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Noé, um perigoso filme antibíblico

É só uma obra artística!
Não posso dizer que me surpreendo com as opiniões e considerações de muitos cristãos, incluindo líderes destacados e ministérios renomados, sobre o filme Noé. Não é uma surpresa por causa da ampla aceitação do liberalismo teológico e moral em muitos círculos cristãos. Certo pastor disse que é mediocridade não entender que Noé é apenas um filme e como tal deve ser visto. Além dele não saber muito bem o significado de mediocridade, não conseguiu apresentar nenhum bom argumento a favor do filme, nem mesmo considerando-o apenas como uma produção artística. Mas vamos por partes.

Penso que os críticos de cinema (e não vou entrar aqui na briga de foice público x crítica) podem bem avaliar o filme como produção que é. Na minha opinião leiga, é um filme desnecessariamente longo, com péssima interpretação de Russel Crowe e excelente de Emma Watson, com a patética presença dos Guardiões (não os da Galáxia, mas os expulsos do céu) e com efeitos especiais fraquinhos que são, em alguns momentos, muito ruins (como a serpente e as gêmeas criadas em CG). Ah, sim, eu vou contar o filme aqui… Mas, como cristão, o que me importa é considerar o filme à luz das Escrituras. E, definitivamente, este não é um filme bíblico, no sentido de não ser fiel tanto ao texto da Bíblia quanto a seu ensino. E, por isso, é perigoso, muito perigoso.

Péssima interpretação

Aos que o defendem dizendo que ele não tem compromisso com a Bíblia e é uma interpretação artística dela, eu pergunto: o que achariam eles se fosse feito um filme sobre sua esposa, no qual ela fosse apresentada como tendo um caráter totalmente diverso do real com a alegação de ser uma interpretação artística? Como reagiram se a esposa ou uma filha fosse retratada como insegura, devassa, violenta, inconstante, infiel, obstinada, não correspondendo isso à verdade? Será que aceitariam? Duvido muito. De pronto, falariam de calúnia, difamação, ameaçariam com processos, exigiriam indenização e retratação pública… Pois não é estranho que esses filhos de Deus (considerando que de fato o sejam) não se importem que seu Pai seja caluniado e difamado, que seja mal representado, que não seja respeitado naquilo que revela de Si mesmo de forma clara nas Escrituras? E que até defendam os que o fazem, dizendo que se trata apenas de uma representação artística? Esquisito cristianismo moderno.

Li, também, que alguns justificam o filme (como o fez famosa editora cristã brasileira) porque ele abriria uma oportunidade para explicar às pessoas sobre a verdade da Bíblia. Alguém acredita de verdade nisso? Quantos milhões de pessoas assistiram ao filme? Quantos desses milhões vieram perguntar aos cristãos se é aquilo mesmo que a Bíblia ensina? Lembro da controvérsia criada pelo livro O código da Vinci. Apesar de Dan Brown dizer que se tratava apenas de ficção, multidões sem conta o levaram e levam a sério como revelação de segredos que interessava à Igreja Católica esconder. (Um passeio pela internet comprova isso.) É uma absurda inocência acreditar que com Noé seria diferente. O mais óbvio e fácil de acontecer é as pessoas pensarem que aquilo é um registro do que a Bíblia ensina, quase um documentário.

(Num blog, li uma defesa do filme por ser apenas uma adaptação do livro de Noé (sic). O autor do texto, inclusive, diz ter lido o livro de Noé e comprovado isso…)

Sob a égide de licença poética quase tudo é aceitável, até mesmo distorcer a Bíblia. Sim, um filme bíblico precisaria supor algumas coisas, como roupas, cenários, características físicas, personagens secundários, alguns diálogos, etc. Mas, quando há clara e evidente alteração daquilo que a Bíblia afirma de modo preciso e inequívoco, não há licença poética, mas distorção, deturpação da verdade, afronta ao Autor da Palavra, Aquele que dá importância aos menores sinais gráficos usados nela (Mt 5.18; Lc 16.17) e à qualquer palavra que a ela seja acrescentada ou dela diminuída (Ap 22.19).

No conteúdo do filme, naquilo que ele diz implícita e explicitamente, está o grande problema e seu maior perigo.

Seu conteúdo antibíblico
1. No início do filme, Lameque, pai de Noé, é morto por Tubalcaim que tira do morto uma tira de origem e significado desconhecidos. Em alguma cena antes, essa tira aparece iluminando-se conforme é enrolada no braço de Lameque. Mais adiante, vê-se que ela é a pele da serpente tentadora do Éden: uma serpente dourada, brilhante, perde sua pele revelando-se (num dos piores momentos de computação gráfica do filme) uma serpente escura, de olhos imensos.

Quase ao final do filme, Noé recupera essa pele, enrola-a no braço (e, conforme o faz, ela se ilumina, fica radiante) e, assim, abençoa, em nome de Deus, suas duas netas. Quando ele toca a testa de cada menina, seu dedo e a testa delas brilham por um instante, parecendo indicar ou que algo da natureza brilhante daquela pele passou para a criança ou que a bênção pegou.

Bênção em nome de Deus com pele da serpente? Que mistura diabólica! A leitura que faço disso é que o roteirista está indicando haver certa correlação, certa semelhança entre Deus e o diabo: interiormente, eles não são o que aparentam ser exteriormente. Talvez nem sejam de todo maus ou de todo bons. E veremos que essa idéia se repete em outras cenas do filme – parece-me ser a grande mensagem pretendida por ele.

2. No filme, há os Guardiões, descritos em muitas resenhas como uma espécie de Transformers de pedra. Eles são os anjos caídos que foram expulsos do céu por Deus, por terem-se rebelado contra Ele. Lançados à terra (umas figuras brilhantes, anjos, feitas de luz, semelhantes a homens com asas), eles perdem as asas e se fundem a rochas, tornando-se monstros de uns três metros de altura, disformes, com uma luz interior que parece ser proveniente de lava. Essas criaturas inicialmente estão contra Noé, por ele se dizer enviado por Deus. Mas, depois de um milagre que Noé faz, eles passam a ajudá-lo. E são eles quem, na verdade, fazem o serviço pesado de construção da arca. Sim, a arca, que representa a salvação em Cristo, é construída com a ajuda dos anjos caídos petrificados!

Quando a multidão sob a liderança de Tubalcaim tenta invadir a arca, esta é protegida principalmente pelos Guardiões. Quando eles morrem, aquela luz interior, que não é lava, é liberada e volta ao céu na forma de anjo, indicando terem sido perdoados. Não fosse ruim o suficiente isso, um dos Guardiões, o que primeiro ajudou Noé, olha para o céu, pede que Deus o perdoe e, então, se suicida, abrindo as placas de rocha do peito. Mais uma vez, o anjo de luz volta para o céu: um suicida aceito por Deus por ter feito o bem, por ter ajudado Deus e/ou Seu enviado.

É possível aceitar isso como mera visão artística ou licença poética? É possível aceitar esse ensinamento universalista implícito, do perdão final a todas as criaturas, incluindo Satanás e seus anjos? É possível aceitar essa doutrina de redenção por boas obras, mesmo que culminadas com suicídio?

A Bíblia fala que havia gigantes na terra no tempo de Noé (Gn 6.4), mas não eram, com certeza, seres de pedra.

Esses são os da Galáxia, não os do filme…

3. Matusalém também está no filme, displicentemente interpretado por Anthony Hopkins. O personagem é igual ao Mestre dos Magos, da Caverna do dragão. Será que essa identificação teria sido um ato falho dos produtores, do diretor de arte, do diretor? Difícil acreditar. E você lembra da mitologia em torno da Caverna do dragão? De que o Destruidor, o inimigo mortal das crianças, e o Mestre dos Magos, o amigo das crianças, seriam, na verdade, a mesma pessoa?

Anthony Hopkins, é você?

Matusalém mora em uma caverna (do dragão?). Noé o procura quando recebe a primeira visão de Deus acerca do dilúvio. Por ter dúvidas, precisa saber o que seu sábio antepassado lhe diz. Com o filho caçula, Jafé, vai até ele. Matusalém, num gesto mágico, coloca o menino para dormir enquanto conversa com Noé. A fim de ajudá-lo a entender Deus, lhe dá uma infusão estranha. Noé fica tonto, enxerga coisas e, ao voltar da “viagem”, ainda meio zonzo, vê o velho conversando com seu filho, indicando que algum tempo havia se passado, e diz ter entendido.

Então, Deus precisa de uma infusão alucinógena para se revelar a Seu servo? Será esse o Deus da Bíblia? Não se parece mais com o deus do ocultismo, o deus da adoração da natureza, o deus da ecologia, o deus de Bob Marley, o deus liberal para quem está tudo bem, mesmo fumar uma coisinha, usar um chazinho, cheirar um pozinho?

Deus é incapaz de dar uma visão completa a um servo? Deus escolhe um homem para ser Seu arauto da justiça e construir a arca, e, apesar disso, esse homem é incapaz de entender o que Deus quer dele? Esse, com certeza, não é o Deus da Bíblia nem o Noé da Bíblia. Sem dúvida, muitos servos de Deus tiveram crises após serem por Ele chamados e/ou comissionados, mas isso não ocorreu com Noé. Não ocorreu porque a Bíblia não diz que ocorreu. “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor” (v. 8). Esse “porém” mostra que Noé era diferente dos homens descritos nos versos anteriores: que cobiçavam as mulheres, que eram maus, cujos pensamentos eram maus continuamente (vv. 1-5).

O Espírito Santo acrescenta: “Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus” (v. 9, ênfase acrescentada). O Noé do filme não andava com Deus, de modo nenhum. Ele não conhece Deus, ele duvida de Deus, ele questiona as intenções de Deus, ele não entende o que Deus lhe diz, ele não sabe consultar a Deus. O Noé da Bíblia andava com Deus antes de ser chamado; o do filme não andou com Ele em momento algum, pois Deus lhe era desconhecido. Precisou da intermediação mágica de Matusalém para pensar ter entendido o que Deus exigia.

A Bíblia diz que Deus falou a Noé – não que lhe deu uma visão –, dando-lhe as instruções completas sobre a construção da arca e que Noé fez exatamente como Deus lhe ordenou (6.13-22). Sem dúvidas, sem visões enigmáticas, sem chazinhos alucinógenos, sem questionamentos, sem Mestre dos Magos.

Ao mesmo tempo em que destrói o caráter do Noé bíblico, o filme destrói também o caráter de Deus, que é apresentado como um ser confuso, indeciso, indecifrável por aqueles a quem chama, incoerente, mau. Noé é o porta-voz de Deus, Seu representante, e o Deus que ele expõe não parece saber o que está fazendo ou parece ter tomado uma atitude extrema desnecessária ao inundar a terra, a qual muda por meio da decisão de Noé em desobedecer-Lhe e não matar as netas.

Ainda sobre Matusalém: como a terra toda é estéril, sem árvores de nenhum tipo (outra invenção do roteirista), o Mestre dos Magos dá a Noé uma semente, parecida com uma mamona, escura, cheia de pontas (semente de cardos ou abrolhos, o resultado da maldição de Deus sobre a terra?), a qual, segundo ele, havia sido preservada do Éden. Noé a planta, e ela produz todo tipo de árvore por todo lado, regada por um rio que surge do chão repentinamente e se espalha em quatro braços, como repetindo o Éden (2.10). Este é o milagre que encanta os Guardiões. A Bíblia é muito clara ao dizer que Deus criou as árvores segundo a sua espécie, “cuja semente está nela conforme a sua espécie” (1.11,12). É contra a Bíblia e contra o caráter de Deus a idéia de uma semente única para todas as árvores. A menos que o conceito por trás disso seja o da evolução, o que é corroborado por outra cena, em que Noé descreve a criação, enquanto as imagens que são mostradas indicam uma espécie animal evoluindo para outra.

Mestre dos Magos, é você?

O plantar da semente também parece indicar que, bastando ao homem ter a semente, a ferramenta, a palavra mágica correta, ele mesmo poderá reconstruir o Paraíso. Ele foi expulso de lá por Deus, mas pode tê-lo de volta se souber como usar algo dado por Deus – e esta é uma boa definição de magia.

O feiticeiro Matusalém cura uma moça estéril, a futura esposa de Sem, apenas por tocar-lhe no ventre, ao mesmo tempo em que ela é tomada de uma libido incontrolável, atracando-se com Sem ali mesmo e logo engravidando. Magia e sexo sempre andaram juntos, maculando o sexo como criação e dom de Deus para o homem.

4. A Bíblia é muito clara ao dizer quantas pessoas estavam na arca: Noé, a esposa, os três filhos e a esposa de cada filho (v. 18; 7.1,7,13; 8.16): oito no total. Para não haver dúvida, o Novo Testamento registra que Deus “guardou a Noé […] com mais sete pessoas” (2Pe 2.5): oito no total. Para quem crê na Bíblia e a respeita, isso é mais do que suficiente para saber que o número de oito pessoas e a identidade delas é importante para Deus e para a história da salvação. Pois o filme ignora isso totalmente.

Em determinado momento, Cão se preocupa por ele e Jafé, o caçula, não terem esposa – apenas Sem é casado, contrariando o que a Bíblia ensina. Então, na arca entram Noé e esposa, Sem e esposa, Cão e Jafé… e Tubalcaim! Exatamente! Tubalcaim, o líder da rebelião contra o enviado de Deus, o inventor das armas e dos instrumentos de metal (Gn 4.22), um assassino consegue entrar na arca. Ele, na verdade, a invadiu, arrombando uma parede lateral.

A arca lhes reserva surpresas desagradáveis

Deus, que planejou a arca e a executou por meio de Seu servo, não foi capaz de impedir que ela fosse invadida, que ela servisse de transporte a um assassino que desejava, junto com Cão, assassinar Noé! Como aceitar isso como licença poética? Isso é ignorar perigosa e estupidamente o significado espiritual da arca.

Deus ordenou que Noé betumasse a arca por dentro e por fora com betume (Gn 6.14). A palavra hebraica para betume é kâphar, uma raiz primitiva que significa “cobrir (especialmente com betume); figurativamente expiar ou perdoar, aplacar ou cancelar: fazer uma expiação, purificar, anular, desculpar, ser misericordioso, pacificar, perdoar, purgar, lançar fora, reconciliar, reconciliação”. É a mesma palavra usada no Antigo Testamento para expiação! Portanto, o betume por dentro e por fora representa, é um tipo da expiação única e definitiva realizada por Cristo na cruz do Calvário. A arca indica, é uma figura da salvação única e exclusiva por meio de Cristo. Graças a Seu sacrifício é que somos salvos, e somente por meio dele. E ninguém entra em Cristo se não for trazido a Ele pelo Pai (Jo 6.65; 10.27-29; 17.6,9).

Portanto, Tubalcaim na arca e o modo como ele entrou são uma afronta direta e declarada à obra salvífica perfeita do Senhor Jesus realizada na cruz.

Tubalcaim versão Hollywood

Mas fica pior: Tubalcaim mata animais dentro da arca (e come um deles, uma cobra). Ou seja, a arca planejada por Deus e betumada com a expiação não é suficiente para guardar os que estão dentro dela. A salvação não é suficiente? A salvação não é segura? A salvação não é digna de confiança? Algo que é começado por Deus não tem garantia? Deus não é capaz de preservar aqueles a quem salva? Então, há mais alguém, além de Deus, que pode matar não só o corpo como a alma (Lc 12.4,5)? E, para entornar de vez o caldo, Tubalcaim é morto dentro da arca por Cão enquanto lutava com Noé, mais uma vez revelado como homem sanguinário, violento. Você consegue entender o que isso prefigura? É possível? É aceitável como licença poética?

5. A Bíblia diz claramente que foi Deus quem fechou a arca (Gn 7.16). Isso, mais uma vez, confirma a prefiguração da salvação em Cristo, obra realizada e concluída exclusivamente por Deus. No filme, é Noé quem a fecha, mas fica do lado de fora, matando mais um monte de gente e por lá quase ficando quando as águas começaram a subir.

A Bíblia registra que Noé e os demais ficaram sete dias na arca antes que começasse o dilúvio (vv. 9,10). Claro que isso não é dramático, não é cinematográfico, não é hollywoodiano, mas é bíblico, é a verdade! E, mais uma vez, prefigura detalhadamente a salvação realizada por Cristo.

6. Segundo sérios estudiosos da Bíblia, os animais na arca ficaram em um estado de hibernação, a fim de não consumirem alimento o tempo todo. É apenas uma suposição, não uma verdade bíblica. No filme, ela é retratada, mas, mais uma vez, com o elemento mágico: a mulher de Noé é que sabe queimar umas ervas que produzem uma fumaça que põe a bicharada para dormir até o fim do dilúvio. Além do efeito duradouro, a tal fumaça não afeta os seres humanos…

Em outra cena, a mulher de Noé mostra mais uma vez seus poderes mágicos: por meio de uma folha colocada sobre umas brasas ela consegue saber que a nora está grávida.

7. Em certo momento, na arca, Noé diz que Deus enviou o dilúvio para matar todos os homens e salvar apenas os inocentes: os animais. Isso cheira (fede?) à idolatria animal moderna, em que animais, inclusive na legislação, têm mais direitos e geram mais comoção do que pessoas. Quem não lembra da criminosa libertação dos beagles em um laboratório em São Paulo? Nisso, o filme ecoa o que até mesmo muitos cristãos modernos falam: a história de Noé é um libelo ecológico, Noé é o amigo dos animais, Noé mostra como a natureza é importante.

Por menos que entendamos e gostemos, a Bíblia não diz que os animais são inocentes (Êx 21.28-36; Lv 20.15,16) e diz que Deus está preocupado com os homens, não com os animais (1Co 9.9,10). Os animais foram preservados na arca por causa do homem, não o contrário. O homem é a criação mais importante de Deus, a única feita a Sua imagem e conforme Sua semelhança, a única capaz de crer Nele; somente o homem pode se tornar filho de Deus.

8. No filme, Noé é violento, indeciso, omisso, transtornado. Ao contrário do “pregoeiro da justiça” (2Pe 2.5) da Bíblia, no filme ele é um observador passivo e mudo da violência, e até se une a ela para impedir que pessoas invadam a arca. E este é mais um grave desvio do ensino das Escrituras.

Noé não quer que o povo entre na arca

As pessoas não se importaram com Noé nem com a arca, e o dilúvio as pegou de surpresa (Mt 24.37-39). Naqueles dias, como hoje, as pessoas estão indiferentes à verdade, ao juízo de Deus, aos resultados do pecado; elas querem apenas fazer o que gostam, aqueles pecados que dizem ter direito de praticar. Querem poder viver em pecado e não admitem que ninguém chame de pecado ao que fazem. A sociedade tem-se empenhado em calar os que denunciam seus pecados, sua idolatria, suas abominações, sua promiscuidade, sua imoralidade; a sociedade tem-se empenhado em exaltar os que defendem as práticas imorais, os que invertem valores, os que ousam desafiar os princípios éticos judaico-cristãos, os que negam Deus, os que zombam da fé cristã. A indústria do entretenimento ganha muito dinheiro com a exaltação da violência e, com certeza, não honrará alguém a quem foi revelado que a terra foi destruída por causa da violência. O homem moderno tem dado ouvidos a todos quantos o fazem sentir-se confortável com um deus menor que o Deus da Bíblia: um deus complacente com os pecados, um deus bonzinho, uma força qualquer, uma força interior, um deus que ama os pecadores e não se importa com os pecados deles, um deus a quem se pode xingar sem conseqüências, um deus que está em qualquer criatura, que pode ser chamado por qualquer nome, que pode ser alcançado por qualquer meio, que não exige santidade, lealdade, fidelidade, consagração, amor exclusivo.

Conclusão
“Mas não há nada que preste no filme?” Sim, há. As dimensões da arca são as descritas na Bíblia. Parte da arca, com a altura e largura bíblicas e parte da extensão, foi construída ao ar livre, e o restante da extensão foi criado em CG. E ela foi construída apenas como um grande caixote para flutuar, não como um barco para navegar. Isso é biblicamente correto. E acaba aí aquilo em que o filme é bom.

No mais, é um filme perigoso, por mostrar um Deus não bíblico, por ensinar uma soteriologia sem Cristo e sem segurança, por redimir aqueles para os quais não há perdão – os anjos rebeldes – e por mostrar o enviado de Deus como qualquer coisa, menos alguém que anda com Deus. E o filme será tudo o que milhões de pessoas saberão sobre Noé.

Que Deus tenha misericórdia daqueles Seus filhos que não vêem os perigos ocultos ou explícitos nesse filme.

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Bíblia Citações

Palavra de Deus (Michael Horton)

A Palavra de Deus não se limita a transmitir informações; ela, na verdade, cria vida. Ela não é apenas descritiva, é muito eficaz também. Deus falando é Deus agindo.

(Fonte)

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Bíblia Vida cristã

Leitura da Bíblia para 2014

Paz!

Um novo ano é sempre um bom momento para (re)começarmos a leitura da Bíblia. Sei dos imensos desafios que a vida moderna nos impõe até mesmo sobre nossas disciplinas espirituais: comunhão com o Senhor, oração, leitura devocional das Escrituras, meditação, etc. Mas devemos insistir, pedindo a graça e o poder do Senhor.

Coletei na internet algumas sugestões de planos de leitura da Bíblia. Estão no arquivo zipado (o link está no final do post). Encontre o que for mais adequado a você e use-o.

O plano cronológico apresenta leitura dos livros da Bíblia não na ordem em que se encontram, mas pela sequência dos fatos registrados.

O calendar_mccheyne apresenta o plano de leitura idealizado por Robert McCheyne, no qual há uma leitura individual e uma leitura em família. (É o que mais indico.) E há um plano adaptado, que exclui uma das leituras.

Há um plano para ler a Bíblia toda em três meses e um para ler apenas o Novo Testamento, Salmos e Provérbios. Há planos para novos convertidos, para crianças, em que os livros são lidos de modo alternado ou misturados. Há um plano que considera os meses tendo 25 dias, para que haja tempo para meditação e para repôr alguma leitura.

Há dois planos em formato de planilha, que permitem acompanhar seu progresso (é preciso habilitar as macros).

Desejo que o Senhor abençoe você a cada dia do novo ano.

Divulgue para outros irmãos.

Abraço.

Baixe aqui.

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Escrituras (Moody)

As Escrituras não nos foram dadas para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa vida.

(D. L. Moody)

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Aos pregadores (Agostinho)

“Frequentemente, até um não cristão sabe algo sobre a terra, os céus e os outros elementos deste mundo, sobre o movimento e a órbita das estrelas e até sobre o tamanho e as posições relativas delas, sobre os eclipses do Sol e da Lua que podem ser previstos, sobre os ciclos dos anos e das estações, sobre os tipos de animais, plantas, rochas e assim por diante, e esse conhecimento ele considera como certo pela razão e pela experiência.

Ora, é coisa vergonhosa e perigosa que um pagão ouça um cristão falando sobre o significado da Sagrada Escritura e dizendo absurdos sobre esses temas; e devemos fazer de tudo para impedir tal situação embaraçosa, na qual as pessoas desmascaram vasta ignorância de um cristão e riem-se dele.

A vergonha não é tanto pelo fato de um indivíduo ignorante ser ridicularizado, mas porque pessoas que estão fora do abrigo da fé passam a pensar que nossos escritores sagrados tinham tais opiniões e, para grande perda daqueles por cuja salvação trabalhamos, os autores de nossas Escrituras são criticados e rejeitados como homens incultos.

Se as pessoas veem um cristão equivocado numa área que elas próprias conhecem bem e o escutam defender suas opiniões tolas sobre nossos livros, como irão acreditar nesses mesmos livros a respeito de assuntos como a ressurreição dos mortos, a esperança da vida eterna e o reino dos céus, quando acham que as páginas desses livros estão cheias de falsidades a respeito de fatos que elas mesmas passaram a conhecer com base na experiência e na luz da razão?

Intérpretes descuidados e incompetentes das Sagradas Escrituras trazem problemas e tristezas incontáveis para seus irmãos mais sábios quando são pegos emitindo suas opiniões falsas e enganosas e são criticados por aqueles que não se submetem à autoridade de nossos livros sagrados. Pois então, para defender suas afirmações completamente tolas e obviamente inverídicas, tentam usar as Sagradas Escrituras como prova, e até recitam de memória muitas passagens que eles acham que dão apoio à sua posição, embora não entendem nem o que dizem nem as coisas sobre as quais querem argumentar”.

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Cumprimento das antigas profecias

Recebi por email muito tempo atrás. Não sei quem é o autor.
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Segundo o cristianismo, o Messias enviado por Deus para salvar o seu povo cumpriria tudo o que foi dito a respeito dele por parte do Senhor através dos profetas, como por exemplo:

  • Nasceria em Belém de Judá (Miquéias 5:2)
  • de uma virgem (gr. phanteros) (Isaías 7:14)
  • por intermédio de Deus (Salmos 2:7)
  • descendente de Jacó (Números 24:17)
  • da tribo de Judá (Gênesis 49:10)
  • iria para o Egito (Oséias 11:1)
  • surgiria da Galiléia (Isaías 9:1)
  • um mensageiro prepararia o seu caminho (Malaquias 3:1) clamando no deserto (Isaías 40:3)
  • o Espírito de Deus iria repousar sobre Ele (Isaías 11:2)
  • faria profecias (Deuteronômio 18:18)
  • abriria os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos (Isaías 35:5)
  • curaria os coxos e os mudos (Isaías 35:6)
  • falaria em parábolas (Salmos 78:2)
  • mesmo sendo pobre, seria aclamado rei, em um jumento (Zacarias 9:9)
  • seria rejeitado (Salmos 118:22)
  • traído por um amigo (Salmos 41:9)
  • por trinta moedas de prata (Zacarias 11:12)
  • moedas essas que seriam dadas a um oleiro (Zacarias 11:13)
  • seria ferido, e depois abandonado por seus discípulos (Zacarias 13:7)
  • seria acusado injustamente (Salmos 35:11)
  • seria ferido pelas nossas transgressões (Isaías 53:5)
  • não responderia aos seus acusadores (Isaías 53:7)
  • seria cuspido e esbofeteado (Isaías 50:6)
  • seria zombado depois de preso (Salmos 22:7,8)
  • teria os pés e mãos transpassados (Salmos 22:16)
  • na terra dos seus amigos (Zacarias 13:6)
  • junto com transgressores (Isaías 53:12)
  • oraria pelos seus inimigos (Salmos 109:4)
  • seria rejeitado e ferido por nossas iniquidades (Isaías 53:3-5)
  • lançariam sortes para repartir as suas vestes (Salmos 22:18)
  • o fariam beber vinagre (Salmos 69:21)
  • clamaria a Deus no seu desamparo (Salmos 22:1)
  • entregaria seu espírito a Deus (Salmos 31:5)
  • não teria os ossos quebrados (Salmos 34:20)
  • a Terra se escureceria, mesmo sendo dia claro (Amós 8:9,10)
  • um rico o sepultaria (Isaías 53:9)
  • assim como Jonas ficou três dias dentro do grande peixe (Jonas 1:17; Mat.16:21; Lucas 11:30)
  • Ele ressuscitaria (Salmos 30:3)
  • no terceiro dia (Oséias 6:2)
  • subindo também aos céus (Salm. 68:18; Atos 1:11)
  • e sendo recebido pelo seu Pai, à sua direita (Salm. 110:1; Atos 7:55)

Então, aproximadamente dois mil anos atrás, Jesus Cristo teria vindo ao mundo e teria cumprido essas profecias a respeito de sua primeira vinda.

  • Jesus Cristo, o último Adão, I CORÍNTIOS 15:45

 Os milagres relatados

As Curas

Mateus

Marcos

Lucas

João

Um leproso

8:2-4

1:40-42

5:12-13

O servo de um centurião romano

8:5-13

7:1-10

A sogra de Pedro

8:14-15

1:30-31

4:38-39

Dois endemoninhados gadarenos

8:28-34

5:1-15

8:27-35

Um paralítico

9:2-7

2:3-12

5:18-25

Uma mulher com hemorragia há 12 anos

9:20-22

5:25-29

8:43-48

Dois cegos

9:27-31

Um homem mudo e endemoninhado

9:32-33

Um homem com a mão definhada

12:10-13

3:1-5

6:6-10

Um endemoninhado cego e mudo

12:22

11:14

A filha endemoninhada de uma cananéia

15:21-28

7:24-30

Um menino lunático

17:14-18

9:17-29

9:38-43

Dois cegos

20:29-34

10:46-52

18:35-43

Um surdo que falava com dificuldade

7:31-37

Um endemoninhado na sinagoga

1:23-26

4:33-35

Um cego de Betsaida

8:22-26

Uma mulher que andava curvada

13:11-13

Um homem hidrópico

14:1-4

Dez homens leprosos

17:11-19

Um servo do sumo sacerdote

22:50-51

O filho enfermo de um nobre

4:46-54

Um enfermo do tanque de Betesda

5:1-9

Um homem cego de nascença

9:1-7

 

O Poder Sobre a Natureza

Mateus

Marcos

Lucas

João

Jesus acalma o vento e o mar

8:23-27

4:37-41

8:22-25

Jesus caminha sobre as águas

14:25

6:48-51

6:19-21

A 1ª multiplicação de pães e peixes

14:15-21

6:35-44

9:12-17

6:6-13

A 2ª multiplicação de pães e peixes

15:32-38

8:1-9

O peixe com uma moeda na boca

17:24-27

A figueira se torna estéril

21:18-22

11:12-14,20-25

A água é transformada em vinho

2:1-11

A 1ª pesca milagrosa

5:1-11

A 2ª pesca milagrosa

21:1-11

 

O Poder Sobre a Morte

Mateus

Marcos

Lucas

João

Ressurreição da filha de Jairo

9:18-25

5:22-24,35-42

8:41-56

Ressurreição do filho de uma viúva

7:11-15

Ressurreição de Lázaro em Betânia

11:17-45

Sua própria ressurreição

28:1-7

16:1-6

24:1-9

20:11-18

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Coisas que até um ateu pode ver (Augustus Nicodemus Lopes)

Um número razoável de cientistas e filósofos ateus ou agnósticos vem em anos recentes engrossando as fileiras daqueles que expressam dúvidas sérias sobre a capacidade da teoria da evolução darwinista para explicar a origem da vida e sua complexidade por meio da seleção natural e da natureza randômica ou aleatória das mutações genéticas necessárias para tal.

Poderíamos citar Anthony Flew, o mais notável intelectual ateísta da Europa e Estados Unidos que no início do século XXI anunciou sua desconversão do ateísmo darwinista e adesão ao teísmo, por causa das evidências de propósito inteligente na natureza. Mais recentemente o biólogo molecular James Shapiro, da Universidade de Chicago, ele mesmo também ateu, publicou o livro Evolution: A View from 21st Century onde desconstrói impiedosamente a evolução darwinista.
E agora é a vez de Thomas Nagel, professor de filosofia e direito da Universidade de Nova York, membro da Academia Americana de Artes e Ciências, ganhador de vários prêmios com seus livros sobre filosofia, e um ateu declarado. Ele acaba de publicar o livro Mind & Cosmos (“Mente e Cosmos”) com o provocante subtítulo Why the materialist neo-darwinian conception of nature is almost certainly false (“Por que a concepção neo-darwinista materialista da natureza é quase que certamente falsa”), onde aponta as fragilidades do materialismo naturalista que serve de fundamento para as pretensões neo-darwinistas de construir uma teoria do todo (Não pretendo fazer uma resenha do livro. Para quem lê inglês, indico a excelente resenha feita por William Dembski e o comentário breve de Alvin Plantinga).

Estou mencionando estes intelectuais e cientistas ateus por que quando intelectuais e cientistas cristãos declaram sua desconfiança quanto à evolução darwinista são descartados por serem “religiosos”. Então, tá. Mas, e quando os próprios ateus engrossam o coro dos dissidentes?

Neste post eu gostaria apenas de destacar algumas declarações de Nagel no livro que revelam a consciência clara que ele tem de que uma concepção puramente materialista da vida e de seu desenvolvimento, como a evolução darwinista, é incapaz de explicar a realidade como um todo. Embora ele mesmo rejeite no livro a possibilidade de que a realidade exista pelo poder criador de Deus, ele é capaz de enxergar que a vida é mais do que reações químicas baseadas nas leis físicas e descritas pela matemática. A solução que ele oferece – que a mente sempre existiu ao lado da matéria – não tem qualquer comprovação, como ele mesmo admite, mas certamente está mais perto da concepção teísta do que do ateísmo materialista do darwinismo.

Ele deixa claro que sua crítica procede de sua própria análise científica e que mesmo assim não será bem vinda nos círculos acadêmicos:
“O meu ceticismo [quanto ao evolucionismo darwinista] não é baseado numa crença religiosa ou numa alternativa definitiva. É somente a crença de que a evidência científica disponível, apesar do consenso da opinião científica, não exige racionalmente de nós que sujeitemos este ceticismo [a este consenso] neste assunto” (p. 7).
“Eu tenho consciência de que dúvidas desta natureza vão parecer um ultraje a muita gente, mas isto é porque quase todo mundo em nossa cultura secular tem sido intimidado a considerar o programa de pesquisa reducionista [do darwinismo] como sacrossanto, sob o argumento de que qualquer outra coisa não pode ser considerada como ciência” (p.7).
Ele profetiza o fim do naturalismo materialista, o fundamento do evolucionismo darwinista:
“Mesmo que o domínio [no campo da ciência] do naturalismo materialista está se aproximando do fim, precisamos ter alguma noção do que pode substitui-lo” (p. 15).
Para ele, quanto mais descobrimos acerca da complexidade da vida, menos plausível se torna a explicação naturalista materialista do darwinismo para sua origem e desenvolvimento:
“Durante muito tempo eu tenho achado difícil de acreditar na explicação materialista de como nós e os demais organismos viemos a existir, inclusive a versão padrão de como o processo evolutivo funciona. Quanto mais detalhes aprendemos acerca da base química da vida e como é intrincado o código genético, mais e mais inacreditável se torna a explicação histórica padrão [do darwinismo]” (p. 5).
“É altamente implausível, de cara, que a vida como a conhecemos seja o resultado da sequência de acidentes físicos junto com o mecanismo da seleção natural” (p. 6).
Não teria havido o tempo necessário para que a vida surgisse e se desenvolvesse debaixo da seleção natural e mutações aleatórias:
“Com relação à evolução, o processo de seleção natural não pode explicar a realidade sem um suprimento adequado de mutações viáveis, e eu acredito que ainda é uma questão aberta se isto poderia ter acontecido no tempo geológico como mero resultado de acidentes químicos, sem a operação de outros fatores determinando e restringindo as formas das variações genéticas” (p. 9).
Nagel surpreendentemente defende os proponentes mais conhecidos do design inteligente:
“Apesar de que escritores como Michael Behe e Stephen Meyer[1] sejam motivados parcialmente por suas convicções religiosas, os argumentos empíricos que eles oferecem contra a possibilidade da vida e sua história evolutiva serem explicados plenamente somente com base na física e na química são de grande interesse em si mesmos… Os problemas que estes iconoclastas levantam contra o consenso cientifico ortodoxo deveriam ser levados a sério. Eles não merecem a zombaria que têm recebido. É claramente injusta” (p.11).
Num parágrafo quase confessional, Nagel reconhece que lhe falta o sentimento do divino que ele percebe em muitos outros:
“Confesso um pressuposto meu que não tem fundamento, que não considero possível a alternativa do design inteligente como uma opção real – me falta aquele sensus divinitatis [senso do divino] que capacita – na verdade, impele – tantas pessoas a ver no mundo a expressão do propósito divina da mesma maneira que percebem num rosto sorridente a expressão do sentimento humano” (p.12).
Para Nagel, o evolucionismo darwinista, com sua visão materialista e naturalista da realidade, não consegue explicar o que transcende o mundo material, como a mente e tudo que a acompanha:
“Nós e outras criaturas com vida mental somos organismos, e nossa capacidade mental depende aparentemente de nossa constituição física. Portanto, aquilo que explicar a existência de organismos como nós deve explicar também a existência da mente. Mas, se o mental não é em si mesmo somente físico, não pode, então, ser plenamente explicado pela ciência física. E então, como vou argumentar mais adiante, é difícil evitar a conclusão que aqueles aspectos de nossa constituição física que trazem o mental consigo também não podem ser explicados pela ciência física. Se a biologia evolutiva é uma teoria física – como geralmente é considerada – então não pode explicar o aparecimento da consciência e de outros fenômenos que não podem ser reduzidos ao aspecto físico meramente” (p. 15).
“Uma alternativa genuína ao programa reducionista [do darwinismo] irá requerer uma explicação de como a mente e tudo o que a acompanha é inerente ao universo” (p.15).
“Os elementos fundamentais e as leis da física e da química têm sido assumidos para se explicar o comportamento do mundo inanimado. Algo mais é necessário para explicar como podem existir criaturas conscientes e pensantes, cujos corpos e cérebros são feitos destes elementos” (p.20).
Menciono por último a perspicaz observação de Nagel, que se a mente existe porque sobreviveu através da seleção natural, isto é, por ter se tornado na coisa mais esperta para sobreviver, como poderemos confiar nela? E aqui ele cita e concorda com Alvin Plantinga, um filósofo reformado renomado:
“O evolucionismo naturalista provê uma explicação de nossas capacidades [mentais] que mina a confiabilidade delas, e ao fazer isto, mina a si mesmo” (p. 27).
“Eu concordo com Alvin Plantinga que, ao contrário da benevolência divina, a aplicação da teoria da evolução à compreensão de nossas capacidades cognitivas acaba por minar nossa confiança nelas, embora não a destrua por completo. Mecanismos formadores de crenças e que têm uma vantagem seletiva no conflito diário pela sobrevivência não merecem a nossa confiança na construção de explicações teóricas do mundo como um todo… A teoria da evolução deixa a autoridade da razão numa posição muito mais fraca. Especialmente no que se refere à nossa capacidade moral e outras capacidades normativas – nas quais confiamos com frequência para corrigir nossos instintos. Eu concordo com Sharon Street [professora de filosofia na Universidade de Nova York] que uma auto-compreensão evolucionista quase que certamente haveria de requerer que desistíssemos do realismo moral, que é a convicção natural de que nossos juízos morais são verdadeiros ou falsos independentemente de nossas crenças” (p.28).
Não consegui ler Nagel sem lembrar do que a Bíblia diz:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (Eclesiastes 3:11).
“De um só Deus fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (Atos 17:26-27).
Nagel tem o sensus divinitatis, sim, pois o mesmo é o reflexo da imagem de Deus em cada ser humano, ainda que decaídos como somos. Infelizmente o seu ateísmo o impede de ver aquilo que sua razão e consciência, tateando, já tocaram.

[1] Os dois são os mais conhecidos defensores da teoria do design inteligente. Ambos já vieram falar no Mackenzie sobre este assunto.
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Sete hábitos de um filósofo altamente eficaz (Nathan Schneider)

Lições de vida do apologista cristão William Lane Craig.

William Lane Craig, de seu boletim de julho de 2013.

 

Ninguém – ou quase ninguém, dependendo de a quem você perguntar – bate William Lane Craig em um debate sobre a existência de Deus, ou a ressurreição de Jesus ou qualquer outro assunto desse tipo. Durante o debate em Notre Dame, em abril do ano passado, o neo-ateísta Sam Harris referiu-se a Craig como “o único apologista cristão que parece ter colocado o temor de Deus em muitos de meus companheiros ateus”.

Durante o desenvolvimento do trabalho em meu livro sobre como as pessoas procuram por provas da existência de Deus, tive a oportunidade de passar bastante tempo com Craig, tanto na área de Atlanta, onde ele vive, como na Universidade Biola, uma escola evangélica nos arredores de Los Angeles, onde ele ensina algumas semanas por ano. Para o livro, eu comecei a escrever sobre idéias como seu “argumento cosmológico Kalam”, uma das ideias mais citados de sua geração em filosofia da religião, que funde os muçulmanos medievais com a cosmologia moderna. Eu também falei de sua habilidade empreendedora em tornar a Sociedade Filosófica Evangélica em uma organização acadêmica que tem um trabalho extra de uma plataforma apologética lisa-como-uma-banana para mudar corações, como o seu e o meu. Mas nada disso capta o papel do homem como um sábio e exemplar, no qual ele torna algo como o serviço de apoio que Oprah oferece às mulheres americanas que ficam em casa, exceto que os acólitos de Craig são um grupo de precoces conservadores, evangélicos, jovens adultos. Ele quase me faz desejar ser esse tipo de evangélico conservador – o que é, para ele, o ponto.

Craig se veste impecável e professoralmente, muitas vezes com camisa abotoada e blazer, ou suéter ou colete e suéter. Suas covinhas sugerem uma inocência básica que pode ser surpreendente quando ela rompe a fachada da lógica. Vejo em Craig a decência associada a uma época em relação à qual sou muito jovem para ser nostálgico, época que fui ensinado a imaginar como imperialista, sexista, homofóbica, intolerante, ou retrógrada por outro lado. Suas racionalizações de certas partes da Bíblia hebraica podem soar como se ele concordasse com o genocídio. No entanto, nenhuma dessas acusações se apegam a ele; nenhuma é mesmo compreensível no cósmico globo de neve1 dentro do qual ele habilmente pensa seu caminho pela vida, cujo único e constante enredo é trazer mais e mais almas a um conhecimento salvífico do único e verdadeiro Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Eu moro em um globo de neve diferente de Craig. No entanto, ganhei muito com as lições que aprendi com ele, e de seus conselhos cuidadosamente elaborados e de suas respostas a minhas perguntas. (“Eu posso não responder, mas você pode perguntar”, avisou-me uma vez.) Eles melhoraram minha produtividade, minha relação com os entes queridos e minha aptidão física. Seria egoísta se eu não passasse algumas dessas lições, de forma sintetizada e praticável, para você.

 

1. Fazer tudo como um ministério

Craig começa com uma breve reflexão devocional cada dia de seu curso de duas semanas, no inverno, em que ensina os mestrandos de filosofia os alunos de apologética em Biola. Em meu primeiro dia na classe, o texto que ele recitou veio de Howard Hendricks, professor famoso do Seminário Teológico de Dallas: “Homens, não estudem para uma classe, estudem para uma vida de ministério”. Isso ter sido dirigido para “homens” era quase apropriado, pois, das quinze ou mais pessoas na classe naquele dia, apenas duas eram mulheres: uma visitante representando outra e uma dona de casa aposentada. Mas, para qualquer um, a mensagem é a mesma: Perseguir o elevado chamamento de servir a Deus, e o sucesso se seguirá.

O que, porém, devemos pensar como sucesso? Esse foi o tema de outras reflexões devocionais durante aquela quinzena do mês de aulas. Craig citou Bill Gothard, ministro e fundador do Instituto de Princípios Básicos de Vida, como tendo dito: “O sucesso não é medido pelo que você é comparado aos outros; sucesso é o que você é comparado com o que poderia ser”. Embora se possa ser tentado a tomar essa máxima como licença para baixas expectativas, a interpretação de Craig era, naturalmente, mais sábia. Considere essa “humildade para o orgulhoso”, disse ele – pois onde muito é dado, mais é esperado – e “encorajamento para desencorajado”.

A reflexão em outra manhã ofereceu ainda outro ponto de vista sobre o sucesso, dessa vez a partir de 1Coríntios: “A loucura de Deus é mais sábia do que os homens”. Craig estava certamente falando de sua própria experiência, quando advertiu seus alunos a não esperar respeitabilidade acadêmica acima de tudo. “Não busquem o louvor dos homens, mas o louvor de Deus.” E: “Vocês não estão realmente prontos para serem usados de Deus”, ele avisou, numa sintaxe tipicamente antiga, “até que estejam pronto para ser visto loucos por Cristo”. Aqui ele fala da experiência. “Meu encargo é evangelismo”, disse-me certa vez durante o almoço. Pregar seu evangelho tem muitas vezes conflitado com as tendências atuais das expectativas acadêmicas, mas, pelos padrões de ministério, ele tem sido um servo eminentemente fiel.

Certamente, devemos usar cada repreensão que pudermos contra o carreirismo e todo o incentivo para fazer do serviço nossa ocupação. É tarefa de cada um de nós discernir os ministérios que temos a oferecer e realizá-los – como loucos, se necessário.

 

2. Faça uma aliança com sua esposa

Essa lição não é nenhuma surpresa vinda de um evangélico da estirpe de Craig. Mas, entre os filósofos, que são notoriamente criaturas solitárias, sem dúvida vale a pena repeti-las. “Eu não sou um filósofo da mente; então, não tenho nenhuma grande percepção sobre as características das pessoas”, ele observou certa vez, enquanto driblava uma questão esotérica de um aluno em sala de aula. Mais do que isso, porém, é sua esperança “de você não se tornar tão orientado para o trabalho que deixará o outro ser negligenciado, e não colocar a carreira antes dessa pessoa a quem você se comprometeu amar e cuidar.” O título da primeira seção em seu currículo é Família, em que são listados sua esposa, Jan, e os dois filhos.

Ele conta histórias sobre os tempos em que teve problemas com Jan nessa área. Quando era estudante de pós-graduação, ele costumava comprar um monte de livros para si, mesmo que a família não tivesse muito dinheiro. Jan viu que já era demais quando ele chegou em casa com um exemplar de O ser e o nada, de Sartre. Ela o repreendeu por aquele provável desperdício. A partir de então, ele se comprometeu a comprar apenas livros que foram indicados para a aula, e até hoje ele compra muito poucos desses.

Ele recomenda aos alunos: “Façam uma aliança com sua esposa.” Prometam-lhe que você não vai “sacrificar seu relacionamento no altar do sucesso acadêmico”. Certifiquem-se de que ela sabe que você está disposto a desistir da carreira por completo, se ela precisar que você o faça. Uma vez que prometeu aquilo a Jan, explica Craig, ela se tornou muito mais tolerante com sua necessidade de se concentrar no trabalho, por agora saber que, em última instância, suas necessidades importavam mais para ele. Craig instrui também a que “fala a uma mulher é muito diferente de falar com outros caras”. Ao fazer a aliança, olhe-a longa e firmemente nos olhos.

Um dos estudantes esse ano tinha acabado de noivar e, ao longo da aula, ele e Craig tiveram um vibrante diálogo, em termos filosóficos, claro, sobre se Deus escolhe uma pessoa em particular com que nós deveríamos casar ou se, nas palavras do aluno, Deus quer que nós “apenas escolhamos uma mulher e a amemos”. Craig, que é um defensor de uma teoria do século 16 sobre a presciência de Deus conhecida como Molinismo, argumentou que Deus sabe exatamente o que é certo para cada um de nós. O critério de Deus para essa determinação, além disso, não está ligado apenas à questão da pessoa que vai fazer você mais feliz – Deus não está aí para fazer da vida “uma tigela de cerejas” –, mas, sim, a encontrar a pessoa com quem você vai trazer à salvação mais almas.

Para esse fim, Craig especialmente incentiva seus alunos a pensar em casar com uma missionária. Ele, por exemplo, conheceu Jan enquanto eles estavam trabalhando juntos na Campus Crusade for Christ. “Aquelas solteiras na equipe do Campus Crusade for Christ são realmente mulheres escolhidas”, ele me explicou. “Elas são jovens, solteiras, inteligentes, graduadas, muito atraentes, independentes e capazes de gerir as próprias finanças e um ministério.” Se tudo é para um ministério, afinal, essa é sua parceria.

 

3. Organize o dia

Houve um tempo, diz Craig, quando começou a se preocupar por estar perdendo sua habilidade com a filosofia. “Querida”, lembra-se de ter dito a Jan, “não sei o que se passa comigo. Eu simplesmente não consigo mais me concentrar. Eu conseguia estudar o dia todo, sem nenhum problema, e agora simplesmente não consigo mais me concentrar. Minha mente divaga, e eu estou cansado.” Ele foi tentado a se desesperar.

“Não, não, não seja ridículo!”, ela lhe disse. “Você só precisa organizar seu dia.”

Como de costume, ela estava certa. Ela o colocou em um novo cronograma: começar o dia de trabalho com a tarefa filosófica mais difícil na parte da manhã, depois materiais mais leves, como seus textos para públicos populares, após o almoço. Ele não olha a caixa de e-mail até o final da tarde, “quando meu cérebro está realmente frito”. (Por medo de ser bombardeado com e-mail, ele nem sequer partilha seu endereço eletrônico com os alunos de pós-graduação.) Pouco depois de tentar este regime, ele recuperou seus poderes filosóficas completamente.

A vida do casal, em uma casa nos subúrbios de Atlanta, é uma imagem de (certo tipo de) trabalho em equipe. Craig acorda todos os dias às 5h30 e começa o dia com um tempo devocional, lendo os Pais da Igreja e o Novo Testamento em grego; depois, ora pela propagação do evangelho em alguma parte não-alcançada do mundo, com o ajuda do manual Operation World (Operação Mundo). Logo, Jan está de pé. Eles tomam café2 juntos (o que ele não gosta, mas recomenda para a saúde e por benefícios sociais); depois, ele desce para a sala de musculação para uma hora de exercício. Quando ele sai de lá, ela tem um café da manhã quente pronto e esperando – por vezes, tão elaborado, diz ele, como presunto e ovos e waffles de abóbora com chantilly e morangos. (“Ela é uma cozinheira fabulosa.”) Ele desce novamente, para uma manhã intensa de atividades escolares, e ressurge para o almoço quente que Jan preparou. Então, ele desce outra vez para o trabalho mais leve da tarde, culminando nos e-mails, que ele responde à mão e ela muitas vezes é quem digitar e envia, uma vez que sua rara doença neuromuscular, muito seguidamente, o torna incapaz de digitar. Entre as refeições e sessões de digitação, Jan mexe com o mercado de ações. Pouco tempo depois, o jantar está pronto, e eles comem e passam a noite juntos, assistindo TV e bebendo vinho tinto (de que ele também não gosta, mas também recomenda para a saúde e por benefícios sociais).

“Ela não é uma intelectual”, diz Craig da esposa, “mas ela aprecia o valor do que eu faço, e isso é o que importa.” Seria de esperar que isso fosse verdade, porque ela digitou todos os seus artigos, livros e ambas dissertações de doutorado. Seria bom se todos nós tivemos essa devotada ajuda, embora possa ser insustentável no atual clima econômico para os estudiosos entre nós, incapazes de acumular valores de cinco dígitos por palestrar. Podemos, pelo menos, adiar o e-mail por algumas horas, o que eu tenho feito desde então, com um enorme benefício.

 

4. Transforme fraqueza em força

Um dos fatos que definem a vida de William Lane Craig é a síndrome de Charcot-Marie-Tooth, acima mencionada, que tem afligido o seu sistema nervoso, desde o nascimento, causando atrofia nas mãos e nos pés. Seu caso é relativamente leve, mas debilitante, sem dúvida. Quando era menino, ele não podia correr normalmente, impedindo-o de distinguir-se nos esportes.

“As crianças podem ser muito cruéis, e zombarem e chamar-lhe de nomes”, ele me disse, enrugando a testa com sinceridade, mas sem perder o equilíbrio emocional. “Isso faz você se sentir como lixo, alguém inútil.”

No início da década de 1980, Craig trocou com um amigo lições de apologética por algumas sessões de aconselhamento matrimonial com Jan, e foi só então que ele percebeu o efeito que essas memórias da infância tiveram sobre ele. “Emoções brotaram de dentro de mim, e eu comecei a chorar”, disse ele. “Eu não sabia quão mal eu ainda me sentia. Eu ainda tinha os sentimentos dentro de mim.” Essas sessões o ajudaram a entender que sua impulsividade e determinação como adulto também são resultado daquelas primeiras frustrações.

“Bem, eu vou mostrar pra eles”, imaginava-se pensando, sob a superfície. “Eu vou fazer alguma coisa da minha vida, e eles não vão zombar de mim.”

É por isso que ele começou a debater no ensino médio. “Eu não era bom em atletismo”, ele me disse, “mas eu poderia representar minha escola por estar na equipe de debate.” Lá, ele se destacou, e viajou por todo Illinois para competições, debatendo os quatro anos do ensino médio e também nos quatro anos na Faculdade Wheaton também. “O Senhor tem usado isso em minha vida para me ajudar”, Craig agora pode dizer sobre sua doença. E agora, no início dos sessenta anos, exercitar-se seis manhãs por semana (exceto domingo) significa que ele está em melhor forma do que quando na casa dos vinte anos.

“O exercício corporal para pouco aproveita”, foi o texto de uma das devoções matinais em sua classe, 1Timóteo 4.8. “Mas isso não quer dizer que não é proveitoso!” Craig continuou, como se aliviado, e, então, começou a delinear seu programa de exercícios para os alunos, recomendando boletins informativos da Clínica Mayo e o programa Body for Life, do fisiculturista Bill Phillips.

Craig observou certa vez que ele realmente gosta da idéia de como as placas tectônicas, vulcões e terremotos são parte do que Deus usou para fazer a vida na Terra possível, lançando os elementos necessários a partir de debaixo da crosta. É a mesma lógica que aplica a própria vida: um trauma transformado por um propósito maior. Mesmo o tsunami de Natal de 2004 “seria ótimo”, disse ele, se Deus pudesse usá-lo para trazer mais pessoas para Cristo. Nesse caso, “graças a Deus pelo sofrimento”.

 

5. Esteja preparado

Confrontar sofrimentos horríveis assim filosoficamente, e também espiritualmente, requer prática. Parte do curso de duas semanas concentrou-se no assim chamado problema do mal, que lida com o fato de que Deus pode ser consistente com a experiência de tanta dor e crueldade do mundo. “O estudo da filosofia pode ajudar a preparar uma pessoa para o sofrimento”, disse Craig a sua classe. Esse estudo ajuda a ver a obra de Deus no mundo, ou pelo menos a confiar na insondável providência divina. Ele prometeu: “Isso tem um aspecto devocional real.”

A arena em que a inclinação de Craig para estar preparado é especialmente vista, é claro, é o debate. Ao longo de determinado debate, muitas vezes contra um valoroso desafiante ateu, ele nunca parece perder sua confiança inabalável, exceto se aventurar no ridículo. Ele tem uma resposta pronta para todas as objeções, com uma citação relevante em suas notas para deixar bem claro, como se algum dos pré-conhecimentos molinistas de Deus acerca dos movimentos do adversário estivesse passando sobre ele.

Realmente, porém, o processo é muito simples: é que ele aprendeu na equipe de debate do ensino médio e praticou por anos, mesmo antes de, mais tarde, ir ao debate sobre religião. Antes de um debate, às vezes por meses antes do tempo, Craig faz questão de ler a obra do oponente, e “explorar a Internet” por vídeos do estilo de fala e dos maneirismos que ele vai enfrentar. Em alguns casos, ele contrata assistentes para ler os escritos do adversário e preparar sinopses que ele possa refinar. Ele metodicamente estabelece o que acha que o oponente vai tentar argumentar e que objeções podem ser levantadas contra seus próprios argumentos e, em seguida, prepara réplicas de acordo, fazendo anotações para cada uma, a fim de que elas estejam prontas durante o debate. Caso contrário, ele diz, “eu tenho grande dificuldade de lembrar essas coisas.”

Note bem: se você está se preparando para enfrentá-lo, pode, de alguma forma, transformar a meticulosidade dele em vantagem para você. É difícil imaginar como, no entanto, exceto que vamos ter ainda mais do mesmo. Mesmo o mais inteligente cara com réplicas rápidas não consegue acompanhá-lo.

 

6. Lembre-se de que tempo é tudo – e nada

Não há arma que Craig maneje de forma mais eficaz em um debate do que o relógio. Quando eu perguntei sobre seus segredos, ele me disse: “A capacidade de saber como dizer algo de forma sucinta, chegar ao ponto e passar para o próximo ponto, é muito, muito importante.” Ele planeja exatamente o que pretende dizer e avança metodicamente, certificando-se de que pode ir do início ao fim sem apressar ou saltar de um ponto para outro e ter de voltar. Quando seu oponente começa a ir para a frente e para trás em algumas objeções e não responde a cada um dos pontos Craig apresenta, Craig pode lembrar o público ao final que muitos de seus pontos permanecem em pé, sem contestação.

Ele faz isso em quase todos os debates, e é tão eficaz que as pessoas se queixam. Defendeu-se para mim: “Acho que agora você pode ver, Nathan, que isso não é um truque de retórica! Isso não é um dispositivo inteligente!” É apenas uma técnica, e ela funciona.

O tempo, porém, nem sempre está do lado de William Lane Craig. Durante as discussões da classe sobre temporalidade, ele citou a passagem de Macbeth sobre a brevidade da vida humana como “um conto contado por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada”.

“Isso realmente repercute em mim”, disse ele.

Em seu sugestivo artigo “On the Argument for Divine Timelessness from the Incompleteness of Temporal Life” (Sobre o argumento para a intemporalidade divina a partir da incompletude da vida temporal), ele sugere: “Está longe de ser óbvio que a experiência da passagem temporal é só uma melancólica atração por um Deus onisciente, como é para nós. De fato, há alguma evidência de que a consciência do fluxo do tempo pode realmente ser uma experiência enriquecedora.” Repita-se: É “óbvio” que o próprio fluxo do tempo é “melancolia […] para nós”, exceto, talvez, por “alguma evidência” de que pode “realmente” existir ao contrário.

A pesquisa pelo infinito e o eterno, e a insatisfação com nada menos, é um tema constante no ensino de Craig e em sua retórica. Ou algo é eternamente significativo, ou valioso, ou não é nada. Ao contrário do que as legiões de filósofos não-religiosos (e outros), que parecem achar benefício na reflexão sobre a ética e a moral, em um debate com o filósofo Louise Antony, Craig descreveu o pensar sobre a moralidade no contexto do ateísmo como sendo “cadeiras sendo arrastadas no convés do Titanic”. O que fazemos com nossa vida na terra não vale nada para ele a não ser que ela seja notado por um Deus infinito e eterno.

O amor é uma possível exceção. Na sala de aula, ele às vezes fala (como um exemplo filosófico, é claro) sobre os momentos em que você está com a pessoa a quem ama, e está gostando tanto que o momento parece durar para sempre. Mesmo assim, porém, o valor de tais momentos passageiros só vem de sua semelhança com a eternidade.

Alguns dos alunos discordaram. Eles tentaram argumentar que o amor só é possível dentro do tempo. O que o amor será sem memória, ou envelhecimento ou a possibilidade de perda? Em uma discussão sobre o amor sentido entre as pessoas da Trindade antes da criação do universo, os estudantes afirmaram que a Trindade deve ter existido no tempo, a fim de que Seus membros amassem um ao outro. Mas o Deus de Craig, pelo contrário, está muito mais em casa na intemporalidade.

 

7. Amar a Deus e a autoridade

Bill e Jan Craig mudou-se para o condado de Cobb, na Georgia, graças a um processo de dedução: é o mais adequado a cada um dos vários critérios que eles procuraram satisfazer. Agora Bill não pode imaginar uma escolha melhor. Ele ama o condado, que é um subúrbio ao norte de Atlanta. Ele também ama os Estados Unidos em geral, um amor que, por vezes, se expressa pelo uso de sua gravata com uma águia voando, assim como no ensino médio ele desejava trazer honrar a sua escola pela guerra de debates. Seu patriotismo se estende a todos as áreas da vida, e sua filosofia defende, de modo devido, as autoridades corretamente ordenadas que ele reconhece: Deus, família, país, igreja, escola.

A razão, como ele a brande, apoia cada uma delas e, assim, é também apoiada por elas. Ao defender o Deus do cristianismo histórico, ele tem atrás de si dois milênios da verdade cristã em toda seu poder e majestade acumulados. Por amar a família, ele ganha a provisão material e as proezas de digitação de Jan. Por amar seu país, ele pode manter a cabeça erguida no condado de Cobb, uma das capitais do complexo militar-industrial, onde o maior empregador é a fábrica da Lockheed Martin, onde é construído o desastroso caça F-22. (Até meu motorista de táxi lá, um africano que recentemente migrou, me acusou de ser comunista por questionar a utilidade do caça.) Por amar sua igreja, a Batista Johnson Ferry, ele tem uma grande e bem organizada congregação na qual lota uma classe apologética semanal semi-litúrgica; prestando os cultos no santuário, vislumbrando o batistério por trás de portas retráteis, a comunidade reforça as atividades acadêmicas solitárias dele. Por amar a instituição em que trabalha, a Universidade Biola, suas idéias tornam-se a munição para os esforços estratégicos a fim de preparar um grande número de estudantes inteligentes para a conquista acadêmica e cultural.

Cada um desses poderes estão por trás de Craig, em perfeita ordem, com cada palavra que ele pronuncia, incutindo nele, por sua vez, a autoridade e a gravidade dele. Apesar da aparência de ser principalmente um acadêmico independente, ele está sempre enredado na nobre submissão a eles [os poderes, as autoridades que reconhece], e eles o defendem. Sua filosofia não é só dele, mas a deles também, o que a torna muito mais formidável. Como seu campeão, ele a carrega de modo dominante e bem-sucedido, com a disposição de ajudá-lo, se você aceitar, a subir ao patamar dele. Mas, se você preferir não fazer isso, a perda será sua.

Não há ninguém como Craig, com certeza, mas tudo o que ele faz é inseparável dos poderes a que ele serve. Em uma conversa em sala de aula em Biola, sobre noção de Saul Kripke de “designadores rígidos”, a dona de casa aposentada, por exemplo, perguntou: “O que faz Bill Craig ser Bill Craig?”

Craig, como um monte de filósofos, eu descobri, tem uma maneira de dizer coisas reveladoras em pronunciamentos técnicos, inconsciente da frase com seus próprios significados quando tomados por si sós, fora de contexto, e interpretada literalmente. Toda a filosofia, penso às vezes, pode ser considerada um grande ato falho.

Para o estudante, ele respondeu: “Eu não sei bem como responder a uma pergunta como essa.”

 

(Traduzido por Francisco Nunes de 7 Habits of a Highly Effective Philosopher (original aqui).

1Snow-globe, enfeite de mesa comum nos Estados Unidos, em que a reprodução de alguma construção famosa ou uma cena natalina está dentro de um globo de acrílico, envolvida por um líquido, no qual há um material em suspensão, que imita neve. O girar desse globo faz a “neve” cair. (N.T.)

2É apenas café mesmo, não o café da manhã. (N.T.)

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Bíblia Citações John Stott

A busca de Deus (John Stott)

Nós nunca podemos pegar Deus de surpresa. Nunca podemos nos antecipar a Ele. Ele sempre faz o primeiro movimento. Ele está sempre ali, “no princípio”. Antes que existíssimos, Deus agiu. Antes de termos decidido buscar a Deus, Deus já estava buscando por nós. A Bíblia não é um registro de pessoas tentando descobrir Deus, mas de Deus buscando-nos para nos encontrar.

Muitas pessoas imaginam Deus sentado confortavelmente em um trono distante, remoto, indiferente, desinteressado, um Deus que, na verdade, não cuida de nossas necessidades e que se aborrece em ter de fazer alguma coisa a nosso favor. Essa visão é completamente errada. A Bíblia revela um Deus que, muito antes mesmo de ocorrer a homens e mulheres se voltarem a Ele, enquanto eles ainda estão perdidos em trevas e mergulhados em pecado, toma a iniciativa, levanta-se de seu trono, deixa de lado Sua glória e não pára de procurar enquanto não os encontra.

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A. W. Pink Bíblia Citações Vida cristã

Piedade (A. W. Pink)

Perceber que as Santas Escrituras são a revelação do Altíssimo, comunicando-nos Sua mente e definindo Sua vontade para nós, é o primeiro passo em direção à piedade prática.

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Bíblia Ferramentas História

Os reis

A leitura dos livros históricos sempre gera alguma confusão, por conta do grande número de reis de Israel e de Judá: quem era bom, quem era mau, quem governou ao mesmo tempo que quem…
Para ajudar, neste endereço, http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/07/teologia-visual-os-reis-de-juda-israel-infografico/, há um gráfico (PDF em alta resolução)  fácil de entender e de consultar. Abaixo, só uma amostra.
Espero que seja útil a todos.

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