A verdade que não é suavizada pelo amor pode tornar-se terrivelmente dura, e o amor que não é endurecido pela verdade pode tornar-se terrivelmente suave.
(Alistair Begg)
Nenhuma criatura, pessoa, política, nenhum governo ou império pode frustrar a vontade de Deus ou agir fora dos limites da Sua vontade.
(Dustin Benge)
Cada experiência, se oferecida a Jesus, pode ser, para você, a porta de entrada para a alegria.
(Elisabeth Elliot)
Metade dos nossos medos surge de negligenciarmos a Bíblia.
(Charles Spurgeon)
A fé espera de Deus o que está além de toda expectativa.
(Andrew Murray)
Se o Senhor me falhar desta vez, será a primeira vez.
(George Müller)
Se não tornarmos clara nossa posição, com palavras e obras, em favor da verdade e contra as falsas doutrinas, estaremos edificando um muro entre a próxima geração e o evangelho.
(Francis Schaeffer)
A vontade de Deus e a minha felicidade são sinônimos.
Como seguidores de Cristo, nosso sofrimento vem dos homens, enquanto nossa glória vem de Deus. Nosso sofrimento é terrenal, enquanto nossa glória é celestial. Nosso sofrimento é breve, enquanto nossa glória é para sempre. Nosso sofrimento é trivial, enquanto nossa glória é ilimitada. Nosso sofrimento está em nosso corpo mortal e corrompido, enquanto nossa glória estará em nosso corpo aperfeiçoado e imperecível.
(John MacArthur)
O sal, quando dissolvido na água, pode desaparecer, mas não deixa de existir. Podemos ter certeza de sua presença provando a água. Da mesma forma, o Cristo que habita em nós, embora invisível, se tornará evidente a outros pelo amor que Ele nos concede.
(Sundar Singh)
A ética puritana do casamento consistia primeiro em procurar, não por um parceiro a quem você ame apaixonadamente neste momento, mas sim por alguém a quem você possa amar continuamente como seu melhor amigo para o resto da vida, e então prosseguir com a ajuda de Deus para fazer exatamente isso.
(J. I. Packer)
Oração ― oração secreta, fervorosa e fiel ― está na raiz de toda piedade pessoal.
(William Carey)
O que é fé? Na forma mais simples com que consigo me expressar, eu respondo: fé é a segurança de que aquilo que Deus disse em Sua Palavra é verdade, e que Ele vai agir de acordo com aquilo que Ele disse em Sua Palavra. Essa segurança, essa confiança na Palavra de Deus, essa convicção é fé.
(George Müller)
Cada nação na Terra está sob as mãos de Deus; por isso, não há poder neste mundo que não seja, em última instância, controlado por Ele.
(Martyn Lloyd-Jones)
Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
Nossa justiça está Nele, e nossa esperança depende, não do exercício da graça em nós, mas da plenitude da graça e do amor Nele, e da obediência Dele até a morte.
(John Newton)
A maioria dos homens ora mais por bolsos cheios do que por coração puro.
(Thomas Watson)
Fora de Cristo, sou apenas pecador, mas, em Cristo, sou salvo. Fora de Cristo, estou vazio; em Cristo, estou cheio. Fora de Cristo, sou fraco; em Cristo, eu sou forte. Fora de Cristo, não posso; em Cristo, sou mais do que capaz. Fora de Cristo, fui derrotado; em Cristo, eu já sou vitorioso. Quão significativas são as palavras “em Cristo”.
(Watchman Nee)
Você é a única Bíblia que alguns incrédulos já leram, e sua vida está sob escrutínio todos os dias. O que os outros aprendem com você? Eles vêem uma imagem precisa do seu Deus?
(John MacArthur)
Não se esforce em sua própria força; jogue-se aos pés do Senhor Jesus e espere Nele com a certeza de que Ele está com você e trabalha em você. Esforce-se em oração; deixe a fé encher seu coração ― assim você será forte no Senhor e no poder de Sua força.
(Andrew Murray)
Deus é completamente soberano. Deus é infinito em sabedoria. Deus é perfeito em amor. Deus em Seu amor sempre deseja o que é melhor para nós. Em Sua sabedoria, Ele sempre sabe o que é melhor, e em Sua soberania, Ele tem o poder de realizá-lo.
(Jerry Bridges)
Ah, eu O deixei esperando quando não deveria, mas Ele esperou mesmo assim. Sempre esperando ― tão paciente com minha tolice, minha fraqueza, meu medo. Nossa comunhão é com Deus, e comunhão é amizade, e amizade significa aquela parceria que, no que diz respeito a Ele, é a acomodação de Sua força à minha fraqueza.
Há uma diferença entre conhecer Deus e conhecer algo sobre Deus. Quando de fato conhece Deus, você tem energia para servi-Lo, intrepidez para partilhar sobre Ele e contentamento Nele.
O que é um cristão? A mais preciosa resposta que conheço é: alguém que tem Deus como Pai.
O que importa de modo supremo, portanto, não é, em última instância, o fato de que eu conheço Deus, mas o fato maior que está por baixo disso: o fato de que Ele me conhece.
Graça significa Deus movendo céus e terra para salvar pecadores que não podiam mover um dedo para salvar a si mesmos.
Apesar de Cristo estar perto de nós, Ele está acima de nós em todos os aspectos.
É necessário que o verdadeiro arrependimento se torne uma disciplina diária.
A santidade, assim como o pecado, começa no coração e, na realidade, só avança à medida que discerne e combate as atitudes e os desejos contrários a Deus que ali se escondem.
Estando ligados a Cristo e, portanto, comprometidos a amá-Lo e a servi-Lo como nosso amado Salvador e Senhor, todos nós que cremos estamos conseqüentemente ligados uns aos outros. […] Também estamos, portanto, comprometidos a amar e a servir uns aos outros como irmãos na família de Deus.
Sua fé não falhará enquanto Deus a sustentar. Você não é forte o suficiente para cair enquanto Deus está decidido a abraçá-lo.
Se você perguntar: ‘Por que isso está acontecendo?’, poderá não haver nenhuma resposta. Mas se você perguntar: ‘Como posso glorificar a Deus agora?’, sempre haverá uma resposta.
O poder salvador do Calvário não depende da fé ser adicionada a ele. Seu poder salvador é tal que a fé flui dele.
O cristão saudável não é necessariamente o cristão extrovertido e exuberante, mas é o cristão que tem um senso da presença de Deus estampado profundamente em sua alma, que treme com a Palavra de Deus, que permite que ela habite ricamente em si pela constante meditação sobre ela e que testa e reforma sua vida diariamente em resposta a ela.
Acredito que a oração é a medida espiritual do homem, de um modo como nada mais é.
James Innell Packer, mais conhecido por J. I. Packer, foi um amado líder e escritor cristão, cujo ministério é apreciado além das fronteiras de sua denominação. Ele partiu para estar com o Senhor a quem serviu tão fielmente dia 17 de julho de 2020, aos 93 anos.
De origem humilde, cresceu em um ambiente religioso tradicional e frio. Na paróquia anglicana que freqüentava, não era pregada a necessidade da fé em Cristo como Salvador. A experiência que mudou a vida de Packer ocorreu quando ele tinha sete anos. Ele foi expulso do pátio da escola por um valentão e empurrado até uma movimentada estrada, onde foi atropelado por um veículo. O grave ferimento que sofreu lhe produziu uma permanente e visível depressão no lado da cabeça. Packer aceitou aquilo como vindo da Providência divina.
Embora tenha sido um homem humilde, que repudiava o sucesso, Deus o agraciou com amplo reconhecimento. Seu primeiro livro, Fundamentalism and the Word of God [O fundamentalismo e a Palavra de Deus], de 1958, vendeu 20 mil exemplares no primeiro ano. Em 2005, a revista Time nomeou Packer um dos 25 evangélicos mais influentes. Quando a Christianity Today realizou uma pesquisa para determinar os 50 principais livros que moldaram os cristãos, O conhecimento de Deus, escrito por Packer, ficou em quinto lugar. Sua fama e sua influência não foram resultado de uma busca pessoal por elas, mas brotaram de sua piedade, de sua erudição, de seu cuidado pastoral e de seu profundo amor pelo Senhor. Em seu último livro publicado em português, Fé ativa, ele mostra uma fé vigorosa, a clara percepção do que ocorre no cristianismo formal (especialmente em sua denominação) e faz um chamado solene a que os cristãos voltem ao discipulado, voltem a levar Deus a sério.
Em 2013, Packer escreveu:
Algum dia, todos teremos de fazê-lo [deixar esse mundo], e é maravilhoso saber que em algum momento, durante o processo de transição de deixar nosso corpo e entrar no próximo mundo, o próprio Cristo nos receberá, de maneira que podemos esperar que Sua face será a primeira coisa de que teremos ciência naquela nova ordem de vida para a qual teremos sido, então, transportados. Aguardar ansiosamente por isso é a esperança que nos sustém.
Ele partiu nessa firme certeza e alegre esperança. Que receba do Senhor o galardão por suas obras.
Uma missionária quase abandonada em uma aldeia solitária é maravilhosamente usada por Deus para instruir uma geração de jovens obreiros na China
Margaret E. Barber é um nome pouco conhecido, não só no mundo, mas também entre os cristãos.
Ela foi missionária, mas muito diferente de David Livingstone e de Hudson Taylor, que realizaram grandes coisas para o Senhor. A área de sua obra foi restrita a apenas uma pequena vila na China. Ela escreveu, mas não foi como Isaac Watts e Charles Wesley, cujos hinos aparecem em quase todos os hinários. Ela amava o Senhor, mas, apesar de ter alcançado grande maturidade espiritual, não era como Madame Guyon, Andrew Murray ou F. B. Meyer, que deixaram muitas publicações edificantes para as gerações futuras. Assemelhava-se a uma passageira solitária, que veio a este mundo silenciosamente em 1869, em Peasenhall, Suffolk (Inglaterra), e, 61 anos depois, também partiu silenciosamente. Durante a vida, ela respondeu ao chamado do Senhor duas vezes para deixar a família, sua terra natal e viajar para a China, um país bastante desconhecido e atrasado naquela época. Ela silenciosamente entregou o melhor período de sua vida ao Senhor e foi fiel até a morte.
Não foi em vão
Quando a Margaret Barber foi sepultada, um irmão citou a história de Maria de Betânia (Jo 12.1-8), dizendo que ela tinha feito tudo o que podia. Mais tarde, o irmão Watchman Nee, que não estava presente no funeral, mas fora muito influenciado por ela em sua vida espiritual, fez a seguinte observação: “Ela realmente se desperdiçou para o Senhor”.
Alguns jovens irmãos da China, que foram muito ajudados por ela, preocupavam-se com o procedimento dela e se admiravam porque ela não saía a realizar reuniões e trabalhar ativamente em outros lugares. Pelo contrário, ela vivia naquela pequena aldeia onde nada acontecia. Aquilo realmente parecia um desperdício.
Até mesmo o irmão Nee, que mais tarde se “desperdiçou” por cerca de vinte anos em uma prisão, naquela época a visitava e quase gritava para ela: “Ninguém conhece tanto o Senhor como você, e seu conhecimento da Bíblia também é profundo e vivo. Você não vê as necessidades ao seu redor? Por que você não faz alguma coisa? Você parece viver aqui sentada de braços cruzados; você está gastando seu tempo, sua energia, seu dinheiro, tudo em vão.” Hoje, muitos anos depois, podemos entender a atitude dela. Deus estava plantando uma semente de vida na China, uma semente solitária, humilde e oculta. O Senhor fez com que brotasse e frutificasse abundantemente. Porém, a coisa mais maravilhosa é que Deus fez com que desse fruto mais tarde, quando ela não poderia saber.
Luz forte
Aqueles que conhecem o livro A vida cristã normal, de Watchman Nee, sabem que ele muitas vezes se refere a uma irmã mais velha que exerceu a maior influência sobre sua vida. É precisamente a irmã Margaret E. Barber. Quando ele soube que o Senhor a tinha tomado, ele disse: “Ela era uma pessoa muito profunda no Senhor. Sua comunhão com o Senhor e sua fidelidade a Ele, em minha opinião, são muito difíceis de encontrar no mundo.” Mais tarde, em suas mensagens, em comunhão e em conversas privadas, muitas vezes ele a mencionava. Ele a descreveu como “uma cristã brilhante. Qualquer pessoa que entrava em seu quarto sentia a presença de Deus.”
Em 1933, quando o irmão Nee visitou a Inglaterra e os Estados Unidos, encontrou muitos cristãos famosos. No entanto, mais tarde ele disse: “É difícil encontrar uma pessoa como irmã Margaret.” Em 1936, quando conversava com um colega sobre o serviço e a obra de Deus, ele suspirou e disse: “Se a irmã Margaret ainda estivesse aqui, nossa situação seria muito diferente.”
Quando o irmão Nee começou a servir ao Senhor, ele decidiu que de alguma forma tinha de obedecer à vontade de Deus. Ele pensou que o estivesse fazendo; no entanto, sempre que ele estava com a irmã Margaret e conversavam um pouco, ou lia um pouco a Bíblia com ela, descobria que estava muito longe do alvo. Quando Barber estava morando em Pai Tan Yan, ela sempre falava com o Senhor, mas o Senhor não falava apenas por meio das palavras dela, mas também por meio de sua pessoa. O irmão Nee uma vez deu o seguinte testemunho: “Eu tinha ouvido muitas vezes as pessoas falarem sobre a santidade; então, decidi saber mais sobre essa doutrina. Eu peguei um Novo Testamento e encontrei uns 200 versos sobre o assunto. Eu os escrevi e os classifiquei sem, todavia, conseguir saber o que era santidade. Eu me sentia vazio. Mas, um dia, eu encontrei uma irmã mais velha que era uma pessoa santa. A partir desse dia, meus olhos se abriram e eu vi o que era a santidade. Aquela luz era realmente forte. Aquela luz me fez sofrer, e eu não pude deixar de ver o que era a santidade.”
“Nada para mim”
Em 1922, a irmã Margaret tinha 53 anos (não é possível saber com precisão), e o irmão Nee era muito jovem, convertido fazia apenas dois anos. Ele tinha em seu coração muitos planos que esperava que Deus aprovasse. Pensou como seria maravilhoso se eles se realizassem, um por um. Quando ele levava esses planos à irmã Margaret, tentava convencê-la de que deviam ser realizados. Mas, depois ele testemunhou: “Antes de eu abrir a boca para explicar meus planos, ela falava um pouco, e tudo parecia muito para mim. A luz que se irradiava dela me fazia sentir vergonha. Descobri que minha maneira de fazer as coisas estava cheia de elementos naturais do homem, e era muito carnal. Quando a luz chegava, algo acontecia, e eu era levado a uma posição onde tinha a dizer a Deus: ‘Senhor, minha vida está concentrada em atividades carnais, mas aqui está uma pessoa que não vive assim. Ela só tem um motivo e um desejo: viver para Ti’.”
A srta. Barber anotou estas palavras em uma página: “Eu não quero nada para mim mesma; eu quero tudo para meu Senhor”. Realmente, toda a sua vida esteve de acordo com sua oração.
Dificuldades e injustiças
Margaret Barber foi enviada à China em 1899, e ensinou durante sete anos em uma escola anglicana para meninas, enquanto trabalhava para o Senhor. Mas os colegas tinham ciúmes dela e falsamente a acusaram perante os líderes da missão. Durante essa experiência, ela aprendeu a lição de viver silenciosamente na sombra da cruz. Ela preferiu sofrer a ofensa e não se defendeu até que o chefe da missão a chamou de volta para a Inglaterra e lhe disse: “Eu ordeno que você não esconda nada”. Somente então ela contou toda a verdade.
Ela admitiu ter sido ajudada espiritualmente por David Morrieson Panton, um irmão famoso por seu conhecimento sobre as profecias, que muito a influenciou, a ponto de levá-la a anelar pela vinda do Senhor. Nessa ocasião, ela esperou três anos na Inglaterra, até que o Senhor abriu um novo caminho para retornar à China. Ela passou por dificuldades econômicas. Ela disse que até para conseguir um pedaço de sabão necessitava exercitar sua fé no Senhor.
Com 42 anos regressou à China, dessa vez sem uma missão que a sustentasse. Ela aprendeu, como Abraão, a esperar que Deus se responsabilizasse por ela. Por causa do Senhor, ela foi para o interior da China. Quase chegou ao desespero por causa das pressões, mas o Senhor esteve a seu lado fortalecendo-a.
Certa vez, na maior dificuldade financeira, a srta. Barber tinha a bolsa vazia e precisava pagar muitas contas. Então, alguém lhe ofereceu certa quantia para ajudá-la, porém, quando lhe entregou a oferta, aconselhou-a a que não fosse fanática.
Embora realmente precisasse muito do dinheiro naquele momento de angústia, ela o recusou. Ela sentiu a responsabilidade de ser fiel a Deus, e Deus tinha de assumir a responsabilidade por ela. No dia seguinte, uma coisa maravilhosa aconteceu. O irmão Panton enviou-lhe, da Inglaterra, uma oferta urgente por telegrama. Barber entrou em contato com ele, perguntando porque ele havia enviado um telegrama com aquele valor. Ele respondeu que não sabia, mas, durante a oração, sentira que precisava enviar aquele valor e devia ser por telegrama.
Lições para jovens obreiros
Margaret Barber era realmente uma pessoa de oração, que sabia buscar o Senhor não só para suas necessidades diárias, mas orava também para que Ele abrisse as portas para sua obra. O Senhor lhe enviou uma companheira de trabalho e de oração, vinte anos mais jovem que ela, M. L. S. Ballord, sua sobrinha. Humanamente falando, eram duas mulheres fracas que não tinham o forte apoio de uma missão. O que elas poderiam fazer para o Senhor? Felizmente, do ponto de vista espiritual, elas não eram de forma alguma fracas.
Embora, naquela época, parecesse muito difícil ganhar a vasta China para Cristo, as duas missionárias sabiam que, para alcançar esse objetivo, era necessário que Deus levantasse muitos irmãos jovens. Então, elas começaram a orar especificamente por isso durante dez anos, e o Senhor de fato enviou um grande reavivamento a um lugar próximo de onde elas viviam e levantou alguns jovens irmãos que amavam a Deus. Um deles foi Watchman Nee.
Durante um ano e meio, possivelmente em 1922, quase todos os sábados, o irmão Nee, em companhia de outros jovens, visitavam a srta. Barber para serem orientados por ela. Mas alguns foram desistindo, pois ela exercia a disciplina de modo tão severo que não podiam suportar sua repreensão. O irmão Nee disse: “Ela repreende fortemente e sem razão. Mas, depois de ser repreendido por ela, a pessoa fica mais aliviada.” Cada vez que ele ia vê-la, preparava-se para receber uma repreensão.
Houve uma época em que sete jovens se encontravam todas as sextas-feiras. Na reunião, o irmão Nee e outro jovem responsável discutiam ardentemente. O outro era cinco anos mais velho que Nee. Cada um deles pensava que sua idéia era a melhor e criticava o ponto de vista do outro. Às vezes, o irmão Nee estava com raiva e não confessava seu erro. Então, ele foi ver a irmã Margaret no dia seguinte e contou a ela o que aconteceu, esperando que ela fosse resolver o problema corrigindo o irmão. Ela, no entanto, inesperadamente repreendeu o irmão Nee, com base no que a Bíblia diz sobre o irmão mais novo ter de respeitar o mais velho. Ao ouvir isso, o irmão Nee se defendeu, dizendo: “Eu não posso fazer isso. O cristão deve fazer todas as coisas por uma razão”. Então, a srta. Barber lhe disse que a questão não era a razão, mas o que a Bíblia ensina. “O mais jovem deve obedecer ao mais velho.” Às vezes, depois de uma acalorada discussão, o irmão Nee não conseguia dormir e chorava a noite toda. No sábado, recorria a srta. Barber para contar-lhe o motivo de sua tristeza, na esperança de que ela fosse agir com justiça. Mas, depois de ouvi-la, ele voltava para casa e chorava novamente. Estava triste e com raiva por não ter nascido antes, pois assim não teria de obedecer ao irmão, e o irmão teria de obedecer-lhe.
Uma vez, durante uma discussão, o irmão Nee concluiu acertadamente que tinha muita razão e tentou convencer a srta. Barber que seu companheiro estava errado. Dessa vez, ele pensou que iria vencer. Mas, depois de ouvi-lo, Barber disse: “Se o outro irmão está certo ou errado, é outra questão. Você acha que você se parece com uma pessoa que está carregando a cruz, acusando seu irmão diante de mim? Você se parece com um cordeiro fazendo isso?” O irmão Nee disse mais tarde: “Essas poucas palavras me envergonharam muito e eu nunca as esqueci.” Ele cria que, durante aquele ano e meio, recebera a lição mais preciosa de sua vida. Era assim que Margaret Barber orientava os jovens.
“Você deve aceitar ser quebrado”
Mais tarde, quando o irmão Nee decidiu trabalhar para o Senhor, ele visitou a irmã Barber. Ela perguntou: “Você quer trabalhar para o Senhor, mas o que o Senhor quer que você faça?” Ele respondeu: “Eu quero trabalhar para ele.” Mas a irmã Barber disse: “Se Deus não quiser que você trabalhe, o que você fará?” Ele respondeu: “Sei que o Senhor quer que eu trabalhe para Ele.”
Então, ela leu Mateus 15, sobre a multiplicação dos pães. E lhe perguntou: “O que você pensa sobre isso?” Ele respondeu: “Naquele tempo, cinco pães e dois peixes foram colocados nas mãos do Senhor, mas, depois da bênção, aquele alimento satisfez mais de quatro mil pessoas.” Então, a irmã Barber lhe disse: “Todos os pães nas mãos do Senhor foram partidos e distribuídos, e, aqueles que não foram partidos, não puderam suprir vida para os outros. Irmão, lembre-se que frequentemente somos como um pão, falando ao Senhor: ‘Senhor, eu me entrego a Ti.’ Porém, temos um desejo oculto no coração, como se estivéssemos dizendo: ‘Ó Senhor, entregar é entregar, oferecer é oferecer, porém, não me quebres.’ Nós sempre esperamos que o pão seja colocado de lado, intocado, sem ser movido, e isso é muito agradável aos olhos. Mas todo pão nas mãos do Senhor está destinado a ser quebrado. E, se você não quer ser quebrado, então, não se coloque nas mãos do Senhor.”
Um dia, ela estava orando com o irmão Nee em uma montanha, e depois de ler Ezequiel 44, disse: “Irmão, vinte anos atrás eu li este capítulo; depois fechei a Bíblia, ajoelhei-me em oração a Deus e disse: ‘Senhor, não me deixe servir à casa, mas a Ti.” A razão que a levou a orar dessa maneira é porque houve uma classe de levitas, conforme Ezequiel 44, que serviam ativamente no templo, porém não serviam ao Senhor.
Esses conselhos da irmã Barber, dados a muitos irmãos, foram mais eficazes do que milhares de conferências e mensagens.
Deixou que Deus trabalhasse nela
Não podemos deixar de perguntar: por que Deus usou essa irmã? Qual foi o segredo de seu ministério? Por que tantas pessoas receberam ajuda dela?
Obviamente, seu ministério estava baseado em sua vida espiritual. Provavelmente, os seguintes lemas do irmão Nee podem oferecer-nos uma explicação melhor: “O que Deus enfatiza é o que somos, mais do que o que fazemos.” “A verdadeira obra emana da vida.” “O serviço que tem valor é sempre a manifestação da vida de Cristo.” “Consagrar-se a Deus não é trabalhar para Deus, mas ser trabalhado por Deus.” “Aqueles que não permitem que Deus trabalhe neles, nunca poderão trabalhar para Deus.”
A razão pela qual ela podia trabalhar para o Senhor foi porque deixou que o Senhor trabalhasse nela e realizasse nela Sua obra educativa. O coração dela era como o de Maria Madalena, completamente voltado para o Senhor.
Poucos meses depois que senhorita Barber partiu para estar com o Senhor, alguém enviou um pacote que pertencia a ela para o irmão Nee. Dentro, havia um papel com estas palavras: “Ó Deus, eu Te agradeço porque há um mandamento que diz: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda tua alma e com toda tua mente’ (Mt 22.37)”.
Ocasionalmente, ela enfrentava situações difíceis, e o preço requerido exigia tudo o que possuía, quase a própria vida. Então, ela levantava o rosto banhado em lágrimas e dizia ao Senhor: “Senhor, para que eu possa conhecer todo o Teu coração, quero que meu próprio coração seja quebrantado.” Uma vez, o irmão Nee lhe perguntou: “Qual é a sua experiência na obediência à vontade de Deus?” Ela respondeu: “Toda vez que Deus demora em mostrar Sua vontade, imediatamente concluo que dentro de mim ainda tenho um coração que não quer obedecer a ela. Eu ainda tenho um desejo errado dentro de mim. Isso pode ser comprovado por muitas experiências.” Ela perguntava muitas vezes ao irmão Nee: “Você ama a vontade de Deus?” Não perguntava se ele obedecia à vontade de Deus.
Certa vez, ela discutiu com Deus sobre determinado assunto. Ela sabia o que Deus queria e, no coração, queria a mesma coisa, mas aquilo lhe era muito difícil. O irmão Nee a ouviu orar pelo assunto do seguinte modo: “Senhor, eu confesso que eu não gosto, mas, por favor, não Te rendas a mim. Espere um pouco, e certamente eu me renderei a Ti”. Não queria que Deus se rendesse a ela, diminuindo Sua exigência. Nada era importante para ela, a não ser alegrar seu Mestre.
Com toda a razão, ela disse: “O segredo para entender a vontade de Deus é: 95% querer obedecer a Deus, e 5% entender”. Isso revela que ela compreendia profundamente a vontade de Deus.
A casa está cheia de seu perfume
Sem dúvida, a irmã Barber foi desperdiçada para o Senhor, como o óleo precioso mencionado em João 12.3. Qual foi o resultado? “A casa se encheu com o cheiro do perfume”. Você também pode sentir a fragrância desse perfume e ser atraído pelo mesmo Senhor a quem ela buscou e amou de todo o coração, com toda a alma e com todo o entendimento.
Por tudo isso, vemos que o ceder a pecados menores atrai a alma para cometer os maiores. Ah!, quantos nestes dias caíram, primeiro por ter pensamentos vis sobre as Escrituras e as ordenanças; então, por fazer pouco caso das Escrituras e das ordenanças; a seguir, por fazer divagações pessoais sobre as Escrituras e as ordenanças; e logo, por rejeitar as Escrituras e as ordenanças; e, por fim, por avançar e elevar-se, e elevar suas opiniões que desonram Cristo e danificam almas, acima das Escrituras e das ordenanças.
(Thomas Brooks)
De bom grado vou confirmar com meu sangue a verdade sobre a qual tenho escrito e pregado.
(John Huss, quando estava na fogueira para ser morto)
Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.
(Martinho Lutero)
A verdade sem entusiasmo, a moralidade sem emoção e o ritual vazio de realidade são coisas que Cristo condena severamente. Sem fervor espiritual, elas não passam de uma filosofia ímpia, um sistema ético ou de mera superstição.
(Samuel Chadwick)
A libertação [dos pecados] deu-nos liberdade para sermos escravos da justiça.
(Charles Caldwell Ryrie)
Os que professam arrependimento precisam praticá-lo.
(Matthew Henry)
A cruz de Cristo é o mais suave fardo que eu já carreguei; é um peso como as asas para um pássaro, como as velas para um veleiro.
Considere o poderoso exemplo dos três jovens hebreus a quem o rei Nabucodonosor atirou na fornalha de fogo. Esses homens não estavam sendo provados por sua fé; na verdade, foi sua fé que os pôs ali. O Senhor claramente estava atrás de outra coisa. Pense nisto: os pagãos babilônios não foram influenciados por suas orações ou pregações. Não ficaram impressionados por sua sabedoria ou por seu conhecimento, nem por sua vida santa. Não! O impacto em Babilônia veio quando o povo olhou para dentro da fornalha e viu esses três homens regozijando-se e louvando a Deus em sua hora mais difícil.
O que é necessário para alcançar um mundo perdido e ferido? Resposta: um pequeno exército que tenha entrado na escola das lutas e das provações. Deus procura os que querem ser testados. Então, Ele alista todos que estejam dispostos a serem provados pelo fogo, cuja fé Ele possa refinar e transformar em ouro puro.
Viver no descanso de Deus é um modo de vida. Ele quer que sejamos sustentados por Sua paz e segurança em todos os nossos sofrimentos, sabendo que nosso Sumo Sacerdote é tocado pelos sentimentos de nossa fraqueza.
“Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas” (Hb 4.10). Quando estamos no descanso em Cristo, não tentamos mais fazer cara de corajosos na hora dos problemas. Não inventamos uma aceitação falsa de nossa crise. E não nos preocupamos se iremos nos submeter ao medo e começar a duvidar do amor de Deus. Em resumo, nossa “mentalidade lógica” pára de nos guiar. Agora aprendemos a simplesmente confiar no Senhor. Como desenvolvemos uma confiança assim? Buscamos o Senhor em oração, meditamos em Sua Palavra e andamos em obediência. Você pode se opor dizendo: “Mas todas essas coisas são obras”. Eu discordo. Elas são todas atos de fé. Ao cumprir essas disciplinas, confiamos que o Espírito Santo está agindo em nós, construindo um reservatório de força para a hora de necessidade. Talvez não sintamos o fortalecimento de Deus acontecendo em nosso interior, ou Seu poder sendo construído em nós. Mas, quando nossa próxima provação vier, esses recursos celestiais se tornarão manifestos em nós.
Quando o dedo do julgamento de Deus ficar claro para este país, as pessoas vão deixar de procurar pregadores da prosperidade que vivem dizendo: “Está tudo indo bem!” Pelo contrário, elas vão reagir como os israelitas, ou seja, buscarão pessoas como Daniel, pessoas piedosas que saibam fazer a leitura dos tempos.
Pode-se imaginar o que teria motivado Daniel a orar com tanta intensidade? O que o levou a continuar orando, mesmo com um decreto de morte dirigido contra sua cabeça? Por que esse homem de oitenta anos iria continuar derramando o coração ao Senhor com tanto fervor, quando o resto do povo não buscava mais a Deus? Pense no enorme esforço que Daniel teve de fazer para se dedicar à oração. Afinal de contas, ele morava na Nova York de seu tempo: na enorme, majestosa e rica Babilônia. E vivia num tempo de apatia espiritual ― de bebedeiras, de busca de prazeres e de ganância no meio do povo de Deus. Além disso, era um líder atarefado com distrações por todos os lados. Quero lhe dizer o seguinte: a oração não é algo que venha naturalmente à pessoa alguma, inclusive a Daniel. Um horário disciplinado para oração é fácil de começar, mas difícil de continuar. Tanto nossa carne quanto o diabo conspiram contra ela.
A igreja costumava confessar seu pecado; agora, ela confessa seu direito.
David Wilkerson nasceu em Hammond, Indiana (EUA), em 19 de maio de 1931. Aos oito anos, respondeu ao chamado de Deus para entregar sua vida a Cristo e se tornar pregador. Em 1952, casou-se com Gwen Carosso, que o conheceu quando tinha apenas 13 anos.
David Wilkerson fundou o Desafio Jovem, uma organização sem fins lucrativos para a recuperação de viciados. A história de sua ida para Nova York, seu trabalho com membros de gangues em Manhattan, no Bronx e no Brooklyn e a fundação do Desafio Jovem é contada no livro A cruz e o punhal.
Wilkerson postou em seu blog um artigo datado de 27 de abril de 2011, o dia de sua partida para o Senhor. Intitulado “Quando tudo mais falhar”, ele incentivou as pessoas que estão enfrentando dificuldades a “permanecerem firmes na fé”.
“Quem passa pelo vale da sombra da morte, ouça esta palavra: o choro vai durar por algumas noites escuras e terríveis, mas em breve você vai ouvir o sussurro do Pai: ‘Eu estou com você’. Amado, Deus nunca deixou de agir, sempre com bondade e amor. Quando tudo mais falhar, o Seu amor ainda prevalece. Apoie-se firmemente na fé. Permaneça firme na Sua Palavra. Não há outra esperança neste mundo.”
Todo cristão deve estar pronto para morrer e para pregar.
(John Wesley)
Nunca me preocupei com onde viveria, nem como viveria, nem que provações teria de sofrer, desde que assim eu pudesse ganhar mais almas para Cristo.
(David Brainerd)
Bem-aventurado é o homem que não tem necessidade de defender-se porque suas obras e palavras são sólidos testemunhos de sua retidão e bondade.
(Charles H. Spurgeon)
Lembre-se como Joabe lutou contra Rabá e ganhou a vitória? Quando conseguiu a coroa do inimigo, mandou-a para Davi (2Sm 12.26-31). Penso que esta é uma boa ilustração de como age o cristão – ou deve agir. Você alcança uma vitória, mas não usa a coroa. Você a oferece para o Senhor que lhe deu a vitória.
(John MacArthur Jr.)
É mais fácil sair do caminho quando se está nele do que nele entrar quando se está fora.
(John Bunyan)
O propósito de Deus é a causa soberana de tudo que de bom há no homem, e de tudo o que é exterior, interior e eterno de bom que venha do homem. Sem obras passadas, pois os homens são escolhidos desde a eternidade; nem obras atuais, pois Jacó foi amado e escolhido antes de nascer; nem obras futuras, pois os homens eram todos corruptos em Adão. Toda a presente e a futura felicidades do crente brotam do eterno propósito de Deus.
(Thomas Brooks)
A tentação raramente vem nas horas de trabalho. É nos momentos de lazer que os homens são formados ou arruinados.
Se o que se diz convertido declara, distinta e deliberadamente, conhecer a vontade do Senhor, mas não demonstra interesse em cumpri-la, vocês não devem estimular tal presunção; porém, é seu dever deixar bem claro que ele não é salvo. Não suponham que o evangelho seja magnificado ou que Deus seja glorificado se disserem aos mundanos que eles podem ser salvos, naquele mesmo momento, simplesmente por aceitarem a Cristo como seu Salvador, enquanto ainda estão ligados a seus ídolos e, no coração, ainda estão apaixonados pelo pecado. Se eu fizer isso, estarei dizendo a eles uma mentira, pervertendo o evangelho, insultando a Cristo e transformando a graça de Deus em licenciosidade.
(C. H. Spurgeon)
O evangelho não denuncia pecado nem pronuncia julgamento. Ele anuncia salvação.
(G. Campbell Morgan)
O evangelho é a clara manifestação do mistério de Cristo.
(João Calvino)
O evangelho começa e termina com o que Deus é, não com o que queremos ou pensamos necessitar.
(Tom Houston)
A lei é o que precisamos fazer; o evangelho é o que Deus dá.
(Martinho Lutero)
Se você se apresenta neutro em relação a Cristo em seus contatos mais íntimos, há algo errado com seu cristianismo.
(Alan Redpath)
Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino,
que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina.
(Paulo, apóstolo)
Testemunho não é sinônimo de autobiografia! Quando estamos realmente testemunhando, não falamos de nós mesmos, mas de Cristo.
Não podemos nos enganar: quando a vida divina se esvai, o que vemos é meramente uma organização humana, o resultado do agir das mãos do homem. Por isso não devemos fazer propaganda do testemunho de Deus, dizendo: “Nós somos a igreja, e ninguém mais é”; todos os que falam assim provam que não são a igreja. Aquele que realmente tem a presença de Deus pode falar qualquer coisa, menos essas palavras.
Se o Senhor for misericordioso conosco, se Ele demorar a retornar, nossa história não se reduzirá só aos primeiros capítulos do livro de Esdras (restauração dos fundamentos por meio da primeira geração), mas poderemos alcançar, além disso, a experiência do capítulo 7 (levantamento de uma segunda geração com encargo, revelação e autoridade na Palavra). Diante disso, a primeira geração tem uma grande responsabilidade. Se você faz parte da geração “mais madura” e conheceu ao Senhor em uma experiência de primeira mão, sua taça está cheia. Mas o que será da geração mais jovem? O que acontecerá nos próximos dez anos se o Senhor ainda tardar? Você tem uma grande responsabilidade: a de orar pela geração mais jovem, incentivá-la e estimulá-la, ajudá-la a conhecer o Senhor diretamente. Seu papel não é encontrar realização no próprio sucesso, mas fazer tudo para que a geração mais jovem vá muito mais longe do que a sua.
Senhor, ajuda-nos a aguardar, com alegria e gratidão, por aquele dia, pelo qual já Te somos gratos.
Se você não costuma estar na presença de Deus, não fale a respeito de comunhão.
Ao olharmos para Cristo, ficamos tão conscientes Dele e de Sua cruz que não mais nos tornaremos obcecados com nossa própria pessoa, obsessão essa resultado da picada fatal da serpente. O novo homem sempre desvia os olhos de si mesmo e os fixa em Jesus, “o Autor e Consumador da fé” (Hb 21.2). Este é o grande segredo para avançarmos em direção à maturidade na vida cristã, tornando assim possível o avanço vitorioso para as margens espirituais do Jordão, à terra de Canaã, que tipifica a plenitude da vida de Cristo.
Nenhum ministério, por mais rico que seja, jamais poderá transmitir ao Corpo todas as riquezas do Cabeça.
Entregamos uma vez mais esta publicação e a nós mesmos em Tuas mãos queridas. Tu sabes que o que possuímos de nosso são apenas cinco pães e dois peixinhos, que não podem nem mesmo satisfazer a nós, quanto mais atender à necessidade da multidão que nos rodeia! Assim, olhamos para Ti, esperando que nos abençoes como fizeste tanto tempo atrás com a multidão que alimentaste. Quando Tu abençoas, um grande milagre acontece! Oh, como gostaríamos de ver com nossos próprios olhos este mesmo milagre, aqui e agora! Mas, Senhor, nós não queremos insistir em que Tu devas nos abençoar. Sabemos profundamente em nosso coração que a lição Tu queres que aprendamos é que obedecer ao Mestre e segui-Lo é nossa responsabilidade, mas a de abençoar é Tua! Prostramo-nos diante de Teu caminho! Concede-nos o descanso por podermos deixar os resultados e o futuro em Tuas mãos poderosas. Oramos e agradecemos no nome maravilhoso de nosso Senhor, Jesus Cristo. Amém!
Essa edição de Gotas de orvalho é especial, pois é dedicada a um único autor: Christian Chen. É possível que a grande maioria dos cristãos brasileiros não conheça esse precioso servo do Senhor, a quem Ele chamou no dia 27 de julho passado. E o irmão Christian nunca quis mesmo ser conhecido: ele queria que o Senhor Jesus fosse conhecido, amado, seguido e obedecido.
Chen Xizeng nasceu em Fuchou, China, e se converteu ao Senhor aos 14 anos. Não muito depois, mudou-se para os Estados Unidos. Lá, na igreja em Nova York, foi espiritualmente orientado por Stephen Kaung, amado irmão (ainda vivo, servindo a Deus com 102 anos!) que foi cooperador de Watchman Nee na China até a prisão deste, em 1952. Pelo irmão Stephen, foi apresentado aos ricos tesouros depositados pelo Senhor em Seu Corpo ao longo dos séculos.
Como doutor em física nuclear, foi convidado para lecionar na Universidade de São Paulo (USP). Aqui no Brasil, percebendo que os filhos de Deus pouco conheciam, de fato, a Escritura, dispôs-se ao Senhor para, de algum modo, servir a Seu povo. Após dois anos de oração e de comunhão com outros irmãos, decidiu criar uma revista, chamada À maturidade, em que publicava artigos de muitos preciosos servos de Deus de todas as eras. Em decorrência da acolhida da revista por inúmeros cristãos, começou também uma conferência semestral com o objetivo de capacitar cristãos, principalmente jovens, a manusear bem a Palavra da verdade. Suas mensagens eram sempre caracterizadas pela vasta cultura e pela piedade. Ele usava todos os conhecimentos da ciência para ratificar a autoridade da Escritura e para estimular a todos a amarem o Senhor.
Para a publicação da revista, comprou uma máquina de xerox “industrial”, cujo uso intenso provocou-lhe catarata. Por recomendação médica, deveria reduzir seu ritmo de trabalho. Mas, por fidelidade a seu chamado e por amor a seu Senhor, intensificou-o.
Em seu zelo pela preservação e divulgação da preciosa herança cristã, o irmão Christian compilou, com outros irmãos, um hinário chamado Christ in Song (Cristo nos cânticos) com 871 hinos, de todas as eras, cujo foco é exclusivamente Cristo.
Em 1999, tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, e o impacto é inesquecível. Aquele irmão, de quem eu mal ouvira falar (ou ouvira falar mal…) e que eu já supunha falecido, recebeu a mim e a mais quatro irmãos na casa de seu irmão, em São Paulo. Ele vinha de uma semana de conferência em Curitiba e embarcaria naquela noite para os Estados Unidos. Portanto, estava cansado. Mas aceitou nosso pedido para ouvir nossas dúvidas. Éramos um grupo de cristãos machucados, enganados pelo movimento evangélico do qual havíamos participado, cheios de questionamentos, rancores, frustrações, desilusões. E ele nos ouviu. Apenas ouviu, em silêncio, recusando-se até mesmo a comer o lanche que lhe foi oferecido.
Então, falou. Nós lhe havíamos dado toda a munição necessária para ele se promover como nosso novo guru espiritual, ou para criticar as pessoas que nós criticávamos, para confirmar que, de fato, aqueles homens que citamos eram hereges, para dizer que tínhamos razão em nossas críticas… Mas não fez nada disso. Apenas nos encorajou a buscarmos o Senhor, buscarmos a Ele mesmo. Não recordo de todas as suas palavras, mas uma de suas frases, a penúltima das citações acima, foi o que de mais marcante, libertador e revolucionário eu ouvi aquela tarde, cujos efeitos me beneficiam até hoje. Vindo, como eu vinha, de um “ministério” que se pretendia ser a última, definitiva e autorizada revelação de Deus, fui instantaneamente libertado por aquela frase do irmão Christian, dita de modo doce, singelo, sem qualquer insinuação. Ela pode parecer óbvia e sem qualquer apelo, mas, se o leitor considerá-la em oração, verá as profundidades que ela encerra.
No final daquele ano, com a grande expectativa da chegada do ano 2000, inauguração de um novo século, de um novo milênio, tive a oportunidade de participar de uma conferência que ele deu, cujas mensagens depois eu editei e foram publicadas na forma de livro, chamado O duplo chamamento. Desse livro vem a primeira das citações, que aponta para o fato de termos sido chamados para uma vida com Deus, não para rituais externos, não para pretensões eclesiásticas, não para a preservação de cascas vazias.
O Campos de Boaz deve muito ao irmão Christian. Seguimos, com nossas extremas limitações, o mesmo encargo que ele teve para criar a revista À maturidade: divulgar, para o povo de Deus, as riquezas de nosso amado Boaz celestial, o glorioso Senhor Jesus. A figura da respiga nos campos do Senhor eu a aprendi também com ele, por meio da revista, e essa seção, Gotas de orvalho, foi inspirada em uma seção de mesmo nome da revista À maturidade, da qual freqüentemente publicamos artigos. Ela é um tesouro de preciosidades hoje como era em seu lançamento, 40 anos atrás.
A última citação acima é uma oração do amado irmão Christian, publicada, anonimamente, na seção “Diretamente da escrivaninha do editor – Esquina de comunhão” da revista À maturidade n. 1, publicada no verão de 1977. Ela é, também, a oração de todos os que cooperam com o Campos de Boaz.
Somos muito gratos ao Senhor por ter-nos permitido conhecer a esse amado servo que não fazia questão de ser conhecido. Que o Senhor multiplique os grãos que esse fiel servo colheu e distribuiu entre o povo de Deus nos dias de sua peregrinação.
“Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (Jo 14.6).
Freqüentemente escutamos a experiência de outros e sentimos sua preciosidade, mas vemos apenas um método que outra pessoa tocou em vez de vermos o Senhor. Como resultado, sofremos derrota após derrota. A principal razão é não conhecermos o Senhor como o caminho.
Procuremos entender que crer na pessoa do Senhor e crer em uma fórmula são duas propostas totalmente diferentes. Pela graça de Deus, o cristão tem os olhos abertos para ver que tipo de pessoa é; por essa razão põe a si mesmo de lado e crê no Senhor, confiando Nele para fazer em seu interior o que ele mesmo não pode fazer. Como conseqüência, ele obtêm liberdade e está plenamente satisfeito diante de Deus.
Mais tarde, entretanto, outra pessoa se interessa por Cristo por intermédio dele. Depois de ouvir o testemunho da primeira pessoa, esta também pede a Deus para iluminá-la a fim de que possa conhecer que é um homem inútil. Ela também aprende a crer em Deus e a humildemente abandonar a si mesma. Ainda assim estranhamente percebe que não recebeu a libertação como na experiência da outra pessoa. Qual é a explicação para isso?
É porque o primeiro irmão tem fé viva que o habilita a tocar o Senhor tanto quanto a crer em Deus, enquanto o segundo irmão não tem fé, mas somente uma “fórmula de fé copiada”; portanto não encontrou Deus. Resumindo, o que este segundo irmão tem é um método, não o Senhor. Um método não tem poder nem eficácia; por não ser Cristo, é simplesmente uma coisa morta.
Por essa razão, então, devemos, após ouvir uma mensagem ou um testemunho, examinar-nos a fim de saber se encontramos o Senhor ou meramente entendemos um método. Não há libertação no conhecimento de um método como há no conhecimento do Senhor. Ouvir como Ele ajuda outros não irá nos salvar. Somente nossa confiança no Senhor é eficaz. As palavras em ambos casos podem nos parecer as mesmas, mas as realidades são completamente diferentes. O Senhor é o Senhor da vida. Qualquer um que O toque toca a vida. Somente tocar o Senhor pode dar vida.
(Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
“Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (Ef 3.1).
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (4.1).
“Sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9).
“Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus” (2Tm 1.8).
Há um sentido muito real em que o apóstolo Paulo, em sua pessoa e experiência, foi uma corporificação da história da Igreja nesta era. Na verdade, parece ser um princípio na economia divina que aqueles a quem uma revelação foi confiada devem tê-la tão trabalhada em seu próprio ser e em sua história que sejam capazes de dizer: “Eu sou um sinal para vocês”. Ao considerar os trechos citados, vemos que o fim da vida de Paulo experimentou um processo de estreitamento e limitação operando por meio de “uma grande apostasia”, por um lado, e um confinamento do geral para o específico, em que ele, Paulo, representou o testemunho do outro. Isso é precisamente o que está predito quanto às condições relativas ao “fim”, e não é sem importância que seja especialmente mencionado nas declarações proféticas a Timóteo, na carta final. Desse modo, a ocorrência da expressão “o prisioneiro do [no] Senhor” nos últimos escritos é profética em seu significado, e maravilhosamente explicativa da forma final da soberania do Senhor.
O que temos aqui, então, é
1. O instrumento do testemunho do Senhor em um lugar de limitação, pela vontade de Deus.
Ao lermos o registro dos incidentes que levaram Paulo a Roma como prisioneiro – especialmente quando lemos as palavras de Agripa: “Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para César” (At 26.32) –, não podemos deixar de sentir que houve erros e acidentes, mas para os quais poderia ter havido um resultado muito mais propício, e o ministério geral do apóstolo poderia ter-se estendido. Pode ter havido momentos de estresse, quando o próprio Paulo foi tentado a se perguntar se não tinha sido impulsivo ao apelar ao imperador. Mas, conforme avançava, e quando o Senhor falou com ele, ocasionalmente, dando-lhe luz, ficou claro que, apesar da coisa ter sido humanamente realizada, havia o governo soberano de Deus em tudo e que ele estava na prisão, não como prisioneiro do imperador, mas como o prisioneiro no Senhor.
Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.
Talvez Paulo não tenha aceito isso tudo de uma vez. Possivelmente ele não tenha percebido como isso iria operar. Um julgamento e uma libertação mais ou menos rápidas podiam ter estado em sua mente. Alguma esperança de um ministério posterior entre os amados santos parece não estar ausente de sua correspondência. (Provavelmente, havia decorrido um curto período desde a libertação da primeira prisão.) Por fim, no entanto, ele aceitou totalmente que estava se tornando cada vez mais claro como o caminho do Senhor, e cresceu nele a certeza de que esse caminho estava de acordo com os maiores interesses do Corpo de Cristo. Assim, vemos que, quando vem o momento do povo do Senhor ser colocado face a face com as coisas últimas e supremas da revelação de Jesus Cristo – coisas além da salvação pessoal, coisas que se relacionam com a mente de Deus desde os tempos eternos e bem além de ser salvo –, então, tem de haver um estreitamento, um confinamento, um limitante. Muita atividade que foi feita, e tudo que foi feito a fim de trazer coisas para determinada posição e estado, agora cessam para levá-los mais adiante, e algo mais intensivo é necessário.
O que representa o testemunho em sua aproximação mais completa e mais próxima do propósito final de Deus, então, tem de ser despojado de muito do que tem sido bom, necessário e de Deus numa forma preparatória, e deve ser encarcerado para o que é final . O cativeiro não é uma verdade concebida ou uma aceitação doutrinária imposta. Ele é operado em cada fibra do ser pela experiência que segue à revelação, e a revelação interpreta a experiência. Não é a vitória de alguma interpretação defendida: é a própria vida dos instrumentos, e o instrumento é aquilo em seu próprio ser. Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.
2. A importância e o valor de ver e aceitar as coisas na luz de Deus
Isso se aplicava a Paulo e àqueles que estavam com ele. Para o apóstolo, estar confortável na soberana ordenação de Deus em sua prisão resultava em iluminação crescente que levava à emancipação espiritual.
Ninguém pode deixar de reconhecer o enorme enriquecimento do ministério como o contido nas que são chamadas de “epístolas da prisão”: [ Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom]. Se ele tivesse sido obstinado, ressentido, rebelde ou amargo, não teria havido o céu aberto, e um espírito de controvérsia com o Senhor teria fechado e selado a porta para as mais plenas revelações e aclaramentos divinos.
Quando tudo foi aceito de acordo com a mente do Senhor, logo “os lugares celestiais” se tornaram as extensões eternas de sua caminhada sobre a terra, e servidão terrena deu lugar à liberdade celestial. Assim deve ser com cada instrumento separado para os interesses superiores do testemunho do Senhor.
A leitura de certas passagens em suas cartas e o registro de sua prisão mostra como isso se aplicava aos outros. Considere as seguintes:
“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu” (2Tm 1.8).
“E Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia todos quantos vinham vê-lo […] e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.30,31).
“O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou” (2Tm 1.6,7).
É evidente que essas passagens indicam que tinha de haver uma compreensão divina e não apenas uma apreciação humana da posição de Paulo. Níveis humanos de mentalidade teriam produzido uma atmosfera de dúvida, desconfiança, questionamentos, e teriam deixado elementos de falsa imputação. Considerada em linhas meramente naturais, a associação com o prisioneiro teria envolvido tais associados em suspeita e preconceito. A dúvida sobre o servo do Senhor era muito difundida, e até mesmo muitos do povo do Senhor não tinham certeza sobre ele. Mas o Senhor estava fechando uma revelação muito importante para esse canal, e para os que estavam realmente em necessidade espiritual; estes que tinham de permanecer em uma relação viva com a plenitude do testemunho da identificação com Cristo na morte e na ressurreição, na união no trono com Ele, o poder sobre principados e potestades, e para o ministério “nos séculos vindouros”, tinham de ser postos de lado de todas considerações humanas, pessoais e diplomáticas, e permanecer bem ali com o instrumento com que Deus os colocou na prisão honrosa. Para a posse do que estava por vir por meio do vaso, tinha de haver uma ida ao lugar em que o vaso1 estava, sem consideração por reputação, influência ou popularidade.
Dessa forma, o Senhor peneira Seu povo e encontra quem realmente é inteiramente para Ele e para Seus testemunho, e quem age em qualquer medida por outras considerações e interesses. O instrumento nessa posição de rejeição popular é, portanto, a ferramenta de busca do Senhor pelos realmente necessitados e pobres de espírito. Eles serão encontrados e terão suas necessidades satisfeitas.
A outra verdade que permanece aqui, então, é que
3. Vergonha, desprezo e limitação são muitas vezes formas de Deus enriquecer todo o Corpo de Cristo.
Tem sido sempre assim. A medida de aproximação à plenitude da revelação tem sido sempre acompanhado por um custo relativo. Cada instrumento do testemunho tem sido colocada sob suspeita e desprezo em uma medida proporcional ao grau de valor para o Senhor, e isso fez com que, humanamente, eles sejam limitados a esse ponto. Muitos têm apostatado, caído, se afastado, duvidado, temido e questionado. Mas, como Paulo pôde dizer: “Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória” (Ef 3.13.), ou: “Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (v. 1), então, a medida de limitação no Senhor é a medida de enriquecimento de Seu povo. Quanto mais completa a revelação, menos aqueles que a apreendem ou maior o número daqueles que permanecem ao longe. Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação, e tê-los experimentalmente significa compartilhar o custo de alguma forma. Mas essa é a maneira divina de garantir para Deus um lote2 de semente espiritual.
Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação.
Um lote de sementes é uma coisa intensiva. Ali as coisas são reduzidas a dimensões muito limitadas. Não é algo visível de grande extensão que está imediatamente em vista, mas as coisas são consideradas, em primeiro lugar, à luz da semente. O verdadeiro significado das coisas não é sempre reconhecido lá, mas você pode viajar por todo o mundo e encontrar um grande número de jardins que são a expressão daquele intensivo e restrito lote de sementes. Se alguma vez houve tal lote de semente, foi a prisão de Paulo em Roma.
Tudo isso pode se aplicar a vidas individuais em relação ao testemunho do Senhor. Muitas vezes pode haver um atrito contra a limitação, o confinamento, e um desejo inquieto por aquilo que chamaríamos de algo mais amplo ou menos restrito. Se o Senhor nos quer no lugar em que estamos, nossa aceitação disso em fé pode provar que isso se torna uma coisa muito maior do que qualquer avaliação humana pode julgar. Gostaria de saber se Paulo tinha alguma idéia de que sua prisão significaria sua contínua expansão de valor para o Senhor Jesus ao longo 1.900 anos? O que se aplica a indivíduos também se aplica aos ajuntamentos, assembléias ou grupos do povo do Senhor espalhados na terra, mas um em sua comunhão com respeito ao testemunho pleno do Senhor.
Que o Senhor esteja graciosamente agradado de fazer com que o aspecto meramente humano dos muros da prisão sejam expulso e nos dê a percepção de que, longe de ser limitada por homens e circunstâncias, é prisão no Senhor, e isso significa que todas as era e todos os reinos entram por essa prisão.
(De Toward a Mark (Em direção à marca), jan-fev 1980, vol. 9-1.)
(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)
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1Instrumento e vaso, como visto neste artigo, são termos normalmente usados por Austin-Sparks para se referir aos servos de Deus. (N.T.)
2No sentido de um canteiro, um terreno pequeno. (N.T.)