Categorias
Citações Consolo Cristo Encorajamento Gotas de orvalho Humildade João Calvino Matthew Henry Mundo Oração Pecado Repreensão Santidade Thomas Watson

Gotas de orvalho (48)

Orvalho dos céus para começar cada dia da semana

O homem nunca alcança um conhecimento claro de si mesmo a não ser que primeiro eleve os olhos para o rosto de Deus e, então, venha de contemplá-Lo para examinar a si mesmo.

(João Calvino)

Nada é mais contrário a uma esperança celestial do que um coração mundano.

(William Gurnall)

As orações e súplicas que Cristo ofereceu, com fortes clamores e lágrimas, são um claro exemplo não só sobre orar, mas para sermos fervorosos e importunos em oração. Quantas orações secas, quão poucas as molhadas de lágrimas, nós oferecemos a Deus!

(Matthew Henry)

A fé habita em um coração quebrantado. “O pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!” (Mc 9.24). A verdadeira fé está sempre em um coração ferido pelo pecado. A fé salvadora sempre cresce em um coração humilhado pelo pecado, em um olho que chora e em uma lacrimosa consciência.

(Thomas Watson)

A terra não tem preocupação que o céu não possa curar.

(Thomas Moore)

Já não está na moda sofrer por amor de Deus e carregar a cruz por Ele, pois a diligência e a real seriedade, que por acaso eram encontradas no homem, foram extintas e se tornaram frias. E agora ninguém mais está disposto a sofrer angústia por causa de Deus.

(Johannes Tauler)

O mais santo dos homens precisa ser preservado dos piores pecados, pois está conscientes de que pode cair na mais profunda cova da iniqüidade se Deus retiver Sua misericórdia.

(George Lawson)

Categorias
Evangelho Igreja

Um evangelho anormal (J. Lee Grady)

Meu mundo foi sacudido violentamente em janeiro, quando dediquei algum tempo entrevistando líderes do movimento ilegal da “igreja nas casas” da China.

Durante cinco dias orei, louvei e participei de refeições simples com estes santos preciosos, a maioria dos quais passou anos solitários nas prisões comunistas pelo crime de pregarem o evangelho. À medida que eu ouvia seus relatos em primeira mão de milagres, e do tratamento cruel que receberam dos guardas policiais, senti como se tivesse encontrado pela primeira vez uma fé parecida com aquela que vemos no Novo Testamento. Quando retornei aos Estados Unidos comecei a imaginar se o que nós chamamos de cristianismo aqui tem alguma semelhança com o verdadeiro produto.

Uma líder me explicou que supervisiona 5.000 igrejas numa área rural. “Você é um bispo ou um apóstolo?” perguntei, tentando entender os termos que eles usam. “Nós não usamos títulos”, a mulher me explicou. “Nós simplesmente nos chamamos de irmão e irmã.”

Os 80 crentes que conheci são responsáveis por mais de 35 milhões de cristãos na China. Este é um número impressionante. Mas nenhum deles chegou ao nosso local de reunião numa limousine, nem qualquer um deles era seguido por um grupo de guarda-costas e publicitários. Muitas destas pessoas vivem como fugitivos, mas os seus rostos estavam radiantes de alegria.

O sr. Yu, que é o nome que vou usar para ele, é como o apóstolo Paulo da China. Ele viu pessoas ressuscitarem de entre os mortos, e uma vez ele viu Deus paralisando sobrenaturalmente um oficial do governo que ameaçava suspender uma reunião evangelística ao ar livre. Mas o sr.Yu não esperava nenhum tratamento especial ao passar algum tempo comigo e com seus colegas em janeiro. Ele usava um simples camisa de manga curta, comeu o mesmo peixe com arroz que nós comemos, e comparecia para a oração como qualquer outra pessoa, antes de cada reunião. Geralmente ele tomava seu assento no fundo da sala.

Estas pessoas choravam cada vez que orávamos pela China. Elas estavam dominadas por um sentimento de urgência espiritual. Muitos deles estão ansiosos por uma mudança política em seu país, não para que tenham liberdade para se mudarem para os Estados Unidos, ou para que possam comprar uma casa, mas para que possam enviar missionários para países muçulmanos vizinhos e fechados como o Casaquistão ou o Uzbequistão.

Eu senti vergonha quando voltei para casa. A humildade dos meus novos amigos chineses expôs a realidade do meu orgulho. A sua fé infantil revelou o quanto eu confio na tecnologia, na educação e nos ídolos do materialismo ocidental. A sua contagiante paixão pelo cumprimento da Grande Comissão forçou-me a enxergar o meu autocentrismo.

Estou cheio do nosso ramo anormal e americanizado do cristianismo. É tão impotente quanto é letal. Depois de passar esse tempo com meus irmãos e irmãs da China, compreendi que muito do que vejo na igreja e até daquilo que publicamos na nossa revista (a revista norte-americana Charisma) dá náuseas para Deus.

Quão desesperadamente precisamos do Espírito Santo, nosso Refinador, para que venha nos despojar dos nossos títulos, nossas limousines, nossos lugares nas primeiras fileiras nos templos e nossas mensagens do tipo “que vantagem posso tirar para mim”. Precisamos voltar à simples humildade!

Que Deus nos guarde de algum dia exportarmos para outros países um evangelho adulterado e centrado no homem. Peçamos ao Refinador que envie seu fogo e destrua nossa escória de tal modo que possamos experimentar em nosso país um avivamento estilo chinês. O que eles têm é genuíno. O que temos aceitado é uma imitação barata.


J. Lee Grady é editor da revista CHARISMA.
Este artigo foi traduzido de um editorial publicado na Revista
Charisma de março/2001

(Publicado originalmente neste blogue em  17.11.2007  e republicado em 20.01.2016.)

Categorias
Charles Spurgeon Sofrimento

Permita que as provações abençoem você (C. H. Spurgeon)

Deus cuida dos Seus de modo especial!

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. (Rm 5.3-4)

Essa é uma promessa em essência senão em forma. Nós precisamos de paciência, e aqui vemos o meio de obtê-la. Somente suportando é que aprendemos a suportar, assim como os homens aprendem a nadar nadando. Você não poderia aprender essa arte em terra seca nem aprender paciência sem problemas. Não vale a pena sofrer tribulação a fim de ganhar essa bela serenidade de mente, a qual, de modo calmo, consente em todo o desejo de Deus?

Contudo, nosso texto apresenta um fato singular, o qual não está de acordo com a natureza, mas é sobrenatural. Tribulação em si e de si mesma produz petulância, incredulidade e revolta. Somente pela sagrada alquimia da graça é que ela pode produzir em nós paciência. Nós não debulhamos o trigo para assentar o pó, mas o trilho da tribulação faz isso na eira de Deus. Nós não agitamos um homem a fim de dar-lhe descanso, mas dessa forma procede o Senhor com Seus filhos. Sem dúvida, essa não é a maneira do homem, mas redunda grandemente em glória para nosso todo-sábio Deus.

Oh, pela graça permito que minhas provações me abençoem! Por que eu desejaria impedir a graciosa operação delas?

“Senhor, eu Te peço para remover minha aflição, mas Te suplico dez vezes mais que remova minha impaciência. Precioso Senhor Jesus, com Tua cruz esculpe a imagem de Tua paciência em meu coração.”

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (28)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Torne sua vida uma constante comunhão com Deus. O aroma dEle não permanece por muito tempo em uma pessoa que não se demora em Sua presença.

(John Piper)

Naquilo que é essencial, unidade; naquilo que é duvidoso, liberdade; e em todas as coisas, caridade.

(Agostinho)

Precisamos suplicar de forma específica que Ele graciosamente unja nossos olhos – não apenas para conseguirmos ver coisas maravilhosas na Sua lei – mas também para que nos conceda pronto discernimento para percebermos como a passagem à nossa frente se aplica a nós mesmos – quais são as lições específicas que devemos aprender dela. Quanto mais cultivarmos este hábito, mais provável que Deus vai abrir-nos Sua palavra.

(A. W. Pink)

Nós nunca, nunca estamos em tanto perigo de sermos orgulhosos como quando pensamos que somos humildes.

(C.H.Spurgeon)

Qualquer homem é um tolo, apesar de sua inteligência ou o que você tem feito nesta vida, se não levar em conta o Deus do Universo. É simples assim.

(James Dobson)

Aqueles que deixaram a mais profunda marca nesta Terra amaldiçoada pelo pecado foram homens e mulheres de oração. Você descobrirá que a oração é a força poderosa que tem movido não somente a mão de Deus, mas também o homem.

(D.L. Moody)

O começo da ansiedade é o fim da fé; e o começo da verdadeira fé é o fim da ansiedade.

(George Müller)

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (15)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Há tanta diferença entre as alegrias espirituais e as terrenas quanto entre um banquete saboreado e outro pintado na parede.

(Thomas Watson)

Esses são os tempos que provam a alma dos homens. O Espírito afirmou expressamente que nos últimos dias alguns se desviariam da fé, atendendo a espíritos sedutores e a doutrina de demônios, falando mentiras com hipocrisia, tendo a consciência cauterizada a ferro quente (1Tm 4.2). Esses dias estão sobre nós, e não podemos fugir deles; devemos triunfar em meio a eles, pois essa é a vontade de Deus para nós.

(A. W. Tozer)

Nunca tema confiar um futuro desconhecido a um Deus conhecido.

(Corrie ten Boom)

Somente os que não foram mudados pelo evangelho são os que querem mudá-lo.

(Leonard Ravenhill)

Oh! Quão grande devedor à graça, dia a dia, sou constrangido a ser! Que Tua bondade, como algema, prenda a Ti meu coração vagante! Senhor, eu o sinto inclinado a vagar, inclinado a deixar o Deus que amo! Eis meu coração: toma-o e sela-o! Sela-o para as Tuas cortes no céu!

(John Piper)

Se você quiser ser popular, pregue a felicidade. Se quiser ser impopular, pregue a santidade.

(Vance Havner)

Dêem-me 100 homens que não temam nada além do pecado e não desejem nada além de Deus, e eu mudarei o mundo.

(John Wesley)

A fé nasce quando uma pessoa começa a desesperar-se de si mesma e a perceber que tem de confiar somente em Deus.

(John Knox)

Categorias
Apologética Ciência Conselho aos pais Cosmovisão Cruz Dinheiro Encorajamento Família Hinos & Poesia História Soberania Sofrimento Vida cristã

Indicações de sexta (8)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Quatro razões para lembrar-se do Criador na juventude, de David Murray.
  2. Será que Deus te traiu? O que pensar de Deus quando estamos passando por sofrimento?
  3. A bênção de catequizar nossos filhos, de Joel Beeke. A importante tarefa dos pais: conduzir os filhos ao conhecimento do Senhor.
  4. O dízimo não é uma invenção da teologia da prosperidade, de Solano Portela. Por causa dos ensinos distorcidos dos pregadores da prosperidade, muitos cristãos têm evitado as práticas bíblicas quanto a ofertas. É preciso corrigir isso.

Mensagem que merece ser ouvida

Argumento moral

Como a existência de certo e errado, bem e mal prova a existência de Deus.

Hino que merece ser ouvido

Great is Thy faithfulness

Letra de Thomas Obediah Chisholm (1866–1960), música de William Marion Runyan (1870–1957). Baseado em Lm 3.22,23.

Letra original

Great is Thy faithfulness, O God my Father;
There is no shadow of turning with Thee,
Thou changest not, Thy compassions they fail not,
As Thou hast been,Thou forever wilt be.

Refrain
Great is Thy faithfulness!
Great is Thy faithfulness!
Morning by morning new mercies I see
All I have needed Thy hand hath provided
Great is Thy faithfulness, Lord unto me!

Summer and winter and springtime and harvest,
Sun, moon, and stars in their courses above;
Join with all nature in manifold witness,
To Thy great faithfulness, mercy, and love.

Refrain

Pardon for sin and a peace that endureth,
Thine own great presence to cheer and to guide;
Strength for today, and bright hope for tomorrow
Blessings all mine, with ten thousand beside.

Refrain

Tradução

Grande é a Tua fidelidade, ó Deus, meu Pai;
Não há sombra de variação em Ti:
Tu não mudas, Tuas compaixões não falham,
Como foste, Tu serás para sempre.

Refrão
Grande é a Tua fidelidade!
Grande é a Tua fidelidade!
Manhã após manhã novas misericórdias eu vejo.
Tudo o que preciso, Tua mão tem provido.
Grande é a Tua fidelidade, Senhor, a mim!

Verão e inverno e primavera e outono,
Sol, lua e estrelas em seu curso pelo céu;
Juntam-se a toda a natureza no testemunho multiforme
De Tua grande fidelidade, misericórdia e amor.

Refrão

Perdão para o pecado e uma paz permanente,
Tua própria grande presença para animar e orientar;
Força para hoje e esperança radiante para amanhã:
Bênçãos que são minhas, com dez mil ao lado.

Refrão

Versão: Tu és fiel

Tu és fiel, Senhor, ó Deus eterno!
Teus filhos sabem que não falharás!
Nunca mudaste, Tu nunca faltaste;
Tal como eras, sim, sempre serás.

Refrão
Tu és fiel, Senhor! Tu és fiel, Senhor!
Dias após dia Tuas bênçãos nos dás.
Tua mercê nos sustenta e nos guarda;
Sim, para sempre, ó Deus, fiel serás.

Nuvens no azul do céu, Sol refulgente,
Montes e vales, campinas em flor,
Tudo criaste na terra e nos ares,
E todos louvam-Te, fiel Senhor.

Refrão

Pleno perdão nos dás, que segurança!
Sempre nos guias na senda do bem;
E no porvir, oh! Que doce esperança!
Tu nos receberás no lar de além.

Refrão

História

Chisholm teve uma vida adulta difícil. De saúde muito frágil, várias vezes ficou acamado, impossibilitado de trabalhar. Ao ser salvo aos 27 anos, encontrou muito conforto nas Escrituras e no fato de que Deus era fiel para ser sua força no tempo de enfermidade e suprir suas necessidades. Lamentações 3.22,23 era uma de suas passagens favoritas: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã. Grande é a Tua fidelidade”.

Quando em viagens missionárias, Thomas escrevia com freqüência a William Runyan, um amigo, músico relativamente desconhecido. Vários poemas foram trocados nessas cartas. Runyan considerou esse poema de Williams tão comovente que decidiu compor uma trilha musical para acompanhá-lo. “Great is Thy Faithfulness” foi publicado em 1923. O hino permaneceu desconhecido por muitos anos, até que foi descoberto por um professor do Moody Bible Institute, que o apreciou muitíssimo e solicitou muitas vezes que fosse cantado nos cultos na capela, de tal modo que se tornou o hino não-oficial da faculdade. O hino se tornou mundialmente conhecido em 1945, quando George Beverly Shea começou a cantá-lo nas cruzadas evangelísticas de Billy Graham.

Thomas Chisholm morreu com 94 anos. Ele escreveu mais de 1.200 poemas e hinos, incluindo “O To Be Like Thee” (Oh! Ser como Tu) e “Living for Jesus” (Vivendo para Jesus).

Categorias
Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (10)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Deixado a si mesmo, o homem é metade animal, metade demônio.

(George Whitefield)

Determinemos, pela graça de Deus, que, por mais simples e frágeis que sejam nossas orações, continuaremos a orar.

(J. C. Ryle)

Os filhos de Deus, sempre que forem chamuscados por aflições como por quentes raios de sol, podem recorrer a Ele, que é como a sombra de uma grande rocha, e serão eficazmente protegidos e docemente refrescados.

(Jonathan Edwards)

Não sou nenhum Enoque, não sou nenhum Elias, não sou ninguém que tenha visões, não sou profeta que possa ensinar e profetizar algo além do que esteja escrito na Palavra de Deus e seja compreendido no Espírito. Mais uma vez, não tenho visões nem inspirações angelicais. Nem as desejo, para não ser enganado. A Palavra de Cristo, por si só, é suficiente para mim.

(Menno Simons)

Cristo é a própria essência de todos os deleites e prazeres, as verdadeiras alma e substância deles. Como todos os rios estão reunidos no oceano, que é o ponto de encontro de todas as águas do mundo, assim, Cristo é aquele oceano no qual todos os verdadeiros deleites e prazeres se encontram.

(John Flavel)

Contentamento cristão é aquele doce, interior, quieto e gracioso estado de espírito que se submete livremente ao sábio e paternal arranjo de Deus em cada situação e se deleita nele.

(Jeremiah Burroughs)

Categorias
Charles Spurgeon Cristo Deus Salvação

“Salvação é do Senhor!” (Charles H. Spurgeon)

“Salvação é1 do Senhor!” (Jn 2.9).

E se Deus exige que o pecador – morto em pecado – deva dar o primeiro passo, então, Ele requer exatamente aquilo que torna a salvação tão impossível sob o evangelho como sempre foi nos termos da lei, visto que o homem é incapaz de crer como é incapaz de obedecer, e ele é tão grandemente sem poder para vir a Cristo como é sem poder a fim de ir para o céu sem Cristo. O poder deve ser dado a ele pelo Espírito. O homem jaz morto no pecado; o Espírito deve vivificá-lo. O homem está de mãos e pés atados, acorrentado pela transgressão; o Espírito deve cortar suas amarras, e, então, ele vai saltar para a liberdade. Deus deve vir e tirar as barras de ferro de suas cadeias, e, então, o homem pode escapar; mas, a não ser que a primeira coisa seja feito para ele, ele deve perecer tão certamente sob o evangelho como teria perecido sob a lei.

Eu deixaria de pregar, se acreditasse que Deus, no tocante à salvação, exigisse o que quer que fosse do homem que Ele mesmo não houvesse se comprometido a suprir. Eu sou o mensageiro. Eu digo a você a mensagem do Mestre. Se você não gosta da mensagem, brigue com a Bíblia, não comigo. Pelo tempo que eu tiver a Escritura a meu lado, vou ousar e desafiar você a fazer qualquer coisa contra mim [com respeito a esse assunto]. A salvação é do Senhor. O Senhor tem de aplicá-la para fazer do relutante alguém disposto, para fazer do ímpio alguém piedoso e trazer o rebelde vil para os pés de Jesus, ou, então, a salvação nunca será realizada. Deixe uma coisa para o homem fazer, e você terá quebrado o elo da cadeia, a própria ligação que era essencialmente necessária para a integridade da mensagem da salvação. Tire o fato de que Deus começa a boa obra e que Ele nos envia o que os antigos teólogos chamavam de graça preventiva – tire isso, e você terá estragado toda a salvação, pois você acabou de tirar a pedra de esquina do arco, e ele desabou. Não há mais nada depois.

Nota

1Essa é a tradução da versão usada pelo autor, a King James. Em português, a ACF traz: “Do Senhor vem a salvação”. “Vem”, em itálico, indica que a palavra não está nos originais, assim como o “é” da KJ. A palavra é subentendida a partir do restante da frase. (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “Salvation is of the Lord!”. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

Categorias
Evangelho Martinho Lutero Vida cristã

Fé e boas obras (Martinho Lutero)

Você muitas vezes me ouviu dizer que a vida cristã tem duas dimensões: a primeira é a fé, a segunda são as boas obras. Um crente deve viver uma vida devota e sempre fazer o que é certo. Mas a primeira dimensão da vida cristã – fé – é mais essencial. A segunda dimensão – boa obras – nunca será tão valiosa quanto a fé. As pessoas do mundo, no entanto, adoram boas obras. Elas as consideram serem muito maiores do que a fé.

As boas obras têm sempre sido mais valorizadas do que a fé. Sem dúvida, é verdade que devemos praticar boas obras e respeitar a importância delas. Mas devemos ter cuidado para não elevar as boas obras de tal forma que a fé e Cristo se tornem secundários. Se as estimarmos em demasiadamente, as boas obras podem se tornar a maior idolatria. Isso tem ocorrido tanto dentro como fora do cristianismo. Algumas pessoas valorizam tanto as boas obras que ignoram a fé em Cristo. Elas pregam sobre e elogiam as próprias obras, em vez de as obras de Deus.

A fé deve ser a primeira. Depois de a fé ser pregada, então, devemos ensinar sobre boas obras. É a fé – sem boas obras e antes das boas obras – que nos leva ao céu. Nós nos aproximamos de Deus apenas por meio da fé.

 

(Traduzido por Francisco Nunes de “The first dimension of the Christian life”. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

Categorias
Amor Consolo Deus Disciplina Encorajamento Soberania Sofrimento Thomas Watson

Por que todas as coisas cooperam para o bem do homem piedoso?

Todas as coisas, sem exceção…

O supremo motivo pelo qual todas as coisas cooperam para o bem é o íntimo e carinhoso interesse que Deus tem por Seu povo

O Senhor fez uma aliança com os membros de Seu povo. “Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus” (Jr 32.38). Em virtude desse pacto, todas as coisas cooperam, e devem mesmo cooperar, para o bem deles. “Eu sou Deus, o teu Deus” (Sl 50.7). Esta expressão, “o teu Deus”, é a mais doce expressão em toda a Bíblia; ela revela as melhores relações, e é impossível haver tais relações entre Deus e Seu povo e, ainda assim, todas as coisas não cooperarem para o bem deles. Esta expressão, “Eu sou o teu Deus”, implica:

1. A relação com um médico: “Eu sou o teu Médico”.
Deus é um Médico habilidoso. Ele sabe o que é melhor. Deus observa os diferentes temperamentos dos homens, e sabe o que irá funcionar com mais eficácia. Alguns são de uma disposição mais dócil e são conduzidos pela misericórdia. Outros são vasos mais ríspidos e complicados; com esses, Deus trata de uma maneira mais forçosa. Algumas coisas se conservam em açúcar; outras, em salmoura. Deus não trata com todos de maneira indistinta; Ele tem provações para o forte e consolos para o fraco. Deus é um Médico fiel, e portanto usará todas as coisas para o melhor. Se Deus não lhe dá aquilo de que você gostaria, Ele dará aquilo de que você precisa. Um médico não estuda tanto tempo para satisfazer os gostos do paciente, mas para curá-lo de sua enfermidade. Nós nos queixamos de que provações muito dolorosas vêm sobre nós; lembremo-nos de que Deus é nosso Médico; portanto, Seu trabalho é para nos curar, em vez de para nos entreter. A maneira de Deus tratar com Seus filhos, embora seja severa, é uma maneira segura e que visa nos curar; ” para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem” (Dt 8.16).

Deus é nosso Médico; portanto, Seu trabalho é para nos curar, em vez de para nos entreter

2. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Pai.
Um pai ama seu filho; portanto, seja um sorriso, seja uma palmada, tudo é para o bem da criança. “Eu sou o teu Deus, o teu Pai; portanto tudo o que Eu faço é para teu bem”. “Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus” (v. 5). A disciplina de Deus não é para destruir, mas para aperfeiçoar. Deus não pode causar dano a Seus filhos, pois Ele é um Pai de terno coração: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem” (Sl 103.13). Acaso um pai buscará a ruína de seu filho, do filho que veio dele mesmo e que carrega sua imagem? Todo o seu cuidado e disposição são para o filho. A favor de quem ele deixa sua herança, senão para o filho? Deus tem um terno coração e é o “Pai de misericórdias” (2Co 1.3). Ele derrama todas as misericórdias e toda a bondade nas criaturas.

Deus é um Pai eterno (Is 9.6). Ele era nosso Pai desde a eternidade; antes que nós fôssemos crianças, Deus era nosso Pai, e Ele será nosso Pai por toda a eternidade. Um pai provê para o filho enquanto vive; mas o pai morre, e então o filho pode ser exposto a danos. Mas Deus nunca cessa de ser Pai. Você, que é cristão, tem um Pai que nunca morre; e, se Deus é seu Pai, você nunca ficará desamparado. Todas as coisas devem cooperar para o seu bem.

3. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Marido.
Essa é uma relação íntima e doce. O marido busca o bem da esposa; seria antinatural que ele vagueasse para destruir sua mulher. “Porque ninguém jamais odiou a própria carne” (Ef 5.29). Há uma relação marital entre Deus e Seu povo. “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is 54.5). Deus ama plenamente Seu povo. Ele o tem gravado na palma das mãos (49.16). Ele o põe como um selo sobre o coração (Ct 8.6). Ele dará reinos por seu resgate (Is 43.3). Isso mostra quão próximo ele está do coração de Deus. Se Ele é um Marido cujo coração é pleno de amor, então, Ele irá buscar o bem de Sua esposa. Ou Ele a protegerá de um dano ou Ele o converterá para um fim melhor.

4. Esta expressão, “o teu Deus”, implica a relação com um Amigo.
“Tal [é] o meu amigo” (Ct 5.16, ARC). Um amigo é, como diz Agostinho, metade do nosso eu. Ele é atento e desejoso acerca de como pode fazer bem a seu amigo; ele promove o bem-estar dele como se fosse o seu próprio. Jônatas enfrentou o aborrecimento do rei por seu amigo Davi (1Sm 19.4). Deus é nosso Amigo; portanto, Ele converterá todas as coisas para nosso bem. Existem falsos amigos; Cristo foi traído por um amigo; mas Deus é o melhor Amigo.

Ele é um Amigo fiel. “Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel” (Dt 7.9). Ele é fiel em Seu amor. Ele deu Seu próprio coração a nós, quando entregou o Filho de Seu amor. Ali estava um padrão de amor sem paralelo. Ele é fiel em Suas promessas. “O Deus que não pode mentir prometeu” (Tt 1.2). Ele pode mudar Sua promessa, mas não pode quebrá-la. Ele é fiel em Seu proceder; mesmo quando está afligindo, Ele é fiel. “Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119.75). Ele está nos peneirando e nos refinando como a prata (66.10).

Deus é nosso Amigo; portanto, Ele converterá todas as coisas para nosso bem. Existem falsos amigos; Cristo foi traído por um amigo; mas Deus é o melhor Amigo.

Deus é um Amigo imutável. “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5). Amigos às vezes falham numa emergência. Muitos procedem com os amigos como as mulheres, com as flores: enquanto estas estão frescas, elas as põem junto ao peito, mas, quando começam a murchar, elas as jogam foram. Ou como um viajante faz com o relógio de sol: se o sol brilha sobre o relógio, o viajante sai da estrada para consultar o relógio; mas se o sol não brilha sobre ele, ele segue dirigindo, sem sequer se lembrar do relógio. Assim, se a prosperidade brilha sobre um homem, então, os amigos atentam para ele; mas, se uma nuvem de adversidade paira sobre ele, eles não se aproximarão. Mas Deus é um Amigo para sempre; Ele disse: “De maneira alguma te deixarei”. Embora Davi andasse pelo vale da sombra da morte, ele sabia que tinha um Amigo a seu lado. “Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Sl 23.4). Deus nunca afasta completamente Seu amor de Seu povo. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). Sendo Deus tal Amigo, Ele fará todas as coisas cooperarem para nosso bem. Não há amigo que não busque o bem do amigo.

5. Esta expressão, “o teu Deus”, implica uma relação ainda mais íntima, a relação entre a Cabeça e os membros.
Há uma união mística entre Cristo e os santos: Ele é chamado “o Cabeça da igreja” (Ef 5.23). Não é verdade que a cabeça delibera pelo bem do corpo? Todas as partes da cabeça estão dispostas para o bem do corpo. O olho é posto como se estivesse numa torre de guarda; ele fica a postos para vigiar qualquer perigo que possa advir ao corpo, e preveni-lo. A língua serve tanto para provar como para discursar. Se o corpo fosse um microcosmo, ou um pequeno universo, a cabeça seria o sol desse universo, da qual procederia a luz da razão. A cabeça está posta para o bem do corpo. Cristo e os santos compõem um único corpo místico. Nossa Cabeça está nos céus, e certamente Ele não irá permitir que Seu corpo sofra dano, mas irá deliberar para a segurança dele e fará com que todas as coisas cooperem para o bem do corpo místico.

(Thomas Watson)

(Fonte)

(Pequenos aperfeiçoamentos e correções foram feitos, por Francisco Nunes, no artigo original. Consulte a fonte para outros artigo desta série.)

Categorias
Andrew Murray Cristo

Cristo sempre aceitará a fé que coloca sua confiança Nele.

(Andrew Murray)

Categorias
Deus Encorajamento Escatologia Oração Sofrimento T. Austin-Sparks Vida cristã

O esconderijo da Sua força

Há não muito tempo, encontramos uma carta numa antiga revista A Witness and A Testimony1, que foi escrita em janeiro de 1945; e, mesmo sabendo o que, na Inglaterra, as pessoas haviam sofrido nos intensos anos da II Guerra Mundial, parece que a tinta ainda está úmida e isto foi escrito para o Corpo de Cristo ontem.

Amados de Deus,

Que tempo de testes para a fé os santos enfrentam exatamente agora! E que tempo de fúria satânica! O que isso tudo significa? Parece haver somente duas respostas. Ou o Senhor está preparando movimento novo, e talvez final, para a consumação de Seu propósito na terra – o qual requer um estado que irá garantir profundidade, força e permanência, de modo que aquela plenitude real deverá marcar a recolha das colheitas para a glória em Sua manifestação – ou este é o fim de uma fase e o Senhor está vindo para os frutos maduros. Se Apocalipse 12 representa uma situação do fim dos tempos, então há muita coisa aqui que se ajusta com aquilo. As palavras aqui são, sem dúvida, proféticas, pois Apocalipse não foi escrito como história, mas como profecia em sua maior parte, isto é, não o que era passado, mas o que era naquele momento e o que viria a ser. O grande tema desse capítulo é: “Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (v. 10; grifos do autor).

Salvação aqui é “livramento de cada calamidade, vitória sobre inimigos, recuperação de doença e libertação do cativeiro”. O reino e a autoridade [poder] aqui referidos são resistidos pelo grande acusador, e uma grande batalha nos céus é travada para lograr o estabelecimento deles [o reino e a autoridade] pela emancipação dos eleitos tirados da esfera do poder de Satanás. Isso não joga luz sobre o teste de fé e o intenso conflito pelo qual os santos estão passando? Aqui está a explicação para as manifestações de resposta à oração há tanto tempo esperadas, as libertações postergadas, a passagem do poder de Deus da esfera temporal para a espiritual em nossa experiência: “O esconderijo da Sua força”.

A combinação de fé testada em relação às coisas visíveis e o intenso conflito na vida espiritual é muito verdadeiro em relação a esse assunto. Conforme clamamos por “salvação” em um ou outra de suas formas, e temos ficado apenas conscientes do conflito e da demora, o acusador vem e levanta perguntas sérias sobre nosso relacionamento com Deus e do relacionamento de Deus conosco. É a velha pergunta: “Se és Filho de Deus…” Assim, nós somos derrubados, ele acusa e busca fazer-nos aceitar que fomos colocados de lado, que fomos dispensados, que Deus não tem mais o que fazer conosco. O triunfo sobre isso é por testemunhar contra ele por meio do sangue do Cordeiro, pela declaração de nosso testemunho e pela eliminação do interesse próprio e de não amar-preocupar-se com a vida até a morte. O resultado é que ele é derrubado, e isso é a natureza e o objetivo da provação e da batalha. Que imensa questão está amarrada a uma pequena palavra: se. “Se… então, por quê?” Essa foi a pergunta de Gideão. Que foi apresentado a Cristo.

Mas, louvado seja Deus, o fim é revelado: o acusador é derrubado e o reino, o poder, a autoridade de Deus e de Seu Cristo são vistos chegando. Apesar de não querermos sugerir que um complexo-de-satanás deva ser desenvolvido, queremos instar que uma olhada para além das coisas, para a parte e o lugar dele nelas, será uma grande libertação da paralisia das próprias coisas. Quer estejamos vivos para isso ou não, “temos que lutar […] contra as hostes espirituais da maldade” (Ef 6.12; grifo do autor), e somente quando atacarmos as forças espirituais por trás das coisas, na infinita virtude do sangue do Cordeiro, poderemos permanecer de posse da chave da situação. Mas vamos lembrar do valor do “eles” (Ap 12.11). É necessária uma ação coletiva, e nós precisamos tomar com muito mais seriedade a oração unida contra as forças espirituais. Assim, qualquer que seja o significado imediato da presente experiência, a necessidade é a mesma: um povo com força espiritual para levar à derrubada de Satanás, ou em situações e posições específicas ou na sua expulsão final das regiões celestiais.

Que o Senhor nos fortaleça com poder para essa batalha que, conforme Ele desejar que enfrentemos, teremos no novo ano.

Vosso, em Sua vida e esperança
T. Austin-Sparks

Irmãos, ao lermos essa carta, a frase “O esconderijo de Sua força” destaca-se, e nós só a encontramos uma vez na Escritura, em Habacuque 3.4. Quando uma frase ou palavra é mencionada somente uma vez na Palavra de Deus, usualmente se refere a algo que é importante para Deus e para Seu povo. Habacuque é um pequeno livro profético que foi, provavelmente, escrito ao mesmo tempo em que Jeremias profetizou e a nação de Israel, como um todo, estava em um estado de idolatria e apostasia, como “aconteceu nos dias de Ló”.

Pouco se sabe de Habacuque além do que está em seus escritos, que nos permitem imediatamente reconhecer que era um guerreiro de oração, profundamente comprometido com o propósito de Deus. Ele era um homem que devia ter uma comunhão sem sombras com seu Senhor, pois três capítulos de seu livro são escritos em forma de colóquio, o que significa um discurso mútuo entre os que são íntimos e familiarizados um com o outro.

Assim, Habacuque e o Senhor estão mantendo uma comunhão recíproca, Espírito a espírito, alma a alma, profundeza a profundeza. Quando o discurso mútuo começa, vemos que Habacuque está desencorajado por não poder ver na esfera temporal que Deus estava trabalhando nas coisas de acordo com Seu plano: os ímpios governavam e pareciam não sofrer julgamento e os justos estavam sofrendo grandemente.

Habacuque ora (1.1-4):

“Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? […] Por que razão me mostras a iniqüidade [problemas, com referência especial à natureza e às conseqüências da malignidade], e me fazes ver a opressão [injustiça que vem para o justo e o honesto]?”

“Até quando, Senhor! Até quando!” Habacuque perguntou isso como muitos de nós o fazem em tempos de tribulação. No entanto, algo que precisamos saber é que o clamor de Habacuque não é por seus desejos pessoais, mas está orando em nome de todos aqueles que sofrem nos tempos maus.

Deus responde a Habacuque (vv. 5-11):

“Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando for contada. […]” O Senhor menciona do julgamento que estava por vir. Ele diz a Habacuque que, não importa quão ruins as coisas possam parecer no reino natural, Ele está trabalhando nelas de acordo com o conselho de Sua própria vontade.

Habacuque continua o discurso com seu Senhor, por vezes ainda desencorajado, mas também encorajado, pois diz (vv. 12-17; 2.1):

“Sobre a minha guarda estarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará a mim, e o que eu responderei quando eu for argüido.”

Deus lhe responde e lhe diz que Seu propósito e conselho certamente virá no tempo que Ele determinou (2.2-20):

“A visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará.” E diz que, durante o tempo da espera, a fé do fiel será provada! “O justo pela sua fé viverá.”

Esta é a única ordem que o Senhor dá a Habacuque: “Mas o justo pela sua fé viverá”. Nessa escritura, a palavra “mas” é muito importante. É uma conjunção adversativa, marcando geralmente um contraste distintivo, uma contradistinção em relação a tudo que o cerca. Em outras palavras, o Senhor está dizendo: “Quando as coisas parecem piorar, quando o inimigo parece estar conseguindo vencer, o justo deve viver por sua fé”. O Senhor está dizendo a Habacuque que a vida dele deve ser um contraste distinto, deve ser diametralmente oposta a tudo que Satanás instiga no mundo ou no meio do povo de Deus. Habacuque deve viver e se mover e ter seu ser na esfera da fé.

Então, o Senhor continua a falar do julgamento, bem como muitas palavras proféticas que seriam (e são) muito difíceis para os fiéis entenderem. No entanto, bem no meio de todo esse julgamento, Ele espantosamente declara:

“Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar. […] Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (2.14,20)

Quando Deus partilha isso com Habacuque, o profeta irrompe numa gloriosa oração que é um salmo de louvor bem como uma oração de guerra do Espírito. Pois, mesmo que possa parecer que todas as coisas não estejam funcionando de acordo com o propósito de Deus, Habacuque vem a perceber que o exato oposto é verdadeiro: Deus está de fato ocultando Seu poder, e no reino invisível o inimigo está sendo derrotado e os eleitos de Deus estão sendo libertados para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

“[…] e ali estava o esconderijo da sua força. […] e os montes perpétuos foram esmiuçados; ou outeiros eternos se abateram, porque os caminhos eternos lhe pertencem” (3.4,6).

Amados, vamos nos tornar guerreiros de oração, tal como Habacuque, por unir-nos aos justos de todas as eras que, no meio de suas provações, viveram pela fé no Filho de Deus, e vamos, no Espírito, abraçar o encargo de nosso Senhor para Seu povo (o nome Habacuque implica “aquele que abraça o encargo”) e cantar como Habacuque:

“Porque ainda que a figueira não floresça
nem haja fruto na vide;
ainda que decepcione o produto da oliveira
e os campos não produzam mantimento;
ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas
e nos currais não haja gado;
todavia eu me alegrarei no Senhor,
exultarei no Deus da minha salvação.
O Senhor Deus é a minha força,
e fará os meus pés como os das cervas
e me fará andar sobre as minhas alturas”
(vv. 17-19).

Amém! Amém! Amém!

____
1 Essa revista, Uma Testemunha e um Testemunho, cujo editor era T. Austin-Sparks, não é mais publicada. Ele partiu para o Senhor na primavera de 1971.

(Traduzido por Francisco Nunes do livreto The hiding of His power, publicado em 1994 por Emmanuel Church, Tulsa, Oklahoma, EUA, sem indicação de autoria.)

Sair da versão mobile