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Autores Citações Gotas de orvalho

Gotas de orvalho (172)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

As pessoas estão sempre ansiosas por novas invenções e não hesitam em ignorar e ultrapassar os limites impostos por Deus, o que não é uma falha pequena.

(João Calvino)

Devemos orar até a morte, assim como Jesus fez na cruz.

(Johann Eck)

O que importa se o diabo não quer me deixar de lado? Meu coração continua seguro na paz divina.

(Martinho Lutero)

Não importa o tamanho da ira nos olhos dos tiranos; lemos em diversas passagens da Bíblia que os olhos e o cuidado de Deus estão sobre nós.

(Hans Has Von Hallstatt)

Na cruz de Cristo eu me glorio,
altaneira por sobre a ruína dos tempos;
toda a luz da história sagrada
põe-se em torno de seu sublime alto.

(John Bowring)

Deus induz de maneira misteriosa
Suas maravilhas a realizar.
Ele firma Seus passos no mar
e cavalga na tempestade.

(William Cowper)

A fé verdadeira é não apenas um conhecimento e convicção de que tudo o que Deus revela em Sua Palavra é verdadeiro; é também uma profunda segurança gerada em mim pelo Espírito Santo por meio do evangelho que, de plena graça foi para nós por Cristo conquistada, não somente os outros, mas também eu tive os meus pecados perdoados, fui feito justo para sempre aos olhos de Deus, e a salvação me foi concedida para sempre.

(Zacarias Ursino)

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Cristo F. B. Hole Vida cristã

Você está crescendo em graça?

Almeje crescer na graça divina!

Crescimento é um dos mais claros sinais de uma vida saudável. Se é assim no reino vegetal ou animal, é da mesma forma no reino da graça. Portanto, esperamos ver crescimento em todo cristão. Na natureza, em certo ponto, o crescimento pára e o decaimento se estabelece, mas, no cristão, ele deve continuar todos os dias de sua vida terrena.

Nenhuma pessoa com sensibilidade espera que aquele que se converteu ontem seja alguma coisa além de um bebê. Mas esperamos que o convertido não permaneça um bebê. Com um apetite devorador por comida espiritual saudável, uma boa digestão, cheia do ar fresco do Céu e exercícios, ele será compelido a crescer. E a Escritura: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pd 3.18) se aplica a cada um de nós.

O que é crescimento?

Crescimento não tem conexão direta com idade. Um homem pode ter cabelos brancos com os anos e ter passado por muitos marcos históricos desde a conversão, e ainda assim espiritualmente ser uma criança atrofiada. Alguns dos crentes hebreus eram assim. Eles andavam tropeçando sobre o ABC cristão quando deveriam ser mestres, e precisavam de leite quando já deviam estar prontos para alimento sólido (Hb 5.12-14).

Crescimento não está necessariamente conectado com o que fazemos. Pode haver muito fervor e atividade, e, ainda assim, nenhum crescimento. Os cristãos efésios exemplificaram isso tristemente anos após crerem. Quando o apóstolo Paulo escreveu uma epístola para os efésios, eles eram como uma árvore plantada ao lado de rios de águas: verdes e vigorosos. Mas, quando o Senhor Jesus se dirigiu a eles por meio de Seu servo João, apesar de reconhecer-lhes as obras, o trabalho e a paciência, Ele lhes disse: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste…”. A copa florescente da árvore jovem e promissora havia sido queimada pela frieza, e o crescimento parou (Ap 2.1-7).

Crescimento nem mesmo depende do que sabemos. Nosso desenvolvimento mental pode ultrapassar muito nosso desenvolvimento espiritual. Um “prodígio infantil”, em círculos musicais ou educacionais, é um objeto lamentável na esfera cristã, e terá um final ruim. O neófito, se capaz de mensurar abstrações, pode rapidamente compreender muitas verdades na mente, mas não assumir que se tornou um gigante e apto a instruir o avô.

Alguns dos cristãos de Corinto caíram sob esse engano. Eles estavam enriquecidos em “todo o conhecimento” (1Co 1.5), assumiram ser sábios (3.18), todos tentaram ser mestres (14.26); eles até mesmo começaram a deixar a mente se afastar da verdade cardeal da ressurreição (15.12,35). Mas, na verdade, eles eram ignorantes (6.2,3,9,15,19; 8.2; 10.1; 12.1; 14.38; 15.36), carnais e infantis (3.1-3). Eles usaram o “conhecimento” para prejudicar alguns irmãos (8.11). Esse conhecimento apenas encheu-os de orgulho. O amor edifica (v. 1).

Crescimento, portanto, está completamente ligado ao que somos. A própria Epístola que nos exorta a “crescer em graça” se inicia com uma clara declaração do que realmente isso realmente significa. Ei-la: “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai a vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência [conhecimento], e à ciência, a temperança [domínio próprio], e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, o amor” (2Pd 1.5-7).

Todos nós começamos com a fé. Mas, a ela, virtude (ou coragem) deve ser acrescentada, para que ela seja levada em conta. A coragem precisa ser controlada pelo conhecimento. Conhecimento precisa ser temperado com domínio próprio. O domínio próprio desenvolve paciência (ou perseverança). A perseverança gera piedade. A piedade produz e desenvolve amor fraternal. O amor, o divino amor, coroa completamente e solda todos juntos no coração do que crê.

Essas coisas, perceba, estão em nós e devem abundar (v. 8). Elas não devem ser colocadas como um homem veste um casaco, mas devem ser produzidas interiormente no poder do Espírito Santo, a fim de que se tornem parte e parcela de nós mesmos.

O apóstolo Pedro estava, de fato, desejando que as características da bela vida de Cristo fosse reproduzida naqueles crentes.

Crescimento, então, está relacionado a caráter. Enquanto crescemos, somos moldados mais e mais em conformidade a Cristo.

Você está crescendo?

Pergunte a si mesmo, então: “Isso está acontecendo comigo? Existe, em minha atividade cristã e no aumento de conhecimentos bíblicos, um forte desenvolvimento do caráter cristão?” Após se perguntar, responda com sinceridade e muito cuidado.

Ao fazer isso, contudo, um perigo espreita. Embora nada seja mais útil que um honesto auto-julgamento perante Deus, nada é mais nocivo do que deixar essa necessária inspeção degenerar em auto-ocupação.

Cuidado com seus pensamentos morbidamente centrados em si mesmo.

Vamos imaginar três crianças que têm pequenos jardins, claramente demarcados nos campos do pai. Quão diferentes eles são! Em um deles, as ervas daninhas crescem e, ao redor, as flores são poucas e fracas. Não há sinal de enxada, ancinho e regador! No segundo tudo está arrumado: as ervas daninhas são cortadas, e as flores, mesmo que não sejam as melhores, estão saudáveis. O terceiro, por sua vez, mostra marcas de muito trabalho. De fato, está quase penosamente em ordem, mas cada flor está ou murchando ou já morta. Quão fácil é, a partir do estado dos jardins, adivinhar o caráter das crianças! E se o estilo descuidado, vai-assim-mesmo, do primeiro deve ser lastimado, a febril ansiedade que levou o terceiro a continuamente puxar uma e outra das plantas para ver como as raízes estavam indo é quase tão desastrosa do ponto de vista prático.

Evite ambos os extremos. Que o bom Senhor livre você do descuido e do tipo de religião fácil que nunca permite que honestamente você se faça a pergunta: “Estou realmente crescendo em graça?” por medo de ser perturbado; e também da mórbida auto-ocupação que leva você a estar sempre se fazendo essa questão, e eternamente puxando tudo em seu pobre coração pelas raízes no esforço de responder a ela.

Encontrar a felicidade significa enfrentar a pergunta com o coração sob a grande luz do amor de Jesus, e, se chegar à conclusão de que seu crescimento é pequeno, deixar que ela o incentive alegremente a conhecer mais de Cristo.

Em que nós crescemos?

É importante lembrar que, como crentes, nós permanecemos na graça (ou favor) de Deus (ver Rm 5.2), e que nos foi pregado pelo apóstolo Pedro que crescêssemos em graça.

Graça, então, é o solo no qual os crentes são plantados, não o mundo – embora, se alguém julgasse pelos caminhos de alguns cristãos, poderia quase pensar que sim. Apesar de todos os crentes permanecerem na graça, muitos cercam a si mesmos com atmosfera mundana de tal modo que todo o processo é parado.

É muito fácil para nós abjurarmos o mundo de modo abstrato, enquanto fortemente nos entregamos a seus prazeres nos detalhes.

Para ilustrar isso. Algum tempo atrás, uma reunião de oração estava acontecendo. Considerável fervor era manifestado na reunião. Um homem começou a invocar a Deus. Em tom fervoroso ele clamou:

– Senhor, salva-nos do mundo!

– Amém! Amém – ecoou em alto coro de todas as partes do local.

Um momento de pausa. Então:

– Senhor, salva-nos do tabaco!

Silêncio mortal e ameaçador! Parecia ter matado a reunião.

Você pode desaprovar que se ore dessa maneira, mas isso mostra como é fácil orar para ser preservado do mundo de modo abstrato e apreciá-lo nos detalhes.

Lembre-se de que as vinhas de Salomão eram roubadas e estragadas pelas “raposinhas” (Ct 2.15). Havia muitas delas e, por serem pequenas, entravam nas vinhas sem atrair muita atenção.

Do mesmo modo, muitos cristãos sofrem por viver em uma atmosfera da lei. Eles vivem e andam, lêem e oram, servem e adoram mediante regras. Nenhum deles pode esperar crescer se ficar enclausurado em ferro rígido!

Quão doce é a liberdade que a graça dá! Refiro-me à liberdade, não à licenciosidade. Pois a graça que traz salvação também nos ensina “que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa e piamente” (Tt 2.12).

Vamos fincar nossas raízes profundamente na graça. Vamos nos expor a sua luz. Oh! O efeito de uma alma humilhada e subjugada por tal conhecimento, a despeito de tudo o que encontramos em nós mesmos, o doce e perfeito favor de Deus repousa sobre nós por causa de Cristo, e nada pode nos separar “do amor de Deus, que está em” – não em nós mesmos, mas em – “Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.39).

Como crescemos?

Ultimamente, muito tem sido dito em público sobre o aspecto físico decaído de milhares de crianças que frequentam a escola. A questão prática é: “O que deve ser feito?” O caso será resolvido dando a elas muito o que fazer em exercícios e atividades? Não, elas não tem energia ou vigor para tanto. Deve-se incluir alguma instrução sobre saúde nos estudos escolares, e ensiná-las como o corpo humano cresce, acrescentando célula a célula e tecido a tecido, o valor de diferentes alimentos e as leis que governam o processo de digestão?

Seis anos de estudos desse tipo não vão acrescentar muitos centímetros à estatura delas quanto seis meses de uma boa alimentação: refeições substanciais de comida adequada, quatro vezes por dia e sete dias por semana!

Se você quer crescer, então, selecione boa comida espiritual. Boa comida, lembre-se. Não novelas, literatura leviana ou outro lixo mundano. E digira isso. Invista tempo para meditar e pensar a respeito. Quando o boi rumina, geralmente se deita. Do mesmo modo, a digestão espiritual é grandemente favorecida por um pouco de quietude, com os joelhos dobrados em oração.

A comida do Cristão é, em uma palavra, Cristo: “crescendo no [ou pelo] conhecimento de Deus” (Cl 1.10) – e, como é em Cristo que Deus é conhecido por nós, Pedro afirma: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (2Pd 3.18).

É bom conhecer sobre Ele, e tudo que nos ajuda nesse sentido é proveitoso, mas o ponto de suprema importância é conhecer o próprio Senhor Jesus Cristo, desfrutar aquela santa intimidade que é fruto do viver e do andar diários em Sua presença. Mesmo aqui na terra, estar

“Perto de Sua confiável companhia
em divina comunhão”.

Então, pouco a pouco, devemos descobrir Sua multifacetada glória, e apreciar as várias características nas quais Ele permanece relacionado a nós. Nas linhas seguintes, vamos tentar sugerir um pouco delas.

O começo de nosso conhecimento de Jesus é como

Salvador, para libertar.

Para o pecador ansioso, sobrecarregado com culpa, lamentando sob o pecado e tremendo diante da morte e do julgamento, Jesus se destaca como Salvador. Ele lutou com o pecado; Ele morreu e ressuscitou. Quão perfeito e atraente Ele é! Não admira que o recém-perdoado pecador não se preocupe com mais ninguém e com nada mais.

Você pode olhar para trás, para o momento em que experimentou a alegria da salvação, como os israelitas fizeram, quando estavam na outra margem da inundação de julgamento do Mar Vermelho: eles cantaram, dizendo: “Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou […] O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele me foi por salvação” (Êx 15.1,2)? Ou como ocorreu com Israel séculos depois, quando Davi encontrou Golias, de Gate, e, em nome de Jeová, forjou a libertação? Então, a terrível tensão e o horrível suspense terminaram. Uma emoção poderosa percorreu os que assistiam, e “os homens de Israel e Judá se levantaram e jubilaram” (1Sm 17.52).

Foi assim conosco. Nós fomos libertados. Nossos dias de murmuração e suspense acabaram. A vitória foi conquistada, e Jesus vive! E, apesar de talvez anos terem se passado desde quando O conhecemos, a emoção daquele momento está em nosso coração ainda hoje.

Nós não vamos muito longe sem antes ver o mesmo Jesus em outra característica. Ele é

Senhor, para comandar.

O evangelho, claro, no-Lo apresenta como Senhor (2Co 4.5). Nós não apenas cremos com o coração para a justiça, mas também com a boca O confessamos como Senhor para a salvação (Rm 10.9,10). Mas algum pouco tempo se passa antes que nós percebamos o que isso significa.

Jesus está no lugar de autoridade. É Dele o comando, e nossa, a prazerosa obediência, e isso significa render nossa vontade a Ele.

A conversão do apóstolo Paulo foi a ideal. Ele muito rapidamente alcançou o ponto de se render (ver At 9.5,6). Ele estava na poeira da estrada para Damasco quando reconheceu Jesus como seu Senhor, e sua vida toda foi transformada. Muitos de nós ficam muito atrás dele. Ainda assim, todos temos de chegar a esse ponto.

Estávamos conversando com um jovem cristão outro dia, e, durante a conversa, ele se referia muitas vezes aos “dias de outrora”, quando ele era um crente mundano, negligente, tendo apenas um apático interesse pelas coisas de Deus. Ele disse: “Eu realmente cri no Senhor Jesus Cristo para o perdão de meus pecados, e, se eu tivesse morrido, tenho certeza de que iria para o céu.”

Entretanto, aqueles foram os “dias de outrora”, pois um novo dia amanheceu com a descoberta de que Jesus era seu Senhor, um Mestre pelo qual viver e a quem servir. Ao colocar-se sob essa nova postura, uma grande alteração tomou lugar. Ele era um homem diferente.

Esse novo dia já amanheceu em sua história? Se não, que venha rapidamente! Ele está bem no comecinho da vida cristã.

Um dos primeiros resultados de um genuíno reconhecimento do senhorio de Cristo é que o convertido mergulha em um bocado de problemas e de exercício da alma, uma vez que seus muitos esforços para fazer a vontade de seu novo Mestre, recentemente encontrado, o levam a estar em conflito com a própria vontade.

Três coisas, pelo menos, devem ser aprendidas.

Primeira: a verdadeira natureza da carne (i. e., a velha natureza má ainda dentro de nós), irremediavelmente má. “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18). Se não há “bem algum”, então, nem mesmo um bom desejo será encontrado lá. No entanto, quanto tempo leva ainda para a maioria de nós abandonar qualquer expectativa de bem, ou mesmo de melhora, iniciado do interior.

Segunda: o terrível poder da carne. Esse poder – embora, de fato, tenhamos nascido de novo e, assim, possuindo uma nova natureza – não nos capacita a vencê-la. Vemos um homem dizendo: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (v. 19). Ele desejava o bem, provando a existência da nova natureza dentro dele, mas tal era o poder da velha natureza que superava a nova, levando-o ao cativeiro (v. 23) e fazendo dele um homem completamente miserável (v. 24).

Você supostamente começou a viver uma valorosa vida cristã para o Senhor, apenas para se encontrar derrotado, não por inimigos gigantes exteriores, mas pela traidora “carne” que está dentro de você?

Essa é, então, a lição que você está aprendendo.

Terceira: o que Deus fez em relação à carne na cruz de nosso Senhor, Jesus Cristo. “Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (8.3). Que alívio é conhecer isso! Deus agora trata a carne como uma coisa condenada, e fez isso com ela. Só nos resta alinhar-nos com Deus e, de nosso lado, tratá-la como coisa condenada e acabada. Isso nós podemos fazer, pois, por termos crido em Jesus, recebemos o Espírito Santo, o novo poder, e Ele é mais do que um mero adversário para o poder da carne.

Liderados pelo Espírito Santo, levantamos os olhos para o céu, e Jesus agora se torna para nós

Um objetivo, para controlar.

E este é o verdadeiro segredo do crente ser libertado, de modo prático, do poder do mundo, da carne e do diabo.

Satanás, o astuto adversário e acusador final, ocupa seu tempo em atacar a fé dos santos (ver 2Co 11.3; 1Ts 3.5; 1Pd 5.9) e, conseqüentemente, para enfrentá-lo o escudo da fé é necessário (Ef 6.16).

A carne nos supre com todos os desejos mais baixos, os quais cada um de nós conhece muito bem, assim como com qualquer outro desejo que não está de acordo com a vontade de Deus.

O mundo – o gigantesco sistema ao nosso redor, no qual Satanás e o homem têm trabalhado entre si na vã esperança de torná-lo o mais feliz e contente sem Deus –, como na grande “Feira das vaidades” de Bunyan, contém atrações adequadas para cada gosto e temperamento, e todas apelando para os desejos da carne dentro de nós.

Embora livros possam ser bem escritos sobre como o crente se liberta desse triplo inimigo, e o caminho para isso, essa liberdade mesma é simples e docemente desfrutada por aqueles que, tendo aprendido o suficiente sobre o mundo e sobre si mesmos para estarem enojados de ambos, voltam para Jesus e encontram Nele

“O Objetivo brilhante e adequado
para preencher e satisfazer o coração.”

(Jim Elliot, em seu diário)

Jesus é isto para sua alma: um Objetivo para amar e pelo qual viver? Paulo disse: “Porque a lei [ou controle] do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei [ou controle] do pecado e da morte” (Rm 8.2).

Uma impressionante ilustração do poder de um objetivo para controlar ocorreu quando o primeiro avião militar fez um vôo de teste ao redor de Londres. Durante a breve hora que pairava sobre a metrópole, ele se tornou o objetivo de milhões de pares de olhos. Tudo o mais foi esquecido. A última moda perdeu sua atração, lojas ficaram desertas, jantares esfriaram. Alinhados homens de negócios largaram a caneta e estudantes largaram seus livros. Todo mundo parou e olhou fixamente para esse novo objetivo no céu e, naquele instante, foram claramente libertados de sua vida ordinária.

De qualquer modo, foi a novidade da coisa que atraiu. Não é assim com Jesus. Quem O tem amado há mais tempo e O conhece melhor sente Suas benditas e permanentes atrações. Em síntese: está tudo centralizado em Seu poderoso e eterno amor. Assim como um poderoso ímã extrairá uma agulha de um monte de serragem, o amor magnético de Jesus irá libertar uma alma de qualquer montanha de lixo mundano e carnal. Que Deus atraia tanto os leitores quanto o escritor para esse poder cada vez mais.

Se tudo isso for mantido, devemos conhecer e apreciar o Senhor Jesus em outra característica, que é

Sumo sacerdote, para sustentar.

Há muitos bons cristãos que querem ser mais devotados, ou viver “a vida mais elevada”. Mas, apesar dos desejos serem bons, suas circunstâncias são um desafio e os resultados são pobres. Você é um deles?

Possivelmente você está familiarizado com a Epístola de Hebreus e, assim sendo, sabe que Jesus é seu grande Sumo Sacerdote no céu (4.14), mas a questão é: Você, de modo real e prático, O conhece como seu grande Sumo Sacerdote, que sustenta sua alma dia a dia, no meio de tantas provas e dificuldades da vida?

Somente aqueles cujo rosto está voltado na direção certa podem esperar a ajuda do Sacerdote. Ajudar um homem no caminho errado não é, de fato, ajudar. Consequentemente, o crente descuidado e de mente mundana não receberá a ajuda do Sacerdote; ele precisa dos serviços de Jesus como Advogado para tocar-lhe a consciência e endireitá-lo. O crente de mente sincera, que, de coração, reconhece Jesus como Senhor e O ama como Objetivo, tanto precisará disso quanto o obterá, tendo por resultado não apenas ser levado em segurança para o céu mais tarde, mas também levado ao Santo dos Santos (i. e., a conscientemente percebida presença de Deus) agora (10.19-22)

Nada que possa ser dito sobre o assunto, entretanto, nos dará uma percepção da graça e do poder de Jesus como nosso Sumo Sacerdote maior do que a dada por uma pequena experiência prática, ganha em nos voltarmos para Ele em momentos de dificuldade e necessidade. Portanto, guardemos bem a exortação. “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (4.16).

Tudo isso nos ensinará a olhar alegremente para o Senhor Jesus como

A Cabeça, para direcionar.

Cristo é a cabeça da Igreja, assim como o marido é a cabeça da esposa (Ef 5.23). Dele, também, como Cabeça, vem todo o alimento e suprimento para Seu corpo (4.15,16).

Sabedoria, direção e nutrição são necessidades diárias, e o suprimento delas não está em nós, mas Nele. Como cabeça, Ele é a fonte superabundante de tudo. Estar “ligado à cabeça” (Cl 2.19) é apreciá-Lo e apegar-se a Ele como tal, e, desse modo, realmente encontrar Nele aquilo que nos faz gratamente independentes da sabedoria dos homens no caminho do racionalismo (v. 8) e de sua religião no caminho do ritualismo (vv. 20-23).

Cristo é tudo e, assim, Ele se torna tudo no coração do crente. Fora Dele, nada há.

Uma palavra de alerta. Não pense que cada um desses passos no conhecimento de Cristo existe separadamente. Eles estão intimamente ligados, e, com freqüência, se fundem um em outro na história do cristão. O grande final é que podemos estar completamente firmados, não sendo mais crianças, mas homens totalmente crescidos, com Cristo sendo tudo para nós.

 

(Fonte das imagens)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (171)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Deus nos liberta do domínio do pecado, não fortalecendo nosso velho homem, mas crucificando-o; não ajudando-o a fazer alguma coisa, mas removendo-o do cenário da ação.

(Watchman Nee)

A oração é uma expressão tão natural da fé quanto a respiração o é da vida.

(Jonathan Edwards)

Aquele dia [da volta de Cristo] permanece oculto, para que estejamos vigiando todos os dias.

(Agostinho)

Quando a ciência parece conflitar com a teologia, não temos razão para rejeitar nem os fatos da natureza nem as palavras da Bíblia. Em lugar disso, temos razão para reexaminar nossas interpretações, pois os fatos da natureza e a Escritura sempre concordam.

(Hugh Ross)

A raiz de toda constância está na consagração a Deus.

(Alexander MacLaren)

Não teremos nenhum poder de Deus a não ser que sejamos convencidos de que não temos nenhum poder em nós mesmos.

(John Owen)

A ressurreição de Cristo é o amém de todas as Suas promessas.

(John Boys)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (170)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Por tudo isso, vemos que o ceder a pecados menores atrai a alma para cometer os maiores. Ah!, quantos nestes dias caíram, primeiro por ter pensamentos vis sobre as Escrituras e as ordenanças; então, por fazer pouco caso das Escrituras e das ordenanças; a seguir, por fazer divagações pessoais sobre as Escrituras e as ordenanças; e logo, por rejeitar as Escrituras e as ordenanças; e, por fim, por avançar e elevar-se, e elevar suas opiniões que desonram Cristo e danificam almas, acima das Escrituras e das ordenanças.

(Thomas Brooks)

De bom grado vou confirmar com meu sangue a verdade sobre a qual tenho escrito e pregado.

(John Huss, quando estava na fogueira para ser morto)

Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.

(Martinho Lutero)

A verdade sem entusiasmo, a moralidade sem emoção e o ritual vazio de realidade são coisas que Cristo condena severamente. Sem fervor espiritual, elas não passam de uma filosofia ímpia, um sistema ético ou de mera superstição.

(Samuel Chadwick)

A libertação [dos pecados] deu-nos liberdade para sermos escravos da justiça.

(Charles Caldwell Ryrie)

Os que professam arrependimento precisam praticá-lo.

(Matthew Henry)

A cruz de Cristo é o mais suave fardo que eu já carreguei; é um peso como as asas para um pássaro, como as velas para um veleiro.

(Samuel Rutherford)

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Dough Kazen Segunda vinda

O Senhor assentado

O Criador veio buscar a criatura que O desprezou.

Uma vez, homens se assentaram ao redor da cruz para contemplar os Seus sofrimentos – provavelmente a última ocasião em que pecadores incrédulos puderam assentar-se em Sua presença.

“E havendo-O crucificado […] assentados, O guardavam” (Mt 27.35-36). Que cena! O Rei dos reis usando uma coroa de espinhos colocada sobre Sua cabeça por Seus súditos rebeldes. O Criador pendurado sobre um madeiro que Ele próprio criara, pregado ali por Suas próprias criaturas pecaminosas. Ele foi à cruz em submissão à vontade do Pai, levado como um cordeiro ao matadouro – e Mateus nos revela que aqueles que descarregaram ódio e violência sobre Ele se assentaram, friamente, para observar o espetáculo de Sua morte agonizante.

Talvez o Calvário tenha sido a última ocasião em que pecadores incrédulos puderam assentar-se em Sua presença. Um dia nós, os pecadores redimidos, estaremos assentados em Sua presença; mas os impenitentes, nunca. Lemos dos maus fugindo de diante de Sua presença (Ap 6), e, no juízo do Grande Trono Branco, estarão em pé na presença Dele para serem julgados (Ap 20).

Agora Ele é o Senhor na glória! Virá o tempo quando todos os habitantes da Terra se prostrarão perante Ele. Os vales estarão cheios de cadáveres, daqueles que se rebelaram contra Ele; Satanás e seu primeiro ministro do mal serão lançados no abismo; o joelho de todo sobrevivente terrestre se dobrará em sujeição ao Homem que morreu na cruz. Todo olho estará fito Nele – o tempo de Sua humilhação já terá passado.

Seu governo de graça não estará mais em evidência. Ele agora governará com uma vara de ferro. Aquelas feridas que os observadores infligiram no Calvário ainda estão em Sua pessoa, marcas eternas de Sua humilhação passada e de Sua vitória eterna.

Naquele grande dia do Senhor, todos os sobreviventes na Terra lamentarão e prantearão: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até os mesmos que O traspassaram; e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele. Sim. Amém” (1.7). Ao olharem para Aquele a quem traspassaram, reconhecerão que Ele é, de fato, o Senhor de tudo. Durante mil anos a Terra terá descanso sob Seu reino benevolente. Os céus refletirão Sua glória. Finalmente, toda criatura no universo se unirá em louvor a este Príncipe onipotente.

“E verão o Seu rosto; e nas suas testas estará o Seu nome” (22.4). Uma vasta multidão de salvos vai contemplá-Lo eternamente. Sobre eles, aquele rosto, uma vez desfigurado, brilhará em graça e amor infindos. Seu rosto excederá em brilho todas as outras maravilhas. Para a Sua Noiva, a verdadeira Igreja, a beleza deste Ser ilustre será o centro incontestado de atração e deleite transformador, o objetivo central da eterna felicidade que ela terá.

Os pecadores nunca mais se assentarão para ver Seu sofrimento. Diante de Sua glória incomparável, todo joelho se dobrará, e os que Lhe pertencem – elevados à vida e à glória – se deleitarão em Seu maravilhoso ser e em Sua posição elevada, e serão para o louvor de Sua glória.

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (169)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Nunca entendi o significado da Palavra de Deus enquanto não passei pela aflição.

(Martinho Lutero)

A pior maldição que um povo pode sofrer é ter uma religião movida à base de mera emoção e de sensacionalismo. A ausência de realidade espiritual já é trágica, mas o aumento da falsa espiritualidade é pecado mortal.

(Samuel Chadwick)

Como eu poderia passar os melhores anos de minha vida vivendo nas honras deste mundo, enquanto milhares de almas estão perecendo todos os dias?

(C. T. Studd)

Enquanto os homens não tiverem fé em Cristo, suas melhores obras nada mais são do que gloriosos pecados.

(Thomas Brooks)

Quando os homens começam a se queixar mais de seus pecados do que de suas aflições, começa a surgir alguma esperança para eles.

(Matthew Henry)

Quem de fato contemplou a cruz de Cristo não pode jamais falar de casos sem esperança.

(G. Campbell Morgan)

Rejeitar o estudo sob o pretexto da suficiência do Espírito é rejeitar a própria Escritura.

(Richard Baxter)

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Francisco Nunes Testemunho Testemunho

Um pensamento sobre a comunhão cristã

O que expressamos quando estamos com outros cristãos?

Recentemente, num domingo à tarde, rodeado de muitos amados irmãos, enquanto eu lavava louça me vieram ao coração dois pensamentos.

1) Nosso ajuntamento cristão não tem aquilo que o mundo tem.

Quando cristãos – e aqui me refiro a cristãos sérios, bíblicos, que levam a santidade a sério, que têm temor do Senhor, que honram Seu nome por meio do viver prático que têm – estão juntos, em ambiente informal (num almoço ou numa convivência, por exemplo), não há aquilo que caracteriza eventos mundanos semelhantes: bebedeira, palavrões, insinuações maldosas, piadas de baixo calão, fofocas, adultérios, crianças largadas a si mesmas, etc. Cristãos que honram a Deus em todos os aspectos da vida, começando com a linguagem, reúnem-se e conversam amenidades, trocam idéias sobre as questões mundiais, dicas sobre educação de filhos, riem de si mesmos, buscam orientação profissional, trocam receitas, dicas de tratamento médico, corujices sobre os filhos… É aquilo que chamam de ambiente saudável.

Isso é, sem dúvida, para quem teme a Deus, mil vezes melhor do que um ambiente mundano típico. (Infelizmente, há muitos cristãos que se sentem completamente à vontade em ambientes mundanos, que os preferem àqueles “crentes”, que estão plenamente conformados a este mundo, pensando, falando, rindo, comendo, bebendo e vivendo como se a ele pertencessem.) Há ali segurança, respeito mútuo, alegria saudável, domínio próprio, ambiente propício para as crianças e tantas outras vantagens. É muito bom, é muito vantajoso estar em um lugar assim. E eu estava alegre com essa percepção e grato a Deus por estar ali.

Mas algo mais me veio ao coração:

2) Mas será que nosso ajuntamento cristão tem aquilo que o mundo não tem?

Isso me foi um choque instantâneo. O que há de distintivo, único, exclusivo dos cristãos? O que há nos cristãos que não há, de modo algum, naqueles que não obedecem à fé? A presença do Senhor Jesus, por meio do Espírito; a vida de Cristo Jesus habitando naqueles que Lhe pertencem. E é isto que faz a verdadeira e prática comunhão cristã: Cristo ser “servido” pelos cristãos uns aos outros. Quando Cristo é nosso centro e a esfera de nossa comunhão, podemos dizer que, de fato, estamos em comunhão. Do contrário, teremos, talvez, apenas um bom ajuntamento cristão (que, repito, em princípio é muito melhor do qualquer similar mundano).

Mas, tenho de reconhecer, é tão difícil termos genuína comunhão! É tão difícil sairmos da esfera natural, das coisas desta vida, e partilharmos das celestiais, daquilo que é nossa rica herança em Cristo, das riquezas insondáveis Daquele que nos salvou! Parece pouco espontâneo (perdoem-me se generalizo; falo, em primeiro lugar, de mim mesmo) voltar-se de um assunto desta vida para a Bíblia, como se fosse possível mantê-los separados, como se fossem antagônicos.

Como cristãos, temos algo único: um relacionamento vivo e real com Deus por meio de Seu Filho, Jesus Cristo! Isso nenhum ajuntamento secular tem. No entanto, é possível que um ajuntamento de cristãos também não o tenha, caso não falemos entre nós “com salmos, e hinos e cânticos espirituais”, que é o modo de nos enchermos do Espírito (Ef 5.19); se não tivermos um falar que denuncie que estivemos com Jesus (At 4.13). Os primeiros discípulos não podiam deixar de falar do que tinham visto e ouvido (4.20). E nós, cristãos do século 21, por que deixamos tão facilmente? É possível que seja resultado de vermos e ouvirmos pouco nosso Senhor, de termos pouca comunhão com Ele, por Sua Palavra não habitar em nós ricamente (Cl 3.16), e, como a boca fala do que está cheio o coração…

Os primeiros cristãos caíram na graça de todo o povo (At 2.47), pois seu viver diário e prático não tinha aquilo que o mundo tinha ― era distinto, atraente. No entanto, “dos outros [os não-cristãos], porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles” (5.13), certamente porque naquele ajuntamento havia algo que no mundo não havia: Deus mesmo, real, manifestado palpavelmente por meio de Seus filhos ― um Deus tão santo que não tolerava mentira entre eles (vv. 1-11). As pessoas de fora viam, naquele novo grupo, características que as atraíam, mas percebiam que havia também uma realidade interior, um padrão dela derivado, que impedia que qualquer um se achegasse e por ali ficasse se não fosse um “deles”, um discípulo, um nascido do alto, um filho de Deus.

No que depender de mim e de você, que tipo de ajuntamento cristão o mundo verá?

 

Publicado originalmente em 7.2.15; atualizado em 1.8.18.

 

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Citações E. M. Bounds Gotas de orvalho

Gotas de Orvalho – Edward Bounds (168)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

O amor arde como fogo e sobrevive à base de calor. O ar que a verdadeira experiência cristã respira e o pão de que ela se alimenta são feitos de chama. E ela suporta qualquer coisa, menos uma chama fraca. E, quando a atmosfera que a cerca é fria ou morna, morre congelada ou à míngua. Não há oração verdadeira sem chamas.

Por mais erudito que um homem seja, por mais perfeita que seja sua capacidade de expressão, mais ampla sua visão das coisas, mais grandiosa sua eloqüência, mais simpática sua aparência, nada disso toma o lugar do fervor espiritual. É pelo fogo que a oração sobe aos céus. O fogo empresta asas à oração, dando-lhe acesso a Deus; comunica-lhe energias e torna-a aceitável diante do Senhor. Sem fogo não há incenso; sem fervor não há oração.

A causa de Deus foi confiada aos homens. Deus mesmo se confia aos homens. Os crentes que oram são os vice-governadores Dele. Estes é que fazem a obra de Deus e realizam Seus planos.

A direção de Paulo é muito específica: “Não andeis ansiosos por nada”. Por nenhuma coisa. Por nada, por nenhuma condição, por nenhuma chance ou acontecimento. Não se perturbe por nada que possa criar ansiedade. Tenha uma mente liberta de todas as preocupações, de todos os cuidados, de toda aflição, de todos os medos. Quantas possibilidades estão na oração para remediar a situação de mente da qual Paulo está falando! Orar sobre tudo pode silenciar cada distração, sumir com a ansiedade e libertar todo medo de vidas escravizadas. Apenas oração sobre tudo pode levar o medo embora, aliviar o coração de cargas desnecessárias e salvar do pecado de ficar se preocupando com coisas que não podemos resolver.

A Igreja está procurando por métodos melhores; Deus está buscando homens melhores.

Falar aos homens a respeito de Deus é uma grande coisa; mas falar a Deus a favor dos homens e ainda maior. Quem não aprendeu a falar com Deus em favor dos homens não pode falar bem e com real sucesso aos homens de Deus. Mais do que isto: as palavras sem oração, tanto no púlpito como fora dele, são palavras que amortecem.

Cristo, que nisso e em outras coisas é nosso exemplo, empregou muitas noites inteiras em oração. Seu costume era orar muito. Ele tinha lugar habitual para orar. Longo tempo gasto em oração constitui a vida e o caráter de Cristo. Paulo orava de noite. Daniel orava três vezes por dia deixando de lado muitas coisas importantes. A oração de Davi pela manhã, ao meio-dia e à noite indubitavelmente, em muitas ocasiões, prolongava-se muito. Embora não tenhamos dados específicos do tempo que esses santos homens da Bíblia gastaram em oração, há evidências de que dedicaram muito tempo, e, em algumas ocasiões, era seu costume empregar longos períodos para oração. Não queremos afirmar que o valor de suas orações foi medido pela duração, mas nosso propósito é imprimir em nossa mente a necessidade de permanecer em comunhão com Deus. Se em nossa fé não se nota esta característica, ela é vazia e superficial.


Edward McKendree Bounds, mais conhecido por E. M. Bounds, ministro metodista e escritor devocional, nasceu em 15 de agosto de 1835, em Shelby County, Missouri (EUA) e morreu em 24 de agosto de 1913. Estudou Direito e, aos 21 anos, já estava praticando a advocacia. Após advogar por três anos, começou a pregar na Igreja Episcopal Metodista do Sul. No tempo de seu pastorado em Brunswick, Missouri, foi declarada uma guerra, e ele foi feito prisioneiro de guerra por rejeitar fazer o juramento de lealdade ao Governo Federal. Depois de solto, ele serviu como capelão do Quinto Regimento de Missouri, para o Exército Confederado, até o término da guerra, quando capturado e mantido como prisioneiro em Nashville, Tennessee. Após a guerra terminar, Bounds serviu como pastor de igrejas em Tennessee, Alabama, St. Louis, Missouri. Gastou os últimos dezessete anos da vida com sua família em Washington, Georgia, escrevendo seus livros sobre vida espiritual. Seu fervor e sua profunda devoção à oração são misturados com uma influência da teologia reformada, que é evidente em suas muitas obras. É muito conhecido por seus livros sobre oração.

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de Orvalho (167)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

“Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou” (Jo 14.27). Não se trata apenas de paz, mas de “Minha paz”. Não apenas Deus me dá paz, como “a paz de Deus”, a profunda quietude de Deus, guarda meu coração (Fp 4.7). Nós nos perturbamos quando as coisas não vão bem, mas lembremos que Deus escolheu este mundo para ser o cenário de Seu plano, o centro daquilo que Ele propôs fazer. Ele tinha um propósito definido no qual Satanás se meteu (com conseqüências que pouco conseguimos compreender); no entanto, apesar dele, Deus mantém uma profunda e imperturbável paz. […] Essa é a paz que nos é dada. Paulo diz que a paz de Deus deve ser como uma guarda militar para proteger meu coração. O que isso significa? Significa que um inimigo deve passar pela guarda antes de poder tocar-me. A guarda deve ser vencida antes que meu coração seja tocado. Por isso, atrevo-me a ser tão pacífico quanto Deus é, pois a paz de Deus ― a mesma paz que guarda a Deus ― é a que me guarda.

(Watchman Nee)

Tenho tantas coisas para fazer que necessito passar várias horas orando antes de poder fazê-las.

(John Wesley)

No céu ninguém usa coroa se não carregar uma cruz aqui embaixo.

(Charles H. Spurgeon)

À destra de Deus há prazeres para sempre. Você pode comer e beber em abundância e nunca estar em perigo de excesso.

(Jonathan Edwards)

Nunca prego um sermão sem pensar que é possível que o Senhor venha antes de eu ter oportunidade de pregar outro.

(D. L. Moody)

Quero ter fervor para com Deus. Afinal, de tudo o que Deus nos ordena, o principal é a oração. Ah, como desejo ser um homem de oração!

(Henry Martyn)

O aposento da oração! Que lugar abençoado! O Espírito paira sobre ele. Pois todas as realizações da graça provém do ventre da oração.

(Harold Brokke)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de Orvalho (166)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Quanto mais o povo de Deus aprender a reconhecer a atuação do diabo para impedir as orações, maior a liberdade do Espírito que terá para resolver os problemas da vida.

(F. J. Perryman)

Parece que a Igreja parou num ponto qualquer entre o Calvário e o Pentecostes.

(J. I. Brice)

Reconhecemos o valor da oração devido aos esforços que os espíritos malignos fazem para nos perturbar quando estamos orando; e conhecemos experimentalmente o fruto da oração quando vemos a derrota desses nossos inimigos.

(João Clímaco)

Sempre que fazemos a vontade de Deus, somos livres. Sempre que nos separamos da vontade de Deus, somos escravos.

(A. W Tozer)

Não temos de implorar o perdão de Deus. Confessar significa concordar com Deus que o pecado é culpa nossa, e arrepender-nos. Isso glorifica a Deus. Glorifique-O por meio da fé.

(John MacArthur Jr.)

Pela fé e pela oração, fortaleça as mãos frouxas e firme os joelhos vacilantes.

(John Wesley)

A única fé que salva é a daquele que se atira em Deus, para viver ou morrer.

(Martinho Lutero)

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Consolo J. H. S. Serviço cristão

A bênção de não se escandalizar

Como você reage ao silêncio do Senhor?

(Há alguns anos, um servo de Deus muito usado deu uma série de mensagens que foram de grande ajuda para grande número de cristãos. Daquela série, selecionamos a seguinte mensagem, por crer que ela ajudará bastante a muitos neste momento.)

“E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em Mim” (Mt 11.6).

“Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis” (Jo 16.1).

Um dos maiores perigos da vida cristã espreita no caminho comum do discipulado. É o perigo de se escandalizar em Cristo. A comunhão para a qual o cristianismo nos convoca traz inevitavelmente uma sempre nova e humilhante descoberta do ego; um invariável distúrbio da ordem estabelecida em nossa vida, conforme Sua vontade corrige e se opõe a nossa; um esforço incessante de atingir o ideal, ou seja, fazer nossa vida de seguidores corresponder crescentemente à Dele como Precursor.

E o perigo é que estamos aptos a falhar ao sermos submetidos ao teste e ao treinamento que isso envolve, a retroceder e não mais caminharmos com o Senhor, e, de fato, nos escandalizarmos Nele. É sempre possível, não obstante toda a sincera profissão da alma, de que o que Deus queria que fosse bênção se torne ruína para nós por causa de nossos conceitos errôneos. É sempre periculosamente possível que a luz de hoje se torne profundas e impenetráveis trevas amanhã, devido a nossa falha em obedecer a Cristo e continuar caminhando com Ele, por nosso atraso ou desvio das atrativas direções da companhia de Cristo. Os homens têm, assim, inconsciente e imperceptivelmente se colocado distantes do alcance das influências comuns de Cristo e se tornam, como detritos no oceano, ocasiões de perigo e desastre para incontáveis vidas.

Mas Cristo, com aquela absoluta franqueza que consiste em boa parte de Seus atrativos aos homens, não pode ser culpado por tais miseráveis deserções, pois Ele nunca disfarça, de qualquer modo, a impensável possibilidade. Em Seu evangelho, Ele combina boas-vindas com advertências como nenhum outro o faz. Sua Palavra, ao abrir o próprio coração de Deus a nossa consciência, abre também nosso próprio coração para nós. Por meio Dele viemos a conhecer o Pai, e também por Ele viemos a conhecer a nós mesmos. Ele revela toda a fidelidade de Deus a nós, mas revela também a instabilidade de nossa vontade e a inconfiabilidade de nossas emoções. Ele não nos trata como homens ideais, mas como homens reais; e nos adverte da mortandade que assola ao meio-dia, bem como da peste que anda na escuridão (Sl 91.6). Conseqüentemente, isto é o que Ele diz aos mais sinceros e convictos de nós: “Bem-aventurado aquele que não se escandalizar em Mim” (Mt 11.6). A implicação é óbvia e sinistra, mas a realidade e a riqueza de Sua graça são a resposta suficiente e silenciadora para cada um de nossos medos. A bem-aventurança de não se escandalizar, apesar de todo o perigo exterior e a fraqueza interior, é o possível ganho de cada um. E isso, de fato, é uma bênção.

É sempre periculosamente possível que a luz de hoje se torne profundas e impenetráveis trevas amanhã, devido a nossa falha em obedecer a Cristo e continuar caminhando com Ele.

Contudo, é necessário lembrar o sentido da palavra “escandalizar”. No grego, é a palavra “ofender”, e tem a força de “levar a tropeçar”. Então, traduzamos e expandamos esse dito de Cristo como sendo: “Bem-aventurado aquele que não acha em Mim nenhuma causa de tropeço, aquele que é capaz de manter seus pés em Meus caminhos, que não tropeça em nenhum obstáculo no caminho em que o tenho dirigido”. Ele usa essa palavra bem frequentemente nesse sentido; como, por exemplo, quando fala da mão ou do olho do homem sendo a causa do tropeço (Mc 9.43-47), quando denuncia aqueles que levam os outros a se escandalizarem (Mt 18.6) e quando declara que no dia da Sua glória tudo o que causou escândalo será banido de Seu reino (13.41).

Porém, Ele nunca a usa de maneira tão surpreendente como quando declara a possibilidade de homens acharem ocasião de escândalo Nele. Estamos preparados para encontrar isso no mundo, na oposição do diabo, na comprovada falsidade dos outros – mas Nele?! É, contudo, a mais surpreendente de Suas advertências, pois Nele já encontramos vida e salvação, direção e paz, inspiração e satisfação. Agora, ter a possibilidade de encontrar Nele também causa de ofensa nos desconcerta bastante. Fosse essa palavra aplicada aos homens do mundo, teria causado pouca, ou nenhuma, surpresa. Por exemplo: não somos grandemente tomados de surpresa quando aqueles que O conhecem de perto O tratam tão desdenhosamente e digam: “Não é este o filho do carpinteiro?” (v. 55). Nem estamos nós completamente despreparados para constatar que os fariseus se escandalizaram Nele quando disse a eles que maus pensamentos, adultérios, assassinatos e coisa assim procedem do coração dos homens, pois Suas palavras os convenciam do pecado (15.10-20). Não nos surpreendemos tanto de que Ele seja uma pedra de tropeço para aqueles que são confessamente desobedientes a Seus comandos. Mas pensar que Seus próprios amigos, aqueles que realmente O conheciam e foram admitidos na intimidade da comunhão com Ele, achariam causa de escândalo Nele, é muito estranho. E esse mistério nos adverte a ficarmos atentos a nós mesmos.

O momento em que o primeiro desses alertas foi dado nos dá a chave de seu significado. João, o que batizava, definhava na prisão às costas do Mar Morto como resultado de uma vida de máxima fidelidade. Ele foi tremendamente fiel a Cristo, esplendidamente sincero no concernente a sua missão, maravilhosamente corajoso em transmitir a mensagem confiada a ele, e, mesmo assim, tudo terminou em uma masmorra.

Que prova para tal homem!

Parecia que sua fé, sua auto-restrição, sua disposição para diminuir a fim de que Cristo aumentasse, que tudo isso ficara sem reconhecimento e sem valor. Sua experiência contradizia tão inteiramente a segurança em Deus, que é fácil entender a perplexidade mental que o levou a enviar seus discípulos a Cristo com a patética inquirição: “És Tu aquele que haveria de vir?” (11.2,3). Pois eis aqui Aquele que veio declaradamente para libertar os cativos, e ainda não libertou o homem que, mais que todos os outros, aparenta ter reivindicações sobre Ele. Cristo proclamou a própria missão em termos de simpatia e amor pelo quebrantado, e ainda há o contrito e quebrantado de quem Ele aparentemente não tem conhecimento.

Ele foi tremendamente fiel a Cristo, esplendidamente sincero no concernente a sua missão, maravilhosamente corajoso em transmitir a mensagem confiada a ele, e, mesmo assim, tudo terminou em uma masmorra.

É de se maravilhar que, por fim, a dúvida supere a fé, de modo que ele envia os mensageiros a Cristo na esperança de que este se declare claramente e interprete essa experiência completamente inexplicável e contraditória para aquele que pagou um preço imenso ao manter uma devotada lealdade ao Filho de Deus? A única resposta de Cristo a esses mensageiros é uma demonstração de Seu poder soberano sobre todas as forças de destruição e de morte, e uma ordem de que deveriam dizer a João aquilo que tinham visto e passar a ele esta mensagem que chama por uma nova e triunfante confiança de sua parte: “Bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em Mim” (v. 6). Pois isso significa que, ao longo do caminho da bênção, a providência do teste sempre será experimentada. Sua implicação é que existe verdadeira paz apenas para o homem que confia em Cristo quando não tem ajudas externas para a fé, que crê Nele quando vê apenas aquilo que parece negar sua confiança e permanece em lealdade sem vacilar quando o tratamento divino testa sua resistência ao máximo.

A segunda parte das palavras de Cristo ajuda a entender como Sua mensagem a João se aplica também a nós: “Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis” (Jo 16.1). Ditas como foram, na véspera de Sua partida, quando o feroz teste do discipulado estava perto de ser experimentado por Seus seguidores, elas implicavam que eles precisariam fixar a alma nas coisas que Ele lhes havia dito sobre Seu propósito e poder, se quisessem evitar o perigo de tropeçar e se desviarem Dele. Pois eles seriam levados a experiências de provas e de tensão enquanto cumpriam seus votos de consagração. E “naqueles dias”, diz Cristo, “sejam verdadeiros a sua melhor experiência de Mim. Descansem naquilo que ninguém pode tirar de vocês: o conhecimento pessoal que vocês têm de Minha graça. Agarrem-se a essas coisas que lhes tenho falado e mostrado. Sejam leais a Mim. Confiem em Mim inteiramente, apesar de todo mistério inexplicável e da aparentemente desnecessária tribulação. Assim, não tropeçarão, mas serão fortalecidos por essas coisas, que são todas ordenadas por Mim”.

Não é desleal da parte de Cristo dizer isto: que Ele não apenas governa sobre os homens, mas também os mistifica. Embora Ele os abençoe, Ele também os desconcerta, pois incomparavelmente mais altos são Seus caminhos e pensamentos do que os nossos (Is 55.9). Ele nos persuade ao amor e à lealdade; mas também nos confunde, geralmente ao ponto da distração. Ele certamente responde às questões de nosso coração, mas ao mesmo tempo levanta muito mais perguntas do que as que responde. Na vida de todo verdadeiro seguidor Dele, sempre haverá, como houve na Dele mesmo, um grande “Por quê?” sem resposta. Nenhum de nós jamais estará isento da necessidade de adquirir pela fé e pela paciência a bem-aventurança de não se escandalizar.

Pensemos em um simples e típico exemplo de escândalo, de ofensa. Comumente não se trata de uma clara apostasia, de fria renúncia à verdade ou de amarga negação da experiência passada. Em vez disso, começa com o desapontamento de alguma esperança, a frustração de alguma expectativa, o cansaço por uma oração não respondida ou a dor de um coração que parece não evocar qualquer resposta simpática de Deus. Tudo isso gera uma desconfiança muda, quase impronunciável; e enquanto pensamos nisso, uma sensação de injustiça cresce, um sentimento de que não estamos sendo tratados com muita justiça por Cristo, que se torna um evidente ressentimento. Até que, pouco a pouco, Seu jugo se torna irritante; desafiamos Seu direito de controlar nossa vida também, e tudo termina em um secreto repúdio de Seu senhorio e, geralmente, em uma renúncia exterior de todos interesses e objetivos espirituais. Essa é uma causa típica de se escandalizar em Cristo. E quantos existem ao nosso redor cuja vida é uma típica descrição disso! Dos pequenos começos de desconfiança crescem os maiores desastres.

Se duas linhas paralelas são produzidas até o infinito, jamais haverá alguma variação da distância entre elas. Mas, deixe-as divergirem em qualquer ponto por apenas a largura de um fio de cabelo e, quanto mais longe forem, mais ampla a divergência se tornará, até que exista um universo de distância entre elas. Assim acontece com nossa comunhão com Cristo: a mínima desconfiança ou desobediência é cheia da potencialidade do infinito; e, se não for descoberta e verificada, irá, por fim, colocar uma eternidade de distância entre a alma e o Salvador. Se, portanto, pudermos estimar alguma das imutáveis certezas do discipulado, explorar alguma, pelo menos, das perigosas causas das ofensas em Cristo e, ao mesmo tempo também, estabelecer um novo relacionamento de implícita confiança com nosso Senhor, seremos salvos desse poder aterrador. E esse é certamente o objetivo de Sua Palavra de advertência.

Nenhum de nós jamais estará isento da necessidade de adquirir pela fé e pela paciência a bem-aventurança de não se escandalizar.

Existe primeiramente a severidade de Seus requerimentos. Quando viemos a Cristo a primeira vez, o caminho parecia ser cheio de rosas e o ar parecia repleto de doces e calmantes aromas. Pois, embora Cristo fosse absolutamente franco conosco e nada escondesse da dureza dos conflitos que teríamos de enfrentar, nossos próprios poderes de apreensão eram tão limitados que víamos apenas uma coisa por vez, e aquela única coisa era que Cristo atenderia todas as necessidades de que estávamos conscientes. Em decorrência disso, marchamos rumo a uma alegre tensão com a qual nosso coração estava sintonizado. Porém, isso ocorreu muito antes de descobrirmos que as condições do companheirismo são severas. Por exemplo: vemos que uma real separação do mundo em espírito e propósito é completamente necessária para a manutenção da comunhão. Vemos que não podemos andar em duas disposições mentais de uma só vez – e que as pressões do mundo são de fatos sedutoras. Aprendemos que não podemos ao mesmo tempo andar com Ele e com a opinião popular, com Ele e com o mundo, ou mesmo com Ele e com a igreja externamente professa.

Quando essa descoberta é feita, com freqüência significa que os homens se escandalizaram Nele, pois Suas demandas envolvem perturbações de alto custo na regulação do lar, dos negócios e da vida social, de acordo com Suas ordens. Possivelmente signifiquem para alguns a renúncia de um tipo de popularidade que existe somente por causa do vergonhoso silêncio no tocante a Ele. Envolvem outros na severidade dos laços que se tornaram uma grande parte da vida, e o sacrifício de prosperidades materiais que têm parte com a natureza da injustiça. Elas significam para todos o fim da auto-indulgência, uma crucificação visando a uma coroação, uma destronização visando a uma entronização.

Quando tudo isso é claramente compreendido, então, os homens se escandalizam com Cristo. Quando Ele diz: “Corte a mão direita; arranque o olho direito; abandone tudo o que você tem; tome sua cruz e siga-Me”, vem, então, o teste que determina tudo. Aí muito freqüentemente os homens retrocedem para não andar mais com Ele. Não porque eles não O entendem, mas porque vieram a conhecê-Lo muito bem! Quando Ele chega a ser assim reconhecido, não apenas como o Cristo de coração amável, mas também o Cristo de dura face, grande é a bênção daquele que não se escandaliza.

Eis aí o mistério de Sua contradição. Geralmente parece que Cristo foi antipático aos nossos melhores desejos, aqueles desejos que se originaram em nossa comunhão com Ele. Queremos, por exemplo, fazer uma grande obra e alcançar uma grande esfera; mas a resposta Dele a nossos anseios é nos obrigar a enfrentar as dificuldades de uma pequena obra em um local onde há pouco, se algum, reconhecimento de nossa labuta. Pedimos por serviço espiritual, e tudo o que nos é dado é uma monótona rotina de deveres seculares. E estamos, por isso, em perigo de nos escandalizarmos Nele, porque parece haver muito pouca justificativa para Seu tratamento a respeito de nosso alto propósito.

Ou, estamos pedindo o dom do descanso e clamando por Suas grandes promessas a esse respeito; contudo, a resposta vem na necessidade de conflito severo e contínuo. As chamas da tentação incendeiam ao nosso redor, não menos, mas muito mais ferozmente do que nunca; e ficamos confusos e provocados com esse cumprimento da Palavra que jamais esperamos. Ou desejamos ter uma vida com menos cargas e tensões, mas a única resposta do Senhor é impôr outras e mais pesadas cargas sobre nós. E nos ofendemos muito com Ele. O mistério disso tudo confunde cada sério propósito, e a tentação de não crer é, às vezes, quase demais.

Contudo, vai nos ajudar lembrar o fato simples de que o Senhor sabe e faz apenas aquilo que é melhor tanto para o desenvolvimento quanto para a repreensão de nossa vida. Na verdade, Ele é antipático apenas com nossos egoísmos. Ele busca destruir dentro de nós somente tudo o que cheira a amor-próprio, orgulho e auto-suficiência, reproduzindo em nós algo da beleza de Seu próprio caráter. Em Suas contradições corretamente apreendidas, devemos sempre ver a expressão de Sua perfeita sabedoria no que concerne a nossos próprios e mais altos interesses, e também aos interesses do reino que Ele nos deu a compartilhar. Então “bem-aventurados os que não se escandalizam”, os que aceitam a direção de Cristo como Seu amor, e confiam Nele, “quando simplesmente confiar Nele parece a coisa mais difícil de todas”.

Eis aí o mistério de Sua contradição.

Além dessas causas, existem ainda outras na lentidão de Seus métodos. Viemos a Ele e colocamos nossa vida sob Seu controle, esperando uma imediata libertação que nos levasse para além de toda preocupação relacionada à tentação e às forças que se opõem a nós. Mas quão desapontadoramente lenta é essa libertação e com que dificuldade são ganhas nossas vitórias, mesmo quando somos fortalecidos por Seu Espírito!

Quase sempre percebemos que a vida não é uma canção, mas, em vez disso, uma contenda; que a graça de Cristo não é um mero êxtase, mas, sim, uma energia que trabalha dolorosamente por retidão em nós; e que isso toma toda a vigilância de que somos capazes a tomar o lugar já conquistado, assim como a conquistar novos territórios. E a demora de Cristo nessa questão de nossos próprios conflitos espirituais com frequência é a causa de nos escandalizarmos, pois isso desaponta nossas esperanças e contradiz nossos conceitos errôneos relacionados a tudo, como se fosse uma vitória fácil e passiva sobre nossos fortes inimigos. Mas, na realidade, esse método, embora nos pareça lento, é o único que Ele certamente poderia ter, tendo em vista a grandeza de Seu propósito e a contrariedade de nossa natureza. Cada experiência de vitória, mesmo que pequena e insignificante, profetiza de um completo e definitivo triunfo.

Se formos ao Observatório em Greenwich, veremos que existe um instrumento delicado, através do qual os astrônomos medem as distâncias entre as estrelas, assim como sua magnitude. Sobre um espelho sensível é refletida a luz dos pontos celestes, e uma medida dos ângulos em que dois raios se encontram fornecem dados suficientes para todos os cálculos espantosos de milhões de quilômetros. Assim ocorre em nossa vida. Ao estimar o que Cristo já fez, nós nos asseguramos de Seu invariável propósito. Cada migalha de experiência de Seu poder de santificar, purificar, redimir, libertar, é profético do todo – de “que Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará [completará]”. Se nos agarrarmos a esse fato, encontraremos nele inspiração para a contínua firmeza da fé, e não nos escandalizaremos por Ele trabalhar tão lentamente – e acertadamente.

O mesmo é verdade também quanto ao progresso do Reino a cujos interesses fomos chamados a servir. Quão freqüentemente vemos que a lentidão com a qual resultados espirituais são alcançados se torna uma causa de ofensa em Cristo. Começamos por esperar que, quando exaltássemos Cristo, imediatamente veríamos multidões seguindo-O. Imaginamos que tínhamos apenas de trabalhar fielmente no serviço a Deus e ao homem, e os resultados certamente seriam visíveis. Mas como isso é diferente na prática. Quão dificilmente as almas são persuadidas e ganhas! Quão verdadeiro é que o joio cresce junto com o trigo! Quão verdadeiro é que aquele que avança levando a preciosa semente precisa chorar ao longo do caminho (Sl 126.6)!

E a dificuldade de crer que Deus está presente quando Ele está invisível é demais para muitos que começam a trabalhar para Ele com altas expectativas e bravas crenças, que ao fim parecem injustificadas. Como os discípulos, eles pensam que “o reino de Deus deveria aparecer imediatamente”; e, na disciplina de seu entusiasmo e na conversão de sua consagração em continuidade, pode ser que eles se “escandalizem”. Porém, não seria difícil termos exemplo após exemplo para provar que, na obra espiritual, quando os resultados são menos visíveis, eles, com freqüência, são mais reais. O obreiro que avança sem o estímulo do sucesso exterior, que continua testemunhando mesmo quando se depara com gélida indiferença, que desempenha a obra de Cristo na inspiração infalível de saber que essa é a obra de Cristo, é aquele que alcança a bênção de não se escandalizar. E parte disso está na certa colheita de sua semeadura e na segura recompensa de todo o seu serviço.

Porém, talvez acima de todas essas causas citadas de ofensa em Cristo, está a irrazoabilidade de Seus silêncios. Tenho muita simpatia com esta perplexidade de João, o que batizava: “Se esse é realmente o Cristo, porque Ele não age como Cristo? Por que Ele não faz nada para libertar Seu arauto preso ou para trazer paz a seu atribulado coração?” Uma visitação de Cristo teria mudado aquela prisão em um palácio. Um estalo de dedos da parte Dele teria transformado a escuridão de João em glória. Mas Cristo não fez isso. Assim como não o fez em Betânia, quando deixou Marta e Maria entregues à tristeza por dois longos e pesados dias. Eu simpatizo com elas em sua completa inabilidade de compreender a demora Dele à luz de Seu amor, e no protesto implícito das palavras com as quais O saudaram no caminho: “Senhor, se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11.21,32).

O silêncio Dele pareceu tão irrazoável, e ainda parece quando aparentemente não liga para nossas orações, e nós clamamos como que a um céu silente. Quem não conhece essa amarga experiência e a sutil tentação que a segue? Oramos pela conversão de nossos entes queridos, mas eles seguem aparentemente tão sem rendição e impenitentes como nunca antes. Oramos por coisas temporais que parecem completamente necessárias, sem nenhuma resposta. Buscamos alívio de alguma carga pesada, mas nenhum nos é dado – e hoje ela pesa mais do que nunca. E o pensamento de que o silêncio de Cristo é irrazoável nunca está longe demais. A lealdade a Ele está sendo dolorosamente provada, quase que ao ponto de partir-se. É quase justificável o fato de “nos ofendermos” Nele.

E a dificuldade de crer que Deus está presente quando Ele está invisível é demais para muitos que começam a trabalhar para Ele com altas expectativas e bravas crenças, que ao fim parecem injustificadas.

Mas, assim como com respeito a João na prisão, e as irmãs em Betânia, e a multidões de outros em todas as eras, Ele não está desatento, muito embora Seu silêncio pareça apontar para isso. Ele os está treinando, e a nós, para uma fé destemida, a viver no reino do invisível e eterno, a trilhar Seus próprios passos. Às vezes, o que chamamos de orações não-respondidas provam-se, sem sombra de dúvida, ser uma bênção maior do que a desejada resposta talvez pudesse ter sido. Quando Cristo responde com negação a nossos pedidos, podemos estar certos de que a resposta positiva teria sido para nosso prejuízo. Ele retém misericórdias secundárias a fim de nos ensinar a importância e o valor das primárias. Suas negativas são para nosso enriquecimento, e não para nosso empobrecimento, pois Seus propósitos são vastamente maiores do que nossas orações, e, embora Seu discurso se pareça com a prata, Seu silêncio é como o ouro. “Bem-aventurado aquele que não se ofender em Mim”.

“Essas coisas vos tenho dito para que, apesar da severidade de Minhas exigências, do mistério de Minhas contradições, da lentidão de Meus métodos e da irrazoabilidade de Meus silêncios, não vos escandalizeis.” Que coisas são essas? O que manterá Seu povo a salvo dos perigos da deserção? Quais são as seguranças permanentes de nossa fé? Em uma palavra: a certeza de Seus caminhos diante de nós: “Saí do Pai […] e vou para o Pai. […] Eu sou o caminho” (16.28; 14.6). E, a seguir, a certeza de Seu amor por nós: “O próprio Pai vos ama” (16.27). Também a constância de Sua união conosco: “Estai em Mim, e Eu em vós” (15.4). Essas são as verdades básicas de todas as Suas advertências, e a expansão delas está na vida dos membros de Seu povo. Bem-aventurado aquele que, repousando nesses fatos de Deus, tornam-nos fatores de sua própria vida, e avança sem se ofender e sem se escandalizar, sempre radiante com a “paz que excede todo o entendimento” (Fp 4.17), tornando-se crescentemente parte da iluminação do mundo ao refletir seu Senhor.

Assim, tenhamos cuidado em colocar um valor indevido em nossa mera percepção dessa verdade. Atentemos para não superestimar a força de nossas próprias resoluções e de nossos recursos, de dizermos qualquer coisa como: “Ainda que todos os homens se escandalizem em Ti, eu jamais me escandalizarei”. Em lugar disso, em uma humilde e sensível dependência de Cristo, a qual sempre se expressa em devoção ferrenha e lealdade à Palavra Dele, busquemos viver como homens de fé manifesta. Pois essa é a condição que governa a bem-aventurança de não se escandalizar.

(Fonte da imagem)

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