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Escatologia Estudo bíblico S. R. Davison

Daniel 12

O último capítulo de Daniel relata o fim da última visão que ele recebeu no terceiro ano de Ciro, rei dos persas. É a continuação dos capítulos 10 e 11, e fala especificamente sobre o tema da vinda gloriosa de Cristo, depois do arrebatamento da Igreja e da grande tribulação de Israel.

 

As divisões do capítulo 12

a) As últimas palavras de Gabriel sobre a grande tribulação……………………………….. vv. 1-4

b) A pergunta que foi feita ao Homem vestido de linho…………………………….………… vv. 5,6

c) Mais informações sobre o fim, pelo Homem vestido de linho……………………………vv. 7-13

 

 As últimas palavras de Gabriel sobre a grande tribulação (vv. 1-4)

“Nesse tempo” (v. 1) é o mesmo tempo mencionado no fim do cap. 11, quando a besta, usada por Satanás, estará perseguindo os judeus em Jerusalém. Os judeus serão defendidos por Miguel, seu “grande príncipe”, mas haverá grande sofrimento e morte dos judeus que se recusam a adorar o anticristo. Já encontramos Miguel em Daniel 10.13,21, onde é chamado “vosso príncipe”, indicando que ele trabalha especificamente para proteger os judeus das atividades satânicas. Ele é o “arcanjo” que lutou com o Diabo a respeito do corpo de Moisés (Jd 9). Em Apocalipse 12.7-9, lemos mais sobre essa guerra que haverá no céu entre “Miguel e seus anjos” e “o dragão [Satanás] e os seus anjos”. Isso revela o grande poder desse anjo, talvez o mais elevado e poderoso de todos os anjos.

O livro mencionado aqui é o livro da vida, que contém o nome dos judeus salvos. Provavelmente é o mesmo livro que também contém o nome dos gentios salvos (Ap 13.8; 20.15; 21.27). Todos os que não estão escritos neste livro adorarão a besta no tempo da grande tribulação (Ap 13.8).

 

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2).

Há uma dificuldade nesse versículo, pois lemos da ressurreição dos salvos e dos perdidos como se fossem uma só ressurreição geral. Contudo sabemos, a partir de Apocalipse 20.5, que a ressurreição dos mortos perdidos acontecerá somente mil anos depois da vinda de Cristo. Para resolver esse problema, muitos ensinam que a ressurreição aqui referida é figurativa, e fala da restauração espiritual de Israel, como ocorre em Ezequiel 37, na visão dos ossos secos que ressuscitaram.

É verdade que haverá uma grande restauração espiritual na Grande Tribulação, mas parece que a ressurreição nesse versículo é literal. Temos sempre de lembrar que o livro de Daniel fala do futuro de Israel, e aqui podemos ter somente a ressurreição do povo de Israel.

O fato de estar escrito que essa é a ressurreição de “muitos”, e não de todos, sugere que é uma ressurreição parcial, como se fosse só do povo de Israel. Com certeza, naquela época haverá uma ressurreição literal dos judeus salvos que foram mortos na Tribulação (e possivelmente também dos judeus fiéis do Antigo Testamento: Ap 6.9-11; 20.4). Pode ser que os que ressuscitarão “para vergonha e horror eterno” são os mortos infiéis da nação de Israel, que ressuscitarão nesse mesmo tempo para serem julgados pelo Senhor.

Notemos que seu sofrimento será “eterno”, o que também é dito a respeito de gentios em Mateus 25.46. Não é aniquilação, como também não existe um lugar de sofrimento temporário (“purgatório”).

 

“Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12.3).

Note que há três grupos de judeus indicados aqui: os sábios: os que obedeceram ao Senhor. Isso sugere outro grupo: os que não são sábios, ou seja, os judeus infiéis e desobedientes. Há também “os que a muitos ensinam a justiça”, que são judeus salvos e sábios, e que se esforçaram muito em pregar a Palavra de Deus para os outros (como, por exemplo, os 144 mil de Ap 7 e as duas testemunhas de Ap 11). Os dois grupos fiéis receberão suas diferentes recompensas na vinda gloriosa de Cristo e entrarão com Ele no reino da Terra. Os que foram ativos na pregação da verdade e conduziram muitos à justiça terão uma recompensa maior: “resplandecerão […] como as estrelas sempre e eternamente’’. Isso mostra que alcançarão uma posição de grande autoridade e glória permanente no reino de Cristo. Para a Igreja, a recompensa também será proporcional ao esforço do salvo (1Co 3.14,15). A parábola das dez minas em Lucas 19.11-27 também ensina essa diferença nas recompensas.

 

“E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12.4).

Daniel tinha de encerrar e selar’ o livro com cuidado, para ele ser estudado e conhecido por muitos nos últimos dias. Essas verdades seriam guardadas por muito tempo, mas, no fim dos tempos, o livro será esquadrinhado e bem conhecido pelos judeus fiéis e sábios na Tribulação.

 

A pergunta que foi feita ao Homem vestido de linho (vv. 5-6)

 

“Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio” (Dn 12.5).

Neste ponto, Daniel percebeu que havia “outros dois” presentes, um em cada margem do rio Tigre. Parecem ser outros anjos acompanhando Gabriel. Os grandes anjos têm outros anjos que os auxiliam na obre de Deus (veja Ap 12.7).

 

“E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas?” (Dn 12.6).

Um desses outros anjos fez uma pergunta para o Homem vestido de linho (Cristo), sobre quando se cumprirão todas essas visões. Sem dúvida, essa pergunta estava também na mente de Daniel e foi feita para ajudar a ele e a nós.

 

Mais informações sobre o fim, pelo Homem vestido de linho (vv. 7-13)

 

“E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas” (Dn 12.7).

A última palavra do livro foi dada pelo Homem vestido de linho: o próprio Senhor Jesus Cristo. Antes de falar, Ele levantou as mãos para o alto – uma expressão solene de juramento usada para invocar a Deus como testemunha.

Então Ele disse que o fim seria depois de “um tempo, tempos e metade de um tempo”. Isso equivale a três anos e meio, ou 1.260 dias, que corresponde ao tempo desde a profanação do Templo pelo anticristo, quando ele também anulará sua aliança com Israel, até a vinda de Cristo para salvar os judeus fiéis que serão perseguidos. Isso prova que o assunto nesses versículos é a Grande Tribulação, quando Israel e o judaísmo serão quase destruídos por seus inimigos naquele tempo de três anos e meio antes da vinda de Cristo.

 

“Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim destas coisas?” (Dn 12.8).

Daniel ficou perturbado ouvindo sobre essa grande perseguição a seu povo, Israel, e pediu mais ajuda ao Homem vestido de linho, sobre qual seria o fim dessas coisas. Ele queria saber como será o fim para Israel.

 

“E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12.9,10).

Daniel foi consolado pelo Homem vestido de linho, que explicou que tudo iria terminar bem para ele e para seu povo. Esse sofrimento dos judeus seria usado por Deus para purificá-los e trazer grande restauração em Israel. Os “ímpios” são aqueles que aceitam a besta para escapar do sofrimento; os “sábios” são os judeus que rejeitam a besta e aceitam o evangelho, mesmo sofrendo terrivelmente até a morte.

 

“E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias” (Dn 12.11).

Então, o Senhor mostrou, de maneira especial, o calendário divino. As frases “o sacrifício […] tirado” e “a abominação desoladora” colocada no Templo se referem ao tempo quando a imagem da besta será colocada no templo em Jerusalém, marcando o começo da Grande Tribulação (Mt 24.15). A partir desse dia, haverá ainda 1.290 dias. Esse período é trinta dias maior do que os três anos e meio citados no versículo 7, e deve incluir o tempo para limpar a cidade dos cadáveres, etc., depois da batalha que haverá na vinda de Cristo (veja também Zc 14.2,12,13).

 

“Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.12).

Os 1.335 dias mencionados aqui incluem ainda mais 45 dias depois dos 1.290 dias do vers

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Gotas de orvalho (53)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

A cruz de Cristo é o lugar de exposição. Ali, como em nenhum outro lugar, é revelado o ódio do homem por Deus e o amor de Deus pelo homem. Na cruz, o pecado é visto em sua pior maneira e o amor é visto em seu mais alto grau. O pecado do homem e o amor de Deus alcançam o auge no Calvário. Ali, a hediondez de um e a glória do outro são ressaltados com o mais aguçado relevo. A cruz de Cristo é o coração de Deus quebrado pelo pecado. Ela nos fala que Deus, que tem de julgar e punir o pecado, salvará e perdoará o pecador. Ela descobre para nós as insondáveis profundezas do amor de Deus.

(Ruth Paxson)

Há mistérios de graça e de amor em cada página da Bíblia. E próspera é a alma que vê no Livro de Deus uma preciosidade cada vez maior.

(Robert Chapman)

O Espírito Santo toma a Palavra de Deus e, em cooperação com nossa vontade, faz dela um espelho, no qual Ele nos revela a nós mesmos. E ali Ele nos mostra o contraste entre o que nós somos e o que nós devemos ser, e, conforme Ele lança luz em todos os esconderijos de nossa vida, expondo diante de nós o Senhor Jesus em toda a transparência e na pureza de Seu caráter, o que essa luz fará? Ela nos leva à confissão, na medida em que vemos a nós mesmos na luz de Cristo. A confissão nos leva ao sangue e nos traz para perto de Deus, em uma comunhão mais profunda e mais estreita. A única coisa a que você e eu temos direito neste mundo é o sangue de Cristo. E, graças a Deus, temos direito a ele a todo momento, todos os dias, e nós precisamos dele!

(Gordon Watt)

Oh! Quão esplêndida é a glória futura! Quão perfeita é a salvação que Deus preparou para nós! Levantemo-nos e elevemo-nos. Que o céu assim nos encha para que a carne não encontre mais base nem o mundo exerça nenhuma atração! Que o amor do Pai esteja assim em nós a fim de não mantermos mais nenhuma comunicação com Seu inimigo! Que o Senhor Jesus satisfaça nosso coração a fim de não desejarmos mais ninguém! E que o Espírito Santo gere em cada crente a oração: “Vem, Senhor Jesus!”

(Watchman Nee)

Não é triste que Deus nos dê Seu melhor – Seu Filho unigênito – e a Igreja manifeste mais interesse no acontecimento de Sua vinda do que na Pessoa que está lá? Deus deu Seu Filho na manjedoura, e a Igreja está ocupada com o Natal. Deus deu Seu Filho de volta em ressurreição triunfal, e a Igreja tem apenas uma Páscoa. Deus prometeu que Seu Filho vai voltar à terra, e muitos estão simplesmente buscando outro acontecimento. Você está esperando que Cristo volte ou está esperando a volta de Cristo?

(Will H. Houghton)

A primeira e única lei vital que liberta o homem de todas as forças que arruínam e destroem é a vontade de Deus. Mostre-me um homem que vive por um dia total e completamente, em palavras, pensamentos e atos, na vontade de Deus, e eu lhe mostrarei um homem que está antecipando o céu e que naquele dia alcança o plano de vida que é, ao mesmo tempo, o mais amplo, o mais livre e o mais feliz.

(G. Campbell Morgan)

É da maior importância que os filhos do Senhor reconheçam plenamente que Seu objetivo é, acima de tudo o mais, que eles O conheçam. Essa é a finalidade que governa todos os Seus tratamentos para conosco. Essa é a maior de todas as nossas necessidades.

(T. Austin-Sparks)

Não, o cristão não luta visando a uma possível vitória. Ele é mais que vencedor porque a sua vida flui da triunfante morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

(F. J. Huegel)

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A. W. Tozer Amor a Deus Amy Carmichael Andrew Murray Autores Citações Cristo Cruz Gotas de orvalho

Gotas de Orvalho (44)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Mesmo o céu não é tão valioso e precioso como Cristo é! Dez mil mil mundos, tantos mundos quanto os anjos puderem enumerar, não superam o amor, a excelência e a doçura de Cristo! Oh, quão amável! Que excelente, belo e arrebatador é Cristo!
(John Flavel)

Uma fé que pode ser destruída pelo sofrimento não é fé.
(Richard Wurmbrand)

Se os homens puderem obter o que procuram por meio do pecado será uma compensação lamentável para a miséria eterna no inferno!
(George Lawson)

Desde o início, a convicção de que Jesus foi levantado da morte foi aquilo pelo que a própria existência dos cristãos tem resistido. Não havia nenhum outro motivo que importasse para eles, que os explicasse […] Em nenhum momento do Novo Testamento há qualquer evidência de que os cristãos apresentavam uma filosofia de vida ou uma ética original. Sua única função era dar testemunho do que eles afirmavam ser um fato: a ressurreição de Jesus dentre os mortos. […] A única coisa que realmente distintiva pela qual os cristãos permaneciam firmes era sua declaração de que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos segundo o desígnio de Deus, e a conseqüente percepção Dele, em um sentido único, como Filho de Deus e representante do homem, e a concepção resultante do caminho para a reconciliação.
(C. F. D. Moule)

Deus, endureça-me e fortaleça-me contra mim mesma.
(Amy Carmichael)

O ego é o véu opaco que esconde a face de Deus de nós. Ele só pode ser removido na experiência espiritual, nunca por mera instrução.
(A. W. Tozer)

O único caminho verdadeiro de morrer para si mesmo é o caminho da paciência, da mansidão, da humildade e da resignação a Deus.
(Andrew Murray)

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Apologética Heresias

Reencarnação e ressurreição (Pr. Franklin Ferreira)

“Creio… na ressurreição do corpo” — assim afirma o credo dos apóstolos e assim cristãos de tradições tão diversas, como católicos, ortodoxos e protestantes, têm unanimemente confessado sua fé através dos séculos. [1] A ressurreição é o alicerce da esperança do crente diante da morte.

A reencarnação

Dentre todas as idéias que se opõem à doutrina cristã da ressurreição, talvez a reencarnação seja a alternativa mais conhecida. Existem variações sobre a noção de reencarnação, mas a idéia básica é que a nossa vida atual neste mundo é uma repetição de outras existências vividas em outros corpos — a alma da mesma pessoa continua reencarnando, esquecendo as vidas passadas. As vidas futuras das pessoas são determinadas pela lei do carma, que afirma que os maus atos passados estão relacionados com a vida presente, e que as ações atuais da pessoa têm implicações para as vidas futuras. O estado (social e físico) no qual a pessoa nascerá no futuro é assim determinado. Alguns hindus e budistas acreditam que a essência que é reencarnada é uma essência impessoal, o que significa dizer que a pessoa em si realmente não existe mais. Diferente do ensino oriental, a idéia ocidental ressalta um conceito mais otimista da vida, sendo que o objetivo de múltiplas reencarnações é finalmente unir-se à divindade, tornando-se divino. Em síntese, “todos os ensinos reencarnacionistas baseiam-se numa cosmovisão monista, mística e ocultista, que promove a divindade essencial da humanidade, nega a noção de um Deus pessoal soberano e oferece a promessa de sabedoria esotérica” (R. M. Enroth).

Cristo ressuscitou

Segundo C. S. Lewis (1898-1963), “Jesus abriu à força a porta que estava fechada desde a morte do primeiro homem. Ele encontrou, enfrentou e derrotou o Rei da Morte. Tudo é diferente porque Ele fez isso”. Por isso, a ressurreição de Cristo faz parte essencial da pregação da Igreja em todos os tempos. A esperança da futura ressurreição dos crentes depende da ressurreição de nosso Senhor (1 Co 15.1-19). Em sua ressurreição, Cristo venceu a morte para podermos participar da justiça que em sua morte adquiriu para todos nós (1 Co 15.17, 54-55; Rm 4.25; 1 Pe 1.3, 21). À luz dos métodos historiográficos, a ressurreição de Jesus é o fato melhor atestado em toda a história. Algumas evidências históricas da ressurreição podem ser resumidas assim:

1. O medo do poder de Roma foi totalmente ignorado quando o selo romano posto sobre o túmulo foi quebrado;

2. Tanto judeus quanto romanos admitiram que o túmulo estava vazio. Ninguém podia encontrar ou mostrar o corpo. Por isso, o silêncio dos judeus é tão significativo quanto o falar dos cristãos;

3. De alguma maneira, diante da guarda romana, a pedra de quase duas toneladas foi removida da entrada do túmulo;

4. Uma guarda militar romana, altamente disciplinada, deixou seu posto e precisou ser subornada pelas autoridades para mentir sobre o que realmente aconteceu. Foi justamente para evitar o roubo do corpo que a guarda foi exigida (Mt 27.64s);

5. A mortalha, intacta, não continha o corpo. João Crisóstomo (344-407), bispo de Constantinopla, observou que ladrões não poderiam roubar o corpo nu, porque demora-se muito para tirar o linho: “ele [o corpo] foi enterrado com muita mirra, que cola o linho ao corpo assim como o chumbo” (Hom. 54, sobre João 4);

6. Mais tarde, Cristo apareceu a mais de 500 testemunhas em diferentes situações e a maioria ainda estava viva quando Paulo escreveu 1 Coríntios, entre 55 e 56 d.C. — cerca de 25 anos após a ressurreição;

7. Flavio Josefo, historiador judeu do final do primeiro século, disse: “Das mulheres, nenhuma evidência será aceita, por causa da frivolidade e temeridade do seu sexo” (Antigüidades iv.8.15). Por causa da desconsideração do judaísmo antigo em relação à confiabilidade das mulheres, se a história da ressurreição fosse realmente uma manipulação, elas nunca teriam sido escolhidas para ser as primeiras testemunhas do fato;

8. A evidência conclusiva contra a possibilidade de que os discípulos roubaram o corpo é a disponibilidade dos discípulos de sofrer e até morrer por sua fé, crendo que realmente houve a ressurreição do Senhor. E isto depois de terem fugido e se escondido durante a crucificação;

9. É importante perceber que não existe evidência para qualquer tentativa de refutação da ressurreição de Cristo por parte de seus adversários, nos primeiros séculos do cristianismo. A igreja foi construída sobre este fato: que Jesus Cristo, uma vez crucificado, ressuscitou dentre os mortos;

10. No fim, há uma ausência total de outras explicações satisfatórias para o fenômeno da ressurreição de Cristo; qualquer outra teoria não responde a toda a evidência.

Nossa ressurreição

As Escrituras são claras em prometer ressurreição aos que crêem. Ela é ensinada no Antigo Testamento explicitamente no Salmo 16.10, em Oséias 6.2, Ezequiel 37.1-14, Isaías 26.13-19, Daniel 12.2 e implicitamente no Salmo 49.14, 15, além de outros textos. É significativo que Jesus e os autores do Novo Testamento sustentaram que o Antigo Testamento ensina a ressurreição (Mc 12.24-27; At 2.24-32; 13.32-37; Hb 11.9). No Novo Testamento, esta foi uma das doutrinas mais elaboradas, principalmente nos escritos de Paulo (1 Co 15.1-58; 2 Co 5.15-17; 1 Ts 4.16s), sendo mencionada em quase todos os escritos (At 1.22; 2.24, 32; 3.15; 13.29s; Hb 6.1s; 11.19, 35; 1 Pe 1.3, 4; 3.19s; Ap 1.5; 5.9, 10; 20.5-15). O Novo Testamento afirma unanimemente que Deus vai ressuscitar os mortos e que isso não é considerado algo difícil demais para Ele fazer (At 26.8).

A realidade de nossa ressurreição é ensinada por dois fatos. O primeiro é que Jesus foi ressuscitado no mesmo corpo no qual Ele morreu. Em Lucas 23.39, vemos que Jesus não ressuscitou apenas na forma do espírito, mas fisicamente. O segundo é que nós teremos corpos iguais ao corpo de Cristo. Ele é “as primícias dos que dormem” (1 Co 15.21). A ressurreição implica uma continuidade entre o corpo físico que temos agora e o corpo que teremos no futuro. Os próprios santos martirizados serão incluídos na ressurreição (Ap 20.5) e haverá mútuo reconhecimento (Mt 8.11; Lc 13.28). Quanto a outros benefícios que os crentes recebem de Cristo na ressurreição, o Breve Catecismo de Westminster (1647) afirma: “Na ressurreição, os crentes, sendo ressuscitados em glória, serão publicamente reconhecidos e absolvidos no dia do juízo, e tornados perfeitamente felizes no pleno deleite de Deus, por toda a eternidade”.

A continuidade entre o corpo presente e o futuro é também marcada por algumas mudanças. Mateus 22.30 diz que no céu seremos como os anjos, não casados. É discutível se isso quer dizer que não existirá macho e fêmea no céu, mas as relações sexuais não continuarão. O corpo ressuscitado de Cristo tinha o poder de aparecer de repente entre os discípulos (Lc 24.36), mas era ainda um corpo físico (Jo 20.24-28). O corpo no estado futuro terá capacidades além daquelas que tem agora. O corpo será próprio para a existência celestial que teremos. Serão corpos perfeitos, sem corrupção, poderosos e gloriosos (1 Co 15.35-58). Estaremos livres das imperfeições e das necessidades que temos na terra. Em 1 Coríntios 15.50, Paulo diz que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, mas isso não elimina a possibilidade de uma ressurreição física. O corpo pode ser diferente do que é agora e ainda ser composto de matéria física. Como o erudito puritano Richard Sibbes (1577-1635) disse, “Deus prepara nossa alma aqui para possuir um corpo glorioso no porvir; e preparará o corpo para receber uma alma gloriosa”.

Ressurreição: obra do Deus triúno

Todos os membros da Trindade estão envolvidos na ressurreição dos crentes. Em alguns casos, se diz simplesmente que Deus ressuscita os mortos, sem especificar nenhuma pessoa (Mt 22.29; 2 Co 1.9). Mas a ressurreição é também mencionada como obra do Pai por meio do Espírito Santo (Rm 8.11). Mais particularmente, porém, a obra da ressurreição é atribuída ao Filho (Jo 5.21, 25, 28, 29; 6.38-40, 44, 54; 1 Ts 4.16), sendo destacado que há uma ligação especial entre a ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição (1 Co 15.12-14).

Em conclusão, os cristãos crêem com convicção que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Por isso, têm repudiado o ensino da reencarnação como uma séria e mortífera distorção da fé evangélica.

NOTAS:

1 – Este ponto precisa ser bem enfatizado, pois em anos recentes alguns têm suposto erroneamente que a Igreja cria na reencarnação, em seu início. A Igreja cristã nunca ensinou ou creu na reencarnação. Isso pode ser facilmente refutado com uma consulta ao Didaquê 16.6 e às obras de Inácio de Antioquia (Trall. 9.2), Clemente de Roma (1 Clem. 24-26), Justino (1 apol. 18s.), Irineu de Lião (Adv. haer. 1.6.2; 1.27.3; 5.1.2) e Tertuliano (De ressurr. carn.). A reencarnação foi ainda repetidamente rejeitada pelos Concílios de Lião (1274) e Florença (1439), bem como pelo do Vaticano II (1965, Lumen Gentium, 48). Em anos mais recentes, Rudolf Bultmann pretendeu negar a historicidade da ressurreição, tentando reinterpretá-la em termos de linguagem mitológica, sendo refutado pelos trabalhos de Oscar Culmann (Christ and time; Immortality of the soul or resurrection of the body?) e Herman Ridderbos (Bultmann, a ser lançado pela Editora Cultura Cristã), entre outros. A importância da doutrina da ressurreição na pregação e ensino cristãos pode ser facilmente comprovada a partir do estudo das obras de cristãos com métodos teológicos tão diferentes como Agostinho de Hipona (Enchir. 84-87; De civ. dei 22.20.1; 22.19), Tomás de Aquino (Expositio super Symbolo Apostolorum), João Calvino (Inst. 3.25) e Karl Barth (Church Dogmatics 3.2.47; 4.1.59), ou com uma consulta aos principais catecismos e confissões de fé da Igreja cristã.

Sobre o autor: Franklin Ferreira (Bacharel em Teologia, Mestre em Teologia, Bacharelando em Educação e Doutorando em Teologia) é professor de teologia sistemática no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, e na Escola de Pastores, em Niterói.
Fonte: Revista Ultimato.

Extraído de www.monergismo.com

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