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Indicações de sexta (4)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia!

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.
É importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

Não tomarás o nome do Senhor em vão. Qual é o significado do terceiro mandamento? Como Jesus o cumpriu?

Orgulho espiritual, de Jonathan Edwards.

Um vaso de alabastro, de C. H. Mackintosh.

O Vale da Visão, uma oração puritana.

Mensagem que merece ser ouvida

Moisés, Servo de Deus, por Dana Congdon

Hino que merece ser ouvido

Be still, my soul

(Título original: “Stille, mein Wille”. Letra de Katharina Amalia Dorothea von Schlegel (sec. 17), baseada em Salmos 46.10, e música de Jean Sibelius, Finlândia)

Letra em inglês (tradução de Jane Borthwick, 1855)

1. Be still, my soul; the Lord is on thy side;
Bear patiently the cross of grief or pain;
Leave to thy God to order and provide;
In every change He faithful will remain.
Be still, my soul; thy best, thy heavenly, Friend
Through thorny ways leads to a joyful end.

2. Be still, my soul; thy God doth undertake
To guide the future as He has the past.
Thy hope, thy confidence, let nothing shake;
All now mysterious shall be bright at last.
Be still, my soul; the waves and winds still know
His voice who ruled them while He dwelt below.

3. Be still, my soul, though dearest friends depart
And all is darkened in the vale of tears;
Then shalt thou better know His love, His heart,
Who comes to soothe thy sorrows and thy fears.
Be still, my soul; thy Jesus can repay
From His own fulness all He takes away.

4. Be still, my soul; the hour is hastening on
When we shall be forever with the Lord,
When disappointment, grief, and fear are gone,
Sorrow forgot, love’s purest joys restored.
Be still, my soul; when change and tears are past,
All safe and blessed we shall meet at last.

Há outra versão em inglês (letra de Edith G. Cherry (por volta de 1895)), a partir da qual foi feita a versão em português.

We rest on Thee

1. We rest on Thee, our Shield and our Defender!
We go not forth alone against the foe;
Strong in Thy strength, safe in Thy keeping tender,
We rest on Thee, and in Thy Name we go.

2. Yes, in Thy Name, O Captain of salvation!
In Thy dear Name, all other names above;
Jesus our Righteousness, our sure Foundation,
Our Prince of glory and our love.

3. We go in faith, our own great weakness feeling,
And needing more each day Thy grace to know:
Yet from our hearts a song of triumph pealing,
“We rest on Thee, and in Thy Name we go.”

4. We rest on Thee, our Shield and our Defender!
Thine is the battle, Thine shall be the praise;
When passing through the gates of pearly splendor,
Victors, we rest with Thee, through endless days.

Letra em português

1. Ó Defensor, em Ti nós descansamos,
Sozinhos, não há como triunfar;
És nossa força, nossa terna guarda,
Descanso és, Teu Nome força dá.
És nossa força, nossa terna guarda,
Descanso és, Teu Nome força dá.

2. Ó Capitão da Salvação, Teu Nome
Acima está de todos os demais;
Justiça nossa, firme Fundamento,
És Rei de amor e Príncipe da Paz.
Justiça nossa, firme Fundamento,
És Rei de amor e Príncipe da Paz.

3. Por fé marchar, embora sendo fracos,
Carentes de mais graça desfrutar,
Porém, em nós, ressoa um triunfo;
Descanso és, Teu Nome força dá.
Porém, em nós, ressoa um triunfo;
Descanso és, Teu Nome força dá.

4. Ó Defensor, em Ti nós descansamos:
Teu é o combate, Teu será o louvor,
Quando, reinando em Teu Reino em glória,
Descansaremos sempre em Ti, Senhor.
Quando, reinando em Teu Reino em glória,
Descansaremos sempre em Ti, Senhor.

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Encorajamento Espírito Santo James Smith Vida cristã

O Espírito vivificador (James Smith)

O Espírito dá vida!

“O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita” (Jo 6.63).

Toda a verdadeira religião1 começa com a vivificação do Espírito. Quando experimentamos isso…
começamos a desejar coisas espirituais,
abrimos os olhos para um mundo novo,
nos tornamos famintos e sedentos de justiça,
e, por fim, provamos que o Senhor é bom.

Temos, então…
novos pensamentos,
novos desejos,
novas esperanças,
novos temores,
novas alegrias e
novas dores.

Os olhos estão fixos em Cristo,
o coração segue Cristo e
o principal desejo da alma é ser como Cristo.

O Espírito não nos vivifica só no início, mas por toda a vida precisamos e somos dependentes da vivificação do Espírito. Ele nos vivifica a orar, e Ele nos vivifica em oração. É Seu vivificar que coloca…
vida em nossas ações de graças,
energia em nossas orações,
confiança em nossas expectativas e
nos permite resistir a Satanás, firmes na fé.

Se Seu poder vivificador é retido, rapidamente nos tornamos maçantes, frios, sem vida e inativos! Não temos…
nenhum poder na oração,
nenhum prazer em ordenanças,
nenhuma liberdade em falar aos santos2,
nenhum proveito ao ler a Palavra de Deus.

Todo dever se torna uma tarefa,
cada privilégio torna-se um fardo e
cada cruz parece insuportável!

Enquanto estamos sob a operação vivificadora do Espírito, podemos fazer todas as coisas. Mas, sem Seu vivificar, não podemos fazer nada.

Freqüentemente, muito freqüentemente, temos de clamar por amarga experiência: “A minha alma está pegado ao pó; vivifica-me segundo a Tua palavra!” (Sl 119.25).

“Espírito vivificador, vivifica minha alma todos os dias!”

Notas

1 Smith, assim como muitos autores do passado (Andrew Murray e Tozer, por exemplo), usa a palavra religião em um sentido positivo, significando relacionamento com Deus. Pode ser entendida como vida cristã. (N. do T.)

2 Isto é, os cristãos, os irmãos com quem nos reunimos. (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Supremo conforto (R. C. Sproul Jr.)

O Senhor carregou a coroa de espinhos para nos salvar. Agora, Ele tem a coroa de Rei para julgar o mundo

A decisão na última sexta-feira [25.6.15] da Suprema Corte [dos Estados Unidos], embora não tenha sido exatamente uma surpresa, é angustiante, desencorajadora e repugnante. Mesmo o defensor mais inflexível dos chamados “direitos dos homossexuais” deveria, pelo menos, afirmar que a decisão é fundamentalmente falha, impulsionado por um embuste judicial, e, por qualquer leitura sã da Constituição, inconstitucional. No entanto, a decisão foi tomada.

Como os governos estaduais e locais devem responder é uma questão importante. Como as igrejas locais e a Igreja como tal deve responder é uma questão importante. Mas hoje eu gostaria de fazer algumas sugestões para os cristãos. O que devemos fazer? A mesma coisa que fazemos todos os dias.

Em primeiro lugar, arrependam-se. O julgamento começa com a casa de Deus (1Pd 4.17) – e não se engane: isso é julgamento de Deus. Assim, é sábio e prudente sempre, em tempos de providência difícil, examinar-nos o coração e arrepender-nos. Alguns, é claro, vão insistir em que nos arrependamos por não sermos suficientemente amorosos com aqueles que abraçam paixões não-naturais. E eles estariam certos. Mas, antes de inclinar a cabeça, precisamos entender melhor o que significa amar aqueles que abraçam pecado grave e hediondo. Significa chamá-los ao arrependimento e proclamar a garantia de que o sangue de Cristo cobre todos os pecados daqueles em Cristo. Aceitação do pecado é ódio contra os pecadores. A pressão cultural para fazer exatamente isso só vai aumentar. Será que vamos amar nossos inimigos o suficiente para chamá-los ao arrependimento ou vamos curar suas feridas levemente com palavras suaves que pavimentam o caminho para o inferno?

Em segundo lugar, creiam no evangelho. Uma das razões pelas quais tendemos a ceder à pressão cultural é que almejamos aprovação cultural. Crer no evangelho, no entanto, lembra-nos primeiro de que somos muito piores do que meros odiadores homofóbicos. Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos. Suas acusações em tom estridente devem ser abafadas por nossos simples clamores: “Senhor, sê propício a mim, pecador”.

Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos.

Crer no evangelho, no entanto, também nos lembra que já temos a aprovação do Único que realmente importa, e que isso nunca pode ser tirado. Por causa da vida perfeita, da morte expiatória e da ressurreição justificadora de nosso Senhor, somos os amados filhos adotivos1 do Deus Altíssimo. O que é um pouco de escárnio cultural ou mesmo uma grande quantidade de perseguição efetiva à luz disso? Tudo o que temos que realmente importa já está oculto com Ele nos lugares celestiais.

Crer no evangelho, por sua vez, lembra-nos de que Ele não está apenas nos lugares celestiais, mas, tendo ascendido, lá Ele se assenta em Seu trono. Nosso Salvador não é apenas nosso Rei, mas a Ele foi dado todo o poder no céu e na terra. Nada do que aconteceu está fora de Seu controle. A Suprema Corte [dos Estados Unidos] pode ter uma vez mais revogado a Constituição, mas Satanás não apreendeu o trono de Jesus. Isso, também, por mais horrível que seja, é parte integrante do perfeito plano divino para trazer todas as coisas à sujeição, para esmagar nossos ídolos e para lavar todas as nossas máculas e manchas. Não importando o que os tribunais digam sobre o casamento, na corte celestial, o verdadeiro Supremo Juiz nos diz que somos Sua noiva e que Ele nunca deixará ou nos abandonará.

Por fim, crer no evangelho significa crer que Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos. A Suprema Corte não é o mais alto nível de apelação, e sua injustiça um dia se moldará à justiça. Este não é o fim.

Eu, como a maioria de vocês, estou hoje afligido, desanimado e enojado. Mas também sou, todos os dias, regenerado, redimido, refeito. E obrigado a me arrepender e a crer no evangelho.

 

Nota

1 Apesar de ser esta a opinião geral entre os cristãos, de que somos filhos adotivos de Deus, este tradutor se alinha com aqueles estudiosos que entendem sermos filhos legítimos de Deus, de acordo com Jo 1.12,13, que diz claramente que aqueles que creram nasceram de Deus. (N. do T.)

(Traduzido por Francisco Nunes de “Supreme Comfort”, de R. C. Sproul Jr. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Cristo Encorajamento Irmãos Oração Repreensão Vida cristã

“No horto com Ele”

Você esteve com Ele no horto? E depois, negou-O?

Quando Moisés se aproximou da sarça ardente, ouviu a voz de Deus que dizia: “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êx 3.5). Quanto mais o horto [jardim] do Getsêmani é para nós uma terra santa, da qual só podemos nos aproximar até certa distância, com toda reverência e adoração!

Às margens do Jordão, Jesus, olhando para ele, disse a Seu futuro discípulo: “Tu és Simão […] tu serás […] Pedro” (Jo 1.42). E, desde aquela pesca miraculosa, durante a qual reconheceu ser um pecador, Simão, transformado em Pedro, seguiu a Jesus (Lc 5.8-11).

“Como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Jesus ia lavar os pés de Seus discípulos, mas Pedro se opôs a isso. Então, Jesus teve de dizer-lhe: “O que Eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. […] Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo. […] Não podes agora seguir-me” (vv. 7,8,36). Pedro não estava disposto a reconhecer sua ignorância nem sua incapacidade: “Por que não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida” (v. 37), disse ele.

Jesus “saiu com os Seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto” (18.1). Tal como havia feito no momento da ressurreição da filha de Jairo e no monte da transfiguração, Ele tomou Consigo apenas três discípulos: Pedro, Tiago e João. Naquela noite, com certeza eles lembraram do quarto onde a jovem havia sido devolvida a seus pais ou da montanha onde Moisés e Elias haviam falado com o Senhor Jesus acerca da morte que ia sofrer a seguir em Jerusalém. Desta vez, porém, não era o poder de ressurreição nem a visão da glória futura que estava diante dos três discípulos, mas um homem afligido e angustiado: “Minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.32,33). Jesus lhes pediu que vigiassem e orassem; enquanto isso, Ele “apartou-se deles cerca de um tiro de pedra” (Lc 22.41), ou seja, a distância da qual um pastor pode lançar uma pedra até a ovelha que se desgarra, para fazê-la voltar ao rebanho.

Era a noite da Páscoa; havia, portanto, lua cheia. Sob sua luz, os discípulos puderam distinguir seu Mestre de joelhos, orando. Depois, dormiram. Como antes, no Moriá, o Pai e o Filho estavam a sós (cf. Gn 22).

Não obstante, o Espírito de Deus desejou fazer-nos entrar, mesmo que só um pouquinho, na angústia do combate que a alma do Salvador teve que sofrer nessa hora suprema. Primeiramente, Ele pediu ao Pai: “Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26.39). Depois de ter voltado aos discípulos e encontrá-los dormindo, afastou-se uma vez mais e orou de novo: “Pai Meu, se este cálice não pode passar de Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade” (v. 42). A seguir, voltou aos Seus, que continuavam dormindo, mas não lhes disse nada. Orou pela terceira vez, pronunciando as mesmas palavras.

Pedro havia sido despertado pela voz que dizia: “Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora?” (Mc 14.37). Mas voltou a dormir. Depois da terceira oração, Jesus lhes disse: “Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores” (v. 41). O único momento em que Pedro poderia ter vigiado junto a seu Mestre no horto havia sido desperdiçado para sempre.

Podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Um instante depois, o Getsêmani foi invadido por Judas à frente de “grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo” (Mt 26.47). Pedro viu o traidor beijar Jesus. Ouviu a voz amada dizer com tristeza a Judas: “Amigo, a que vieste?” (v. 50). Querendo livrar seu Mestre, o discípulo desembainhou sua espada e cortou a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote. Por isso, recebeu a repreensão do Salvador, que, em seguida, tocou a orelha do escravo e a curou (Jo 18.10,11; Lc 22.50,51).

A partir de então, Pedrou seguiu ao Senhor Jesus de longe. Foi introduzido no palácio do sumo sacerdote por João, a quem conheciam (Jo 18.16). Que outra coisa ele podia fazer senão aquecer-se ao lado dos empregados, próximo do fogo que haviam preparado? E ali, um escravo, parente de Malco, perguntou a Pedro: “Não te vi eu no horto com Ele?” (v. 26).

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo.

Satanás havia pedido que lhe fosse permitido cirandar os discípulos (Lc 22.31). O Senhor havia orado por eles, especialmente por Pedro, que sua fé não desfalecesse. Apesar disso, nesse momento decisivo, todas as lembranças do horto haviam desaparecido da memória de Pedro. Ele só pensava em si mesmo, e negou seu Mestre três vezes.

Especialmente durante o culto e a celebração da Ceia, memorial da morte do Senhor, podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Não confiemos em nossas próprias forças! O Senhor disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14.38).

(G. André)

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo. Apesar de seu zelo e de seu grande amor, todo o poder de que necessitava para seu trabalho tinha de vir do Senhor. Ele devia ter-se dado conta disso quando Jesus o advertiu, mas não entendeu assim e teve de passar por uma lição dolorosa. Uma vez que a aprendeu, Pedro pôde ser útil a seus irmãos. Pôde fortalecê-los, mostrando-lhes, por experiência própria, que, ainda que tivessem as melhores intenções, alguém só pode estar no serviço de Cristo e fazer frente ao poder do inimigo se desconfia completamente de si mesmo. É preciso buscar a força e a sabedoria do Senhor.

(Extraído de Pregações Simples – Lucas, de S. Prod’hom)

 

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 04/2015, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Consolo Cristo Deus Encorajamento James Smith Oração

Leve todas as suas preocupações a Ele – nos braços da fé! (James Smith)

Lançar sobre Ele todo fardo

Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1Pd 5.7).

O Senhor conhece todos os que são de Seu povo, todas as necessidades e todas as provações deles.

O Senhor pensa neles: para abençoá-los, libertá-los e supri-los.

O Senhor mantém Seus olhos sobre eles, em todos os lugares, em todos os momentos e em todas as circunstâncias.

Ele os tem em Sua mão, e não irá afrouxá-la.

Ele olha para eles sempre como Sua própria “propriedade peculiar”…
os objetos de Seu amor eterno,
a aquisição do sangue de Seu Filho,
os templos de Seu Espírito Santo.

Eles são preciosos a Sua vista!

Ele sabe que eles são fracos e medrosos – e que eles têm muitos inimigos. Ele lhes ensina a lançarem a si mesmos e a todos os cuidados em Suas mãos! E Ele lhes deu Sua promessa: que irá cuidar deles.

Ele exerce os cuidados de um Pai. É um cuidado sábio, santo, terno e constante. Por isso, tudo estará bem com você se tão-somente confiar Nele.

Creia que Ele cuida de você neste dia. Leve todas as suas preocupações a Ele, nos braços da fé! Deixe tudo com Ele, certo de que Ele irá controlar tudo por meio de Sua infinita sabedoria e trará tudo a um bom resultado por meio de Seu poder onipotente.

Não se preocupe com nada. Lance todas as suas preocupações sobre Ele, tão rapidamente quanto elas vierem.

“Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e Ele te susterá. Não permitirá jamais que o justo seja abalado” (Sl 55.22).

 


(Traduzido por Francisco Nunes do livro The Pastor’s Morning Visit [A visita matinal do Pastor]. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Constante prontidão (Sarah Foulkes)

Prontidão constante para a volta do Senhor

A hora não avisada do retorno de nosso Senhor torna imperativa a constante prontidão.

Como um profeta predizendo Seu próprio advento, nosso Senhor dá a Seus discípulos advertências enfáticas e incisivos alertas para a prontidão vigilante (Mt 24; 25). Vigiai […] para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.36,37). Falando como alguém com autoridade, nosso Senhor começa e termina esse solene alerta sobre Sua vinda com a ordem simples e explícita para vigiar!

Cristãos que estão realmente se preparando para a vinda iminente do Senhor estão vivendo hoje na atitude sempre vigilante de coração, de vida e de conduta que brota de um constante e predominante objetivo: poderem ser considerados dignos de escapar do julgamento de ira que virá rapidamente no fim desta era.

Lucas 21.34-36 torna surpreendente e evidente que a transladação é um escape do julgamento. Muitos estão dando como certo que estão prontos para fugir. Quão presunçosa é sua suposição quando contrastada com o exemplo na Escritura apresentado por Paulo! Em antecipação, ele escreve aos filipenses: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus […] Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.12,14).

Paulo viveu sua experiência cristã diária como um homem em uma corrida com o propósito em vista de ganhar o prêmio. Na corrida, ele se despojou de si mesmo por causa da coroa reservada para todos os que venceram e viveram piedosamente em Cristo Jesus (Ap 12.11). Assim, Paulo pôde dizer: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo” (2Co 2.14). Para que pudesse ser um vencedor e não uma vítima de suas circunstâncias, Paulo colocou coração e alma em sua experiência cristã. Ele forçou cada nervo, dispôs cada músculo para alcançar aquilo para o que Cristo o havia ganho. Não muito tempo antes de partir, ele evidentemente atingiu a soberana vocação de Deus em Cristo, pois disse: “O tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2Tm 4.6-8). Que certeza arrebatadora Paulo tinha! E ela pode ser nossa, se nós, como Paulo, buscarmos as superações que nos fazem mais do que vencedores sobre o mundo, a carne e Satanás.

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão.

Enoque foi trasladado porque tinha o testemunho de que agradara a Deus. “A inclinação da carne [ou mente carnal] é inimizade contra Deus” (Rm 8.7). Podemos, portanto, esperar andar com Deus e agradá-Lo enquanto temos qualquer carnalidade, liberdade da carne, mundanismo em nós? “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais […] Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” (1Co 3.1,3).

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão. Todo o ensino, toda a pregação, toda a atividade que anula o aviso solene do Senhor a Seu povo de que deve cuidar de si mesmo e vigiar e orar sempre tornam o povo perigosamente desavisado. Essa é a razão pela qual muitos cristãos hoje estão caminhando despreocupadamente, como se estivessem indo a um piquenique, quando, como uma questão de fato, estamos na própria hora da vinda e do julgamento começar em Seu Santuário. O arrebatamento em si é um sinal do julgamento sobre aqueles que foram deixados. Daí, toda a estratégia de Satanás é impedir a vigilância e a atitude de alerta que o Senhor tão solenemente aconselhou.

E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro […] Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.39-42).

Tem sido dito que a única diferença entre os que o Senhor toma na transladação e os que são deixados para os últimos julgamentos sobre Terra é a diferença de prontidão vigilante. Em seus últimos discursos, nosso Senhor procurou despertar com exortações a vigilância do discípulo não-vigilante, o o pai de família roubado e o mordomo infiel (caps. 24 e 25).

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (25.13). Cristo sempre ressaltou muito a necessidade de estarmos sempre prontos. “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor […] Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!” (Lc 12.35-37).

Estamos às portas da volta de Cristo. Cada tique-taque do relógio nos aproxima disso. A escuridão da meia-noite da terra está espalhando. A vinda do Noivo está próxima. Então, Sua noiva está se aprontando. O espírito do anticristo está espalhado pelo mundo. A grande tribulação está lançando suas sombras diante de nós. Cristãos, olhem para cima! Estejam imediatamente prontos, vigilantes, atentos. “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.11,12).

Um movimento espiritual quase imperceptível está operando no coração de todos os verdadeiros crentes que separam o ouro da escória, o real do irreal, o precioso do vil, o joio do trigo. Ele vem como um silêncio sagrado sobre a alma, a sombra da Presença que se aproxima.

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso.

Cristo está vindo! Esteja pronto para quando Ele vier. Separe-se da indulgência do mundo. Desembarace-se de sua imersão nos negócios dessa vida. Vigie e ore sempre! Um cristão carnal não pode ser vigilante. Nós só podemos vigiar se nos mantivermos despertados espiritualmente. A palavra vigiar significa ser espiritualmente despertado, estar em alerta constante. “Eu dormia, mas o meu coração velava. E eis a voz do meu amado que está batendo: ‘Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite’” (Ct 5.2).

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Um rápido e cegante refulgir, e o vigilante vai estar com o Senhor. O não-vigilante, de acordo com as próprias palavras de nosso Senhor, não vai escapar dos últimos julgamentos sobre a terra (Lc 21.34-36).

O espírito do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27). Em Sua parábola das virgens, nosso Senhor revela que haverá um reavivamento de preparar as lâmpadas às vésperas de Sua volta. Quanto tempo leva para preparar-se uma lâmpada? O sábio só tem tempo para preparar sua lâmpada, não para enchê-la, antes que a porta seja fechada. Encher exige constante e vigilante preparação do coração, da vida e dos lábios a fim de fazer-nos e manter-nos prontos para encontrar e saudar o Amado de nossa alma quando Ele, todo glorioso, vier para receber os “aceitos no Amado”.

Um não-abandonado pecado conhecido, uma ordem conhecida desobedecida, uma conhecida verdade não-crida, uma parte da vida conscientemente não-submetida, e nós estamos em perigo. As últimas sombras estão caindo sobre o mundo e, portanto, em sua vida. No entanto, você não está pronto. Mas há tempo para alcançar a vitória antes do sol se por. Seu Juiz vindouro é seu Salvador hoje” (The Midnight Cry).


(Traduzido por Francisco Nunes de “Constant Readiness”. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Corações quebrantados (E. A. Bremicker)

A dor do coração quebrantado: só o Senhor a conhece e pode curar

O coração quebrantado do pecador (Lc 7.36-38)

A cena transcorre na casa de Simão, o fariseu. Um homem que se considerava justo havia convidado Jesus para uma refeição. No entanto, o acontecimento central dessa cena não é o encontro do Senhor Jesus com seu hóspede, mas o que Ele tem com uma mulher que não havia sido convidada, uma pecadora notória. Ela havia ouvido sobre o Senhor Jesus e venho ao lugar onde Ele se encontrava. Sofrendo por sua culpa, aproveitou a ocasião para descarregar o peso que tinha sobre seu coração. Empurrada por sua angústia interior e atraída pela graça do Senhor, veio à casa do fariseu, pôs-se aos pés de Jesus e chorou.

Suas lágrimas davam mostra de sua coração quebrantado. Reconheceu que era pecadora, foi sensível às riquezas da benignidade de Deus e se deixou levar ao arrependimento por essa benignidade que se revelou em Jesus (cf. Rm 2.4). O Salvador não deixou esse coração quebrantado sem resposta. Todo aquele que vem a Ele dessa maneira experimenta ter o coração curado. A mulher escutou as palavras benfazejas: “Os teus pecados te são perdoados. […] A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.48,50).

Todo pecador tem necessidade disto: do perdão e da paz. E obtém isso pela fé. Ainda hoje, o Senhor deseja curar o coração ferido dos que vivem sem Deus e sem perspectiva. O caminho que essa mulher tomou é ainda hoje o único caminho pelo qual se pode obter o perdão e a paz. Todos os demais são caminhos de erro que não conduzem à salvação. Aquele que vem ao Senhor consciente de sua culpa e de seus pecados, e crê Nele e em Sua obra redentora, recebe Suas palavras: “Vai-te em paz!”

O coração quebrantado dos crentes provados (Lc 7.11-15)

Com o coração oprimido pela tristeza, uma viúva conduzia seu filho único à tumba. Uma angústia indizível, e provavelmente numerosas perguntas sem resposta, enchiam seu coração. Mas diante dos muros da cidade de Naim, a vida veio ao encontro da morte. O cortejo fúnebre teve de se deter quando o Autor da vida se aproximou.

Com um olhar cheio de amor, o Senhor viu o que havia no coração quebrantado dessa mãe, e foi comovido por uma profunda simpatia. “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela.” A angústia da mulher não O deixou indiferente. “E disse-lhe: Não chores” (v. 13). Foi uma palavra de consolo para o coração ferido dela.

O Senhor Jesus nos compreende quando passamos por dificuldades, quando estamos enfermos, quando estamos abatidos e temos o coração oprimido.

Depois, Jesus se revelou como o Senhor da vida e da morte. Ele tocou o esquife, e todos os que estavam ali puderam ouvir Suas palavras: “Jovem, a ti te digo: levanta-te!” (v. 14). A morte devia soltar sua presa. O coração quebrantado da mãe foi curado, seu filho lhe foi devolvido.

Em um mundo onde tudo passa, a sombra da morte plana sobre cada um e é inevitável. O mundo é o “vale da sombra da morte”. Mas precisamente a esse mundo nosso Senhor e Salvador veio. Ele mesmo experimentou o que é viver aqui; soube o que significa a perda de um ser amado. Diante da tumba de Seu amigo Lázaro também verteu lágrimas.

Por isso, Ele nos compreende quando passamos por dificuldades, quando estamos enfermos, quando estamos abatidos e temos o coração oprimido. É uma grande coisa saber que nosso Senhor tem o poder para ajudar-nos. Mas não é apenas isso: Ele nos faz desfrutar primeiro de Sua simpatia, nos ama, entra em nossas circunstância e nos consola: “Não chores!” Pode secar as lágrimas e curar os corações quebrantados.

O Mestre trabalha de maneira divinamente perfeita. Primeiro, seca as lágrimas; depois, traz a libertação. Nós, talvez, tivéssemos agido de maneira inversa. Mas o Senhor quer que aprendamos primeiro a conhecer a doçura de Suas compaixões e depois Seu poder que dá o socorro. Em Sua sabedoria, Ele mesmo decide quando e como nos ajudará. Deixemo-Lhe trabalhar. O certo é que Ele cura os corações quebrantados e fecha as feridas; Ele quer que Sua paz encha nosso coração e nos sustenha em nossas circunstâncias difíceis.

Ninguém tem o poder de trazer os mortos de volta à vida, mas o Senhor quer usar-nos para ajudar as outras pessoas. Quando encontrarmos pessoas que têm o coração quebrantado, busquemos ajudá-las no mesmo espírito que o Senhor o fez.

O coração quebrantado do crente caído (Lc 22.54-62)

Uma cena totalmente diferente se abre agora diante de nós. Homens maus, inimigos do Senhor Jesus, o conduziram ao pátio do sumo sacerdote. Pedro O seguia à distância. Pouco tempo antes, ele havia declarado, muito seguro de si mesmo, estar disposto a morrer por seu Mestre. Mas agora, uma distância entre ele e o Senhor está estabelecida. Ele entrou no pátio da casa onde se encontrava Jesus, mas se sentou entre os inimigos de seu Mestre e se aquecia ao fogo. O que aconteceu? A tentação não perdeu por esperar. Uma criada lhe dirigiu a palavra, e o medo o invadiu. Com insistência, se desassociou Daquele sobre quem se concentrava o ódio de todos. “Não O conheço” (v. 57).

Somos melhores que Pedro? Com certeza, não. Por acaso, não temos negado o Senhor em situações muito mais insignificantes? Na escola, no trabalho, entre os vizinhos? Um pouco de distância interior em relação ao Senhor basta para que caiamos diante da menor tentação.

O Senhor também não nos abandonará. Seu amor não muda.

E Jesus? Tinha tempo de pensar em Seu discípulo? Aquilo que O fazia sofrer poderia reter toda a Sua atenção, mas… maravilhoso Salvador! Seu coração estava ocupado com Pedro. Ele sabia de antemão o que ia acontecer, e esta negação O afetou profundamente, mas Ele não deixou Seu discípulo de lado. “E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro” (v. 61). Essa olhada entristecida e, ao mesmo tempo, cheia de amor foi como uma flecha que alcançou o coração de Pedro e o quebrantou. Esse homem corajoso e enérgico saiu e chorou amargamente sua falha.

O Senhor também não nos abandonará. Com Seu olhar de amor, sempre se dedica a pôr-nos na luz a fim de alcançar nosso coração. Seu amor não muda. Ele não só quer sacudir-nos e fazer-nos compreender onde falhamos, mas quer também curar-nos. Na manhã da ressurreição, Ele encontrou Pedro e falou-lhe ao coração. Pouco depois, reabilitou-o diante dos demais discípulos. Este é sempre o objetivo do Senhor: Ele quer fazer-nos voltar a uma feliz comunhão com Ele e fazer de nós servos úteis para Ele.

O coração quebrantado do Salvador

Não podemos terminar essas breves considerações sobre corações humanos quebrantados sem pensar no coração Daquele que, justamente no Evangelho de Lucas, é-nos apresentado como o “Filho do Homem”.

Seus sentimentos se descrevem profeticamente em Salmos: “Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei” (69.20). Havia curado os corações quebrantados, mas no caminho da cruz esteve sozinho com Seus próprios sofrimentos. Sempre esteve presente quando alguém necessitou de ajuda. Manifestou Sua simpatia aos que estavam consumidos de dor. Mas no momento em que Ele mesmo passou pela mais vasta angústia, o coração dos demais se fechou para Ele.

Ele havia semeado apenas amor, e na maioria das vezes colheu uma amarga hostilidade. Até mesmo reprovavam Sua confiança em Seu Deus. E Seus discípulos? O Senhor não esperava o consolo da parte dele? Haviam fugido. Jesus devia seguir esse caminho doloroso inteiramente só.

O salmo 22 expressa Seus sentimentos quando estava na cruz: “Como água Me derramei, e todos os Meus ossos se desconjuntaram; o Meu coração é como cera, derreteu-se no meio das Minhas entranhas” (v. 14).

Quem de nós poderia sondar o que foi, naquele momento, a angústia do Salvador? A Ele sejam eternamente o louvor e as ações de graças!

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(Traduzido por Francisco Nunes de “Corazones quebrantados”, da revista Creced 3/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Por que todas as coisas cooperam para o bem do homem piedoso?

Todas as coisas, sem exceção…

O supremo motivo pelo qual todas as coisas cooperam para o bem é o íntimo e carinhoso interesse que Deus tem por Seu povo

O Senhor fez uma aliança com os membros de Seu povo. “Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Jr 32.38). Em virtude desse pacto, todas as coisas cooperam, e devem mesmo cooperar, para o bem deles. “Eu sou Deus, o teu Deus” (Sl 50.7). Esta expressão, “o teu Deus”, é a mais doce expressão em toda a Bíblia; ela revela as melhores relações, e é impossível haver tais relações entre Deus e Seu povo e, ainda assim, todas as coisas não cooperarem para o bem deles. Esta expressão, “Eu sou o teu Deus”, implica:

1. A relação com um médico: “Eu sou o teu Médico”.
Deus é um Médico habilidoso. Ele sabe o que é melhor. Deus observa os diferentes temperamentos dos homens, e sabe o que irá funcionar com mais eficácia. Alguns são de uma disposição mais dócil e são conduzidos pela misericórdia. Outros são vasos mais ríspidos e complicados; com esses, Deus trata de uma maneira mais forçosa. Algumas coisas se conservam em açúcar; outras, em salmoura. Deus não trata com todos de maneira indistinta; Ele tem provações para o forte e consolos para o fraco. Deus é um Médico fiel, e portanto usará todas as coisas para o melhor. Se Deus não lhe dá aquilo de que você gostaria, Ele dará aquilo de que você precisa. Um médico não estuda tanto tempo para satisfazer os gostos do paciente, mas para curá-lo de sua enfermidade. Nós nos queixamos de que provações muito dolorosas vêm sobre nós; lembremo-nos de que Deus é nosso Médico; portanto, Seu trabalho é para nos curar, em vez de para nos entreter. A maneira de Deus tratar com Seus filhos, embora seja severa, é uma maneira segura e que visa nos curar; ” para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem” (Dt 8.16).

Deus é nosso Médico; portanto, Seu trabalho é para nos curar, em vez de para nos entreter

2. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Pai.
Um pai ama seu filho; portanto, seja um sorriso, seja uma palmada, tudo é para o bem da criança. “Eu sou o teu Deus, o teu Pai; portanto tudo o que Eu faço é para teu bem”. “Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus” (v. 5). A disciplina de Deus não é para destruir, mas para aperfeiçoar. Deus não pode causar dano a Seus filhos, pois Ele é um Pai de terno coração: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem” (Sl 103.13). Acaso um pai buscará a ruína de seu filho, do filho que veio dele mesmo e que carrega sua imagem? Todo o seu cuidado e disposição são para o filho. A favor de quem ele deixa sua herança, senão para o filho? Deus tem um terno coração e é o “Pai de misericórdias” (2Co 1.3). Ele derrama todas as misericórdias e toda a bondade nas criaturas.

Deus é um Pai eterno (Is 9.6). Ele era nosso Pai desde a eternidade; antes que nós fôssemos crianças, Deus era nosso Pai, e Ele será nosso Pai por toda a eternidade. Um pai provê para o filho enquanto vive; mas o pai morre, e então o filho pode ser exposto a danos. Mas Deus nunca cessa de ser Pai. Você, que é cristão, tem um Pai que nunca morre; e, se Deus é seu Pai, você nunca ficará desamparado. Todas as coisas devem cooperar para o seu bem.

3. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Marido.
Essa é uma relação íntima e doce. O marido busca o bem da esposa; seria antinatural que ele vagueasse para destruir sua mulher. “Porque ninguém jamais odiou a própria carne” (Ef 5.29). Há uma relação marital entre Deus e Seu povo. “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is 54.5). Deus ama plenamente Seu povo. Ele o tem gravado na palma das mãos (49.16). Ele o põe como um selo sobre o coração (Ct 8.6). Ele dará reinos por seu resgate (Is 43.3). Isso mostra quão próximo ele está do coração de Deus. Se Ele é um Marido cujo coração é pleno de amor, então, Ele irá buscar o bem de Sua esposa. Ou Ele a protegerá de um dano ou Ele o converterá para um fim melhor.

4. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Amigo.
“Tal [é] o meu amigo” (Ct 5.16, ARC). Um amigo é, como diz Agostinho, metade do nosso eu. Ele é atento e desejoso acerca de como pode fazer bem a seu amigo; ele promove o bem-estar dele como se fosse o seu próprio. Jônatas enfrentou o aborrecimento do rei por seu amigo Davi (1Sm 19.4). Deus é nosso Amigo; portanto, Ele converterá todas as coisas para nosso bem. Existem falsos amigos; Cristo foi traído por um amigo; mas Deus é o melhor Amigo.

Ele é um Amigo fiel. “Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel” (Dt 7.9). Ele é fiel em Seu amor. Ele deu Seu próprio coração a nós, quando entregou o Filho de Seu amor. Ali estava um padrão de amor sem paralelo. Ele é fiel em Suas promessas. “O Deus que não pode mentir prometeu” (Tt 1.2). Ele pode mudar Sua promessa, mas não pode quebrá-la. Ele é fiel em Seu proceder; mesmo quando está afligindo, Ele é fiel. “Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119.75). Ele está nos peneirando e nos refinando como a prata (66.10).

Deus é nosso Amigo; portanto, Ele converterá todas as coisas para nosso bem. Existem falsos amigos; Cristo foi traído por um amigo; mas Deus é o melhor Amigo.

Deus é um Amigo imutável. “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5). Amigos às vezes falham numa emergência. Muitos procedem com os amigos como as mulheres, com as flores: enquanto estas estão frescas, elas as põem junto ao peito, mas, quando começam a murchar, elas as jogam foram. Ou como um viajante faz com o relógio de sol: se o sol brilha sobre o relógio, o viajante sai da estrada para consultar o relógio; mas se o sol não brilha sobre ele, ele segue dirigindo, sem sequer se lembrar do relógio. Assim, se a prosperidade brilha sobre um homem, então, os amigos atentam para ele; mas, se uma nuvem de adversidade paira sobre ele, eles não se aproximarão. Mas Deus é um Amigo para sempre; Ele disse: “De maneira alguma te deixarei”. Embora Davi andasse pelo vale da sombra da morte, ele sabia que tinha um Amigo a seu lado. “Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Sl 23.4). Deus nunca afasta completamente Seu amor de Seu povo. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). Sendo Deus tal Amigo, Ele fará todas as coisas cooperarem para nosso bem. Não há amigo que não busque o bem do amigo.

5. Esta expressão, “o teu Deus”, implica uma relação ainda mais íntima, a relação entre a Cabeça e os membros.
Há uma união mística entre Cristo e os santos: Ele é chamado “o Cabeça da igreja” (Ef 5.23). Não é verdade que a cabeça delibera pelo bem do corpo? Todas as partes da cabeça estão dispostas para o bem do corpo. O olho é posto como se estivesse numa torre de guarda; ele fica a postos para vigiar qualquer perigo que possa advir ao corpo, e preveni-lo. A língua serve tanto para provar como para discursar. Se o corpo fosse um microcosmo, ou um pequeno universo, a cabeça seria o sol desse universo, da qual procederia a luz da razão. A cabeça está posta para o bem do corpo. Cristo e os santos compõem um único corpo místico. Nossa Cabeça está nos céus, e certamente Ele não irá permitir que Seu corpo sofra dano, mas irá deliberar para a segurança dele e fará com que todas as coisas cooperem para o bem do corpo místico.

(Thomas Watson)

(Fonte)

(Pequenos aperfeiçoamentos e correções foram feitos, por Francisco Nunes, no artigo original. Consulte a fonte para outros artigo desta série.)

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Um Deus que se oculta (T. Austin-Sparks)

O Deus que se oculta sempre se revela

“Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador” (Is 45.15).

É como se o profeta tivesse sido subitamente intimidado e maravilhado com o que ele estava fazendo para profetizar! No meio de seu ministério, algo de maravilhoso abriu-se sobre ele e interrompeu essa declaração.

Deixando, por um momento, muito do que isso poderia implicar tanto como profecia quanto como previsão e sua vindicação, vamos ficar com a própria exclamação. Essa declaração é única, em princípio, com vários exemplos nas Escrituras. Olhando para o presente contexto, vemos que é a libertação de Israel do cativeiro e o retorno à Terra Prometida para reconstruir Jerusalém e o templo que está em vista. Sem dúvida, houve muita especulação e discussão a respeito de como as profecias do retorno dos judeus seria cumprida. Setenta anos tinham sido determinados e dados a conhecer como a duração do cativeiro. Os poderes gentios estavam em indubitável ascensão, e parecia muito pouco provável ou possível que Israel reconquistasse seu poder e glória nacionais entre as nações. O estado de coisas em seu próprio país – o templo destruído, a cidade queimada, a terra invadida por feras, os emissários do inimigo instalados – e a desintegração entre o povo no exílio criaram um panorama repleto de problemas aparentemente insuperáveis, e isso poderia muito bem ter levado à completa perplexidade e, até mesmo, ao desespero.

Então, o profeta é chamado para prever tudo o que ia acontecer – esta restauração – pelas mãos ou pela vontade do próprio poder gentio; que o Espírito soberano de Deus desceria sobre um homem que, por enquanto, não estava em posição de fazer isso e, provavelmente, cujo nome ainda não era totalmente conhecido. Babilônia ainda não fora derrubada: o império babilônico ainda não fora destruído; as profecias de Daniel ainda não haviam sido cumpridas. Mas aquele que faria isso foi mencionado pelo nome, e os detalhes de sua conquista são dados neste 45o. capítulo de profecias de Isaías. (Leia-o trecho por trecho.) E, em seguida, muito embora esse homem seja ignorante quanto a Deus, ele seria constrangido e compelido por Deus como um ungido para cumprir as Escrituras, libertar o povo, fornecer os meios e facilitar amplamente a restauração.

Como o profeta vê tudo em sua “visão” (“a visão de Isaías”, 1.1, uma visão que inclui tudo), ele está sobrecarregado com admiração. Todos os problemas são resolvidos, as perguntas, respondidas, as “montanhas”, aplainadas! Quem teria pensado nisso? Quem teria sonhado com tal coisa? Oh, quão profundos são os caminhos de Deus, inferiores a nossa imaginação, escondidos de nossas especulações mais intensas. “Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”.

Quem teria pensado na cruz para o Deus Encarnado como o método e os meios de resolver o maior problema já conhecido neste universo?

Houve vários outros grandes e notáveis exemplos do mistério dos caminhos de Deus no cumprimento de Seus principais propósitos. Toda a raça [humana] tinha se afastado Dele e se envolvido em impiedade e idolatria. Foi universal. Como Deus iria atender Sua própria necessidade? Bem, Ele moveu-se para colocar a mão sobre um homem, e desse homem Ele fez uma nação. Em graça soberana, Ele fez dessa nação Seu mistério, Seu segredo, entre as nações. Israel era o mistério de Deus, o caminho oculto de Deus. Sempre havia algo misterioso sobre Israel. Paulo, contemplando esse método de Deus e vendo-o erguer-se com tal poder esmagador, fez exatamente o que Isaías fez. Enquanto escrevia o verso a seguir, ele o interrompeu com uma exclamação forte e retumbante:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33).

Ele poderia muito bem ter acrescentado: “Tu és um Deus que te ocultas”. Quem poderia ter pensado na Encarnação, e nela, não em glória, mas em humilhação até ofender toda a expectativa do homem? Quem teria pensado na cruz para o Deus Encarnado como o método e os meios de resolver o maior problema já conhecido neste universo? Quem teria suspeitado que tudo isso estava incorporado naquele Homem de Nazaré, “o filho do carpinteiro” como O chamavam? Foi o maior mistério de Deus! Funcionou? Tem provado ser o caminho, o único caminho, e o caminho transcendentemente bem-sucedido?

E o que é verdade quanto ao mistério de Israel e ao mistério de Cristo, também é verdade quanto ao mistério da Igreja. Há um ocultamento sobre a verdadeira Igreja. Nenhum olho natural pode discerni-la. Nenhuma mente natural pode explicá-la. Reduza-a ao senso e à descrição humanos e você a perde, você capta a coisa errada. “A sabedoria de Deus (é) em mistério”, disse Paulo. Tente confiar a Igreja ao mundo sem fé, e você terá retirado da Igreja seu poder secreto! A menos que os homens consigam se dar bem vindo contra o Deus inescrutável que os esmaga, aquilo que afirma ser morada Dele é uma concha vazia.

E gostaríamos de lembrar você que aquilo que é verdadeiro nessas grandes épocas de progresso soberano ao longo dos séculos, essas intervenções e esses adventos na história da vida espiritual do mundo, é verdade na vida de cada um do verdadeiro povo de Deus. Eles serão constantemente confrontados com o “como?” de situações impossíveis, a fim de que sejam compelidos a repetidas exclamações na presença das soluções simples de Deus:

“Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas.”

“Profundamente, em minas insondáveis,
com perícia que nunca falha,
Ele entesoura Seus esplêndidos desígnios
e opera Sua vontade soberana.”1

“Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome” (Is 45.3).

(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)

1 Segunda estrofe do hino God Moves in a Mysterious Way (Deus se move de uma maneira misteriosa), de William Cowper (1731–1800). (N.T.)

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Antes do inverno

Inverno na prisão

“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade […] Procura vir antes do inverno” (2Tm 4.13,21).

Preso pela segunda vez em Roma, como um criminoso comum, na prisão Mamertina, uma prisão úmida e sombria, de acordo com a história, onde ninguém podia sequer ficar em pé, o apóstolo Paulo, que tanto havia proclamado o evangelho por todo o império, percorrendo caminhos, rios e desertos, havia chegado ao final de sua vida: “O tempo da minha partida está próximo” (v. 6).

Um após o outro, os companheiros de antes, com exceção de Lucas, haviam partido; uns, é verdade, para o serviço do evangelho; outros, como Demas, por terem amado “o presente século” (v. 10). Eu sua defesa, ninguém esteve a seu lado, todos o abandonaram. Paulo, sendo pregador, apóstolo e mestre dos gentios, havia cumprido seu serviço perfeitamente, combatendo o bom combate e guardando a fé. Paulo havia se alegrado muito vendo a assembléia em Roma, cujos irmãos, anos antes, o haviam animado (At 28.15). Agora ninguém parecia se preocupar com este pobre e velho prisioneiro, que não tinha com que se proteger do frio que estava por chegar. Precisou pedir que lhe trouxessem sua velha capa, que estava na longínqua Trôade. Na verdade, “o inverno” já havia chegado.

Apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração.

E esta súplica se repete: a Timóteo, ele pede: “Procura vir ter comigo depressa […] Procura vir antes do inverno” (vs. 9,21). Em breve, os carrascos conduziriam o condenado ao suplício. Teria ele antes a ocasião e o consolo de ver seu “filho” Timóteo?

Muitos servos do Senhor que estão entre nós chegaram a uma idade avançada. Para eles, o “inverno” chegou; as forças declinaram, a resistência física falta, freqüentemente seus pensamentos se anuviam. Seguramente, eles também desejam que os mais jovens vão vê-los. Ficarão muito gratos por ter amigos que, sem esquecer as necessidades materiais, pensem principalmente naqueles que poderiam alegrar seu coração. Então, esses irmãos em Cristo serão para eles como um raio de luz em circunstâncias muitas vezes sombrias.

Mas, apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração. Alexandre lhe havia causado “muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras” (v. 14). Em seu processo, todos os abandonaram; “mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me […] o Senhor me livrará” (vv. 17,18). “Acabei a carreira […] A coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (vv. 7,8). Do caminho para Damasco até a prisão em Roma, o Senhor havia sido para ele o Amigo fiel que tantas vezes o havia animado: em Corinto, onde chegou com temor e tremor (At 18.9,10); em Jerusalém, na noite em que foi preso (23.11); durante a tempestade em alto mar (27.23-25), quando os passageiros haviam perdido toda a esperança de salvação. Havia chegado “o inverno” com seus tantos sofrimentos. Paulo estava desprovido de tudo, mas, uma vez mais, o Senhor se manteve a seu lado.

Que mensagem deixaria para seu jovem amigo Timóteo, a quem talvez nem sequer voltaria a ver? Uma última palavra, um último desejo: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito” (2Tm 4.22). Timóteo, por sua vez, também teria de sofrer e cumprir plenamente seu serviço, e onde acharia forças senão naquele que era o conteúdo da visão de seu pai espiritual? Por isso, Paulo disse não apenas “o Senhor seja contigo”, mas “com teu espírito”, o qual tão facilmente poderia desfalecer e abandonar a fé.

Não ocorre o mesmo conosco hoje? Se aqueles que nos guiaram durante nossa infância e juventude partirem, um após o outro, se a tarefa que está diante de nós, com as numerosas necessidades, for pesada, se dificuldades reais aparecerem por todos os lados, a mesma promessa permanece: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito”.

(G. A.)

Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego.

A carreira final

O amado apóstolo nos dá uma comovedora idéia das condições finais de seu combate e de sua carreira: a prisão, o frio, a nudez (1Co 4.11; 2Co 11.27; em 2Tm 4.13 pede sua capa), a maldade e a oposição dos homens (vv. 14,15), seu comparecimento diante de César Nero e a ausência de todos os amigos (v. 16). Esses haviam se dispersado, e Demas o havia abandonado. Não é possível fazer parte do grupo dos que amam “o presente século” [este mundo] (v. 10) e também ser dos que amam a vinda do Senhor (v. 8). A epístola termina mencionando o supremo recurso em um tempo de ruína: a graça. Era a saudação do apóstolo (1.2) e também sua despedida (v. 22). Que essa graça esteja com cada um de nós.

(J. K.)

O serviço

O que é o serviço? É ter parte no ministério de amor de Cristo.

Uma vida interior com Deus é o único meio para viver em público por Ele. Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego. Tenho muito temor de que se manifeste um grande ativismo quando há pouco comunhão com o Senhor.
Todo verdadeiro serviço deve resultar do conhecimento do próprio Cristo.

(John Nelson Darby)

 

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 10/2014, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito.)

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Sobre oração

Não é tanto uma questão de tempo disponível como uma questão de coração. Se no coração quiseres orar, acharás tempo de fazê-lo.

(C. H. Spurgeon)

A melhor oração, com freqüência, tem mais gemidos do que palavras.

(John Bunyan)

Eu espero em Deus, continuo orando, e aguardo a resposta. Eles ainda não se converteram, mas vão.

(George Mueller. Ele começou a orar por cinco amigos seus. Depois de vários meses, um deles veio ao Senhor. Dez anos depois, dois outros se converteram. Demorou 25 anos antes de o quarto amigo ser salvo. Até morrer, Mueller perseverou em oração pelo quinto amigo, e por 52 anos jamais desistiu de esperar que ele aceitasse a Cristo! Sua fé foi recompensada: depois de Mueller ter sido enterrado, o último dos amigos foi salvo.)

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Devoção

Devoção demanda entrega total

A devoção se caracteriza pelo fato de não estar condicionada à necessidade, como a obediência. Ela é o resultado de um impulso do coração, do centro das inclinações e dos motivos profundos. Não é a resposta a um mandamento, e se encontra acima de toda forma de subordinação, quer seja a vontade de outra pessoa ou a obrigação que se deriva de um relacionamento.

A devoção de Cristo

“Cristo […] pelo Espírito eterno se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9.14). Eis aqui a expressão da maravilhosa devoção que fez Cristo agir voluntariamente e que revelou, assim, o motivo profundo de Seu coração: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu” (Sl 40.8).

Essa maneira espontânea de nosso Senhor agir, seguindo o movimento de Seu próprio coração, é o pensamento dominante do Evangelho de João. Encontramos ali a obra da cruz sob o caráter do holocausto. “Por isto o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou” (Jo 10.17,18). A morte do Senhor era necessária para nossa salvação, ambas são inseparáveis; mas o motivo específico do Evangelho de João é a devoção do Senhor. O holocausto evoca o que Deus encontrou na morte do Senhor, esse “cheiro suave” (Ef 5.2) que somente Ele podia apreciar e que, de uma maneira muito especial, respondia a Seu amor.

João 10 registra o restante do que o Senhor disse: “Tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de Meu Pai” (v. 18). Em virtude de Sua divindade, o Senhor era completamente livre com respeito à morte e à ressurreição, mas não fez nada de sua própria autoridade. Por isso, fala de um “mandamento”. Mas Seu ato de devoção se cumpria no perfeito acordo de Seu coração com o do Pai. Foi isso que o caracterizou em Sua vida de homem na terra.

A devoção de três valentes

Davi havia sido ungido rei, mas ainda não havia subido ao trono. Tinha de sofrer ainda a hostilidade de Saul e, além disso, lutar continuamente contra os filisteus para defender o povo de Deus. Um dia, durante o calor do tempo da sega, teve o desejo de beber da água do poço de seu povoado natal, ocupado pelos filisteus naquele momento, e deixou escapar as palavras: “Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!” (2Sm 23.15). Três de seus homens o ouviram e, sem que ele os houvesse mandado, irromperam pelo acampamento dos filisteus e lhe trouxeram água daquele poço.

Por que essa água? Não havia água para tomar em outro lugar? Eles não se fizeram essas perguntas, pois, onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas. Davi sentiu profundamente essa devoção. Viu nessa água a vida de seus companheiros, que a expuseram por ele. Por isso, “derramou-a perante o Senhor” (v. 16). E podemos estar certos de que seus homens o compreenderam muito bem. Precisamente porque essa água era preciosa para Davi, ela pertencia a Deus. Muitos anos depois, o Espírito Santo dá deles este testemunho eterno: “Isto fizeram aqueles três poderosos” (v. 17).

Onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas.

Mas notemos ainda isto: se a devoção não tem relação com a necessidade, isso não quer dizer que o ato em si seja inútil. Não foi inútil regozijar o coração de Davi, o que é manifestado pelo testemunho do Espírito Santo. Também não foi inútil o ato de Maria quando derramou sobre o Senhor Jesus um perfume de nardo puro de muito preço, mesmo que alguns considerassem isso um desperdício (Jo 12.3-5).

A devoção do apóstolo Paulo

“Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar por vossa alma, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2Co 12.15).

Se houve um servo do Senhor do qual podemos aprender o que seja um serviço de devoção, é o apóstolo Paulo. Desde o dia em que o Senhor glorificado lhe apareceu na estrada de Damasco, para ele viver nada mais era que Cristo. Em Paulo, encontramos todas as virtudes de um servo: o amor pelo Senhor e pelas almas, o zelo, a perseverança, a humildade… Estava pronto para sofrer e para dar tudo o que tinha e era. Nele havia uma devoção sem limites.

A devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção.

Paulo era plenamente consciente de que “cada um receberá de Deus o louvor” (1Co 4.5), e essa aprovação orientava sua vida. A idéia do tribunal de Cristo o motivava a procurar ser agradável a Deus (2Co 5.9,10). E a coroa da justiça que receberia naquele dia era um consolo para a última e difícil etapa de sua carreira na terra (2Tm 4.8). Mas jamais a aprovação dos homens.

O versículo citado mais acima é uma palavra especialmente comovente que Paulo escreveu aos coríntios, os quais lhe causavam tanta preocupação. Talvez seja a mais emocionante que ele tenha escrito sobre si mesmo, pelo menos nessa carta que, do princípio ao fim, é um combate para ganhar o corações dos coríntios. Aqui vemos a devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção. “Meu galardão [está] perante o Meu Deus”: essa palavra de Isaías 49.4, que aplicamos com gosto ao Senhor Jesus, também pode ser aplicada ao apóstolo Paulo.

 

(E. E. Hücking. Traduzido por Francisco Nunes de “Devoción”, da revista Creced 1/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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