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Apologética Cruz James M. Flaningan

A vitória da Sua ressurreição (2)

Morreu e ressuscitou!

Leia a primeira parte do artigo.

O testemunho dos lençóis do sepulcro

Parece que Maria Madalena e o pequeno grupo de mulheres vieram cedo ao sepulcro, naquela terceira manhã, com a intenção de completar a unção do corpo de Senhor, que havia sido feita apressadamente na tarde do dia da Crucificação. Para isso elas levavam consigo as especiarias necessárias (Mc 16.1; Lc 24.1). Entretanto, ao se aproximarem do sepulcro elas viram que a grande pedra havia sido removida, e logo pensaram que o corpo de Jesus havia sido removido por alguma pessoa ou pessoas desconhecidas. Talvez as outras mulheres tenham demorado por ali para investigar, mas Maria Madalena partiu apressadamente para avisar Pedro e João dizendo: “Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram” (Jo 20.2). Como seria de esperar, aqueles dois discípulos foram imediatamente ao jardim, e João, o mais novo, ultrapassou Pedro, e chegou primeiro. Ele inclinou-se, olhou para dentro e viu os lençóis de linho no chão. A palavra traduzida “no chão” é muito importante. Por que não dizer simplesmente “ele viu os lençóis?” Haveria algo importante sobre a posição dos lençóis que chamou a atenção do discípulo? Tendo notado este fato João não entrou. Foi então que Pedro chegou e, típico deste discípulo impulsivo, ele entrou imediatamente no túmulo e viu, ele também, os lençóis “no chão”, e viu também o “lenço” que envolvera a cabeça do Salvador, como um turbante, não “no chão” com os lençóis, mas num lugar à parte. João então entrou no sepulcro e viu, e creu. Tudo ali evidenciava um milagre!

Devemos notar aqui diversos fatos importantes. Primeiro, se de fato o corpo tivesse sido roubado, por que os ladrões simplesmente não o levaram como estava enrolado nos lençóis? Por que perderam tempo removendo os lençóis e deixando-os no túmulo? Seria estranho, para começar. Mas, em segundo lugar, os lençóis estavam no “chão”, e a palavra no original significa que estavam estendidos exatamente da mesma forma como quando envolviam o corpo do Salvador, exceto pelo fato que o peso das especiarias dentro deles causou um achatamento, embora ainda retivessem o formato de rolo, camada sobre camada. Como Henry Lathan escreveu, em seu ótimo livro The Risen Master [O Mestre ressurreto]: “Se uma pessoa grega quisesse expressar a idéia de ‘estendido no chão’ ou ‘deitado estendido’, esta seria a palavra que ele usaria”. Os lençóis não foram deixados num monte embolado no chão. Eles “jaziam” estendidos de forma ordeira, mas o corpo desaparecera.

Uma terceira coisa a ser notada, e que é frequentemente ressaltada, é o fato que nos versículos que registram esses acontecimentos (vv. 5-8) são usadas três palavras diferentes para “ver”. Quando João chegou primeiro ao sepulcro ele parou do lado de fora, abaixou-se, olhou para dentro e “viu” (blepo, 991) os lençóis no chão. É a palavra comum para visão, e ver. João simplesmente viu os lençóis no chão do sepulcro. Mas Pedro, tendo entrado, “viu” (theoro, 2234) a posição dos lençóis. Esta palavra indica que Pedro estava examinando, considerando o que via, teorizando, tentando chegar a uma explicação pelo que via. Para citar Henry Lathan novamente: “João apenas viu o que não podia deixar de ver através da porta, mas Pedro olhou atentamente, com um propósito em mente; ele queria entender como o corpo poderia ter sido removido”. Em seguida, João entrou também e “viu” (eido, 1492) e creu. João agora viu com entendimento. Era, poderíamos dizer, um: “Agora vejo!” Ele vira, de fato, a evidência de um milagre. A mortalha jazia estendida, camada sobre camada, como já notamos, exatamente como estivera quando envolvia o corpo de Jesus, mas achatada sob o peso da mirra e aloés (19.39), mas o corpo do Salvador não estava mais nele. Mas como? Mesmo sem qualquer consideração das Escrituras naquele momento (20.9), João estava convencido da veracidade da ressurreição de Cristo.

Havia ainda o lenço que estivera envolvendo a cabeça do Senhor. Este não estava “com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte” (v. 7). Devemos lembrar que no túmulo haveria um recesso no qual o corpo estaria, e no seu final uma saliência, um tipo de degrau, de duas ou três polegadas de altura, que servia de travesseiro. A maneira oriental de preparar um corpo para o sepultamento era envolvê-lo todo, colocando especiarias entre as camadas, exceto a cabeça e o pescoço. A cabeça era tratada separadamente, envolta com um turbante que deixava o rosto à vista. Assim preparado, era o costume depositar o corpo com a cabeça repousando sobre a saliência. O que os discípulos agora viram foi que o lenço, o pano ou toalha, que envolvera a cabeça do Senhor não estava “no chão” com os lençóis de linho. Não estava achatado como eles, pois não teria peso suficiente de especiarias para fazê-lo ceder. Também, não havia sido caprichosamente dobrado e colocado em algum outro lugar. Nem fora colocado com os lençóis de linho. Estava num lugar sozinho, separado dos lençóis, sobre aquele travesseiro de pedra, e ainda enrolado como estivera ao envolver a cabeça do Salvador. Como diz uma tradução: “Não junto com os lençóis, mas enrolado em seu próprio lugar” (Moffatt).

Os lençóis e o lenço juntos serviram de testemunho para Pedro e João de que um milagre acontecera. A mortalha fora esvaziada e deixada intacta como um testemunho à ressurreição. Não nos surpreende ver que os discípulos saíram “admirando consigo” (Lc 24.12) sobre o que tinha acontecido. Isso não significa que eles deixaram o sepulcro duvidando. Eles saíram do jardim com admiração, maravilhando-se com o que tinham visto, pois este é o sentido da palavra “admirando” (thaumazo, 2296).

O testemunho de Maria Madalena

Alguém pode perguntar por que os discípulos foram para casa e deixaram uma mulher chorando, sozinha no jardim. Pode ser que eles nem perceberam que ela estava ali. Pode ser que ela tenha se isolado entre as folhagens do jardim, preferindo estar sozinha na sua tristeza. Mas, quando eles partiram, Maria permaneceu. Ela demorara junto à Sua cruz, e agora permaneceu junto ao Seu sepulcro. Conforme registrado em João 20, chorando, ela se abaixou como João fizera, pois a entrada do sepulcro tinha somente pouco mais de um metro de altura, e olhando para o seu interior por entre lágrimas ela viu dois anjos vestidos de branco assentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde o corpo de Jesus jazera. Maria não estava muito interessada em anjos. Ela bem poderia ter usado as palavras de outra mulher, que disse: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” (Ct 3.3). Mas os anjos falaram bondosamente a ela: “Mulher, por que choras?” (Jo 20.13). Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram”; e tendo dito isto, ela virou-se. Parecia haver certa indelicadeza no seu gesto. Será que ela observou os anjos olhando para além dela, como se estivessem vendo alguém às suas costas? Ou teria ela ouvido passos discretos? Seja como for, ela voltou-se e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Ele lhe fez a mesma pergunta que os anjos haviam feito, mas com a terna adição: “Mulher, por que choras? A quem buscas?” (v. 15). Com certeza Ele sabia o significado daquelas lágrimas, e sabia também a quem ela buscava. Pobre Maria, ela supôs que falava com o hortelão, mas se ele soubesse onde o corpo do seu Senhor estava, então que tão somente o dissesse, e ela o levaria. Como poderia ela ter feito isso? Entretanto, o amor não se detém para calcular minúcias. Maria queria aquele a quem ela amava, e de alguma maneira haveria de levar aquele corpo sagrado. Note que agora ela dera as costas ao suposto hortelão, mas ao ouvir aquela única palavra: “Maria”, ela se volta imediatamente para Ele. Seria a forma do nome que Ele usou: “Míriam”? Ou foi o tom familiar da Sua voz? Ou foi um momento de revelação àquela alma devota? Sua resposta foi uma única palavra, assim como a Sua saudação havia sido: “Raboni”, “Meu Mestre”, ela disse, e se apegou a Ele. Mas Ele disse: “Não me detenhas” ou, em outra tradução, “Não me segure”. Ele ainda não havia subido para o Pai, e haveria outras oportunidades de vê-Lo novamente. Por agora, ela deveria ir aos discípulos e divulgar a nova a todos eles. Quem poderia ter convencido Maria Madalena de que seu Senhor não havia ressuscitado de entre os mortos? Ela nunca esqueceria aquela cena no jardim. Maria O viu, O tocou e conversou com Ele. Aquele que estivera morto esta novamente vivo. Havia de fato ressuscitado.

O testemunho das mulheres

Devemos lembrar que outras mulheres também foram ao sepulcro naquela manhã com Maria, e pode ser que houve outras que, além destas, também visitaram o sepulcro. Em algum momento estas mulheres, assim como Maria, viram ali um anjo que disse: “Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos” (Mt 28.1-10). Elas partiram apressadamente, com sentimentos confusos de espanto e grande gozo, para levar as notícias, mas no caminho Jesus saiu-lhes ao encontro e falou uma palavra: “Salve”, que significa “Saudações, regozijai” (chairo, 5463). Elas abraçaram os pés Dele num ato de homenagem e reverência, e O adoraram. Ele então as mandou ir e dizer a Seus irmãos que logo os veria. Elas tiveram a garantia através do mensageiro angelical de que o Salvador estava vivo, mas agora, melhor ainda, elas O tinham visto e ouvido e O tocado. Não restava agora dúvida alguma quanto à Sua ressurreição. Ninguém poderia persuadir estas mulheres de que o seu Senhor não havia ressuscitado dentre os mortos.

O testemunho da dupla de Emaús

Foi depois disso, no mesmo dia, que dois discípulos caminhavam juntos pela estrada de Jerusalém a Emaús, cerca de onze quilômetros (veja Lc 24.13-35). É fácil crer, como muitos, que eles eram marido e mulher, embora isso não possa ser provado, mas realmente não importa. Ao caminharem juntos conversavam entre si e falavam sobre os acontecimentos dos dias anteriores. Estavam tristes, e isso era visível nos seus rostos. Foi então que o Forasteiro se juntou a eles. Ele falava com eles sobre os acontecimentos recentes como se fosse, de fato, um viajante solitário que não estivesse a par de tudo que acontecera. Jesus de Nazaré, que eles criam ser o Redentor prometido, fora entregue pelos seus líderes e crucificado, eles Lhe disseram. Eles falaram e em seguida Ele lhes falou, e abriu-lhes as Escrituras que profetizavam sobre os mesmos sofrimentos e morte do Messias que eles haviam testemunhado. Portanto, não deveria o Cristo ter padecido o que fora profetizado e então entrar na Sua glória? Eles devem ter crido em tudo que os profetas falaram, e assim essa conversa continuou até que chegaram à sua casa em Emaús. Com grande cortesia, Jesus, ainda desconhecido deles, fez como quem ia para mais adiante, mas eles O constrangeram a ficar com eles, e Ele se sentou à mesa com eles. Quase imperceptivelmente, Ele parece ter trocado de lugar com eles. Ele se tornou o anfitrião. Agora eles eram os convidados, quando Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e o deu a eles. Naquele momento os seus olhos foram abertos e eles O reconheceram, mas Ele desapareceu da vista deles. Mas era o bastante! O Salvador estava vivo! Eles O viram; ouviram-No; conversaram com Ele; e Ele se assentara à mesa com eles. Apressadamente, então, eles voltaram a Jerusalém naquela mesma hora, com corações que ardiam, para relatar a história aos onze que estavam reunidos. Que eloqüente orador infiel poderia persuadir este casal de que Jesus não estava vivo, ressuscitado dentre os mortos?

O testemunho de Pedro

Quando a dupla da aldeia chegou ao grupo de discípulos, a grande nova já os havia precedido. Os onze disseram: “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão” (v. 34). Muito pouco se sabe sobre esta aparição do Salvador ressurrecto, mas tal é a sua importância que Paulo a cita como prova da ressurreição de Cristo (1Co 15.5). Em algum lugar, em algum momento, por alguma razão, acerca da qual podemos somente fazer suposições, houve uma aparição especial do Senhor ressurrecto a Pedro, também chamado Cefas. Quem ousaria confrontar um homem como Pedro e tentar dizer-lhe que Jesus realmente não havia ressuscitado dentre os mortos? Ele diria simplesmente: “Mas eu O vi!”

O testemunho dos dez discípulos

Esta reunião dos “onze” em Lucas 24 é sem dúvida a mesma de João 20.19, da qual Tomé, por alguma razão desconhecida, estava ausente. Judas tinha partido, e assim o pequeno grupo de apóstolos, inicialmente conhecido como “os doze”, agora é chamado de “os onze”, embora um deles estivesse temporariamente ausente. Este termo tinha-se tornado como o termo “os doze”, usado para descrever aquele grupo apostólico, para diferenciá-los do grupo maior de discípulos. Eles estavam reunidos como que secretamente, atrás de portas fechadas por medo dos judeus. De repente, o Salvador pôs-se no meio deles, dizendo-lhes que não temessem, e mostrando-lhes as mãos e os pés como prova de que Ele era de fato Aquele que eles conheciam. Ele os convidou então a apalpá-Lo para mostrar-lhes que não estavam vendo um fantasma. Ele era de fato seu Senhor, ressuscitado dentro os mortos. Aqueles homens mais tarde pregaram ousadamente da ressurreição de Cristo. Eles O tinham visto!

O testemunho de Tomé

Como já foi mencionado, Tomé, por alguma razão desconhecida, estava ausente naquela ocasião. Quanto os discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor” (Jo 20.25), Tomé ficou cético. Afinal, ele vira o Salvador cravado na cruz, e sabia que uma lança havia traspassado o Seu lado. Se fosse para Tomé acreditar que se tratava realmente do Senhor, primeiramente ele precisaria ver e tocar o sinal dos cravos, e pôr a sua mão naquele lado traspassado. Do contrário, dizia ele, “de maneira nenhuma crerei”. Oito dias mais tarde o pequeno grupo estava reunido novamente e Tomé com eles. O Senhor apareceu no seu meio como fizera antes, e sabendo exatamente o que Tomé dissera Ele, em graça, o convidou a pôr o seu dedo nas marca dos cravos, e a sua mão no lado que fora traspassado. Tomé prostrou-se em adoração exclamando: “Senhor meu, e Deus meu!” Em certo sentido, a ausência de Tomé naquela primeira reunião provou ser uma bênção! Um cético foi convertido! O homem que dissera: “de maneira nenhuma o crerei”, é agora um crente convencido. Portanto, não fica insustentável, agora, a posição de incredulidade de outros? “Bem-aventurados os que não viram e creram” (v. 29).

O testemunho de sete discípulos junto ao lago

Esta história é contada em João 21. Pedro e Tomé, Natanael, Tiago e João e outros dois discípulos anônimos estavam reunidos junto ao Mar da Galiléia. Eles decidiram ir pescar por sugestão de Pedro, mas foi uma expedição infrutífera. Labutaram a noite toda e nada apanharam. Ao amanhecer, eles se aproximaram da praia e viram o Desconhecido na praia do lago. Assim como Maria no jardim, “eles não conheceram que era Jesus”. Ele lhes disse que lançassem a rede do lado direito do barco, e ao fazê-lo apanharam uma multidão de peixes. Foi João quem disse: “É o Senhor”. Logo depois estavam com Ele na praia. Ele acendera um fogo e assara um peixe e pão para eles, e depois de terem comido, Ele conversou ternamente com eles. Estes sete discípulos viram o Senhor ressurrecto. Mais tarde eles iriam, na sua pregação Pentecostal, testemunhar da Sua ressurreição.

O testemunho dos quinhentos

Não sabemos nada acerca dessa aparição do Salvador ressurrecto, além do fato que aconteceu, e isso é o suficiente! Muito provavelmente se deu na Galiléia, num lugar por Ele designado (Mt 28.16). Paulo, escrevendo talvez uns vinte e cinco anos mais tarde, podia dizer aos coríntios: “Depois apareceu, uma vez, a mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também” (1Co 15.6). Quinhentos de uma vez! Alguns já haviam morrido, mas a maioria ainda vivia quando Paulo escreveu, e podiam confirmar que viram de fato o Salvador ressurreto. Quem poderia duvidar deles?

O testemunho de Tiago

Tiago também teve um encontro pessoal particular com o Senhor, como Pedro tivera, em algum lugar, em alguma hora, por alguma razão, embora os detalhes não nos sejam revelados. Mas aconteceu (v. 7)! A observação do comentarista Albert Barnes é interessante. Comentando que este era Tiago, o irmão do Senhor, ele escreve: “Este Tiago, o autor da epístola que leva o seu nome, estava em Jerusalém. Quando Paulo foi para Jerusalém, depois da sua volta da Arábia, ele teve um encontro com Tiago (Gl 1.19): ‘E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor’, e é muito provável que Paulo lhe teria falado da visão que tivera do Senhor, no caminho para Damasco, e que Tiago também lhe contara que O tinha visto depois da ressurreição. Esta pode ser a razão por que Paulo menciona o fato; porque o havia ouvido dos lábios do próprio Tiago”. Fica cada vez mais difícil saber por que, ou como, os homens ainda podiam negar que Cristo ressuscitara, quando tantas testemunhas podiam se levantar e dizer: “Nós O vimos”.

O testemunho de Estêvão

A tocante história de Estêvão, o mártir, é contada em sua inteireza em Atos 6.8―7.58. Certos homens de uma das sinagogas de Jerusalém haviam disputado com Estêvão, mas foram incapazes de resistir à sabedoria com que lhes falava. Isso os levou a fazer com ele o mesmo que fizeram com seu Senhor antes dele: “Subornaram uns homens, para que dissessem: ‘Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus’. E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; porque nós o ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir esse lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu”. A blasfêmia com certeza era deles, e, quando os do conselho fitaram Estêvão, viram que seu rosto resplandecia como o rosto de um anjo! Em seguida temos o que é chamado de “a defesa de Estêvão”, e por algum tempo eles lhe deram atenção enquanto lhes falava. Mas, quando ele ousadamente os acusou de não aceitarem a mensagem dos profetas com relação ao Justo, e da sua rejeição daquele Justo, de quem eles eram traidores e assassinos, eles, irados, rangeram os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para os Céus, e viu a glória de Deus e Jesus em pé à destra de Deus. Seu testemunho para eles foi: “Eis que eu vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus”. Eles o lançaram fora da cidade e o apedrejaram até a morte, mas o grande legado de Estêvão, para nós, é sua visão do Cristo ressurrecto, um Homem na glória à destra de Deus.

O testemunho de Paulo

A história de Paulo é bem conhecida. Ele fora Saulo de Tarso, blasfemo e perseguidor dos cristãos. Ele estivera presente, concordando com o apedrejamento de Estêvão (7.58). Mas ao viajar para Damasco com o propósito de trazer cristãos presos para Jerusalém, ele se encontrou com o Cristo ressurrecto (9.3-6). Ele conta a sua própria história em Atos 22: “Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu. E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que Me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a Quem tu persegues.” Foi uma conversão imediata de um homem que pessoalmente confessa ter sido “um blasfemo e perseguidor, e um homem insolente e arrogante” (1Tm 1.13, JND), mas que mais tarde escreve: “Para mim o viver é Cristo” (Fp 1.21). O que mudara tão radicalmente um homem como Saulo de Tarso? Foi a visão do Cristo ressuscitado, o mesmo Homem na glória que Estêvão viu. Quem poderia persuadir Paulo de que não houve ressurreição?

O testemunho de João

Embora sejam muito extensas para esse breve artigo, as visões que João teve de Cristo, no livro de Apocalipse, precisam ser acrescentadas à lista de testemunhos ao Senhor ressurrecto. Vez após vez, ao longo do último livro do Novo Testamento e de toda a Escritura Sagrada, João escreve sobre Aquele que ele viu. Estava lá, na glória, o Homem que estivera no Calvário. Ele estava exaltado nos céus, onde multidões O adoravam e Lhe prestavam culto e onde cantavam Daquele que as amou, e as lavou dos pecados com Seu sangue. As memórias de Sua cruz e de Sua morte cruel nunca se apagarão, mas Ele diz de Si mesmo: “Eu sou […] o que vivo, e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém” (Ap 1.18). Ele vive no poder de uma vida eterna e na vitória de Sua ressurreição.

(Fonte da imagem)

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A vitória da Sua ressurreição (1)

Morreu e ressuscitou!

Introdução

Como aqueles que andam por fé e não por vista, os crentes no Senhor Jesus não se interessam muito em provar questões relativas a sua fé. No entanto, há uma grande verdade que é atestada por muitas provas: a ressurreição de Cristo dentre os mortos (At 1.3). Tal é a força da palavra “provas” (do grego tekmerion [5039 na concordância de Strong]), que os tradutores procuraram indicar e enfatizar essa força pelo uso da palavra “infalíveis”. O comentarista Adam Clarke escreve: “Por muitas provas de tal natureza, e ligadas com tais circunstâncias, de modo a torná-las indubitáveis, pois esse é o peso da palavra grega”. Algumas dessas provas são práticas e físicas; algumas, pessoais e algumas, experimentais, sendo o testemunho e o depoimento de vários indivíduos e grupos de pessoas que realmente viram o Salvador durante aqueles quarenta dias depois de Sua morte e de Seu sepultamento, quando Ele se mostrou novamente vivo, ressuscitado do sepulcro (At 1.3).

Os fatos de Sua morte

Não pode haver a menor dúvida sobre a realidade da morte de Cristo. A idéia proposta por certos críticos de que Ele realmente nunca morreu, mas apenas desmaiou, é ridícula ao extremo, e será considerada mais tarde. Depois de seis horas de dor e sofrimento, cravado na cruz, o Senhor Jesus clamou: “Está consumado”, entregou Seu espírito a Seu Pai, inclinou a cabeça e morreu (Jo 19.30; Lc 23.46). A lança cravado em Seu lado deu provas de que Ele havia de fato morrido, e o testemunho do centurião encarregado confirmou isto ao governador romano, que se maravilhou de que Cristo já estivesse morto (Jo 19.34; Mc 15.44). As Escrituras, redigidas mais tarde, não deixam lugar para dúvidas acerca da realidade da morte de Cristo. “Cristo morreu por nossos pecados […] Cristo morreu pelos ímpios […] Cristo morreu por nós” (1Co 15.3; Rm 5.6,8). Há uma abundância de declarações de Sua morte tanto no Antigo como no Novo Testamento, e nenhuma mente honesta pode questionar o fato de que Jesus morreu ou dele duvidar.

A maneira de Seu sepultamento

Já tarde no dia de Sua crucificação, dois influentes conselheiros judeus, José de Arimatéia e Nicodemos, rogaram a Pôncio Pilatos, o governador, pelo corpo de Jesus Cristo. O governador o concedeu, e, tendo tirado o corpo da cruz, os conselheiros o enrolaram numa mortalha com especiarias e o puseram numa tumba que nunca fora usada antes. Era um sepulcro puro, novo, nas vizinhanças do Gólgota, o lugar da crucificação (Jo 19.41). Era um túmulo localizado num jardim, esculpido numa rocha.

Se a lança que perfurou o lado de Jesus provou que Ele morrera, agora a pedra que foi rolada até a entrada da sepultura encerrou a história da vida maravilhosa que terminara na cruz naquela triste tarde. Jesus de Nazaré estava morto e sepultado. Sozinho, Ele jazia naquele sepulcro novo, e a grande pedra fechava a entrada.

A guarda e o selo

Ninguém duvidava agora que Jesus estivesse morto, e havia também testemunhas de Seu sepultamento naquele túmulo do jardim, mas os cínicos sacerdotes e fariseus ainda não estavam satisfeitos. Eles se lembravam de que em vida Jesus dissera: “Depois de três dias ressuscitarei” (Mt 27.63). Eles agora temiam que, de alguma forma, os discípulos de Jesus pudessem vir sorrateiramente durante a noite, roubar o corpo e proclamar ao povo: “Ressuscitou dentre os mortos” (v. 64). Esses líderes levaram, então, seus temores a Pilatos, exigindo que o sepulcro fosse guardado. Pilatos, talvez agora já impaciente com eles, disse: “Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes”. Essa foi a permissão de que eles precisavam para usar um destacamento dos guardas romanos, aquartelados na Fortaleza Antônia, junto do Monte do Templo, que às vezes faziam o serviço de guarda no Templo. Os guardas pontualmente tomaram suas posições junto ao sepulcro.

A grande pedra fechava a entrada. É bem provável que havia uma corda esticada na frente da pedra e presa nas paredes de pedra a cada lado da entrada com um selo de cera (Mt 27.66). A cera estaria carimbada com o sinete do governador, símbolo da autoridade do imperador. E havia também os guardas romanos. Com tantas precauções quem iria, ou quem se atreveria a roubar o corpo Daquele que ali jazia? Havia, assim, uma segurança tripla no túmulo do Salvador: a pedra, o selo e os soldados.

O sepulcro vazio

Por três dias houve silêncio. Foram dias tristes e solitários para aqueles que acompanharam o Salvador durante os anos de Seu ministério. Eles haviam caminhado com Ele, conversado com Ele, comido com Ele. Tinham ouvido Seu ministério, testemunhado Seus milagres e feito muitas perguntas; e Ele fora o seu fiel confidente, companheiro e amigo. Agora, Ele se fora. Dois deles que caminhavam juntos para Emaús disseram tristemente: “Nós esperávamos [confiávamos]…” (Lc 24.21). Eles usaram o tempo passado. Suas esperanças haviam sido despedaçadas. Durante três dias, tudo fora trevas para eles. Haviam porventura cessado de confiar, agora? Mas algo já havia acontecido naquele primeiro dia da semana, algo do qual eles ainda nada sabiam.

Aqueles que, ainda de madrugada, se dirigiram ao sepulcro foram surpreendidos ao encontrar a pesada pedra removida. O anjo do Senhor havia descido dos céus, removido a pedra da entrada e se assentado sobre ela, como que desafiando a morte e a sepultura. Os guardas, estremecidos de terror e desmaiados de pavor, estavam como mortos. E o túmulo estava vazio! Havia uma mensagem angelical para as mulheres, que elas deveriam transmitir aos discípulos: “Não tenhais medo, pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos Seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos” (Mt 28.5-7).

Em vão vigiam Seu leito,
Jesus, meu Salvador;
Em vão selam o túmulo,
Jesus, meu Senhor.

(Robert Lowry)

Portanto, esses são os fatos. O Salvador morreu e foi sepultado num túmulo novo. Apesar da guarda romana e do selo oficial, a pedra foi removida e a sepultura estava vazia no terceiro dia após o sepultamento. Como se explica o túmulo vazio? Ninguém jamais negou ou duvidou que o túmulo estivesse de fato vazio naquela manhã, mas os infiéis e céticos em vão se uniram para tentar negar a ressurreição de Cristo dentre os mortos. Várias teorias foram e são apresentadas para explicar o túmulo vazio. Essas devem ser consideradas somente para mostrar quão ridículas são e para fortalecer o cristão, mais uma vez, na grandeza da verdade de que Jesus está vivo. Um Homem ressurreto está agora exaltado em glória e entronizado nos céus à destra de Deus na vitória de Sua ressurreição.

O sepulcro vazio — as teorias

A primeira teoria foi, assim como todas as que a seguiram, uma grande mentira. Foi apresentada pelos guardas amedrontados, por instigação dos principais sacerdotes e anciãos dos judeus, senadores do grande Sinédrio. Esses homens conheciam o poder do suborno! Eles já haviam subornado Judas Iscariotes para que traísse Jesus, e agora subornaram os guardas para que espalhassem a mentira de que os discípulos haviam roubado o corpo enquanto eles, os guardas, dormiam. Tendo dado “muito dinheiro” aos guardas, eles lhes disseram: “Dizei: ‘Vieram de noite os Seus discípulos e, dormindo nós, O furtaram’” (v. 13).

Os principais dos sacerdotes e anciãos estavam numa posição extremamente embaraçosa, e vale a pena citar Albert Barnes, na íntegra, sobre esse assunto. Ele escreve:

Apesar de toda a precaução, era evidente que o corpo de Jesus desaparecera. Era evidente, também, que os discípulos afirmariam que Ele havia ressuscitado. Eles [os líderes religiosos] haviam se esforçado tanto para conseguir Sua morte. Haviam convencido Pilatos de que Ele estava morto. Haviam colocado uma guarda com o propósito explícito de evitar que Ele fosse tirado. Seria em vão, depois disso, fingir que Ele não morrera, que Ele havia desmaiado, que Ele somente morrera aparentemente. Eles haviam se privado disso, que teria sido a alegação mais plausível; e, qualquer que fosse o curso que agora adotassem, era necessário continuar a reconhecer que Ele realmente estivera morto e que todas as medidas apropriadas haviam sido tomadas para prevenir que fosse roubado. Eles concluíram, depois de confabularem entre si, que só restava um meio: subornar os soldados para induzi-los a contar uma falsidade, e tentar convencer o mundo de que, contra todas as probabilidades e apesar de seus esforços, o corpo de Jesus havia sido roubado.

Com o suborno veio também a promessa de que, caso isso chegasse aos ouvidos de Pilatos, eles lhes dariam cobertura e persuadiriam o governador quanto ao que havia acontecido. Pilatos costumava voltar para sua casa em Cesaréia depois da festa da Páscoa. Portanto, era possível que ele não viesse a ouvir os detalhes do que acontecera, pelo menos por um bom tempo. Mas, se ouvisse, os soldados não precisavam se preocupar, pois os judeus o “persuadiriam”, muito possivelmente com um suborno. Eles haviam subornado Judas, estavam subornando os soldados e podiam subornar Pilatos. Compare com aquele outro governador, Félix: “Esperando ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro, para que o soltasse; pelo que também muitas vezes o mandava chamar, e falava com ele” (At 24.26).

Essa foi, então, a primeira, a mais antiga das teorias de homens infiéis negando a ressurreição do Salvador. “Seu corpo foi roubado do sepulcro enquanto dormíamos”, disseram eles. Mas a teoria precisa ser examinada e seu engano, exposto.

O corpo realmente foi roubado?

Essa teoria é crivada de absurdos. É quase inacreditável que alguém pudesse acreditar numa mentira tão esfarrapada. Tantas perguntas podem ser feitas a partir dela:

  • Será provável que tantos homens dormiriam ao mesmo tempo ao ar livre?
  • Como poderia um guarda romano ter sucumbido ao sono quando, de acordo com as leis militares romanas, ser achado adormecido em serviço significava morte instantânea?
  • Poderiam eles estar tão profundamente adormecidos a ponto de não acordar com o barulho que deve ter sido feito para remover a grande pedra e tirar o corpo?
  • Como poderiam os discípulos, abatidos e desacorçoados como estavam, ter tentado eludir a guarda, remover aquela pedra pesada e levar o corpo embora?
  • Poderiam eles ter tido tempo suficiente para fazer tudo isso sem serem vistos por ninguém?
  • Que motivo teriam os discípulos para roubar o corpo? E teriam tantos deles arriscado e dado a vida, mais tarde, pregando uma ressurreição que eles sabiam não ter acontecido?
  • O absurdo mais claro e óbvio é: se aqueles soldados estavam dormindo, como poderiam saber que foram os discípulos que roubaram o corpo, ou que qualquer outra pessoa o tivesse feito? Mas a história deles foi repetida entre os judeus, durante muitos anos (Mt 28.15).

Quase nem vale a pena considerar a teoria de que os inimigos de Jesus roubaram o corpo, embora aparentemente haja quem acredite nisso. A pergunta que precisa ser feita e respondida é: “Se de fato os inimigos roubaram o corpo, por que, quando os discípulos de Jesus começaram a pregar que Ele ressuscitara dentre os mortos e estava vivo, aqueles que supostamente roubaram o corpo não o apresentaram?” Tem sido dito que, se tivesse sido verdade que roubaram o corpo, e se os inimigos o tivessem apresentado, a cristandade teria se desfeito numa explosão de gargalhadas. Teria sido a morte da pregação apostólica. Naturalmente, Seus inimigos não tinham razão alguma para roubar o corpo de Jesus. Eles estavam mais interessados em mantê-Lo no túmulo.

Jesus realmente morreu?

A teoria de que o Salvador não morreu, apenas desmaiou, é crida e ensinada por muitos até o dia de hoje. Ela é tão absurda quanto a primeira teoria e, novamente, é propagada por aqueles que escolhem negar a verdade da ressurreição corporal de Cristo. O túmulo vazio tem sido chamado de um “fato teimoso”. É aceito por todos, e não é possível negá-lo. Tanto as autoridades romanas como as judaicas sabiam que, inegavelmente, o túmulo em que o corpo de Jesus fora posto estava agora vazio. Mas como? Ou por quê? Precisava ser explicado de alguma forma.

Os propagadores dessa teoria “do desmaio” querem que os homens acreditem que seis horas de sofrimento, cravado pelas mãos e pés na cruz, e por três daquelas horas suspenso sob o sol escaldante de Jerusalém, haviam causado uma profunda condição de entorpecimento em Jesus que parecia ilusoriamente morto. Argumentam que, nessa condição, o Senhor foi carregado para o túmulo, envolto na mortalha de linho por José e Nicodemos, e posto no sepulcro ainda conservando a aparência de morte. Eles dizem que, após três dias de repouso no frescor do sepulcro escavado na pedra, Jesus despertou. Foi, segundo eles ensinam, uma ressuscitação, e não uma ressurreição.

Em seguida, vem a coisa realmente difícil de acreditar! Não se explica como o Salvador removeu a mortalha que o envolvia, deixando os lençóis dobrados de forma ordeira no chão do túmulo, nem como removeu a pedra, escapou da guarda e, de alguma forma, se escondeu até decidir se mostrar a Maria, de manhãzinha naquele jardim, e, depois, caminhou por onze quilômetros até Emaús sobre pés feridos! A que ponto os homens vão para negar a ressurreição de Cristo entre os mortos!

Estariam as mulheres no túmulo errado?

Há ainda outra teoria apresentada por mentes incrédulas. Dizem que aquelas primeiras visitas ao sepulcro, sendo mulheres aflitas, foram ao túmulo errado, e não àquele no qual o Salvador fora sepultado. Enfatizam que elas foram de manhã muito cedo, “sendo ainda escuro” (Jo 20.1). Não teriam elas ido ao túmulo errado? Mas Maria Madalena e suas companheiras conheciam bem o lugar. Haviam observado enquanto os dois homens cuidaram do sepultamento do Salvador (Mt 27.61). Além disso, o túmulo era do próprio José. Não teriam ele e Nicodemos corrigido imediatamente qualquer erro que as mulheres tivessem cometido? E não teriam também as autoridades corrigido a história, quando os discípulos começaram a pregar sobre a ressurreição de Jesus? Proponentes dessa teoria absurda precisam também explicar se Pedro e João estavam igualmente equivocados acerca do túmulo quando foram e o encontraram vazio.

Teorias infiéis ou provas infalíveis?

Com certeza, concordamos que todas essas teorias infiéis nada mais são do que falácias e invenções. São o produto de mentes incrédulas que rejeitam a autoridade das Sagradas Escrituras e preferem seu próprio raciocínio carnal. É mais difícil crer nelas do que na simples e gloriosíssima verdade de que, na terceira manhã depois de Sua morte, o Salvador estava vivo, triunfantemente ressuscitado dentre os mortos. Nos quarenta dias subseqüentes, e, antes de Sua ascensão aos céus, Ele “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas” (At 1.3), e é um prazer examinar agora essas provas e ouvir os muitos depoimentos que dão testemunho de Sua ressurreição. Como já notamos, há muitos indivíduos e grupos de homens e mulheres que realmente viram o Salvador ressurrecto. Andaram com Ele e falaram com Ele e, pelo menos em uma ocasião, comeram com Ele. Com alegria e boa vontade eles darão seu testemunho ao fato de que Seu túmulo está vazio pelo simples fato Dele estar vivo.

(A conclusão do artigo estará em A vitória de Sua ressurreição (2).)

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Encorajamento Salvação

Entrar no descanso de Deus

A base eterna de nosso eterno descanso

O primeiro dia de Adão nesta Terra foi um sábado. Deus criou o homem no sexto dia, e o primeiro dia completo que o homem teve foi o sábado, que se tornou o primeiro dia para ele. Considerado no Novo Testamento ― em que Deus termina e aperfeiçoa Sua nova obra de criação no Senhor Jesus e entra em Seu descanso –, é o sábado de Deus, e lá nós começamos. Aquele é nosso primeiro dia: o descanso de Deus.

Começamos em algo que já é perfeito. Essa é a base do “pacto eterno”. Alcançar o significado disso é ver o que é o “pacto eterno”, é começar sobre a base perfeita e crescer a partir dela. O que importa não é como nos vemos ou como nos sentimos a esse respeito, mas é o lugar de Deus para nós. O fato é que em Jesus Cristo você e eu nunca seremos mais perfeitos do que somos agora. Esses aperfeiçoamentos podem ser lavrados em nós progressivamente; entretanto, no que diz respeito à base de nossa aceitação, somos “aceitos no Amado” (versão King James), e Ele satisfaz completamente ao Pai, que veio a descansar Nele. Essa obra é perfeita.

Nossa aceitação está sempre fundamentada em o objetivo de Deus ter sido alcançado. Até que isso esteja bem estabelecido, não temos nada em que nos firmar quando Deus começar a trabalhar em nós. Não se esqueça disso. Se, quando Deus começa a lidar conosco em disciplina e castigo, em treinamento, moldagem e formação, passamos em dado momento qualquer a dizer: “Isso está acontecendo porque sou tão mau, tão perverso, e o Senhor tem de fazer algo comigo para que eu seja aceitável”, então, já abandonamos nossa base. Nunca seremos mais aceitáveis; no entanto, Deus faz muito em nós. Fomos aceitos, não com base no que somos – não importando quão bons ou maus fôssemos –, mas com base no Amado. “Aceitos no Amado.”

Nós cantamos – e eu desejo que isso habite mais e mais profundamente em nosso coração – que Suas perfeições são a medida de nossa própria aceitação. É ali que começamos. Bendito seja Deus, que essa é a base de confiança! E, quando o Senhor começa a nos tomar em Sua mão e sentimos quão abomináveis criaturas somos, isso nunca implica por um instante sequer que não sejamos aceitos. O pacto eterno significa aqui, em primeiro lugar, que somos aceitos com base na satisfação de Deus com Seu Filho. Se fôssemos aceitos com base em nós mesmos, e permanecêssemos em nós mesmos, não haveria pacto eterno e absolutamente nenhuma base segura. Tudo dependeria de como estivéssemos a cada dia. Mas não, a questão não é quem somos ou seremos. A base está firmada em Cristo. Deus está apenas trabalhando para tornar real em nós o que é verdadeiro em Seu Filho, mas Ele não muda a base para isso. Que não abandonemos nossa base.

 

(Publicado em 2.8.14. Atualizado em 26.4.18)

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Andrew Murray Oração Vida cristã

A porta fechada – a sós com Deus

“Quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto” (Mateus 6.6).

Fomos criados para ter comunhão com Deus. Deus nos fez a Sua própria imagem e semelhança para que fôssemos ajustados à comunhão, fôssemos capazes de entendê-Lo e de apreciá-Lo, de entrar em Sua vontade e de nos deleitarmos em Sua glória. Porque Deus é onipresente e Aquele que a tudo vê, Ele poderia viver no gozo de uma inquebrável comunhão em meio a toda obra que tivesse para fazer. Dessa comunhão, o pecado nos roubou.

Nada além dessa comunhão pode satisfazer tanto o nosso como o coração de Deus. Foi isto que Cristo veio restaurar: Ele veio devolver a Deus Suas criaturas perdidas e nos devolver a tudo para o que fomos criados. A comunicação com Deus é a consumação da bem-aventurança tanto na terra como no céu. Isso ocorre quando a promessa, tão freqüentemente dada, se torna uma experiência completa: “Estarei contigo, jamais te deixarei nem te abandonarei”, e quando podemos dizer: “O Pai está sempre comigo”.

Essa comunicação com Deus foi estabelecida para ser nossa o dia todo, quaisquer que sejam as circunstâncias que nos rodeiem. Porém, usufruir dela depende da realidade da comunicação em nosso aposento, a sós. O poder para manter uma comunhão íntima e satisfatória com Deus o dia todo dependerá totalmente da intensidade com a qual buscamos guardá-la na hora de nossa oração secreta. O essencial é a comunhão com Deus.

Nosso Senhor ensina que este deve ser o segredo íntimo da oração secreta: fechar a porta e orar a nosso Pai, que está em secreto. A primeira e principal coisa é perceber que ali em secreto você tem a presença e a atenção do Pai. Saiba que Ele vê e ouve você. Mais importante que todos os seus pedidos, mesmo que urgentes, mais importante do que toda a sua sinceridade e seu esforço para orar corretamente é a certeza viva, como a tem uma criança, de que seu Pai o vê, que agora você O encontrou e que, com os olhos Dele em você e os seus Nele, você agora desfruta de uma verdadeira comunicação íntima com Ele.

Cristão, em seu aposento secreto você “corre o risco” de colocar a oração e o estudo bíblico no lugar da viva comunhão com Deus, o vivo intercâmbio de dar a Ele seu amor, seu coração e sua vida, e receber o amor, a vida e o Espírito Dele. Suas necessidades e suas declarações, seu desejo de orar humilde e sinceramente com fé talvez o ocupem tanto que a luz do semblante de Deus e a alegria do amor Dele não podem entrar em você. Seu estudo bíblico pode ser tão interessante para você que mesmo a Palavra de Deus se torna um substituto para o próprio Deus, se torne o maior impedimento para a comunhão, porque mantém a alma ocupada em lugar de guiá-la a Deus. E saímos para o trabalho diário sem o poder de uma permanente comunhão, porque no momento devocional matutino a bênção não foi adquirida.

Que diferença faria na vida de muitos se todas as coisas na vida fossem subordinadas a isto: “Quero ao longo do dia andar com Deus; meu horário da manhã é a hora em que meu Pai entra em um compromisso definitivo comigo e eu com Ele para que assim seja. Que poder será concedido pela consciência de que Deus assumiu a responsabilidade por mim e que Ele está indo comigo; vou fazer Sua vontade o dia todo em Seu poder; estou pronto para tudo o que possa vir”. Que nobreza haveria na vida se a oração secreta não fosse somente um pedir por uma nova sensação de conforto, luz ou poder, mas a entrega da vida somente por um dia no certo e seguro cuidado de um Deus poderoso e fiel. A separação dos outros, em solidão com Deus, é, com certeza, a única forma para viver em comunhão com outros no poder da bênção de Deus.

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Oração R. C. Sproul vontade de Deus

Aceitar “Não” como vontade de Deus


Ficamos abismados de que, mesmo à luz de registros bíblicos muito claros, ainda há quem tenha a audácia de sugerir que é errado para aqueles que sofrem no corpo ou na alma expressar suas orações por libertação em termos de: “Se for da Tua vontade”. Dizem que, quando a aflição chega, Deus sempre deseja a cura. Que Ele não tem nada a ver com sofri­mento, e que tudo o que devemos fazer é reivindicar, pela fé, a respos­ta que buscamos. Somos exortados a exigir o “Sim” de Deus antes que Ele o pronuncie.

Fora com tais distorções da fé bíblica! Elas são concebi­das na mente do Tentador, que deseja nos induzir a transfor­mar fé em mágica. Nem todo o amontoado de discurso pie­doso pode transformar essa falsidade em doutrina verdadeira.

Às vezes, Deus diz não. Às vezes, Ele nos chama para sofrer e morrer, mesmo quando desejaríamos exigir o con­trário.

Nunca outro homem orou mais veementemente que Cristo no Getsêmani. Quem acusará Cristo de não ter ora­do com fé? Ele colocou Seu pedido diante do Pai suando sangue: “Passa de Mim este cálice” (Lc 22.42).

A oração de Jesus foi direta e sem ambigüidades. Ele gritou por alívio. Ele pediu que o cálice terrivelmente amar­go fosse removido. Cada centímetro de Sua humanidade se encolhia diante do cálice. Ele implorou ao Pai que O libertasse de Seu dever. Mas Deus disse “não”. O caminho do sofrimento era o plano de Deus. Era a vontade de Deus. Era Sua vontade pura e inalterada. A cruz não era uma idéia de Satanás. A paixão de Cristo não foi resultado de contingên­cias humanas. Não foi uma maquinação acidental de Caifás, Herodes ou Pilatos. O cálice foi preparado, entregue e administrado pelo Deus Onipotente.

Jesus colocou uma condicional em Sua oração: “Pai, se queres…”. Jesus não “apresentou e reivindicou”. Ele conhecia Seu Pai muito bem para saber que essa poderia não ser a vonta­de Dele. A história não termina com as palavras: “E o Pai se arrependeu do mal que havia planejado, afastou o cálice, e Jesus viveu feliz para sempre”.

Essas palavras se aproximam da blasfêmia. O evange­lho não é um conto de fadas. O Pai não entraria em acordos sobre o cálice. Jesus foi chamado para tomá-lo até a última gota. E Ele o aceitou. “Todavia, não se faça a Minha vonta­de, mas a Tua”.

Esse “todavia” é a suprema oração da fé. A oração da fé não é uma ordem que colocamos diante de Deus. Não é a presunção de um pedido atendido. A autêntica oração da fé é aquela que se assemelha à oração de Jesus. É sempre apre­sentada num espírito de submissão. Em todas as nossas ora­ções devemos permitir que Deus seja Deus. Ninguém diz ao Pai o que Ele deve fazer, ninguém, nem mesmo o Filho. Orações devem sempre ser pedidos feitos com humildade e submissão à vontade do Pai.

A oração da fé é a oração da confiança. A própria es­sência da fé é confiança. Confiamos que Deus sabe o que é melhor. O espírito de confiança inclui o espírito de disposi­ção para fazer o que o Pai deseja que façamos. Este tipo de confiança foi personificado em Jesus no Getsêmani.

Embora o texto não seja explícito, é claro que Jesus deixou o jardim com a resposta de Deus para Seu pedido. Não há nenhuma blasfêmia ou amargura; Sua comida e Sua bebida eram fazer a vontade do Pai (Jo 4.34). Uma vez que o Pai disse “não”, o assunto estava resolvido. Jesus se preparou para a cruz. Não fugiu de Jerusalém, mas entrou na cidade com o semblante determinado.

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Bíblia Francisco Nunes

Leitura da Bíblia em 2018

Paz!

Um novo ano é sempre um bom momento para (re)começarmos a leitura da Bíblia. Sei dos imensos desafios que a vida moderna nos impõe até mesmo (ou principalmente) com respeito a nossas disciplinas espirituais: comunhão com o Senhor, oração, leitura devocional e estudo das Escrituras, meditação, etc. Mas devemos insistir, pedindo a graça e o poder do Senhor. Não há outro meio de sermos cristãos maduros e bem firmados na verdade sem um contato constante, sério, profundo e intencional com o Livro Antigo. Como disse A. W. Tozer:

Nunca vi um cristão útil que não seja estudante da Bíblia. Não existem atalhos para a santidade.

Visando ajudar os leitores nessa fundamental tarefa, coletei na internet algumas sugestões de planos de leitura da Bíblia. Estão no arquivo zipado que você encontra aqui. Escolha o que for mais adequado a você e use-o com dedicação, diariamente.

Planos de leitura da Bíblia

O plano cronológico sugere a leitura dos livros da Bíblia, não na ordem em que se encontram, mas pela sequência dos fatos registrados.

O calendar_mccheyne apresenta o plano de leitura idealizado por Robert McCheyne, no qual há uma leitura individual e uma leitura em família. (É o que mais indico. Há alguns anos, desenvolvi uma Bíblia que traz essas leituras para cada dia do ano. Chama-se Bíblia Devocional Robert McCheyne. Parece-me que, infelizmente, ela não é mais publicada.) E há um plano adaptado, que exclui uma das leituras.

Há um plano para ler a Bíblia toda em três meses e um para ler apenas o Novo Testamento, Salmos e Provérbios. Há planos para novos convertidos, para crianças, em que os livros são lidos de modo alternado ou misturados. Há um plano que considera os meses tendo 25 dias, para que haja tempo para meditação e para repôr alguma leitura.

Há dois planos em formato de planilha, que permitem acompanhar seu progresso (é preciso habilitar as macros).

Independente do método escolhido, o fundamental é o contato diário com a Palavra de Deus. Para isso, com certeza será preciso organizar a vida, estabelecer horários a fim de ser possível separar um tempo a cada dia para estar a sós com Deus e com Seu Livro.

Não há vida cristã sem a Palavra de Deus. Não há maturidade cristã sem contato constante e sério com a Sagrada Escritura. Não é possível conhecer de fato a Deus à parte da Santa Palavra. Não é possível conhecer a vontade de Deus sem buscá-la no Livro Antigo. Não é possível viver de modo agradável a Deus sem submeter-se ao Sagrado Livro. Não é possível ter uma fé robusta sem alimentá-la com o Santo Texto. Ninguém se volta para Deus sem voltar-se para Sua Palavra. Ninguém ama a Deus sem amar Seu Livro.

Leia a Bíblia na presença do Senhor, na dependência de Seu Espírito, sob a operação da cruz, com santo temor, com coração humilde, com santa expectativa, com alegria, com amor, com desejo de que Deus fale por meio dela. Já disse alguém: “Você quer ouvir Deus falar? Leia a Bíblia. Quer ouvir Deus falar com voz audível? Leia a Bíblia em voz alta!”

Desejo que o Senhor abençoe você a cada dia do novo ano por meio de Sua Palavra.

Divulgue para outros irmãos.

Abraço.

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Citações E. M. Bounds Oração

Oração

Orar é um trabalho espiritual, e a natureza humana não gosta de tão árduo trabalho. A natureza humana deseja velejar para os céus pelo impulso de uma brisa favorável, sobre um mar cheio e calmo.

Orar é um trabalho humilhante. Humilha o intelecto e o orgulho, crucifica a vanglória, assinala nossa derrota… e tudo isso é duro para a carne e o sangue. É mais fácil não orar do que suportar essas coisas.

Assim chegamos a um dos males clamorosos destes tempos, talvez de todos os tempos: pouca oração ou nenhuma. Destes dois males, talvez a pouca oração seja pior do que não orar. Orar pouco é uma espécie de desculpa, um desencargo de consciência, uma farsa e uma ilusão.

(E. M. Bounds)

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Cristo Cruz F. J. Huegel

A ofensa da cruz

“Pregamos a Cristo crucificado […] escândalo” (1Co 1.23).

Um grande clamor subiu dos judeus zombeteiros, insultuosos, o qual chegou ao Redentor crucificado: “Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-Lo-emos”. Nós lemos que “o mesmo Lhe lançaram também em rosto os salteadores que com Ele estavam crucificado” (Mt 27.42,44).

Nos últimos anos, um grande clamor, um eco dessa antiga súplica, tem subido da Igreja. “Se Cristo tão somente descesse da cruz!” Nós queremos o Cristo do monte, cremos no Cristo do ministério de cura, amamos o Cristo do exemplo sublime, pregamos o Cristo do evangelho social – mas o Cristo da cruz é uma ofensa. “Desça Ele agora da cruz, e creremos Nele”.

Mas o Rei não desceu. Seu direito à realeza nunca esteve mais divino do que naquela terrível hora. Seria do madeiro amaldiçoado que Ele reinaria. Foi ali que Ele lavrou a redenção. Foi quando dali Ele clamou “Está consumado” (Jo 19.30), que “fenderam-se as pedras e abriram-se os sepulcro” (Mt 27.51,52). Foi quando Ele provou a morte ali por todos os homens que o véu do templo foi partido, como símbolo da abertura do caminho de acesso imediato à presença de Deus para todos os filhos dos homens. Foi nessa ocasião que soou a hora de Deus, o alvorecer da era cristã. Foi nessa ocasião que o grilhões de uma humanidade escravizada foram quebrados. É desse vergonhoso madeiro, por mais mortificante que seja a ofensa da cruz, que o Rei ainda reina. De nenhum outro trono estabelecerá Ele Seu reino.

Um vulcão em convulsão pode representar bem a inquietação do mundo de hoje. Será que não há um caminho de saída? Não há esperança? Não há algum fundamento seguro para a alegria humana? Não existe algum remédio para os males da ordem social?

É melhor que sejamos honestos quanto a essas questões e admitamos que, humanamente falando, não há um caminho de saída. Um otimismo tolo que se recusa a encarar os fatos somente aprofunda a vergonha e a dor. É como tocar violino sobre Roma em chamas. Não há caminho algum de saída a não ser o caminho de Jesus. E o caminho de Jesus é o caminho da cruz.

Mais cedo ou mais tarde, a experiência leva a pessoa a reconhecer este fato: ou é a cruz ou o orgulho com todos os seus males conseqüentes.

Que são as guerras, as antipatias raciais, o insano acúmulo de riqueza diante da miséria de milhões, os conflitos em todas as formas, as injustiças sociais que levam a terra a gemer e a lamentar-se, senão os frutos inevitáveis dessa amaldiçoada árvore que chamamos de orgulho do homem? Não há mal que não tenha o orgulho, em alguma forma, como sua raiz. Não há mal que não tenha brotado do fato do homem depender de si mesmo, em vez de depender de Deus.

Qualquer tentativa de curar as feridas de nossa ordem social leprosa que não atinja as raízes do orgulho conduz a um beco sem saída. O golpe desferido pelo Filho de Deus ao morrer na cruz do Calvário, atingindo a “vida do eu” do homem – o machado de Deus colocado à raiz da árvore do orgulho –, foi universal. Foi suficiente para demolir o universo de pecado. Foi suficiente para engolir dez mil oceanos de leviandade. Nada mais pode matar o monstro do orgulho humano.

Nós, porém, não temos desejado nos submeter ao veredito do Gólgota. Não temos desejado expor o câncer do pecado e do orgulho à radioterapia da cruz. Temos evitado o desfecho supremo que nosso Senhor crucificado deu ao mundo. Entretanto, a Igreja ainda tem a chave de ouro para tal situação. É a cruz de Cristo.

Quando Jesus falou a Seus discípulos da necessidade de Seus sofrimentos e da morte sobre a cruz, Pedro procurou dissuadi-Lo. Jesus se voltou para ele com ardente reprovação: “Arreda! Satanás, porque não cogitas as cousas de Deus, e, sim, das dos homens”. Em nossos dias, quanto do serviço, do ministério e da mensagem cristãos vêem sob essa ardente condenação! São uma ofensa. Cogitam das coisas da “carne”. Não são de Deus. Está faltando a cruz. Não brotam de unidade com o Cristo crucificado e ressurreto. O Calvário não está em seu âmago. Deus não aprova tal serviço.

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Christian Chen Citações Gotas de orvalho

Gotas de orvalho – Especial

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Não podemos nos enganar: quando a vida divina se esvai, o que vemos é meramente uma organização humana, o resultado do agir das mãos do homem. Por isso não devemos fazer propaganda do testemunho de Deus, dizendo: “Nós somos a igreja, e ninguém mais é”; todos os que falam assim provam que não são a igreja. Aquele que realmente tem a presença de Deus pode falar qualquer coisa, menos essas palavras.

Se o Senhor for misericordioso conosco, se Ele demorar a retornar, nossa história não se reduzirá só aos primeiros capítulos do livro de Esdras (restauração dos fundamentos por meio da primeira geração), mas poderemos alcançar, além disso, a experiência do capítulo 7 (levantamento de uma segunda geração com encargo, revelação e autoridade na Palavra). Diante disso, a primeira geração tem uma grande responsabilidade. Se você faz parte da geração “mais madura” e conheceu ao Senhor em uma experiência de primeira mão, sua taça está cheia. Mas o que será da geração mais jovem? O que acontecerá nos próximos dez anos se o Senhor ainda tardar? Você tem uma grande responsabilidade: a de orar pela geração mais jovem, incentivá-la e estimulá-la, ajudá-la a conhecer o Senhor diretamente. Seu papel não é encontrar realização no próprio sucesso, mas fazer tudo para que a geração mais jovem vá muito mais longe do que a sua.

Senhor, ajuda-nos a aguardar, com alegria e gratidão, por aquele dia, pelo qual já Te somos gratos.

Se você não costuma estar na presença de Deus, não fale a respeito de comunhão.

Ao olharmos para Cristo, ficamos tão conscientes Dele e de Sua cruz que não mais nos tornaremos obcecados com nossa própria pessoa, obsessão essa resultado da picada fatal da serpente. O novo homem sempre desvia os olhos de si mesmo e os fixa em Jesus, “o Autor e Consumador da fé” (Hb 21.2). Este é o grande segredo para avançarmos em direção à maturidade na vida cristã, tornando assim possível o avanço vitorioso para as margens espirituais do Jordão, à terra de Canaã, que tipifica a plenitude da vida de Cristo.

Nenhum ministério, por mais rico que seja, jamais poderá transmitir ao Corpo todas as riquezas do Cabeça.

Entregamos uma vez mais esta publicação e a nós mesmos em Tuas mãos queridas. Tu sabes que o que possuímos de nosso são apenas cinco pães e dois peixinhos, que não podem nem mesmo satisfazer a nós, quanto mais atender à necessidade da multidão que nos rodeia! Assim, olhamos para Ti, esperando que nos abençoes como fizeste tanto tempo atrás com a multidão que alimentaste. Quando Tu abençoas, um grande milagre acontece! Oh, como gostaríamos de ver com nossos próprios olhos este mesmo milagre, aqui e agora! Mas, Senhor, nós não queremos insistir em que Tu devas nos abençoar. Sabemos profundamente em nosso coração que a lição Tu queres que aprendamos é que obedecer ao Mestre e segui-Lo é nossa responsabilidade, mas a de abençoar é Tua! Prostramo-nos diante de Teu caminho! Concede-nos o descanso por podermos deixar os resultados e o futuro em Tuas mãos poderosas. Oramos e agradecemos no nome maravilhoso de nosso Senhor, Jesus Cristo. Amém!

Essa edição de Gotas de orvalho é especial, pois é dedicada a um único autor: Christian Chen. É possível que a grande maioria dos cristãos brasileiros não conheça esse precioso servo do Senhor, a quem Ele chamou no dia 27 de julho passado. E o irmão Christian nunca quis mesmo ser conhecido: ele queria que o Senhor Jesus fosse conhecido, amado, seguido e obedecido.

Chen Xizeng nasceu em Fuchou, China, e se converteu ao Senhor aos 14 anos. Não muito depois, mudou-se para os Estados Unidos. Lá, na igreja em Nova York, foi espiritualmente orientado por Stephen Kaung, amado irmão (ainda vivo, servindo a Deus com 102 anos!) que foi cooperador de Watchman Nee na China até a prisão deste, em 1952. Pelo irmão Stephen, foi apresentado  aos ricos tesouros depositados pelo Senhor em Seu Corpo ao longo dos séculos.

Como doutor em física nuclear, foi convidado para lecionar na Universidade de São Paulo (USP). Aqui no Brasil, percebendo que os filhos de Deus pouco conheciam, de fato, a Escritura, dispôs-se ao Senhor para, de algum modo, servir a Seu povo. Após dois anos de oração e de comunhão com outros irmãos, decidiu criar uma revista, chamada À maturidade, em que publicava artigos de muitos preciosos servos de Deus de todas as eras. Em decorrência da acolhida da revista por inúmeros cristãos, começou também uma conferência semestral com o objetivo de capacitar cristãos, principalmente jovens, a manusear bem a Palavra da verdade. Suas mensagens eram sempre caracterizadas pela vasta cultura e pela piedade. Ele usava todos os conhecimentos da ciência para ratificar a autoridade da Escritura e para estimular a todos a amarem o Senhor.

Para a publicação da revista, comprou uma máquina de xerox “industrial”, cujo uso intenso provocou-lhe catarata. Por recomendação médica, deveria reduzir seu ritmo de trabalho. Mas, por fidelidade a seu chamado e por amor a seu Senhor, intensificou-o.

Em seu zelo pela preservação e divulgação da preciosa herança cristã, o irmão Christian compilou, com outros irmãos, um hinário chamado Christ in Song (Cristo nos cânticos) com 871 hinos, de todas as eras, cujo foco é exclusivamente Cristo.

Fonte: Hymn Treasury Archive

Em 1999, tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, e o impacto é inesquecível. Aquele irmão, de quem eu mal ouvira falar (ou ouvira falar mal…) e que eu já supunha falecido, recebeu a mim e a mais quatro irmãos na casa de seu irmão, em São Paulo. Ele vinha de uma semana de conferência em Curitiba e embarcaria naquela noite para os Estados Unidos. Portanto, estava cansado. Mas aceitou nosso pedido para ouvir nossas dúvidas. Éramos um grupo de cristãos machucados, enganados pelo movimento evangélico do qual havíamos participado, cheios de questionamentos, rancores, frustrações, desilusões. E ele nos ouviu. Apenas ouviu, em silêncio, recusando-se até mesmo a comer o lanche que lhe foi oferecido.

Então, falou. Nós lhe havíamos dado toda a munição necessária para ele se promover como nosso novo guru espiritual, ou para criticar as pessoas que nós criticávamos, para confirmar que, de fato, aqueles homens que citamos eram hereges, para dizer que tínhamos razão em nossas críticas… Mas não fez nada disso. Apenas nos encorajou a buscarmos o Senhor, buscarmos a Ele mesmo. Não recordo de todas as suas palavras, mas uma de suas frases, a penúltima das citações acima, foi o que de mais marcante, libertador e revolucionário eu ouvi aquela tarde, cujos efeitos me beneficiam até hoje. Vindo, como eu vinha, de um “ministério” que se pretendia ser a última, definitiva e autorizada revelação de Deus, fui instantaneamente libertado por aquela frase do irmão Christian, dita de modo doce, singelo, sem qualquer insinuação. Ela pode parecer óbvia e sem qualquer apelo, mas, se o leitor considerá-la em oração, verá as profundidades que ela encerra.

No final daquele ano, com a grande expectativa da chegada do ano 2000, inauguração de um novo século, de um novo milênio, tive a oportunidade de participar de uma conferência que ele deu, cujas mensagens depois eu editei e foram publicadas na forma de livro, chamado O duplo chamamento. Desse livro vem a primeira das citações, que aponta para o fato de termos sido chamados para uma vida com Deus, não para rituais externos, não para pretensões eclesiásticas, não para a preservação de cascas vazias.

O Campos de Boaz deve muito ao irmão Christian. Seguimos, com nossas extremas limitações, o mesmo encargo que ele teve para criar a revista À maturidade: divulgar, para o povo de Deus, as riquezas de nosso amado Boaz celestial, o glorioso Senhor Jesus. A figura da respiga nos campos do Senhor eu a aprendi também com ele, por meio da revista, e essa seção, Gotas de orvalho, foi inspirada em uma seção de mesmo nome da revista À maturidade, da qual freqüentemente publicamos artigos. Ela é um tesouro de preciosidades hoje como era em seu lançamento, 40 anos atrás.

A última citação acima é uma oração do amado irmão Christian, publicada, anonimamente, na seção “Diretamente da escrivaninha do editor – Esquina de comunhão” da revista À maturidade n. 1, publicada no verão de 1977. Ela é, também, a oração de todos os que cooperam com o Campos de Boaz.

Somos muito gratos ao Senhor por ter-nos permitido conhecer a esse amado servo que não fazia questão de ser conhecido. Que o Senhor multiplique os grãos que esse fiel servo colheu e distribuiu entre o povo de Deus nos dias de sua peregrinação.

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Deus Jerry Bridges Soberania

Deus é soberano (2)

Deus governa sobre todas as coisas!

“‘A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.” (2Co12.9)

Quando conseguiu permissão de Deus para afligir a Jó, Satanás achava que conseguiria fazer com que ele amaldiçoasse a Deus. Porém, o único êxito de Satanás foi ser um instrumento que conduziu Jó a um relacionamento mais profundo com o Senhor.

Satanás também recebeu permissão para afligir Paulo, com um espinho na carne que o atormentava. Talvez achasse que, dessa maneira, seria capaz de anular a eficácia do ministério de Paulo. Mas, ao contrário, tudo o que conseguiu foi colocar Paulo numa circunstância na qual ele aprendeu, na prática, a suficiência da graça de Deus e Sua força que age quando somos fracos.

Milhares de cristãos ao longo dos séculos têm descoberto que a graça de Deus é suficiente meditando nas palavras de Deus ditas a Paulo naquela situação; por isso, a sabedoria de Deus é superior à de qualquer adversário que tenhamos, quer seja uma pessoa comum, quer seja o próprio diabo. Portanto, não devemos temer o que buscam fazer, ou mesmo o que conseguirem fazer conosco. Deus está trabalhando tanto nestas coisas, quanto nas adversidades provenientes de doenças, mortes, problemas financeiros ou manifestações da natureza.

O Seu poder se aperfeiçoa em nossas fraquezas.

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Deus Jerry Bridges Soberania

Deus é soberano (1)

Deus governa sobre todas as coisas!

“Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” (Et 4.14).

Será que a falha de nossa parte em agir prudentemente frustra o plano soberano de Deus?

A Bíblia jamais indica que Deus é frustrado, na intensidade que for, por nossa falha em agir conforme deveríamos. Em Sua sabedoria infinita, o plano soberano de Deus inclui nossas falhas e até mesmo nossos pecados.

Quando Mordecai pediu à rainha Ester para que intercedesse junto ao rei Assuero, ela replicou que correria o risco de ser morta (vv. 10,11). A frase-chave na resposta de Mordecai é: “De outra parte, se levantará para os judeus, socorro e livramento.”

Deus, em Sua sabedoria e por Seus recursos infinitos, não estava limitado à resposta de Ester. As opções que Deus tinha para fornecer livramento aos judeus eram tão infinitas quanto Sua sabedoria e Seu poder. Ele literalmente não precisava da cooperação de Ester; no entanto, nesta situação, Ele escolheu usá-la. O argumento final de Mordecai supõe que Deus usa pessoas e meios para realizar Seu propósito soberano.

Conforme os eventos comprovaram, Deus de fato levantou Ester para efetuar Seu propósito, porém Ele poderia facilmente levantar outra pessoa ou usar de outros meios para isso.

Deus geralmente opera por meio de eventos comuns (em contraste com milagres) da ação voluntária das pessoas, mas Ele sempre fornece os meios necessários e os orienta por meio de Sua mão invisível. Deus é soberano e não pode ser frustrado por nosso fracasso em agir ou por nossas ações, que, em si mesmas, são pecaminosas.

Entretanto, precisamos nos lembrar sempre que Deus ainda nos responsabiliza por nossos próprios pecados, os quais Ele usa para cumprir Seu propósito. Precisamos perceber novamente que não existe conflito na Bíblia entre a soberania de Deus e a nossa responsabilidade. Os dois conceitos são ensinados com a mesma ênfase e sem qualquer tentativa de conciliá-los. Consideremos os dois com a mesma importância, cumprindo nosso dever, conforme revelado a nós nas Escrituras, e confiando que Deus executará soberanamente Seu propósito em nós e por intermédio de nós.

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Bíblia L. M. Grant Oração

Ler a Bíblia e orar todas as manhãs

“Faze-me ouvir a Tua benignidade pela manhã, pois em Ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, pois a Ti elevo minha alma” (Sl 143.8).

Se nos dispusermos cada manhã a buscar a presença do Senhor, certamente conheceremos a pura alegria de ouvir Sua misericórdia e nossa alma será refrescada, alimentada, animada e fortalecida para enfrentar cada necessidade ou prova do dia.
Além disso, nossas orações da manhã sempre deveriam ter como meta pedir a direção de Deus para o dia que começa. Todo crente deve ser consciente de que sua própria sabedoria está distante de ser suficiente para guiá-lo, mesmo nas menores coisas. Alguns pensam que Deus não se interessa por nossas coisas de menor importância, mas isso é um erro. Ele se interessa por todos os detalhes da vida de um crente, e deveríamos entregar-nos totalmente a Ele a fim de pedir Sua direção em todas as áreas. Depois de termos feito isso – com honestidade, naturalmente –, não precisaremos nos preocupar com cada detalhe, pois teremos a segurança de que Deus responderá guiando-nos como Ele deseja.
A oração é a expressão de uma verdadeira confiança, e Deus espera também que meditemos em Sua Palavra, pois por ela aprendemos realmente qual é Sua vontade. Se não lhe damos importância, deixamos a única fonte real de instrução que Ele nos dá. Mesmo que não saibamos compreender as instruções em detalhes para nossa caminhada diária, seremos impregnados dos princípios de Sua Palavra de tal modo que não teremos muita dificuldade em discernir Sua vontade nos assuntos comuns.

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