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O esconderijo da Sua força

Há não muito tempo, encontramos uma carta numa antiga revista A Witness and A Testimony1, que foi escrita em janeiro de 1945; e, mesmo sabendo o que, na Inglaterra, as pessoas haviam sofrido nos intensos anos da II Guerra Mundial, parece que a tinta ainda está úmida e isto foi escrito para o Corpo de Cristo ontem.

Amados de Deus,

Que tempo de testes para a fé os santos enfrentam exatamente agora! E que tempo de fúria satânica! O que isso tudo significa? Parece haver somente duas respostas. Ou o Senhor está preparando movimento novo, e talvez final, para a consumação de Seu propósito na terra – o qual requer um estado que irá garantir profundidade, força e permanência, de modo que aquela plenitude real deverá marcar a recolha das colheitas para a glória em Sua manifestação – ou este é o fim de uma fase e o Senhor está vindo para os frutos maduros. Se Apocalipse 12 representa uma situação do fim dos tempos, então há muita coisa aqui que se ajusta com aquilo. As palavras aqui são, sem dúvida, proféticas, pois Apocalipse não foi escrito como história, mas como profecia em sua maior parte, isto é, não o que era passado, mas o que era naquele momento e o que viria a ser. O grande tema desse capítulo é: “Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (v. 10; grifos do autor).

Salvação aqui é “livramento de cada calamidade, vitória sobre inimigos, recuperação de doença e libertação do cativeiro”. O reino e a autoridade [poder] aqui referidos são resistidos pelo grande acusador, e uma grande batalha nos céus é travada para lograr o estabelecimento deles [o reino e a autoridade] pela emancipação dos eleitos tirados da esfera do poder de Satanás. Isso não joga luz sobre o teste de fé e o intenso conflito pelo qual os santos estão passando? Aqui está a explicação para as manifestações de resposta à oração há tanto tempo esperadas, as libertações postergadas, a passagem do poder de Deus da esfera temporal para a espiritual em nossa experiência: “O esconderijo da Sua força”.

A combinação de fé testada em relação às coisas visíveis e o intenso conflito na vida espiritual é muito verdadeiro em relação a esse assunto. Conforme clamamos por “salvação” em um ou outra de suas formas, e temos ficado apenas conscientes do conflito e da demora, o acusador vem e levanta perguntas sérias sobre nosso relacionamento com Deus e do relacionamento de Deus conosco. É a velha pergunta: “Se és Filho de Deus…” Assim, nós somos derrubados, ele acusa e busca fazer-nos aceitar que fomos colocados de lado, que fomos dispensados, que Deus não tem mais o que fazer conosco. O triunfo sobre isso é por testemunhar contra ele por meio do sangue do Cordeiro, pela declaração de nosso testemunho e pela eliminação do interesse próprio e de não amar-preocupar-se com a vida até a morte. O resultado é que ele é derrubado, e isso é a natureza e o objetivo da provação e da batalha. Que imensa questão está amarrada a uma pequena palavra: se. “Se… então, por quê?” Essa foi a pergunta de Gideão. Que foi apresentado a Cristo.

Mas, louvado seja Deus, o fim é revelado: o acusador é derrubado e o reino, o poder, a autoridade de Deus e de Seu Cristo são vistos chegando. Apesar de não querermos sugerir que um complexo-de-satanás deva ser desenvolvido, queremos instar que uma olhada para além das coisas, para a parte e o lugar dele nelas, será uma grande libertação da paralisia das próprias coisas. Quer estejamos vivos para isso ou não, “temos que lutar […] contra as hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12; grifo do autor), e somente quando atacarmos as forças espirituais por trás das coisas, na infinita virtude do sangue do Cordeiro, poderemos permanecer de posse da chave da situação. Mas vamos lembrar do valor do “eles” (Ap 12.11). É necessária uma ação coletiva, e nós precisamos tomar com muito mais seriedade a oração unida contra as forças espirituais. Assim, qualquer que seja o significado imediato da presente experiência, a necessidade é a mesma: um povo com força espiritual para levar à derrubada de Satanás, ou em situações e posições específicas ou na sua expulsão final das regiões celestiais.

Que o Senhor nos fortaleça com poder para essa batalha que, conforme Ele desejar que enfrentemos, teremos no novo ano.

Vosso, em Sua vida e esperança
T. Austin-Sparks

Irmãos, ao lermos essa carta, a frase “O esconderijo de Sua força” destaca-se, e nós só a encontramos uma vez na Escritura, em Habacuque 3.4. Quando uma frase ou palavra é mencionada somente uma vez na Palavra de Deus, usualmente se refere a algo que é importante para Deus e para Seu povo. Habacuque é um pequeno livro profético que foi, provavelmente, escrito ao mesmo tempo em que Jeremias profetizou e a nação de Israel, como um todo, estava em um estado de idolatria e apostasia, como “aconteceu nos dias de Ló”.

Pouco se sabe de Habacuque além do que está em seus escritos, que nos permitem imediatamente reconhecer que era um guerreiro de oração, profundamente comprometido com o propósito de Deus. Ele era um homem que devia ter uma comunhão sem sombras com seu Senhor, pois três capítulos de seu livro são escritos em forma de colóquio, o que significa um discurso mútuo entre os que são íntimos e familiarizados um com o outro.

Assim, Habacuque e o Senhor estão mantendo uma comunhão recíproca, Espírito a espírito, alma a alma, profundeza a profundeza. Quando o discurso mútuo começa, vemos que Habacuque está desencorajado por não poder ver na esfera temporal que Deus estava trabalhando nas coisas de acordo com Seu plano: os ímpios governavam e pareciam não sofrer julgamento e os justos estavam sofrendo grandemente.

Habacuque ora (1.1-4):

“Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? […] Por que razão me mostras a iniqüidade [problemas, com referência especial à natureza e às conseqüências da malignidade], e me fazes ver a opressão [injustiça que vem para o justo e o honesto]?”

“Até quando, Senhor! Até quando!” Habacuque perguntou isso como muitos de nós o fazem em tempos de tribulação. No entanto, algo que precisamos saber é que o clamor de Habacuque não é por seus desejos pessoais, mas está orando em nome de todos aqueles que sofrem nos tempos maus.

Deus responde a Habacuque (vv. 5-11):

“Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando for contada. […]” O Senhor menciona do julgamento que estava por vir. Ele diz a Habacuque que, não importa quão ruins as coisas possam parecer no reino natural, Ele está trabalhando nelas de acordo com o conselho de Sua própria vontade.

Habacuque continua o discurso com seu Senhor, por vezes ainda desencorajado, mas também encorajado, pois diz (vv. 12-17; 2.1):

“Sobre a minha guarda estarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará a mim, e o que eu responderei quando eu for argüido.”

Deus lhe responde e lhe diz que Seu propósito e conselho certamente virá no tempo que Ele determinou (2.2-20):

“A visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.” E diz que, durante o tempo da espera, a fé do fiel será provada! “O justo pela sua fé viverá.”

Esta é a única ordem que o Senhor dá a Habacuque: “Mas o justo pela sua fé viverá”. Nessa escritura, a palavra “mas” é muito importante. É uma conjunção adversativa, marcando geralmente um contraste distintivo, uma contradistinção em relação a tudo que o cerca. Em outras palavras, o Senhor está dizendo: “Quando as coisas parecem piorar, quando o inimigo parece estar conseguindo vencer, o justo deve viver por sua fé”. O Senhor está dizendo a Habacuque que a vida dele deve ser um contraste distinto, deve ser diametralmente oposta a tudo que Satanás instiga no mundo ou no meio do povo de Deus. Habacuque deve viver e se mover e ter seu ser na esfera da fé.

Então, o Senhor continua a falar do julgamento, bem como muitas palavras proféticas que seriam (e são) muito difíceis para os fiéis entenderem. No entanto, bem no meio de todo esse julgamento, Ele espantosamente declara:

“Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar. […] Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (2.14,20)

Quando Deus partilha isso com Habacuque, o profeta irrompe numa gloriosa oração que é um salmo de louvor bem como uma oração de guerra do Espírito. Pois, mesmo que possa parecer que todas as coisas não estejam funcionando de acordo com o propósito de Deus, Habacuque vem a perceber que o exato oposto é verdadeiro: Deus está de fato ocultando Seu poder, e no reino invisível o inimigo está sendo derrotado e os eleitos de Deus estão sendo libertados para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

“[…] e ali estava o esconderijo da sua força. […] e os montes perpétuos foram esmiuçados; ou outeiros eternos se abateram, porque os caminhos eternos lhe pertencem” (3.4,6).

Amados, vamos nos tornar guerreiros de oração, tal como Habacuque, por unir-nos aos justos de todas as eras que, no meio de suas provações, viveram pela fé no Filho de Deus, e vamos, no Espírito, abraçar o encargo de nosso Senhor para Seu povo (o nome Habacuque implica “aquele que abraça o encargo”) e cantar como Habacuque:

“Porque ainda que a figueira não floresça
nem haja fruto na vide;
ainda que decepcione o produto da oliveira
e os campos não produzam mantimento;
ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas
e nos currais não haja gado;
todavia eu me alegrarei no Senhor,
exultarei no Deus da minha salvação.
O Senhor Deus é a minha força,
e fará os meus pés como os das cervas
e me fará andar sobre as minhas alturas”
(vv. 17-19).

Amém! Amém! Amém!

____
1 Essa revista, Uma Testemunha e um Testemunho, cujo editor era T. Austin-Sparks, não é mais publicada. Ele partiu para o Senhor na primavera de 1971.

(Traduzido por Francisco Nunes do livreto The hiding of His power, publicado em 1994 por Emmanuel Church, Tulsa, Oklahoma, EUA, sem indicação de autoria.)

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Citações Consolo Deus Encorajamento Soberania

Controle (Jerry Bridges)

Nada é tão pequeno ou trivial que escape à atenção do controle soberano de Deus; nada é tão grande que esteja além de Seu poder para controlá-lo. O insignificante pardal não pode cair no chão sem a vontade de Deus; o poderoso império romano não pode crucificar Jesus Cristo a menos que o poder para isso lhe seja dado por Deus (veja Mt 10.29; Jo 19.10,11). E o que é verdadeiro em relação ao pardal e a Jesus é verdadeiro para você e para mim. Nenhum detalhe de sua vida é insignificante demais para a atenção de seu Pai celestial; nenhuma circunstância é grande demais que Ele não possa controlá-la.

(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui.)

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Citações Ravi Zacharias

Intelecto (Ravi Zacharias)

Nosso intelecto não foi planejado para ser um fim em si mesmo, mas somente um instrumento para a própria mente de Deus.

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Cristo T. Austin-Sparks

Cristo, nossa vida (T. Austin Sparks)

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar…” (Colossenses 3.4)

Um dos principais objetivos do Espírito Santo é levar os cristãos serem de fato identificados com Cristo como o Senhor ressurreto e exaltado e fazer Sua vida ressurreta real na experiência deles. Conforme a era avança para sua consumação – a manifestação de Cristo –, duas características vão se tornar cada vez mais evidente. Por um lado, coisas, homens, movimentos, instituições, organizações, etc. predominarão e atrairão multidões após si e as ligarão a si. Por outro lado, com o crescente desapontamento e desilusão com essas coisas, uma minoria irá se voltar para o Senhor a fim de encontrar apenas nele sua vida.

Três elementos serão inseparáveis de tudo isso. Um é o inequívoco desenvolvimento do princípio do anticristo, que irá definitivamente suplantar Cristo ou tentar fazê-lo. O segundo é o cristianismo feito pelo homem como alternativa para Cristo em sua plenitude, uma imitação da vida nascida e sustentada por seu próprio ímpeto. O terceiro, uma profunda e genuína busca por realidade, verdade e conhecimetno interior do próprio Senhor. No primeiro caso, aquilo será uma descarada adoração do homem na força humana: um tremendo transbordar de humanismo, o deslumbramento e a glória do homem. No terceiro, Cristo será a vida completamente.

Se o cristão é ligado a alguma coisa, tal como ensinamento, tradição, instituição, movimento ou pessoa, o fim certamente será uma limitação da vida e, por fim, confusão e desapontamento, talvez algo pior. O Novo Testamento torna inquestionavelmente claro e enfático que o destino de tudo é Cristo ser tudo em todos. Nós temos de aprender que a verdadeira obra do Espírito Santo é ligar tudo a Cristo. Ele, Cristo, tem de ser a vida de nosso espírito, o “homem interior”, para que sejamos fortes no Senhor, não em nós mesmos, não nos outros, não em coisas. Nós deveremos sobreviver à adversidade apenas por Sua força em nós.

Cristo terá de ser a vida de nossa mente. A perplexidade nos encontrará sem o poder para explicar ou entender, mas o Espírito nos ensinará e liderará.

Cristo precisará ser a vida de nosso corpo. Há algo como a vida Divina para o corpo físico. Nem sempre o Senhor escolhe curar o corpo, mas sempre quer ser a vida dele, mesmo no sofrimento, para cumprir Seu propósito.

É o próprio Senhor, e que seja assim, que muitas vezes tem de se colocar contra um pano de fundo de inabilidade natural. O poder de Sua ressurreição é a lei da união com Cristo do início ao fim. Dias de terrível pressão virão sobre o povo do Senhor. Seu inimigo está se aproveitando de cada pequeno ataque. A única suficiência está no próprio Senhor como nossa vida.

Aos novos crentes, Barnabé “exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração” (Atos 11.23). Há uma absoluta verdade nisso que será pressionada sobre nós até o tempo “quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar”.

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(Traduzido por Francisco Nunes de um folheto publicado por Emanuel Chuch, Tulsa, OK, EUA. Para conhecer mais sobre ele, clique aqui.)

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Sexo à imagem de Deus I – O homem à imagem e semelhança (Andrew)

Creio que não há um assunto com tanto potencial para nos abençoar quanto nos arruinar tal qual o sexo. Deus criou algo tremendamente precioso e sagrado para que pudéssemos nos aproximar dEle. O homem em sua condição caída, porém, faz dele algo que serve unicamente ao seu prazer.

Por quê falar de sexo? Bem, em primeiro lugar, porque todo mundo pensa em sexo. Por mais clichê e desrespeitosa que seja a máxima de que “para chamar a atenção de jovens, tem que falar de sexo”, há nela algo de muito verdadeiro. É fundamental que todo e qualquer cristão tenha um entendimento bíblico a respeito do sexo. Mas o assunto hoje em dia tem sido abordado das seguintes maneiras:

Primeiro, há quem tome a máxima citada acima e abuse dela. Fala-se então do sexo de maneira explícita, descarada e quase beirando o deboche. Afinal, devemos “rasgar o verbo” e “falar a língua dos jovens”. Se a gente não falar assim, supostamente, o jovem não vai gostar. Vai ser careta. Por mais que seja verdadeira a noção de que devemos falar aberta e claramente a respeito do assunto, creio que essa abordagem trata de sexo de uma maneira caricata, muito aquém do quão sagrado é o tema.

Segundo, há aqueles que evitam o assunto a qualquer custo. Para esses, é melhor não trazer o tema à tona para evitar de incitar os jovens a pensar nisso. Melhor deixar quieto para não “atiçar” a garotada. Novamente, creio que isso seja igualmente errado. Por mais que se evite o assunto em casa e na igreja, a realidade é que isso está estampado em outdoors, na televisão, internet e afins. E se você não está disposto a falar sobre isso, há candidatos de sobra para educar nossos jovens quanto ao sexo.

Uma terceira abordagem é mais silenciosa e bem menos atraente. Ao abordarmos o tema pela perspectiva bíblica, inevitavelmente haverá quem diga que estamos sendo ingênuos. Da mesma maneira, há quem condenará um suposto exagero de interpretação, como se estivéssemos forçando a Palavra a dizer coisas que não diz. A verdade é que a Bíblia fala muito claramente sobre o sexo. E é isso que quero mostrar para que possamos entender o peso que isso tem na nossa caminhada com Cristo.

Começo hoje uma série de posts sobre o sexo e qual deve ser a nossa postura quanto a ele, a partir da perspectiva bíblica. Não tratarei de tudo em apenas um texto, pois ficaria gigante e pesado (tanto para escrever quanto para ler). A cada post abordarei um tópico diferente no intuito de cercar o assunto com o máximo de embasamento bíblico e entendimento possível. Se você tiver alguma pergunta, por favor deixe um comentário abaixo que tentarei respondê-la num post futuro. Eu quero responder as perguntas que surgirem pois meu objetivo é munir o leitor com o máximo de informação possível para que ele não seja levado por uma onda de pensamento mundana. Os comentários do blog são moderados por mim, então, sinta-se a vontade para deixar uma pergunta sem medo de que seja vista por todos. Prometo a vocês o devido anonimato. Só publicarei comentários que forem explicitamente autorizados por você. Se não quiser que sua pergunta seja publicada, por favor me avise que assim o farei. Desde já, agradeço pela sua confiança.

Vamos lá, então, arregaçar as mangas e entrar no assunto que tanto ocupa a nossa vida.

O homem à imagem de Deus

Em Gênesis 1.26 temos o relato da criação do homem “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Diferente de todo o resto da criação, o homem foi feito para refletir Deus na terra. Somos então como “retratos vivos” de Deus, uma representação terrena de uma realidade divina. Mas antes de sermos criados vem a seguinte pergunta: por quê Deus criou o homem? Tim Keller responde sucinta e brilhantemente:

Por quê Deus criaria a humanidade se Ele tinha um amor e uma comunhão perfeita na Trindade? A única resposta: para compartilhar o seu amor com outros.

Image

Ou seja, nós fomos criados por amor. Pura e simplesmente. Deus nos criou porque o seu amor transbordou e Ele escolheu compartilhar isso conosco. Ele ainda nos fez à sua imagem, sempre em amor a si mesmo. O aspecto que devemos ressaltar aqui é a origem, o ponto de partida. De onde viemos? Para quê viemos? Viemos de e para Deus, porque dEle e por Ele são todas as coisas. (Rm 11.36) Logo, toda a criação fala dEle. (Sl 19.1) Tudo que somos deve apontar de volta para Ele. Mas por quê? Simplesmente porque Deus não divide a sua glória com ninguém. Imagine que Deus fosse modesto e ao ser louvado dissesse: “Imagina, quem, eu? Soberano? Perfeito? Ah, vai… não chega a tanto.” Se isso acontecesse, Ele estaria mentindo. Mas Deus é perfeito e não pode fazer isso. Logo, se Ele não for o alvo maior da sua própria criação e devoção, então está sendo incoerente consigo mesmo!

Da mesma maneira, devemos viver a partir desse paradigma, desse padrão: Deus nos criou para Ele, para a glória única e exclusiva dEle. E disso não abre mão. Foi Deus que nos deu vida, que nos dá um propósito e que deve reger tudo que fazemos. Somos um ‘tipo’ de Deus. O que quero dizer com isso? Trabalharemos com o termo grego tupos, cujo significado remete a algo como uma marca ou impressão física deixada por um martelo, por exemplo. Ou seja, ao dizer que somos um ‘tipo’ de Deus, entendemos que remetemos àquele que nos criou, que temos quase que uma “impressão digital” de Deus em nós.

A noção de ‘tipos’ é muito comum na Bíblia. Paulo afirma que Jesus era o segundo Adão, por exemplo. Da mesma maneira que o pecado entrou no mundo por meio de uma só homem, a salvação aconteceu da mesma maneira. (Rm 5.18) A Páscoa do AT remete à Páscoa do NT. O sangue de um cordeiro “salvava” o povo do Egito da morte ao marcar a porta daqueles que eram do Senhor. Da mesma maneira, é o sangue do Cordeiro que nos marca e nos salva da morte eterna.

Após entendermos a noção de ‘tipo’ e tudo que já mencionamos acima, temos que trazer isso de volta para o assunto principal.

O que a imagem de Deus e o fato de sermos um ‘tipo’ dEle tem a ver com o sexo?

Tem TUDO a ver. Quando entendemos que a nossa vida deve servir para apontar de volta para Ele, temos que carregar esse propósito para todos os aspectos da nossa vida. Inclusive a maneira que lidamos com a nossa sexualidade.

O que temos de guardar a partir disso é a noção de que nós devemos viver a nossa vida integralmente de acordo com um padrão instituído por Deus, cujo alvo final é a glória dEle. Ao trazer isso para o sexo, devemos nos apegar com toda a nossa força ao que Paulo diz:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. – Romanos 12.1,2

Ao tratarmos de sexo, o mundo deixa muito claro qual é o padrão que devemos seguir. A Bíblia, porém, nos diz o contrario. Devemos viver toda a nossa vida como um culto a Deus a fim de gozarmos da boa, agradável e perfeita vontade do Pai.

O mundo já deixa bem claro que devemos buscar, acima de tudo, o prazer próprio. Mas o que temos que lembrar é que o sexo segundo o padrão bíblico não é algo penoso, como se não houvesse prazer nele. Muito pelo contrário! O sexo, quando praticado segundo o padrão de Deus, foi feito para que possamos experimentar o prazer de Deus para nós, algo muito maior do que qualquer outro! Um Deus bom não pode criar coisas ruins. O primeiro capítulo de Gênesis deixa bem claro que após criar tudo, Deus contemplou aquilo tudo e viu que era MUITO bom! Da mesma maneira, o sexo criado por Deus é muito bom! Aliás, é algo tão bom que mesmo quando praticado fora dos padrões bíblicos, pessoas conseguem ter prazer nele. Acontece que enquanto o prazer proposto por Deus para o sexo foi feito para nos aproximar dEle e termos vida abundante, o sexo fora desse padrão traz afastamento e morte.

Qual é o sexo, então, segundo o padrão de Deus? Qual é o prazer que temos ao nos submetermos à vontade do Pai? Se somos um ‘tipo’ de Deus e fomos criados conforme a imagem e semelhança dEle, qual é o propósito do sexo e para quê que ele foi criado?

Essas e outras perguntas serão abordadas nos textos a seguir…

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Um Engano Chamado “Teologia Inclusiva” ou “Teologia Gay” (Augustus Nicodemus Lopes)

O padrão de Deus para o exercício da sexualidade humana é o relacionamento entre um homem e uma mulher no ambiente do casamento. Nesta área, a Bíblia só deixa duas opções para os cristãos: casamento heterossexual e monogâmico ou uma vida celibatária. À luz das Escrituras, relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são vistas não como opção ou alternativa, mas sim como abominação, pecado e erro, sendo tratada como prática contrária à natureza. Contudo, neste tempo em que vivemos, cresce na sociedade em geral, e em setores religiosos, uma valorização da homossexualidade como comportamento não apenas aceitável, mas supostamente compatível com a vida cristã. Diferentes abordagens teológicas têm sido propostas no sentido de se admitir que homossexuais masculinos e femininos possam ser aceitos como parte da Igreja e expressar livremente sua homoafetividade no ambiente cristão.
Existem muitas passagens na Bíblia que se referem ao relacionamento sexual padrão, normal, aceitável e ordenado por Deus, que é o casamento monogâmico heterossexual. Desde o Gênesis, passando pela lei e pela trajetória do povo hebreu, até os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, a tradição bíblica aponta no sentido de que Deus criou homem e mulher com papéis sexuais definidos e complementares do ponto de vista moral, psicológico e físico. Assim, é evidente que não é possível justificar o relacionamento homossexual a partir das Escrituras, e muito menos dar à Bíblia qualquer significado que minimize ou neutralize sua caracterização como ato pecaminoso. Em nenhum momento, a Palavra de Deus justifica ou legitima um estilo homossexual de vida, como os defensores da chamada “teologia inclusiva” têm tentado fazer. Seus argumentos têm pouca ou nenhuma sustentação exegética, teológica ou hermenêutica.
A “teologia inclusiva” é uma abordagem segundo a qual, se Deus é amor, aprovaria todas as relações humanas, sejam quais forem, desde que haja este sentimento. Essa linha de pensamento tem propiciado o surgimento de igrejas onde homossexuais, nesta condição, são admitidos como membros e a eles é ensinado que o comportamento gay não é fator impeditivo à vida cristã e à salvação. Assim, desde que haja amor genuíno entre dois homens ou duas mulheres, isso validaria seu comportamento, à luz das Escrituras. A falácia desse pensamento é que a mesma Bíblia que nos ensina que Deus é amor igualmente diz que ele é santo e que sua vontade quanto à sexualidade humana é que ela seja expressa dentro do casamento heterossexual, sendo proibidas as relações homossexuais.
Em segundo lugar, a “teologia inclusiva” defende que as condenações encontradas no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico, se referem somente às relações sexuais praticadas em conexão com os cultos idolátricos e pagãos, como era o caso dos praticados pelas nações ao redor de Israel. Além disso, tais proibições se encontram ao lado de outras regras contra comer sangue ou carne de porco, que já seriam ultrapassadas e, portanto, sem validade para os cristãos. Defendem ainda que a prova de que as proibições das práticas homossexuais eram culturais e cerimoniais é que elas eram punidas com a morte – coisa que não se admite a partir da época do Novo Testamento.
É fato que as relações homossexuais aconteciam inclusive – mas não exclusivamente – nos cultos pagãos dos cananeus. Contudo, fica evidente que a condenação da prática homossexual transcende os limites culturais e cerimoniais, pois é repetida claramente no Novo Testamento. Ela faz parte da lei moral de Deus, válida em todas as épocas e para todas as culturas. A morte de Cristo aboliu as leis cerimoniais, como a proibição de se comer determinados alimentos, mas não a lei moral, onde encontramos a vontade eterna do Criador para a sexualidade humana. Quando ao apedrejamento, basta dizer que outros pecados punidos com a morte no Antigo Testamento continuam sendo tratados como pecado no Novo, mesmo que a condenação capital para eles tenha sido abolida – como, por exemplo, o adultério e a desobediência contumaz aos pais.
PECADO E DESTRUIÇÃO
Os teólogos inclusivos gostam de dizer que Jesus Cristo nunca falou contra o homossexualismo. Em compensação, falou bastante contra a hipocrisia, o adultério, a incredulidade, a avareza e outros pecados tolerados pelos cristãos. Este é o terceiro ponto: sabe-se, todavia, que a razão pela qual Jesus não falou sobre homossexualidade é que ela não representava um problema na sociedade judaica de sua época, que já tinha como padrão o comportamento heterossexual. Não podemos dizer que não havia judeus que eram homossexuais na época de Jesus, mas é seguro afirmar que não assumiam publicamente esta conduta. Portanto, o homossexualismo não era uma realidade social na Palestina na época de Jesus. Todavia, quando a Igreja entrou em contato com o mundo gentílico – sobretudo as culturas grega e romana, onde as práticas homossexuais eram toleradas, embora não totalmente aceitas –, os autores bíblicos, como Paulo, incluíram as mesmas nas listas de pecados contra Deus. Para os cristãos, Paulo e demais autores bíblicos escreveram debaixo da inspiração do Espírito Santo enviado por Jesus Cristo. Portanto, suas palavras são igualmente determinantes para a conduta da Igreja nos dias de hoje.
O quarto ponto equivocado da abordagem que tenta fazer do comportamento gay algo normal e aceitável no âmbito do Cristianismo é a suposição de que o pecado de Sodoma e Gomorra não foi o homossexualismo, mas a falta de hospitalidade para com os hóspedes de Ló. A base dos teólogos inclusivos para esta afirmação é que no original hebraico se diz que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (Gênesis 19.5) e não abusar sexualmente deles, como é traduzido em várias versões, como na Almeida atualizada. Outras versões como a Nova versão internacional e a Nova tradução na linguagem de hoje entendem que conhecer ali é conhecer sexualmente e dizem que os concidadãos de Ló queriam “ter relações” com os visitantes, enquanto a SBP é ainda mais clara: “Queremos dormir com eles”. Usando-se a regra de interpretação simples de analisar palavras em seus contextos, percebe-se que o termo hebraico usado para dizer que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (yadah) é o mesmo termo que Ló usa para dizer que suas filhas, que ele oferecia como alternativa à tara daqueles homens, eram virgens: “Elas nunca conheceram (yadah) homem”, diz o versículo 8. Assim, fica evidente que “conhecer”, no contexto da passagem de Gênesis, significa ter relações sexuais. Foi esta a interpretação de Filo, autor judeu do século 1º, em sua obra sobre a vida de Abraão: segundo ele, “os homens de Sodoma se acostumaram gradativamente a ser tratados como mulheres.”
Ainda sobre o pecado cometido naquelas cidades bíblicas, que acabaria acarretando sua destruição, a “teologia inclusiva” defende que o profeta Ezequiel claramente diz que o erro daquela gente foi a soberba e a falta de amparo ao pobre e ao necessitado (Ez 16.49). Contudo, muito antes de Ezequiel, o “sodomita” era colocado ao lado da prostituta na lei de Moisés: o rendimento de ambos, fruto de sua imoralidade sexual, não deveria ser recebido como oferta a Deus, conforme Deuteronômio 23.18. Além do mais, quando lemos a declaração do profeta em contexto, percebemos que a soberba e a falta de caridade era apenas um entre os muitos pecados dos sodomitas. Ezequiel menciona as “abominações” dos sodomitas, as quais foram a causa final da sua destruição: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado. Foram arrogantes e fizeram abominações diante de mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali” (Ez 16.49-50). Da mesma forma, Pedro, em sua segunda epístolas, refere-se às práticas pecaminosas dos moradores de Sodoma e Gomorra tratando-as como “procedimento libertino”.
Um quinto argumento é que haveria alguns casos de amor homossexual na Bíblia, a começar pelo rei Davi, para quem o amor de seu amigo Jônatas era excepcional, “ultrapassando o das mulheres” (II Samuel 1.26). Contudo, qualquer leitor da Bíblia sabe que o maior problema pessoal de Davi era a falta de domínio próprio quanto à sua atração por mulheres. Foi isso que o levou a casar com várias delas e, finalmente, a adulterar com Bate-Seba, a mulher de Urias. Seu amor por Jônatas era aquela amizade intensa que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo e sem qualquer conotação erótica. Alguns defensores da “teologia inclusiva” chegam a categorizar o relacionamento entre Jesus e João como homoafetivo, pois este, sendo o discípulo amado do Filho de Deus, numa ocasião reclinou a sua cabeça no peito do Mestre (João 13.25). Acontece que tal atitude, na cultura oriental, era uma demonstração de amizade varonil – contudo, acaba sendo interpretada como suposta evidência de um relacionamento homoafetivo. Quem pensa assim não consegue enxergar amizade pura e simples entre pessoas do mesmo sexo sem lhe atribuir uma conotação sexual.
“TORPEZA”
Há uma sexta tentativa de reinterpretar passagens bíblicas com objetivo de legitimar a homossexualidade. Os propagadores da “teologia gay” dizem que, no texto de Romanos 1.24-27, o apóstolo Paulo estaria apenas repetindo a proibição de Levítico à prática homossexual na forma da prostituição cultual, tanto de homens como de mulheres – proibição esta que não se aplicaria fora do contexto do culto idolátrico e pagão. Todavia, basta que se leia a passagem para ficar claro o que Paulo estava condenando. O apóstolo quis dizer exatamente o que o texto diz: que homens e mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza, e que se inflamaram mutuamente em sua sensualidade – homens com homens e mulheres com mulheres –, “cometendo torpeza” e “recebendo a merecida punição por seus erros”. E ao se referir ao lesbianismo como pecado, Paulo deixa claro que não está tratando apenas da pederastia, como alguns alegam, visto que a mesma só pode acontecer entre homens, mas a todas as relações homossexuais, quer entre homens ou mulheres.
É alegado também que, em I Coríntios 6.9, os citados efeminados e sodomitas não seriam homossexuais, mas pessoas de caráter moral fraco (malakoi, pessoa “macia” ou “suave”) e que praticam a imoralidade em geral (arsenokoites, palavra que teria sido inventada por Paulo). Todavia, se este é o sentido, o que significa as referências a impuros e adúlteros, que aparecem na mesma lista? Por que o apóstolo repetiria estes conceitos? Na verdade, efeminado se refere ao que toma a posição passiva no ato homossexual – este é o sentido que a palavra tem na literatura grega da época, em autores como Homero, Filo e Josefo – e sodomita é a referência ao homem que deseja ter coito com outro homem.
Há ainda uma sétima justificativa apresentada por aqueles que acham que a homossexualidade é compatível com a fé cristã. Segundo eles, muitas igrejas cristãs históricas, hoje, já aceitam a prática homossexual como normal – tanto que homossexuais praticantes, homens e mulheres, têm sido aceitos não somente como membros mas também como pastores e pastoras. Essas igrejas, igualmente, defendem e aceitam a união civil e o casamento entre pessoa do mesmo sexo. É o caso, por exemplo, da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos – que nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil –, da Igreja Episcopal no Canadá e de igrejas em nações européias como Suécia, Noruega e Dinamarca, entre outras confissões. Na maioria dos casos, a aceitação da homossexualidade provocou divisões nestas igrejas, e é preciso observar, também, que só aconteceu depois de um longo processo de rejeição da inspiração, infalibilidade e autoridade da Bíblia. Via de regra, essas denominações adotaram o método histórico-crítico – que, por definição, admite que as Sagradas Escrituras são condicionadas culturalmente e que refletem os erros e os preconceitos da época de seus autores. Desta forma, a aceitação da prática homossexual foi apenas um passo lógico. Outros ainda virão. Todavia, cristãos que recebem a Bíblia como a infalível e inerrante Palavra de Deus não podem aceitar a prática homossexual, a não ser como uma daquelas relações sexuais consideradas como pecaminosas pelo Senhor, como o adultério, a prostituição e a fornicação.
Contudo, é um erro pensar que a Bíblia encara a prática homossexual como sendo o pecado mais grave de todos. Na verdade, existe um pecado para o qual não há perdão, mas com certeza não se trata da prática homossexual: é a blasfêmia contra o Espírito Santo, que consiste em atribuir a Satanás o poder pelo qual Jesus Cristo realizou os seus milagres e prodígios aqui neste mundo, mencionado em Marcos 3.22-30. Consequentemente, não está correto usar a Bíblia como base para tratar homossexuais como sendo os piores pecadores dentre todos, que estariam além da possibilidade de salvação e que, portanto, seriam merecedores de ódio e desprezo. É lamentável e triste que isso tenha acontecido no passado e esteja se repetindo no presente. A mensagem da Bíblia é esta: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”, conforme Romanos 3.23. Todos nós precisamos nos arrepender de nossos pecados e nos submetermos a Jesus Cristo, o Salvador, pela fé, para recebermos o perdão e a vida eterna.
Lembremos ainda que os autores bíblicos sempre tratam da prática homossexual juntamente com outros pecados. O 20º capítulo de Levítico proíbe não somente as relações entre pessoas do mesmo sexo, como também o adultério, o incesto e a bestialidade. Os sodomitas e efeminados aparecem ao lado dos adúlteros, impuros, ladrões, avarentos e maldizentes, quando o apóstolo Paulo lista aqueles que não herdarão o Reino de Deus (I Coríntios 6.9-10). Porém, da mesma forma que havia nas igrejas cristãs adúlteros e prostitutas que haviam se arrependido e mudado de vida, mediante a fé em Jesus Cristo, havia também efeminados e sodomitas na lista daqueles que foram perdoados e transformados.
COMPAIXÃO
É fundamental, aqui, fazer uma importante distinção. O que a Bíblia condena é a prática homossexual, e não a tentação a esta prática. Não é pecado ser tentado ao homossexualismo, da mesma forma que não é pecado ser tentado ao adultério ou ao roubo, desde que se resista. As pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo devem lembrar que tal desejo é resultado da desordem moral que entrou na humanidade com a queda de Adão e que, em Cristo Jesus, o segundo Adão, podem receber graça e poder para resistir e vencer, sendo justificados diante de Deus.
Existem várias causas identificadas comumente para a atração por pessoas do mesmo sexo, como o abuso sexual sofrido na infância. Muitos gays provêm de famílias disfuncionais ou tiveram experiências negativas com pessoas do sexo oposto.  Há aqueles, também, que agem deliberadamente por promiscuidade e têm desejo de chocar os outros. Um outro fator a se levar em conta são as tendências genéticas à homossexualidade, cuja existência não está comprovada até agora e tem sido objeto de intensa polêmica. Todavia, do ponto de vista bíblico, o homossexualismo é o resultado do abandono da glória de Deus, da idolatria e da incredulidade por parte da raça humana, conforme Romanos 1.18-32. Portanto, não é possível para quem crê na Bíblia justificar as práticas homossexuais sob a alegação de compulsão incontrolável e inevitável, muito embora os que sofrem com esse tipo de impulso devam ser objeto de compaixão e ajuda da Igreja cristã.
É preciso também repudiar toda manifestação de ódio contra homossexuais, da mesma forma com que o fazemos em relação a qualquer pessoa. Isso jamais nos deveria impedir, todavia, de declarar com sinceridade e respeito nossa convicção bíblica de que a prática homossexual é pecaminosa e que não podemos concordar com ela, nem com leis que a legitimam. Diante da existência de dispositivos legais que permitem que uma pessoa deixe ou transfira seus bens a quem ele queira, ainda em vida, não há necessidade de leis legitimando a união civil de pessoas de mesmo sexo – basta a simples manifestação de vontade, registrada em cartório civil, na forma de testamento ou acordo entre as partes envolvidas. O reconhecimento dos direitos da união homoafetiva valida a prática homossexual e abre a porta para o reconhecimento de um novo conceito de família. No Brasil, o reconhecimento da união civil de pessoas do mesmo sexo para fins de herança e outros benefícios aconteceu ao arrepio do que diz a Constituição: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento” (Art. 226, § 3º).

Cristãos que recebem a Bíblia como a palavra de Deus não podem ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que seria a validação daquilo que as Escrituras, claramente, tratam como pecado. O casamento está no âmbito da autoridade do Estado e os cristãos são orientados pela Palavra de Deus a se submeter às autoridades constituídas; contudo, a mesma Bíblia nos ensina que nossa consciência está submissa, em última instância, à lei de Deus e não às leis humanas – “Importa antes obedecer a Deus que os homens” (Atos 5.29). Se o Estado legitimar aquilo que Deus considera ilegítimo, e vier a obrigar os cristãos a irem contra a sua consciência, eles devem estar prontos a viver, de maneira respeitosa e pacífica em oposição sincera e honesta, qualquer que seja o preço a ser pago.

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Escolher com quem você vai casar é importante (RVD)

Meu marido e eu estávamos certa vez com um grupo de jovens. Havia três deles sentados em frente a nós durante uma refeição: dois meninos e uma menina. Um cara era um nerd com óculos. O outro era um estudante de faculdade com o cabelo um pouco menos moderno e sem óculos. A menina estava, obviamente, com este. Mas, enquanto o nerd estava ocupado servindo a todos no refeitório, raspando os pratos e o lixo, o estudante universitário ficou bravo com a menina por causa de um pequeno acidente e derramou suco vermelho sobre a jaqueta de couro e a camisa branca dela. Ela pegou o cara errado, mas o suco não pareceu fazê-la mudar de ideia. É bom que ela tenha algum temor da relação continuar e, especialmente, de terminar em casamento.

Então, meninas cristãs jovens e solteiras, ouçam: escolher com quem você vai casar é importante. Você pode pensar que a forma como ele trata você hoje não é tão ruim. Mas não vai ficar melhor depois do casamento. Você pode pensar que ele vai mudar. É possível, mas a maioria dos homens não muda. Você pode pensar que será capaz de ministrar a ele e de ajudá-lo. Possivelmente, mas, se você não pode agora, não vai conseguir depois, e vai se colocar em risco. Um marido deve liderar e cuidar de você, não depender de seu conselho sobre questões básicas de personalidade ou de comportamento.

A menos que alguém casado seja muito franco com você, você não conseguirá entender o quanto o marido vai ter impacto sobre todos os aspectos de sua vida. Depois da salvação, não há outro evento de longo prazo que vá mudar tantas áreas de sua vida tão profundamente. Aqui estão apenas algumas das maneiras como o casamento afetará sua vida.

1. Ele terá impacto sobre você espiritualmente. Se o cara não é cristão, pare agora mesmo. Você não pode colocar sob o mesmo jugo uma alma redimida e uma não regenerada, mesmo que ele pareça estar aberto a mudanças. Cristo comprou você com um preço, e não é uma opção trair aquele sangue dando o coração a alguém que não conhece e ama seu Senhor. Se o fizer, isso vai paralisar seu desenvolvimento espiritual, abrir uma série de tentações, reprimir sua vida de oração, tornar difícil o congregar-se e causar enorme conflito parental, se vocês tiverem filhos.

Se o cara é crente, ele é um crente forte? Será que ele vai liderá-la em oração, leitura da Bíblia, culto familiar e público? Ou você terá de se virar sozinha? Será que ele vai fazer do crescimento espiritual uma prioridade ou deixar que outras coisas venham em primeiro lugar? Será que ele vai lhe perguntar como vai sua alma a fim de ajudá-la a crescer em santidade e amor a Cristo ou vai deixar isso para seu pastor? Será que ele vai conduzir as crianças nesse aspecto ou você é quem vai ter de encabeçar isso? Na reunião da igreja, ele vai ajudar as crianças a sentarem-se direitinho, a orar, a encontrar o hino, ou você vai ser a pessoa que vai chamar a atenção para o que está acontecendo ao lado dele e ajudar a família a manter-se unida? Muitas mulheres casaram com homens espiritualmente imaturos, pensando que isso não era um grande problema ou que o homem mudaria, e elas estavam erradas. Hoje, elas carregam as cicatrizes.

A saúde de sua eternidade1 está em jogo. Pense cuidadosamente.

2. Ele terá impacto sobre você emocionalmente. Ele é o cara que você pensa que vai encorajá-la, amá-la, ser gentil com você e tentar compreendê-la ou será que ele vai querer sair com os amigos quando você estiver tendo uma noite difícil? Será que ele vai ouvir quando você estiver lutando com alguma coisa ou vai estar preocupado com o vídeo game? Será que ele vai ficar irritado quando você chorar ou ele vai lhe trazer lenço de papel e lhe dar um abraço? Será que ele vai entender que você, provavelmente, é mais terna do que ele, mais sensível a questões e comentários, ou ele é sempre sendo rude com seus sentimentos? Uma mulher estava lutando para amamentar seu bebê, acreditando que isso era o melhor para ela, mas era muito difícil. Em vez de dar apoio e encorajar, o marido fazia sons de mugido quando via a esposa envolvida nisso. Nós temos de nos livrar do complexo de princesa, mas temos necessidades emocionais. Qualquer cara que é indiferente a seus sentimentos e sua autoestima é egoísta e deve ser deixado sozinho.

Tenha cuidado: um marido pode prejudicar ou favorecer a saúde emocional.

3. Ele terá impacto sobre você fisicamente. Ele é o cara que vai suprir suas necessidades básicas? Ele vai ser capaz de abrigar, vestir e alimentar você? Em certo momento de nosso casamento, eu estava preocupada, pois não havia oportunidade de emprego. Meu marido me garantiu que ele trabalharia no McDonalds, cavaria valas, limparia cenas de atropelamento: o que fosse necessário para sustentar a família, independentemente de seus dons e treinamento. Esse é o tipo de atitude que você deseja. Um homem que não cuida da própria casa é pior do que o infiel (1Tm 5.8). Você pode ter de ajudar a aliviar o peso financeiro, mas, a menos que seu marido seja incapaz ou haja outra circunstância incomum, você não deveria ter de carregá-lo.

Esse homem irá cuidar de seu corpo ou abusar dele? Se ele lhe dá beliscões, pontapés, etc, quando estão namorando, fuja. É quase garantido que ele vai abusar de você depois do casamento, e as estatísticas mostram que isso será especialmente verdadeiro quando você estiver grávida. Será que ele vai cuidar e proteger seu corpo ou vai feri-lo? Há mulheres em igrejas por todo país que pensaram não ser nada demais soquinhos ou tapinhas (amigáveis) do namorado, e agora estão encobrindo os hematomas causados pelo marido.

Esse homem vai ser cuidadoso sexualmente com você? Será que ele vai honrar o leito conjugal com fidelidade física e mental a você ou vai flertar, alimentar seu vício em pornografia ou até mesmo deixá-la por outra mulher? Nem sempre é possível prever essas questões, mas, se as sementes ou práticas já estão lá, cuidado. Recentemente, vi um casal recém-casado cujo marido estava flertando abertamente com outra mulher. A menos que algo drástico aconteça, aquele casamento está indo para o desastre.

Será que ele vai ser suave e gentil com você na cama? Uma colega de trabalho descrente de minha irmã certa vez disse a ela que, depois de seu primeiro encontro sexual, ela teve dificuldade para andar por alguns dias porque seu namorado havia sido muito rude. Em outras palavras, ele não era altruísta o suficiente para cuidar do corpo da mulher a quem dizia amar.

Cuidado! Seu corpo precisa de cuidado e proteção.

4. Ele terá impacto sobre você mentalmente. O homem no qual você está pensando será uma fonte de preocupação ou vai ajudá-la a lidar com suas próprias preocupações? Ele vai incentivar seu desenvolvimento intelectual ou vai negligenciar isso? Ele vai valorizar suas opiniões e ouvir o que você está pensando ou vai ignorar seus pensamentos? Ele vai ajudá-la a cuidar das pressões de modo que sua mente não seja sobrecarregada ou vai deixar você lutar sozinha com esses problemas? Ele vai cuidar de você e ser gentil se você estiver enfrentando tensão mental ou vai ignorá-la? Eu sei de uma mulher que podia lidar fisicamente muito bem com a gravidez e o parto, mas a depressão pós-parto cobrou um alto preço em sua mente. O marido não deu atenção a isso e continuou a ter filhos, até que a esposa acabou em um sanatório.

Você pode pensar que o lado intelectual ou mental de um casamento é pequeno. É maior do que você pensa. Considere isso com seriedade.

5. Ele terá impacto sobre você relacionalmente. Como está seu relacionamento com sua mãe? E com seu pai? Você os ama? E seu namorado? Avance dez anos. Você diz a seu marido que sua mãe está vindo para o fim de semana. Ele fica animado? Desapontado? Com raiva? Faz piadas maldosas com os amigos? Claro, o marido deve vir em primeiro lugar em sua prioridade de relacionamentos, já que ambos deixaram pai e mãe e se uniram um ao outro. Mas os pais ainda são uma parte importante. Quaisquer que sejam os sentimentos negativos que ele tenha em relação a seus pais agora, provavelmente serão ampliados depois do casamento. O casamento irá ou fortalecer ou prejudicar – até mesmo destruir – seu relacionamento com seus pais. As pessoas que a conhecem melhor e mais a amam agora podem ser cortadas de sua vida por um marido que as odeia.

O mesmo ocorre com irmãs e amigas. Elas serão bem-vindas, em horários razoáveis, em sua casa? Será que o cara a quem você escolheu vai incentivá-la a ter relacionamentos saudáveis com outras mulheres ou vai ficar com ciúmes de amizades bíblicas normais? Ele vai ajudá-la a orientar mulheres mais jovens e a ser grata quando mulheres mais velhas a orientarem ou vai menosprezar isso?

Não sacrifique muitos bons relacionamentos por causa de um cara que não valoriza as pessoas que amam você.

Então, o que seu namorado fará depois de pronunciar os votos? Porque essa é apenas uma amostra das maneiras pelas quais um marido pode abençoar ou amaldiçoar a esposa. Os efeitos são de longo alcance, de longa duração, tanto os maravilhosos como os difíceis. É verdade que não há homens perfeitos lá fora. Mas há caras muito bons. E é melhor estar solteira a vida toda do que se casar com alguém que vai tornar sua vida um fardo. O celibato pode ser uma boa escolha. O casamento com a pessoa errada é um pesadelo. Eu estava no estacionamento de uma igreja em que o pastor teve de chamar a polícia para proteger uma mulher do marido que estava tentando impedi-la de adorar e de estar com a família. Foi muito feio.

Não esteja tão desesperada para casar a ponto de fazer de seu casamento uma tristeza. Se você está em um casamento infeliz, existem maneiras de obter ajuda. Mas, se não é casada, não se coloque nessa situação. Não se case com alguém cuja liderança você não pode seguir. Não se case com alguém que não busque amar você como Cristo amou a igreja. Case com alguém que conhece e demonstra o amor de Cristo.

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1A autora não parece crer que se pode perder a salvação. Assim, essa frase faz pensar que, pelo fato de ser casada com um homem que não a ajuda espiritualmente, a mulher deixará de experimentar muitos benefícios espirituais aqui, o que lhe dará uma herança eterna menos rica.

 

(Autor: RVD. Traduzido por Francisco Nunes de It Matters Whom You Marry. Original aqui. O texto pode ser usado e distribuído livremente, desde que não seja alterado, com a indicação de autoria, fonte e tradução. Proibido seu uso com fins comerciais.)

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Nossa vida de oração (G. Setzer)

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.” (Efésios 6.18)

Neste capítulo de Efésios, a partir do versículo 10, o tema é “toda a armadura de Deus”, da qual o cristão necessita para poder estar firme contra os ataques do diabo. Paulo usa a imagem de uma armadura romana tal como era usada pelos soldados de sua época. Ele menciona a oração como ponto fulminante, e nisso ele vai muito além da mera imagem.

No versículo 18, o apóstolo utiliza quatro vezes a palavra “todo” ou equivalente, mostrando-nos quatro ensinamentos precisos para nossa vida de oração. Elas tem relação com o tempo da oração, com os tipos de oração, com a perseverança em oração e com os motivos de oração.

O tempo da oração

“Orando em todo o tempo”.
Aqui somos exortados a orar em todo o tempo, ou seja, não somente nos momentos habituais, de manhã ou à noite, ou quando estamos em grandes dificuldades ou diante de decisões importantes. A oração deveria caracterizar nossa vida cotidiana.

O apóstolo Paulo fazia isso real em sua vida de fé. Por exemplo, em 2Tessalonicenses, indica que ele mesmo e seus colaboradores davam graças e oravam sempre por aqueles cristãos (1.3,11), e, na primeira carta, diz: “Orando abundantemente dia e noite” (3.10).

Tipos de oração

“Com toda a oração e súplica no Espírito”.
De acordo com as circunstâncias e com o que o Espírito diz a nosso coração, podemos nos dedicar a diferentes tipos de oração. Não pedimos apenas por coisa específicas para nós mesmos e para os demais de acordo com as necessidades que conhecemos, mas também suplicamos, intercedemos, combatemos, louvamos e exaltamos a Deus e confessamos nossas falhas.
O apóstolo Paulo sabia dar graças a Deus (Rm 1,8), bendizê-Lo (2Co 1.3), dar-Lhe glória (Ef 3.21), intercedia por cristãos individualmente (2Tm 1.3) ou coletivamente (Cl 1.9-11).

A perseverança em oração

“Vigiando nisto com toda a perseverança e súplica”.
Não devemos nos descuidar da oração, mas perseverar nela, e com “toda a perseverança”. O Senhor animava Seus discípulos a “orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1).

O apóstolo Paulo nos dá um exemplo notável. Tendo ouvido da fé e do amor dos efésios, não cessava de dar graças por eles e de lembrar deles em suas orações (Ef 1.15,16). O mesmo ocorria com relação aos cristãos de Colossos, dos quais havia ouvido por Epafras: não cessava de orar por eles e de pedir que fossem “cheios do conhecimento da sua [de Deus] vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1.9).

Os motivos de oração

“Por todos os santos.”
Apresentamos a Deus as necessidades específicas que conhecemos e que Ele põe em nosso coração. No entanto, o apóstolo nos convida a orar por todos os cristãos, não somente por nossos parentes, amigos ou aqueles a quem conhecemos. Não podemos exluir nenhum cristão do alcance de nossa oração; deve haver um lugar para cada um deles em nosso coração.

O apóstolo acrescenta: “E por mim“.

Os obreiros do SEnhor sentem a necessidade das orações dos crentes a seu favor, para sutentá-los em seu serviço e em suas circunstâncias, freqüentemente adversas.

Considerando as epístolas de Paulo, vemos que ele punha em prática o que nos exorta a fazer, aqui em Efésios. Sua vida de oração era abundante. Orava intensamente pelos crentes de Roma, de Éfeso, de Corinto, de Colossos e de muitos outros lugares. A cada dia, sua grande preocupação era com todas as igrejas (2Co 11.28) e, desse peso no coração, resultavam numerosas orações.

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(Autoria: G. Setzer. Traduzido por Francisco Nunes da revista Creced, mayo-junio, n. 3/2013, publicada por Ediciones Bíblicas, Perroy, Suíça. O texto pode ser usado e distribuído livremente, desde que não alterado, com a indicação de autoria, fonte e tradução. Proibido seu uso com fins comerciais.)

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Sete marcas de um falso mestre (Tim Challies)

Nada enriquece mais o inferno do que falsos mestres.  Ninguém tem maior alegria em atrair as pessoas para longe da verdade, levando-as ao erro. Falsos mestres tem estado presentes em todas as eras da história humana; eles tem sempre sido uma praga e sempre estiveram no ramo da falsificação da verdade. Enquanto suas circunstâncias podem mudar, seus métodos permanecem constantes. Aqui estão sete marcas dos falsos mestres.

1. Falsos mestres são bajuladores dos homens. O que eles ensinam é para agradar mais aos ouvidos do que beneficiar o coração. Eles fazem cócegas nos ouvidos de seus seguidores com lisonjas e, enquanto isso, tratam coisas santas com esperteza e negligência ao invés de reverência e temor. Isso contrasta bruscamente com um verdadeiro mestre da Palavra que sabe que é responsável perante Deus e que, por isso, anseia mais agradar a Deus do que aos homens. Como Paulo diria, “pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração” (1 Tessalonicenses 2.4).

2. Falsos mestres guardam suas críticas mais severas aos servos mais fiéis de Deus. Falsos mestres criticam aqueles que ensinam a verdade e guardam suas críticas mais acentuadas para aqueles que se apóiam com firmeza no que é verdadeiro. Nós vemos isso em muitos lugares na Bíblia, como quando Corá e seus amigos se levantaram contra Moisés e Arão (Números 16.3) e quando o ministério de Paulo estava ameaçado e minado pelos críticos que diziam que, enquanto suas palavras eram fortes, ele mesmo era fraco e sem importância (2 Coríntios 10.10). Vemos isso mais notavelmente nos ataques viciosos das autoridades religiosas contra Jesus. Falsos mestres continuam a repreender e menosprezar servos fiéis de Deus hoje. Entretanto, como Agostinho declarou, “Aquele que prontamente calunia meu bom nome, prontamente aumenta a meu galardão”

3. Falsos mestres ensinam sua própria sabedoria e visão. Isso certamente era verdade nos dias de Jeremias quando Deus disse “Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam” (Jeremias 14.14). E, hoje também, falsos mestres ensinam a loucura dos meros homens ao invés de ensinarem a mais profunda e rica sabedoria de Deus. Paulo sabia: “pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4.3).

4. Falsos mestres deixam passar o que é de suma importância e, ao contrário, se focam nos pequenos detalhes. Jesus diagnosticou essa tendência nos falsos mestres de seu tempo, advertindo-os, “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23.23). Falsos mestres colocam uma grande ênfase na sua aderência aos pequenos comandos mesmo quando ignoram os grandes. Paulo advertiu Timóteo daquele que “é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas,  altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6.4-5).

5. Falsos mestres obscurecem sua falsa doutrina por trás de um discurso eloquente e do que parece ser uma lógica impressionante. Assim como uma prostituta se pinta e se perfuma para parecer mais atraente e sedutora, o falso mestre esconde sua blasfêmia e doutrina perigosa atrás de argumentos poderosos e de um uso eloquente da linguagem. Ele oferece aos seus ouvintes o equivalente espiritual a uma pílula venenosa revestida de ouro; embora possa parecer bonita e valiosa, permanece sendo mortal.

6. Falsos mestres estão mais preocupados em ganhar os outros para a sua opinião do que em ajudá-los e melhorá-los. Esse é outro diagnóstico de Jesus quando ele refletiu sobre as normas religiosas dos seus dias. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mateus 23.15). Falsos mestres não estão em última instância no ramo de melhorar vidas e salvar almas, mas no ramo de convencer mentes e ganhar seguidores.

7. Falsos mestres exploram seus seguidores. Pedro avisa acerca desse perigo, dizendo: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (1 Pedro 2.1-3). O falso mestre explora aqueles que o seguem porque eles são gananciosos e desejam as riquezas desse mundo. Sendo essa uma verdade, eles sempre ensinarão princípios que satisfazem a carne. Falsos mestres estão preocupados com os bens deles, não com o seu bem; querem servir a si mesmos mais do que aos perdidos; estão satisfeitos em Satanás ter a sua alma contanto que eles possam ter as suas coisas.

Traduzido por Kimberly Anastacio | iPródigo.com | Original aqui

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Sobre a encarnação: evitando heresia e buscando humildade (Mike Riccardi)

Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. (Filipenses 2.5-7)

A frase “Ele se esvaziou de si mesmo” é destacada entre as várias questões nesta passagem que tem levado muitos estudantes das Escrituras a tropeçarem nas mais infelizes maneiras. Muitos teólogos têm se perguntado: “Do que Cristo se esvaziou?” E, infelizmente, as respostas para essa pergunta quase sempre apontam que Cristo de alguma forma se esvaziou da sua divindade – que de alguma maneira ele deixou de ser plenamente Deus na sua encarnação. Alguns acreditam que Cristo se esvaziou na sua igualdade essencial com Deus, de tal forma que durante a encarnação ele era verdadeiramente homem, mas limitado na sua divindade em um grau que ele não era nada além de um homem. Outros acreditam que Cristo manteve seus “atributos essenciais” da divindade, como santidade e graça, mas abriu mão do que eles chamam de seus “atributos relativos”, como onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade. Esses são exemplos do que é chamado de “teologia kenótica” (da palavra kenóō, do Grego, traduzida como “se esvaziou” no verso 7).

Evitando a Teologia Kenótica

Não só é impossível, por definição, para o eterno, auto-existente, imortal e imutável Deus deixar de existir como Deus, mas também o Novo Testamento nos leva a rejeitar qualquer tipo de teologia kenótica. No tempo dele aqui na Terra, o Senhor Jesus nunca deixou de ser plenamente Deus ou deixou de ser igual, em essência, com o Pai. Ao longo do seu ministério Ele só reafirmou essas coisas. Ele disse aos judeus, simples como pode ser dito: “Eu e o Pai somos Um” (João 10.30). E os judeus entenderam a mensagem, porque eles pegaram pedras para mata-lo por blasfêmia: “Você, sendo homem, se fez como Deus!”. E  o próprio Jesus afirmava isso por todos os lugares. Ele diz a Filipe, “se viu a mim, você viu o Pai” (Joao 14.9). Mesmo como homem, o Filho tem autoridade sobre toda carne (Joao 17.2). Quando Tomé se curva diante dele em João 20.28 e o confessa como Senhor e Deus, Jesus aceita aquela adoração. E claro, no Monte da Transfiguração, a divindade de Jesus é revelada de forma visível, quando ele se desfaz do véu da humanidade, como ele era, e deixa sua essência da Glória Divina interior brilhar (Mateus 17.2). Assim, Cristo não esvazia a si mesmo de sua divindade. Ele não renuncia seus atributos divinos.

Um esvaziamento por adição

Então do que ele se esvaziou? Bom, primeiro nós temos que entender corretamente o termo kenóō. Embora o verbo signifique “esvaziar”, por todo lado no Novo Testamento é usado em um sentido metafórico. No uso do Novo Testamento, kenóō não significa “derramar”, como se Jesus tivesse colocando alguma coisa para fora de si mesmo. Existe outra palavra grega, ekchéo, que é usada nesse sentido (ver Lucas 22.20; João 2.15; Tito 3.6). Ao invés disso, kenóō significa “invalidar”, “anular”, “tornar sem efeito”. Paulo usa nesse sentido em Romanos 4.14, quando diz, “Para aqueles que são da Lei são herdeiros, fé é feita inválida e a promessa é anulada.”  Nesse texto, ninguém pergunta “do que a fé se esvaziou?”. Claramente, a ideia é que, se a justiça pode vir pela lei, a fé seria anulada, ela não daria em nada. Sendo assim “do que Cristo se esvaziou?” é a pergunta errada. Cristo esvaziou a si mesmo – Ele se anulou a si mesmo. Ele tornou a si mesmo sem nenhum efeito. A versão King James adota essa ideia em sua tradução. Ela diz que Cristo “fez-se sem reputação.” A NIV também fica com essa ideia, e traduz: Ele “se fez nada”.

A palavra seguinte nos diz como ele se fez nada: “… [Ele] se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens”. Cristo se fez sem nenhum efeito ao assumir a natureza humana em sua encarnação. Este é um esvaziamento por adição. É uma subtração por adição.

O Senhor se torna escravo

Nós podemos ter dificuldades para entender a gravidade desse esvaziamento porque já estamos aqui embaixo. Mas precisamos lembrar do que ele abriu mão. O Criador do Universo, o possuidor de toda majestade divina, o Senhor e Mestre tomou a forma de um servo.  E é surpreendente ler sobre o que significava ser um escravo no primeiro Século. Peter O’Brien diz: “Escravidão apontava para a extrema privação dos direitos de alguém”. Gerald Hawthorne escreve que um escravo é “ a pessoa sem vantagens, que não possui direitos ou privilégios, para o expresso propósito de se colocar a serviço de todos”. E para ter uma boa ideia, Walter Hansen diz, “Um escravo tem a mais baixa posição; ele é impotente; ele não tem direitos. Ele não tem glória, nem honra, só vergonha”.

Apesar de todas as analogias passarem longe da realidade, um livro de Mark Twain, O Príncipe e o Mendigo, talvez ajude a ilustrar. O Príncipe e o Mendigo é uma história sobre Edward, filho do Rei Henrique VIII, que temporariamente trocou de lugar com Tom, um rapaz pobre de Londres. Os garotos trocam as roupas. Tom vai para Corte Real e o Príncipe Edward vai para casa de Tom e tenta lidar com pai bêbado e abusivo de Tom, junto com outras misérias da vida de mendicância. Mas, durante esse tempo, o jovem príncipe não entregou sua identidade. De fato ele ainda era o Príncipe de Gales, e poderia ter exercido seu poder como tal em qualquer momento que ele quisesse. Mas sua realeza, que ele tinha total posse por todo o tempo, não poderia ser totalmente expressada enquanto ele escolhesse se submeter à vida como um miserável.

Da mesma forma, mesmo colocando sobre si a natureza de um escravo, Cristo possuía totalmente Sua natureza, atributos e prerrogativas divinas. Mas pelo objetivo de se tornar verdadeiramente humano – para ser feito como seus irmãos em todas as coisas, no objetivo de ser misericordioso e fiel sumo sacerdote (Hebreus 2.17) – Ele não expressou totalmente sua natureza, atributos e prerrogativas divinas. Eles foram velados. Houve certos momentos que ele as expressou, como quando leu a mente das pessoas (Mateus 9.4) e operou milagres divinos. Mas o Príncipe se submeteu voluntariamente à vida de um Mendigo. Ele não era o que ele era na glória do Céu. Ele agora era totalmente humano. Não apenas colocou um disfarce humano; era humano no seu sentido mais amplo. Mas não era nem um pouco menos do que totalmente Deus ao mesmo tempo.

Da Teologia para a Doxologia

O problema da kenosis e das complexidades da Cristologia ensinadas em Filipenses 2, mesmo que intelectualmente estimulantes, não estão na Bíblia porque Paulo decidiu que os Filipenses precisavam de um sermão sobre a união hipostática. Essa teologia sublime quer nos elevar à exaltada doxologia. Esta doutrina gloriosa deve nos colocar de joelhos em adoração.

Precisamos  nos maravilhar com a humildade do Senhor Jesus, antes mesmo dele se tornar homem. Deus, o Filho, contemplou todas as riquezas da sua glória antes da encarnação, e no entanto, submissamente escolheu assumir a natureza humana e a fraqueza da carne humana para viver e morrer como um escravo de todos. Na linguagem de Filipenses 2.3-4, ele não fazia nada por egoísmo, mas considerando os outros como mais importantes do que a si mesmo. Ele não estava simplesmente à procura de seus próprios interesses, mas dos interesses de outros. Jesus poderia ter se apegado à Sua igualdade com o Pai? Claro. Como Deus eterno, Ele tinha todo o direito de fazê-lo. Mas por causa de sua obediência amorosa ao seu Pai, seu prazer na vontade do Pai, e do seu amor pelos pecadores, ele considerou esses abençoados privilégios como algo a ser entregue.

Da Doxologia para Obediência

E da mesma forma, no meio de um conflito com um irmão ou irmã em Cristo, ou com um membro da família, ou mesmo com um cônjuge – embora possamos estar certos sobre alguma coisa, e termos um bom argumento, nós podemos pensar sobre o Único que já teve o direito de fazer valer os seus direitos e não o fez, e podemos considerar o outro como mais importante do que nós mesmos, e dar preferência à honra do outro (Romanos 12.10) em nome da unidade. Você vê? Nossa doxologia – nossa adoração e admiração por Cristo por Sua humildade – deve se traduzir em obediência fiel. Deve “haver em nós a mesma atitude que houve em Cristo Jesus”, e nos humilharmos.

Calvino disse: “Ele abriu mão do seu direito: tudo o que é exigido de nós é que não nos assumamos além do que devemos”. Aquele que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder se submeteu a ser mantido pelo amamentar de uma jovem hebreia solteira.

Se o Filho de Deus desceu até esse ponto, a qual o nível de humildade você vai se recusar a descer?

Traduzido por Débora Batista | iPródigo.com | Original aqui

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Citações Humildade

Humildade (Jerry Bridges)

Embora não tenha ficado surpreso com a primazia do amor no ensinamento do Novo Testamento, fui surpreendido pelas cerca de quarenta referências à humildade, tanto no uso da própria palavra quanto no conceito, e na óbvia importância dada a essa virtude tanto por Jesus quanto pelos apóstolos. No entanto, quão pouca atenção a maioria de nós dá a crescer em humildade. O traço oposto à humildade é, sem dúvida, o orgulho, e não há orgulho maior do que o da justiça própria, o sentir-nos bem com respeito a nossa aparência religiosa e olhar os outros com superioridade.

(Fonte; Tradução: Francisco Nunes)

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