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A fonte do ministério (J. N. Darby)

“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.19).

Aqui há três coisas que resultam da vinda de Deus em Cristo: “reconciliando”, “não lhes imputando” e “pôs em nós a palavra da reconciliação”. Sem este último ponto, a obra da graça ficaria imperfeita em sua aplicação, pois Jesus, que, em Sua vinda ao mundo, reconciliava e não imputava, devia ser feito pecado por nós (v. 21), morrer e ir-se. A obra consumada ficaria, assim, suspensa em sua aplicação. O complemento desta obra gloriosa da graça de Deus era confiar aos homens “a palavra da reconciliação“, segundo Seu poder e Seu agrado. Desta maneira, introduzia dois elementos no ministério:

1. Uma profunda convicção, um sentimento poderoso do amor manifestado nesta obra de reconciliação;

2. Os [homens-]dons que eram capazes de anunciar aos homens, segundo suas necessidades, as riquezas desta graça que animava o coração daqueles que a anunciavam.

É o que a parábola dos talentos nos apresenta (Mt 25). Tanto o que tinha cinco talentos como o que tinha dois eram movidos pela confiança que a graça dá e pela segurança produzida pelo conhecimento do caráter de seu Mestre. As capacidades e os dons deles não eram iguais. Deus é soberano a este respeito. Àquele que tinha só um talento, em proporção a sua capacidade, faltava esta confiança que inspira o conhecimento de Deus em Cristo. Ele estava equivocado sobre o caráter de seu Mestre. Foi inativo por causa do estado de sua alma, como os outros dois foram ativos pela mesma razão.

Aqui vemos que o princípio do ministério é a energia do amor, da graça, que se origina na fé que nos faz conhecer a Deus. Atacar isso é fazer cair tudo de sua base fundamental. Em sua essência, o ministério emana do conhecimento individual do caráter do Mestre. Conhecer a graça, sentida profundamente, torna-se a graça ativa em nosso coração, única fonte verdadeira, a única possível, na natureza das coisas, para um ministério segundo Deus.

Além disso, vemos que em Sua soberania Deus distribui como Lhe parece bem, quer seja a capacidade natural como utensílio para conter o dom, ou o próprio dom, conforme a medida do dom de Cristo, tirado de Seus tesouros que se encontram Nele e que recebeu para dar aos homens.

Encontramos o ministério baseado no mesmo princípio quando o Senhor disse a Pedro: “Simão, filho de Jonas, amas-me […]?” e, à resposta dele, acrescenta: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21.15,16). Isso leva a duas partes essenciais do ministério: primeira, a livre atividade do amor que motiva a chamar as almas e, segunda, o serviço que não cessa em seus esforços para edificá-las quando elas são chamadas.

Com respeito ao ministério da Palavra (pois há outros dons), estas duas partes são-nos apresentadas claramente em Colossenses 1. No verso 23, Paulo é ministro do evangelho, “o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu”, e, nos versos 24 e 25, é ministro da igreja, “para cumprir a palavra de Deus”.

Como energia e fonte de todo ministério estão, portanto, estas duas coisas:

1. O amor que a graça produz no coração, o amor que impulsiona a atividade, e

2. A soberania de Deus que comunica dons segundo Seu querer e chama para este ou aquele ministério, chamamento este que faz do ministério um assunto de fidelidade e de dever por parte daquele que é chamado.

Devemos notar que estes dois princípios supõem, um e outro, uma inteira liberdade em relação aos homens, que não deveriam intervir dando origem ou autorização ao ministério sem neutralizar, por um lado, o amor como fonte da atividade nem fazer, por outro, intrusão na soberania de Deus que chama, que envia e cujo chamamento é um dever. A cooperação e a disciplina segundo a Palavra permanecem sempre no lugar que lhes corresponde.

Todo ministério que não está fundamentado nos dois princípios que acabamos de enunciar não é, de fato, ministério. Não há nenhuma outra fonte cristã de atividade além do amor de Cristo e do chamamento de Deus.

(Traduzido por Francisco Nunes do artigo “La fuente del ministerio”, revista Creced, n. 2/2014, marzo-abril, publicada por Ediciones Bíblicas, Perroy, Suíça.)

(O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, exclusivamente de forma gratuita, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria como de tradução.)

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Pecado Vida cristã

Pecados (Willian Gurnall)

Aqueles pecados que ficaram durante tanto tempo mais próximos do seu coração devem agora ser pisados sob seus pés. E isso exige coragem e resolução!

O soldado é convocado para uma vida ativa, e assim é com o cristão. A própria natureza da vocação impede uma vida de facilidades. Se você estiver pensando em ser apenas um soldado de verão, considere sua comissão com cuidado e veja se ela é real. Suas ordens espirituais são rigorosas. Como o apóstolo Paulo fala sobre tomar a armadura, sobre o soldado sofrer as aflições como um bom soldado… eu não quero que você seja ignorante quanto a este ponto; portanto, olhe as diretrizes.

Aqueles pecados que ficaram tanto tempo mais próximos do seu coração, que eram ídolos do coração, devem agora ser pisados e esmagados sob seus pés. E que coragem e resolução tudo isso exige! Você acha que Abraão foi testado ao limite quando chamado a tomar Isaque, “o teu único filho… aquele que tu amas” (Gn 22.2), e oferecê-lo com as próprias mãos? Mas o mesmo é dito a você. “Alma, pega a concupiscência, que é o filho querido do coração, teu Isaque, e o pecado do qual tu dependeste a vida toda e do qual tiraste e pretendias ganhar o maior prazer. Coloca as mãos sobre ele e o ofereça… derrama todo o seu sangue diante de Mim; executa e usa a faca sobre o coração dele, e o faz com alegria.”

(Fonte)

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Disciplina Igreja

Disciplina na igreja: castigo ou amor? (Fred Greco)

Disciplina na igreja — a própria frase parece trazer à mente da maioria dos cristãos um desfile de horrores. Parece que a nossa imagem atual da disciplina eclesiástica é aquela de tiranos repressivos e alheios, nos dizendo o que podemos e o que não podemos fazer. Isso não nos surpreende quando consideramos os incidentes públicos de abuso de autoridade tanto dentro quanto fora da igreja. Também há a ideia de que a disciplina na igreja parece alheia ao nosso entendimento moderno de liberdade cristã, um entendimento no qual o indivíduo cristão é seu próprio juiz em todas as questões concernentes à fé e à vida cristãs. Mas para entender o motivo pelo qual a disciplina eclesiástica tem sido considerada uma “marca” na igreja historicamente, devemos nos lembrar do verdadeiro propósito da disciplina na igreja.

Uma marca da igreja

Desde o tempo dos reformadores, para distinguir entre uma igreja verdadeira e uma igreja falsa, teólogos têm descrito três “marcas” da igreja: a pregação adequada da Palavra de Deus, a administração apropriada dos sacramentos e a administração apropriada da disciplina eclesiástica. Embora não seja controverso pensar que uma igreja verdadeira ensinaria a Palavra de Deus e obedeceria o mandamento de Cristo para observar os sacramentos, muitos cristãos duvidariam que a disciplina eclesiástica é necessária para se ter uma verdadeira igreja. Na realidade, contudo, a ideia da disciplina na igreja é um paralelo essencial às primeiras duas marcas. Afinal, a Bíblia não nos diz que não é suficiente que a Palavra seja ensinada e pregada apropriadamente, mas que ela também deve ser obedecida e praticada (Rm 2.13; Tg 1.22)? E como a igreja pode administrar os sacramentos apropriadamente sem determinar a quem eles se aplicam? A disciplina eclesiástica é o mecanismo que o Senhor decretou para designar e edificar a sua igreja, a família de Deus.

A igreja não é apenas uma organização — é a personificação do propósito e do plano de Deus para redimir pecadores e reconciliá-los consigo mesmo. O mesmo crente em Jesus Cristo que é justificado através da fé também é adotado através da fé. Nosso grande Deus triuno não se satisfaz apenas com o fato de seu povo ser declarado não culpado diante do seu trono de julgamento (Rm 5.1). Ele também torna cada pecador redimido seu filho, parte da família de Deus (João 1.12). Quando vemos a igreja como uma família, começamos então a ver o propósito e a bênção da disciplina eclesiástica. Assim como pais e mães que carinhosamente amam os seus filhos devem tomar tempo para corrigi-los e encorajá-los, pastores e presbíteros que amam o Senhor e o povo do Senhor devem tomar tempo para corrigi-los e encorajá-los.

Disciplina e discipulado

Para melhor apreciar a posição da disciplina na vida da igreja, devemos vê-la através de uma lente bíblica em vez de tentarmos enxergá-la por meio de casos individuais que possamos ter ouvido (ou experimentado). A palavra disciplina traz à tona imagens de julgamento e punição que podem nos colocar imediatamente na defensiva. Mas esse não é o uso bíblico primário da disciplina. A disciplina bíblica está mais relacionada com outra palavra bíblica bem conhecida: discípulo. Um discípulo é alguém que é ensinado (Mt 10.24), e no Novo Testamento, discípulo tem uma especial referência a aprender a observar todos os mandamentos de Jesus (28.19-20). De maneira similar, disciplina é aprender os caminhos do Senhor. Paulo usa a palavra nesse sentido em Efésios 6.4: “Pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. De fato, a palavra do Novo Testamento para disciplina é a mesma palavra grega que é usada para educação ou instrução (especialmente de crianças) em um sentido mais amplo. Disciplinar alguém é treiná-la no caminho em que ela deve seguir (Pv 22.6) e edificar alguém que é querido (Hb 12.5-11) por amor (Ap 3.19).

Esse modelo bíblico também nos ajuda a entender que a disciplina eclesiástica é necessária para o nosso crescimento na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo. Se disciplina é o trabalho de um pai amoroso que instrui os seus filhos, como podemos recusar a instrução do nosso Pai celestial? O Senhor concedeu pastores à sua igreja para o propósito de edificar e capacitar o rebanho, e ele usa esses pastores como meio para disciplinar o seu povo (Ef 4.11-16). Em primeiro lugar, disciplina começa com instrução a partir da Palavra de Deus. Disciplina na igreja nunca deveria começar no estágio de algum tipo de ação formal. Ela começa com os líderes da igreja dando direção, instrução e admoestação a partir da Bíblia. Para que sejamos edificados pelo Senhor, devemos conhecer os mandamentos do Senhor. Para sermos colocados no caminho correto, devemos conhecer os caminhos do Senhor. Em um sentido muito real, se não desejamos ser parte de uma igreja que pratica a disciplina eclesiástica, estamos desistindo do privilégio de sermos instruídos e constrangidos pela Palavra de Deus.

Como deve ser a disciplina na igreja?

Se a disciplina eclesiástica é uma marca de uma igreja legítima, e se isso é uma extensão da disciplina amorosa de Deus para com seus filhos, por que ela não é praticada em mais igrejas? Por que ela é tão subestimada? A resposta para tais perguntas é frequentemente encontrada na maneira como a disciplina eclesiástica é (mal) praticada. Assim como os pais devem cuidar de aplicar fielmente e biblicamente  disciplina a seus filhos, os líderes da igreja devem usar a sua autoridade com coerência e amor. O Antigo Testamento está cheio de advertências sobre os perigos do favoritismo (como Jacó com José e seus irmãos), e a falha em aplicar a disciplina (como Eli e seus filhos). O Senhor de fato disciplina aqueles a quem ele ama (Hb 12.6), e a igreja também deve fazê-lo. Mas nunca podemos nos esquecer que a disciplina eclesiástica é um exercício de amor. Isso significa que a disciplina na igreja não é algo que deve ser buscado apenas após uma situação não parecer mais ter jeito. Disciplina não é a “gota d’água”, onde o julgamento é pronunciado. Disciplina eclesiástica bíblica é uma cultura de responsabilidade, crescimento, perdão e graça que deve permear as nossas igrejas. Cada membro de igreja tem a responsabilidade de ajudar os outros em suas lutas contra o pecado — não através de julgamento e críticas, mas, ao invés disso, com gentileza e visando à restauração, sabendo que ele mesmo também está sujeito à tentação (Gl 6.1). Mateus 18 não descreve uma espécie de litígio alternativo; é uma cartilha sobre como abordamos amorosamente uns aos outros, pacientemente esgotando os passos menores (por exemplo, ir até a pessoa) antes de passar para os passos maiores (por exemplo, levar à igreja).

Os líderes da igreja devem sempre se lembrar que a autoridade que eles possuem quanto à disciplina não vem deles mesmos, mas é a autoridade de pastoreio de Cristo. Esta é a igreja de Cristo (Ef 1.22-23; Cl 1.18), e é ele quem a está edificando para torná-la sem mácula (Ef 5.27). Os líderes, portanto, devem fazer todo esforço para evitar agir de maneira dominadora e tirânica simplesmente para resolver rapidamente os problemas (1Pe 5.3), ou demonstrando parcialidade em disciplinar alguns enquanto ignora outros (Tg 2.1). Os membros devem saber que o processo de disciplina não é um método secreto de punição, mas é a maneira de Deus restaurar pecadores, curar relacionamentos e honrar a sua Palavra. Os líderes não devem temer que a disciplina na igreja seja vista à luz do dia, ao passo que, ao mesmo tempo, devem empregar todo esforço para proteger a reputação dos membros de desnecessária notoriedade e potenciais fofocas. O fim almejado não é simplesmente resolução, mas o fortalecimento de crentes individuais e de todo o corpo de Cristo.

Qual é o propósito da disciplina na igreja?

Por último, a disciplina eclesiástica é algo que requer oração, reflexão e coerência, porque possui propósitos importantes na vida da igreja. Há três propósitos principais para a disciplina na igreja. Primeiro, a disciplina na igreja existe para recuperar o pecador de volta à igreja, e em última análise, ao Senhor. A disciplina eclesiástica que é praticada em amor é uma poderosa maneira de confrontar um pecador com seu pecado e mostrar que a igreja o ama, não desistirá dele e deseja vê-lo restaurado à plena comunhão. Em um sentido muito real, a disciplina pode ser a atuação do evangelho diante dos nossos olhos. Devemos reconhecer o nosso pecado, nos arrepender e pedir perdão, o qual é livre e plenamente concedido.

Segundo, a disciplina é necessária para manter a pureza da igreja e seu testemunho diante de um mundo vigilante. Isso não significa que colocamos uma máscara hipócrita de perfeccionismo, mas admitimos diante do mundo que a Palavra de Deus é o padrão para as nossas vidas e que somos verdadeiros cristãos — não perfeitos, mas perdoados.

Por último e mais importante, a disciplina na igreja é feita para a glória de Deus. Cristãos são exposições vivas da glória de Deus, e nós mostramos muito mais a sua glória quando lutamos para refletir seu amor e seu santo caráter (Ef 3.10). Que maneira melhor de mostrar que um Deus santo é um Deus amoroso do que através da disciplina? Conforme buscamos a restauração daqueles que tropeçam, em espírito de amorosa humildade, colocamos em exposição uma honorável conduta que apontará para aquele que é a fonte de toda a restauração no universo (1Pe 2.12).

Tradução: Alan Cristie.

(O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.)

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Apologética Cristo Deus

Deus não está morto…

E também ateus afirmam isso.

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As Tuas mãos

As Tuas mãos dirigem meu destino,
ó Deus de amor! Bom é que seja assim!
Teus são os meus poderes, minha vida;
em tudo, eterno Pai, dispõe de mim!

Meus dias, sejam curtos ou compridos,
passados em tristezas ou prazer,
em sombra ou luz, é tudo como queres,
e é tudo bom, se vem do Teu querer.

As Tuas mãos dirigem meu destino,
por Mim sangraram na infamante cruz;
por meus pecados foram traspassadas,
e nelas posso descansar, Jesus!

Nos céus erguidas, sempre intercedendo,
as santas mãos não pedem nunca em vão.
Ao seu cuidado, em plena confiança,
entrego a minha eterna salvação.

As Tuas mãos dirigem meu destino;
o acaso, para mim, não haverá!
O grande Pai é justo e benfazejo,
e sem motivo não me afligirá.

Encontro em seu poder constante apoio,
forte é seu braço, insone o seu amor;
e ao fim, entrando na cidade eterna,
eu louvarei meu Guia e Salvador!

(Sara P. Kalley)

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Em minha opinião, este é um dos melhores hinos cristãos já compostos.

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Torna-me um cativo

Torna-me um cativo, Senhor,
e, então, livre serei.
Força-me a render minha espada,
e conquistador serei.
Eu me afundo nos temores da vida
quando sozinho fico;
aprisiona-me em Teus braços,
e forte será minha mão.

Meu coração será fraco e pobre
até encontrar o seu mestre;
não procede dele nenhuma ação confiável;
ele varia com o vento.
Ele é incapaz de se mover livremente
enquanto Tu não forjares grilhões para ele;
escraviza-o com Teu amor inigualável,
e imortal ele reinará.

Meu poder será débil e tímido,
enquanto eu não aprender a servir;
ele carece do fogo necessário para brilhar,
e da brisa para revigorar-se.
Meu poder não pode conduzir o mundo
até que ele mesmo seja conduzido;
a bandeira de meu poder só pode ser desfraldada
quando soprares do céu.

Minha vontade não é minha própria,
até que a tornes Tua;
se ela subissse ao trono de um monarca,
ela teria de resignar a sua coroa.
Minha vontade só fica firme,
em meio à estrondosa luta,
quanto em Teu peito se apóia
e descobre sua vida em Ti.

(George Matheson)

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E quanto a este?

“Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este? Respondeu-lhe Jesus: Se Eu quero que ele permaneça até que Eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-Me.” (João 21.21, 22)

Se Deus chamou você para que seja verdadeiramente como Jesus com todas as forças de seu espírito, Ele o estimulará para que leve uma vida de crucificação e de humildade, e exigirá tal obediência que você não poderá imitar aos demais cristãos, pois Ele não permitirá que você faça o mesmo que fazem os outros, em muitos aspectos.

Outros, que aparentemente são muito religiosos e fervorosos, podem ter a si mesmos em alta estima, podem buscar influência e ressaltar a realização de seus planos; você, porém, não deve fazer nada disso, pois se tentar fazê-lo, fracassará de tal modo e merecerá tal reprovação por parte do Senhor, que você se converterá em um penitente lastimável.

Outros poderão fazer alarde de seu trabalho, de seus êxitos, de seus escritos, mas o Espírito Santo não permitirá a você nenhuma dessas coisas. Se você começar a proceder dessa forma, Ele o consumirá em uma mortificação tão profunda que você depreciará a si mesmo tanto quanto a todas as suas boas obras.

A outros será permitido conseguir grandes somas de dinheiro e dar-se a luxos supérfluos, porém Deus só proporcionará a você o sustento diário, porque quer que você tenha algo que é muito mais valioso que o ouro: uma absoluta dependência Dele e de Seu invisível tesouro.

O Senhor permitirá que os demais recebam honras e se destaquem, enquanto mantém você oculto na sombra, porque Ele quer produzir um fruto seleto e fragrante para Sua glória vindoura, e isso só pode ser produzido na sombra.

Deus pode permitir que os demais sejam grandes, mas você deve continuar sendo pequeno; Deus permitirá que outros trabalhem para Ele e ganhem fama, porém fará com que você trabalhe e se desgaste sem que saiba sequer quanto está fazendo. Depois, para que seu trabalho seja ainda mais valioso, permitirá que outros recebam o crédito pelo que você faz, com o fim de lhe ensinar a mensagem da cruz: a humildade e algo do que significa participar de Sua natureza. O Espírito Santo manterá sobre você uma estrita vigilância e, com zeloso amor, lhe reprovará por suas palavras, ou por seus sentimentos indiferentes, ou por malgastar seu tempo, coisas essas que parecem não preocupar aos demais cristãos.

Por isso, habitue-se à idéia de que Deus é um soberano absoluto que tem o direito de fazer o que Lhe apraz com os que Lhe pertencem, e que não pode explicar-lhe a infinidade de coisas que poderiam confundir sua mente pelo modo como Ele procede com você. Deus lhe tomará a palavra; e se você se vende para ser Seu escravo sem reservas, Ele o envolverá em um amor zeloso que permitirá que outros façam muitas coisas que a você não são permitidas. Saiba-o de uma vez por todas: você tem de se entender diretamente com o Espírito Santo acerca dessas coisas, e Ele terá o privilégio de atar sua língua, ou de colocar algemas em suas mãos ou de fechar seus olhos para aquilo que é permitido aos demais. Entretanto, você conhecerá o segredo do reino. Quando estiver possuído pelo Deus vivo de tal maneira que se sinta feliz e contente no íntimo de seu coração com essa peculiar, pessoal, privada e zelosa tutoria e com esse governo do Espírito Santo sobre sua vida, então, haverá encontrado a entrada dos céus, o chamado do alto, de Deus.

(Autor conhecido somente por Deus)

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A. W. Tozer Testemunho Vida cristã

Felicidade (A. W. Tozer)

Quanto a mim, há muito tomei a decisão de que preferiria conhecer a verdade a ser feliz na ignorância. Se não posso ter a verdade e a felicidade ao mesmo tempo, prefiro a verdade. Teremos muito tempo para sermos felizes no céu.

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Medita Estas Coisas

Um irmão de Londrina, Helio Kirchheim, está produzindo uma revista cristã chamada Medita Estas Coisas. O conteúdo é preciosíssimo! Apenas textos de autores cristãos sérios, profundos, piedosos; alimento verdadeiro para a alma sequiosa pelo Senhor. Recomendo.

A revista é impressa e gratuita. Não tem periodicidade garantida – mais ou menos uma por semestre. Mas há conteúdo para ficar “mastigando” por muito tempo. Terminei de ler a número 1. Os artigos todos – de Tozer, Ryle, Pink, Mackintosh e Andrew Murray – são assombrosamente profundos e inquietadores. Impossível apenas ler e não ser levado a buscar a realidade daquelas palavras.

Se você tiver interesse em receber, mande seu nome e endereço completos para meditaestascoisas@hotmail.com. E que o Senhor abençoe sua leitura!

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Hebreus 6.4-6 (Watchman Nee)

Hebreus 6.4-6 diz:

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.

Esses versículos descrevem uma pessoa que possui muitas qualificações. É impossível que seja uma pessoa não-salva. Ela viu a luz, e viu o Deus revelado, o Unigênito do Pai; conheceu o amor de Deus e provou o dom celestial, o único dom, Jesus Cristo. Na Bíblia, dons, como um substantivo plural, refere-se aos dons do Espírito Santo, e dom, como um substantivo singular refere-se ao único dom, o unigênito Filho de Deus, como está em João 3:16. Esse dom é diferente dos dons do Espírito Santo. Essa pessoa não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas também tornou -se participante do Espírito Santo. Ela conhece a Deus, provou do Senhor Jesus e tem o Espírito Santo vivendo dentro de si. Além disso, ela provou a boa palavra de Deus e os poderes da era vindoura. Os poderes da era vindoura são os poderes do reino milenar. Os dons e os poderes do Espírito Santo são particularmente abundantes no reino milenar. O reino milenar será repleto de obras de poder, milagres, maravilhas e outras coisas semelhantes. Dizer que alguém provou os poderes da era vindoura significa dizer que ele provou as coisas do reino milenar. Portanto, esta pessoa é definitivamente uma pessoa salva.

Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu quando creu, e escorrega e cai, não há arrependimento para ela. Ela não pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem uma longa história com o Senhor. Ela recebeu muita chuva, porém caiu, não produz mais coisas boas para Deus, mas tem produzido cardos e abrolhos. Tal pessoa é como “a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (vv. 7,8).

Perceba três coisas acerca desta pessoa e seu fim. Primeira coisa, ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” aqui é a mesma usada em 1Coríntios 9:27, onde Paulo disse que temia que embora tivesse pregado o evangelho a outros, ele mesmo fosse desqualificado e não fosse mais usado por Deus nesta era e no reino. Ser rejeitado, ser desqualificado, significa que Deus rejeitará tal pessoa e não a usará mais no reino. Segunda coisa, esta pessoa “perto está da maldição”. O versículo não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é semelhante a uma maldição. Ela não perecerá eternamente, mas sofrerá o dano da segunda morte e padecerá a Geena de fogo no reino. Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. Que é isso? Por exemplo, há algumas semanas eu quis fazer uma queimada em algumas terras em Jen-ru. Poderia eu queimar a terra etername nte? Poderia queimar a terra pelo menos por cinco anos? O queimar aqui se refere a algo temporário.

Aqui se fala sobre queimar, enquanto Mateus 5 diz que alguns estarão sujeitos à Geena de fogo. Se você puser essas duas passagens juntas, elas se combinarão. Se um cristão recebe todas essas coisas maravilhosas, mas não produz bom fruto para Deus, e, sim, cardos e abrolhos, ele será queimado. Entretanto, esse queimar será apenas por breve tempo. Até mesmo um aluno do primário sabe que se você atear fogo em um terreno, o fogo irá parar após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará no máximo mil anos. Quanto tempo vai durar a queimada, na verdade, dependerá de você. Se você tiver produzido muitos cardos e abrolhos, então haverá mais queima. Se tiver produzido poucos cardos e abrolhos, então haverá menos queima.

Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas coisas não foram limpas pelo sangue do Senhor, e quantas coisas ainda não foram confessadas, tratadas e resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e abrolhos a que o Senhor se refere. Mateus 5 diz que ninguém poderá sair dali enquanto não pagar o último centavo. Toda dívida terá de ser paga. Quando tudo houver sido queimado, toda dívida terá sido paga.

Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que somente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido queimados? Isso é impossível. O que é queimado são os cardos e abrolhos. O terreno em si não pode ser queimado. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que serão queimadas. Elas serão o material que será queimado na Geena de fogo. A vida que Deus nos concedeu não pode ser tocada pelo fogo. Portanto, depois que os cardos e abrolhos forem queimados, o terreno ainda permanecerá. Nenhuma parte dele será tirada. Não há absolutamente nenhum problema com a nossa salvação, mas sim com o que vier a crescer sobre ela, com o que for prov eniente da carne. Se tais coisas não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algum tratamento.

Agora vejamos Hebreus 10.26-29:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança”.

Esses versículos referem-se a alguém que rejeitou a Cristo e voltou ao judaísmo. Ele acha que gastando alguns dólares pode comprar um touro ou um bode como oferta pelo pecado. Se, porém, alguém conheceu a Cristo e voltou ao judaísmo, ele calcou aos pés o Filho de Deus e considerou Seu sangue como algo comum. Ele está tratando o Senhor como um touro ou um bode. Para ele não existe diferença entre o Senhor e um touro ou um bode. O versículo conclui: “E ultrajou o Espírito da graça”. Enquanto o Espírito Santo está lhe dando graça, ele O está insultando por voltar ao judaísmo. Esses versículos nos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria que tal pessoa seja salva; somente diria que pode ser que ela seja salva; talvez nem seja salva. O apóstolo não nos diz se tal pessoa é salva ou não. Ele diz apenas que, se uma pessoa veio a Cristo e depois voltou ao judaísmo, ela sofrerá pior punição. Seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador. Aqui vemos uma espécie de fogo.

Juntamente com todas essas passagens, temos também as próprias palavras do Senhor em João 15. O versículo 2 diz: “Todo ramo em Mim que não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto Ele o limpa”. Esses não são ramos que nada têm que ver com Ele; são ramos que estão Nele. O que é mostrado aqui, pode não referir-se à punição temporária, mas à disciplina nesta era. Mas atente para o versículo 6: “Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; e os apanham, lançam no fogo, e são queimados”. Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns ramos cresceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tenham vida interiormente, eles não têm fruto exteriormente. O Senhor Jesus disse que eles serão lançados fora, secarão, e queimarão no fogo. Aqui vemos claramente que os cristãos podem ter de passar pelo fogo.

Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um cristão não lidar adequadamente com seus pecados, haverá punição à sua espera. A Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma punição comum, mas a punição da “Geena de fogo”. Contudo será o fogo no reino, não o fogo na eternidade.

A questão agora é esta: que tipo de pecado levará a essa condição? Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela lide com seus pecados. Nenhum dos pecados que ela tenha confessado, do qual tenha se arrependido, tratado e feito remissão pelo sangue do Senhor Jesus, voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados terão passado. Até mesmo o maior dos pecados terá passado. Mas existem muitos pecados que não serão omitidos; são os pecados que alguém contempla em seu coração. Salmos 66.18 diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Quais são os pecados que o coração contempla? O coração é o lugar onde residem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção. Ele representa o homem psicológico. Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão pelo pecado, tampouco condenação do pecado. Tal pessoa o Senhor não ouvirá. Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido, ou se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procedemos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratar com estas coisas de modo específico. Ao mesmo tempo, temos de colocá-las debaixo do sangue do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas, e estaremos livres do julgamento vindouro.

RESUMO

Vamos agora resumir o que vimos. O futuro dos cristãos é muito simples. Para uma pessoa salva o assunto do novo céu e nova terra, incluindo toda a eternidade, está resolvido. No entanto, a era do reino é duvidosa. Ninguém ousa dizer algo sobre o que ocorrerá. O que temos de resolver hoje é o problema do reino. No reino há muitas posições de cristãos. Muitos reinarão com Cristo por ter trabalhado fielmente e por ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento. Alguns podem não ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento, contudo eles também não têm pecados. Eles viveram uma vida limpa. Apesar de não terem feito nada que mereça um mérito especial, eles pelo menos deram um copo de água para um pequenino por causa do nome do Senhor (Mt 10.42). Eles também receberão uma recompensa; entretanto, sua recompensa será bem pequena.

Na era do reino, alguns cristãos receberão recompensa no reino. Alguns receberão uma grande recompensa; outros receberão uma recompensa pequena.

Os que não receberão recompensa também estão divididos em algumas categorias. Um grupo não entrará no reino de modo algum. A Bíblia não nos diz para onde eles irão; diz apenas que serão mantidos fora do reino, nas trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13; 25.30; Lc 13.28). Eles serão deixados fora da glória de Deus. Haverá também muitos que, além de não terem trabalhado bem, têm pecados específicos que ainda não foram tratados. Eles são salvos, mas ao morrer, ainda têm pecados com os quais não trataram e dos quais não se arrependeram; eles ainda têm o problema do pecado. Esses tais serão temporariamente submetidos ao fogo, e sairão somente depois de terem pago todo seu débito. Eu não sei, na verdade, de quanto tempo esse período será, mas durará no máximo até o final do reino.

Ainda há muitas coisas das quais não estamos esclarecidos acerca do futuro, mas a Bíblia mostrou-nos o suficiente. Embora haja detalhes que ainda não vimos, nós de fato sabemos o que os filhos de Deus enfrentarão. Alguns receberão uma recompensa; alguns experimentarão corrupção. Alguns serão aprisionados, e outros serão lançados no fogo e serão queimados.

A questão da nossa salvação está muito clara. Quando um homem crê no Senhor Jesus, tanto a salvação como a vida eterna estão determinadas para ele. Mas, da salvação até sua morte, as obras de uma pessoa, isto é, seus fracassos ou suas vitórias, determinarão seu destino no reino. Nosso Deus é um Deus justo. Por um lado, nossa salvação é livre, e os que crêem terão vida eterna. Ninguém pode contrariar esse fato. Por outro lado, não podemos pecar à vontade, simplesmente porque recebemos a vida eterna. Se produzirmos cardos e abrolhos, seremos queimados. Se o Senhor Jesus não pode desligar-nos de nossos pecados e se não resolvermos todas as coisas em nossa vida, Deus não terá escolha a não ser castigar-nos no futuro; Ele não terá escolha, senão purificar-nos com punições específicas, de maneira que possamos estar juntos com Ele no novo céu e nova terra. Deus é um Deus justo. O que Ele preparou também é justo. Desde que tenhamos visto estas coisas, devemos aprender a lição e acatar as advertências de Deus.

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Palavra de Deus (Michael Horton)

A Palavra de Deus não se limita a transmitir informações; ela, na verdade, cria vida. Ela não é apenas descritiva, é muito eficaz também. Deus falando é Deus agindo.

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Minhas obras (Bryan Chapell)

Quando enfrento a realidade da inadequação de minhas obras para merecer o favor de Deus, então, reconheço que tenho de depender bondade Dele e não da minha. Às vezes, essa dependência é assustadora, porque tira o controle de minhas mãos, mas não há outra escolha quando reconheço o verdadeiro caráter de minhas boas obras. Segundo as Escrituras, mesmo minhas melhores obras são apenas “trapo de imundícia” (Is 64.6). Há muito da imperfeição humana e motivos mistos em minhas melhores ações para que possam obrigar Deus a fazer o que eu quiser.

(Fonte)

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