A única maneira de ser realmente feliz em um mundo como esse é continuamente lançar nossos cuidados sobre Deus.
(J. C. Ryle)
Quão lento somos em aprender que toda a disciplina da vida é para nos preparar para a eternidade; que nada que não tenha Deus vale a pena desejar ou disso cuidar.
(Anthony Norris Groves)
Nossa justiça está em Cristo, e nossa esperança depende, não do exercício da graça em nós, mas da plenitude da graça e do amor Nele, e da Sua obediência até a morte.
(John Newton)
Quando uma pessoa se torna crente, reconhece abertamente que Jesus é seu Senhor. Se de fato O entroniza, ela se submete com alegria à autoridade de Cristo. Se a pessoa diz a Jesus: ‘Tu és Senhor!’, a questão está terminada. Os que continuam a guardar Seus mandamentos são os que estão realmente conhecendo a Deus, seguros Nele.
(John MacArthur)
Dói quando Deus tem de tirar as coisas da nossa mão!
(Corrie Ten Boom)
Você não pode desenvolver caráter lendo livros. Você o desenvolve a partir de conflitos.
(Leonard Ravenhill)
Tenha certeza: se você andar com Deus, e olhar para Ele e esperar ajuda Dele, Ele nunca falhará com você.
(George Muller)
Ó Deus,
ouve o meu clamor;
atende à minha oração.
Desde o fim da terra
clamarei a Ti;
quando o meu coração
estiver desmaiado, leva-me para a Rocha que é mais alta do que eu.
Pois tens sido
um refúgio para mim e
uma torre forte contra o inimigo.
Habitarei no Teu tabernáculo
para sempre; abrigar-me-ei no esconderijo
das Tuas asas. (Selá.)
Busca a Deus na juventude, e pouparás muitas lágrimas de amargura.
(J. C. Ryle)
A verdadeira crença de um homem é aquilo pelo que ele vive. Aquilo que o homem crê é o que ele vive, não aquilo que ele pensa.
(George MacDonald)
Quão lentos somos em aprender que toda a disciplina da vida é para nos preparar para a eternidade; que nada que não tenha Deus nele vale a pena cuidar ou desejar.
(Anthony Norris Groves)
A única maneira de ser realmente feliz em um mundo como esse é estar sempre lançando nossos cuidados sobre Deus.
(J. C. Ryle)
O preço de diluir a ira de Deus é diminuir a santidade de Deus.
(D. A. Carson)
O Senhor não usa nossa aritmética para calcular e avaliar quando deve trabalhar.
(John Flavel)
Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
O maior milagre do mundo é a paciência e a generosidade de Deus com respeito ao mundo ingrato. Se um príncipe tem inimigos metidos em uma de suas cidades, não lhes envia provisões, mas mantém sitiado o local e faz o que pode para vencê-los pela fome. Mas o grande Deus, que poderia levar todos os Seus inimigos à destruição num piscar de olhos, tolera-os e se empenha diariamente para sustentá-los.
(William Gurnall)
Apenas sentar e pensar em Deus:
Oh! Que alegria me é!
Pensar, murmurar o Nome sem par:
Não há gozo maior para a fé.
(Frederick W. Faber)
O conhecimento infinito de Deus deveria encher-nos de assombro. Quão exaltado é o Senhor, acima do mais sábio dos homens! Nenhum de nós sabe o que o dia nos trará, mas todo o futuro está aberto a Seu olhar onisciente. O conhecimento infinito de Deus deveria encher-nos de santa reverência. Nada do que fazemos, dizemos ou mesmos pensamos escapa à percepção Daquele a quem teremos de prestar contas.
(A. W. Pink)
Fonte do bem, toda bênção vem
de Ti, cuja plenitude não tem fim.
O que podes almejar, além de Ti mesmo?
Porém, auto-suficiente como és,
Tu desejas meu desprezível coração;
é o que exiges, somente isso.
(Johann Scheffler)
Somente quando o homem devolver a Deus o trono usurpado é que suas obras serão aceitas.
(A. W. Tozer)
Regressa, ó viajante, volta agora,
regressa e busca a face de teu Pai;
este desejo que em ti aflora
é fogo que, da graça de Deus, sai.
Regressa agora, viajante, o Sol é posto
e o Pai te chama para um novo dia;
enxuga a lágrima que molha o rosto
e ouve o convite que Teu Pai te envia.
(William Benco Collyer)
Crente, não pense em um repouso sem perturbações enquanto você não se livrar da carne. Há um ciclo incessante de tristeza e tentação nesta vida. Mas nunca despreze os açoites. Eles têm a voz da instrução. São aplicados pela mão de um Pai amoroso.
Assim como as crianças agradecem ao alfaiate, e pensam que devem suas roupas novas a ele e não à generosidade dos pais, assim nós, muitas vezes, olhamos para o instrumento usado para nos abençoar e lhe agradecemos em vez de agradecer a Deus.
As causas secundárias não devem nunca ser colocadas antes da Causa Primária. Amigos e ajudadores são todos servos de nosso Pai, mas é Ele quem deve receber todos os louvores.
Acontece um mal semelhante quando se trata do assunto de provações e tribulações. Temos a propensão de nos irarmos com o instrumento da nossa aflição, em vez de ver a mão de Deus em tudo, e mansamente nos dobrarmos diante dela.
Isso foi um grande auxílio para Davi quando teve de lidar com Simei, que o insultava, quando o rei viu que Deus tinha indicado essa provocação para castigá-lo. Ele não permitiu que seus capitães impulsivos decepassem a cabeça daquele que insultava, mas disse mansamente: “Deixai-o; que me insulte, pois o SENHOR lhe ordenou que o fizesse”.
Quando um cachorro é agredido, ele morde a vara! Se ele fosse sábio, perceberia que a vara se move apenas à medida que a mão a direciona. Assim também, quando nós percebermos Deus em nossas tribulações, teremos condições de ficar quietos, suportando a disciplina com paciência.
Que não ajamos como crianças tolas, mas percebamos de onde nos vêm todas as coisas e procedamos de acordo. Que o Espírito de sabedoria nos leve à compreensão.
“É o SENHOR; faça o que bem lhe aprouver” (1Sm 3.18).
“Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!” (Jó 1.21).
“Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 2.10).
“No dia da prosperidade, goza do bem; mas, no dia da adversidade, considera em que Deus fez tanto este como aquele” (Ec 7.14).
(Traduzido por Helio Kirchheim. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
“No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este [a adversidade] em oposição àquele [a prosperidade]” (Ec 7.14).
No dia da adversidade, você deveria considerar de quais mãos ela foi enviada a você! Ela vem direto das mãos de Deus!
Agentes intermediários podem ter sido empregadas em infligi-la:
um amado membro da família pode ter sido o transmissor de uma doença;
um amigo traiçoeiro pode ter sido a causa de falência;
um inimigo declarado pode ter sido o autor de uma repreensão e humilhação;
ao próprio Satanás pode ter sido permitido golpear você!
Mas, qualquer que seja o agente secundário por meio de quem ela tenha sido transmitida, a adversidade vem das mãos de Deus!
“Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is 45.7).
“Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?” (Lm 3.38).
“[…] Receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10).
“[…] Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê ou o cego? Não sou eu, o SENHOR?” (Êx 4.11).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais nenhum deus há além de Mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da Minha mão” (Dt 32.39).
“O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta” (1Sm 2.6,7).
“Porque assim diz o SENHOR: Como Eu trouxe sobre este povo todo este grande mal […]” (Jr 32.42).
“[…] Sucederá algum mal na cidade sem que o SENHOR o tenha feito?” (Am 3.6).
“Ele faz a chaga e Ele mesmo a liga; Ele fere, e as Suas mãos curam” (Jó 5.18).
A partir destas e de muitas outras passagens, está claro que, nas Sagradas Escrituras, a aflição temporária é atribuída a Deus. Ninguém que reconhece a providência de Deus em tudo pode deixar de crer que as numerosas aflições e calamidades da vida humana são permitidas, designadas e administradas pelo Supremo Governador do mundo!
Ninguém que reconhece a providência de Deus em tudo pode deixar de crer que as numerosas aflições e calamidades da vida humana são permitidas, designadas e administradas pelo Supremo Governador do mundo!
Essa é uma consideração de grande importância prática e deve ser seriamente ponderada no dia da adversidade.
Assegura-nos que nossas aflições nem são impostas por uma necessidade fatídica nem são produzidas pelas indefinidas vicissitudes do acaso, mas provêm da mão Daquele que é infinitamente sábio, justo e bom!
Também ensina-nos, em muitas de nossas aflições, aquelas que são de fato mais difíceis de suportar, a olharmos além e pôr-nos acima da consideração da mera agência humana pela qual elas têm sido infligidas. Refiro-me a essas aflições que são trazidas por causa da malícia de nossos semelhantes, em relação às quais estamos inclinados a considerar apenas a agência secundária por meio dos quais elas caem sobre nós – em vez de constantemente contemplarmos a Deus enquanto conduz a nós, por meio da ação humana, as advertências e lições que precisamos aprender e nas quais nos aperfeiçoar.
Visto que, se nós considerarmos todas as aflições, de qualquer que seja o tipo, como emanando do coração infalível de nosso amoroso Pai, descobriremos que, mesmo as que a mão ou a língua do homem inflige, são uma disciplina benéfica e meios de aperfeiçoamento espiritual.
Lembremo-nos, então, de que cada aflição, por qualquer que seja o canal que ela proceda, vem, em última instância, da mão amorosa de Deus!
(Traduzido por Jacilara Conceição. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)
Há algumas questões com respeito à doença que gostaríamos de considerar juntos diante de Deus.
1. A relação entre doença e pecado
Antes da queda da humanidade, não existia nenhuma espécie de enfermidade; a doença surgiu somente depois que o homem pecou. Alguém pode dizer que, de forma geral, tanto a doença como a morte resultaram do pecado, pois pela transgressão de um homem o pecado e a morte entraram no mundo (Rm 5.12). A doença se espalhou a todos os homens assim como a morte.
Embora nem todos tenham pecado da mesma maneira que Adão, todavia, por causa da transgressão dele todos morrem. Onde há pecado há morte também. Entre esses dois está aquilo que comumente chamamos de doença. Esse é, então, o fator comum a todas as doenças. Porém, há realmente mais de uma causa a ser explicada sobre os males que atacam as pessoas. Algumas doenças brotam de pecado, enquanto outras não. No tocante à humanidade, a doença não vem de pecado; mas, com relação ao indivíduo, isso pode ser ou não a causa. Precisamos distinguir entre essas duas aplicações da doença. É absolutamente verdadeiro que se não houvesse pecado não haveria nem morte nem doença; pois, se não houvesse morte no mundo, como poderia haver doença? A morte brota do pecado, e a enfermidade vem pelo princípio da morte. Mesmo assim, isso não pode ser aplicado especifica e indiscriminadamente a todo indivíduo, pois, embora muitos fiquem doentes por causa do pecado, há outros que adoecem por razões outras que não o pecado. Nessa questão do relacionamento entre pecado e doença, devemos fazer uma distinção cuidadosa entre sua aplicação à humanidade como um todo e sua aplicação aos homens individualmente.
Devemos lembrar que, em livros do Antigo Testamento como Levítico e Números, a promessa de Deus era que, se o povo de Israel Lhe obedecesse, andasse em Seus caminhos, não se rebelasse com Seus caminhos, não se rebelasse contra Suas leis e não pecasse contra Ele, então, o Ele os protegeria de muitas enfermidades. Essas palavras claramente nos ensinam que muitas doenças têm origem no pecado ou na rebelião contra Deus. Todavia, no Novo Testamento, vemos que algumas doenças não foram causadas por qualquer transgressão cometida pela pessoa.
Paulo escreveu certa vez que entregava a Satanás para a destruição de sua carne o homem que tinha pecado, vivendo com a mulher do pai (1Co 5.4,5). Isso indica definitivamente que algumas doenças procedem do pecado. A conseqüência do pecado é doença, se o pecado for leve, ou morte, se for grave. A julgar pelas palavras de 2Coríntios 7, esse homem não ficou doente ao ponto de morte porque seu pesar produziu arrependimento que o levou à salvação e não trouxe desgosto (vv. 9,10). Paulo pediu à igreja em Corinto para perdoar esse homem (2.6,7). Em 1Coríntios 5 é dito para entregar a carne desse homem (não sua vida) a Satanás; ele devia ficar doente, mas não ser morto.
Paulo, além disso, escreveu que os membros da igreja em Corinto, que comiam e bebiam do pão e do cálice do Senhor sem discernir o corpo do Senhor, haviam ficado fracos e doentes e alguns haviam até morrido (11.29,30). Isso revela que a desobediência ao Senhor foi a causa da doença deles.
As Escrituras fornecem informação suficiente no sentido de que muitos (mas não todos) ficam doentes por causa do pecado. Desse modo, a primeira atitude que devemos tomar quando ficarmos doentes é nos examinar a fim de determinar se pecamos ou não contra Deus. Pelo exame, muitos descobrirão que seus males são, na verdade, devidos ao pecado; em algum ponto de sua vida rebelaram-se contra Deus ou desobedeceram a Sua Palavra. Eles se desviaram. Tão logo esse pecado particular seja encontrado e confessado, a doença desaparecerá. Incontáveis irmãos e irmãs no Senhor têm passado por experiências assim. Logo depois da causa ser descoberta diante de Deus, a doença se vai. Esse é um fenômeno que ultrapassa o conhecimento da medicina.
A doença não surge necessariamente do pecado, porém, grande parte dela tem essa origem. Reconhecemos que muitas moléstias têm causas naturais, mas declaramos igualmente que não podemos atribuir toda doença a causas naturais.
Lembro-me de um irmão, professor numa escola de medicina, que ensinou a seus alunos: “Temos encontrado muitas explicações naturais para as doenças. Por exemplo: certo tipo de microrganismo causa um tipo particular de doença. Como médicos, podemos determinar que tipo de agente produz tal tipo de enfermidade, mas não temos como explicar porque, entre certas pessoas igualmente expostas, algumas são contaminadas enquanto outras permanecem imunes. Suponhamos, por exemplo, que dez pessoas entrem no mesmo cômodo simultaneamente e sejam expostas ao mesmo tipo de vírus. Deveríamos esperar que as mais fracas fossem contaminadas; todavia, pode perfeitamente acontecer de as fracas serem poupadas e as fortes, atacadas. Temos de reconhecer”, ele concluiu, “que além das causas naturais existe o controle da Providência”. Pessoalmente concordo com as palavras desse irmão. Quão frequentemente as pessoas adoecem a despeito de toda medida preventiva.
Também me lembro do que me foi relatado por um de meus colegas sobre sua experiência na Faculdade Médica de Pequim. Havia um professor na faculdade que tinha muito conhecimento, mas pouca paciência. Por isso, frequentemente fazia perguntas simples nos exames. Uma vez ele perguntou por que as pessoas contraíam a tuberculose. Era uma pergunta bastante simples; porém, muitos falharam em dar a resposta certa. Eles responderam que certo tipo de pessoa tinha o bacilo da tuberculose. Todas as provas que continham essa resposta foram consideradas erradas. O professor explicou que a terra estava cheia de bacilos da tuberculose, mas que nem todos eram abatidos pela tuberculose. É somente sob certas condições favoráveis, ele lembrou, que esses bacilos causam a doença chamada tuberculose. Os bacilos por si só não podem causar a doença. Muitos estudantes esqueceram a importância dessas condições favoráveis. Estejamos cientes, portanto, que, a despeito da presença de muitos fatores naturais, os cristãos só adoecem com a permissão de Deus, dada sob condições apropriadas.
A doença não surge necessariamente do pecado, porém, grande parte dela tem essa origem.
Cremos francamente que existem explicações naturais para a doença; isso tem sido provado cientificamente. Confessamos, todavia, que muitas moléstias entre os filhos de Deus são conseqüência do pecado contra Deus, como o caso citado em 1Coríntios 11. É, portanto, essencial pedir primeiro perdão e depois cura. Freqüentemente podemos detectar, logo depois de termos sido abatidos com doença, onde transgredimos contra o Senhor ou como temos sido desobedientes a Sua Palavra. Quando o pecado é confessado e o problema, resolvido, a doença se vai. Isso é realmente um acontecimento maravilhosíssimo. De forma que o ponto inicial que precisamos conhecer é a relação entre pecado e doença. De forma geral, a doença resulta do pecado, e, também individualmente, ela pode resultar do pecado.
2. A obra do Senhor e a doença
“Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e nossas dores levou sobre Si; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades” (Is 53.4,5). De todos os escritos do Antigo Testamento, o capítulo 53 de Isaías é o mais citado no Novo Testamento. Ele faz referências ao Senhor Jesus Cristo principalmente como nosso Salvador. O verso 4 afirma que “Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e nossas dores levou sobre Si”, enquanto Mateus 8.17 declara que isso [o ministério de cura do Senhor] aconteceu “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: ‘Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. O Espírito Santo indica aqui que o Senhor Jesus veio ao mundo para tomar nossas enfermidades e carregar nossas doenças. Antes de Sua crucificação Ele já tinha tomado nossas enfermidades e carregado nossas doenças; isso quer dizer que durante Seu ministério terreno o Senhor Jesus fez da cura Seu encargo e tarefa. Ele não somente pregou, mas também curou.
Ele, por um lado, pregou as boas-novas, mas por outro fortaleceu o fraco, restaurou a mão mirrada, purificou o leproso e levantou o paralítico. Enquanto estava sobre a terra, o Senhor Jesus devotou-se à realização de milagres como também ao ministério da Palavra. Ele saiu fazendo o bem: curou os doentes e expulsou os demônios. O propósito de Sua obra foi destruir a doença, o resultado do pecado. Ele veio para tratar com a morte e a doença, como também com o pecado.
O salmo 103 é familiar a muitos filhos de Deus; eu mesmo gosto muito de lê-lo. Davi proclama: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor; e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome.” Por que bendizer ao Senhor? “Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nenhum de Seus benefícios.” Quais são os Seus benefícios? “Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades” (vv. 1-3). Desejo que os irmãos vejam que a doença está associada com dois elementos: morte por um lado, e pecado do outro. Mencionamos anteriormente como a morte é o resultado do pecado, com a doença incluída nela. Tanto a doença como a morte brotam do pecado. Aqui no salmo 103 vemos que a doença está associada com o pecado. Por causa do pecado na alma existe doença no corpo. Junto com o perdão de nossa iniqüidade vem a cura de nossa doença. O problema no corpo é o pecado por dentro e a doença por fora. Mas o Senhor Jesus tira ambos.
Todavia, existe uma diferença básica entre o tratamento de Deus para com nossa iniqüidade e Seu tratamento de nossa doença. Por que essa diferença? Nosso Senhor carregou nossos pecados em Seu corpo sobre a cruz. Algum pecado permanece sem perdão? Nenhum absolutamente, pois a obra de Deus é tão completa que o pecado é totalmente destruído. Mas, quanto ao tomar nossas enfermidades e carregar nossas doenças enquanto vivia na terra, o Senhor Jesus não erradicou todas as doenças e todas as enfermidades. Pois observe que Paulo nunca diz: “Quando peco, então, estou santificado”, mas declara: “Quando estou fraco, então, sou forte” (2Co 12.10). Portanto, o pecado é tratado completa e ilimitadamente, enquanto a doença o é em parte.
Na redenção de Deus, o tratamento da doença é diferente do tratamento do pecado. Com o último, sua destruição é totalmente ilimitada; com o anterior não é assim. Timóteo, por exemplo, continuou tendo um estômago fraco. O Senhor permitiu que essa doença permanecesse em Seu servo. Assim, na salvação de Deus a doença não foi erradicada tão completamente como o pecado. Alguns afirmam que o Senhor Jesus trata somente com o pecado e não com a doença também; outros imaginam que a esfera do Seu tratamento da doença é tão ampla e inclusiva quanto Seu tratamento do pecado. Todavia, as Escrituras manifestamente indicam que o Senhor Jesus trata tanto com o pecado como com a doença; só que Seu tratamento com o pecado é ilimitado, enquanto com a doença é limitado. Devemos contemplar o Cordeiro de Deus tirando todo o pecado do mundo. Ele carregou o pecado de cada uma e de todas as pessoas1. O problema do pecado, portanto, já está resolvido. Entretanto, a doença ainda tem acesso aos filhos de Deus.
Porém, nós asseveramos que, visto o Senhor Jesus ter realmente levado nossas doenças, não deveria haver tanta enfermidade como há entre os filhos de Deus. Enquanto Jesus esteve na terra, Ele indubitavelmente dedicou-se à cura dos doentes. Ele incluiu a cura em Sua obra. Isaías 53.4 cumpriu-se em Mateus 8, não em Mateus 27. Ela foi realizada antes do Calvário. Tivesse sido realizada na cruz, a cura seria ilimitada. Mas não: o Senhor Jesus levou nossas enfermidades antes de Sua crucificação, com o resultado de que esse aspecto de Sua obra não é ilimitado como foi o carregar de nossos pecados por Ele.
Mesmo assim, inúmeros santos permanecem doentes porque perderam a oportunidade de serem curados. Deixem-me acrescentar mais algumas palavras sobre esse ponto. A menos que tenhamos a segurança que Paulo teve após orar três vezes, de que sua fraqueza permaneceria porque seria útil para ele, nós devemos pedir a cura. Paulo só aceitou sua fraqueza depois de orar pela terceira vez e de lhe ter sido mostrado distintamente pelo Senhor que Sua graça era suficiente para ele e que Sua força seria aperfeiçoada na fraqueza dele. A menos que tenhamos certeza de que Deus quer que levemos nossa fraqueza, nós devemos pedir ousadamente que Ele mesmo a leve e tire nossa doença. Os filhos de Deus vivem sobre a terra não para ficar doentes, mas para glorificar a Deus. Se ficarem doentes e trouxerem glória a Deus, isso é ótimo; mas muitas doenças não O glorificam necessariamente. Conseqüentemente, devemos aprender a confiar no Senhor enquanto estamos doentes e devemos reconhecer que Ele carrega nossa doença também. Ele curou um grande número de pessoas enquanto estava na terra. E Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Entreguemos nossa enfermidade a Ele e peçamos a Ele pela cura.
3. A atitude do crente com respeito à doença
Toda vez que o cristão ficar doente, a primeira coisa a fazer é investigar a causa do mal diante do Senhor, não devendo ficar ansioso demais pela cura. Paulo estabelece um bom exemplo nos mostrando como ele conhecia bem sua fraqueza. Devemos examinar se temos desobedecido ao Senhor, se pecamos em algum lugar, se devemos algo a alguém, se violamos alguma lei natural ou se negligenciamos alguma obrigação especial. Devemos saber que nossa quebra da lei natural freqüentemente pode constituir pecado contra Deus, pois foi Ele quem estabeleceu essas leis naturais pelas quais governa o universo. Muitos têm medo de morrer; quando adoecem buscam apressadamente os médicos, porque estão ansiosos para serem curados. Essa não deve ser a atitude do cristão. Ele deve primeiro procurar isolar a causa de sua doença. Infelizmente, quantos irmãos e irmãs não têm qualquer paciência. No momento em que adoecem, procuram pelo remédio. Você está tão temeroso de perder sua preciosa vida que, por meio da oração, você se apega a Deus para a cura, mas simultaneamente se apega ao médico para os remédios e injeção? Isso revela quão cheio do ego você está. Mas como poderia estar menos cheio do ego na doença se nos dias comuns você está cheio do ego? Aqueles que geralmente estão cheios do ego serão aqueles que buscarão ansiosamente pela cura tão logo fiquem doentes.
Aprenda a aceitar qualquer lição que a doença possa lhe trazer.
Posso lhes dizer que a ansiedade de nada vale? Visto que você pertence a Deus, sua cura não é tão simples. Mesmo que você seja curado dessa vez, ficará doente de novo. É preciso que se resolva o problema diante de Deus primeiro, e depois poderá ser resolvido o problema no corpo.
Aprenda a aceitar qualquer lição que a doença possa lhe trazer. Porque se você tiver tratos com Deus, muitos dos seus problemas serão resolvidos rapidamente. Você descobrirá que frequentemente sua doença é devida a algum pecado ou falta. Após confessar seu pecado e pedir perdão, você pode esperar a cura de Deus. Ou, se você tiver avançado um pouco mais com seu Senhor, talvez possa discernir que o ataque do inimigo está envolvido nisso. Ou a questão da disciplina de Deus pode estar associada com sua falta de saúde. Deus corrige você com doença para torná-lo mais santo, mais maleável ou submisso. Quando você trata destes problemas diante de Deus, poderá ver a razão exata de sua enfermidade. Algumas vezes Deus poderá permitir que você receba alguma ajuda médica, mas em outras Ele poderá curá-lo instantaneamente sem tal assistência.
Devemos ver que a cura está nas mãos de Deus. Aprenda a confiar Naquele que cura. No Antigo Testamento Deus tem um nome especial que é: “Eu sou o Senhor que te sara” (Êx 15.26). Busque-O, e Ele será gracioso para com os Seus nesta questão particular.
O passo inicial que o crente deve, portanto, dar quando fica doente é descobrir a causa; depois, ele pode recorrer a vários e diferentes modos de cura, um dos quais é chamar os presbíteros da igreja para orar e ungi-lo com óleo. Essa é a única ordem na Bíblia com respeito à doença. “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14,15).
Não se apresse em buscar a cura, mas antes tenha tratos com Deus, logo no início da doença. Uma das coisas a ser feita, então, é chamar os anciãos da igreja para ungir você com óleo. Isso fala do fluir do óleo do Cabeça a você, como um dos membros do Corpo. O óleo que o Cabeça recebe corre pelo Corpo inteiro. Como membro do Corpo de Cristo, alguém pode esperar que o óleo no Cabeça flua até ele. Onde a vida flui, a doença é levada. O propósito da unção é, portanto, trazer o óleo do Cabeça. Por causa da desobediência, do pecado ou talvez por alguma outra razão, o crente colocou-se fora da circulação do Corpo e separou-se da vida do Corpo. Por conseguinte, ele precisa chamar os anciãos da igreja para reinstalá-lo na circulação e no fluxo da vida do Corpo de Cristo2. Acontece exatamente como no corpo físico, pois, quando algum de seus membros está prejudicado, a vida do corpo não pode fluir livremente para ele. Portanto, a unção é para restaurar esse fluxo. Os anciãos representam a igreja local; eles ungem o crente em nome do Corpo de Cristo a fim de que o óleo do Cabeça possa fluir para ele novamente. Que venha o óleo do Cabeça sobre aquele membro para o qual a vida tem sido obstruída! Nossa experiência nos diz que essa unção pode levantar de modo instantâneo o que está seriamente doente.
Aprenda a confiar Naquele que cura.
Algumas vezes, alguém identifica a explicação para sua doença como sendo individualismo. Essa pode ser a causa principal da doença. Alguns cristãos são altamente individualistas. Eles fazem tudo conforme sua própria vontade. Fazem tudo por si mesmos. Se a mão de Deus vem sobre eles, eles adoecem, porque o suprimento do Corpo não atinge esses membros. Eu não ouso simplificar demais esse assunto. As causas para a doença podem ser muitas e variadas. Uma doença pode ser por desobediência ao mandamento do Senhor, recusa em realizar Sua vontade; outra pode ser por algum pecado particular cometido; mas outra ainda pode ser conseqüência de individualismo. No caso de certos indivíduos, Deus ignora o assunto e não disciplina; mas, especialmente no caso daqueles que conhecem a igreja, Ele os corrige com doenças caso comecem a agir independentemente. O Senhor não deixará que esses sigam sem alguma disciplina.
É possível também que a enfermidade seja a conseqüência de um corpo maculado. Se alguém profanar seu corpo, Deus destruirá esse templo. Muitos estão enfermos porque corrompem seu corpo.
Em resumo, portanto, dizemos que nenhuma doença acontece sem uma causa. Se um cristão contrai uma doença, ele deve tentar localizar a causa ou causas. Depois de confessá-las uma a uma diante de Deus, ele deve chamar os anciãos da igreja para que possam confessar uns aos outros e orar uns pelos outros. Os anciãos ungirão o doente com óleo para que a vida do Corpo de Cristo lhe possa ser restaurada. O influxo da vida fará desaparecer a doença. Cremos nas causas naturais, mas adicionalmente devemos afirmar que as causas espirituais têm prioridade sobre as naturais. Se as espirituais forem cuidadas, a doença será curada completamente.
4. A correção de Deus e a doença
Um fato maravilhoso é encontrado na Bíblia: é relativamente fácil que um “pagão” seja curado, mas a cura do cristão não é tão fácil. O Novo Testamento nos mostra claramente que, sempre que um incrédulo busca o Senhor, ele é curado imediatamente. O dom da cura é dado tanto aos irmãos quanto aos não-crentes. Todavia, a Bíblia fala de alguns crentes que não foram curados; entre eles estão Trófimo, Timóteo e Paulo. E esses são os melhores entre os irmãos. Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20). Ele exortou Timóteo para que usasse um pouco de vinho por causa do seu estômago e de suas freqüentes enfermidades (1Tm 5.23). O próprio Paulo experimentou um espinho na carne, que o fez sofrer muito, sendo reduzido a grande fraqueza (2Co 12.7). Seja qual for a natureza do espinho – problema nos olhos ou alguma outra doença –, ele maltratava a carne de Paulo. Há pessoas que sentem grande incômodo quando o dedo é ferido por um espinho. O de Paulo, todavia, era um espinho enorme. Ele o incomodou tanto que Paulo só podia descrever sua condição física como fraqueza. Os três que foram citados são irmãos por excelência; porém, nenhum foi curado. Eles tiveram de suportar a doença.
É evidente que a doença difere bastante do pecado em suas conseqüências. O pecado não produz nenhum fruto de santidade, mas a doença, sim. Quanto mais uma pessoa peca, mais corrupta se torna; a doença, porém, produz o fruto da santidade, porque a mão disciplinar de Deus está sobre o doente. Sob tais circunstâncias, convém que o filho de Deus aprenda a como submeter-se à poderosa mão de Deus.
A doença por si só não torna um homem santo, mas o fato de aceitar sua lição produz santidade.
Se alguém está doente, deve tratar de toda causa de sua doença diante do Senhor. Se depois de tratar de tudo, a mão de Deus ainda permanecer sobre ele, ele deve então entender que essa enfermidade tem o propósito de refreá-lo para que não seja orgulhoso, libertino ou por alguma outra razão. Ele deve aceitá-la e aprender sua lição. Ficar doente não terá valor se a lição não for aprendida. A doença por si só não torna um homem santo, mas o fato de aceitar sua lição produz santidade. Alguns pioram espiritualmente durante a doença; tornam-se mais egocêntricos. É por isso que o indivíduo deve descobrir a lição nessas ocasiões. “Que proveito ou fruto pode ser extraído dela? A mão de Deus está sobre mim para me manter mais humilde como Ele fez com Paulo, para que eu não me exalte pela excelência das revelações (2Co 12:7)? Ou é porque Deus deseja enfraquecer meu individualismo obstinado?” Qual a utilidade da doença se ela não induz a aprender a lição da fraqueza? Muitos estão doentes em vão, porque jamais aceitam o tratamento do Senhor para seus problemas particulares.
Não olhe para a doença como sendo algo terrível. Na mão de quem está essa faca? Lembre-se de que ela está na mão de Deus. Por que devemos ficar ansiosos por nossa enfermidade como se ela estivesse na mão do inimigo? Saiba que Deus mediu todas as nossas doenças. Para ser correto, Satanás é o originador delas; é ele quem torna as pessoas doentes. Todavia, todos os que leram o livro de Jó reconhecem que isso ocorre apenas mediante a permissão de Deus e está completamente sob a restrição de Deus. Sem a permissão de Deus, Satanás não pode tornar ninguém doente. Deus permitiu que Jó fosse atacado por uma doença, mas observe que Ele não permitiu que o inimigo tocasse em sua vida. Por que, então, ficamos tão agitados, tão cheios de desespero, tão ansiosos para sermos curados, tão temerosos de morrer quando somos abatidos pela doença?
Sempre é bom ter em mente a lembrança de que a doença está na mão de Deus. Ela foi medida e limitada por Ele. Depois que Jó cumpriu o curso de sua prova, sua doença terminou, pois tinha realizado seu propósito nele: “Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg 5.11).
Que vergonha tantos doentes sem reconhecerem o propósito da doença e sem aprender sua lição! Todas as enfermidades estão na mão do Senhor e são medidas para nós, para que possamos aprender nossas lições. Quanto mais cedo aprendemos, mais rápido essas enfermidades passarão.
Falando francamente, muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos. A menos que o Senhor lhes remova esse amor próprio do coração, Ele não pode usá-los. Portanto, devemos aprender a ser aqueles que não amam a si mesmos. Algumas pessoas não pensam em mais nada senão em si mesmas. O universo inteiro parece girar ao redor delas. Elas são o centro da terra e do universo. Dia e noite estão ocupadas consigo mesmas. Toda criatura existe para elas e tudo roda a seu redor. Até mesmo Deus, nos céus, é para elas, Cristo é para elas, a igreja também. Como Deus pode destruir esse egocentrismo? Por que algumas doenças são difíceis de serem curadas? Quão propositalmente solicitam a condolência dos homens! Se rejeitassem a condolência humana, suas doenças logo seriam curadas.
Falando francamente, muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos.
Um fato notável é que muitos estão doentes porque gostam de ficar doentes. Na doença recebem a atenção e o amor que comumente não desfrutam na saúde. Eles se tornam doentes com freqüência para que possam habitualmente ser amados. Tais pessoas precisam ser repreendidas com severidade; se estivessem dispostas a receber o tratamento de Deus nessa questão particular logo ficariam boas.
Conheço um irmão que sempre esperava amor e bondade dos outros. Sempre que lhe perguntavam sobre seu bem-estar, ele habitualmente respondia com queixas sobre sua fraqueza física. Ele dava um relatório detalhado de quantos minutos sofreu com febre, quanto tempo durou a dor de cabeça, quantas vezes por minuto respirou e quão irregular era a batida do coração. Ele vivia em constante desconforto. Gostava de contar às pessoas sua angústia para que pudessem se compadecer dele. Nada tinha para relatar senão sua história de doença interminável. E às vezes queria saber por que não era nunca curado.
É difícil falar a verdade [a pessoas assim] e algumas vezes pode custar caro. Um dia, me senti fortalecido interiormente para lhe dizer de maneira cândida que sua longa doença era devida a seu amor pela enfermidade. Ele naturalmente negou-o. Todavia, eu continuei apontando a ele: “Você tem medo que sua doença o deixe. Você se apega à condolência, ao amor e ao cuidado. Como não pode conseguir essas coisas de outra forma, você as obtém ficando doente. Você deve se livrar desse desejo egoísta antes que Deus possa curá-lo. Quando as pessoas perguntarem como está, deve aprender a dizer que ‘tudo está bem’. Seria isso mentir quando não passou bem a noite? Lembre-se da história da mulher em Sunem. Ela deitou o filho morto na cama do homem de Deus e foi ver Eliseu. Quando lhe foi perguntado: ‘Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho? Ela respondeu: Vai bem’ (2Rs 4.26). Como podia ela dizer isso, sabendo que a criança já havia morrido e estava deitada sobre a cama de Eliseu? Porque ela tinha fé. Ela cria que Deus ia ressuscitar seu filho. Você deve crer assim hoje também.”
Seja qual for a causa, intrínseca ou extrínseca, a doença terminará quando Deus tiver alcançado Seu propósito. Pessoas como Paulo, Timóteo e Trófimo são exceções. Embora suas doenças fossem prolongadas, eles reconheciam que isso era útil para sua obra. Eles aprenderam como cuidar de si para a glória de Deus. Paulo persuadiu Timóteo a tomar um pouco de vinho e a tomar cuidado com o que comia e bebia. A despeito da fragilidade deles, a obra de Deus não foi negligenciada. O Senhor lhes deu graça suficiente para vencer suas dificuldades. Paulo trabalhou em fraqueza. Lendo seus escritos, podemos facilmente concluir que ele realizou tanto quando dez pessoas poderiam fazer. Deus usou esse homem fraco para exceder a dez pessoas fortes. Embora seu corpo fosse frágil, Deus lhe deu força e vida. Esses homens, porém, são exceções na Bíblia. Alguns dos vasos especiais de Deus podem receber o mesmo tratamento. Mas os soldados rasos, principalmente os iniciantes, devem examinar se pecaram e, após confessar seus pecados, verão as doenças imediatamente curadas.
Finalmente, desejo que vocês vejam diante do Senhor que algumas vezes Satanás pode desfechar ataques repentinos ou vocês quebram involuntariamente alguma lei natural. Ainda assim, podem levar isso diante do Senhor. Se for ataque do inimigo, repreenda em nome do Senhor. Certa vez, uma irmã ficou prostrada com febre. Depois de descobrir que era um ataque satânico, ela a repreendeu3 em nome do Senhor e a febre a deixou. Se você violar uma lei natural colocando a mão no fogo, certamente ficará queimado. Cuide bem de você. Não espere até ficar doente para confessar sua negligência. É importante cuidar do seu corpo4 durantes os dias comuns.
5. O modo de buscar a cura
Como devem os homens buscar a cura diante de Deus? Três sentenças no Evangelho de Marcos são dignas de serem aprendidas. Eu as considero muitíssimo úteis – pelo menos o são para mim. A primeira menciona o poder do Senhor; a segunda, a vontade do Senhor, e a terceira, a ação do Senhor.
a) O poder do Senhor: “Deus pode”.
“E [Jesus] perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água para o destruir; mas, se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. E Jesus lhe disse: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê” (9.21-23). O Senhor simplesmente repetiu as três palavras que o pai da criança havia pronunciado. O pai clamou: “Se Tu podes […] ajuda-nos.” O Senhor respondeu: “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. O problema aqui não é “se Tu podes”, mas “se tu podes crer”.
Não é verdade que o primeiro problema que surge com a doença é uma dúvida quanto ao poder de Deus? Sob um microscópio, o poder da bactéria parece ser maior do que o poder de Deus. Raramente o Senhor interrompe as pessoas quando elas ainda estão falando, mas aqui Ele parece como que irado. (Que o Senhor me perdoe por falar assim!) Quando Ele ouviu o pai da criança dizer: “Se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão e ajuda-nos”, bruscamente reagiu dizendo: “Por que dizes: ‘Se Tu podes’? Todas as coisas são possíveis ao que crê. Na doença, a questão não é se Eu posso ou não, mas se tu crês ou não”.
O passo inicial que o filho de Deus deve dar na doença, portanto, é levantar a cabeça e dizer: “Senhor, Tu podes!”. Você, com certeza, se lembra do primeiro estágio da cura do paralítico pelo Senhor? Ele perguntou aos fariseus: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Estão perdoados os teus pecados ’ ou dizer-lhe: ‘Levanta-te, e toma o teu leito e anda’?” (Mc 2.9). Os fariseus naturalmente pensaram que era mais fácil dizer que os pecados estão perdoados, pois quem poderia provar se estavam ou não? Mas as palavras do Senhor e seus resultados mostraram a eles que Ele podia curar as doenças e perdoar pecados. Ele não perguntou qual era mais difícil, mas qual era mais fácil. Para Ele, ambos eram igualmente fáceis. Para o Senhor, era tão fácil ordenar ao paralítico que se levantasse e andasse, quanto perdoar seus pecados. Para os fariseus, ambos eram difíceis.
b) A vontade do Senhor: “Deus quer”
Sim, Ele realmente pode, mas como posso saber se Ele quer? Não conheço Sua vontade; talvez Ele não queira me curar. Esta é outra história que lemos em Marcos. “E aproximou-se Dele um leproso que, rogando-Lhe e pondo-se de joelhos diante Dele, Lhe dizia: ‘Se queres, bem podes limpar-me’. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o e disse-lhe: ‘Quero, sê limpo’” (1.40,41).
Não importa quão grande seja o poder de Deus. Se Ele não tiver o desejo de curar, Seu poder não me ajudará. O problema a ser resolvido inicialmente é: Deus pode? O segundo é: Deus quer? Não existe doença tão impura quanto a lepra. É tão impura que, segundo a lei, qualquer pessoa que tocasse num leproso tornava-se impura. Todavia, o Senhor tocou o leproso e lhe disse: “Eu quero”. Se Ele quis curar o leproso, quanto mais quer curar nossas doenças. Podemos proclamar com intrepidez: “Deus pode” e “Deus quer”!
c) A ação do Senhor: “Deus fez”
Deus deve fazer mais uma coisa. “Em verdade vos digo que qualquer que disser a esse monte: ‘Ergue-te e lança-te ao mar’ e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito. Por isso vos digo que todas as coisas pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis” (11.23,24). O que é fé? A fé crê que Deus pode, Deus quer e Deus fez. Se você crer que recebeu, você o receberá. Se Deus lhe der Sua Palavra, você pode agradecer a Ele dizendo: “Deus me curou; Ele já o fez!”
Muitos crentes esperam ser curados. A esperança considera as coisas do futuro, mas a fé trata com o passado. Se crermos realmente, não esperaremos por vinte ou cem anos, mas nos levantaremos imediatamente e diremos: “Graças a Deus, Ele me curou. Graças a Deus, eu recebi. Graças a Deus, estou limpo! Graças a Deus, estou bem”. Uma fé perfeita pode proclamar que Deus pode, Deus quer e que Deus fez.
A fé trabalha com o que “é” e não com o “desejo”. Permita-me usar uma ilustração simples. Suponhamos que você pregue o evangelho e alguém professe que creu. Pergunte a ele se está salvo, e se ele responder que espera ser salvo, então, você sabe que a resposta é inadequada. Se ele disser: “Serei salvo”, a resposta ainda está incorreta. Mesmo que ele responda dizendo: “Acho que serei definitivamente salvo”, ainda está faltando algo. Mas quando ele responde: “Eu estou salvo”, você sabe que ele está certo. Se alguém crê, então, está salvo. Toda fé trata com o passado. Dizer: “Eu creio que serei curado” não é a verdadeira fé. Se a pessoa crê, agradecerá a Deus e dirá: “Eu recebi a cura”.
Retenha estes três passos: Deus pode, Deus quer, Deus fez. Quando a fé que o homem tem chega ao terceiro estágio, a doença se vai.
Notas
1 O autor não abraça o entendimento da expiação limitada. Para uma breve apresentação do tema, leia o artigo Por quem Cristo morreu?, de John Owen, (N. do E.)
2 Por exigir a presença dos presbíteros e o uso do azeite, essa unção para a cura não se aplica a qualquer caso, pois se trata de uma circunstância bastante específica. O doente nesse caso está sofrendo em conseqüência de algum pecado em relação ao Corpo, algo que tenha cometido e o tenha isolado da plena comunhão com o Corpo. Assim, a passagem de Tiago não serve de base para o uso da unção com óleo para a cura de qualquer doença em qualquer circunstância. (N. do E.)
3 Segundo os exemplos encontrados na Escritura, não se deve repreender as doenças, a menos que elas sejam efetivamente resultado de uma ação maligna exterior à pessoa ou interior nela. (N. do E.)
4 Isso implica todos os cuidados com alimentação adequada, períodos de descanso, qualidade de sono, etc. Não fornecer ao corpo os nutrientes e os cuidados necessários, e, ao mesmo tempo, intoxicá-lo com certeza resultará em doenças por ferir as leis naturais estabelecidas por Deus para o adequado funcionamento do organismo. (N. do E.)
(Extraído da revista À Maturidade, primavera de 1985. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.
Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.
A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!
Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.
Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.
Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!
A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).
Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.
Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).
Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.
Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.
Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).
Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.
Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.
Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).
Notas
1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)
2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)
3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)
4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.
5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)
(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Uma lição que é terrivelmente urgente que todos nós aprendamos hoje é uma lição para a qual não só existe um livro inteiro da Bíblia dedicado a ela, Jó, mas que esse livro foi, supostamente, o primeiro da Bíblia a ser escrito. Em um desafio de Deus a Satanás, e no desafio de Satanás em resposta a Deus, o Altíssimo seleciona um homem, um dos maiores patriarcas na aurora do mundo, a fim de resumir para sempre um único fato: que um filho de Deus, do mais elevado caráter, pode sofrer perda indescritível – propriedades, família, saúde, tudo dizimado exatamente como um ataque aéreo pode fazê-lo – e isso não ser nenhum julgamento sobre o pecado em caráter ou serviço, mas simplesmente ser o plano profundo do Altíssimo servindo a propósitos de que esse filho de Deus é totalmente ignorante.
Um homem perfeito
O livro se inicia com uma definição de Jó dada pelo próprio Deus. “Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele” – o Senhor escolheu o caráter mais elevado que podia ser encontrado, então, sobre a terra –, “homem íntegro e reto”. Homem íntegro, perfeito no sentido bíblico: não sem pecado, mas totalmente maduro, não um botão, mas uma flor plenamente desabrochada – “temente a Deus e que se desvia do mal” (1.8). Deus, então, entrega Jó ao poder1 de Satanás, impedindo-o de matar o homem, e as aflições caem como relâmpagos. Rapidamente, sua riqueza desaparece, seus filhos e filhas são eliminados e, em seguida, uma doença desagradável destrói seu corpo. Jó instantaneamente se torna um dos homens que mais tristemente sofre na Bíblia, exceto os do martírio2.
Fé em agonia
Agora nós encaramos, como Satanás fez e foi planejado que fizesse, a reação de um fiel servo de Deus à infinita tristeza. Após o esmagamento de sua casa e de seus entes queridos, Jó exclama: “O Senhor deu e o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor” (v. 21). A fé repousa, não sobre o que Deus faz neste momento ou naquele, mas no que Ele é: Deus é amor; e a fé de ouro de Jó triunfa sobre todas as trevas, o mistério e a morte. Assim, Jeová desafia Satanás desafia: “Observaste o meu servo Jó? […] Ainda retém a sua sinceridade [integridade], havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa” (2.3). No final, Jó tinha perdido todas as coisas que Satanás dissera serem o único fundamento de sua lealdade a Deus; mas, mesmo com aquela perda, sua lealdade a Deus permaneceu um halo dourado em volta da testa do homem doente. E isso é mais maravilhoso porque, tanto quanto sabemos, Jó não tinha tais revelações claras como nós temos. “Nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas” (2Co 4.17,18). “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).
Permissão
No entanto, ao mesmo tempo, Jó é para sempre um alerta para nós. Fundamentalmente, ele nunca vacilou em sua confiança em Deus, como é belamente provado quando sua esposa disse: “Amaldiçoa a Deus e morre”, e ele respondeu: “Receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.9,10). No entanto, ele afundou em um pessimismo por se ressentir amargamente de suas aflições. “Ele consome ao perfeito e ao ímpio” (9.22). Nunca brilhou para Jó que a enormidade de seus infortúnios revelava a estimativa que Deus havia colocado sobre a força de seu caráter. Era como Paulo disse: “Não veio sobre vós tentação, senão humana [ou seja, que um homem pode suportar]; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis” (1Co 10.13). Assim, todas as palavras de Jó de desgosto e desespero nunca precisariam ter cruzado seus lábios de acordo com a estimativa divina sobre seu caráter. “Jó nunca poderia ter apresentado uma paciência [perseverança] que soa ao longo dos séculos, até nós ouvirmos falar dela, se ele não tivesse conhecido aflição extraordinária” (C. H. Spurgeon).
Culpa
Chegamos agora ao coração do problema no erro gigantesco (embora muito natural) feito pelos amigos de Jó. [Para eles], toda a pressão daqueles sofrimentos pessoais tinham apenas uma explicação: culpa pessoal. “Sabe, pois, que Deus exige de ti”, disse Zofar, “menos do que merece a tua iniqüidade” (11.6). No entanto, ao final, Jeová diz: “Não falastes de mim o que era reto” (42.7). O princípio pelo qual eles contenderam, que o pecado traz julgamento sobre os servos de Deus, é absolutamente verdadeiro e se aplica a inúmeros crentes. Porém, o enorme erro que eles cometeram, que é igualmente perigo para nós nesses dias em que crescente tribulação se aproxima, é que o sofrimento é, necessariamente, julgamento3. Ao longo de sua fala, Jó nunca hesitou por um momento em afirmar sua integridade, pois sabia que ela era um fato; contudo, seus amigos nunca especificaram com exatidão um único pecado em sua vida passada, nem sequer tentaram fazê-lo, enquanto atribuíam todo o sofrimento dele a uma vida tão pecadora que merecia esse julgamento esmagador4.
Deus
O próprio Jeová agora intervém nesse tremendo drama; e responde a Jó com uma palavra apenas: Deus. Na mais maravilhosa descrição da criação já dada, Ele desafia Jó: “Onde estavas tu quando Eu fundava a terra? […] Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus jubilavam?” (38.4,7). Você é competente para criticar Deus? Nossa profunda ignorância das maravilhas da criação e, portanto, dos planos e propósitos insondáveis ainda mais maravilhosas que repousam, invisíveis, por trás da criação, faz todo o julgamento das ações de Deus nada menos do que um absurdo. Deus reina em meio à confusão, ao terror e à morte tão completamente como quando tudo está em perfeita ordem. Mesmo quando Jeová estava falando a Jó, a causa de seu sofrimento ainda era totalmente desconhecida para o patriarca: Jó era totalmente ignorante do drama do qual ele era a figura central e o ator principal. Menos ainda poderia ele saber que, visto por céu e inferno, esse drama, registrada no livro de abertura da Bíblia5, era provar para sempre que um filho de Deus, despojado de tudo, pode ser como o ouro purificado pelo fogo.
Penitência
Então, agora conhecemos a reação de Jó. Embora fosse “perfeito”, na medida em que os seres humanos podem ser, ele exigiu uma experiência espiritual nova. Repetidamente, e de modo quase desafiador, Jó tinha pedido ao Altíssimo que lhe concedesse uma entrevista, na qual ele poderia pleitear sua causa. Agora que ele está cara a cara com Deus, exclama: “Relatei o que não entendia […] Com o ouvir de meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos” (42.3,5). Por fim, brilhou para Jó que suas aflições era apenas um dos pensamentos primorosamente planejados de Deus, assim como Ele tinha feito a maravilhosa beleza da criação. Agora ele viu Deus em tudo, e que essa visão resolve todos os problemas. E uma revelação muito mais profunda de si mesmo acompanha a visão celestial. “Por isso”, Jó exclama, “me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (v. 6). O desespero com que ele conheceu o mistério do Senhor ao lidar com ele e a maldição sobre o dia de seu nascimento revelaram a esse nobre servo de Deus o que Paulo tinha aprendido: “Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18.). E, assim, a própria tragédia de sua agonia completava a santidade do santo de Deus.
Recompensa
Por fim, chegamos ao que é sempre o objetivo de Deus: “E o Senhor virou o cativeiro de Jó […] e o Senhor acrescentou em dobro a tudo quanto Jó antes possuía” (42.10,12)6. Jó não tinha sido alguém que ensinava que só deve buscar a Deus quando tudo está bem, mas um fiel seguidor de seu Senhor, a despeito da catástrofe terrível, assim confundindo Satanás completamente; e, apesar de sua paixão e dos discursos precipitados de desespero, ele não tinha perdido o favor de Deus, e agora tinha confessado e abandonado seu pecado. Nas palavras do apóstolo Tiago: “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso [compassivo]” (5.11). O resumo que Deus dá a Jó, séculos depois, está em Ezequiel: “Quando uma terra pecar contra mim […] ainda que estivessem no meio dela estes três homens: Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas a sua alma” (14.14). Então, aqui, no primeiro livro da Bíblia, toda a doutrina do galardão desponta. Como nosso Senhor a expressa, embora muito mais amplamente do que uma recompensa em dobro: “Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos ou campos, por amor de Mim” – Jó tinha perdido tudo por amor a Deus, na divina controvérsia com Satanás – “e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos e campos, com perseguições, e no século futuro a vida eterna7” (Mc 10.29,30) –, na glória do reino8.
(Traduzido por Francisco Nunes de “Tribulation that is not judgment”, de D. M. Panton, M. A. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
1Ele se encaixa apropriadamente a nosso próprio dia, em que nos lembramos de que, ao passo que o poder original de Satanás é descrito como dunamis, um poder inerente (Lc 10.19), desde o Calvário, quando seu poder foi paralisado (Hb 2.14), ele é exousia, uma autoridade puramente concedida (Ef 2.2; At 26.18). (N. do A.)
2O autor não quer significar que os mártires ou mesmo Jó estavam tristes por sofrer (talvez, em alguma medida, isso possa ser dito de Jó), mas que seu sofrimento inspirava tristeza em quem os via (veja o exemplo dos amigos de Jó). (N. do T.)
3Embora essa inculpabilidade possa ser aplicada aos convertidos durante a Grande Tribulação, ela não se aplica aos cristãos que entraram nela, uma vez que estes, se dignos, teriam escapado (Lc 21.36; Ap 3.10). (N. do A.)
4Eles justamente manchado críticas de coração partido de Jó da Providência, mas este pecado foi após o desastre, e, portanto, não poderia ser causa do mesmo.]
5Não no sentido de ser o primeiro que o leitor encontra na Bíblia, mas o primeiro escrito, como o autor já afirmou no primeiro parágrafo do texto. (N. do T.)
6É belo notar que seus filhos e filhas também foram exatamente em dobro, na medida em que os cinco anteriores ainda eram dele, embora no Paraíso (isto é, no Hades/Sheol) com seu Senhor. (N. do A.)
7A palavra grega aionios, traduzida por “eterna”, também pode ser traduzida como “duradoura pelas eras”, se o contexto assim o indica, como nesse versículo. A vida deve seguir a morte e a ressurreição. Portanto, Jó deve ser ressuscitado ao tempo da “primeira ressurreição” a fim de ser capacitado a desfrutar a vida na era por vir” (Ap 20.6). E assim está escrito: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida minha pele [isto é, depois da minha morte], contudo ainda em minha carne [isto é, em meu corpo ressuscitado], verei Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e meus olhos, e não outros, O contemplarão [isto é, sobre a terra, na era vindoura, depois da ressurreição dos justos]” (Jó 19.25-27). (N. do E.)
8É intensamente proveitoso notar que na aurora da Bíblia, o drama se encerra sobre a terra de modo que todo pecado tem apenas um perdão: sacrifício de sangue. Jeová diz a Elifaz: “A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos […] oferecei holocaustos por vós” (Jó 42.7). Ira e sangue: o sangue do Cordeiro é o único refúgio para o qual, se não-salvos, podemos fugir da ira vindoura. (N. do A.)
“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.
Esses versículos descrevem uma pessoa que possui muitas qualificações. É impossível que seja uma pessoa não-salva. Ela viu a luz, e viu o Deus revelado, o Unigênito do Pai; conheceu o amor de Deus e provou o dom celestial, o único dom, Jesus Cristo. Na Bíblia, dons, como um substantivo plural, refere-se aos dons do Espírito Santo, e dom, como um substantivo singular refere-se ao único dom, o unigênito Filho de Deus, como está em João 3:16. Esse dom é diferente dos dons do Espírito Santo. Essa pessoa não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas também tornou -se participante do Espírito Santo. Ela conhece a Deus, provou do Senhor Jesus e tem o Espírito Santo vivendo dentro de si. Além disso, ela provou a boa palavra de Deus e os poderes da era vindoura. Os poderes da era vindoura são os poderes do reino milenar. Os dons e os poderes do Espírito Santo são particularmente abundantes no reino milenar. O reino milenar será repleto de obras de poder, milagres, maravilhas e outras coisas semelhantes. Dizer que alguém provou os poderes da era vindoura significa dizer que ele provou as coisas do reino milenar. Portanto, esta pessoa é definitivamente uma pessoa salva.
Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu quando creu, e escorrega e cai, não há arrependimento para ela. Ela não pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem uma longa história com o Senhor. Ela recebeu muita chuva, porém caiu, não produz mais coisas boas para Deus, mas tem produzido cardos e abrolhos. Tal pessoa é como “a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (vv. 7,8).
Perceba três coisas acerca desta pessoa e seu fim. Primeira coisa, ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” aqui é a mesma usada em 1Coríntios 9:27, onde Paulo disse que temia que embora tivesse pregado o evangelho a outros, ele mesmo fosse desqualificado e não fosse mais usado por Deus nesta era e no reino. Ser rejeitado, ser desqualificado, significa que Deus rejeitará tal pessoa e não a usará mais no reino. Segunda coisa, esta pessoa “perto está da maldição”. O versículo não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é semelhante a uma maldição. Ela não perecerá eternamente, mas sofrerá o dano da segunda morte e padecerá a Geena de fogo no reino. Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. Que é isso? Por exemplo, há algumas semanas eu quis fazer uma queimada em algumas terras em Jen-ru. Poderia eu queimar a terra etername nte? Poderia queimar a terra pelo menos por cinco anos? O queimar aqui se refere a algo temporário.
Aqui se fala sobre queimar, enquanto Mateus 5 diz que alguns estarão sujeitos à Geena de fogo. Se você puser essas duas passagens juntas, elas se combinarão. Se um cristão recebe todas essas coisas maravilhosas, mas não produz bom fruto para Deus, e, sim, cardos e abrolhos, ele será queimado. Entretanto, esse queimar será apenas por breve tempo. Até mesmo um aluno do primário sabe que se você atear fogo em um terreno, o fogo irá parar após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará no máximo mil anos. Quanto tempo vai durar a queimada, na verdade, dependerá de você. Se você tiver produzido muitos cardos e abrolhos, então haverá mais queima. Se tiver produzido poucos cardos e abrolhos, então haverá menos queima.
Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas coisas não foram limpas pelo sangue do Senhor, e quantas coisas ainda não foram confessadas, tratadas e resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e abrolhos a que o Senhor se refere. Mateus 5 diz que ninguém poderá sair dali enquanto não pagar o último centavo. Toda dívida terá de ser paga. Quando tudo houver sido queimado, toda dívida terá sido paga.
Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que somente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido queimados? Isso é impossível. O que é queimado são os cardos e abrolhos. O terreno em si não pode ser queimado. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que serão queimadas. Elas serão o material que será queimado na Geena de fogo. A vida que Deus nos concedeu não pode ser tocada pelo fogo. Portanto, depois que os cardos e abrolhos forem queimados, o terreno ainda permanecerá. Nenhuma parte dele será tirada. Não há absolutamente nenhum problema com a nossa salvação, mas sim com o que vier a crescer sobre ela, com o que for prov eniente da carne. Se tais coisas não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algum tratamento.
Agora vejamos Hebreus 10.26-29:
“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança”.
Esses versículos referem-se a alguém que rejeitou a Cristo e voltou ao judaísmo. Ele acha que gastando alguns dólares pode comprar um touro ou um bode como oferta pelo pecado. Se, porém, alguém conheceu a Cristo e voltou ao judaísmo, ele calcou aos pés o Filho de Deus e considerou Seu sangue como algo comum. Ele está tratando o Senhor como um touro ou um bode. Para ele não existe diferença entre o Senhor e um touro ou um bode. O versículo conclui: “E ultrajou o Espírito da graça”. Enquanto o Espírito Santo está lhe dando graça, ele O está insultando por voltar ao judaísmo. Esses versículos nos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria que tal pessoa seja salva; somente diria que pode ser que ela seja salva; talvez nem seja salva. O apóstolo não nos diz se tal pessoa é salva ou não. Ele diz apenas que, se uma pessoa veio a Cristo e depois voltou ao judaísmo, ela sofrerá pior punição. Seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador. Aqui vemos uma espécie de fogo.
Juntamente com todas essas passagens, temos também as próprias palavras do Senhor em João 15. O versículo 2 diz: “Todo ramo em Mim que não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto Ele o limpa”. Esses não são ramos que nada têm que ver com Ele; são ramos que estão Nele. O que é mostrado aqui, pode não referir-se à punição temporária, mas à disciplina nesta era. Mas atente para o versículo 6: “Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; e os apanham, lançam no fogo, e são queimados”. Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns ramos cresceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tenham vida interiormente, eles não têm fruto exteriormente. O Senhor Jesus disse que eles serão lançados fora, secarão, e queimarão no fogo. Aqui vemos claramente que os cristãos podem ter de passar pelo fogo.
Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um cristão não lidar adequadamente com seus pecados, haverá punição à sua espera. A Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma punição comum, mas a punição da “Geena de fogo”. Contudo será o fogo no reino, não o fogo na eternidade.
A questão agora é esta: que tipo de pecado levará a essa condição? Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela lide com seus pecados. Nenhum dos pecados que ela tenha confessado, do qual tenha se arrependido, tratado e feito remissão pelo sangue do Senhor Jesus, voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados terão passado. Até mesmo o maior dos pecados terá passado. Mas existem muitos pecados que não serão omitidos; são os pecados que alguém contempla em seu coração. Salmos 66.18 diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Quais são os pecados que o coração contempla? O coração é o lugar onde residem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção. Ele representa o homem psicológico. Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão pelo pecado, tampouco condenação do pecado. Tal pessoa o Senhor não ouvirá. Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido, ou se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procedemos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratar com estas coisas de modo específico. Ao mesmo tempo, temos de colocá-las debaixo do sangue do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas, e estaremos livres do julgamento vindouro.
RESUMO
Vamos agora resumir o que vimos. O futuro dos cristãos é muito simples. Para uma pessoa salva o assunto do novo céu e nova terra, incluindo toda a eternidade, está resolvido. No entanto, a era do reino é duvidosa. Ninguém ousa dizer algo sobre o que ocorrerá. O que temos de resolver hoje é o problema do reino. No reino há muitas posições de cristãos. Muitos reinarão com Cristo por ter trabalhado fielmente e por ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento. Alguns podem não ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento, contudo eles também não têm pecados. Eles viveram uma vida limpa. Apesar de não terem feito nada que mereça um mérito especial, eles pelo menos deram um copo de água para um pequenino por causa do nome do Senhor (Mt 10.42). Eles também receberão uma recompensa; entretanto, sua recompensa será bem pequena.
Na era do reino, alguns cristãos receberão recompensa no reino. Alguns receberão uma grande recompensa; outros receberão uma recompensa pequena.
Os que não receberão recompensa também estão divididos em algumas categorias. Um grupo não entrará no reino de modo algum. A Bíblia não nos diz para onde eles irão; diz apenas que serão mantidos fora do reino, nas trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13; 25.30; Lc 13.28). Eles serão deixados fora da glória de Deus. Haverá também muitos que, além de não terem trabalhado bem, têm pecados específicos que ainda não foram tratados. Eles são salvos, mas ao morrer, ainda têm pecados com os quais não trataram e dos quais não se arrependeram; eles ainda têm o problema do pecado. Esses tais serão temporariamente submetidos ao fogo, e sairão somente depois de terem pago todo seu débito. Eu não sei, na verdade, de quanto tempo esse período será, mas durará no máximo até o final do reino.
Ainda há muitas coisas das quais não estamos esclarecidos acerca do futuro, mas a Bíblia mostrou-nos o suficiente. Embora haja detalhes que ainda não vimos, nós de fato sabemos o que os filhos de Deus enfrentarão. Alguns receberão uma recompensa; alguns experimentarão corrupção. Alguns serão aprisionados, e outros serão lançados no fogo e serão queimados.
A questão da nossa salvação está muito clara. Quando um homem crê no Senhor Jesus, tanto a salvação como a vida eterna estão determinadas para ele. Mas, da salvação até sua morte, as obras de uma pessoa, isto é, seus fracassos ou suas vitórias, determinarão seu destino no reino. Nosso Deus é um Deus justo. Por um lado, nossa salvação é livre, e os que crêem terão vida eterna. Ninguém pode contrariar esse fato. Por outro lado, não podemos pecar à vontade, simplesmente porque recebemos a vida eterna. Se produzirmos cardos e abrolhos, seremos queimados. Se o Senhor Jesus não pode desligar-nos de nossos pecados e se não resolvermos todas as coisas em nossa vida, Deus não terá escolha a não ser castigar-nos no futuro; Ele não terá escolha, senão purificar-nos com punições específicas, de maneira que possamos estar juntos com Ele no novo céu e nova terra. Deus é um Deus justo. O que Ele preparou também é justo. Desde que tenhamos visto estas coisas, devemos aprender a lição e acatar as advertências de Deus.