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Charles Spurgeon Cristo Deus Salvação

“Salvação é do Senhor!” (Charles H. Spurgeon)

“Salvação é1 do Senhor!” (Jn 2.9).

E se Deus exige que o pecador – morto em pecado – deva dar o primeiro passo, então, Ele requer exatamente aquilo que torna a salvação tão impossível sob o evangelho como sempre foi nos termos da lei, visto que o homem é incapaz de crer como é incapaz de obedecer, e ele é tão grandemente sem poder para vir a Cristo como é sem poder a fim de ir para o céu sem Cristo. O poder deve ser dado a ele pelo Espírito. O homem jaz morto no pecado; o Espírito deve vivificá-lo. O homem está de mãos e pés atados, acorrentado pela transgressão; o Espírito deve cortar suas amarras, e, então, ele vai saltar para a liberdade. Deus deve vir e tirar as barras de ferro de suas cadeias, e, então, o homem pode escapar; mas, a não ser que a primeira coisa seja feito para ele, ele deve perecer tão certamente sob o evangelho como teria perecido sob a lei.

Eu deixaria de pregar, se acreditasse que Deus, no tocante à salvação, exigisse o que quer que fosse do homem que Ele mesmo não houvesse se comprometido a suprir. Eu sou o mensageiro. Eu digo a você a mensagem do Mestre. Se você não gosta da mensagem, brigue com a Bíblia, não comigo. Pelo tempo que eu tiver a Escritura a meu lado, vou ousar e desafiar você a fazer qualquer coisa contra mim [com respeito a esse assunto]. A salvação é do Senhor. O Senhor tem de aplicá-la para fazer do relutante alguém disposto, para fazer do ímpio alguém piedoso e trazer o rebelde vil para os pés de Jesus, ou, então, a salvação nunca será realizada. Deixe uma coisa para o homem fazer, e você terá quebrado o elo da cadeia, a própria ligação que era essencialmente necessária para a integridade da mensagem da salvação. Tire o fato de que Deus começa a boa obra e que Ele nos envia o que os antigos teólogos chamavam de graça preventiva – tire isso, e você terá estragado toda a salvação, pois você acabou de tirar a pedra de esquina do arco, e ele desabou. Não há mais nada depois.

Nota

1Essa é a tradução da versão usada pelo autor, a King James. Em português, a ACF traz: “Do Senhor vem a salvação”. “Vem”, em itálico, indica que a palavra não está nos originais, assim como o “é” da KJ. A palavra é subentendida a partir do restante da frase. (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “Salvation is of the Lord!”. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Cristo Deus John Owen Pecado Salvação

Por quem Cristo morreu? (John Owen)

Por você?

O Pai impôs Sua ira devido a, e o Filho submeteu-se à punição por:

  1. Todos os pecados de todos os homens.
  2. Todos os pecados de alguns homens. Ou
  3. Alguns pecados de todos os homens.

Em cada caso, pode ser dito que:

  1. Se a última afirmação é verdadeira, todos os homens têm de responder por alguns pecados, e, por isso, nenhum está salvo.
  2. Se a segunda é verdadeira, então, Cristo, em lugar deles [os alguns] sofreu por todos os pecados de todos os eleitos [os alguns] do mundo todo, e essa é a verdade.
  3. Mas se a primeira é a correta, por que nem todos os homens estão livros da punição devida a seus pecados? Você responde: “Por causa da incredulidade”. Eu lhe pergunto: “A incredulidade é um pecado ou não é? Se é, então, Cristo sofreu a punição devida a ela, ou não a sofreu. Se sofreu, por que ela deve causar problemas a eles mais do que os outros pecados pelos quais Cristo morreu? Se Ele não sofreu [a punição pela incredulidade], Ele não morreu por todos os pecados deles!”

 

(Traduzido por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Cristo Escatologia Jessie Penn-Lewis Salvação Segunda vinda Soberania Vida cristã

O prêmio do trono (Jessie Penn-Lewis)

Quem participará do trono no céu com Cristo?

“Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3.21).

Essas palavras foram ditas diretamente pelo Cristo ascenso e descrevem o galardão clímax para todos os que preenchem as condições para obtê-lo. Muitos podem se perguntar por que devemos seguir no conflito e na guerra incensantes com as forças do mal. É para o prêmio do trono. Em suas mensagens para as igrejas, o Senhor considera claramente expõe todo o incentivo do galardão. Os escritos de Paulo estão cheios de referência ao galardão a todos que preencherem as condições.

Cristo ainda não está sentado em Seu trono. Em Sua ascensão, Deus Lhe disse: “Assenta-Te à Minha destra até que…” (Hb 1.13). Ele está sentado “à destra da Majestade nas alturas” (v. 3; 8.1; At 2.34,35; Hb 10.12; 12.2), à espera do momento em que terá Seu trono, com aqueles que estão para compartilhá-lo com Ele.

O trono é para os vencedores! Isso é possível? Eles irão compartilhar o trono do Filho de Deus? Podemos ver agora por que, conforme atravessamos os dias finais dessa era, deve haver um conflito tão terrível e por que o príncipe das trevas vai desafiar cada filho de Deus que quer vencer. É o teste final e o treinamento de todos os que irão partilhar do trono, e governar e reinar com Cristo.

Agora, qual é o trono que aguarda nosso Senhor ascenso? É o trono milenar de reinar e governar os reinos do mundo. Depois que esse trono Lhe é dado, a voz do céu diz: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11.15). Esse trono Deus prometeu a Ele quando, voltando nas eras da eternidade, Ele foi constituído “herdeiro de tudo” (Hb 1.2). Isso foi prenunciado em Daniel 7:13,14.

O trono é para os vencedores!

Após isso, o trono milenar de Cristo deve ser compartilhado com outros em certas condições, por oferta do próprio Cristo. “ Eu lhe concederei que se assente Comigo”. Paulo se refere a esses herdeiros em seu desvendar da obra do Espírito Santo em Romanos 8. “Co-herdeiros com Cristo […] se é certo que com Ele padecemos” (v. 17). Isso é prenunciado em Daniel 7.22-27, onde lemos: “Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. O fato de que o trono vindouro de Cristo será compartilhado por vencedores, que são constituídos pelo Pai para serem co-herdeiros com Ele, que foi constituído “herdeiro de todas as coisas”, é, portanto, bastante clara.

Vislumbres encontram-se, também, no tempo futuro, quando Cristo e aqueles que partilharão o trono com Ele reinarão. Paulo disse: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? […] Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1Co 6.2,3). Quais anjos? Certamente, não os que não caíram. A explicação é encontrada em 2Pedro 2.4: “Anjos que pecaram […] reservados para o juízo”. Esses anjos caídos – Satanás e sua hierarquia de poderes do mal – serão julgados por aqueles que reinarão com Cristo em Seu trono. Em breve, os que são vencedores – aqueles que venceram o mundo e Satanás – serão os juízes das hostes caídas do mal, quando esses vencedores forem glorificados com Cristo em Seu trono.

A obtenção do prêmio dessa “soberana vocação”, partilhar do trono com Cristo, foi o incentivo que instou Paulo para considerar todas as coisas como perda para obtê-lo e estar desejoso de ser feito conforme à morte de Cristo como o principal meio para atingir esse fim (Fp 3.10-14), pois cada crente que atinge o prêmio do trono segue pelo caminho nos passos do Senhor ascenso. “Para conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição […] sendo feito conforme à Sua morte, para ver se, de alguma maneira, posso chegar à ressurreição dentre os mortos”, escreveu Paulo. Em grego, isso significa a ressurreição “para fora de entre os mortos”. Um pouco depois, neste mesmo capítulo, Paulo diz: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (v. 14).

O que está em jogo para cada crente na presente guerra com Satanás é a coroa e o trono milenares.

Note a palavra “se” que Paulo usa: “Para ver se, de alguma maneira, posso chegar […]”. “Se”. Paulo estava perfeitamente seguro de sua salvação eterna como um dom gratuito de Deus por meio da obra consumada de Cristo. Romanos 4.4; 6.23 e muitas outras passagens deixam isso claro, mas ele seguidamente se refere a um galardão [prêmio, recompensa] do qual ainda não podia ter certeza, a menos que se esforçasse a preencher as condições para obtê-lo. Em Romanos 8.17, o mesmo se entra novamente em conexão com o mesmo assunto: “Co-herdeiros de Cristo, se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” Seremos “co-herdeiros de Cristo” e seremos “glorificado” com Ele, quando Lhe for dado o trono milenar de visivelmente governar sobre os reinos do mundo, se estivermos dispostos para o caminho que Ele trilhou. Ele obteve a vida eterna como um dom gratuito para todos os que crêem Nele; mas, para Seu novo governo sobre o mundo, quando este for retomado da mão do inimigo, Ele deve ter aqueles que já passaram pelo mesmo caminho de serem aperfeiçoados pelas aflições (Hb 2.10) que Lhe deu o trono.

O que está em jogo, portanto, para cada crente na presente guerra com Satanás, a qual deve se intensificar conforme a era se conclui, é a coroa e o trono milenares. A pergunta para cada um é: como manter toda a vitória espiritual já obtida, para que não percamos a coroa? Pois devemos esperar que Satanás vá desafiar cada um que ele vê se mover em direção ao trono, onde, com Cristo, esse vencedor vai julgar anjos. Em breve, Satanás tentará ganhar os futuros juízes das hostes malignas das trevas quando tentar ganhar e impedir aqueles que, como Paulo, avançam para o alvo.

Agora, considere a qualificação para a obtenção do prêmio do trono. O Senhor ascenso a apresenta nas palavras: “Ao que vencer lhe concederei” – um presente pessoal – “que se assente Comigo” – uma partilha pessoal com Ele – “no Meu trono” – o próprio trono de Cristo aberta ao vencedor – “assim como Eu venci.” Aqui, a qualificação e o caminho são apresentados de modo claro.

Observe mais uma vez que, na fase de qualificação para o prêmio, cada crente deve permanecer sozinho. Ele será dado “ao que vencer”. Cada futuro governante com Cristo deve ser preparado e formado individualmente, e seu meio ambiente e os ataques de Satanás sobre ele serão especialmente permitida e pesados por Cristo (1Co 10.13) a fim de trazer os resultados desejados. Cada herdeiro de uma vasta propriedade deve ser cuidadosamente treinado de acordo com suas capacidades e esfera [em que irá atuar] (Gl 4.1,2). Pode haver somente um colocado pelo Cabeça da Igreja “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13), mas ele deve vencer, ou perderá sua coroa. Ele não deve olhar para outro a fim de vencer com ele, pois “um só leva o prêmio” (1Co 9.24). Ele, sozinho, deve sozinho se qualificar para o trono, graças a uma fé desenvolvida por meio da provação (1Pe 1.7) e triunfar sobre Satanás por causa do Espírito de Deus nele como o poder capacitador.

Vamos olhar por um momento para Apocalipse 12.1-12 e ver a última hora dos crentes sendo preparados para compartilhar o trono milenar. O versículo 5 descreve os vencedores preparados para o trono destinado, com Cristo vencendo e sentando-se com Seu Pai em Seu trono. Aqui vemos a atitude do dragão em relação às almas que venceram, que vão compartilhar o trono com Cristo e participar com Ele em Sua obra de julgar o mundo e os anjos caídos. (Ver também 2.26,27.) Encontramos, na hora da crise, o “grande dragão vermelho” erguido e pronto para devorar os vencedores, à medida que surgem na esfera entre a terra e o céu, na estrada ascensional ao trono, unindo-se ao Senhor conquistador, para compartilhar com Ele o exercício final do julgamento do Calvário sobre o inimigo.

Os que serão vencedores estão em direto conflito pessoal com Satanás agora.

Note, também, que o conflito no céu, entre o arcanjo Miguel e seus exércitos de luz contra Satanás e seus anjos caídos, aparentemente ocorre durante a transladação dos que vão participar do trono. E isso resulta na expulsão do acusador. “Ele [Satanás] foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”; e, em seguida, o que tem a visão ouviu “uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegad[o] […] o reino do nosso Deus e o poder do Seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (12.9,10). A parte dos vencedores no conflito é mostrada no versículo 11. Eles estão em direto conflito pessoal com Satanás agora, não só com suas obras, pois “eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”.

A partir deste ponto, vamos dar uma olhada do futuro e, em Apocalipse 17.14, ver Cristo e os vencedores com Ele, o Herdeiro e os co-herdeiros, realizando o julgamento. Em Apocalipse 17, Cristo está realizando coisas terríveis sobre Seus inimigos; “estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos e fiéis”. Os santos hão de julgar o mundo, os santos hão de participar na execução do juízo. Eles vão comparecer perante o tribunal, primeiro para eles mesmos serem julgados (2Co 5.10), e, em seguida, eles, a quem é dado compartilhar o trono de Cristo, os “chamados, e eleitos e fiéis”, vão estar com Ele no Seu trato com o mundo.

Você pode dizer: “Desde que comecei a testemunhar da derrota de Satanás no Calvário e a orar contra ele, ele tem-me atacado.” Isso é porque ele vê o prêmio diante de você. Ele está atacando aqueles que julgarão os anjos caídos, caso obtenham o prêmio do trono. Será que você não guardar firmemente sua coroa (Ap 3.11)? Como você faz isso? Apenas com um objetivo inabalável e constante de, a qualquer preço, ser fiel a Cristo e à luz que Ele lhe deu. Diga a si mesmo: “O Senhor está me treinando para o trono.” Diga de novo e de novo: “Maior é Aquele que está em mim do que aquele que está no mundo.” “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Em cada pequena área de conflito haverá ganho. Por isso, Paulo disse: “Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

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“O vencedor é manifestamente aquele que persevera até o fim; ele não o faz só por um tempo […] eles vão tomar parte na primeira ressurreição. Eles vão comer do maná escondido; isto é, eles vão ser secretamente sustentados […] A eles será concedida capacidade de governar; assim, serão semelhantes a Cristo, pois só quando alguém conquista ou governa a si próprio está qualificado para governar os outros. […] O vencedor será uma coluna no templo de Deus. Se você tem sido alguém que se dispersa, que se abateu e não edificou, não pode ser estabelecido no templo de Deus Você vai reinar com Cristo! Se sofre, você terá o privilégio de estar na Soberania com Ele, e uma herança gloriosa aguarda aqueles que desistiram da herança terrena […] porque eles herdarão todas as coisas. Que o Senhor nos faça vencedores!”
(Jesse Sayer, D.D.)

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(Traduzido por Francisco Nunes de “The Prize of the Throne”, de Jessie Penn-Lewis. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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A eterna segurança do crente (W. P. Clarke)

Eternamente seguros nas mãos do Pai

Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.

Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.

A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!

Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.

Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.

Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!

A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).

Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.

Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).

Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.

Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.

Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).

No tribunal de Cristo receberemos galardão ou disciplina

Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.

Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.

Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).

Notas

1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)

2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)

3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)

4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.

5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Constante prontidão (Sarah Foulkes)

Prontidão constante para a volta do Senhor

A hora não avisada do retorno de nosso Senhor torna imperativa a constante prontidão.

Como um profeta predizendo Seu próprio advento, nosso Senhor dá a Seus discípulos advertências enfáticas e incisivos alertas para a prontidão vigilante (Mt 24; 25). Vigiai […] para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.36,37). Falando como alguém com autoridade, nosso Senhor começa e termina esse solene alerta sobre Sua vinda com a ordem simples e explícita para vigiar!

Cristãos que estão realmente se preparando para a vinda iminente do Senhor estão vivendo hoje na atitude sempre vigilante de coração, de vida e de conduta que brota de um constante e predominante objetivo: poderem ser considerados dignos de escapar do julgamento de ira que virá rapidamente no fim desta era.

Lucas 21.34-36 torna surpreendente e evidente que a transladação é um escape do julgamento. Muitos estão dando como certo que estão prontos para fugir. Quão presunçosa é sua suposição quando contrastada com o exemplo na Escritura apresentado por Paulo! Em antecipação, ele escreve aos filipenses: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus […] Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.12,14).

Paulo viveu sua experiência cristã diária como um homem em uma corrida com o propósito em vista de ganhar o prêmio. Na corrida, ele se despojou de si mesmo por causa da coroa reservada para todos os que venceram e viveram piedosamente em Cristo Jesus (Ap 12.11). Assim, Paulo pôde dizer: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo” (2Co 2.14). Para que pudesse ser um vencedor e não uma vítima de suas circunstâncias, Paulo colocou coração e alma em sua experiência cristã. Ele forçou cada nervo, dispôs cada músculo para alcançar aquilo para o que Cristo o havia ganho. Não muito tempo antes de partir, ele evidentemente atingiu a soberana vocação de Deus em Cristo, pois disse: “O tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2Tm 4.6-8). Que certeza arrebatadora Paulo tinha! E ela pode ser nossa, se nós, como Paulo, buscarmos as superações que nos fazem mais do que vencedores sobre o mundo, a carne e Satanás.

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão.

Enoque foi trasladado porque tinha o testemunho de que agradara a Deus. “A inclinação da carne [ou mente carnal] é inimizade contra Deus” (Rm 8.7). Podemos, portanto, esperar andar com Deus e agradá-Lo enquanto temos qualquer carnalidade, liberdade da carne, mundanismo em nós? “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais […] Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” (1Co 3.1,3).

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão. Todo o ensino, toda a pregação, toda a atividade que anula o aviso solene do Senhor a Seu povo de que deve cuidar de si mesmo e vigiar e orar sempre tornam o povo perigosamente desavisado. Essa é a razão pela qual muitos cristãos hoje estão caminhando despreocupadamente, como se estivessem indo a um piquenique, quando, como uma questão de fato, estamos na própria hora da vinda e do julgamento começar em Seu Santuário. O arrebatamento em si é um sinal do julgamento sobre aqueles que foram deixados. Daí, toda a estratégia de Satanás é impedir a vigilância e a atitude de alerta que o Senhor tão solenemente aconselhou.

E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro […] Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.39-42).

Tem sido dito que a única diferença entre os que o Senhor toma na transladação e os que são deixados para os últimos julgamentos sobre Terra é a diferença de prontidão vigilante. Em seus últimos discursos, nosso Senhor procurou despertar com exortações a vigilância do discípulo não-vigilante, o o pai de família roubado e o mordomo infiel (caps. 24 e 25).

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (25.13). Cristo sempre ressaltou muito a necessidade de estarmos sempre prontos. “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor […] Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!” (Lc 12.35-37).

Estamos às portas da volta de Cristo. Cada tique-taque do relógio nos aproxima disso. A escuridão da meia-noite da terra está espalhando. A vinda do Noivo está próxima. Então, Sua noiva está se aprontando. O espírito do anticristo está espalhado pelo mundo. A grande tribulação está lançando suas sombras diante de nós. Cristãos, olhem para cima! Estejam imediatamente prontos, vigilantes, atentos. “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.11,12).

Um movimento espiritual quase imperceptível está operando no coração de todos os verdadeiros crentes que separam o ouro da escória, o real do irreal, o precioso do vil, o joio do trigo. Ele vem como um silêncio sagrado sobre a alma, a sombra da Presença que se aproxima.

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso.

Cristo está vindo! Esteja pronto para quando Ele vier. Separe-se da indulgência do mundo. Desembarace-se de sua imersão nos negócios dessa vida. Vigie e ore sempre! Um cristão carnal não pode ser vigilante. Nós só podemos vigiar se nos mantivermos despertados espiritualmente. A palavra vigiar significa ser espiritualmente despertado, estar em alerta constante. “Eu dormia, mas o meu coração velava. E eis a voz do meu amado que está batendo: ‘Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite’” (Ct 5.2).

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Um rápido e cegante refulgir, e o vigilante vai estar com o Senhor. O não-vigilante, de acordo com as próprias palavras de nosso Senhor, não vai escapar dos últimos julgamentos sobre a terra (Lc 21.34-36).

O espírito do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27). Em Sua parábola das virgens, nosso Senhor revela que haverá um reavivamento de preparar as lâmpadas às vésperas de Sua volta. Quanto tempo leva para preparar-se uma lâmpada? O sábio só tem tempo para preparar sua lâmpada, não para enchê-la, antes que a porta seja fechada. Encher exige constante e vigilante preparação do coração, da vida e dos lábios a fim de fazer-nos e manter-nos prontos para encontrar e saudar o Amado de nossa alma quando Ele, todo glorioso, vier para receber os “aceitos no Amado”.

Um não-abandonado pecado conhecido, uma ordem conhecida desobedecida, uma conhecida verdade não-crida, uma parte da vida conscientemente não-submetida, e nós estamos em perigo. As últimas sombras estão caindo sobre o mundo e, portanto, em sua vida. No entanto, você não está pronto. Mas há tempo para alcançar a vitória antes do sol se por. Seu Juiz vindouro é seu Salvador hoje” (The Midnight Cry).


(Traduzido por Francisco Nunes de “Constant Readiness”. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Cristo Deus Evangelho Jonathan Edwards Salvação

Deus fez tudo!

Jonathan Edwards

O ponto é este: ou nós devemos morrer eternamente ou o Filho de Deus deve derramar Seu sangue; ou nós ou o próprio Filho de Deus deve sofrer a ira de Deus, um dos dois: ou vermes miseráveis ​​do pó que mereceram isso ou o Filho glorioso, amável, belo e inocente de Deus.

A queda do homem trouxe a esse ponto. Uma ou outra forma tem de ser determinada, e foi determinado, pela graça estranhamente livre e sem limites de Deus, que Seu próprio Filho deveria morrer para que os ofensivos vermes pudessem ser libertados, e postos em liberdade de sua punição, e que a justiça poderia fazê-los felizes. Aqui é a graça de fato; bem podemos gritar: “Graça, graça!” para isso.

E, ademais, Deus não fez isso pelos amigos, mas por Seus inimigos e por quem O odiava. Ele não fez isso por súditos leais, mas pelos rebeldes; ele não fez isso por aqueles que eram Seus filhos, mas pelos filhos do diabo. Ele não fez isso por aqueles que eram excelentes, mas por aqueles que eram mais odiosos do que sapos ou víboras. Ele não fez isso por aqueles que poderiam ser, de alguma maneira, rentáveis ou vantajosos para Ele, mas por aqueles que eram tão fracos que, em vez de dar lucro para Deus, não eram capazes de nem ao menos ajudarem a si mesmos.

Deus deu ao homem caído um presente tal que Ele não deixou nada para o homem fazer a fim de poder ser feliz, mas apenas receber o que lhe é dado. Embora o homem tenha pecado, Deus não requer reparações a serem feitas por ele. Deus não exige dele nenhuma restituição. Se os homens vão receber Seu Filho, Ele não exige dinheiro nem preço, nem que faça qualquer penitência a fim de ser perdoado. Deus oferece-se para salvá-los a troco de nada, apenas que eles recebam a salvação como ela é oferecida, ou seja, livremente por meio de Cristo, pela fé Nele.

(Jonathan Edwards, 1703–1758))

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Consolo Deus Encorajamento Salvação T. Austin-Sparks

Um Deus que se oculta (T. Austin-Sparks)

O Deus que se oculta sempre se revela

“Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador” (Is 45.15).

É como se o profeta tivesse sido subitamente intimidado e maravilhado com o que ele estava fazendo para profetizar! No meio de seu ministério, algo de maravilhoso abriu-se sobre ele e interrompeu essa declaração.

Deixando, por um momento, muito do que isso poderia implicar tanto como profecia quanto como previsão e sua vindicação, vamos ficar com a própria exclamação. Essa declaração é única, em princípio, com vários exemplos nas Escrituras. Olhando para o presente contexto, vemos que é a libertação de Israel do cativeiro e o retorno à Terra Prometida para reconstruir Jerusalém e o templo que está em vista. Sem dúvida, houve muita especulação e discussão a respeito de como as profecias do retorno dos judeus seria cumprida. Setenta anos tinham sido determinados e dados a conhecer como a duração do cativeiro. Os poderes gentios estavam em indubitável ascensão, e parecia muito pouco provável ou possível que Israel reconquistasse seu poder e glória nacionais entre as nações. O estado de coisas em seu próprio país – o templo destruído, a cidade queimada, a terra invadida por feras, os emissários do inimigo instalados – e a desintegração entre o povo no exílio criaram um panorama repleto de problemas aparentemente insuperáveis, e isso poderia muito bem ter levado à completa perplexidade e, até mesmo, ao desespero.

Então, o profeta é chamado para prever tudo o que ia acontecer – esta restauração – pelas mãos ou pela vontade do próprio poder gentio; que o Espírito soberano de Deus desceria sobre um homem que, por enquanto, não estava em posição de fazer isso e, provavelmente, cujo nome ainda não era totalmente conhecido. Babilônia ainda não fora derrubada: o império babilônico ainda não fora destruído; as profecias de Daniel ainda não haviam sido cumpridas. Mas aquele que faria isso foi mencionado pelo nome, e os detalhes de sua conquista são dados neste 45o. capítulo de profecias de Isaías. (Leia-o trecho por trecho.) E, em seguida, muito embora esse homem seja ignorante quanto a Deus, ele seria constrangido e compelido por Deus como um ungido para cumprir as Escrituras, libertar o povo, fornecer os meios e facilitar amplamente a restauração.

Como o profeta vê tudo em sua “visão” (“a visão de Isaías”, 1.1, uma visão que inclui tudo), ele está sobrecarregado com admiração. Todos os problemas são resolvidos, as perguntas, respondidas, as “montanhas”, aplainadas! Quem teria pensado nisso? Quem teria sonhado com tal coisa? Oh, quão profundos são os caminhos de Deus, inferiores a nossa imaginação, escondidos de nossas especulações mais intensas. “Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”.

Quem teria pensado na cruz para o Deus Encarnado como o método e os meios de resolver o maior problema já conhecido neste universo?

Houve vários outros grandes e notáveis exemplos do mistério dos caminhos de Deus no cumprimento de Seus principais propósitos. Toda a raça [humana] tinha se afastado Dele e se envolvido em impiedade e idolatria. Foi universal. Como Deus iria atender Sua própria necessidade? Bem, Ele moveu-se para colocar a mão sobre um homem, e desse homem Ele fez uma nação. Em graça soberana, Ele fez dessa nação Seu mistério, Seu segredo, entre as nações. Israel era o mistério de Deus, o caminho oculto de Deus. Sempre havia algo misterioso sobre Israel. Paulo, contemplando esse método de Deus e vendo-o erguer-se com tal poder esmagador, fez exatamente o que Isaías fez. Enquanto escrevia o verso a seguir, ele o interrompeu com uma exclamação forte e retumbante:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33).

Ele poderia muito bem ter acrescentado: “Tu és um Deus que te ocultas”. Quem poderia ter pensado na Encarnação, e nela, não em glória, mas em humilhação até ofender toda a expectativa do homem? Quem teria pensado na cruz para o Deus Encarnado como o método e os meios de resolver o maior problema já conhecido neste universo? Quem teria suspeitado que tudo isso estava incorporado naquele Homem de Nazaré, “o filho do carpinteiro” como O chamavam? Foi o maior mistério de Deus! Funcionou? Tem provado ser o caminho, o único caminho, e o caminho transcendentemente bem-sucedido?

E o que é verdade quanto ao mistério de Israel e ao mistério de Cristo, também é verdade quanto ao mistério da Igreja. Há um ocultamento sobre a verdadeira Igreja. Nenhum olho natural pode discerni-la. Nenhuma mente natural pode explicá-la. Reduza-a ao senso e à descrição humanos e você a perde, você capta a coisa errada. “A sabedoria de Deus (é) em mistério”, disse Paulo. Tente confiar a Igreja ao mundo sem fé, e você terá retirado da Igreja seu poder secreto! A menos que os homens consigam se dar bem vindo contra o Deus inescrutável que os esmaga, aquilo que afirma ser morada Dele é uma concha vazia.

E gostaríamos de lembrar você que aquilo que é verdadeiro nessas grandes épocas de progresso soberano ao longo dos séculos, essas intervenções e esses adventos na história da vida espiritual do mundo, é verdade na vida de cada um do verdadeiro povo de Deus. Eles serão constantemente confrontados com o “como?” de situações impossíveis, a fim de que sejam compelidos a repetidas exclamações na presença das soluções simples de Deus:

“Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas.”

“Profundamente, em minas insondáveis,
com perícia que nunca falha,
Ele entesoura Seus esplêndidos desígnios
e opera Sua vontade soberana.”1

“Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome” (Is 45.3).

(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)

1 Segunda estrofe do hino God Moves in a Mysterious Way (Deus se move de uma maneira misteriosa), de William Cowper (1731–1800). (N.T.)

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Pecado Salvação Sexo Sociedade

Teologia bíblica e crise de sexualidade

(Albert Mohler Jr.)

A sociedade ocidental experimenta, atualmente, o que pode se chamar de fato uma revolução moral. O código moral de nossa sociedade e a avaliação ética coletiva acerca de uma questão particular sofreram não apenas pequenos ajustes, mas uma completa inversão. O que antes era condenado, agora, é celebrado; e a recusa a celebrar, agora, é condenada.

O que torna a presente revolução sexual e moral tão diferente das revoluções morais anteriores é que ela está acontecendo a uma velocidade absolutamente sem precedentes. As gerações anteriores experimentaram revoluções morais ao longo de décadas, até mesmo séculos. A presente revolução está acontecendo à velocidade da luz.

À medida que a igreja responde a essa revolução, devemos nos lembrar de que os atuais debates acerca da sexualidade apresentam à igreja uma crise que é irredutível e inescapavelmente teológica. A crise é equivalente ao tipo de crise teológica que o gnosticismo apresentou à igreja primitiva, ou que o pelagianismo apresentou à igreja no tempo de Agostinho. Em outras palavras, a crise da sexualidade desafia o entendimento da igreja acerca do evangelho, do pecado, da salvação e da santificação. Advogados da nova sexualidade exigem uma completa reescrita da metanarrativa da Escritura, uma completa reordenação da teologia, uma mudança fundamental em como nós pensamos o ministério da igreja.

“Transgênero” está na concordância bíblica?

Textos-prova são a primeira reação de protestantes conservadores em busca de uma estratégia de resistência e reafirmação teológica. Essa reação hermenêutica ocorre naturalmente com os cristãos evangélicos porque nós cremos na Bíblia como a inerrante e infalível Palavra de Deus. Nós entendemos, como B.B. Warfield disse, que “quando a Escritura fala, Deus fala”. Eu devo deixar claro que essa reação não é inteiramente errada, mas também não é inteiramente certa. Não é inteiramente errada porque certas Escrituras (isto é, “textos-prova”) falam acerca de questões específicas de um modo direto e identificável.

Contudo, existem óbvias limitações a esse tipo de método teológico – o que eu gosto de chamar de “reação da concordância bíblica”. O que acontece quando você lida com uma questão teológica para a qual nenhuma palavra correspondente aparece na concordância? Muitas das questões teológicas mais importantes não podem ser reduzidas meramente a encontrar palavras relevantes e seus versículos correspondentes em uma concordância bíblica. Tente encontrar “transgênero” em sua concordância. Que tal “lésbica”? Ou “fertilização in vitro”? Elas certamente não estão no final da minha Bíblia.

Não é que a Escritura seja insuficiente. O problema não é uma falha da Escritura, mas uma falha de nossa abordagem da Escritura. A abordagem-concordância da teologia produz uma Bíblia rasa, sem contexto, sem aliança ou pacto, sem uma narrativa principal – três fundamentos hermenêuticos essenciais para entender a Escritura corretamente.

Uma teologia bíblica do corpo

A teologia bíblica é absolutamente indispensável para que a igreja molde uma resposta apropriada à presente crise sexual. A igreja precisa aprender a ler a Escritura de acordo com o seu contexto, envolta em sua narrativa principal e progressivamente revelada em linhas pactuais. Nós precisamos aprender a interpretar cada questão teológica por meio da metanarrativa bíblica da criação, queda, redenção e nova criação. Especificamente, os evangélicos precisam de uma teologia do corpo que esteja ancorada no próprio desvelar do drama da redenção ao longo da Bíblia.

Criação

Gênesis 1.26-28 indica que Deus criou o homem – diferentemente do resto da criação – à sua própria imagem. Essa passagem também demonstra que o propósito de Deus para a humanidade era uma existência corporal. Gênesis 2.7 também enfatiza esse ponto. Deus criou o homem do pó da terra e, depois, soprou nele o fôlego de vida. Isso indica que éramos corpo antes de sermos pessoa. O corpo, como se vê, não é incidental à nossa personalidade. Adão e Eva recebem a comissão de multiplicarem-se e sujeitarem a terra. Os seus corpos lhes permitem, pela criação de Deus e por seu plano soberano, cumprirem aquele mandato como portadores da imagem divina.

A narrativa de Gênesis também sugere que o corpo vem com necessidades. Adão sentiria fome, então Deus lhe deu o fruto do jardim. Essas necessidades revelam, no bojo da ordem criada, que Adão é um ser finito, dependente e derivado.

Além disso, Adão teria a necessidade de companhia, então Deus lhe deu uma esposa, Eva. Tanto Adão como Eva deveriam cumprir o mandato de multiplicar-se e encher a terra com portadores da imagem divina, mediante o uso apropriado das habilidades reprodutivas com as quais foram criados. Ligado a isso está o prazer corporal que ambos experimentariam ao se tornarem uma só carne – isto é, um só corpo.

A narrativa de Gênesis também demonstra que o gênero é parte da bondade da criação de Deus. Gênero não é meramente uma construção sociológica imposta a seres humanos que, de outro modo, poderiam negociar um número indefinido de permutas.

Ao contrário, Gênesis nos ensina que o gênero é criado por Deus para o nosso bem e para a sua glória. O gênero é planejado para o florescimento humano e é estabelecido pela determinação do Criador – assim como ele determina quando, onde e que nós devemos existir.

Em suma, Deus criou sua imagem como uma pessoa corpórea. Como seres corpóreos, recebemos do próprio Deus o dom e a mordomia da sexualidade. Nós somos feitos de um modo que testifica os propósitos de Deus a esse respeito.

Gênesis também molda toda essa discussão em uma perspectiva pactual. A reprodução humana não é simplesmente para propagar a raça. Em vez disso, a reprodução enfatiza que Adão e Eva devem multiplicar-se a fim de encher a terra com a glória de Deus refletida nos portadores de sua imagem.

Queda

A queda, o segundo movimento na história da redenção, corrompe a boa dádiva divina do corpo. A entrada do pecado traz a mortalidade ao corpo. Em termos de sexualidade, a Queda subverte os bons planos de Deus para a complementaridade sexual. O desejo de Eva é de dominar o seu marido (Gênesis 3.16). A liderança de Adão será cruel (3.17-19). Eva experimentará dor ao dar à luz filhos (3.16).

As narrativas que seguem demonstram o desenvolvimento de práticas sexuais aberrantes, desde a poligamia até o estupro, as quais a Escritura aborda com notável franqueza. Esses relatos em Gênesis são seguidos pela entrega da Lei, a qual é planejada para refrear o comportamento sexual aberrante. Ela regula a sexualidade e as expressões de gênero ao fazer pronunciamentos claros acerca da moralidade sexual, travestismo[1], divórcio e uma miríade de outras questões corporais e sexuais.

O Antigo Testamento também associa o pecado sexual à idolatria. Adoração por meio de orgias, prostituição cultual e outras horrendas distorções da boa dádiva divina do corpo são todas vistas como parte da adoração idólatra. As mesmas associações são feitas por Paulo em Romanos 1. Havendo mudado “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Romanos 1.23), e havendo mudado “a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (Romanos 1.25), homem e mulher mudaram suas relações naturais um com o outro (Romanos 1.26-27).

Redenção

No tocante à redenção, precisamos notar que um dos mais importantes aspectos de nossa redenção é que ela vem por meio de um Salvador com um corpo. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14; cf. Filipenses 2.5-11). A redenção humana é realizada pelo Filho de Deus encarnado – que permanece encarnado eternamente.

Paulo indica que esta salvação inclui não meramente a nossa alma, mas também o nosso corpo. Romanos 6.12 fala do pecado que reina em nosso “corpo mortal” – o que implica a esperança da futura redenção corporal. Romanos 8.23 indica que parte de nossa esperança escatológica é a “redenção do nosso corpo”. Mesmo agora, em nossa vida de santificação, nós somos ordenados a apresentar o nosso corpo como um sacrifício vivo a Deus, em adoração (Romanos 12.1). Além disso, Paulo descreve o corpo redimido como um templo do Espírito Santo (1Coríntios 6.19) e, claramente, devemos entender a santificação como tendo efeitos sobre o corpo.

A ética sexual no Novo Testamento, assim como no Antigo, regula as nossas expressões de gênero e sexualidade. Porneia, a imoralidade sexual de qualquer espécie, é categoricamente condenada por Jesus e os apóstolos. Semelhantemente, Paulo claramente indica à igreja de Corinto que os pecados sexuais – pecados cometidos no corpo (1Coríntios 6.18) – são o que traz má reputação à igreja e ao evangelho, porque proclamam ao mundo que nos observa que o evangelho não possui qualquer eficácia (1Coríntios 5-6).

Nova criação

Finalmente, chegamos ao quarto e último ato do drama da redenção – a nova criação. Em 1Coríntios 15.42-57, Paulo nos aponta não apenas a ressurreição de nosso próprio corpo na nova criação, mas também o fato de que a ressurreição corporal de Cristo é a promessa e o poder dessa esperança futura. Nossa ressurreição será a experiência da glória eterna, no corpo. Esse corpo será uma continuação transformada e consumada da nossa existência corporal presente, do mesmo modo como o corpo de Jesus é o mesmo corpo que ele possuía na terra, embora absolutamente glorificado.

A nova criação não será simplesmente uma recomposição do jardim. Será melhor do que o Éden. Como Calvino observou, na nova criação, nós conheceremos a Deus não apenas como Criador, mas como Redentor – e essa redenção inclui nosso corpo. Reinaremos com Cristo corporalmente, assim como ele também está reinando corporalmente como o Senhor do cosmo.

Em termos de nossa sexualidade, embora o gênero permaneça na nova criação, o mesmo não ocorrerá com a atividade sexual. Não é que o sexo seja nulificado na ressurreição; em vez disso, ele é cumprido. A ceia escatológica de casamento do Cordeiro, para a qual o casamento e a sexualidade apontam, terá finalmente chegado. Nunca mais haverá qualquer necessidade de encher a terra com portadores da imagem divina, como era o caso em Gênesis 1. Em vez disso, a terra estará cheia do conhecimento da glória de Deus, como as águas cobrem o mar.

A indispensabilidade da teologia bíblica

A crise da sexualidade tem demonstrado o fracasso do método teológico adotado por muitos pastores. A “reação da concordância” simplesmente não pode alcançar o tipo de pensamento teológico rigoroso que se exige nos púlpitos hoje. Pastores e igrejas devem aprender a indispensabilidade da teologia bíblica e devem praticar a leitura da Escritura de acordo com a sua própria lógica interna – a lógica de uma história que se move da criação para a nova criação. A tarefa hermenêutica diante de nós é imensa, mas é também indispensável para um fiel engajamento evangélico com a cultura.

Notas:

[1]: N.T.: Usar roupas do sexo oposto.

Tradução: Vinícius Silva Pimentel
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel

(O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e/ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.)

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Misericórdia (Charles Spurgeon)

Eu devo crer firmemente que o Senhor Deus mostrará misericórdia a quem quiser mostrar misericórdia e que terá compaixão de quem quiser ter compaixão; mas eu também sei com certeza que em qualquer lugar onde há uma oração genuína, é porque Deus a concedeu; que onde quer que haja alguém que esteja buscando, é porque Deus o conduziu a buscar; portanto, se Deus levou o homem a buscar e o conduziu a orar, há de imediato uma evidência da eleição divina; e é um fato verdadeiro que ninguém que busque ficará sem encontrar.

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Morte de Cristo (A. W. Pink)

Dizer que Cristo morreu por todos da mesma forma, dizer que Ele se tornou o Substituto e o Penhor de toda a raça humana, dizer que Ele sofreu em nome e em lugar de toda a humanidade é dizer que Ele suportou a maldição por muitos que estão agora carregando a maldição por si mesmos; que Ele sofreu punição por muitos que agora estão levantando os próprios olhos no inferno, estando em tormentos; que Ele pagou o preço de resgate por muitos que ainda deverão pagar, em sua própria angústia eterna, “o salário do pecado, que é a morte”.

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Hebreus 6.4-6 (Watchman Nee)

Hebreus 6.4-6 diz:

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.

Esses versículos descrevem uma pessoa que possui muitas qualificações. É impossível que seja uma pessoa não-salva. Ela viu a luz, e viu o Deus revelado, o Unigênito do Pai; conheceu o amor de Deus e provou o dom celestial, o único dom, Jesus Cristo. Na Bíblia, dons, como um substantivo plural, refere-se aos dons do Espírito Santo, e dom, como um substantivo singular refere-se ao único dom, o unigênito Filho de Deus, como está em João 3:16. Esse dom é diferente dos dons do Espírito Santo. Essa pessoa não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas também tornou -se participante do Espírito Santo. Ela conhece a Deus, provou do Senhor Jesus e tem o Espírito Santo vivendo dentro de si. Além disso, ela provou a boa palavra de Deus e os poderes da era vindoura. Os poderes da era vindoura são os poderes do reino milenar. Os dons e os poderes do Espírito Santo são particularmente abundantes no reino milenar. O reino milenar será repleto de obras de poder, milagres, maravilhas e outras coisas semelhantes. Dizer que alguém provou os poderes da era vindoura significa dizer que ele provou as coisas do reino milenar. Portanto, esta pessoa é definitivamente uma pessoa salva.

Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu quando creu, e escorrega e cai, não há arrependimento para ela. Ela não pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem uma longa história com o Senhor. Ela recebeu muita chuva, porém caiu, não produz mais coisas boas para Deus, mas tem produzido cardos e abrolhos. Tal pessoa é como “a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (vv. 7,8).

Perceba três coisas acerca desta pessoa e seu fim. Primeira coisa, ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” aqui é a mesma usada em 1Coríntios 9:27, onde Paulo disse que temia que embora tivesse pregado o evangelho a outros, ele mesmo fosse desqualificado e não fosse mais usado por Deus nesta era e no reino. Ser rejeitado, ser desqualificado, significa que Deus rejeitará tal pessoa e não a usará mais no reino. Segunda coisa, esta pessoa “perto está da maldição”. O versículo não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é semelhante a uma maldição. Ela não perecerá eternamente, mas sofrerá o dano da segunda morte e padecerá a Geena de fogo no reino. Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. Que é isso? Por exemplo, há algumas semanas eu quis fazer uma queimada em algumas terras em Jen-ru. Poderia eu queimar a terra etername nte? Poderia queimar a terra pelo menos por cinco anos? O queimar aqui se refere a algo temporário.

Aqui se fala sobre queimar, enquanto Mateus 5 diz que alguns estarão sujeitos à Geena de fogo. Se você puser essas duas passagens juntas, elas se combinarão. Se um cristão recebe todas essas coisas maravilhosas, mas não produz bom fruto para Deus, e, sim, cardos e abrolhos, ele será queimado. Entretanto, esse queimar será apenas por breve tempo. Até mesmo um aluno do primário sabe que se você atear fogo em um terreno, o fogo irá parar após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará no máximo mil anos. Quanto tempo vai durar a queimada, na verdade, dependerá de você. Se você tiver produzido muitos cardos e abrolhos, então haverá mais queima. Se tiver produzido poucos cardos e abrolhos, então haverá menos queima.

Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas coisas não foram limpas pelo sangue do Senhor, e quantas coisas ainda não foram confessadas, tratadas e resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e abrolhos a que o Senhor se refere. Mateus 5 diz que ninguém poderá sair dali enquanto não pagar o último centavo. Toda dívida terá de ser paga. Quando tudo houver sido queimado, toda dívida terá sido paga.

Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que somente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido queimados? Isso é impossível. O que é queimado são os cardos e abrolhos. O terreno em si não pode ser queimado. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que serão queimadas. Elas serão o material que será queimado na Geena de fogo. A vida que Deus nos concedeu não pode ser tocada pelo fogo. Portanto, depois que os cardos e abrolhos forem queimados, o terreno ainda permanecerá. Nenhuma parte dele será tirada. Não há absolutamente nenhum problema com a nossa salvação, mas sim com o que vier a crescer sobre ela, com o que for prov eniente da carne. Se tais coisas não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algum tratamento.

Agora vejamos Hebreus 10.26-29:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança”.

Esses versículos referem-se a alguém que rejeitou a Cristo e voltou ao judaísmo. Ele acha que gastando alguns dólares pode comprar um touro ou um bode como oferta pelo pecado. Se, porém, alguém conheceu a Cristo e voltou ao judaísmo, ele calcou aos pés o Filho de Deus e considerou Seu sangue como algo comum. Ele está tratando o Senhor como um touro ou um bode. Para ele não existe diferença entre o Senhor e um touro ou um bode. O versículo conclui: “E ultrajou o Espírito da graça”. Enquanto o Espírito Santo está lhe dando graça, ele O está insultando por voltar ao judaísmo. Esses versículos nos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria que tal pessoa seja salva; somente diria que pode ser que ela seja salva; talvez nem seja salva. O apóstolo não nos diz se tal pessoa é salva ou não. Ele diz apenas que, se uma pessoa veio a Cristo e depois voltou ao judaísmo, ela sofrerá pior punição. Seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador. Aqui vemos uma espécie de fogo.

Juntamente com todas essas passagens, temos também as próprias palavras do Senhor em João 15. O versículo 2 diz: “Todo ramo em Mim que não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto Ele o limpa”. Esses não são ramos que nada têm que ver com Ele; são ramos que estão Nele. O que é mostrado aqui, pode não referir-se à punição temporária, mas à disciplina nesta era. Mas atente para o versículo 6: “Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; e os apanham, lançam no fogo, e são queimados”. Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns ramos cresceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tenham vida interiormente, eles não têm fruto exteriormente. O Senhor Jesus disse que eles serão lançados fora, secarão, e queimarão no fogo. Aqui vemos claramente que os cristãos podem ter de passar pelo fogo.

Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um cristão não lidar adequadamente com seus pecados, haverá punição à sua espera. A Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma punição comum, mas a punição da “Geena de fogo”. Contudo será o fogo no reino, não o fogo na eternidade.

A questão agora é esta: que tipo de pecado levará a essa condição? Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela lide com seus pecados. Nenhum dos pecados que ela tenha confessado, do qual tenha se arrependido, tratado e feito remissão pelo sangue do Senhor Jesus, voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados terão passado. Até mesmo o maior dos pecados terá passado. Mas existem muitos pecados que não serão omitidos; são os pecados que alguém contempla em seu coração. Salmos 66.18 diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Quais são os pecados que o coração contempla? O coração é o lugar onde residem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção. Ele representa o homem psicológico. Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão pelo pecado, tampouco condenação do pecado. Tal pessoa o Senhor não ouvirá. Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido, ou se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procedemos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratar com estas coisas de modo específico. Ao mesmo tempo, temos de colocá-las debaixo do sangue do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas, e estaremos livres do julgamento vindouro.

RESUMO

Vamos agora resumir o que vimos. O futuro dos cristãos é muito simples. Para uma pessoa salva o assunto do novo céu e nova terra, incluindo toda a eternidade, está resolvido. No entanto, a era do reino é duvidosa. Ninguém ousa dizer algo sobre o que ocorrerá. O que temos de resolver hoje é o problema do reino. No reino há muitas posições de cristãos. Muitos reinarão com Cristo por ter trabalhado fielmente e por ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento. Alguns podem não ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento, contudo eles também não têm pecados. Eles viveram uma vida limpa. Apesar de não terem feito nada que mereça um mérito especial, eles pelo menos deram um copo de água para um pequenino por causa do nome do Senhor (Mt 10.42). Eles também receberão uma recompensa; entretanto, sua recompensa será bem pequena.

Na era do reino, alguns cristãos receberão recompensa no reino. Alguns receberão uma grande recompensa; outros receberão uma recompensa pequena.

Os que não receberão recompensa também estão divididos em algumas categorias. Um grupo não entrará no reino de modo algum. A Bíblia não nos diz para onde eles irão; diz apenas que serão mantidos fora do reino, nas trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13; 25.30; Lc 13.28). Eles serão deixados fora da glória de Deus. Haverá também muitos que, além de não terem trabalhado bem, têm pecados específicos que ainda não foram tratados. Eles são salvos, mas ao morrer, ainda têm pecados com os quais não trataram e dos quais não se arrependeram; eles ainda têm o problema do pecado. Esses tais serão temporariamente submetidos ao fogo, e sairão somente depois de terem pago todo seu débito. Eu não sei, na verdade, de quanto tempo esse período será, mas durará no máximo até o final do reino.

Ainda há muitas coisas das quais não estamos esclarecidos acerca do futuro, mas a Bíblia mostrou-nos o suficiente. Embora haja detalhes que ainda não vimos, nós de fato sabemos o que os filhos de Deus enfrentarão. Alguns receberão uma recompensa; alguns experimentarão corrupção. Alguns serão aprisionados, e outros serão lançados no fogo e serão queimados.

A questão da nossa salvação está muito clara. Quando um homem crê no Senhor Jesus, tanto a salvação como a vida eterna estão determinadas para ele. Mas, da salvação até sua morte, as obras de uma pessoa, isto é, seus fracassos ou suas vitórias, determinarão seu destino no reino. Nosso Deus é um Deus justo. Por um lado, nossa salvação é livre, e os que crêem terão vida eterna. Ninguém pode contrariar esse fato. Por outro lado, não podemos pecar à vontade, simplesmente porque recebemos a vida eterna. Se produzirmos cardos e abrolhos, seremos queimados. Se o Senhor Jesus não pode desligar-nos de nossos pecados e se não resolvermos todas as coisas em nossa vida, Deus não terá escolha a não ser castigar-nos no futuro; Ele não terá escolha, senão purificar-nos com punições específicas, de maneira que possamos estar juntos com Ele no novo céu e nova terra. Deus é um Deus justo. O que Ele preparou também é justo. Desde que tenhamos visto estas coisas, devemos aprender a lição e acatar as advertências de Deus.

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