sua pré-determinação das coisas. Tal predestinação não estava vinculada ao assunto básico da salvação, mas muito mais com o objetivo da salvação. Isso faz toda a diferença. O objetivo da salvação é a conformidade à imagem do Filho de Deus, pois àqueles que Ele conheceu de antemão Ele os pré-ordenou, não para serem salvos ou se perderem, mas para serem “conformados à imagem do Seu Filho”. O trabalho do Espírito do Seu Filho em nós, constituindo-nos filhos e capacitando-nos a clamar “Abba, Pai”, é o início do trabalho de Deus na criação que geme – o trabalho de manter em segredo aqueles filhos que proverão a chave para sua libertação do completo estado de vaidade e decepção que ela possui atualmente. Toda criação será levada a desfrutar da liberdade da glória dos filhos de Deus, pois esse é o objetivo do poder da ressurreição operando em nós. Estamos vinculados, em nossa própria filiação, com o emancipar toda a criação da vaidade que foi imposta sobre ela. Todavia veja: não basta a criação ser liberta no momento da manifestação, é necessário reaver seu caráter a partir de Cristo revelado nos filhos de Deus. Ela somente encontrará sua verdadeira glória quando o poder da ressurreição de Cristo tiver expressão plena na glorificação dos filhos de Deus à medida que eles recebem seus corpos redimidos, feitos como o de Jesus.

Você pode pensar que esta vasta concepção não o ajuda muito quando se depara com suas próprias dificuldades. Mas é por isso mesmo que Romanos 8:28 vincula tais experiências práticas com o total alcance do propósito de Deus em Cristo. Esse chamado e propósito governam cada detalhe de nossa jornada espiritual. Se, porém, consideramos os fatos da vida meros incidentes pessoais, não conseguiremos ver neles benefício algum. Mas, se por outro lado, consideramos a relação desses fatos com a determinação de Deus de nos fazer como Cristo, então encontramos a chave do significado deles. Isso é mais do que algo pessoal, pois a provação, dificuldade, perplexidade ou provocação carregam o segredo de desenvolver em nós a vida do Senhor Jesus, a vida de ressurreição que traz consigo o objetivo final de Deus – a glorificação de todo o universo. O Novo Testamento é muito prático: as grandes coisas das eternidades são trazidas ao nível dos mais íntimos detalhes da nossa vida espiritual, fazendo com que todas as coisas operem conjuntamente. Essas “todas as coisas” contribuirão para o bem final, se consideradas à luz do propósito divino. A intenção de Deus não deve ser esquecida. Pode parecer que estamos sofrendo uma contradição: pedimos algo e recebemos o contrário; isso ocorre porque Deus não está nos isentando da responsabilidade, mas usa experiências contrárias para forjar em nós aquela força moral que somente o Espírito Santo pode conceder.

Conformidade com Sua Morte

Foi o Espírito Santo que fez Paulo escrever as coisas nessa ordem: primeiro o poder da Sua ressurreição, depois a comunhão em Seus sofrimentos e, finalmente, ser conformado à Sua morte. Na verdade, só conseguiremos conhecer o poder da Sua ressurreição se participarmos com Ele de Sua experiência de morte, o que implica em deixarmos de lado tudo o que é pessoal para fazermos das coisas de Cristo nosso único objetivo. Não é verdade que a base do pecado é o orgulho? E o que é orgulho, essa raiz do pecado? Ele consiste em interesses pessoais, egoístas e individualistas. Foi desse modo que o pecado entrou no universo de Deus no princípio, porque Satanás caiu quando disse: “ Eu exaltarei meu trono… eu serei como o Altíssimo”. Em seguida ele persuadiu Adão a agarrar a oportunidade de ser “como Deus” (Gn 3:5), fazendo o interesse pessoal entrar para a raça humana. Tal orgulho é nativo em todos nós, somente uma experiência prática de conformidade a Cristo em Sua morte pode nos libertar dele.

As tentativas contínuas de Satanás em trabalhar no nosso interesse pessoal são tão sutis, que ele pode até parecer estar propagando Cristo se puder fazê-lo de modo a subjugar servos de Deus. Foi em Filipos, cidade para qual essa carta foi dirigida, que um dos seus demônios proclamou publicamente que Paulo era um servo do Deus Altíssimo que apresentava aos homens o caminho da salvação. O que mais Paulo poderia desejar? Ele tinha propaganda gratuita! Bem, o fato é que podemos ter certeza de que um plano sutil do diabo está a caminho quando ele começa a patrocinar o Evangelho e a tornar seus pregadores populares. O apóstolo percebeu isso e, tendo esperado em Deus, repreendeu o demônio, com resultados calamitosos para ele e Silas, pois isto os levou à prisão, com todo o inferno enfurecido contra eles. Paulo, porém, havia sido liberto de uma armadilha satânica, embora estivesse na cadeia. Embora estivesse naquele momento sendo conformado a Cristo numa nova experiência de Sua morte, isto inevitavelmente o levou a ter uma nova experiência do poder da ressurreição de Deus. Ele sobreviveu para escrever aos filipenses de uma prisão em outra cidade, e lhes assegurou mais uma vez que as coisas que lhe aconteceram possibilitaram a expansão do Evangelho. Quando idéias, preferências e desejos humanos são colocados à parte, isto pode significar privação no primeiro instante; mas quando os interesses pessoais são mortificados, um novo lugar é dado a Cristo em nossas vidas e estaremos mais e mais próximos de nosso grande prêmio.

Cristo Magnificado

Parece claro que à medida que o apóstolo seguia em direção ao fim da sua vida, mais ardentemente ele buscava o prêmio de ser conformado a Cristo. Creio que é um avanço verdadeiro quando chegamos ao lugar onde podemos viver sem a sedução de sinais visíveis de sucesso ou milagres óbvios, onde podemos ser completamente felizes com o próprio Senhor. O que eu tenho em meu coração é que você e eu venhamos mais e mais para o lugar onde o próprio Senhor Jesus é tudo para nós. Não buscamos conformidade a Ele em si mesma ou para nossa satisfação, mas somente para que Ele possa encontrar alegria ao nos aproximarmos mais dEle. Esta é a marca de crescimento espiritual e maturidade: desejar tão-somente que Cristo seja magnificado e prosseguir resolutamente neste objetivo. “Cristo é o caminho e Cristo é o prêmio.”

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Oração

Desafio

“Eis uns homens: eles sabem tudo sobre Deus. Algumas das coisas preciosas que são ditas sobre Deus no livro de Jó são ditas, não por Jó, mas por seus amigos. Os amigos de Jó disseram algumas das passagens que você ama. Eles estavam certos, eles conheciam tudo a respeito de Deus; no entanto, quão absolutamente diferentes Dele eram: duros, cheios de censura e faltos de graça. Isto é um desafio para nós. Você pode conhecer tudo sobre Deus e, ainda assim, não ser como Ele.”
(T. Austin-Sparks, Discipline Unto Prayer)

Sim, este é um desafio para o dia de hoje: não apenas conhecer um pouco mais de nosso Senhor, mas ser mais moldado a Sua imagem.
Tenha uma boa tarde!

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