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Sua beleza!
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Andrew Murray Cristo Encorajamento

Permanecei em Cristo: dia a dia

Cristo, suprimento diário!

“E o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia” (Êx 16.4).

“Diariamente a porção para cada dia”: essa era a regra que governava o conceder do maná, por parte de Deus, e o colhê-lo, por parte do homem. Essa ainda é a lei no trato da graça de Deus com Seus filhos. Uma visão clara sobre a beleza e a aplicação dessa regra é um maravilhoso auxílio para compreender como alguém, que se sente completamente fraco, pode ter a confiança e a perseverança de prosseguir vigorosamente por todos os anos de sua carreira na terra. Em certa ocasião, um paciente, que havia sofrido um sério acidente, perguntou ao médico: “Doutor, por quanto tempo precisarei ficar deitado?”. O médico respondeu: “Apenas um dia por vez”. Tal resposta ensinou ao paciente uma preciosa lição. Foi a mesma lição que Deus registrou para Seu povo muitos anos antes: “diariamente a porção de cada dia”.

Sem dúvida, foi por causa disso, e da fraqueza do homem, que Deus graciosamente determinou a alternância entre dia e noite. Se o tempo tivesse sido concedido ao homem na forma de um único e longo dia, certamente isso o teria exaurido e oprimido. A alternância entre dia e noite continuamente revigora e restaura a força do homem. Se o tempo não tivesse sido dividido, não haveria esperança para o homem, à semelhança de uma criança que recebesse um livro para que fosse lido de uma vez. Mas, se ao contrário, apenas uma lição por dia fosse dada a essa criança, ela conseguiria ler o livro com certa facilidade. Assim, o homem consegue gerenciar seus desafios quando eles são quebrados em pequenos pedaços e divididos em fragmentos. O homem somente precisa atender aos cuidados e ao trabalho daquele dia – “diariamente a porção para cada dia”. O resto da noite cai-lhe muito bem para poder começar de forma nova a cada manhã. Os erros do passado podem ser, assim, evitados e as lições podem ser aperfeiçoadas. Além disso, ele tem diante de si somente um curto dia para ser fiel. Os longos anos e a vida longa cuidarão de si; sua duração e seu peso nunca se tornarão fardos.

Na vida da graça, o encorajamento que essa verdade traz é tão doce! Muitas almas se inquietam ao considerar como serão capazes de colher e guardar o maná necessário para todos seus anos de peregrinação em um deserto tão árido. Essas almas nunca experimentaram o conforto indizível que há nas palavras “diariamente a porção para cada dia”. Essas palavras eliminam completamente todo o cuidado com o amanhã. Apenas o hoje é seu. O amanhã é do Pai. “Que garantia tenho de que conseguirei permanecer em Cristo por todos os anos durante os quais tiver de contender com a frieza, as tentações e as tribulações desse mundo?” Essa é uma pergunta que você não precisa fazer. O maná, como alimento e força para você, é concedido apenas diariamente. Sua única garantia do futuro é ser fiel no presente. Aceite e desfrute – e cumpra com todo seu coração – a parte que lhe cabe desempenhar hoje. Se você se alegrar na presença e na graça de Deus hoje, você se verá livre de toda dúvida e será capaz de confiar a Ele seu amanhã também.

Permaneça em Cristo, e que isso seja dia a dia.

Essa verdade nos ensina a atribuir grande valor a cada dia. Muito facilmente somos levados a pensar na vida como um grande todo e passamos a negligenciar o pequeno hoje, bem como esquecemos que são os dias que compõem o todo, e que o valor de cada dia depende de sua influência sobre o todo. Um dia perdido é como um elo quebrado no meio de uma cadeia e, freqüentemente, é necessário mais do que outro dia para efetuar o conserto. Um dia perdido influencia o seguinte, que fica mais difícil de ser guardado. Sim, um dia perdido pode pôr a perder aquilo que foi garantido por meio do cuidadoso trabalho realizado ao longo de meses ou até mesmo de anos. A experiência de muitos cristãos pode confirmar isso.

Cristão, permaneça em Cristo, e que isso seja dia a dia! Você já ouviu a mensagem: “A cada momento” – a lição de permanecer em Cristo dia a dia tem algo a mais para nos ensinar. No que se refere a momentos, em muitos deles não há nenhum exercício direto da mente sendo feito por você, e o permanecer acontece no recôndito mais profundo do coração, guardado pelo Pai, a quem você se encomendou. Mas é precisamente esse trabalho que precisa a cada dia ser renovado para o dia que se inicia – trata-se de um renovar específico da rendição e da confiança necessários para viver a vida a cada momento. Deus ajuntou os momentos e os atou em feixes, para que pudéssemos valorizá-los adequadamente.

Pela manhã, ao olharmos para o dia adiante de nós, ou à noite, ao olharmos para trás, ponderando os momentos vividos, aprendemos a valorizá-los e a usá-los adequadamente. A cada manhã, à medida que o Pai cumprir Sua promessa de lhe conceder o maná necessário para aquele dia – não somente para você, mas também para todos os que participam com você –, apresente-se a Ele com amor, reafirmando aceitar a posição que lhe foi dada em Seu amado Filho. Acostume-se a considerar essa atitude como sendo uma das razões pelas quais Deus estabeleceu a alternância entre o dia e a noite. Deus lembrou-se de nossa fraqueza e fez provisão para ela. Permita que cada dia tenha seu próprio valor do ponto de vista de seu chamamento para permanecer em Cristo.

Ao acordar de manhã, quando seus olhos começarem a contemplar o novo dia, aceite-o nos seguintes termos: “Este é um dia, apenas um dia, mas é um dia concedido para que eu possa permanecer e crescer em Cristo Jesus”. Seja um dia de saúde ou de doença, de lutas ou vitórias, receba-o com gratidão e seja este o principal pensamento: “Mais um dia que o Pai me concedeu; neste dia posso e devo ser mais intimamente unido ao Senhor Jesus”. E ao perguntar-lhe ao Pai: “Será que você pode confiar em Mim, apenas por este dia, que Eu o guardarei e o farei permanecer em Meu Filho e mantê-lo-ei produzindo fruto?”, você não poderá dar qualquer outra resposta a não ser: “Confiarei e não temerei”.

Seja um dia de saúde ou de doença, de lutas ou vitórias, receba-o com gratidão e seja este o principal pensamento: “Mais um dia que o Pai me concedeu”.

A porção diária era dada a Israel cedo de manhã, a cada manhã. Aquela porção diária era para ser usada e deveria servir de alimento ao longo de todo o dia, mas tanto o conceder como o colher eram o trabalho da manhã. Isso sugere que o poder para viver bem um dia e para permanecer o dia todo em Cristo depende fortemente daquele período matinal. “Se as primícias são santas, também a massa o é” (Rm 11.16a). Durante o dia, há momentos de intensa ocupação no corre-corre das tarefas ou nos atropelos dos homens em que somente o cuidado do Pai pode manter intacta nossa conexão com o Senhor Jesus. O maná, colhido de manhã, era o alimento consumido ao longo de todo o dia. Somente quando o cristão consegue garantir, de manhã, um momento a sós com Deus, para renovar de forma distinta e eficaz a comunhão de amor com seu Salvador, é que o permanecer pode ser guardado ao longo de todo o dia. O simples fato de poder proceder assim já é motivo de grande gratidão. No sossego e no frescor de cada manhã, o cristão pode contemplar o dia que se descortina diante de si. Ele pode considerar as responsabilidades e as tentações e, por assim dizer, vivenciá-las de antemão diante de seu Salvador, lançando sobre Ele todas as coisas. Cristo é tudo de que o cristão precisa: seu maná, seu alimento, sua força, sua vida. De manhã, o cristão pode colher a porção daquele dia. Ele deve ver que Cristo é a provisão para todas as necessidades que esse dia possa trazer, e pode prosseguir na certeza de que o dia será de bênção e de crescimento.

À medida que a lição sobre o valor e a obra de um único dia é acolhida no coração, o aprendiz, inconscientemente, é guiado até o ponto de ganhar o segredo do “cada dia, continuamente” (Êx 29.38b). O bendito permanecer, que é aprendido por fé para cada dia, é um crescimento contínuo e cada vez mais pleno. Cada dia de fidelidade traz bênçãos para o dia seguinte, e torna a confiança e a rendição mais fáceis e abençoadas. É assim que cresce a vida cristã: à medida que entregamos nosso coração por inteiro à tarefa de cada dia, esse mover passa a ocorrer durante todo o dia e, a partir daí, opera todos os dias. Assim, permaneceremos em Cristo a cada dia separadamente, todo o dia continuamente e dia após dia sucessivamente.

São os dias que compõem a vida: aquilo que antes parecia alto demais, grandioso demais e inatingível, agora foi concedido à alma que se contentou em tomar e usar “a porção para cada dia” (Êx 16.4), “cada coisa em seu dia” (Ed 3.4). Mesmo sobre a terra ouve-se a voz: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21). Nosso dia a dia torna-se uma maravilhosa experiência de comunhão da graça diária de Deus e nosso louvor diário: “Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios”, “para pagar os meus votos de dia em dia” (Sl 68.19; 61.8b). Passamos a compreender as razões de Deus de nos suprir diariamente como certamente Ele o faz: apenas, mas plenamente, o necessário para cada dia. Assim nos apresentamos em Seu caminho, o caminho de pedir diariamente e de esperar apenas o que é necessário – mas que é plenamente suficiente – para aquele dia. Desse modo, passamos a contar nossos dias, não baseados no raiar do sol, ou no trabalho que realizamos ou na comida que comemos, mas em função da renovação do milagre do maná: a bênção da comunhão diária com Ele que é a vida e a luz do mundo. A vida celestial, à semelhança da terrena, não se interrompe e é contínua. O permanecer em Cristo a cada dia traz para esse dia sua respectiva bênção. Permanecemos Nele a cada dia e durante todo o dia. “Senhor, faz com que seja essa a porção de cada um de nós”.

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Cristo Cruz F. J. Huegel

A ofensa da cruz

“Pregamos a Cristo crucificado […] escândalo” (1Co 1.23).

Um grande clamor subiu dos judeus zombeteiros, insultuosos, o qual chegou ao Redentor crucificado: “Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-Lo-emos”. Nós lemos que “o mesmo Lhe lançaram também em rosto os salteadores que com Ele estavam crucificado” (Mt 27.42,44).

Nos últimos anos, um grande clamor, um eco dessa antiga súplica, tem subido da Igreja. “Se Cristo tão somente descesse da cruz!” Nós queremos o Cristo do monte, cremos no Cristo do ministério de cura, amamos o Cristo do exemplo sublime, pregamos o Cristo do evangelho social – mas o Cristo da cruz é uma ofensa. “Desça Ele agora da cruz, e creremos Nele”.

Mas o Rei não desceu. Seu direito à realeza nunca esteve mais divino do que naquela terrível hora. Seria do madeiro amaldiçoado que Ele reinaria. Foi ali que Ele lavrou a redenção. Foi quando dali Ele clamou “Está consumado” (Jo 19.30), que “fenderam-se as pedras e abriram-se os sepulcro” (Mt 27.51,52). Foi quando Ele provou a morte ali por todos os homens que o véu do templo foi partido, como símbolo da abertura do caminho de acesso imediato à presença de Deus para todos os filhos dos homens. Foi nessa ocasião que soou a hora de Deus, o alvorecer da era cristã. Foi nessa ocasião que o grilhões de uma humanidade escravizada foram quebrados. É desse vergonhoso madeiro, por mais mortificante que seja a ofensa da cruz, que o Rei ainda reina. De nenhum outro trono estabelecerá Ele Seu reino.

Um vulcão em convulsão pode representar bem a inquietação do mundo de hoje. Será que não há um caminho de saída? Não há esperança? Não há algum fundamento seguro para a alegria humana? Não existe algum remédio para os males da ordem social?

É melhor que sejamos honestos quanto a essas questões e admitamos que, humanamente falando, não há um caminho de saída. Um otimismo tolo que se recusa a encarar os fatos somente aprofunda a vergonha e a dor. É como tocar violino sobre Roma em chamas. Não há caminho algum de saída a não ser o caminho de Jesus. E o caminho de Jesus é o caminho da cruz.

Mais cedo ou mais tarde, a experiência leva a pessoa a reconhecer este fato: ou é a cruz ou o orgulho com todos os seus males conseqüentes.

Que são as guerras, as antipatias raciais, o insano acúmulo de riqueza diante da miséria de milhões, os conflitos em todas as formas, as injustiças sociais que levam a terra a gemer e a lamentar-se, senão os frutos inevitáveis dessa amaldiçoada árvore que chamamos de orgulho do homem? Não há mal que não tenha o orgulho, em alguma forma, como sua raiz. Não há mal que não tenha brotado do fato do homem depender de si mesmo, em vez de depender de Deus.

Qualquer tentativa de curar as feridas de nossa ordem social leprosa que não atinja as raízes do orgulho conduz a um beco sem saída. O golpe desferido pelo Filho de Deus ao morrer na cruz do Calvário, atingindo a “vida do eu” do homem – o machado de Deus colocado à raiz da árvore do orgulho –, foi universal. Foi suficiente para demolir o universo de pecado. Foi suficiente para engolir dez mil oceanos de leviandade. Nada mais pode matar o monstro do orgulho humano.

Nós, porém, não temos desejado nos submeter ao veredito do Gólgota. Não temos desejado expor o câncer do pecado e do orgulho à radioterapia da cruz. Temos evitado o desfecho supremo que nosso Senhor crucificado deu ao mundo. Entretanto, a Igreja ainda tem a chave de ouro para tal situação. É a cruz de Cristo.

Quando Jesus falou a Seus discípulos da necessidade de Seus sofrimentos e da morte sobre a cruz, Pedro procurou dissuadi-Lo. Jesus se voltou para ele com ardente reprovação: “Arreda! Satanás, porque não cogitas as cousas de Deus, e, sim, das dos homens”. Em nossos dias, quanto do serviço, do ministério e da mensagem cristãos vêem sob essa ardente condenação! São uma ofensa. Cogitam das coisas da “carne”. Não são de Deus. Está faltando a cruz. Não brotam de unidade com o Cristo crucificado e ressurreto. O Calvário não está em seu âmago. Deus não aprova tal serviço.

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Espírito Santo J. T. Mawson

Não me detenhais

O capitulo 24 de Gênesis é um dos mais impressionantes e magníficos relatos do Antigo Testamento. Isaque, o filho amado, é uma imagem de Cristo, o homem celestial ressuscitado, que antes, em figura, havia morrido (cap. 22). O desejo de Abraão de que Isaque tivesse uma esposa simboliza o mesmo desejo do coração de Deus para que Cristo tenha uma esposa idônea. Por último, essa missão é encomendada a um servo cujo nome não é mencionado, que vai a um país distante a fim de cumprir a vontade de seu senhor e volta trazendo Rebeca. Isso nos fala da operação do Espírito Santo, que trabalha incansavelmente a fim de tomar deste mundo uma esposa para o Cordeiro. Mas gostaríamos que essas verdades não somente sejam compreendidas em nosso espirito, mas também tenham um poderoso efeito em nossa alma.

Todo este capítulo é magnífico. Do início ao fim, Isaque se constitui o centro e o objeto. Abraão o amava e lhe deu tudo o que possuía (24.36). Lemos o mesmo a respeito de Cristo: “O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas Suas mãos” (Jo 3.35). O servo de Abraão não busca nada para si nem fala de si mesmo. Seu objetivo é cumprir a vontade de Abraão; faz tudo para Isaque. Da mesma forma, lemos a respeito do Espírito Santo: “Quando vier o Espirito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é Meu; por isso vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13-15).

Rebeca, ainda sem ter visto Isaque, é atraída por ele. Ela segue seu caminho com o fim de juntar-se a seu esposo sabendo somente o que o servo lhe tinha dito de Isaque. Concernente aos cristãos, a Palavra diz: “Jesus Cristo, ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1Pe 1.7,8).

O desejo de Abraão, a atividade do servo, o amor de Rebeca: tudo é para Isaque. Que grande dia na vida espiritual do cristão quando considera que todos os pensamentos do Pai têm a Cristo como objeto e que a atividade principal do Espirito Santo, enviado pelo Pai, é revelar-lhe as glórias de Cristo, de maneira que seja atraído somente a Ele! O resultado desse afeto por seu Senhor é estar unido ao Objeto amado de seu coração! Dessa maneira, nossos afetos se distanciam do mundo e suas vaidades e se concentram em Cristo, contemplando-O em glória e esperando aquele dia no qual O veremos.

A missão do servo era encontrar uma esposa para o filho de seu senhor, e Abraão, por meio de um solene juramento, lhe encomendou que seu filho não voltasse àquele lugar, mas, dali, lhe tomasse uma esposa e a levasse para longe de sua terra a fim de a levar onde Isaque se encontrava. Se não compreendemos bem este importante ponto, isto é, que a Igreja é tomada deste mundo para pertencer a Cristo onde Ele está, enganaremos a nós mesmos com respeito a essa solene verdade a respeito de Cristo e Sua Igreja e no que concerne à atividade do Espirito Santo na Terra. A Igreja, então, como esposa do Cordeiro, deve ser conduzida pelo Espirito Santo ao lugar onde Cristo se encontra. A ignorância sobre essa grande verdade levou muitos cristãos piedosos a associar o nome de Cristo com movimentos que, por mais úteis que sejam, somente têm a visão fixa no mundo atual. Essa mesma ignorância também faz com que muitos outros se ocupem apenas com as próprias circunstâncias e tenham por único objetivo viver uma vida sem dificuldades aqui na Terra.

“Agora, pois, se vós haver de fazer benevolência e verdade a meu Senhor […]”, isto é, atuar de maneira justa e boa em relação a ele, era o que o servo havia pedido (Gn 24.49). Esse é o chamamento que o Espirito Santo faz hoje em dia. O cristão que ignora os direitos que pertencem unicamente a Cristo não se conduz de maneira justa e piedosa com respeito a Ele e ao Pai. Para poder seguir Aquele que se deu por nós e empreender nosso caminho para ir a Seu encontro, devemos, pois, dar as costas ao mundo, que sempre nos incita a ser infiéis ao Senhor. Isso não acontecerá a menos que Cristo seja um objeto muito mais brilhante e mais valioso que as melhores coisas que possamos encontrar neste mundo.

O cristão que se compromete com o mundo se esqueceu que a Igreja foi desposada com um só marido para ser apresentada como uma virgem pura a Cristo (2Co 11.2).

Mas não é somente o mundo que mantém nosso coração longe de Cristo; às vezes, nossos relacionamentos naturais também representam obstáculos que atrapalham nossa caminhada em direção a Ele. Assim, por exemplo, vemos que a mãe e o irmão de Rebeca tentam reter a jovem, impedindo que ela vá o mais rápido possível ao encontro de Isaque. Na opinião deles, não havia nenhuma razão pela qual fazer essa viagem: “Fique a donzela conosco alguns dias, ou pelo menos dez dias, depois irá”. A isso, o servo responde de imediato: “Não me detenhais” (Gn 24.55,56).

Quero insistir neste último ponto. Creio que a voz do Espírito pode se fazer compreender com clareza por meio dessas palavras. E o que tem ouvidos, ouça o que o Espírito tem a dizer! Um estilo mundano e compromissos com o mundo impedem que o Espírito realize Sua tarefa. A indiferença para com Cristo O entristece muito. O orgulho e a satisfação pessoal atrapalham Sua atividade, e não há orgulho mais detestável a Seus olhos que o orgulho religioso. Ele não pode tomar o que é de Cristo e nos dar se nós somos indiferentes, desatentos, e colocamos nossa atenção somente em nós mesmos. O mundanismo é algo ruim, já que é motivo para que o coração fique dividido. Mas a pretensão religiosa é ainda algo pior, já que coloca o “eu” como origem e fim de todas as coisas. Submete Cristo e seus interesses a nós mesmos. É como se Rebeca tivesse se ataviado com as jóias que havia recebido e se dirigisse a casa de suas amigas ostentando, dizendo: “Olhem como sou rica! Observem o quanto eu prosperei, e de nada tenho falta!”

Mas Rebeca não tinha um pensamento assim. Ela respondeu fielmente ao chamamento daquele que buscava não somente seu coração, mas também sua mão. Não era uma pessoa indecisa, pois, no instante em que foi chamada, respondeu com grande determinação.

Também não a vemos solicitando algum conselho ou pedindo um tempo para estudar sobre o assunto. “Irei” (v. 58), respondeu àqueles que tentavam detê-la. Quanta alegria deve ter sentido o servo ao ouvir essas palavras! Rebeca não o atrasaria.

O Espírito Santo é paciente conosco. Ele nos selou para que sejamos de Cristo, tomando assim posse de nós, e não nos abandonará jamais. Sua obra consiste em fazer com que os Seus tenham um pensamento unânime, isto é, levar-nos a sentir o que Ele sente e, então, clamar junto com Ele: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).

O Espírito aguarda pacientemente aquele dia de alegria no qual a Igreja, uma Igreja gloriosa, será apresentada a Cristo. Então, Cristo encontrará nela a recompensa completa de todo Seu padecimento e dor. Será um grande dia no céu, como o descreve o apóstolo João em 19.6-8: “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, porque o linho fino são as justiças dos santos”.

Deteremos o Espírito, que é quem prepara a esposa para aquele dia? Que Deus não o permita! Submetamo-nos sem reservas à obra de graça do Espirito Santo e digamos resolutamente como Rebeca: “Irei”.

 

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Deus Jerry Bridges Soberania

Deus é soberano (2)

Deus governa sobre todas as coisas!

“‘A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.” (2Co12.9)

Quando conseguiu permissão de Deus para afligir a Jó, Satanás achava que conseguiria fazer com que ele amaldiçoasse a Deus. Porém, o único êxito de Satanás foi ser um instrumento que conduziu Jó a um relacionamento mais profundo com o Senhor.

Satanás também recebeu permissão para afligir Paulo, com um espinho na carne que o atormentava. Talvez achasse que, dessa maneira, seria capaz de anular a eficácia do ministério de Paulo. Mas, ao contrário, tudo o que conseguiu foi colocar Paulo numa circunstância na qual ele aprendeu, na prática, a suficiência da graça de Deus e Sua força que age quando somos fracos.

Milhares de cristãos ao longo dos séculos têm descoberto que a graça de Deus é suficiente meditando nas palavras de Deus ditas a Paulo naquela situação; por isso, a sabedoria de Deus é superior à de qualquer adversário que tenhamos, quer seja uma pessoa comum, quer seja o próprio diabo. Portanto, não devemos temer o que buscam fazer, ou mesmo o que conseguirem fazer conosco. Deus está trabalhando tanto nestas coisas, quanto nas adversidades provenientes de doenças, mortes, problemas financeiros ou manifestações da natureza.

O Seu poder se aperfeiçoa em nossas fraquezas.

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Deus Jerry Bridges Soberania

Deus é soberano (1)

Deus governa sobre todas as coisas!

“Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” (Et 4.14).

Será que a falha de nossa parte em agir prudentemente frustra o plano soberano de Deus?

A Bíblia jamais indica que Deus é frustrado, na intensidade que for, por nossa falha em agir conforme deveríamos. Em Sua sabedoria infinita, o plano soberano de Deus inclui nossas falhas e até mesmo nossos pecados.

Quando Mordecai pediu à rainha Ester para que intercedesse junto ao rei Assuero, ela replicou que correria o risco de ser morta (vv. 10,11). A frase-chave na resposta de Mordecai é: “De outra parte, se levantará para os judeus, socorro e livramento.”

Deus, em Sua sabedoria e por Seus recursos infinitos, não estava limitado à resposta de Ester. As opções que Deus tinha para fornecer livramento aos judeus eram tão infinitas quanto Sua sabedoria e Seu poder. Ele literalmente não precisava da cooperação de Ester; no entanto, nesta situação, Ele escolheu usá-la. O argumento final de Mordecai supõe que Deus usa pessoas e meios para realizar Seu propósito soberano.

Conforme os eventos comprovaram, Deus de fato levantou Ester para efetuar Seu propósito, porém Ele poderia facilmente levantar outra pessoa ou usar de outros meios para isso.

Deus geralmente opera por meio de eventos comuns (em contraste com milagres) da ação voluntária das pessoas, mas Ele sempre fornece os meios necessários e os orienta por meio de Sua mão invisível. Deus é soberano e não pode ser frustrado por nosso fracasso em agir ou por nossas ações, que, em si mesmas, são pecaminosas.

Entretanto, precisamos nos lembrar sempre que Deus ainda nos responsabiliza por nossos próprios pecados, os quais Ele usa para cumprir Seu propósito. Precisamos perceber novamente que não existe conflito na Bíblia entre a soberania de Deus e a nossa responsabilidade. Os dois conceitos são ensinados com a mesma ênfase e sem qualquer tentativa de conciliá-los. Consideremos os dois com a mesma importância, cumprindo nosso dever, conforme revelado a nós nas Escrituras, e confiando que Deus executará soberanamente Seu propósito em nós e por intermédio de nós.

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Cristo D. M. Panton Trindade divina

A grandeza de Jesus

“O que você pensa de Cristo?”

Nenhuma pergunta é mais fundamental, mais crítica ou mais persistente, nenhuma pode ser feita que seja mais carregada com irrevogável destino. O que pensam os homens? O ateu absolutamente não pensa sobre Ele; pois, como não há Deus, não pode haver Filho de Deus. O mundano, entregue ao prazer e ao amor ao dinheiro, é cuidadoso em não pensar sobre Ele, pois pensar sobre Cristo é pensar sobre santidade. O unitariano[1] pensa que Ele é o mais nobre de todos os homens, um revelador – ou o revelador – de Deus, mas somente um homem. O seguidor do swedenborgianismo[2] pensa que Ele é Deus, a única Pessoa na Divindade, e agora de modo nenhum um homem. O ariano [3](tal como os auroristas, membros da Aurora do Milênio, agora chamados Testemunhas de Jeová) pensa que Ele é um deus criado, um arcanjo poderoso e divino, que veio ao mundo. O gnóstico[4] (tal como o Novo Teólogo[5], o cientista cristão[6] e o teosofista[7]) pensa em Jesus como o filho de José, mas peculiar e misticamente habitado pelo Cristo. O maometano pensa que Ele é um profeta real, mas inferior a Maomé. Os judeus pensaram que Ele era o filho de um carpinteiro, e os fariseus pensaram que Ele era um endemoninhado. O cristão – e apenas o cristão – vê Nele o homem Jesus Cristo, nascido de uma mulher, “o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente” (Rm 9.5)

Abraão

Ninguém em toda vida de Cristo duvidou que Ele fosse um homem. Aqueles que O viram e ouviram, e até mesmo tocaram Nele (Lc 24.39; Jo 1.1) nunca duvidaram, e não podiam duvidar de Sua humanidade – isso foi deixado à invenção de uma era posterior. Mas que posição Ele tomou entre os homens? Essa era a pergunta, e ela começou com Abraão. Abraão despontava incomparavelmente como a maior figura no horizonte de Israel: ele era a personificação das promessas, o pai de toda fé, o amigo de Deus. “És Tu maior do que o nosso pai Abraão?”, os judeus perguntaram a Ele. “Quem Te fazes Tu ser?” (Jo 8.53). A franqueza e a intensidade do desafio provocaram uma declaração tão surpreendente como nosso Senhor mesmo nunca havia dado de Si mesmo: “Antes que Abraão existisse” – antes que houvesse um Abraão – “Eu sou”. O maior dos patriarcas era apenas uma estrela no amanhecer, engolida e perdida no dia que ele previu, pois EU SOU é o tremendo título da Deidade. Então, quão maior? Tão maior quanto Jeová é daquele que é amigo de Jeová.

Jacó

“És Tu maior”, novamente Jesus é desafiado, “do que o nosso pai Jacó?” (4.12). Jacó, aquele que lutou com o Anjo de Jeová, foi “um príncipe com Deus” – que título! Jesus respondeu: “Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva” (v. 10). Jacó cavou o poço e deu água terrena; Jesus diz que Ele dá água diretamente da mão de Deus aos lábios da alma. Então, quão maior? Tão maior quanto é a água viva do que a terrena, tão maior quanto é o Doador de uma do que o doador da outra.

Salomão

Salomão, no esplendor exterior, foi incomparavelmente o maior dos reis e dotado com um dom de sabedoria possivelmente nunca superado. “E era ele ainda mais sábio do que todos os homens […] e correu o seu nome por todas as nações em redor” (1Rs 4.31), pois era uma iluminação sobrenatural e abraçou toda natureza (v. 33). “És Tu, ó Senhor, maior que Salomão?” Ouça Jesus: “A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração e os condenará, pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão.” (Lc 11.31). Jesus é o Logos divino (Jo 1.1). Então, quão maior? Tão maior quanto é o Doador da sabedoria maior do que a sabedoria que Ele dá.

Jonas

Passemos aos profetas. Talvez nenhum milagre maior (além do Dilúvio) se sobressai no Antigo Testamento do que a descida de Jonas ao seol (inferno, Jn 2.2), um homem que literalmente voltou do lugar dos mortos. “És Tu, ó Senhor, maior do que Jonas?” Jesus responde: “Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão, pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas” (Lc 11.32). Jonas ressurgiu da morte, mas ele não estava morto. Jesus esteve morto; contudo, venceu a morte. Então, quão maior? Tão maior quanto a ressurreição é maior do que a vida natural.

O templo

Os sacerdotes permanecem. Um ponto da terra sozinho mantém a manifestação local de Deus, um santo dos santos consagrado à Deidade, um sagrado mantém o único sacerdócio divino em todo o mundo. Jesus era maior do que Salomão, o construtor do templo; Ele era maior do que o templo? Novamente Ele responde: “Eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo” (Mt 12.6); “porque Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). Deus estava mais em Cristo do que esteve no templo, o corpo consagrado à Divindade como nenhum templo jamais pode – Ele foi mais santo do que o santo dos santos. Então, quão maior? Tão maior quanto o filho é maior do que a casa em que seu pai habita.

Os anjos

Posição sobre posição elevam-se as hierarquias do Céu: tronos, domínios, principados, potestades. “És Tu, ó Senhor, maior lá?” Ouça o testemunho do Altíssimo. “Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.4). “E” – agora ouça a voz de Deus – “quanto aos anjos, diz: Faz dos Seus anjos” – anjos são feitos – “espíritos, e de Seus ministros, labareda de fogo. Mas, do Filho, diz: Ó Deus” – incriado, da eternidade –, “o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” (vv. 7,8). Então, quão maior? Tão maior quanto o Criador é maior do que a criatura, tão maior é Cristo do que todos os tronos, domínios, principados e potestades que circundam o trono de Deus. “Do Filho, [Ele] diz: Ó Deus”!


[1] Defensor do unitarismo (ou unitarianismo), corrente teológica que afirma a unidade absoluta de Deus. Os unitários não devem ser confundidos com os unicistas. Os primeiros entendem que Deus é um e único, o Pai de Jesus Cristo, e negam que o Espírito Santo seja uma Pessoa divina, considerando-O apenas como a mente de Deus; os unicistas, por sua vez, entendem que o Pai, o Filho e o Espírito são apenas manifestações diferentes do mesmo Deus. Ambos grupos negam a Trindade divina. (N. do R.)

[2] Doutrina criada por Emanuel Swedenborg (1688–1772) e também chamada de Igreja Nova. Afirmando ter recebido uma nova revelação de Jesus Cristo por meio de contínuas visões celestiais, sustenta que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três elementos essenciais de um Deus, como frações de um inteiro, nenhum deles sendo totalmente Deus. (N. do R.)

[3] Defensor do arianismo, doutrina de Ário, padre cristão de Alexandria (Egito), que afirmava ser Cristo a essência intermediária entre a divindade e a humanidade, negando-lhe o caráter divino e, portanto, rejeitando a Trindade divina. (N. do R.)

[4] Crê que, do Deus original, que não se pode conhecer, uma série de divindades menores tinham sido geradas, entre elas um Deus mau, criador do Universo e identificado com o Deus do Antigo Testamento, e que Cristo, o espírito divino, habitou o corpo do homem Jesus, mas não morreu na cruz. (N. do R.)

[5] Título dado a Simão (ou Simeão), o último dos três santos da Igreja Ortodoxa que teve o título de Teólogo (os outros dois são João, o Apóstolo, e Gregório de Nazianzo). Escreveu que os seres humanos podem e devem experimentar Deus diretamente (a chamada theoria). (N. do R.)

[6] A Ciência Cristã foi fundada por Mary Baker Eddy (1821–1910). Essa seita ensina que um Deus impessoal é Pai-Mãe de todos e que Jesus é apenas uma idéia espiritual ou verdadeira de Deus. (N. do R.)

[7] A teosofia é “um corpo de ensinamentos misteriosos revelados somente a poucas pessoas mais avançadas”. Declara que já houve cinco cristos, ou seja, cinco encarnações do Supremo Mestre do Mundo: Buda, Hermes, Zoroastro, Orfeu e Jesus. Segundo ela, Cristo usou o corpo de Jesus; assim, Jesus não é o único Filho de Deus, o Deus-homem, mas uma das muitas manifestações ou aparições de Deus. (N. do R.)

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Bíblia Charles Spurgeon Citações Espírito Santo George Müller Gotas de orvalho Osvald Chambers Santidade Vida cristã

Gotas de orvalho (98)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Você já ouviu Jesus proferir-lhe uma palavra dura? Se não, duvido que O tenha ouvido dizer alguma coisa.

(Oswald Chambers)

Deus não pode exigir o pagamento duas vezes: primeiro, da mão ensangüentada de meu Fiador, e, então, de novo, de mim.

(A. M. Toplady)

Hoje em dia ouvimos alguém extrair de seu contexto uma frase isolada na Bíblia e clamar: “Eureka!”, como se tivesse descoberto uma nova verdade; no entanto, não achou um diamante, mas um pedaço de vidro quebrado.

(C. H. Spurgeon)

O vigor de nossa vida espiritual está na proporção exata do lugar que a Bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos.

(George Müller)

Não podemos fazer progresso na santidade a menos que empreguemos mais tempo lendo e ouvindo a Palavra de Deus e meditando sobre ela; pois é ela que é a verdade pela qual somos santificados.

(Charles Hodge)

O homem pode despedir a compaixão de seu coração, mas Deus nunca fará isso.

(William Cowper)

Sem a presença do Espírito Santo não há convicção, nem regeneração, nem santificação, nem purificação e nem obras aceitáveis. A vida está no Espírito vivificante.

(W. A. Criswell)

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Cristo Serviço cristão T. Austin-Sparks

O descanso

Amados de nosso Senhor,

A primeira e tão bem-vinda palavra Dele para nós foi: “Vinde a Mim todos os que estais cansados” (Mt 11.28). Aquela labuta do fútil Adão estava sobre nós, tanto no pecado como na canseira das obras.

Deixamos isso na cruz do Senhor ou ainda o estamos suportando, em parte? Marta estava atarefada com muitas coisas, ainda que pensasse estar servindo seu Senhor! Estranho que tal serviço trouxesse tensão e irritação, ressoasse nos nervos e trouxesse um julgamento errado dos outros; contudo, essa dualidade que vemos em Betânia ainda não acabou; ainda a encontramos no serviço a Deus. E muitas “separações”, muitos afastamentos devem-se a isso, e muita é a perplexidade que vem desta outra palavra sobre o supremo serviço do Senhor: “Meu jugo é suave e Meu fardo é leve” (v. 30). Em face de algumas experiências [dos cristãos], essa frase soa irônica.

O Senhor não nos chama para tal labor, mas para o descanso. “Aqueles que crêem de fato entram no descanso” (cf. Hb 4.3) e: “Eu te darei descanso” (cf. Js 1.13). Ele promete descanso, não apenas do pecado, mas do trabalho inútil e desapontador. A maldição do trabalho de Adão em todas as suas formas gera nada além de um infrutífero cansaço, uma exaustão de esforço sem recompensa, e certamente “o suor da testa”. As energias da carne, a mera intensidade da alma, as chamas de uma paixão auto-criada, tudo isso causa febre, geralmente uma grande febre que nos torna desequilibrados para servir nosso Senhor quando Ele verdadeiramente necessita de nosso ministério.

Tão insistentemente o Salvador diz para a sinceridade e o impulso carnais: “Uma coisa é necessária: que você se aquiete e ouça Meu conselho, pois Eu sou seu Senhor”. Busque a quietude.

Pois as obras estão consumadas desde a fundação do mundo, e nada podemos fazer para torná-las mais perfeitas ou adicionar algo a elas. À parte Dele, nada há do que se fez.

E então? Há o lado bom, que é a boa parceria. Ele e nós devemos agora trabalhar juntos por meio de Seu Espírito que habita interiormente, assim como Ele e o Pai trabalharam juntos na terra mediante essa habitação. É o grande jugo, o eterno propósito de Deus; mas ele é fácil e leve, pois a carga está sobre o Espírito, dentro de nosso espírito, e não é uma pressão em algum lugar na alma: nem os nervos nem o cérebro são tentados por ele, nem a carne conhece seu peso. Porém o pilar interior de Sua força é o suporte, uma pressão de cima vinda do soberano amor.

Mas agora trabalhemos e nos alegremos em trabalhar. Existe labuta e talvez haja um feliz cansaço, mas não tensão.

Para concluir, eis aqui o segredo contido em uma experiência exultante: “Trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Co 15.10). Paulo enfatizou grandemente estas últimas palavras, “a graça Deus que está comigo”, por toda a vida, pois o derradeiro toque sútil do “velho homem” que busca servir a Deus é dizer “eu” no templo de Sua glória. Como disse Andrew Murray: “Onde a carne busca servir a Deus há a força do pecado”.

“Levanta-Te, Senhor, ao Teu repouso, Tu e a arca da Tua força” (Sl 132.8).

Na fraqueza que permite o Triunfo Dele,

T. Austin-Sparks
T. Madoc-Jeffreys

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Amor a Deus Citações Cristo David Wilkerson Oração Vida cristã

Consumido por Cristo

“Se alguém vier a Mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo” (Lc 14.26).

A palavra grega traduzida para “aborrecer” significa “amar menos em comparação a”. Jesus está nos chamando para ter um amor por Ele que é tão totalmente inclusivo, fervoroso e absoluto que todas as nossas afeições terrenas não podem chegar perto disso. Se nós tivéssemos esse inflamado, todo-consumidor, intenso e jubiloso amor por Cristo, não precisaríamos de esboços, diagramas e instruções nos dizendo como orar; nós oraríamos porque nosso coração estaria queimando de amor por Ele. Nós não ficaríamos entediados tentando preencher uma hora orando ambiguamente por necessidades de todo o mundo; Cristo seria o objeto de nossas orações, e nosso tempo de oração seria precioso. Nós gastaríamos horas atrás de portas fechadas, expressando a transbordante admiração e o doce amor que flui de nosso coração por Ele. Ler Sua Palavra jamais seria um fardo; nós não precisaríamos de fórmulas de como terminar a Bíblia em um ano.

Sabemos o que é buscá-Lo apenas porque somos gratos por Ele nos amar tão completamente?

Se nós amássemos a Jesus apaixonadamente, seríamos magneticamente atraídos a Sua Palavra a fim de aprender mais sobre Ele. E nós não nos atolaríamos com genealogias intermináveis e especulações sobre o fim dos tempos. Nós quereríamos somente conhecê-Lo melhor, ver mais de Sua beleza e glória para que pudéssemos nos tornar mais parecidos com Ele. Pense sobre isto: nós sabemos o que é semelhante a estar em Sua doce presença e não pedir nada? Buscá-Lo apenas porque somos gratos por Ele nos amar tão completamente? Nós temos nos tornado egoístas e egocêntricos em nossas orações: “Dá-nos, encontra-nos, ajuda-nos, abençoa-nos, usa-nos, protege-nos”. Tudo isso pode ser bíblico, mas o foco permanece em nós. Nós vamos até Sua Palavra buscando respostas para os nossos problemas, buscando orientação e conforto, e isso também é correto e recomendável. Mas onde está a alma motivada pelo amor de quem busca as Escrituras diligentemente, de quem quer apenas descobrir mais e mais sobre seu amado Senhor?

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Bíblia Consolo Cristo Cruz Encorajamento Estudo bíblico G. E. Fenn Irmãos Pecado Salvação

O homem nos Salmos

O Homem fiel do salmo 1 se torna o Homem desamparado do salmo 22, para que o homem corrompido do salmo 14 possa ser o homem perdoado do salmo 32.

No salmo 1, temos uma descrição de nosso bendito Senhor. Ele é o Homem fiel que sempre seguiu um curso reto, sem se desviar para a direita ou para a esquerda. Do lado negativo, Ele não andou, não se deteve, não se assentou no caminho dos pecadores. Do lado positivo, Ele se deleitou na lei do Senhor, na qual meditava dia e noite.

O Homem fiel do salmo 1 é desamparado no salmo 22, levando sobre Si o castigo que nós merecíamos. Ele foi desamparado para que nós fôssemos recebidos. Ele sofreu para que nós pudéssemos cantar. Ele foi ferido para que nós pudéssemos ser sarados. Ele entrou nas trevas para que nós pudéssemos viver em eterna luz.

O homem corrompido (Sl 14) que encontra o perdão se transforma no homem do salmo 32, que pode declarar do fundo do coração: “Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto” (v. 1).

Lembremos sempre do elevado custo de nossa redenção, e, como o salmista, exclamemos: “Bem-aventurados todos aqueles que Nele confiam” (Sl 2.12).

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Andrew Murray Citações Espírito Santo F. B. Meyer Gotas de orvalho J. C. Ryle Octavius Winslow Pecado Richard Baxter Richard Sibbes Thomas Brooks

Gotas de orvalho (82)

Gotas de orvalho que alimentam a fé!

É nos estágios sucessivos da experiência que o crente vê mais distintamente, e adora mais profundamente e se apega com mais firmeza à justiça conquistada por Cristo. Qual é a escola onde ele aprende sua insignificância, sua pobreza e sua absoluta escassez? É a escola da santa e profunda aflição. Em nenhuma outra escola isso se aprende, e com nenhum outro professor além de Deus. Ali, seus altos pensamentos são trazidos para baixo, e somente o Senhor é exaltado.

(Octavius Winslow)

O amor de uma esposa pelo marido talvez comece pela provisão de suas necessidades, mas depois ela o amará também pela doçura de sua pessoa. Assim a alma primeiramente ama a Cristo por causa da salvação, mas, quando é trazida a Ele e descobre quanta doçura há Nele, ela passa a amá-Lo por causa Dele mesmo.

(Richard Sibbes)

Aqueles pecados que parecem ser os mais doces na vida mostrarão serem os mais amargos na morte.

(Thomas Brooks)

O céu pagará qualquer prejuízo que possamos sofrer para ganhá-lo; mas nada pode pagar o prejuízo de perdê-lo.

(Richard Baxter)

A mera possessão de privilégios religiosos não salvará a alma de ninguém. Você pode ter vantagens espirituais de todo tipo; você pode viver e gozar das mais ricas oportunidades e meios de graça; você pode desfrutar da melhor pregação e das instruções mais verdadeiras; você pode morar no meio da luz, do conhecimento, da santidade e da boa companhia. Tudo isso é possível; contudo, você ainda pode permanecer não-convertido e estar perdido para sempre. Para salvar almas, é requerido muito mais do que privilégios. Joabe era o capitão de Davi, Geazi era o criado de Eliseu, Demas era companheiro de Paulo, Judas Iscariotes era discípulo de Cristo e Ló teve uma esposa mundana e incrédula. Todos eles morreram em seus pecados. Eles baixaram à cova apesar do conhecimento, das advertências e das oportunidades; e todos eles nos ensinam que os homens não necessitam só de privilégios. Eles precisam da graça do Espírito Santo.

(J. C. Ryle)

Se Cristo esperou para ser ungido com o Espírito Santo antes de sair para pregar, nenhum jovem deveria se atrever a subir a um púlpito antes de ser ungido pelo Espírito Santo.

(F. B. Meyer)

Ainda que Deus não tenha nenhuma satisfação em nos afligir, não nos poupará nem da mais dolorosa correção, se Ele puder, dessa forma, conduzir Seu amado filhinho para casa, a fim de habitar no Filho de Seu amor. Cristão, ore por graça, a fim de ver em cada tribulação, seja pequena ou grande, o Pai apontando para Jesus e dizendo: “Permaneça Nele!”

(Andrew Murray)

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