Categoria: R. C. Sproul
Senhor da história
Ficamos abismados de que, mesmo à luz de registros bíblicos muito claros, ainda há quem tenha a audácia de sugerir que é errado para aqueles que sofrem no corpo ou na alma expressar suas orações por libertação em termos de: “Se for da Tua vontade”. Dizem que, quando a aflição chega, Deus sempre deseja a cura. Que Ele não tem nada a ver com sofrimento, e que tudo o que devemos fazer é reivindicar, pela fé, a resposta que buscamos. Somos exortados a exigir o “Sim” de Deus antes que Ele o pronuncie.
Fora com tais distorções da fé bíblica! Elas são concebidas na mente do Tentador, que deseja nos induzir a transformar fé em mágica. Nem todo o amontoado de discurso piedoso pode transformar essa falsidade em doutrina verdadeira.
Às vezes, Deus diz não. Às vezes, Ele nos chama para sofrer e morrer, mesmo quando desejaríamos exigir o contrário.
Nunca outro homem orou mais veementemente que Cristo no Getsêmani. Quem acusará Cristo de não ter orado com fé? Ele colocou Seu pedido diante do Pai suando sangue: “Passa de Mim este cálice” (Lc 22.42).
A oração de Jesus foi direta e sem ambigüidades. Ele gritou por alívio. Ele pediu que o cálice terrivelmente amargo fosse removido. Cada centímetro de Sua humanidade se encolhia diante do cálice. Ele implorou ao Pai que O libertasse de Seu dever. Mas Deus disse “não”. O caminho do sofrimento era o plano de Deus. Era a vontade de Deus. Era Sua vontade pura e inalterada. A cruz não era uma idéia de Satanás. A paixão de Cristo não foi resultado de contingências humanas. Não foi uma maquinação acidental de Caifás, Herodes ou Pilatos. O cálice foi preparado, entregue e administrado pelo Deus Onipotente.
Jesus colocou uma condicional em Sua oração: “Pai, se queres…”. Jesus não “apresentou e reivindicou”. Ele conhecia Seu Pai muito bem para saber que essa poderia não ser a vontade Dele. A história não termina com as palavras: “E o Pai se arrependeu do mal que havia planejado, afastou o cálice, e Jesus viveu feliz para sempre”.
Essas palavras se aproximam da blasfêmia. O evangelho não é um conto de fadas. O Pai não entraria em acordos sobre o cálice. Jesus foi chamado para tomá-lo até a última gota. E Ele o aceitou. “Todavia, não se faça a Minha vontade, mas a Tua”.
Esse “todavia” é a suprema oração da fé. A oração da fé não é uma ordem que colocamos diante de Deus. Não é a presunção de um pedido atendido. A autêntica oração da fé é aquela que se assemelha à oração de Jesus. É sempre apresentada num espírito de submissão. Em todas as nossas orações devemos permitir que Deus seja Deus. Ninguém diz ao Pai o que Ele deve fazer, ninguém, nem mesmo o Filho. Orações devem sempre ser pedidos feitos com humildade e submissão à vontade do Pai.
A oração da fé é a oração da confiança. A própria essência da fé é confiança. Confiamos que Deus sabe o que é melhor. O espírito de confiança inclui o espírito de disposição para fazer o que o Pai deseja que façamos. Este tipo de confiança foi personificado em Jesus no Getsêmani.
Embora o texto não seja explícito, é claro que Jesus deixou o jardim com a resposta de Deus para Seu pedido. Não há nenhuma blasfêmia ou amargura; Sua comida e Sua bebida eram fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Uma vez que o Pai disse “não”, o assunto estava resolvido. Jesus se preparou para a cruz. Não fugiu de Jerusalém, mas entrou na cidade com o semblante determinado.
Deus habitava no meio de Seu povo, Israel. Desceu do céu não só para o resgatar da terra do Egito, mas para ser seu companheiro de viagem através do deserto. Que pensamento! O Deus Altíssimo tendo Sua habitação nas areias do deserto e no próprio seio da congregação de Seus resgatados! Na verdade, não havia nada semelhante em todo o vasto mundo. Ali estava esse exército de seiscentos mil homens, além de mulheres e crianças, num deserto estéril, onde não crescia uma só folha de erva e não havia uma gota de água — nenhum sinal de subsistência. Como iam ser alimentados? Deus estava ali! Como iam manter-se em ordem? Deus estava ali! Como iam abrir caminho através daquele deserto medonho onde não havia nenhum caminho? Deus estava ali!
(C. H. Mackintosh)
O custo de chegar perto do coração de Deus, de ouvir a voz de Deus e fazer a vontade de Deus não é pequeno. Deus não pode ser apressado. A região isolada do deserto, solitário, sem recursos, atrativos ou vozes, é o lugar onde a sarça arde, onde a voz de Deus é ouvida, onde a visão é transmitida, onde o casamento com a vontade divina acontece.
(Leonard Ravenhill)
Batize seu coração em devoção antes de avançar a correnteza dos afazeres diários.
(Charles H. Spurgeon)
O quanto um homem ora vai dizer muito mais sobre ele do que o quanto ele prega.
(Paul Washer)
A sabedoria e o poder do Criador são admiráveis tanto numa formiga como num elefante.
(Mathew Henry)
A eternal aliança que Deus fez com Jesus e, por meio de Jesus, com as pessoas a quem ama, individualmente, é uma grande base de consolo em meio aos tremores da esperança humana, as flutuações das coisas criadas e a instabilidade de tudo o que a terra chama de bom.
(Otávio Winslow)
A igreja antiga estava disposta a morrer por causa da fé; a igreja moderna a negocia.
(R. C. Sproul)
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O que é o evangelho em si mesmo além de uma temperança misericordiosa, na qual a obediência de Cristo é estimada como nossa, e nossos pecados são lançados sobre Ele, em que Deus, sendo juiz, se torna nosso Pai, perdoando nossos pecados e aceitando nossa obediência, ainda que fraca e defeituosa? Somos agora trazidos ao céu sob a aliança da graça por um caminho de amor e misericórdia.
(Richard Sibbes)
Contemple pela fé o Cordeiro de Deus, sem pecado e sem mancha, como tendo suportado o peso, sofrido pelos pecados, morrido pelas transgressões, e aceite a verdade preciosa de que foi o eterno amor de Deus que os colocou todos em Jesus, e que nada lhe foi deixado para fazer além de crer em Jesus, pois Ele salva totalmente todos os que vêm a Deus por Seu intermédio.
(Octavius Winslow)
Não existe maior sinal de um orgulho confirmado do que julgar-nos suficientemente humildes.
(William Law)
Nunca suavize o Evangelho. Se a verdade ofende, então, deixe que ofenda. As pessoas passam sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento.
(John MacArthur)
Embora nossos desejos privados sejam sempre tão confusos, nossos pedidos particulares sempre tão imperfeitos e nossos próprios suspiros sempre tão escondidos dos homens, mesmo assim Deus os vê, lembra-se deles e os põe no arquivo do céu, e um dia os coroará com respostas e retornos gloriosos.
(Thomas Brooks)
Quando agimos, colhemos os frutos de nosso trabalho, mas, quando oramos, colhemos os frutos do trabalho de Deus.
(Hans Von Staden)
Quando procuramos colocar a lei de Deus contra Seu amor, mostramo-nos ignorantes sobre ambos.
(R.C. Sproul)
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